Hoje Macau PolíticaMacau Renovação Urbana | Recursos humanos preocupam A deputada Song Pek Kei questiona se a Macau Renovação Urbana (MRU), empresa responsável pela reconstrução de sete blocos de apartamentos degradados no bairro do Iao Hon, tem recursos humanos suficientes. Segundo o jornal Ou Mun, a deputada lembra que, além dos projectos de renovação no Iao Hon, a empresa também é responsável pela edificação do Novo Bairro de Macau em Hengqin e ainda pelas casas destinadas ao alojamento temporário e à política de habitação para troca. Song Pek Kei destaca algumas fragilidades do projecto de reconstrução do Iao Hon, porque dois anos depois do relatório elaborado pela MRU sobre os sete blocos habitacionais, apenas quatro têm assembleia de condóminos formada com o apoio da empresa. Além disso, a deputada lembrou que a taxa de participação dos donos das casas é de apenas 20 por cento, sobrando ainda um longo caminho para se atingir os 80 por cento exigidos por lei para aprovar as reconstruções.
Hoje Macau PolíticaMacau Renovação Urbana | Au Kam San pede acção da empresa O ex-deputado Au Kam San considera que Macau Renovação Urbana deve assumir o processo de construção de prédios que precisam ser renovados. A ideia foi defendia numa carta entregue ontem à Assembleia Legislativa pela Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário. “O regime jurídico da renovação urbana determina que a reconstrução do prédio é decidida pelo condomínio e tratada pelos proprietários. Não concordamos, o responsável pelos trabalhos de renovação tem de ser a empresa de capitais públicos, ou seja, a Macau Renovação Urbana”, o ex-deputado. “Se a reconstrução dos edifícios ou dos bairros antigos, ou até da renovação urbana, ficar apenas dependente dos proprietários existe o risco de não avançar porque é um processo difícil”, justificou. Na óptica de Au Kam San, se a empresa se limitar a prestar o serviço de consultadoria aos proprietários no processo, que vão ter de chegar a consenso entre si, então existe o risco que nem a reconstrução do bairro Iao Hon avance. A zona de Iao Hon foi escolhida como local experimental para a renovação urbana, e envolve cerca de sete edifícios. Além disso, Au Kam San defende que se os proprietários tiverem de pagar a maior parte dos custos o projecto pode ficar parado.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteRenovação Urbana | Problemas sobre direito de propriedade afectam Bairro do Iao Hon Estudo sobre a renovação urbana no Bairro do Iao Hon aponta que em pelo menos 5 por cento das casas existem disputas legais sobre o direito de propriedade. Apesar de só haver respostas de cerca de metade dos proprietários da zona, maioria está contra pagamentos para a renovação Os problemas relacionados com a propriedade das casas no Bairro do Iao Hon e a vontade dos proprietários assumirem os custos são alguns dos principais desafios à renovação urbana da área. A conclusão faz parte do estudo sobre o Iao Hon, encomendado pela empresa Macau Renovação Urbana, apresentado na sexta-feira e que teve por base a realização de questionários em 2.556 fracções residenciais e não-residenciais em sete edifícios do bairro. A taxa de sucesso das respostas foi de 1.886 imóveis. Até sexta-feira passada, a Root Planning Cooperative, responsável pelo estudo, apenas tinha conseguido entrar em contacto com 55 por cento dos proprietários das fracções habitacionais e não-habitacionais da zona. Por isso, a apresentação serviu para deixar um apelo: “Só quando houver contactos e consensos com 100 por cento dos moradores dos blocos dos edifícios é que podemos avançar. Por isso, esperamos que as pessoas do Iao Hon entrem em contacto connosco para discutirmos a questão”, apelou So Man Yun, ex-docente do IPIM e uma das responsáveis pelo trabalho. Contudo, o estudo indica que existem disputas legais que impedem a identificação dos proprietários legais. Por exemplo, em pelos menos 5 por cento das fracções, a Macau Renovação Urbana identificou casos em que a propriedade dos imóveis está a ser questionada. As dificuldades advêm de questões como heranças e distribuição de bens ou divórcios litigiosos. Por outro lado, os autores reconhecem que as pessoas se sentem “relutantes” em falar da posse dos imóveis por motivos de “privacidade”. A taxa de imóveis cuja posse é alvo de disputa identificada pela Macau Renovação Urbana é superior aos casos revelados nas respostas aos questionários. Os autores do estudo acreditam que há proprietários que não sabem que vivem este tipo de problemas com as casas que dizem possuir. Esta tese é justificada com o facto de nas casas que eram ocupadas pelos proprietários apenas 3,4 por cento revelou que havia questões legais sobre a posse dos imóveis. O número sobe para a percentagem de 3,6 por cento quando se tratam de fracções não habitacionais ocupadas pelos proprietários. As taxas contrastam com os 5 por cento identificados pela Macau Renovação Urbana. Sobre as disputas, a Macau Renovação Urbana diz estar disponível para “oferecer serviços de consultadoria” e “organizar seminários sobre as questões legais”, para ajudar a clarificar as questões sobre o direito de posse dos imóveis. Apoio à renovação No que diz respeito aos proprietários das 647 fracções habitacionais que habitam nas mesmas, 455 mostraram um “forte apoio” ao projecto de renovação urbana, o que representa uma percentagem de 70,32 por cento das pessoas ouvidas. Ao mesmo tempo, 134 proprietários que habitam essas casas afirmaram “apoiar” a renovação, uma taxa de 20,71 por cento. Entre esta classe, mais de 90 por cento é a favor das obras. No polo oposto, apenas 4 fracções mostraram “forte oposição” à renovação urbana, enquanto 13 proprietários a viver nas casas disseram ser “contra” a reparação. A percentagem de proprietários contactados com sucesso que se mostrou contra o projecto é inferior a 3 por cento. Se, por um lado, a renovação urbana gera um apoio superior a 90 por cento dos proprietários que vivem nas casas, o mesmo não acontece, apesar de também haver uma maioria, quando se fala da forma preferida de compensação aos proprietários dos imóveis. Entre os 647 proprietários inquiridos, 65,8 por cento, o equivalente a 426, afirmou preferir a troca de apartamento por apartamento. Porém, estas pessoas recusam receber uma habitação pública e dizem que têm de ver a futura casa antes de aceitarem abdicar da residência actual. Entre os ouvidos, a segunda opção preferida foi a troca por troca, desde que a casa recebida não seja habitação pública. Esta preferência reúne o apoio de 37,7 por cento dos inquiridos. O top três das preferências fica concluído com a opção de regressar à casa original depois das obras, que foi mencionada em 32,2 por cento dos casos, ou pelos donos de 209 fracções. Entre as 11 opções de compensação estudadas, a possibilidade de o Governo comprar as fracções aos proprietários foi uma das menos preferidas, ficando no décimo lugar. Apenas 17 proprietários se mostraram dispostos a aceitar esta solução. Abaixo da compra das fracções, só a troca por uma das habitações para idosos, um projecto do Governo de Ho Iat Seng, que vai funcionar numa lógica de residência-lar. Paga tu… A renovação urbana reúne o apoio dos donos das casas, mas o mesmo não acontece se as pessoas tiverem de pagar o projecto. Entre os proprietários das 647 fracções, apenas 81 se mostraram disponíveis para assumir os custos da renovação. Por sua vez, um total de 158 proprietários mostrou-se a favor de pagar “parcialmente” pelas obras, o que representa uma percentagem de 24,4 por cento. Os números mostram que pouco mais de um terço dos proprietários, 36,9 por cento, está disposto a assumir os custos. Todavia, a maioria, uma percentagem de 55,2 por cento, que representa 357 proprietários, opõe-se a fazer qualquer pagamento. No entanto, os autores acreditam que dependendo da forma de compensação e eventuais ganhos para os proprietários, os apoios para a renovação podem aumentar. Na sexta-feira os representantes da Root Planning Cooperative foram igualmente questionados sobre eventuais tensões sociais que podem surgir junto das classes sem casas e que podem ter de assistir aos proprietários receberem espaços renovados, sem terem de efectuar qualquer pagamento. Na resposta, Lam Iek Chit, planeador urbanístico envolvido no estudo, sublinhou que é importante transmitir à sociedade que a renovação vai beneficiar todos os cidadãos e não apenas os moradores: “O apoio aos pagamentos vai depender da forma como se vai encarar a renovação urbana. Se o projecto só beneficiar os moradores, temos um cenário, se for explicado que vai beneficiar toda a sociedade teremos outro”, admitiu. “Vai depender de como a renovação urbana avançar”, acrescentou. Neste momento, Macau ainda não viu aprovada a Lei da Renovação Urbana. Apesar de já ter sido feita uma consulta pública, o diploma ainda não está a ser discutido na Assembleia Legislativa nem deverá chegar ao hemiciclo até Outubro. Só nessa altura os deputados eleitos nas eleições de Setembro assumem os lugares no hemiciclo. O facto de não haver ainda um modelo para a renovação, não impediu que o estudo recolhesse dados para formular uma política, mas Lam Iek Chit admite que limitou algumas das conclusões, porque não permite respostas definitivas. Por isso, uma das recomendações das conclusões do estudo é que seja definido um modelo de renovação urbana, para se poder avançar. Por outro lado, foi ainda defendido que é necessário continuar a acompanhar a situação dos donos das casas, identificar aqueles que ficaram por contactar, definir a forma de compensação e explicar a situação das eventuais casas que sejam utilizadas para troca ou acolhimento temporário. O Raio X de um Bairro População envelhecida e densidade populacional elevada com cinco pessoas por casa Além de permitir apurar a informação sobre os donos dos prédios, os resultados disponibilizados com o estudo, que na versão em português ocuparam 44 páginas, permitem fazer uma leitura sobre o tecido social do Bairro do Iao Hon. Entre as 2.556 fracções residenciais e não-residenciais de sete blocos no Iao Hon, apurou-se que em média as casas são habitadas por 5,3 pessoa, o que contrasta com a realidade média da RAEM, em que cada fracção habitacional conta com três moradores. Segundo as estimativas do estudo, 50,9 por cento das casas tem mais de 5 moradores. Em 23,5 por cento dos casos há mesmo habitações onde moram sete ou mais pessoas. O Bairro do Iao Hon é também um local de arrendamento. Segundo o trabalho, apenas 30 por cento dos donos de casas e lojas habita ou ocupa as mesmas, enquanto 45 por cento dos espaços são arrendados. Quanto aos restantes 25 por cento ainda não foi possível reunir informação. No que diz respeito aos proprietários que vivem e ocupam os espaços, o Iao Hon revela-se um bairro envelhecido, com mais de 52,86 por cento dos inquiridos a dizer que têm 61 anos ou mais. Se forem consideradas as pessoas com 51 anos ou mais, a percentagem dos proprietários das casas sobe para 73,11 por cento. Por outro lado, as fracções de habitação onde vivem os donos tendem a estar ocupadas há vários anos. Em 49,6 por cento das situações em que os donos vivem nas casas, a ocupação decorre há mais de 30 anos. Se o período de habitação for há mais de 20 anos, a percentagem sobe para 70,4 por cento das habitações. Em relação à população não residente, entre as 1.886 respostas obtidas, identificaram 803 fracções onde viviam trabalhadores não-residentes. Entre estas, a maioria das habitações era ocupadas por pessoas do Interior, que representam 81,94 das fracções. A área aparenta ser igualmente popular entre os TNR do Vietname, que ocuparam 9,71 por cento das casas na zona.
Andreia Sofia Silva SociedadeAreia Preta | Macau Renovação Urbana recebe antigos terrenos do Pearl Horizon A concessão dos antigos terrenos destinados ao empreendimento habitacional Pearl Horizon à Macau Renovação Urbana SA foi ontem oficializada. Segundo um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), são concedidos à nova concessionária, em regime de arrendamento e com dispensa de concurso público, os terrenos situados na zona dos Novos Aterros da Areia Preta, junto à avenida do Nordeste. Cabe agora à Macau Renovação Urbana SA proceder à construção de edifícios que vão acolher os residentes ao abrigo das medidas de habitação para troca, habitação para alojamento temporário e equipamento colectivo público. O público alvo destas medidas são os moradores dos bairros antigos e os lesados do caso Pearl Horizon. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a Macau Renovação Urbana SA adiantou os concursos públicos para a construção deverão ser lançados ainda no primeiro semestre deste ano, prevendo-se a conclusão das obras no segundo semestre de 2024. Até ontem foram entregues 1932 pedidos por parte dos lesados do Pearl Horizon para o acesso à habitação, tendo sido aceites 1899. Desse grupo 33 pedidos foram suspensos e 12 foram rejeitados. Espera-se que um dos lotes tenha seis edifícios destinados à habitação para troca, podendo fornecer cerca de duas mil fracções para os lesados do Pearl Horizon. Quanto aos restantes dois lotes de terreno serão usados para erguer oito edifícios de habitação para alojamento temporário, com 2800 fracções, destinados aos moradores dos bairros antigos que sejam alvo de obras de renovação.
Salomé Fernandes PolíticaANM com petição sobre alterações ao regulamento da Renovação Urbana, S.A. [dropcap]A[/dropcap] Associação Novo Macau (ANM) apresentou ontem uma petição junto da sede do Governo, a questionar a revisão feita ao regulamento administrativo aos estatutos da Macau Renovação Urbana, S.A.. Em comunicado à imprensa, a ANM destacou que as alterações se desviam das intenções originais da empresa e das expectativas dos residentes locais, apelando a uma explicação ao público. A revisão, publicada em boletim oficial no mês passado, foi descrita pela ANM como abrupta e estando desenhada de forma a que a empresa possa desenvolver projectos de investimento em Hengqin. É argumentado que a criação da empresa tinha como objectivo a promoção da renovação urbana local, prevenindo o envelhecimento de edifícios existentes e apoiando o planeamento urbano moderno, mas que os novos estatutos permitem uma expansão dos negócios para o exterior. “Por um lado, a renovação urbana local pode estagnar mais, e por outro lado, projectos de investimento no exterior podem ser lançados antes dos locais, o que torna o público menos confiante na renovação”, explica a Novo Macau, criticando o Governo por “adoptar alterações durante este período epidémico sem discussão pública apropriada”. A nota observa ainda que “era raro passar alterações sem explicação do conteúdo através do porta-voz do Conselho Executivo e aceitar perguntas dos meios de comunicação”. Supervisão geral A associação, da qual o deputado Sulu Sou é vice-presidente, aponta diversos problemas ao projecto “Novo Bairro de Macau” em Hengqin, desde não estar relacionado com renovação urbana local, passando pela dificuldade de monitorização pelo público da escala, modo de cooperação e distribuição de benefícios com outros negócios, até à possibilidade teórica de os investimentos no exterior se expandirem pelo mundo sem limites ao montante injectado e volume de projectos. Além disso, a ANM lembrou que o Comissariado da Auditoria identificou recentemente problemas noutra empresa de capitais públicos. Recorde-se que um relatório sobre o funcionamento da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau S.A.R.L., identificou “falhas fundamentais” ao nível da segurança. Assim, é defendido no comunicado da associação que “o Governo actual se devia focar em estabelecer um sistema legal de supervisão especial para eliminar as dúvidas do público quanto à operação das empresas de capitais públicos”.