Hoje Macau Manchete SociedadeMercado Vermelho | Portas abertas após dois anos de obras Com cada vez menos clientes portugueses e com maiores dificuldades no comércio local, os vendedores regressaram ontem às bancas do mercado mais icónico do território No Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, que reabriu ontem ao público depois de dois anos encerrado para obras de remodelação, ainda há quem recorra ao português para atrair clientes. Duas horas depois da cerimónia de inauguração das novas instalações, centenas de pessoas já percorriam os corredores do mercado, um dos mais antigos de Macau e o único classificado como património cultural. Para muitos clientes regulares o dia foi de reencontro com os vendedores que regressaram às 118 bancas já hoje em funcionamento. Mas o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) admitiu que 31 bancas continuam vazias. Alguns dos vendedores não resistiram à quebra no volume de negócios, devido à mudança para instalações temporárias na zona de Lam Mau e outras bancas mudaram de mãos. No caso de Leong Yau Chan, a banca de peixe que estreou ontem era do pai, Leong Chi Pong, que chegou há mais de quatro décadas, com apenas 26 anos, de Zhongshan, uma cidade a 40 quilómetros de Macau. “Há muito tempo que estávamos a tentar convencê-lo a reformar-se, porque já tinha quase 70 anos”, disse à Lusa. Leong Yau Chan recorda-se bem do pai a tentar falar “um pouquinho de português” com qualquer rosto ocidental que subia ao andar de cima do Mercado Vermelho: “Amigo, quer salmão?” arrisca agora o filho. Menos portugueses Mas nos últimos anos, antes do encerramento, os clientes portugueses habituais da banca já não eram tantos como antes. “Muitos foram embora durante a pandemia, enquanto estivemos para aqui fechados”, lamentou Leong Yau Chan, de 38 anos. Durante quase três anos, Macau proibiu a entrada de pessoas sem estatuto de residente e impôs quarentenas, que chegaram a ser de 28 dias, à chegada à região semiautónoma, no âmbito da política ‘zero covid’, que também vigorou na China continental. No andar de baixo, Ana Wong também lamenta que houvesse menos portugueses a visitar o Mercado Vermelho do que quando começou o negócio, há mais de 40 anos. “Batata, tomate, cebola, alface, agrião, brócolos, couve-flor”, enumera a vendedora de 66 anos, enquanto aponta, um a um, os legumes na banca. O português de Ana Wong, que não vai muito além dos nomes dos legumes e dos preços, aprendeu em aulas nocturnas, que frequentou antes da transferência da administração de Macau para a China. “Sabe porque é que até prefiro os clientes portugueses?” questionou a vendedora. “Porque não conseguem regatear”, acrescentou com uma risada, referindo-se ao facto da maioria dos portugueses radicados em Macau não falar cantonês, a língua dominante na cidade. Mas Ana Wong ainda acrescentou que, ao contrário do que acontecia no passado, já começam a surgir “alguns portugueses que pedem os legumes em chinês”. “Aqueles casados com macaenses”, explicou, utilizando a expressão em cantonês ‘tou san’ (filhos da terra), que se refere à comunidade euro-asiática, composta sobretudo por luso-descendentes, com raízes no território. Construído em 1936, o Mercado Vermelho é um edifício de influência arquitectónica portuguesa e foi projectado pelo macaense Júlio Alberto Basto.
Hoje Macau SociedadeMercado Vermelho | Reabertura hoje com 118 bancas Dois anos depois, chegou finalmente o dia da reabertura oficial do renovado Mercado Vermelho. A partir das 07h de hoje, vão estar disponíveis ao público os produtos de 118 bancas, depois de uma cerimónia oficial de abertura. Para já, vão permanecer desocupadas 31 bancas que serão alvo de sorteio de distribuição para exploração, de acordo com a evolução dos negócios no mítico mercado, indicou ontem Leong Cheok Man, chefe de departamento de inspecção e sanidade do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Citado pelo canal chinês da TDM, o responsável realçou os trabalhos de substituição dos azulejos nas paredes e pavimentos, renovação dos tectos, rede de drenagem. Foram também adicionados aparelhos de ar condicionado, elevadores sem barreiras, plataformas de descarga, optimizado o sistema de iluminação, aumentado o espaço dos sanitários públicos e a proporção dos compartimentos para homens e mulheres. Para já, o responsável do IAM garantiu que as instalações foram escrupulosamente limpas, com pestes e roedores erradicados. Em relação às bancas vazias, o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau que explicou que durante os dois anos de obras, alguns vendedores decidiram não voltar às bancas por motivos de idade avançada ou por alteração dos planos de vida.
João Santos Filipe Manchete SociedadeComércio | Mercado Vermelho pode abrir com bancas vazias Com novas instalações e de cara lavada, a reabertura do Mercado Vermelho pode ficar marcada pelo número de bancas vazias, alerta O Cheng Wong, presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau Após dois anos em obras, o Mercado Vermelho pode reabrir em finais de Maio ou em Junho. A informação foi avançada pelo jornal Ou Mun, depois do local das obras ter sido visitado por membros e conselheiros do Instituto para os Assuntos Municipais. No entanto, é possível que a reabertura seja marcada pela quantidade de bancas vazias. Este cenário foi reconhecido à publicação em língua chinesa por O Cheng Wong, presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau e membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais. De acordo com o dirigente associativo, nos últimos meses muitos vendedores de peixe, vegetais e talhantes abandonaram o negócio, devido às condições cada vez mais difíceis para o comércio local. O Cheng Wong explicou que na melhor altura para o comércio, o produto mais popular era a venda de peixe, com mais de 100 bancas. Contudo, com as alterações mais recentes o número sofreu uma quebra de, pelo menos, 20 por cento, com o número a não ir além das 80 bancas. Face ao cenário, o responsável antecipou que quando o Mercado Vermelho voltar a operar os residentes vão defrontar-se com várias bancas vazias. Ao mesmo tempo, apelou às autoridades para que comecem os procedimentos normais para atribuir as bancas que estão vazias a potenciais interessados. Tempo de mudanças Com as obras a visarem o melhoramento dos acessos dentro do mercado, principalmente para pessoas com problemas de mobilidade, espera-se que os vendedores encontrem um espaço com alterações significativas. Diante desta expectativa, O Cheng Wong considerou que é necessário que os comerciantes tenham tempo para se preparar e adaptar à nova realidade. Na próxima semana, os vendedores vão ser convidados para uma visita ao mercado. Inaugurado em 1936, o Mercado Vermelho vinha evidenciando sinais de degradação. As actuais obras tiveram como objectivo “preservar o edifício” e substituir as 28 colunas de tijolo por 10 colunas de betão armado, devido à “degradação” causada pela humidade. Também junto à Avenida de Horta e Costa, vai ser instalado um elevador e serão construídas duas plataformas para descarga de mercadorias. A nível das bancas, as obras contemplaram a instalação de separadores de vidro, para evitar que a água utilizada para manter o pescado vivo seja derramada nos corredores de circulação, assim como nas tomadas eléctricas.
Nunu Wu Manchete SociedadeMercado Vermelho | Iluminação néon de relógio causa polémica Após as críticas à iluminação, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) garante que as luzes não vão ser ligadas, que era apenas um teste e que o mercado está a ser renovado de acordo com a planta original O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) garante que os néones verdes instalados num relógio do Mercado Vermelho, no âmbito das obras de restauração, não vão ser utilizados no futuro. A posição do organismo liderado por José Tavares foi tomada em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, depois de terem surgido fotografias em que o relógio colocado no mercado surgia com luzes verdes acesas. A imagem do relógio verde no Mercado Vermelho tornou-se rapidamente viral, com uma enxurrada de comentários negativos. Desde acusações de mau gosto, falta de respeito por um edifício histórico, criação de um ambiente de que faz lembrar a Noite da Bruxas ou comentários a indicar que o “mais importante já estava feito”, a compra das luzes a certos empresários, foram várias as críticas. A polémica acabou por obrigar o IAM a reagir e a vir a público negar que no futuro as cores verdes sejam exibidas. Segundo o organismo, as fotografias foram tiradas quando o empreiteiro estava a “fazer um teste ao relógio”, e quando a obra ficar concluída aquelas cores vão desaparecer. “O empreiteiro da obra instalou um relógio na torre central do mercado segundo a planta original, e recentemente esteve em testes. No futuro, quando o relógio estiver a funcionar, aquelas luzes verdes vão ser desligadas”, lê-se a resposta ao canal chinês da Rádio Macau. O IAM defendeu-se ainda ao indicar que ao longo das obras da renovação está em comunicação com o Instituto Cultural (IC), para garantir a manutenção dos traços característicos e originais como a preservação de paredes exteriores, cobertura e áreas superiores, a torre central em forma de cruz com escadaria e a recuperação do relógio “segundo a planta original”. Afinal havia outro A explicação do IAM esteve longe de convencer, e houve quem indicasse, com a partilha fotos das plantas originais, que o relógio original era quadrado, e não redondo. Esta informação foi colocada a circular pela página “la série Originale”, dedicada ao património arquitectónico local. “Vimos várias fotografias antigas [do Mercado Vermelho], e podemos confirmar que aquele relógio nunca esteve no edifício. Não está nas plantas originais nem nas fotografias antigas, que mostram um relógio quadrado”, indicou a página. “Como vimos no projecto de recuperação, não só o relógio instalado é redondo, como ainda tem néones de cor verde. Como é que se pode considerar que está de acordo com o original?”, foi questionado. “Estamos a ver a recuperação de uma coisa que nunca existiu. É um tema que deve ser aproveitado para discutir a recuperação do património cultural em Macau”, foi acrescentado. Segundo os Arquivos de Macau, o Mercado Vermelho foi inaugurado em 1936. A planta original foi desenhada pelo arquitecto Júlio Alberto Basto e tinha um relógio quadrado. Até ontem, o Instituto Cultural ainda não se tinha pronunciado sobre a polémica. Esta não é a primeira vez que o IC falha de forma clamorosa em “testes” de conhecimento sobre a história de Macau. Em Março de 2023, uma exposição das ruínas de São Paulo, feita através de realidade virtual, esteve igualmente no centro de uma grande polémica. A exposição visava a reconstrução da antiga Igreja da Madre de Deus, antes de ter sido destruída por um incêndio, mas a colocação de um altar na mesma gerou polémica. Uma das críticas partiu mesmo da paróquia de São Lázaro que argumentou na conta de Facebook do IC que o altar reproduzido na simulação jamais poderia estar numa igreja anterior à segunda metade do século XX. Isto porque a prática só surgir na década de 1960 a partir do Concílio Vaticano II.
João Luz Manchete SociedadeIAM | Mercado Provisório Almirante Lacerda abre hoje ao público O negócio das bancas que operavam no Mercado Vermelho retoma hoje em instalações provisórias na zona da Almirante Lacerda, a pouca distância do Mercado do Patane. Os comerciantes estão agradados com as condições de higiene e as instalações espaçosas, onde vão fazer negócio nos próximos dois anos Abre hoje ao público o Mercado Provisório Almirante Lacerda, onde vão ficar os comerciantes do Mercado Vermelho, que vai fechar ao público nos próximos dois anos para obras de remodelação. Depois de no domingo à noite as instalações, que completam 85 anos de existência, terem sido encerradas para obras, ontem os comerciantes mudaram-se para o Mercado Provisório. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) levou-nos numa visita pelas novas e velhas instalações, enquanto os comerciantes preparavam as bancas para os primeiros clientes. Em declaração ao batalhão de jornalistas que acompanharam a visita, o vendedor e presidente da Associação dos Comerciantes de Iong Hap Tong de Macau, Che Su Peng afirmou que a mudança para o novo local correu bem, apesar das incertezas iniciais antes do início dos negócios. “Só vamos saber como os negócios vão correr quando as instalações entrarem em funcionamento, mas esperamos um bom arranque”, afirmou. O espaço provisório fica a pouca distância do Mercado do Patane, cenário que não incomoda Che Su Peng. “Claro que temos de nos preocupar com a competição, mas esse factor obriga-nos a sermos melhores, a prestar um melhor serviço ao cliente. Aqui podemos manter os fregueses habituais que tínhamos no mercado antigo e encontrar nova clientela que vive nas redondezas”, afirmou. Carne e peixe Se para Che Su Peng, que vende vários tipos de carnes, a transição foi fácil e económica, Kwan Vai Meng, vice-presidente da Associação dos Comerciantes de Peixe Fresco de Macau, teve de desembolsar entre 20 mil e 30 mil patacas para comprar um sistema de ar para refrigerar a água onde fica o pescado. Apesar de ter aberto os cordões à bolsa, o comerciante estava ontem visivelmente satisfeito com as condições que encontrou no mercado provisório. “Em comparação com o Mercado Vermelho, posso dizer que este é muito mais limpo, com melhor qualidade de ar, os corredores são mais largos e as bancas maiores. Temos agora melhores condições para melhorar o negócio”, afirmou o vendedor de peixe. Também Che Su Peng deu conta do aumento de cerca de 30 a 40 por cento da sua banca, em comparação com a antiga. O Mercado Provisório Almirante Lacerda está dividido em dois andares. No rés-do-chão ficam as bancas de venda de peixe, marisco, tofu, broto de feijão e mercearias como óleo, molhos e temperos. O primeiro andar fica reservado para a venda de carne fresca e congelada, assim como para os legumes. O mercado estará aberto, a partir de hoje, entre as 07h e as 19h30. O responsável do IAM da Divisão de Mercados adiantou que serão disponibilizados autocarros grátis, numa primeira fase experimental, entre a zona da Horta e Costa e o mercado provisório.
Raquel Moz EventosExposição | Artistas de Macau apresentam a sua visão do Mercado Vermelho O Albergue SCM e a Associação Cultural d’As Entranhas lançaram o repto a 15 artistas locais: pensar o Mercado Vermelho fora do quadrado, mas dentro da caixa. A ideia era juntar diferentes propostas, com base em formações e técnicas diversas, num formato de 40X40 centímetros. A inauguração é a 24 de Abril “MERCADO VERMELHO” é o título da mostra colectiva que no próximo dia 24 de Abril, quarta-feira, inaugura pelas 18h30 na galeria D1 do Albergue SCM. Quinze artistas locais foram convidados a interpretar o tema, criando as suas versões do icónico edifício em formato de caixas de luz, através das quais o público vai poder conhecer as diferentes leituras que resultaram da proposta inicial. As reflexões exprimem as técnicas artísticas e as formações dos participantes – pintores, designers, arquitectos, fotógrafos e outros entusiastas da cultura local – que tiveram cerca de três meses para apresentar a sua ideia. “A proposta que fiz aos artistas, creio que, mais do que os orientar, desorientou-os… Disse-lhes que gostava de fazer uma exposição sobre o Mercado Vermelho e que tinham uma caixa de luz, cada um, para trabalhar. Porque a exposição não vai ser na parede, é uma exposição para ser apresentada do ponto de vista de quem vê, na vertical, como se fossem as bancas do mercado. Dei-lhes então um quadrado de 40 por 40 para eles trabalharem”, explica a curadora da exposição, e produtora cultural do Albergue SCM, Vera Paz. As obras originais têm a assinatura de Carlos Marreiros, Guilherme Ung Vai Meng, António Leong, Adalberto Tenreiro, Bernardo Amorim, Chan Hin Io, Henrique Silva, João Palla, Alexandre Marreiros, António Salas Sanmarful, Pedro Paz, António Mil-Homens, Cai Guo Jie, Chan Chi Lek e Vera Paz. “Todas as abordagens são diferentes, as peças são muito díspares”, confidencia a responsável, para quem começa agora a colocação em cena dos trabalhos. “O repto foi lançado no início deste ano”, conta Vera Paz, mas era já uma vontade antiga. “O Mercado Vermelho faz parte das minhas memórias de infância. Em 1984, quando cheguei a Macau, lembro-me de ir com a minha mãe ao mercado e de aquilo me impressionar bastante. Tinha 10 anos e era tão diferente do que estávamos habituados em Portugal: a luz vermelha, os peixes cortados ao meio, tudo aquilo vivo, o cheiro… nunca mais me esqueço da impressão que me causou. E a água, sempre a correr, parecia-me sempre um cenário um pouco aterrorizador. De modo que, quando voltei, 35 anos depois, fiquei com vontade de fazer um fresco, uma reflexão, sobre estes ambientes e essas impressões que ainda eram tão presentes para mim”. A demanda individual passou a trabalho colectivo, buscando com outros artistas, residentes de longa data no território, variações sobre a mesma ideia de base. Enquanto edifício de carácter público, [o Mercado Vermelho] é talvez “o melhor embaixador do período do ArtDeco ou Tropical-Deco em Macau dos anos trinta”. Embaixador do ArtDeco Concebido pelo arquitecto macaense Júlio Alberto Basto em 1934, o Mercado Vermelho foi inaugurado em Junho de 1936, e classificado como “edifício de interesse arquitectónico” em 1992. Enquanto edifício de carácter público, é talvez “o melhor embaixador do período do ArtDeco ou Tropical-Deco em Macau dos anos trinta”, conforme descrevia Carlos Marreiros – um dos artistas da exposição colectiva –, num artigo de 1985 da Revista Nam Van. “De todos os bairros existentes em Macau, nenhum há que ofereça melhores condições de desenvolvimento urbano, em linhas modernas, que a Flora e o Mong Há, situados como se encontram, na zona mais plana da Colónia”, começava a memória descritiva do projecto de arquitectura de Júlio Alberto Basto, com data de 09.11.34, para a construção de um mercado, mais tarde nomeado Mercado Municipal Almirante Lacerda, hoje vulgarizado como Mercado Vermelho, segundo o mesmo artigo do arquitecto Carlos Marreiros. Situado ao fundo da Avenida Almirante Lacerda, a obra foi, à época, alvo de forte oposição pelos negociantes e proprietários de comércio do mercado adjacente, de San Kio, que temiam perder a sua fonte de rendimento e clientela. Segundo documentação do Arquivo de Macau, o Leal Senado avançou, assim mesmo, com a intenção de construir uma infra-estrutura de maior dimensão, correspondente à estandardização moderna de higiene para aquela altura, que iria satisfazer a necessidade de crescimento contínuo da população de San Kio e de Sa Kong, o que aconteceu em dobro e em triplo, de acordo com a mesma fonte. Saídos de uma nova geração de arquitectos, Júlio Alberto Basto, juntamente com Bernardino de Senna Fernandes e Canavarro Nolasco, entre outros, viriam a introduzir elementos de modernidade à instalada corrente neo-classizante que até aí predominava, pode ler-se ainda no antigo texto de Carlos Marreiros.E hoje, 82 anos depois da sua edificação, o que evoca o Mercado Vermelho para todos estes artistas? É ir ver às bancas de luz do mercado improvisado do Albergue, de amanhã a uma semana. Albergue | Season Lao e Haguri Sato mostram trabalhos É inaugurada esta quarta-feira uma nova exposição no espaço do Albergue SCM, com trabalhos de Season Lao e Haguri Sato. Vão estar expostos 36 trabalhos marcados pelo design gráfico de Season Lao, que, apesar de ter nascido em Macau, mudou-se para o Japão, mais precisamente para Hokkaido. Será também mostrado o trabalho de Haguri Sato, natural do Japão e que trabalha essencialmente com escultura. Season Lao licenciou-se no Instituto Politécnico de Macau e tem estado envolvido em inúmeros projectos de design. Desde o tremor de terra de grandes dimensões que assolou o Japão, em 2011, o artista sentiu necessidade de enfatizar, no seu trabalho, a forma como seres humanos e o meio ambiente coexistem no mesmo espaço. A sua obra mantém não só uma ligação à arte oriental como também reflecte os problemas contemporâneos da globalização. A exposição conta com o apoio da Fundação Macau e estará patente até ao dia 8 de Maio, com entrada gratuita. IC | Abertas candidaturas para Exposição de Artistas de Macau 2019 O Instituto Cultural (IC) está a aceitar candidaturas de trabalhos para integrar na Exposição de Artistas de Macau 2019. As propostas podem ser entregues até ao próximo dia 20 de Maio. Esta iniciativa conta com organização do Museu de Arte de Macau (MAM) e do Museu Nacional de Arte da China (NAMOC) e tem como objectivo “promover a interacção entre as comunidades artísticas de Macau e do Interior da China e reforçar a transmissão de tradições e a inovação no desenvolvimento das artes visuais de Macau”. Os candidatos devem ter idade igual ou superior a 18 anos e possuir Bilhete de Identidade de Residente permanente ou não permanente de Macau, e concorrer individualmente. Os trabalhos apresentados devem ser originais concluídos nos últimos dois anos e nunca terem sido exibidos publicamente. As categorias de meios de expressão artística são: pintura e caligrafia chinesas, pintura ocidental e artes tridimensionais ou cross media. Concerto | LMA recebe banda de tributo a Foo Fighters a 27 de Abril Os Faux Fighters, banda de tributo ao conjunto liderado por Dave Grohl, actuam no LMA no próximo dia 27 de Abril às 21h. Formados em 2012 por S. Chelsea Scott, que por coincidência é muito parecido com o líder dos Foo Fighters e ex-baterista de Nirvana, a banda de covers é conhecida pelos concertos intensos e divertidos, captando na perfeição a essência dos Foo Fighters. Quem quiser ouvir “Everlong” e “Learn to Fly” tem de desembolsar 100 patacas, se comprar o ingresso antecipadamente, ou 120 patacas à porta da sala da Coronel Mesquita.
Hoje Macau SociedadeRequalificação não vai afectar fachada do Mercado Vermelho [dropcap]A[/dropcap] vice-presidente do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, garantiu que a requalificação do Mercado Vermelho não vai afectar a fachada nem as características importantes do edifício, integrado na lista de bens imóveis classificados pelo IC. Em declarações reproduzidas ontem pelo jornal Ou Mun, a mesma responsável assegurou que o IC, que tem parecer vinculativo no caso, mantém boa comunicação com o IACM e com a DSSOPT. O Mercado Vermelho vai ser alvo de intervenção, segundo o portal do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) que está a recolher, até ao próximo dia 6, opiniões sobre a respectiva Planta de Condições Urbanísticas.
Hoje Macau SociedadeMercado Vermelho | Obras de renovação acontecem este ano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) adiantou ao deputado Mak Soi Kun que o edifício do mercado vermelho vai ser alvo de obras ainda este ano. “Em 2017 pretende-se efectuar um projecto de reparação de grande escala ao mercado. Deu-se já início ao respectivo estudo que engloba a instalação de elevadores dentro do mercado, do tipo de estrutura independente, além do aumento de equipamentos de electricidade, instalações livres de barreiras arquitectónicas e aparelhos de ar condicionado, entre outros. Tal vai melhorar a higiene ambiental do local”, lê-se na resposta à interpelação escrita do deputado. José Tavares, presidente do IACM, afirma ainda que já estão a ser feitos diálogos com o Instituto Cultural e “serviços competentes por obras”, “para encontrar o plano de tratamento mais adequado e elaborar, com a maior brevidade possível, um calendário concreto do respectivo plano, esperando que possa proporcionar aos cidadãos e comerciantes um ambiente de compras e negócios seguro e agradável, equipado com equipamentos modernos.” O presidente do conselho de administração do IACM acrescentou ainda que, desde 2015, “têm sido realizadas diversas obras de reparação básica, que abrangem a reparação da estrutura de lajes e aperfeiçoamento das instalações de drenagem exteriores”. Além disso, “foi concluída, no segundo semestre do ano de 2016, a recuperação das partes afectadas por ferrugem e infiltração de água”.
Hoje Macau SociedadeTufão Hato: IC vai analisar quase duas dezenas de monumentos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Hato também causou estragos em alguns monumentos, tal como a Fortaleza da Guia, incluindo a capela e as galerias subterrâneas, o edifício da Rua das Estalagens dedicado a Sun Yat-sen, a Casa de Penhores na avenida Almeida Ribeiro ou o Centro Ecuménico Kun Iam, entre outros. Outros locais como o Armazém do Boi, que já sofria com a antiguidade das instalações, também foram afectados. No total, foram quase duas dezenas a ser danificados. Segundo o IC, estes espaços vão fechar portas por tempo indeterminado, sendo que “os detalhes da reabertura dos locais acima referidos será anunciada posteriormente”. Será “executada uma fiscalização e recuperação mais aprofundadas, sendo as mesmas reabertas o mais breve possível após a conclusão dos devidos trabalhos”. Hoje estão abertos ao público locais como a Casa do Mandarim, a Casa de Lou Kau, as Ruínas de São Paulo ou o Museu de Arte de Macau, entre outros espaços. “O Conservatório de Macau e as três escolas reentrarão em funcionamento normal”, sendo que “o Teatro Dom Pedro V abre ao público mas de forma limitada”, aponta o IC. O organismo vai ainda retirar “objectos indesejáveis” da Academia Jao Tsung-I e do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, pelo que estes espaços vão fechar portas hoje e amanhã. Bibliotecas danificadas As bibliotecas públicas estiveram ontem fechadas ao público devido à “realização de trabalhos de inspecção em detalhe e limpeza”, sendo que a “maioria” abre hoje portas. “Devido à influência do tufão, as bibliotecas do Patane, Mercado Vermelho, de Coloane e a biblioteca itinerante estão seriamente danificadas, sendo as suas datas de reabertura serão anunciadas posteriormente”, informa o IC. Encontram-se ainda encerradas ao público as bibliotecas localizadas nos parques, como é o caso das bibliotecas do Jardim Comendador Ho Yin, de Wong Ieng Kuan no Parque Dr. Sun Yat Sen e biblioteca de Wong Ieng Kuan no Jardim Luís de Camões. Os parques em questão também se encontram encerrados.
Victor Ng PolíticaComunicações | Governo analisa licenças para serviços de convergência Em resposta às interpelações de Ella Lei e Kwan Tsui Hang, o Executivo anunciou que ainda se encontra em fase de estudos a interligação entre a CTM e a MTel. Outro dos aspectos a rever é a renovação dos contratos de serviços de telecomunicações [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] desenvolvimento do sector das telecomunicações locais e a interligação entre os operadores Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) e a MTel valeram duas interpelações das deputadas Ella Lei e Kwan Tsui Hang. A resposta por parte do Executivo veio de Derby Lau, directora da Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (DSCT). Na réplica o Governo esclareceu que a emissão de licenças para os serviços de telecomunicações está em fase de estudo e que vai rever detalhadamente os contratos e licenças de serviços de telecomunicações de forma a antecipar os trabalhos de renovação dos mesmos. Uma das questões apontadas por Ella Lei era a necessidade de rever a legislação aplicada ao sector, de forma atempada, antes da renovação dos contratos de telecomunicações e televisão. Derby Lau garante nas respostas às deputadas que ao longo do processo o Governo vai reforçar o diálogo com o sector, além de recolher as opiniões dos consumidores. Ella Lei interpelou o Governo a apresentar a calendarização concreta para proceder à actualização da lei das telecomunicações. A directora da DSCT, apesar de não apresentar uma data concreta, garante que as leis vão ser melhoradas tendo em vista as oportunidades trazidas pela convergência dos serviços. Internet a 100 Mbps Em resposta à interpelação feita por Kwan Tsui Hang, Derby Lau adianta que os serviços que dirige têm prestado atenção à negociação entre CTM e MTel. Nesse sentido, a directora adianta que as duas operadoras chegaram a um acordo que prevê Internet de banda larga com 100 Mbps, uma fracção da velocidade dos serviços de fibra óptica. A questão da lentidão cibernética foi uma batata quente passada entre as duas operadoras, que a deputada Kwan Tsui Hang considera ser prejudicial para os consumidores. Na resposta à interpelação de Kwan Tsui Hang, a directora da DSCT acrescentou que a ligação directa da Internet entre a CTM e a MTel não sofre de nenhuma regulamentação do actual regime de interligação de redes públicas e telecomunicações. Património | Mak Soi Kun exige manutenção do Mercado Vermelho [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Mercado Vermelho, construído há mais de 80 anos, é um dos edifícios incluídos na lista de património cultural de Macau que Mak Soi Kun pretende ver protegido. É um ponto estratégico de aposta da Direcção dos Serviços de Turismo que pretende tornar a zona num pólo de atracção turístico, como tal, Mak Soi Kun lamenta a falta de vistoria à manutenção da infra-estrutura. O deputado enviou uma equipa ao local e apurou que existem problemas de higiéne, paredes e pilares danificados e infiltração de águas residuais. “Os referidos problemas encontrados no Mercado Vermelho não foram tratados, nem melhorados, pelas autoridades”, queixa-se o deputado. Mak Soi Kun mostra-se preocupado com os possíveis impactos causados aos comerciantes, residentes e visitantes e, nesse sentido, interpelou o Governo a agir para proteger o Mercado Vermelho.
Sofia Margarida Mota EventosMercado Vermelho é peça central para celebrar Dia Internacional dos Museus O Dia Internacional dos Museus celebra-se a 18 de Maio. No entanto, dada a temática e o feriado que se aproxima, a próxima quarta-feira é o dia em que muitas das actividades vão ter lugar. A ideia é juntar a efeméride às tradições locais. Na sua concretização estão 17 museus [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau escolheu como tema para este ano do Dia Internacional dos Museus “O museu móvel – Mercado Vermelho e Festival do Dragão Embriagado”. Na edição de 2017 da iniciativa, o Mercado Vermelho e as suas imediações são o grande palco do evento. A intenção é dedicar cada edição a um local com relevância para o território, sendo que o Mercado Vermelho “é um espaço com significado arquitectónico que tem testemunhado as mudanças da cidade”, disse ontem a chefe de Departamento de Museus do Instituto Cultural (IC), Lei Lai Kio, na sessão de apresentação de actividades. O “Festival do Dragão Embriagado” junta-se ao espaço de eleição e acompanhará as iniciativas com a mostra de tradições associadas à distribuição do arroz do barco do dragão. Em dia de feriado, muitas das bancas do edifício da Horta e Costa estarão vazias, mas a actividade de venda não será interrompida e será estabelecida uma ligação com as exposições. A organização destaca a exibição referente à distribuição do arroz, que irá alternar com as bancas do interior do mercado. As imediações do edifício vão misturar as habituais tendas de vendedores a outras que contam histórias do passado. Uma exposição sobre a história dos vendilhões irá misturar-se com as frutas e legumes do quotidiano. Workshops no mercado Ainda com o Mercado Vermelho como palco, os cidadãos são convidados a fazerem peças que poderiam estar expostas num qualquer museu. Isto porque o IC vai promover uma série de workshops em que o festival do barco do dragão é protagonista. A criação de postais será uma das actividades. Com recurso à cianotipia, técnica fotográfica de impressão do séc. XIX que recorre ao sol para fazer aparecer a imagem em tons de azul, os interessados são convidados a criar história com história. Os leques também fazem parte do programa, através da pintura de telas com motivos associados aos dragões, de modo a juntar o objecto do Oriente a uma tradição que o acompanha. Como a história também é feita no presente, a construção em legos e a sua pintura pretende juntar pais e filhos no Museu da Ciência. Da vasta agenda consta também a produção de objectos úteis e decorativos. Para o efeito está marcado um workshop de gravação de porta-chaves e de pulseiras com peixes. Paralelamente, está agendado um conjunto de visitas guiadas dedicadas ao próprio Mercado Vermelho. Museus no festival Da história também consta o vinho e o Museu do Grande prémio e o Museu do Vinho juntam-se à iniciativa. O dia 3 de Maio é também o dia escolhido para a realização de provas gratuitas, a terem lugar numa das tendas nas imediações do Mercado Vermelho. O convite é dirigido aos residentes e turistas para que se juntem aos peritos e possam adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre o vinho e a sua degustação. Cada um dos 17 museus participantes vai organizar exposições, workshops e palestras de modo a que exista um “pretexto para promover junto da população as características culturais e comunitárias das festividades de Macau”, acrescentou Lei Lai Kio. Este ano, a organização conta ainda com o apoio da Associação do Peixe Fresco de Macau, sendo que a ligação ao evento inclui as cerimónias tradicionais da associação. A agenda prevê também a realização de oferendas aos deuses, danças do dragão e do leão e desfiles pelas ruas da cidade, bem como a distribuição de arroz. A tradição será chamada à rua para que os museus cheguem mais perto das pessoas e saiam das quatro paredes onde habitualmente estão inseridos. Dia dedicado a museus dá relevo à natureza O Museu Natural Agrário é uma das 17 instituições envolvidas na celebração local do Dia Internacional dos Museus. O primeiro espaço museológico sobre a natureza de Coloane é um lugar que pretende manter vivas as características que, um dia, pertenceram à ilha. “Como o primeiro museu sobre a natureza da Ilha de Coloane, [o local] oferece um toque de nostalgia com exposições que mostram o estilo de vida que seria único nos ilhéus”, lê-se num comunicado. O museu serve ainda para mostrar o tempo em que havia agricultura em Macau, com destaque dado para a ligação das pessoas à terra, e o respeito pela flora e fauna locais. A ideia é proporcionar aos residentes e turistas um contacto mais directo com a história recente daquele lugar e das suas tradições, ao mesmo tempo que alerta para a importância da biodiversidade do território. Cultivar em casa A mesma instituição vai promover, perto do Mercado Vermelho, na próxima quarta-feira, a exposição “Hortaliças indispensáveis à vida”. A ideia é juntar a botânica à saúde e dar a conhecer os legumes que são fundamentais para se ser saudável. “Nos mercados encontram-se hortaliças e legumes de diversas espécies. No 8.º dia da quarta lua do calendário lunar, Dia do Buda e aniversário do deus Tam Kung, e também o dia do festival do dragão embriagado, [procura-se saber] quais as melhores hortaliças para se consumir”, refere o comunicado. Está também programada a realização de um workshop que ensina o cultivo de legumes e que tem como título “plantação doméstica, faça você mesmo”. No final, os participantes podem levar para casa aquilo que aprenderam a cultivar, para que “sintam a responsabilidade e alegria no cultivo e na sua manutenção”. O espaço museológico sobre Coloane vai, durante o mês de Maio, realizar o workshop “Educação agrícola doméstica”, para ensinar a promover a plantação sazonal de acordo com os 24 termos solares chineses. Para celebrar a integração de Macau nas dez terras húmidas da China, e de modo a chamar a atenção para a sua conservação, a instituição vai organizar passeios para a observação de aves que habitam o território e que dependem da manutenção destas terras para sobreviver.
Andreia Sofia Silva PolíticaMercado Vermelho | Coutinho questiona direitos dos funcionários da biblioteca [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona a manutenção de regalias aos funcionários do Instituto Cultural (IC) que terão de trabalhar durante a noite na biblioteca do Mercado Vermelho, numa altura em que estará aberta durante 24 horas. “Os trabalhadores da biblioteca do Mercado Vermelho vão receber subsídio de turnos e ter compensações de horários?”, questionou o deputado, que critica a decisão do IC de ter um espaço aberto 24 horas, ainda que de forma experimental. “As pessoas podem requisitar livros durante o dia e ler à noite. Em geral, os livros demoram vários dias ou semanas a ler, pelo que uma pessoa que esteja muito ocupada durante o dia, se requisitar um livro, só terá de ir à biblioteca de vez em quando. É duvidoso que haja muita gente a ir à biblioteca entre a meia-noite e as nove da manhã. É muito bom que se promova a leitura, mas haverá outros meios”, rematou o deputado.