Carlos Morais José VozesO ministro tem razão [dropcap]H[/dropcap]á alguns juristas e jornalistas que se esquecem (ou pretendem esquecer, no caso de estarem a cumprir, consciente ou inconscientemente, uma agenda) de um facto incontornável: o segundo sistema é manter inalterado por 50 anos o regime de direitos civis, políticos e económicos existente antes da transferência de soberania. Sem tirar nem pôr. Qual é a parte do “pôr” que não compreendem? Onde é que foi dito que seriam estendidos direitos eleitorais aos cidadãos de Macau para escolherem o seu Governo? Era essa a prática durante a administração portuguesa? Obviamente que não. Por isso o ministro Santos Silva tem razão quando afirma que pregar democracia eleitoral a Macau seria uma hipocrisia na medida em que os portugueses, no seu tempo de controlo do território, simplesmente não o fizeram. Contudo, foram estendidos a esta cidade a maior parte dos direitos conquistados com o 25 de Abril. E alargou-se significativamente a representatividade da população, com a criação do hemiciclo a que chama Assembleia Legislativa. Será que, durante estes 20 anos, esses direitos incluídos no segundo sistema e regulamentados na Lei Básica foram grosseiramente violados? Será que, como li na imprensa de Portugal, os direitos humanos correm riscos na RAEM e a comunidade portuguesa está preocupada com isso? Obviamente que não. Em 20 anos, os maus exemplos são escassos e conjunturais. Ao Governo de Macau podem ser assacadas muitas críticas: administração deficiente, falta de previsão de problemas emergentes como a habitação, desprezo pela saúde pública, a oligarquia dos negócios, etc. Mas não seria justo acusar nenhum dos Executivos de terem violado direitos fundamentais. Porque tal, simplesmente, não aconteceu. Às vezes, parece que as pessoas que vieram até esta parte do mundo não sabiam para onde vinham. De facto, isto não é o paraíso. É Macau. E, bem vistas as coisas, é como sempre foi.
Andreia Sofia Silva PolíticaDireitos Humanos | MNE português reiterou diferenças entre Portugal e a China O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, foi informado da saída dos juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa do hemiciclo, mas defendeu que, caso fizesse comentários, seriam “ilegítimos e inapropriados”. Na visita a Macau, Santos Silva lembrou que, em matéria de direitos humanos, Portugal e China não convergem [dropcap]P[/dropcap]ortugal opta por não reagir à saída dos juristas portugueses Paulo Cardinal e Paulo Taipa da Assembleia Legislativa (AL), na sequência da não renovação dos contratos. Em conferência de imprensa, no âmbito da visita oficial a Macau que terminou ontem, Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros, não quis fazer comentários. “Estou informado. É uma prerrogativa e uma responsabilidade própria da AL proceder às renovações ou não desses contratos. Devo dizer que não aceitaria que uma autoridade da RAEM se pronunciasse sobre decisões soberanas da Assembleia da República portuguesa, em matéria de contratação de pessoal, e também não sou eu que farei comentários, pois seriam ilegítimos e inapropriados, sobre a política de contratações da AL.” Questionado sobre a tendência de diminuição dos quadros portugueses na área jurídica, Augusto Santos Silva defendeu que a Lei Básica deve ser sempre cumprida. “Sobre a situação desses dois concidadãos, tal como outros, têm direito à protecção consular e tal não foi pedido. Quanto à evolução profissional dos cidadãos portugueses em Macau, o que interessa é que os termos da Lei Básica sejam cumpridos por todos.” A vinda do ministro a Macau ficou marcada por um almoço de trabalho com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, bem como por reuniões com empresários locais e um encontro com a comunidade portuguesa. Na bagagem, Santos Silva leva um acordo assinado com o Governo que incide sobre cinco projectos comuns de cooperação nas áreas de economia, educação, ciência e tecnologia. Especificamente, é objectivo apostar na cooperação na área da defesa dos consumidores, “na intensificação da presença de empresas portuguesas em Macau”, na criação de um fundo comum destinado a apoiar projectos na área da ciência e tecnologia (a lançar até ao final do ano) e também no âmbito da mobilidade no ensino superior e reconhecimento recíproco de graus académicos. O ministro visitou também a Escola Portuguesa de Macau (EPM), onde ouviu e declamou poemas, ”algo bom para manter a sanidade mental”. E agradeceu o facto das autoridades de Macau financiarem a escola, tratando-se de “um sinal muito concreto do empenhamento das autoridades macaenses na preservação da herança portuguesa e na difusão da língua”. Marcelo na China A visita oficial serviu também para preparar a visita de Xi Jinping a Lisboa, que acontece nos dias 4 e 5 de Dezembro, tendo Augusto Santos Silva adiantado que Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República portuguesa, irá retribuir o gesto diplomático. “O relacionamento político-diplomático entre os dois países está ao seu mais alto nível e a consequência lógica será a retribuição, num futuro próximo, por parte do nosso Presidente, da visita que agora teremos a honra de receber.” Augusto Santos Silva também mostrou vontade do restabelecimento da rota aérea entre Pequim e Lisboa, e até entre Xian e Lisboa, um projecto que ainda não foi concretizado. “Esperamos que essa suspensão seja temporária e que essa ligação seja retomada. Sabemos que a mesma companhia coloca a hipótese de constituir outra ligação directa com outra cidade chinesa, não temos nenhuma objecção a que essa ligação exista, bem pelo contrário.” Diferenças à parte No que diz respeito às relações Portugal-China, está a ser preparado um memorando de entendimento no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota”, centrada no investimento de infra-estruturas, mas o ministro não referiu se será assinado aquando da visita de Xi Jinping a Lisboa. Augusto Santos Silva também disse esperar que a ligação ferroviária no âmbito de “Uma Faixa, Uma Rota” chegue até Lisboa ou Sines. Aliás, neste capítulo importa salientar que está também em curso um projecto de expansão do Porto de Sines. “Só saberemos onde vão amarrar as ligações marítimas e ferroviárias quando o mapa de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ estiver plenamente desenhado, e isso está em curso. Um dos instrumentos desse desenho é um memorando de entendimento entre a RPC e Portugal. Já falta pouco, faltam algumas semanas, para sabermos se Portugal se associa a esta iniciativa e em que termos o faz.” Apesar das relações diplomáticas entre os dois países estarem de vento em popa, o ministro esclareceu que há diferenças profundas entre Portugal e a China. “Os direitos humanos encaixam-se na parte em que nós não convergimos. A nossa posição é absolutamente clara: nós convergimos com a RPC na defesa da importância de enfrentar as alterações climáticas, de promover o desenvolvimento sustentável, de apoiar realmente o desenvolvimento dos países africanos, de criar parcerias norte-sul que possam favorecer esse desenvolvimento, preservar o multilateralismo. Temos áreas em que estamos muito próximos e distantes, Portugal é um país farol e é um país bandeira quanto à luta internacional pela eliminação da pena de morte. Podia dar outros exemplos, este chega”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaPortugal | Governo revela investimentos chineses na área da indústria [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revelou que analisou com o homólogo chinês, em visita a Portugal, “novas oportunidades de investimento de empresas chinesas em Portugal, designadamente industrial”. Após “uma reunião muito proveitosa” com o Conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Wank Yi, o membro do Governo português anunciou também a possibilidade de aumentar as exportações portuguesas para aquele mercado asiático. “Também estão em curso na China processos de inspecção sanitária muito importantes para o desenvolvimento das exportações portuguesas para o mercado chinês, designadamente produtos na área agropecuária e alimentar”, referiu Augusto Santos Silva, acrescentando que espera que “esse processo esteja concluído ainda este ano”. Augusto Santos Silva afirmou também que Portugal “está muito interessado em participar na grande iniciativa desenvolvida pela China, conhecida como nova Rota da Seda”. O ministro português aludiu às “razões geográficas e económicas” do país para afirmar que Portugal “pode ser um bom ponto de encontro entre a faixa terrestre e a rota marítima da nova Rota da Seda”. Assinalando que o país asiático “é o sexto fornecedor de bens a Portugal”, o governante realçou que “o aumento das exportações portuguesas para a China significará que ambos os países beneficiam de uma relação comercial cada vez mais importante”. Santos Silva declarou que “as relações entre os dois países são excelentes”, sustentando que a “razão dessa excelência” funda-se “na mesma visão sobre a ordem internacional baseada em regras, baseada no multilateralismo”. “Portugal e China estão unidos na defesa de uma globalização inclusiva que todos possam beneficiar, na defesa do comércio internacional, na resistência ao regresso de formas de proteccionismo comercial”, disse. Augusto Santos Silva ressalvou “a importância” que ambas as nações dão “às agendas essenciais para o futuro da humanidade, a agenda do Acordo de Paris e a agenda do Clima ou a agenda dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável”. Outono em Pequim O ministro afirmou que tem uma visita prevista para a China “no próximo Outono”, também para preparar a estada do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, em Portugal no fim deste ano. Augusto Santos Silva limitou-se a dizer que “se trata de uma operação de mercado que dever ser acompanhada pelas entidades reguladoras competentes”, sem se ter referido a hipotética alteração à lei que facilita a OPA chinesa na EDP. O Conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi frisou que “China e Portugal ficam nos dois extremos do continente euro-asiático, mas as relações e laços entre os dois países são estreitas”. Wang Yi assinalou que, “especialmente nos últimos anos”, Portugal tem mostrado “espírito de abertura e inclusão” e em “expandir a cooperação e fazer com que a Parceria Estratégica Global seja elevada para um novo patamar”. “Vamos manter a nossa cooperação e aumentar a nossa confiança política, para consolidar a relação bilateral”, afirmou Yi, manifestando agrado pela possibilidade de Portugal, que goza de “uma posição privilegiada”, constituir “um parceiro para a construção de uma rota da seda” e “formar Portugal como país estratégico”. Salientando a “abertura mais inclusiva chinesa a investimentos estrangeiros”, Wang Yi notou que a China pretende “aumentar a importação de produtos agrícolas de Portugal e explorar novas oportunidades na área da energia e do financiamento”. Portugal e China estabeleceram uma Parceria Estratégica Global em 9 de Dezembro de 2005, para reforço da cooperação em vários domínios, com especial enfoque para o diálogo político, a economia, a língua, a cultura e a educação, a ciência e tecnologia, a justiça e a saúde.
Hoje Macau PolíticaDiplomacia | MNE de Portugal visita Macau no Outono [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] ministro português dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, vai incluir uma visita a Macau na deslocação à China, prevista para o próximo Outono. “Nessa ocasião visitarei também a Região Administrativa de Macau, porque o Fórum de Macau é o instrumento certo para promover a cooperação entre a China, Portugal e os países africanos de língua portuguesa”, vincou, sem ter comentado a Oferta Pública de Aquisição chinesa da eléctrica portuguesa EDP. A visita de Santos Silva à China tem como objectivo preparar a visita do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, a Portugal, que pode acontecer até ao final do ano. O agendamento destas visitas resultaram de um encontro entre Augusto Santos Silva e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em Lisboa.
Hoje Macau China / ÁsiaMinistro dos Negócios Estrangeiros chinês visita Portugal em Maio. Santos Silva vem no final do ano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da China visita Portugal em Maio e o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, visitará o gigante asiático em Outubro ou Novembro, anunciou o governante à margem de uma conferência em Lisboa. “Contamos receber o ministro dos Negócios Estrangeiros da China em Maio e estamos a contar que eu próprio possa visitar, no fim de Outubro ou princípio de Novembro, a China, disse Augusto Santos Silva à margem da conferência internacional Financing Belt and Road, que decorreu em Lisboa. A data exacta “depende da calendarização da discussão do Orçamento do Estado, mas em função dessa calendarização a visita será provavelmente no fim de Outubro”, acrescentou o governante português. A visita mútua dos chefes da diplomacia ainda este ano é mais um passo na crescente aproximação entre os dois países, cujas relações o embaixador chinês em Portugal, Cai Run, disse estarem a atravessar “o melhor momento da história”. Na intervenção na sessão de abertura da conferência sobre o financiamento do mega-projeto chinês “Uma Faixa, Uma Rota”, o diplomata chinês salientou os nove mil milhões de euros de investimento da China em Portugal no ano passado, que sobem de oito mil milhões de euros em 2016. Cai Run congratulou-se também com o aumento do número de turistas, para mais de 250 mil no ano passado, e de estudantes nas universidades portuguesas, para mais de 1500. A iniciativa ” Uma Faixa, Uma Rota”, um gigantesco projecto de infra-estruturas, foi lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano e eram então percorridas por caravanas.