João Luz Manchete SociedadeMUST | Diplomas falsos levam à detenção de quatro alunos A Polícia Judiciária revelou ontem ter detido, no fim de Outubro, quatro estudantes suspeitos de falsificar habilitações académicas do ensino secundário para ingressar na MUST. Os restantes 20 alunos estão em parte incerta, mas foi pedido auxílio às autoridades do Interior. Os suspeitos arriscam penas de prisão até três anos Quatro dos 24 alunos suspeitos de terem falsificado diplomas de conclusão do ensino secundário para entrar na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (na sigla em inglês MUST), foram detidos, indicou ontem a Polícia Judiciária (PJ). Apesar de o caso só ter sido revelado na sexta-feira, depois de ter sido noticiado por meios de comunicação de Hong Kong, a PJ confirmou ontem ter detido os quatro estudantes no passado dia 31 de Outubro, bem antes da apresentação da queixa por responsáveis da MUST. Os alunos detidos, dois jovens do sexo masculino e duas raparigas, têm idades compreendidas entre 18 e 19 anos, e são oriundos de Hebei, Shenzhen, Zhejiang e Jiangxi. A PJ revelou ainda que antes das detenções, já corria uma investigação ao caso onde foi apurado que 20 dos alunos suspeitos de submeter documentação falsa teriam fugido de Macau. Além dos estudantes, também os pais estão a ser investigados pelas autoridades, por suspeitas de terem recorrido a intermediários no Interior da China para obter os certificados de habilitações falsos. As autoridades de Macau pediram a colaboração das congéneres chinesas para a investigação e para determinar o paradeiro dos suspeitos em fuga. Coisas sérias A PJ terá recebido queixa de um representante da MUST que alertou para a notificação da Autoridade de Exames e Avaliação de Hong Kong que deu conta da suspeita de uso de certificados falsos que acabaram por ser usados na admissão a licenciaturas na universidade local. A polícia recordou que a falsificação ou utilização de diplomas académicos e resultados de avaliações constitui um crime de “falsificação de documentos”, punível com pena de prisão até três anos em caso de condenação. Os representantes da PJ fizeram também um alerta para a gestão de carreira de jovens em idade de ingresso na universidade. Segundo o jornal Ou Mun, as autoridades sublinharam a importância de respeitar a lei, porque pior do que ter menos habilitações académicas é ter registo criminal no currículo. Apesar de a PJ ter revelado que a investigação já durava, pelo menos, desde o fim do mês passado, a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude confirmou a situação apenas no sábado, depois do caso ter sido noticiado em Hong Kong. O organismo liderado por Kong Chi Meng indicou no sábado que iria comunicar com as autoridades policiais sobre o caso, mais de duas semanas depois de terem sido detidos quatro suspeitos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEnsino superior | Descobertos alunos com falsos diplomas na MUST A Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau descobriu que 24 alunos de Hong Kong se matricularam com falsos diplomas de conclusão do ensino secundário. O Governo de Macau confirmou estes dados e a secretária para a Educação de Hong Kong já reagiu, falando em crime grave Um total de 24 alunos de Hong Kong falsificou os diplomas de conclusão do ensino secundário para ter acesso ao ensino superior, nomeadamente para entrar na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). A história, avançada pelos media de Hong Kong, já originou, da parte da MUST, uma queixa na polícia de Hong Kong, que está a investigar o caso. Também as autoridades de Macau estão a colaborar neste processo. À Rádio Comercial de Hong Kong, Christine Choi, secretária para a Educação da região, confirmou a suspeita em torno dos diplomas falsos. “A MUST recebeu admissões de cerca de 20 alunos mediante os resultados do Exame do Diploma de Ensino Secundário de Hong Kong (HKDSE, na siga inglesa). A universidade suspeitou desses resultados e, por isso, consultou a Autoridade de Exames e Avaliação de Hong Kong para os verificar. Incrível como descobrimos que cerca de 20 candidatos se inscreveram com resultados falsos”, disse. A responsável fez ainda um apelo para que, caso haja mais suspeitas de diplomas falsos, sejam apresentadas queixas e informações junto da Autoridade de Exames e Avaliação de Hong Kong. O caso, que já está a ser investigado por parte das autoridades policiais da região vizinha. Para Christine Choi, falsificar documentos de avaliação “é um crime sério em que os responsáveis necessitam de assumir as responsabilidades penais”, podendo incorrer numa pena de prisão máxima de 14 anos. DSEDJ reagiu Entretanto, a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) emitiu uma nota a referir que possui mecanismos para verificar falsidades nos currículos académicos e que irá comunicar com as autoridades policiais neste caso. “As instituições de ensino superior em Macau sempre atribuíram grande importância aos padrões de admissão e controlo das qualificações académicas. A DSEDJ reitera que todas as instituições de ensino superior em Macau irão realizar, de forma rigorosa, o trabalho de recrutamento, registo e verificação dos currículos dos alunos de forma abrangente.” A DSEDJ esclarece ainda que “qualquer pessoa que se candidate com informações falsas e por meios ilegais às instituições de ensino superior de Macau irá ver cessadas o estatuto de estudante ou o grau obtido, sendo os responsáveis legalmente responsabilizados” A entidade responsável pela gestão do ensino superior e não superior de Macau esclarece que existe um mecanismo de coordenação e verificação de competências a fim de garantir que não existem ilegalidades. Em Junho deste ano, foram emitidas novas directrizes sobre o processo de matrícula a fim de se promover uma maior coordenação entre todas as universidades do território. “Todas as universidades implementaram de forma integral as novas directrizes”, é referido.
João Luz Manchete SociedadeEstudo | Confiança de trabalhadores volta a níveis pré-pandemia Um estudo da MUST mostra que a confiança e satisfação da população empregada voltou aos níveis verificados antes da pandemia. Segurança no emprego, reconhecimento de desempenho e progressão de carreira foram os pontos onde a confiança dos trabalhadores mais subiu O Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na siga inglesa) apresentou ontem os resultados de um inquérito à confiança e satisfação dos trabalhadores, onde se mostra que os índices de confiança subiram 4,37 por cento, regressando ao registo de 2019, antes da crise provocada pela pandemia da covid-19. Numa escala de 0 a 5, o indicador de confiança fixou-se em 3.04 pontos, enquanto a satisfação atingiu 3,23 pontos. A equipa de académicos que conduziu o inquérito explicou que desde que a economia começou a recuperar no ano passado, a confiança da população empregada aumentou em relação às perspectivas de futuro da empresa onde trabalham e ao desenvolvimento individual. Os pontos onde os inquiridos mostraram maiores subidas de confiança foram a segurança no trabalho ou a expectativa de não ir para o desemprego dentro de um ano (+12,2 por cento de subida anual), reconhecimento do desempenho pelas chefias (+11,4 por cento) e oportunidade de evoluir tecnicamente e adquirir novos conhecimentos (8,9 por cento). Estes foram os principais itens responsáveis pela evolução positiva da confiança. Satisfaz mais Em relação ao índice de satisfação, a equipa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da MUST deu conta de um crescimento anual de 7,94 por cento. Neste capítulo, os progressos mais significativos, onde se registaram maiores crescimentos de satisfação foram ao nível do salário (+5,81 por cento), qualidade do trabalho desenvolvido (+5,81 por cento), evolução individual e progressão de carreira (+7,24 por cento), e estabilidade profissional (+10,53 por cento). Os académicos avaliaram também como o trabalho influencia a vida pessoal dos trabalhadores. Neste aspecto, os inquiridos revelaram uma subida da satisfação (+10 por cento) em relação ao impacto na saúde e na família. Apenas o indicador de impacto sobre a vida social caiu 3,51 por cento face ao ano transacto. O inquérito foi realizado entre 9 e 24 de Abril, contando com 806 entrevistas a trabalhadores a tempo inteiro empregados em Macau. A MUST realiza o inquérito à confiança e satisfação no trabalho deste 2007, sendo esta a 17.ª vez que é estudado ao ambiente do mercado de trabalho local.
João Luz SociedadeCovid-19 | Cientistas da MUST usam IA para prever variantes patogénicas Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês) desenvolveu um modelo de inteligência artificial (IA) capaz de prever as variantes patogénicas da covid-19. O modelo, denominado UniBind, pode prever quais as variantes da covid-19 que podem aumentar a infecciosidade do vírus ou ajudá-lo a desenvolver resistência a anticorpos ou vacinas, através da análise de mais de 6 milhões de dados de sequências virais gerados a partir da monitorização global, segundo a equipa. O estudo foi publicado na última edição da Nature Medicine. Zhang Kang, professor de medicina da MUST que liderou a pesquisa, disse que o modelo pode integrar e analisar dados de diferentes fontes e modalidades experimentais, ao contrário da maioria dos métodos de IA existentes que só podem fazer previsões analisando um determinado tipo de dados experimentais. Os resultados também mostraram que o modelo pode prever com exactidão a afinidade de diferentes vírus e as suas mutações para diferentes espécies, factor determinante para descobrir os hospedeiros intermédios das epidemias e prever vias de transmissão dos vírus entre espécies.
Andreia Sofia Silva SociedadeMUST | Melhores alunos do país em Macau Decorreu no último sábado a cerimónia de graduação de 4.600 alunos de licenciatura na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). À TDM, Joseph Lee, presidente da MUST, disse esperar que, relativamente aos alunos naturais do interior da China, “os melhores dos melhores” possam ficar em Macau depois de acabarem os cursos, no âmbito da entrada em vigor da nova lei de captação de quadros qualificados a 1 de Julho, e que vai permitir que alunos de fora com visto de estudante fiquem em Macau a trabalhar com Bilhete de Identidade de Residente. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, discursou na cerimónia e chamou a atenção para este novo diploma. “O Governo vai lançar, este ano, um novo regime de captação de quadros qualificados”, além da criação de programas para quadros qualificados de elevada qualidade “para quadros altamente qualificados e para profissionais de nível avançado”.
João Luz Manchete PolíticaMUST | Xi saúda Macau com carta a docentes e alunos O Presidente Xi Jinping enviou uma carta à delegação de alunos e professores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla inglesa) que participaram no desenvolvimento do Macau Science Satellite-1. A missiva de Xi, partilhada pela agência Xinhua, saúda calorosamente a equipa de Macau, que escreveu ao Presidente chinês após o lançamento do satélite, no passado domingo. “Ao ler a vossa carta, senti o entusiasmo e a responsabilidade com que se dedicaram à indústria tecnológica nacional e à presença da China no espaço”, escreveu o Presidente chinês, acrescentando que “nos últimos anos, Macau reforçou a cooperação tecnológica com o Interior da China em áreas como a aeronáutica, atingindo os resultados desejáveis”. Xi Jinping expressou ainda a esperança de que os professores e os estudantes da MUST “continuem a manter a bela tradição de amar o país e Macau, integrando-se no desenvolvimento global do país”. O espírito da carta Ho Iat Seng reagiu à missiva do Presidente, começando por sublinhar que Xi Jinping “dedicou algum tempo da sua agenda, sempre muito preenchida, para felicitar e responder à carta dos docentes e estudantes da MUST”, mas que o reconhecimento representa um grande encorajamento e incentivo para todos os residentes de Macau. O Chefe do Executivo afirmou ainda que a carta de resposta enviada pelo líder nacional “foi sincera, cheia de carinho e inspiradora, e elogiou o entusiasmo e a responsabilidade dos docentes e alunos de Macau pela dedicação à área científica e tecnológica do país”. “Ho Iat Seng indicou que a construção do país como um gigante mundial em matéria de ciência e tecnologia e a promoção da modernização com características chinesas proporcionam um amplo espaço de desenvolvimento para as instituições de ensino superior e os profissionais das áreas de ciência e tecnologia de Macau”. Seguindo a habitual reacção às palavras de Xi Jinping, Ho Iat Seng garantiu que o Governo “vai estudar e transmitir com seriedade o espírito da carta de resposta do Presidente Xi Jinping, e responderá com acções práticas e atenção às expectativas do Presidente Xi Jinping”. Em 21 de Maio, o Macau Science Satellite-1 foi lançado no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, na província de Gansu, através do foguete transportador Longa Marcha-2C, com a missão de detecção científica do campo geomagnético e ambiente espacial de baixa latitude.
Hoje Macau Manchete SociedadeMUST | Cientista quer procurar vida em Marte a partir de salinas lusófonas André Antunes, chefe de astrobiologia da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, está à frente de um projecto de investigação que visa perceber se há, de facto, vida no planeta Marte com recurso a salinas em Portugal e Cabo Verde. Esperam-se resultados em 2026 Projectos de investigação em salinas em Portugal e em Cabo Verde podem ajudar a China a descobrir vida em Marte, disse à Lusa um cientista português que lidera uma unidade de astrobiologia em Macau. André Antunes esteve, no final de Abril, na primeira Conferência Internacional de Ciências de Exploração do Espaço Profundo, organizada em Hefei, capital da província de Anhui, no leste da China, que tem uma zona especial dedicada à indústria aeroespacial. Um dos temas em discussão, explicou o investigador natural de Coimbra, foi a recolha de amostras do solo de Marte no âmbito da próxima missão espacial chinesa, a Tianwen-3, cujo lançamento está previsto para 2030. Até 2026 a China quer decidir a localização exacta onde irá procurar “sinais de vida”, explicou o responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). André Antunes esteve entre os cientistas que defendeu em Hefei a aposta na recolha de cristais de sal, porque “têm uma excelente capacidade de preservar água e matéria orgânica, micro-organismos, no seu interior, como uma espécie de cápsula do tempo”. “É por isso que os estudos de ambientes salinos são uma prioridade tão grande para a astrobiologia”, para formar “uma melhor noção dos limites da vida” em condições extremas, sublinhou o português. Apesar de atrasos causados pela pandemia, André Antunes revelou que trabalhos de campo, feitos com a Universidade do Minho, permitiram isolar novas espécies de micróbios que “sobrevivem e prosperam” em salinas em Aveiro e na ilha do Sal, em Cabo Verde. “Tijolos espaciais” Um dos aspectos que mais interesse tem despertado na equipa da MUST é a possível utilização de micro-organismos para transformar a poeira que assola o planeta vermelho em “tijolos espaciais”, referiu o investigador. “Uma das coisas que encarece e que complica bastante a vida em relação à exploração espacial em missões é que tem que ser tudo enviado” a partir da Terra, recordou André Antunes. A agência espacial chinesa quer recolher 500 gramas do solo de Marte e trazê-lo de volta para a Terra numa missão única, “o que pode parecer à partida uma estratégia um bocadinho mais arriscada”, admitiu André Antunes. Mas o cientista lembrou que as missões da China a Marte, que incluem uma nave orbital, um módulo de pouso e o robô Zhurong, a explorar o planeta vermelho desde 2021, têm tido “um sucesso tremendo”. Na semana passada, investigadores chineses revelaram que o Zhurong descobriu indícios da existência de água líquida, incluindo crostas, rachaduras, granulações e outras marcas criadas pela água na superfície de Marte.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmprego | Aposta na arte de cultura portuguesa pouco atraente O Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego da MUST mostra que o “mercado artístico” com base na cultura portuguesa é pouco atraente. Os resultados revelam ainda que a população está cada vez mais confiante no mercado de trabalho A aposta na arte com base na cultura portuguesa foi considerada a opção menos atraente para o desenvolvimento das indústrias criativas e culturais e para a diversificação económica, de acordo com o Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego, publicado ontem pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês). Entre os mais de 800 inquiridos, apenas 7,3 por cento considerou o mercado artístico com base na cultura portuguesa como atraente e eficiente para promover a diversificação económica. No polo oposto, as apostas na cultura gastronómica, entretenimento e mercado de produtos com características de Macau são tidas como as mais atraentes, por 48,9 por cento, 46,2 por cento e 33,1 por cento dos inquiridos, respectivamente. Também as apostas nos museus (28,5 por cento) e leilões (25,2 por cento) foram consideradas mais interessantes do que o mercado artístico com base na cultura portuguesa. Ainda de acordo com o Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego, a confiança e contentamento dos inquiridos com a situação do mercado de trabalho cresceu 8,37 por cento este ano, em comparação com 2022. Grande parte desta tendência mais optimista ficou a dever-se a uma visão mais optimista do mercado e do surgimento de oportunidades de emprego, onde se constatou um aumento da confiança de 11,87 por cento. Abaixo da pré-pandemia No entanto, quando se compara o nível de satisfação geral no trabalho entre 2019, o último ano antes do surgimento da pandemia da covid-19, e os primeiros meses deste ano, os dados do estudo da MUST revelam uma quebra na satisfação dos trabalhadores de 2,6 por cento. A diminuição da satisfação no trabalho deve-se essencial a dois factores: a qualidade do emprego e a estabilidade do mesmo. Em relação à qualidade dos empregos, ainda se verifica um grau de satisfação inferior em 4,1 por cento em comparação com os valores apurados em 2019. No que diz respeito à estabilidade, houve uma quebra do nível de satisfação de 2,6 por cento entre os dois períodos. Face a estes resultados, a equipa liderada por Liu Chengkun, director do Instituto de Desenvolvimento Sustentado da MUST, apontou que “o impacto negativo da pandemia na qualidade e na estabilidade do emprego ainda não foi totalmente eliminado”. No entanto, indicaram que “se a economia de Macau continuar a mostrar sinais de recuperação, que os níveis de satisfação vão aumentar”. O inquérito foi realizado entre 24 de Março e 1 de Abril deste ano, e contou com a participação de 807 empregados a tempo inteiro.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMUST | Fundação condenada a pagar mais de 680 mil patacas a ex-professora A fundação proprietária da Escola Internacional de Macau recusou pagar mais de 841 aulas de trabalho extraordinário e deduziu do salário da docente o subsídio do Governo de desenvolvimento profissional A Fundação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em inglês) foi condenada a pagar mais de 680 mil patacas a uma antiga professora, devido à falta de pagamento de 841 aulas de trabalho extra. A informação consta de uma decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), tomada no final do mês passado, e que condenou a fundação ao pagamento de 50 mil patacas por duas violações à lei da contratação de trabalhadores não residentes. Segundo o acórdão do tribunal, a trabalhadora não residente foi contratada pela Fundação da MUST para exercer as funções de professora do ensino primário, entre 2014 e 2019. A única instituição da fundação da MUST que disponibiliza este tipo de ensino é a Escola Internacional de Macau (TIS, em inglês). Entre 2016 e 2019, ficou provado que a queixosa leccionou mais de 3.009 aulas, das quais 841 foram aulas extraordinárias não pagas. O número significa que uma em cada quatro aulas leccionadas pela docente correspondem a trabalho extra. Segundo os argumentos da MUST, a disciplina “English Language Learner” não conta verdadeiramente como aulas, porque servia para melhorar o inglês e não para aprender novos conteúdos. Seguindo esta lógica, a fundação argumentava que as aulas faziam parte de outras funções e estavam incluídas nos diferentes contratos entre as duas partes, que implicavam um salário que variou entre as 30.584 patacas e as 32.667 patacas mensais. O Tribunal Judicial de Base e o TSI recusaram este entendimento. Dedução do salário Para o pagamento das 680 mil patacas, o tribunal teve também em conta a dedução no salário da docente do subsídio de desenvolvimento profissional. De forma a incentivar a formação contínua dos docentes, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) distribui dinheiro directamente aos professores das instituições com fins não-lucrativos. No entanto, a fundação exigia à docente que declarasse o dinheiro recebido no âmbito do subsídio, que era depois deduzido do salário dos meses seguintes. Desta forma, a fundação da MUST utilizava o montante para cumprir as suas obrigações. “O subsídio de desenvolvimento profissional é um apoio para os professores das instituições de ensino sem fins lucrativos apostarem no seu desenvolvimento profissional, para que participem em iniciativas de aprofundamento profissional e obterem outros graus de formação”, consideraram os juízes do TSI. “A Fundação queria utilizar os subsídios do Governo para pagar o salário dos trabalhadores”, foi acrescentado. Face a estas duas queixas, a fundação da MUST foi condenada a pagar 680 mil patacas à ex-professora e mais 50 mil patacas, por ter cometido duas contravenções relacionadas com deduções ilegais no salário e o não pagamento de trabalho extraordinário.
Hoje Macau Manchete PolíticaCooperação | Rocha Vieira considera que relação com a China é “um trunfo” O último governador da administração portuguesa, Rocha Vieira, está em Macau para receber um doutoramento honoris causa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau As “boas relações históricas” com a China são “um trunfo para Portugal”, que pode ajudar a melhorar os laços entre Pequim e a União Europeia, disse ontem o último governador da administração portuguesa de Macau. Vasco Rocha Vieira realçou que a história do território deu “um conhecimento privilegiado” da China a Portugal, que pode “influenciar destinos, dar opiniões e aconselhar” Bruxelas na relação com Pequim. O último governador de Macau (1991-1999) apontou que a China é “uma superpotência em afirmação” e que Lisboa pode “contribuir para que haja respeito, progresso e paz”, num mundo marcado por “uma instabilidade muito grande”. Em Março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse à Lusa que mantém com Portugal laços amigáveis, de longo prazo e “mutuamente benéficos”, “alinhados com os interesses de ambos os lados”. A resposta surgiu depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, ter afirmado que Portugal teria de “rever o significado do relacionamento político e económico” com a China, caso Pequim prestasse apoio militar à invasão russa da Ucrânia. Rocha Vieira falou aos jornalistas depois de receber um doutoramento honoris causa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que tinha sido atribuído em Abril de 2022, correspondente a 2021, mas que só foi agora entregue devido às restrições da pandemia de covid-19. Aposta no português O general disse que “um outro grande trunfo” para Portugal é o interesse na China pela língua portuguesa, sublinhando o número crescente de universidades chinesas que ensinam português. No final de 2020, o Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da Universidade Politécnica de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng, disse que havia cerca de 50 instituições de ensino superior com cursos de português na China continental. “A China está interessada em que o português se desenvolva (…) também para poder ter, através de Portugal, uma relação mais estreita com os países de língua portuguesa”, salientou Rocha Vieira. O general, que é também curador da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (EPM), defendeu “mais interesse” por parte do Governo de Portugal e maior diálogo com o estabelecimento de ensino, “a mais importante instituição de matriz portuguesa” na região. Em Fevereiro, o presidente da direcção da EPM descreveu “uma situação de esgotamento” e sublinhou que a escola “não pode continuar a crescer, sob pena de diminuir a qualidade do seu serviço educativo se não houver condições”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeConsumo | Recuperada confiança no último trimestre O mais recente Índice de Confiança dos Consumidores relativo ao último trimestre, divulgado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, revela que os consumidores estão mais confiantes nas áreas do emprego, inflação ou imobiliário, entre outros, mas o aumento de visitantes e a política “1+4” pode contribuir para uma maior confiança no consumo Os consumidores em Macau parecem estar mais confiantes. É o que mostra o mais recente Índice de Confiança dos Consumidores, divulgado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), relativo ao quarto trimestre de 2022. O Índice foi de 77,56 pontos, numa escala de 0 a 200, tendo sido registado um aumento de cerca de oito pontos face ao terceiro trimestre do ano passado, quando o Índice foi de 68,87 pontos. Além disso, as seis categorias do Índice, relacionadas com o emprego, economia local, investimento em acções, inflação, qualidade de vida e imobiliário, registaram também subidas. O maior crescimento registou-se na confiança quanto ao emprego, de 18,69 por cento, enquanto a confiança na economia local teve um aumento de 17,89 por cento. No que toca ao investimento em acções, houve uma subida de 12,97 por cento no Índice, enquanto em matéria de confiança na inflação e nível de preços o aumento foi de 9,68 por cento. Relativamente à qualidade de vida registou-se um aumento de 8,13 por cento, enquanto na área da confiança no sector do imobiliário o aumento foi de 9,4 por cento. Mais melhoras O estudo foi produzido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável da MUST entre 2 e 13 de Dezembro último, tendo sido inquiridos 809 residentes. Uma vez que 0 pontos significam total ausência de confiança, 100 pontos significam uma confiança média e 200 uma confiança plena por parte dos consumidores, o facto de o Índice ter permanecido abaixo dos 100 pontos mostra que os residentes de Macau continuam sem confiança em várias áreas de consumo, ainda que tenha havido um aumento nos pontos do Índice. Os autores do estudo defendem que, apesar desta falta de confiança, a economia de Macau já saiu do ponto mais baixo, tendo havido alguma recuperação da esperança dos consumidores. Continua a existir uma menor procura tendo em conta o abrandamento da economia global, o aumento da taxa de inflação e a turbulência dos mercados externos, além de que a economia na China precisa ainda de recuperar mais. Os autores do estudo dizem que todos esses factores causam stress aos consumidores, com visíveis impactos no mercado. É ainda concluído que a estratégia de “1+4” para a economia local, apresentada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, nas últimas Linhas de Acção Governativa, poderá ajudar numa maior recuperação da confiança dos consumidores, uma vez que se propõe uma diversificação económica com recurso a novas indústrias. Além disso, o aumento gradual do número de visitantes também poderá ajudar no aumento da confiança, apontam os académicos.
João Santos Filipe Manchete SociedadePatrimónio | Pedida protecção do Pátio das Seis Casas Um artigo publicado por dois académicos da MUST aponta que o Pátio da Seis Casas é um dos raros exemplos do estilo arquitectónico Lingnan em Macau e que deve ser protegido Chen Yile e Zheng Liang, académicos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, acrónimo em inglês) defendem que o Pátio das Seis Casas deve ser utilizado para promover a História do território. Num artigo com o título Casas Tradicionais de Lingnan: Pátio da Seis Casas, publicado na revista Multidisciplinary International Journal of Research and Development, os autores argumentam que as casas do pátio apresentam exemplos raro da arquitectura Lingnan em Macau. “O Pátio das Seis Casas tem uma história com uma centena de anos, tem dos poucos edifícios que preservam o estilo Lingnan, de uma forma tradicional e completa”, sustentam Chen e Zheng. Este estilo arquitectónico vai buscar o nome à região de Lingnan, que fica no Sul das Montanhas Nanling e abarca Macau, Hong Kong, grande parte de Cantão e ainda o norte do Vietname. Destaca-se de outros estilos adoptados no Interior devido à adaptação ao clima subtropical da região, o que faz com que, por exemplo, seja frequente a utilização de materiais mais resistentes à humidade. A arquitectura de Lingnan tende igualmente a favorecer cores claras, como o verde e o branco, evita estruturas circulares, e apresenta detalhes no topo das fachadas, que vão de pinturas a esculturas em relevo. No entanto, os autores reconhecem que o facto dos edifícios terem sido erigidos numa colónia portuguesa também se faz sentir: “Têm traços tradicionais da arquitectura chinesa, mas também alguns elementos da arquitectura portuguesa, o que reflecte um valor arquitectónico único”, é indicado. “São um elemento físico que nos permite estudar as casas, o imobiliário e a forma de viver dos comerciantes chineses durante o período mais tardio da Dinastia Qing”, é acrescentado. Perigo à vista Apesar do que consideram o valor histórico e cultural, Chen Yile e Zheng Liang alertam que os edifícios podem estar ameaçados. “Uma vez que o Pátio das Seis Casas não faz parte da Zona Protegida do Centro Histórico de Macau não está legalmente protegido. É uma sorte que tenha mantido toda a integridade”, é sublinhado. Por isso, além de considerarem ser imperativo garantir que o espaço se mantém sem alterações, o que significa preservar não só os edifícios do pátio, mas outros elementos como poços e altares, os autores consideram que se deve proceder a trabalhos de limpeza e restauração. Ainda neste capítulo, Chen Yile e Zheng Liang esperam a coordenação das autoridades com os proprietários dos terrenos naquela zona, para que lhes seja explicada a importância do local e da manutenção das suas características. No mesmo sentido, é ainda sugerido que o Pátio das Seis Casas, como prova viva da história do final da Dinastia Qing em Macau, seja desenvolvido como uma atracção turística, com materiais a explicar a história e a cultura reflectidas pelos edifícios.
Hoje Macau SociedadeMUST faz investigação pioneira sobre condições meteorológicas severas O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) recebeu 1,14 milhões de patacas de financiamento para liderar uma investigação pioneira sobre condições meteorológicas severas no território. “É importante, por causa do impacto das alterações climáticas nas condições meteorológicas extremas e inundações em Macau”, começou por dizer à Lusa Joseph Lee Hun-wei, presidente da MUST. Atribuído pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau (FDCT) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Província de Guangdong, o apoio vai subvencionar, segundo o responsável, uma “investigação fundamental para a previsão de tempestades e inundações” na região administrativa chinesa. “A ideia é progredir nesta capacidade de prever intempéries em Macau”, notou o especialista na área da engenharia hidráulica e ambiental. Trata-se de um projeto de três anos, que incide sobre a Baía de Hac Sa, na ilha de Coloane, uma zona “que ainda não foi bem estudada”, e que coloca a MUST na frente da investigação climática local: serão realizadas “as primeiras medições em campo de ondas e correntes marítimas de Macau”, com instrumentos e sensores a serem depositados no local. É, além disso, a primeira “colaboração a fundo” com um “importante centro de investigação hidráulica na província de Guangdong” – o Instituto de Estudo Científico de Recursos Hídricos do Rio das Pérolas. Este ano esperam-se entre cinco a oito ciclones tropicais na região, de acordo com uma antecipação feita em março pela Direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau, que salientou que “os extremos climáticos continuam a ocorrer e os ciclones tropicais continuam a aumentar” no território. Joseph Lee tem-se dedicado nos últimos anos ao estudo de soluções no campo da engenharia para mitigar o impacto das alterações climáticas no património e nas cidades. Esteve envolvido em projetos nas áreas de Mong Kok e Happy Valley, em Hong Kong, onde, para reduzir os efeitos das inundações, se optou por soluções como a drenagem das águas pluviais através de túneis subterrâneos que transportam a água até ao mar. Para fazer face aos fenómenos meteorológicos severos em Macau, como tempestades, o engenheiro defendeu, no final de abril, durante um ‘webinar’ organizado pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla inglesa), uma “combinação de soluções baseadas na natureza”, como o desenvolvimento de mangais que podem ajudar a reduzir o impacto das ondas em caso de tufões, e de “soluções estruturais”. “Aqui, as redes subterrâneas e de drenagem podem ser bastante relevantes, porque, no meu entendimento, quando chega o tufão, a água do mar pode retornar através da rede e inundar a cidade, ou seja, [as inundações] não são só causadas pela chuva”, referiu. “As soluções baseadas na natureza são importantes, mas precisam de uma base científica. A questão é: o governo poderia apoiar este tipo de investigação muito importante”, acrescentou. À Lusa, o presidente da MUST disse ainda que, em relação às outras cidades da Grande Baía, Macau “está apenas a começar” na investigação na área da Engenharia Ambiental e Hidráulica. “Não temos pessoas suficientes nem investigadores”, admitiu o especialista, sublinhando que seria importante trabalhar em conjunto com outras cidades da região. “Mas para trabalhar efetivamente com outros parceiros, tem de se ter já uma certa profundidade”, notou Lee, referindo que a pequena região ainda não alcançou esse nível.
Hoje Macau SociedadeReitor da MUST visita Portugal este mês para reforçar parceria científica O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) vai visitar a partir de 27 de junho quatro universidades portuguesas para reforçar a parceria científica. Depois de uma viagem a Granada, em Espanha, para participar no Congresso Internacional da Associação Internacional de Engenharia e Pesquisa Hidroambiental (IAHR, em inglês), organismo que preside, Joseph Lee Hun-wei vai estar na Universidade de Évora, de Lisboa, de Coimbra e do Porto para explorar “oportunidades de colaboração científica com a MUST”, disse à Lusa o responsável. “Perguntei aqui [em Macau] aos meus colegas se há programas específicos que queiram melhorar e desenvolver, porque posso visitar a direção [destas universidades]”, acrescentou. Não se trata do primeiro contacto do presidente da MUST com Portugal. Nos anos 1970, quando ainda era estudante de Engenharia Civil no Massachusets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, Lee projetou o sistema de refrigeração para a Central termoeléctrica de Setúbal – cidade onde, admite, nunca esteve. “Eles é que vieram cá. Ainda era júnior, só fiz o trabalho, mas Setúbal estava muito interessado em desenhar um sistema com o mínimo de impacto para o ambiente e a melhor eficiência (…). É bastante complicado e, naquele tempo, era muito avançado e Setúbal recorreu ao MIT”, explicou. Sobre o interesse da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau em Portugal, o professor elogiou o “desenvolvimento de tecnologia inovadora” no país e as várias alianças no campo científico com universidades norte-americanas, nomeadamente o programa ‘MIT Portugal’, uma colaboração com o Massachusets Institute of Technology, e o programa ‘Carnegie Mellon Portugal’, uma plataforma que reúne esta universidade de Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, e instituições de ensino superior portuguesas. “Com o MIT trabalham precisamente em áreas que nos interessam, como é o caso da Inteligência Artificial, Informática e o Fabrico Avançado”, referiu. Mas além de Portugal, a MUST quer chegar a todo o universo lusófono. “É natural, é uma das nossas missões designadas pelo Governo Central” chinês, lembrou Lee, referindo-se ao facto de, em 2003, Pequim ter designado Macau como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. “Há financiamento disponível para fazer isso acontecer”, acrescentou. Para já, o número de alunos dos países de língua portuguesa na universidade “não é significativo”, havendo “espaço para melhorias”, advertiu o responsável, defendendo que, para a internacionalização da instituição de ensino e captação de alunos são necessárias “as políticas e estratégias certas”. Estratégias que, segundo o académico, podem passar pela aposta em “áreas nicho”, como nos dois laboratórios de referência de Estado da MUST. Em 2010, a universidade inaugurou o laboratório para a Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa e, em 2018, nasceu o laboratório para a Ciência Lunar e Planetária. Os espaços, com a aprovação do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, têm como objetivo contribuir para a inovação científica e tecnológica, através da investigação e formação de quadros especializados. “Também a nossa futura Faculdade de Engenharia Inovadora deve ser bastante atrativa para qualquer estudante estrangeiro, digamos que para aqueles dos países [da iniciativa] Uma Faixa, Uma Rota e, não querendo excluir outros, os da Lusofonia – esse seria o nosso foco principal, estudantes que queiram ter uma ideia da Grande Baía”, concretizou.
Hoje Macau Manchete SociedadeMUST | Reitor quer liberdade académica mas admite “áreas cinzentas” Joseph Lee Hun-wei, reitor da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, defende que é possível uma conivência entre a internacionalização do ensino superior e o respeito pela soberania chinesa. Este defende que o que aconteceu em Hong Kong foi “ilegal” O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) admite que existem “áreas cinzentas” no que respeita à liberdade académica, embora acredite na convivência entre a internacionalização do ensino superior e o reconhecimento da soberania chinesa. “Se estivermos certos de qual é a nossa missão e concentrarmo-nos na nossa política de diversidade e internacionalização e se conseguirmos provar ao mundo que podemos levar a cabo o intercâmbio internacional ao mesmo tempo que reconhecemos a soberania [chinesa], então qual é o problema?”, defendeu Joseph Lee Hun-wei. Lee, à frente da MUST desde Janeiro de 2021, nasceu em Xangai, cresceu em Hong Kong e formou-se em Engenharia Civil pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Regressado a Hong Kong, nos anos 1980, ocupou vários cargos de liderança em instituições de ensino superior locais. Em entrevista à Lusa, o académico recordou ter acompanhado de perto as manifestações de 2019, que, como sublinha, “afectaram a saúde” da cidade “de uma forma muito séria”. “O que aconteceu em Hong Kong é claro para mim, foi ilegal, eu passei por isso e não me senti seguro”, recordou. Que liberdade? Questionado se os últimos acontecimentos nas duas regiões autónomas estão a afectar a liberdade académica em Macau, Joseph Lee relembrou que se vive actualmente uma conjuntura “geopolítica complexa” e que enquanto presidente de um organismo internacional – a Associação Internacional de Engenharia e Pesquisa Hidroambiental – “esta tensão e mal-entendidos” são perceptíveis. No entanto, o presidente da MUST frisou que Macau “é bastante diferente” de Hong Kong. E explicou: “O que me apercebi nos últimos 15 meses é que as pessoas aqui, em geral, têm um melhor entendimento da China continental”, sublinhou. Na MUST, exemplificou ainda o presidente, começou a hastear-se a bandeira chinesa três vezes por ano “antes de 2019, ainda antes de se impor essa regra”. “É porque sentimos que Macau é parte do país”, explicou. Joseph Lee admitiu “apoiar a diversidade e a liberdade académica”, mas chamou a atenção para a existência de “áreas cinzentas”. “E depende por vezes realmente da interpretação e da perceção. Mas eu diria, no geral, que Macau ainda é muito diferente da China Continental, e nós operamos nesse espaço da história, do tempo e fazemos o nosso melhor como ponte entre o Oriente e o Ocidente”, disse.
Pedro Arede Grande Plano MancheteEspaço | Cientista da MUST determina tamanho do maior cometa alguma vez avistado O cientista do Laboratório Estatal de Referência das Ciências Lunares e Planetárias, Hui Man-To, é o autor principal de um paper que confirma as dimensões daquele que é o maior cometa alguma vez avistado. Segundo a observação feita através do Telescópio Espacial Hubble (NASA), o núcleo do cometa “C/2014 UN271” (Bernardinelli-Bernstein) tem 128 km de diâmetro e pode dar pistas sobre a formação do Sistema Solar O professor do Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da Universidade Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), Hui Man-To contribuiu decisivamente para confirmar a dimensão daquele que é o maior cometa alguma vez avistado por astrónomos. Os resultados da observação do cometa “C/2014 UN271”, também denominado “Bernardinelli-Bernstein” em função dos cientistas que o descobriram, foram obtidos através de uma observação efectuada com recurso ao Telescópio Espacial Hubble (NASA) e registados num paper publicado no “Astrophysical Journal Letters”, do qual Hui Man-To é o principal autor. De acordo com os resultados da observação feita no início de Janeiro deste ano, o diâmetro estimado do núcleo gelado do cometa “Bernardinelli-Bernstein” será de aproximadamente 128 quilómetros, ou seja, cerca de 50 vezes maior que a maioria dos cometas analisados até aos dias de hoje. Além disso, os dados recolhidos apontam para o facto de a massa do corpo celestial pesar cerca de 500 triliões de toneladas, um registo também ele inédito, tendo em conta que é 100 mil vezes superior à massa registada normalmente em cometas que circulam mais perto do Sol. Isto, tendo em conta que o cometa “Bernardinelli-Bernstein” encontra-se actualmente nos “limites” do Sistema Solar e, por isso, a uma distância considerável do Sol e a deslocar-se a uma velocidade de cerca de 35 mil quilómetros por hora. “Este é um objecto verdadeiramente espantoso, dado o quão activo é, estando ainda tão longe do Sol”, começou por partilhar Hui Man-To com o portal oficial da NASA dedicado ao Telescópio Espacial Hubble. “Calculámos que o cometa pudesse ser bastante grande, mas precisávamos de dados mais precisos para obter essa confirmação”, acrescentou. Cálculos galácticos Por esse motivo, o cientista da MUST decidiu utilizar o telescópio Hubble para registar cinco imagens do cometa “Bernardinelli-Bernstein”, que foram depois processadas através de um modelo informático criado pela sua equipa. A estratégia permitiu “descriminar” o núcleo do cometa, da poeira e da luminosidade envolvente que inevitavelmente, e a juntar à longa distância a que o cometa se encontra do telescópio, constavam das imagens originais captadas, provocando ruído. Contactado pelo HM, Hui Man-To revelou que o maior desafio de todo o processo passou por obter a aprovação para executar o plano de observação no Telescópio Espacial Hubble. “É um processo altamente competitivo. Em média, um astrónomo tem de tentar mais de cinco vezes até ver o seu programa aprovado (…) mas felizmente conseguimos a aprovação necessária em tempo útil. Sem a qualidade de observação emprestada pelo Telescópio Espacial Hubble não seríamos capazes de fazer nada”, partilhou. Hui Man-To acredita que o cometa “Bernardinelli-Bernstein” seja originário da chamada “Nuvem de Oort”, região gelada e sombria localizada nos limites do Sistema Solar, encontrando-se em rota de aproximação ao Sol e à Terra, de acordo com a sua órbita elíptica, que terá uma duração total de cerca de três milhões de anos. Apesar de se estar a aproximar, o mais perto que o cometa “Bernardinelli-Bernstein” estará do Sol, será em 2031, altura em que deverá passar perto de Saturno. Além disso, o estudo e a compreensão do cometa, proveniente de uma região tão distante como a “Nuvem de Oort”, reveste-se de elevada importância, dado conter na sua estrutura amostras, matéria e elementos em estado de congelação que remontam à formação inicial do Sistema Solar, ou seja, com uma idade equivalente a quatro biliões de anos. Sobre o cometa propriamente dito, o professor da MUST destaca que este está numa fase “estável”, a perder massa de forma “prolongada” e que a sua actividade está a ser potenciada pela “sublimação” (passagem do estado sólido ao estado gasoso). “A actividade do cometa está numa fase estável, o que significa que o núcleo está a perder massa de uma forma prolongada, e não impulsiva. Isto é um indicador de que a sua actividade está a ser potenciada pela sublimação. No entanto, a esta distância do Sol (cerca de 18 vezes a distância entre o Sol e a Terra), a sua temperatura de equilíbrio (-210 Celsius) é demasiado baixa para que o gelo da água passe pela sublimação, devendo ser supervolátil como o monóxido de carbono ou o dióxido de carbono”, explicou. Trabalho de equipa Quanto ao sucesso dos resultados alcançados, Hui Man-To não tem dúvida que tal pode ser atribuído ao “esforço de toda a equipa”, a começar pelo contributo do norte-americano David Jewitt, astrónomo de renome da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) responsável por descobrir o “Cinturão de Kuiper” em 1992, que levaria à “despromoção” de Plutão enquanto planeta em 2006. Outro elemento fundamental na manobra que levaria a que se fizesse luz sobre o cometa “Bernardinelli-Bernstein”, acrescenta, foi o professor da MUST Liang-Liang Yu, cuja reconhecida capacidade de cálculo foi fundamental para se chegar à dimensão final do núcleo do cometa. Questionado sobre o momento em que descobriu estar perante a confirmação histórica, Hui Man-To disse que, na altura, estava “bastante calmo”, embora a urgência de publicar os resultados alcançados fosse grande. “Na verdade, estava bastante calmo. A minha maior preocupação a partir daí, era conseguir concluir o paper e submetê-lo o mais rapidamente possível. Não queríamos ser ultrapassados por outras equipas. Lembro-me de estar relativamente contente quando consegui extrair o ‘sinal’ do núcleo dos restantes elementos do cometa”, apontou Sobre a importância de Macau estar associada à descoberta, Hui Man-To sublinhou que o Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da MUST deve aproveitar todas as oportunidades para se assumir como referência na área, a nível internacional. “[A publicação deste paper] ajudou certamente a promover a ciência que é feita em Macau um pouco por todo o mundo. A impressão que a maioria das pessoas tem sobre Macau é que é um território ligado ao jogo e ao turismo, onde a ciência não tem lugar, mas isto não é de todo verdade. O Laboratório de Referência Estatal necessita de participar em projectos internacionais sempre que surjam oportunidades no futuro”, referiu. Quanto ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na MUST, Hui Man-To vê com bons olhos o envolvimento do Laboratório de Referência Estatal em diferentes projectos e admite estar empolgado com o conhecimento que vai ser produzido a propósito do futuro satélite de exploração científica de Macau.
Hoje Macau SociedadeUniversidade de Ciência e Tecnologia de Macau atribui ‘honoris causa’ a ex-governador Rocha Vieira A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau elogiou os “comentários muitos positivos” sobre a prática ‘Um País, Dois Sistemas’ do General, assim como o papel desempenhado para uma “transição pacífica” A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês) conferiu ao último governador do território durante a administração portuguesa, Vasco Rocha Vieira, o doutoramento ‘honoris causa’ em Ciência e Tecnologia. A informação foi adiantada ontem pela Agência Lusa. A atribuição do grau ‘honoris causa’ foi feita através de uma cerimónia ‘online’ que celebrou o 22.º aniversário da MUST, e que decorreu a 25 de Março. No comunicado, assinado pelo presidente da MUST, Joseph Hun-wei Lee, destaca-se que a contribuição do general Rocha Vieira, 127.º governador de Macau, na “devolução pacífica” do território à China “não pode ser negada”. “Como governador de Macau, o primeiro objectivo do general Rocha Vieira foi a bem-sucedida e suave transferência de poder. Efectuou nove visitas à China onde trabalhou de perto com a República Popular da China, e através de discussões e negociações baseadas no objectivo partilhado de compreensão mútua”, acrescenta-se no texto. O documento enumera ainda o contributo de Rocha Vieira para que as chamadas ‘Três Localizações’, nomeadamente a legislação, os funcionários públicos e do chinês como língua oficial, fossem cumpridas. “Inquestionavelmente, as ‘Três Localizações’ ajudaram a colocar Macau na via da ‘continuidade e autonomia’ nas décadas que se seguiram”, é salientado. Elogios pós-transição O comunicado destaca igualmente o envolvimento de Rocha Vieira na “continuidade económica e autonomia” de Macau, nomeadamente a “modernização da economia e o contínuo progresso” do território. “Os resultados do seu trabalho podem ser considerados em dois aspectos, designadamente a conclusão de vários projectos de infra-estruturas de larga escala com a União Europeia e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O Aeroporto Internacional de Macau, considerado o projecto mais importante para assegurar a continuidade e a autonomia, levou anos de esforços para se tornar uma realidade”, foi detalhado. No entanto, para a decisão de atribuir o grau de doutor honoris, conferido pelo empresário Liu Chak Wan, contribuiu também o facto de Rocha Vieira ter elogiado Macau e a China depois da transição. “Depois da transição de Macau para a China, o General Vasco Joaquim Rocha Vieira fez muitas visitas a Macau, durante as quais elogiou os novos desenvolvimentos de Macau depois do retorno, e fez comentários muito positivos sobre a prática bem-sucedida de ‘Um País, dois Sistemas’ em Macau”, foi revelado. Pouco pacífico Distinguido pela MUST em 2022, a verdade é que a saída de Rocha Vieira de Macau, em 1999, foi tudo menos pacífica, devido à criação da Fundação Jorge Álvares. A fundação foi criada a poucos dias da transferência e recebeu uma dotação de 50 milhões de patacas da Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento (FCD), uma fundação pública de Macau. Se em Portugal a questão causou um enorme mal-estar entre o General e o então Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, em Macau o cenário não foi diferente. Entre a revolta pública face ao montante e legalidade do subsídio, que teve o expoente máximo com um cartoon no jornal Ou Mun, em que Rocha Vieira aparecia a voar para Portugal com 50 milhões de patacas, houve ainda um diferendo entre o General e o “amigo” Edmund Ho, então Chefe do Executivo, que instaurou um processo de averiguação ao subsídio. A situação entre ambos só foi ultrapassada em 2009, aquando de uma visita de Rocha Vieira a Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Alunos de Macau mais informados que colegas de Zhuhai Um estudo de um grupo de académicos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e do Colégio de Ciências e Tecnologia de Zhuhai mostra que os estudantes universitários da RAEM estão um pouco mais informados sobre a covid-19, principalmente em vertentes técnicas Os estudantes universitários de Macau são mais conhecedores das medidas de prevenção da covid-19 do que os colegas de Zhuhai. A conclusão faz parte de um estudo elaborado em parceria por um grupo de oitos académicos de Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e do Colégio de Ciências e Tecnologia de Zhuhai. Segundo o método de pesquisa, 977 alunos de Macau e 2.818 de Zhuhai responderam a um inquérito de resposta múltipla, em que lhes foi pedido para identificarem comportamentos ou condições que contribuíam para evitar a transmissão do vírus. As perguntas incidiram sobre os componentes dos desinfectantes, condições de inactivação da covid-19 no ambiente, contactos de transmissão e medidas de precaução quanto à utilização de máscaras quando se tem tosse ou espirros. A principal diferença entre os frequentadores do ensino universitário de Macau e Zhuhai surgiu nas perguntas com carácter mais técnico, ou seja, sobre os componentes dos desinfectantes. Em ambos os casos, menos de um quarto dos alunos acertou na questão, em Macau 24,6 por cento conseguiram com sucesso identificar os componentes que não “matam o vírus”, enquanto em Zhuhai o número foi de 17,5 por cento. Ao nível das formas de transmissão do covid-19 os inquiridos mostraram-se bem mais informados, com 84,5 por cento dos alunos a responderem correctamente. Entre os educandos do outro lado da fronteira o número foi relativamente mais baixo de 76,9 por cento. Conhecimentos semelhantes Se no que diz respeito às formas de transmissão do vírus e aos componentes dos desinfectantes que não são eficazes, os residentes locais estão melhor informados, o mesmo não acontece nas condições em que o vírus morre no ambiente. Neste capítulo, em Zhuhai 76,9 por cento das respostas foram correctas, contra 76,8 por cento em Macau. Os dados foram também muito semelhantes a nível dos comportamentos a adoptar em caso de espirros ou tosse, com 75,9 por cento dos estudantes de Macau a darem as respostas certas, e 75,0 por cento dos colegas de Zhuhai a mostrarem conhecer os hábitos mais saudáveis. Os inquéritos foram realizados em Agosto do ano passado, quando ainda não tinha passado um ano do início da pandemia, e os resultados foram publicados em Agosto deste ano, na revista científica online PeerJ. O artigo tem como título “Um Estudo Comparativo entre os Conhecimentos de Prevenção da Covid-19 dos alunos de Macau e Zhuhai”, e foi assinado pelos académicos Tao Xiaoyu, Chan Dong, Liang Rining, Zhang Xiaoyu, Yu Xi, Chung Sookja, Yu Yaqin e Xiao Ying.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeInquérito | Trabalhadores menos satisfeitos e sem confiança na busca de trabalho Um inquérito realizado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau mostra que os trabalhadores estão menos satisfeitos e com pouca confiança no mercado laboral. O índice de confiança na busca de um emprego caiu 23,8 por cento face a 2020, enquanto que a satisfação com as compensações pagas caiu 16,3 por cento A Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) divulgou ontem o Índice Geral de Confiança e Satisfação no trabalho que concluiu que a confiança e a satisfação dos trabalhadores caíu face ao ano passado. Em termos globais, o índice de confiança dos trabalhadores registou uma queda de 5,5 por cento, com especial destaque para a quebra de 23,8 por cento na confiança pela busca de um emprego. Os trabalhadores estão também menos confiantes em relação à pressão do trabalho, uma vez que esse sub-índice baixou 12 por cento, e também com a possibilidade de serem promovidos, com o índice a registar uma quebra de 8,6 por cento face a 2020. A confiança no mercado de trabalho diminuiu 6,7 por cento, enquanto que o sub-índice da confiança dos trabalhadores nas suas próprias empresas baixou 4,5 por cento. O inquérito, apresentado por Liu Chengkun, director do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável da MUST, e Li-Yun Sun, académico, conclui que estes dados mostram que “a pandemia teve um impacto na confiança dos trabalhadores, reflectindo-se num declínio da sua confiança no mercado de trabalho, nas perspectivas empresariais e no seu desenvolvimento pessoal”. Menos satisfação No que diz respeito ao índice de satisfação, em termos globais, a quebra foi de 7 por cento, sendo que a maior queda, de 16,3 por cento, foi a da satisfação dos trabalhadores em relação às compensações pagas. O sub-índice sobre a satisfação em relação a outros benefícios laborais e à saúde baixou 11,9 e 11,2 por cento, respectivamente. Os autores do inquérito apontam ainda que “a pandemia trouxe um grande declínio de turistas e uma desaceleração da economia, criando uma incerteza sem precedentes às empresas e trabalhadores”. Desta forma, as empresas “devem reforçar o apoio psicológico aos trabalhadores e reduzir esta incerteza com uma comunicação mais aberta e processos transparentes.” O inquérito releva também alguns dados positivos, uma vez que a confiança na oportunidade de encontrar um emprego mais bem pago subiu 4,3 por cento. Já o sub-índice da confiança na oportunidade de ter melhores salários no prazo de um ano aumentou 3 por cento. Aumentou também, em 1,1 por cento, a satisfação com as oportunidades de formação e 0,8 por cento a satisfação quanto às oportunidades de utilização de talentos individuais por parte dos trabalhadores. Para a realização deste inquérito foram entrevistados 803 trabalhadores a tempo inteiro entre os dias 16 de Abril e 24 de Maio deste ano.
João Luz Manchete SociedadeConsumo | Índice de confiança caiu 9,35% no segundo trimestre O Índice de Confiança do Consumidor de Macau voltou a cair no segundo trimestre deste ano, desta feita 9,35 por cento em relação aos primeiros três meses do ano. O estudo realizado pela MUST concluiu que os piores indicadores foram “compra de casa”, “situação de emprego”, “economia local” e “investimento em acções” O declínio do índice de confiança do consumidor de Macau é algo que se vem verificando ao longo dos últimos anos. Em 2017, (no mesmo período analisado) já se registava diminuição de 1,21 por cento, em comparação com os primeiros três meses desse ano, sobretudo devido ao desânimo em torno da habitação. Porém, em 2017, numa escala de 0 a 200, o índice atingia os 85.30, revelando uma ligeira desconfiança quanto ao panorama económico. Segundo os resultados divulgados pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), no segundo trimestre de 2021 o índice caiu 9,35 por cento em relação aos primeiros três meses do ano, para um total de 68.11 pontos, já bem longe dos resultados de 2017, e uma quebra significativa para o primeiro trimestre de 2021 quando o índice se fixou em 75.13. Apesar de no segundo trimestre de 2021 se ter verificado um ligeiro aumento quanto à expectativa face ao “nível de vida”, sub-índices como “compra de uma casa”, “situação de emprego”, “economia local”, “investimento no mercado de acções” caíram. Entre estes indicadores, o que corresponde à compra de habitação foi o que mais diminuiu, caindo 19,6 por cento em relação aos primeiros três meses do ano, seguindo pelo índice de confiança na economia local, que desceu 16,45 por cento. Cenário minado Para a realização deste estudo, a equipa da MUST entrevistou 804 residentes de Macau, maiores de 18 anos, entre os dias 5 e 30 de Junho. Sem vislumbre de optimismo quanto à recuperação da economia, em particular da indústria do jogo, dos seis itens que constituem o índice global de confiança, cinco baixaram. A MUST enquadra estes resultados referindo que “no segundo trimestre deste ano a economia do Interior da China fortaleceu-se, mostrando sinais de melhorias constantes e estabilidade, mas o ambiente económico doméstico e internacional continua grave e complexo”. A equipa responsável pelo índice menciona ainda a “escalada de medidas de prevenção da pandemia”, em particular as restrições fronteiriças, como entraves à recuperação da indústria do jogo a curto prazo, mas sem alterar a tendência de recuperação a médio e longo prazo. Em Abril deste ano, a Universidade de Macau estimou que feitas as contas a 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da RAEM pode crescer entre 21,4 por cento e 33,5 por cento. As previsões macroeconómicas tiveram em consideração quatro cenários relativos ao número de visitantes, de acordo com o estudo do Centro de Estudos de Macau e o departamento de economia da UM, que variam entre 13,8 milhões e 21,7 milhões de visitantes.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEspaço | Missão em Marte com contributo de laboratório local O Laboratório de Referência do Estado Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da MUST aconselhou a missão sobre o tempo certo para aterrar o robot Zhurong em Marte Passavam alguns minutos das 7 horas de sábado (hora de Macau), quando a China se tornou no segundo país a aterrar com sucesso um robot de exploração em Marte. Para esta missão histórica, contou com o contributo do Laboratório de Referência do Estado Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, em inglês). Ao HM, Keith Chow, professor assistente do Instituto de Ciências Espaciais, explicou o papel da MUST na missão: “A nossa contribuição passou pela simulação das condições atmosféricas de Marte. É uma vertente muito importante, porque ao conhecer de forma detalhada a atmosfera, como a estrutura vertical e a movimentação dos ventos, é possível conhecer as melhores condições para a aterragem”, afirmou. “As simulações que realizamos foram utilizadas para perceber a altura ideal, assim como as condições, para fazer a aterragem. Foram essas as nossas funções principais”, acrescentou. O Laboratório de Referência do Estado Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da MUST foi chamado a contribuir para a missão que permitiu igualar o feito que até agora só tinha sido alcançado pelos Estados Unidos devido à potência do simulador. “A diferença é que temos um sistema de simulação mais potente, de resolução alta. Como sabemos, há limitações na observação da atmosfera de Marte, por isso, este simulador é uma mais-valia”, indicou. “Eles depois observaram os dados, comparam com a outra informação que recolheram e tomaram uma decisão sobre os procedimentos”, completou. “Sem sobressaltos” Sobre o acontecimento, Keith Chow mostrou-se “muito feliz” e considerou que a missão tem sido “muito bem sucedida”. “Este objectivo foi conseguido, e os procedimentos correram de forma fluida, não houve assim sobressaltos. Também a aterragem foi relativamente perto da zona prevista, o que é muito positivo para a primeira aterragem chinesa”, vincou. O cientista tinha começado a colaborar com a missão há cerca de cinco anos, quando o projecto foi estabelecido, embora recuse a ideia de que seja uma longa colaboração. “Se avaliarmos cinco anos em termos de investigação, não se pode dizer que é muito tempo”, indicou. O robot que aterrou em Marte tem o nome de Zhurong, que significa Deus do Fogo. O equipamento estava desde Fevereiro na órbitra do planeta, onde tinha chegado em Fevereiro deste ano através da missão Tianwen-1. Devido à distância entre Marte e a Terra, de 320 milhões de quilómetros, a mensagem a confirmar o sucesso do procedimento por parte do Zhurong demorou 17 minutos a chegar. A aterragem do robot Deus do Fogo foi elogiada por Xi Jinping, que afirmou tratar-se de “um feito excepcional”. Além disso, o governante destacou o contributo dos membros da missão espacial para o país. “Foram corajosos para aceitar o desafio, perseguiram um nível de excelência e colocaram o nosso país no nível dos mais avançados em termos da exploração planetária”, afirmou.
Pedro Arede PolíticaCiência | Governo chinês acha que laboratório de referência toma rumo confuso Após avaliação de dois dias, o Ministério da Ciência e Tecnologia da China considera que o Laboratório de Referência dedicado à cidade inteligente obteve “resultados notáveis”, embora considere o rumo de desenvolvimento “um pouco confuso”. Sobre o Laboratório de Ciências Lunares e Planetárias, o único do género em toda a China, o desafio é a internacionalização Juntamente com o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), os representantes do Departamento de Investigação Básica do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, vieram a Macau avaliar o trabalho dos laboratórios de referência estatal dedicados à internet das coisas da cidade inteligente (UM) e às ciências lunares e planetárias (MUST). Ontem, durante a apresentação dos relatórios de avaliação, Guan Xiaohong, chefe do grupo de especialistas responsável pela avaliação do Laboratório de Referência do Estado da Internet das Coisas da Cidade Inteligente, apontou que o organismo “obteve resultados notáveis” na resolução dos “problemas” gerados pelo desenvolvimento de Macau, nomeadamente ao nível da implementação de “novas tecnologias” de rede electrónica e padrões de transporte. No entanto, ficaram também algumas críticas e sugestões. “Consideramos que o laboratório tem um posicionamento muito claro, mas que as direcções de desenvolvimento são um pouco confusas. O laboratório já obteve algum sucesso e vai avançar para a industrialização, mas, neste momento, ainda não sabe de que forma será integrada. A escala do laboratório não é suficiente e precisa de se expandir”, transmitiu o responsável, acrescentado ainda que deve procurar capitalizar com vantagens oferecidas pela Grande Baía, a internacionalização de Macau e o princípio “Um País, Dois Sistemas”. Segundo Guan Xiaohong o azimute passa por concretizar a investigação desenvolvida e reforçar a formação de profissionais especializados. Em resposta, Song Yonghua, chefe do Laboratório de Referência assumiu que será feito “um melhor trabalho de ligação interdisciplinar nas áreas de pesquisa científica”, reafirmando que a cidade inteligente faz parte, não só da estratégia nacional, mas também do desenvolvimento de Macau. Foi ainda referido que o laboratório contribuiu para a elaboração do Plano Director e que no futuro, será feita uma maior aposta ao nível do fornecimento de “energia limpa”, sobretudo na eólica. De Macau para o Universo Acerca do Laboratório de Referência de Estado para a Ciência Lunar e Planetária, Hong Xiaoyu, Chefe do grupo de especialistas responsável pela avaliação frisou a importância do laboratório localizado na MUST para o projecto de exploração espacial da China, enaltecendo as suas características “únicas” a nível nacional, o trabalho de desenvolvido e ainda as vantagens que Macau oferece para “abrir janelas” a nível internacional. Como principais metas, o relatório aponta a “necessidade de formar quadros qualificados e atrair talentos”, o apetrechamento de equipamento de ponta e a criação de planos a médio e longo prazo para que as investigações tenham um maior alcance. À margem do evento, o Chefe do Laboratório de Referência de Estado para a Ciência Lunar e Planetária, Zhang Keke, mostrou-se satisfeito com os resultados da avaliação, embora considere que atrair talentos de topo ou produzi-los localmente “não é fácil”. “Se queremos ter um centro de pesquisa de topo a nível internacional precisamos de cientistas de topo mundial. Para atrair estes cientistas é preciso dar os incentivos necessários, mesmo a nível financeiro”, referiu. Por seu turno, o investigador português que lidera a equipa de astrobiologia do laboratório, André Antunes, sublinhou que “é muito importante ter superado a prova da avaliação”, que foi “muito positiva”. Sobre o artigo destacado em 2020 pela revista Nature do qual é co-autor, e que vem referido no relatório, o investigador considerou que é “muito importante para colocar Macau como ponto focal das actividades da astrobiologia para toda a China e como referência a nível global”. Acerca da contratação de quadros altamente qualificados, André Antunes lamentou a burocracia processual que não facilita a entrada mais célere de talentos em Macau.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Vacinas no Hospital da MUST a partir de segunda-feira As autoridades de saúde vão instalar um novo local de vacinação no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia, que entrará em funcionamento a partir de 17 de Maio (próxima segunda-feira). A marcação terá início às 10h de sexta-feira. Numa primeira fase, o local só terá vacinas da Sinopharm e disponibilizará 150 vagas por dia para residentes de Macau, trabalhadores não residentes e estudantes. Ao mesmo tempo, as autoridades estão a preparar a criação de um posto comunitário de vacinação de grande escala no Fórum de Macau, prevendo-se 2.000 vagas diárias.
Pedro Arede Manchete SociedadeArtigo de investigador português sobre luas geladas em destaque na Nature O artigo sobre exploração dos oceanos das luas geladas do sistema solar, assinado pelo investigador português que lidera a equipa de astrobiologia da MUST, André Antunes, foi uma das publicações destacadas em 2020 pela revista Nature, na Área da Astronomia. Com as atenções viradas para Marte, o investigador não tem dúvidas que as luas geladas “são o próximo passo da exploração espacial” Com os holofotes apontados para as três missões a Marte que estão actualmente a decorrer em simultâneo, a diferentes velocidades, há quem prepare terreno para materializar as próximas paragens da exploração espacial. O artigo intitulado “Experimental and Simulation Efforts in the Astrobiological Exploration of Exooceans”, com co-autoria do investigador português que lidera a equipa de astrobiologia da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), André Antunes, foi seleccionado pela revista Nature como uma das seis publicações que mais contribuíram para a área da Astronomia em 2020. Originalmente publicado na revista Space Science Reviews, o artigo traduz o trabalho desenvolvido por uma equipa multidisciplinar e internacional, que colectou estudos experimentais e de modelação de várias áreas científicas ligadas à exploração dos oceanos das luas geladas do Sistema Solar. “O foco do artigo acaba por se reflectir nos esforços de replicação em laboratório ou por via computacional, das condições que existem nestas luas e, esse tipo de trabalho, (…) é muito importante para conseguirmos planear devidamente futuras missões e interpretar os dados que iremos obter destas missões”, explicou André Antunes ao HM. Do ponto de vista científico, apontou o investigador da MUST, o trabalho destacado na publicação, assume uma importância acrescida, dado que “as luas geladas do Sistema Solar são o próximo passo da exploração espacial”, até porque são locais onde existe água em estado líquido e isso pode significar a possibilidade de encontrar vida. “Tendo em conta a experiência que temos na Terra, pois não conhecemos nenhum outro ponto do Sistema Solar ou do Universo que tenha vida, a existência da água em estado líquido é essencial. Por isso, o facto de encontrarmos sítios no nosso Sistema Solar em que há enormes quantidades de água líquida, gera grande expectativa, numa perspectiva de ser possível existir vida nestes locais”, elucidou o académico. Além disso, explica, investigar as luas geladas é uma tarefa “difícil”, pois, como estão mais afastadas da Terra, “implica toda uma série de condicionantes do ponto de vista técnico” para a sua exploração. Macau no mapa André Antunes destaca ainda a visibilidade que a distinção da Nature permite atingir a um nível maior, pois considera que a investigação, por si, “só faz sentido se, de facto, alcançar um número elevado de pessoas e investigadores e for utilizada para alguma coisa”. “Marte está na moda agora, mas são artigos como este que vão marcar o próximo passo da exploração espacial”, acrescentou, frisando que a publicação tem o condão, não só de agrupar contribuições de diferentes instituições como a NASA, a Agência Espacial Alemã e colaboradores de outras partes do mundo, como do Japão, mas também de compilar diferentes abordagens importantes para “estimular o diálogo entre disciplinas que geralmente não têm tendência a comunicar muito”. O investigador, também membro do Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da Universidade Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), vinca ainda a relevância que o artigo tem para “colocar Macau no mapa”. “Do ponto de vista da MUST e do Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias, este tipo de reconhecimento é muito importante, pois acaba por contribuir e validar o caminho que temos vindo a traçar, que é o de colocar Macau como ponto de referência para a área da Astrobiologia, não só na China, como a nível global”, vincou André Antunes. Questionado sobre a missão chinesa a Marte, Tianwen-1, que se encontra na órbita do planeta vermelho, o investigador referiu que “as expectativas continuam muito altas”, embora a operação esteja a ser gerida de forma “mais cautelosa”, por se tratar da primeira missão chinesa em Marte. Já sobre os moldes como está a decorrer o trabalho de investigação nas plataformas experimentais de Astrobiologia e Cosmoquímica inauguradas em Dezembro de 2020 na MUST, André Antunes revela que devido à pandemia o laboratório está “semi-funcional”. A situação deve-se ao facto de membros estrangeiros da equipa não terem hipótese de vir para Macau. “Obviamente que não baixamos os braços, continuamos a trabalhar e a dar o litro e a fazer tudo por tudo para avançar com a investigação”, rematou.