Hoje Macau EventosDisco | Álbum de Joel Xavier com Ron Carter editado mundialmente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] trabalho discográfico do guitarrista português Joel Xavier, com o contrabaixista norte-americano Ron Carter, foi editado mundialmente pela discográfica germânica Galileo, divulgou a promotora do músico. O álbum intitula-se “Joel Xavier & Ron Carter in New York”, foi gravado em Setembro de 2004 e editado em Novembro desse mesmo ano, numa edição de autor, sendo constituído por nove temas, entre os quais “Maria”, “Destiny” e “Memories”. Joel Xavier, de 43 anos, tem colaborado regularmente com outros músicos do jazz, designadamente Chucho Valdés e Richard Galliano. Natural da Ericeira, Xavier toca há 24 anos, tendo actuado em vários palcos internacionais e vencido, aos 19 anos, o concurso norte-americano “Namm-Show”, ao qual concorreram 70 músicos. O músico foi considerado pelos críticos norte-americanos como um dos cinco melhores guitarristas do ano, em 1993. Em 1992 estreou-se discograficamente com o álbum “18”. Ao longo da carreira editou cerca de dez álbuns, entre os quais um, em 1999, com Paquito D’Rivera, Michel Camilo, Larry Coryell e Arturo Sandoval. “Silence”, “Happiness”, “Dream”, “Simple Things” e “Life” são outros temas que compõem o álbum “Joel Xavier & Ron Carter in New York”, agora editado internacionalmente pela Galileo. Ron Carter iniciou-se musicalmente aos dez anos, tocando violoncelo, passando depois para o contrabaixo, no qual se tornou como mestre em performance, em 1961, na Manhattan School of Music, em Nova Iorque. O músico de 80 anos tem uma vasta carreira no jazz, e uma extensa colaboração em gravações de música clássica. Na área do jazz conta centenas de discos gravados, com nomes como Milt Hinton, George Duvier, Jacki Byard, Chico Hamilton, Randy Weston, Thelonious Monk, Wes Montgomery, Bobby Timmons, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Tony Williams e Miles Davis, com quem formou um quinteto. O contrabaixista, natural do Michigan, colaborou também em álbuns das cantoras Roberta Flack e Rosa Passos, entre outros. Música | Estrela australiana vai estar em Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] lenda do rock australiano Jimmy Barnes vai estar pela primeira vez em Macau. O concerto tem lugar no Teatro Parisien, numa apresentação única a 9 de Dezembro. Tido como “o coração e a alma do rock and roll australiano”, Barnes conta já com 40 anos de carreira. Um ídolo no seu país de origem, o cantor bate recordes de vendas na Austrália e é, até hoje, o artista que se dedica ao rock com mais discos vendidos. Depois do sucesso inicial em que se fazia acompanhar pela também lendária banda “Cold Chisel”, Barnes optou por fazer carreira a solo a partir de 1984. O álbum de estreia, “Bodyswerve”, atingiu imediatamente os tops de vendas. Mas foi com “For the Working Class Man” que Barnes conseguiu o reconhecimento enquanto músico, “com um som único que lhe valeu um reconhecimento até aos dias de hoje”, lê-se no comunicado que apresenta o concerto. A canção homónima é ainda considerada o tema de referência do artista entre os admiradores australianos. De acordo com o mesmo comunicado, “os concertos de Barnes são, pela sua intensidade, uma referência”. Os bilhetes para a estreia no território já se encontram à venda e os valores vão das 380 às 780 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosJoão Mascarenhas, músico: “Não acredito numa jam session séria” Um acaso levou-o ao evento Jazz Sunday Sessions que acontece no espaço Live Music Association todos os domingos. A partir daí, o músico brasileiro, que vive entre Macau e Hong Kong, começou a pensar em novos projectos para o território. João Mascarenhas acredita que o público local precisa de educação para ouvir outros sons que não os da música clássica, para compreender o sabor do improviso Foi o João que descobriu as Sunday Jazz Sessions no Live Music Association (LMA). Como surgiu o interesse pelo evento? Foi uma coincidência. Tive um trabalho aqui, de último minuto, em que umas pessoas de Hong Kong me pediram para arranjar músicos em Macau. Comecei a contactar músicos que conhecia, e aí comentaram comigo que havia essas sessões no LMA. Já tinha planos para começar a passar mais tempo em Macau, e foi uma coincidência muito boa. Está a pensar desenvolver alguns projectos em Macau. Que tipo de projectos são esses? Estou querendo começar a ensinar. Quero começar alguma coisa no LMA. Há músicos bons em Macau, mas estão estagnados. Queremos mudar a educação musical aqui. Tenho vindo a ser contactado por dirigentes associativos e quero trazer músicos de Hong Kong também. Basicamente quero trabalhar com a educação, porque é algo fundamental para criarmos uma plateia. Se tivermos os estudantes daqui, que começam a chamar os amigos, cria-se um fomento da cena da música jazz. Estou a pensar também criar uma associação aqui em Macau, para também fomentar esse lado educacional. Como foi a sua vinda para a Ásia e a entrada na cena musical de Hong Kong, onde existe mais diversidade? Hong Kong tem de facto mais lugares para se trabalhar. Estive em Macau em 2005. Antes estive nos Estados Unidos a fazer um mestrado em Composição, mas estava um pouco aborrecido e não aguentava mais ficar lá. Apareceu então um trabalho no Vietname, onde gravei dois discos, e depois arranjei emprego em Macau. Aqui tocava com uma banda num hotel e conheci a minha esposa. Isso me fez ficar aqui por aqui. Decidi também voltar para a universidade e ganhei uma bolsa da Universidade de Hong Kong para trabalhar em composição. Comecei a fazer trabalhos como compositor, produtor e também como educador, porque fiz bastantes workshops. Entre a primeira experiência em Macau como músico e esta fase agora, que análise faz da evolução da cena musical aqui? Macau tem uma coisa que lembra muito a minha cidade natal, Belém [no Brasil]. Não se tem referências do que acontece no resto do planeta se não se for lá fora ver o que está acontecendo. Costumava fazer comentários sobre um slogan que havia em 2005, que dizia “No mundo de diferenças, a diferença é Macau”. Tem uma conotação negativa. Naquela altura havia as escolas do Conservatório, que vão estar sempre ligadas à cena da universidade. Então se não tiver musica clássica, não é uma coisa séria, não é uma coisa para ser ouvida. Cria-se uma barreira entre o que é música popular e o que é música clássica. Naquela época só havia dois bares com música ao vivo. Com esse boom dos casinos, passaram a existir os lugares, os bares que deveriam ter música. Mas Macau ainda não tem uma produção de músicos não clássicos, com nível profissional suficiente para gerir entretenimento de alta qualidade. Os músicos de conservatório mais puritanos e conservadores chamam música popular ao jazz, mas o jazz não é isso. O jazz teve um grande boom no início do século XX, quando apareceu em Nova Orleães o crioulo tocando. Depois houve o boom das bandas brancas, com Glenn Miller, o swing, a década de 30. Depois chegou Bebop. Era uma outra maneira de pensar completamente diferente. O artista de jazz é um performer e, ao mesmo tempo, um compositor. Ele improvisa. Em Macau ainda não tem essa coisa, não produz ainda músicos que tenham esse nível para serem entertainers de música popular, e está começando no jazz. O caminho para mudar isso é a educação musical, e gostaria muito que, pelo menos, os clássicos pensassem na flexibilidade. A coisa do jazz exige uma pequena prescrição, depois há uma improvisação e interacção. O jazz é, na verdade, uma música interactiva. O meu coração está na hora do improviso. Também é preciso educar o público? Exacto. Em Hong Kong faço workshops sobre apreciação de jazz para pessoas que não são músicos, de uma maneira informal. E quero começar a fazer isso aqui também. Macau é muito feita de comunidades. É possível treinar os diferentes ouvidos que existem aqui? É possível. Tudo depende da maneira como se entrega esse tipo de música e de informação, como se apresenta uma música para as pessoas. Tem de haver entretenimento também. A música clássica está morrendo e em decadência, e o que mantém a música clássica ao vivo é a parte da música de filme. Há uma orquestra em Hong Kong que vai executar as músicas do filme do Harry Potter, por exemplo. A música clássica está querendo pegar nessa coisa do visual, para conseguir alguma sobrevivência. É um tipo de música para se ouvir sentado. É um pouco isso. Acho que o jazz está entre isso e a música popular, direccionada para um total entretenimento. Não acredito numa jam session séria, num ambiente de teatro. O jazz é improvisação, depois interacção. Há também uma coisa que o artista de jazz tem, que é a individualidade. O músico tem um jeito de tocar. Gosta mais de ser educador ou músico? Ser músico envolve a composição, que é uma coisa solitária. Passo horas e horas no meu computador. Adoro compor e produzir, adoro ensinar, performances também é uma coisa forte. Não consigo separar essas coisas. A música clássica está em declínio. E o jazz? Hoje em dia, a indústria está cheia de géneros de música. As fronteiras estão misturadas. A música clássica, de concerto, ainda tem o suporte das instituições académicas e do Governo. Isso acontece aqui em Macau também e em Hong Kong. O jazz é visto como uma música de bar, de cabaret, inferior, mas na verdade é bem mais difícil do que música clássica. Tenho alunos de Macau para quem é difícil pensar fora da caixa, porque sempre lhes deram uma partitura para seguir.
Hoje Macau EventosJazz | Dia Internacional celebrado sábado na Casa Garden [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já este sábado que se celebra o Dia Internacional do Jazz com um concerto na Casa Garden, da Fundação Oriente. O evento começa às 20h30 com uma projecção de vídeo de alguns momentos do Concerto Global de comemoração da efeméride, que no ano passado decorreu em Washington, nos Estados Unidos. Segue-se um concerto, a partir das 21h30, com duas bandas da Associação de Promoção do Jazz de Macau, uma das organizadoras da iniciativa, juntamente com a Associação de Promoção de Actividades Culturais. A partir das 23h, há uma jam session, aberta a todos os músicos que queiram participar. O Dia Internacional do Jazz foi criado em 2011 pela UNESCO e celebra-se anualmente com um grande concerto, levado a cabo por artistas internacionais. Este ano o Global Concert terá lugar na cidade de Havana, em Cuba. O lema destas iniciativas é “Celebrar, Educar e Participar” e tem como objectivo mobilizar amantes da música e músicos num só sentido, para que a música estabeleça uma ligação entre todos.
João Luz EventosMúsica | Jazz alastra pela cidade com múltiplos eventos Depois de décadas de relativa inactividade, vive-se na cidade nos dias de hoje uma renascença jazzística. A acrescentar às noites de domingo de jazz no LMA, outros concertos aparecem na agenda. No próximo 23, o Chef’s Corner recebe o All That Jazz, sob a batuta do baixista Zé Eduardo [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om raízes na escravatura afro-americana, o Jazz é, hoje em dia, uma música abraçada pelas elites sociais, numa interessante inversão sociocultural. Em Macau, passou de um panorama musical relativamente incipiente, tirando alguns eventos como o Festival de Jazz, para uma cena com alguma vibração. Neste trajecto de crescimento, o baixista Zé Eduardo tem sido um fio condutor que tem atravessado décadas da música no território. Veio a Macau pela primeira vez em 1979 para participar na segunda edição do Festival de Jazz de Macau, com a banda de Rao Kyao. Passados 27 anos, Zé Eduardo passa pela cidade convidado pelo Jazz Club. “O panorama era muito diferente do que é agora, isto ainda era território português”, recorda. “Ainda cá estava um grande número de funcionários portugueses, havia um clube mas era uma comunidade muito fechada, onde os chineses não se aventuravam. Aliás, não havia grande propensão por parte da comunidade chinesa para o estilo musical. A insondável hermética chinesa estava no seu melhor, depois de milénios de isolamento”, conta Zé Eduardo. Também a população portuguesa se encerrava sobre si própria, nos seus costumes. “Ficavam a ver a RTP Internacional e o futebol”, recorda. Como o Jazz Club era predominantemente português, à excepção de um par de músicos amadores apaixonados pelo saxofone, o estilo musical sofreu com a debandada aquando da transferência. Antes, Zé Eduardo dava workshops que estavam repletos de filhos de engenheiros, arquitectos, doutores portugueses, que mantinham alguma afinidade com o Jazz. Desse tempo, apenas um par de macaenses permaneceu ligado à música, apesar de ser ao rock. Beat de abertura Com a génese da RAEM, a vinda dos casinos, a extensão dos aterros e a construção de arranha-céus, houve uma viragem no panorama do jazz de 180 graus. “Uma pessoa já via que ia acontecer qualquer coisa de mirabolante”, recorda o baixista e professor de música jazz. “Em 2001 estava tudo mudado, os meus alunos já não eram putos portugueses, eram quase só chineses e eu disse: até que enfim!”, recorda Zé Eduardo. Para o músico, o China americanizou-se “a toda a força” e, com essa abertura, o jazz tornou-se popular. Algo que não é de estranhar, dadas as características do estilo musical que se tornou património mundial da humanidade. “O jazz é uma música planetária, criada por escravos mas que tem uma mensagem incrível de liberdade”, explica Zé Eduardo. Para o músico, o jazz em Macau tem penas para andar, isto porque, “finalmente, é feito por malta daqui”. Inclusive, por alguns portugueses que por cá vivem. Vive-se um período de renascença das sonoridades que ofereceram ao mundo génios como Coltrane, Gillespie, Davis, Monk, entre outros. “Há um grupo de malta jovem, na casa dos 30 e poucos anos, que fala sobre jazz e que sabe do que fala e isso é algo que acho porreiro e me deixa contente”, confessa o baixista que viu o estilo musical evoluir em Macau.
Sofia Margarida Mota EventosPhil M. Reavis, músico da banda “The Bridge”: “A música, com o tempo, torna-se visceral” Phil M. Reavis é professor de Inglês e músico em Macau desde 1982. Veio para dar aulas e agora é um dos rostos associados ao jazz local. Autodidacta, toca saxofone tenor com a banda local “The Bridge”. Ao HM, falou do que pensa relativamente ao estado do género musical no território Como é que veio para Macau? Vim para o território em 1982. Já tocava, na altura, mas só para mim. Apesar de professor era, acima de tudo, um desportista e treinador. Tive muita sorte. Cresci numa cidade operária dos Estados Unidos que tinha muitos campos para a prática de desporto. Com o salto em altura consegui uma bolsa que me deu acesso à universidade, com pagamento total de propinas. Acabei os estudos e comecei a trabalhar como professor, mas acabei por ir para o Camboja como treinador de uma equipa internacional que englobava várias modalidades. Com o agravamento da situação política naquele país fui destacado para o Vietname. Foi aí que conheci a minha mulher. Por sermos de cores diferentes, não éramos um casal bem visto. Recordo-me quando os Estados Unidos obrigaram todos os dependentes de quem estava no exército ou a trabalhar para o Governo a irem embora, e queriam que a minha mulher também o fizesse. Mas não éramos casados e, por isso, ela conseguiu ficar. Acabámos por ir para o Laos ensinar Inglês cerca de seis anos. Voltámos aos Estados Unidos. Pensava que poderia ter mais oportunidades se fizesse um mestrado em Estudos Migratórios, mas acabei por aceitar um emprego numa universidade. Na Universidade do Minnesota o movimento negro estava no auge, o que me incomodava muito. A minha mulher era branca e nada daquilo fazia sentido para mim. Aliás, durante a minha infância e adolescência não senti, de todo, a discriminação. Lembro-me da primeira vez que senti isso na pele. Estava no ensino secundário quando vi uma caixa enorme que tinha lá dentro um saxofone e fiquei encantado. Um amigo disse-me que podíamos ter aulas a um preço simbólico e o direito a ter o instrumento. Fui falar com o professor, que não me aceitou. O meu amigo voltou a insistir e lá consegui, mas em vez de uma caixa grande, tive uma caixa pequena com um clarinete. Agora, enquanto docente, estava no meio das questões raciais mais profundas dos Estados Unidos. Convidámos, na altura, um poeta para vir falar com os estudantes e, quando ele chegou e se deparou com uma plateia de brancos e negros, não quis falar para os brancos. Era tudo tão absurdo. Apareceu, mais tarde, a oportunidade de vir para Macau dar aulas de Inglês numa escola chinesa. Tínhamos, eu e a minha mulher, de ficar cinco anos para dar início ao departamento de Inglês. Tivemos muita sorte. Naquela altura, em Macau, já havia uma consciência muito grande de que se as pessoas quisessem progredir na vida teriam de aprender línguas. Tinha alunos espectaculares e que aprendiam muito depressa. Havia a combinação de dois factores fundamentais: queriam muito aprender e o território estava aberto. Acabaram-se os problemas raciais e essas coisas absurdas. Onde é que andou a música durante esse tempo? Comecei a tocar ainda no ensino secundário. Dada a situação em que me senti discriminado, acabei por aprender sozinho. Ao longo do tempo, chegava a casa e “fechava-me no armário” para tocar. Tinha um bom ouvido e achava que, se tocasse o que ouvia de forma perfeita, podia ir avançando. A música, com o tempo, torna-se visceral. Mas foi realmente em Macau que comecei a tocar para os outros. Vi um folheto de um concerto de jazz promovido pelo clube da altura. Ao perceberem que também tocava, convidaram-me a fazê-lo, mas em público. Foi em Macau que comecei a tocar realmente. Como era a cena musical local da altura e em que aspectos tem mudado, nomeadamente no jazz? Era muito limitada. Dentro da comunidade chinesa, a única coisa que era considerada como música era a clássica. O único instrumento real era o piano, por vezes o violino e, quanto muito, a flauta. A cena musical estava parada e agarrada ao virtuosismo da música clássica. Por exemplo, sempre que tínhamos concertos, os professores de música não apareciam. Lembro-me apenas de duas situações em que estiveram presentes. A ideia de ter música num clube ou num bar, penso, parecia-lhes motivo para ser desconsiderada. Mais tarde, tivemos a Casa de Vidro. Foi um grande salto na nossa visibilidade, era perfeita. Já não era a falácia de música nos bares. Era um passo em frente. Acabámos por ter festivais com alguma regularidade e o género teve um grande desenvolvimento no território. Actualmente, as diferenças são muitas e considero que está tudo melhor, principalmente com as novas gerações de músicos. O que é que aconteceu? Os jovens agora vão para a universidade para seguir música, por exemplo. Isso dá-lhes competências muito fortes. A escola de música está também muito bem organizada e há toda uma geração de novos artistas. Por outro lado, estamos numa sociedade altamente consumista e isso também se nota na música. As pessoas pensam que se conseguem ganhar dinheiro com ela, então é melhor aprender. O que é preciso ao nível pessoal para tocar, especificamente, jazz? O que quer que seja, vem com o tempo. Por exemplo, Ella Fitzgerald, enquanto jovem, canta bem mas, com a idade, a voz dela atingiu outra intensidade. É a maturidade que passa para a música. O mesmo se passa com o jazz. Esta nova geração começa agora a ter uma noção da expressão. Já não se trata unicamente de tocar as notas certas nos tempos certos. Um músico de jazz faz outra coisa: sente. É o sentimento que demora tempo. Se calhar, nos Estados Unidos, pode ser mais fácil para os mais novos que começam a ouvir jazz desde pequeninos na rádio mas, ainda assim, depois vem o tempo. No entanto, os miúdos que saem das escolas correm um grande risco. Quando os ouvimos, são todos iguais e não se pode fazer nada contra isso. Têm o grau académico, mas a questão é saber se conseguem fazer música daquilo. No território, temos uma grande referência que está a fazer muito pelo jazz e pelo seu ensino: José Eduardo. Há um público em Macau? Costumava existir, mas foram-se todos embora. Era, em grande parte, a comunidade portuguesa. Na noite de domingo, que marcou o regresso do Clube de Jazz, fiquei muito surpreendido com o público no Live Music Association. Vi jovens chineses, além dos portugueses. Mas lá está, é uma sociedade virada para o consumo e, em Macau, isso é mais evidente ainda. O jazz tem dificuldades. Foi sempre um género alternativo e nunca foi para maiorias. É triste, mas penso que será sempre considerado, de alguma forma, um género menor, até mesmo nos Estados Unidos. Há dois ou três anos, estava num bar com uns amigos que não ganhavam mais de 50 dólares por concerto. É terrível. Muitos deles acabam por saber interpretar mais do que um instrumento, porque lhes dá mais oportunidades de tocar. Mas há muita necessidade de instrumentistas, principalmente que saibam tocar baixo. É o instrumento em que é mais difícil encontrar um substituto e não há banda que não precise dele. Se tivesse agora um filho que quisesse seguir música, o meu conselho seria só que aprendesse baixo. O que pensa do regresso do Clube de Jazz de Macau? É um renascer da vontade de ouvir o género com frequência ao mesmo tempo em que se aposta numa geração mais nova, tanto de público, como de músicos. O jazz não tem a visibilidade que deveria, nem nunca teve. Não é ainda visto como uma música séria. É importante também perceber que o mito dos negros tocarem jazz é apenas isso, um mito e uma estupidez. Toda a gente o pode tocar, e bem. Esta política identitária não faz sentido algum.
Andreia Sofia Silva EventosClube de Jazz | Live Music Association acolhe concertos ao domingo O Clube de Jazz de Macau vai promover concertos no espaço Live Music Association. A iniciativa acontece todos os domingos e o objectivo é, para já, levar os jovens músicos a mostrar o seu trabalho a um público que tem sede de concertos ao vivo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] lugar remete-nos para uma onda underground. O palco é pequeno, o espaço quase faz lembrar uma caixa preta colocada num edifício industrial, mas o ambiente é o ideal para encontros onde o jazz é rei. É esta a ideia que está por detrás da mais recente iniciativa de três amigos, amantes deste estilo musical, que se associaram ao Clube de Jazz de Macau. A ideia é que todos os domingos possam acontecer concertos no Live Music Association (LMA), ao final do dia. O primeiro decorre já este domingo, 2 de Abril, com a banda The Bridge, que nos anos 90 fez as delícias do público que frequentava o espaço do Clube de Jazz de Macau. Henrique Silva, designer, fala em nome dos três amigos e lembra-se bem desses tempos. Anos depois, é muita a vontade de trazer de volta esses momentos de música. “Somos todos da velha guarda e decidimos logo juntarmo-nos ao clube. O jazz em Macau tem uma tradição muito antiga e podemos, de alguma forma, voltar a revitalizar [as sessões de música], nem que seja só ao domingo, aquele dia que serve para terminar a semana de uma forma calma”. Até agora, o Clube de Jazz de Macau vinha promovendo concertos esporádicos em vários lugares, sendo que a Casa Garden, da Fundação Oriente, era o local mais escolhido. A organização dos concertos no LMA vai permitir uma melhor logística. “Somos todos amantes e sócios do Clube de Jazz de Macau e, existindo o LMA, que é um espaço montado, com todo o equipamento necessário, achamos que, não existindo tantas oportunidades para haver música ao vivo, era uma pena ver aquela casa fechada e a ser utilizada só de vez em quando”, contou Henrique Silva ao HM. “Decidimos criar algo mais regular, para as pessoas poderem contar com isso e saberem que, aos domingos, há sempre jazz”, acrescentou Henrique Silva, que fala de uma “solidariedade natural” com o Clube de Jazz de Macau. “Relançar” o clube José Luís Sales Marques, presidente do Clube de Jazz de Macau, explica a forma como vai funcionar a iniciativa. “Será importante fazermos uma mobilização dos sócios, estarmos lá presentes, organizar as coisas. Vamos também proporcionar algum apoio financeiro para esta primeira fase, uma vez que o clube tem tido uma actividade muito diminuta, que se limita à apresentação da banda The Bridge no Lago Nam Van. Mesmo isso, neste momento, não está a acontecer.” Para Sales Marques, os domingos com jazz no LMA constituem “uma oportunidade para relançar a actividade do clube, num ambiente de música ao vivo, e mais informal do que aquele que costumamos ter na Casa Garden, que continua a ser um lugar importante, que nos tem dado muito apoio”. Para já, a ideia é organizar os concertos apenas no LMA. “A aposta, por enquanto, é essa. É um espaço que é interessante e está localizado num edifício com algum charme”, considera Sales Marques. Henrique Silva explicou que, daqui a uns tempos, poderão ser feitos convites a bandas de fora. “Consoante o que isto crescer e a adesão que tiver, e também quando percebermos as necessidades que houver por aqui, queremos trazer bandas de fora, seria fantástico, até para os estudantes de música tocarem com pessoas de fora e aprenderem um pouco mais.” Mostrar o que se toca cá Se os The Bridge representam a velha geração do jazz local, a verdade é que continua a formar-se uma nova geração de jovens músicos que não tem oportunidades para tocar ao vivo. É a esse segmento que os mentores desta ideia querem chegar e dar uma resposta. “Há muito jazz que se faz em Macau. Há muitos miúdos a tocar jazz e não têm muitos sítios para o fazer. Essa foi uma das nossas ideias iniciais, criar um espaço onde estes miúdos possam dar asas à sua criatividade e à sua música. Estamos muito abertos à realização de jam sessions, com pessoas a tocar e a improvisar”, diz Henrique Silva. José Sales Marques assume querer “explorar um pouco essa via nos próximos tempos”. “Em Macau não há tantas oportunidades para se ouvir música ao vivo, num ambiente relaxado. Há muita gente em Macau que precisa de tempo de palco, enfrentar uma audiência. Essa é a nossa abordagem.” O objectivo é também chegar a um público expatriado que, nos seus países de origem, já tem o jazz como referência musical. “Há muita gente que gosta de jazz em Macau e há uma comunidade estrangeira que vem dos Estados Unidos, onde há uma cultura muito grande do jazz, e também da Europa. Esperamos que essas pessoas adiram, que a mensagem chegue e que façam parte do nosso clube”, disse Henrique Silva. Festival internacional pode reaparecer este ano Pouco se tem ouvido falar do Clube de Jazz de Macau, mas há uma vontade da parte do seu presidente de alterar o panorama, através do regresso do Festival Internacional de Jazz este ano, que não se realizou em 2016 por falta de apoios. “Temos sempre um alinhamento preparado, mas o festival não se consegue fazer se não tivermos um apoio oficial. Isto porque os apoios da privada, quanto muito, são logísticos.” Além disso, o Clube de Jazz de Macau depara-se com a dificuldade de não ter um espaço próprio para concertos. “Em 2014 e 2015 ainda fizemos bastantes espectáculos, fizemos o festival de jazz que até correu muito bem. Fizemos algumas colaborações com o IACM e com o Instituto Cultural, fizemos umas produções conjuntas”, recorda. “A questão essencial é não haver capacidade de autofinanciamento. Não temos outras actividades se não o que resulta das nossas profissões e, hoje em dia, qualquer espectáculo custa logo dinheiro. Há também uma falta de meios”, explicou José Sales Marques.
Andreia Sofia Silva EventosConcerto | Noite de jazz esta quarta-feira no Café Terra A Associação Promotora de Jazz de Macau organiza esta quarta-feira, no Café Terra, um concerto com quatro músicos locais e um da Malásia. Mars Lee, presidente da entidade, irá tocar guitarra e garante que dar um concerto num café é a melhor forma de desfrutar do ambiente [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] noite desta quarta-feira, dia 21, promete ser bem diferente ali para os lados do Café Terra, localizado junto ao Teatro D.Pedro V. Isto porque a Associação Promotora de Jazz de Macau irá organizar um concerto em que o próprio presidente da entidade, Mars Lee, vai tocar ao lado de mais dois músicos locais e um malaio. A entrada é gratuita e, segundo contou ao HM Mars Lee, o objectivo é fazer com que o público aproveite o som do jazz de uma outra forma. “Esta não é a primeira vez que tocamos em cafés e é sempre uma experiência enriquecedora, porque apesar de não ser um espaço muito grande, as pessoas gostam de estar a ouvir música enquanto estão sentadas com a sua bebida. É sempre bom realizar este tipo de eventos.” Com entrada gratuita, este evento fecha o ano de actividades da Associação Promotora de Jazz de Macau, que recentemente organizou a 5ª Semana de Jazz de Macau, com um concerto no Centro Cultural de Macau (CCM). Boas sensações Actuar num café é diferente de actuar num palco, mas ainda assim Mars Lee espera uma boa recepção por parte do público. “Diferentes concertos provocam diferentes sensações, e as pessoas sentem-se bem neste tipo de ambiente. É uma cultura importante no jazz, estar calmo a ouvir música, e neste café consegue-se este tipo de ambiente.” O presidente da Associação Promotora de Jazz de Macau defende que mais concertos poderiam ser realizados no território, numa altura em que há cada vez mais cafés a abrir portas. “A música pode ajudar. A música ao vivo é ainda uma grande questão em Macau, devido aos problemas do barulho, com a nova lei. As pessoas estão a gostar mais de música ao vivo. Esperamos que no futuro haja mais locais como este.” Mars Lee planeia realizar mais concertos deste tipo no próximo ano, mas ainda nada é concreto. “Somos uma associação sem fins lucrativos e temos algumas propostas submetidas ao Instituto Cultural. Estamos à espera de respostas. Vamos tentar organizar alguns concertos”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosQuarteto All Stars Power actua na 5ª Semana do Jazz de Macau Pelo quinto ano consecutivo, a Associação Promotora do Jazz de Macau volta a organizar a Semana do Jazz de Macau, com um concerto do quarteto All Stars Power. Mars Lee, presidente da associação, diz querer aproximar ainda mais este estilo musical das pessoas [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]eremy Monteiro, de Singapura, Tots Tolentino, das Filipinas, Eugene Pao, de Hong Kong, e Hong Chanutr Techatana-nan, da Tailândia. Todos eles são músicos de jazz e vão actuar no próximo dia 27 de Novembro no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau, no âmbito da 5ª Semana do Jazz de Macau, com o nome All Stars Power. Esta é a segunda vez que o quarteto actua em Macau, depois da presença no Festival Internacional de Música de Macau. Há seis anos que o grupo dá concertos, tendo passado recentemente pelo EFG London Jazz Festival. Mars Lee, presidente da Associação Promotora de Jazz de Macau, contou ao HM que, para celebrar uma data “memorável”, será realizado um concerto com músicos que podem não ser muito conhecidos ao nível mundial, mas que começam a dar cartas no panorama do jazz da Ásia. “Sempre tivemos bons músicos a participar, mas este ano tentamos trazer grandes músicos de jazz da Ásia e grupos internacionais. Este ano é especial”, referiu. Além do concerto, vão ser realizadas pequenas actividades com músicos locais, nomeadamente com o grupo do Conservatório de Macau. “O grupo do conservatório é um grande apoio para o jazz em Macau, porque eles tocam as músicas mais tradicionais e também têm uma vertente educacional.” Cinco anos após ter sido dado o pontapé de saída para este evento, o jazz está mais forte do que nunca. “Esperamos mais público este ano. Ao longo de todo este tempo temos vindo a promover a música e a própria cultura do jazz, não apenas para os residentes, mas também para visitantes que vêm a Macau só para ver os nossos concertos, o que é, de facto, uma grande honra para nós”, contou Mars Lee. “Hoje em dia, depois destes anos loucos de crescimento económico, as pessoas estão mais atentas à qualidade de vida, e vemos mais eventos culturais a acontecer. E o jazz tem sido um estilo musical em crescimento, porque estabelece uma ligação com as pessoas. Não é como a música pop, ou clássica. Tem uma certa identidade e uma intenção muito próprias”, indicou o músico e presidente da associação. Educar o público é outro dos objectivos da Associação Promotora de Jazz. “Organizamos este evento por ano, com diferentes espectáculos. Queremos promover a música, mas mais do que isso: queremos educar as pessoas, não apenas os músicos, mas o público também. Queremos que mais pessoas possam apreciar este tipo de música e que possam compreender esta cultura”, adiantou Mars Lee. Poucos mas bons A 5ª Semana de Jazz de Macau conta com o apoio do Instituto Cultural e da Fundação Macau, mas os meios ainda são poucos para trazer mais música ao território, sobretudo se falarmos do número de salas de espectáculo. “Todos os eventos precisam de dinheiro. Continuamos a ter margens pequenas de lucro e se o Governo pudesse apoiar mais seria o ideal”, disse Mars Lee. “Temos alguns nomes nos restantes festivais organizados em Macau, mas porque existem estruturas maiores. Da nossa parte temos uma menor dimensão. Não temos fins lucrativos e dependemos do apoio do Governo, e é importante que nos foquemos nos nossos grupos. A maioria destes músicos não tem muita exposição, não são muito conhecidos, mas são muito bons.” Apesar dos desafios constantes, Mars Lee garantiu estar satisfeito com o trabalho realizado até aqui. “Queremos fazer de Macau uma plataforma para os músicos asiáticos, porque essa foi a forma como começámos. Já conhecíamos todos estes músicos, da Malásia, Taiwan, Tailândia, não apenas da China. É importante que possamos aumentar ainda mais este círculo. O jazz começou na América, mas foi um movimento cultural que se espalhou para a Europa e agora para a Ásia”, concluiu.
Hoje Macau MancheteBlaine Whittaker em concerto no D. Pedro V esta quinta-feira [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]prendeu e colaborou com os maiores e vem agora a Macau. O Saxofonista Blaine Whittaker que tem no currículo participações com Marsalis, Coleman ou Herring, estará na próxima quinta-feira no palco do D. Pedro V e no dia seguinte num workshop aberto a todos os interessados. O Teatro D. Pedro V é o palco para o espectáculo do saxofonista australiano Blaine Whittaker na próxima quinta-feira às 20h00. O evento que conta com entrada gratuita traz a Macau uma referência do jazz internacional numa apresentação de “Strange Universe” o seu mais recente álbum. O concerto conta com o acompanhamento da “Universe Strange Band” e os seus músicos internacionais. Na guitarra estará Eugene Pao de Hong Kong, as teclas contam com Nicholas Boulouskos dos Estados Unidos, de França o baterista Laurent Robin e no baixo o também australiano Scott Dodd. O músico junta-se no dia seguinte aos interessados para um workshop a decorrer às 18h30 no Ace Music Center, na Avenida da Praia Grande. Pelo mundo fora Depois de se formar no Conservatório de Música de Brisbane, na Austrália, o músico muda-se para Sidney e logo deu início a uma carreira brilhante. Começou por fazer parte do sexteto de James Morrison com o qual tocou cerca de dez anos. Da sua carreira contam múltiplas colaborações de sucesso: desde o acompanhamento do britânico Cliff Richard pela Austrália ao prosseguimento de estudos em Nova Iorque onde trabalhou com os lendários Wynton Marsalis, George Coleman ou Vincent Herring e passou por espaços consagrados ao jazz e ao blues como o Dakota Staten ou o Lennox Lounge em Harlem. Acompanha as estrelas de Jazz suecas, Nils Landgren e Anders Bergcrantz, passa pelo R&B na companhia de Mary Wilson e junta-se a Laura Fygi em digressão mundial . O Jazz e o blues são as suas referências, mas não descurou as boas relações musicais com a vizinha Hong Kong onde também desenvolveu carreira. Para além de tocar com a Orquestra Filarmónica local não deixou de colaborar com artistas pop cantonês e em mandarim, levando o seu nome e sucesso a outros públicos. Fazem parte do rol de estrelas regionais Jackie Cheung, Justin Lo, George Lam, Alex To, Kahlil ou Joey Yung. O espectáculo na RAEM integra a série “Early Summer Jazz Concert” 2016 promovida pela Fundação Rui Cunha
Hoje Macau EventosMacau celebra Dia Internacional do Jazz Martin Luther King Jr. terá dito que o “jazz expressa a vida” e é sob este mote que a Unesco terá criado o Dia Internacional dedicado a este estilo musical. Macau junta-se à celebração com uma programação que convida todos a comemorar o Jazz no mundo O Dia Internacional de Jazz é comemorado a 30 de Abril desde 2012, mas as celebrações vão começar mais cedo em Macau. A Associação para a Promoção do Jazz de Macau apresenta hoje, na Casa Garden, pelas 20h00, um concerto que conta com Zé Eduardo – músico, compositor e pedagogo português. Destacado também pelo seu papel no que respeita à divulgação e promoção deste estilo musical através da criação de escolas e orquestras, Zé Eduardo tem como pontos altos da sua carreira, entre outros, o convite em 2007 para dirigir o European Movement Jazz Orchestra aquando da Presidência Portuguesa na UE. Já tocou também com Mário Laginha, Maria João ou o falecido Bernardo Sassetti e tem um projecto que junta três contrabaixos, onde se alia a Carlos Barretto e Carlos Bica. Ainda em 1988 entrou para o Guinness Book of Records, com a ajuda de outros músicos, estabelecendo o recorde de 24 horas consecutivas a tocar o blues mais longo, num tema da sua autoria. Já a dia 30, também na Casa Garden e numa iniciativa da Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC), tem lugar um workshop de canto a cargo da croata Ines Trickovic. Segundo José Duarte, membro da Associação, o workshop vai “directamente ao encontro de um dos grandes objectivos deste dia, comportando o lado pedagógico do evento”. Acontece às 14h00, antes do concerto de jazz da banda japonesa T-Trip, que é apontada por José Duarte como uma referência do que se faz neste momento no país do sol nascente e que está marcado para as 21h30. O convite é feito para que os interessados que possam e o desejem venham um pouco antes do horário do concerto e assistam em vídeo à comemoração deste dia no ano passado, em Istambul. Todos os anos o Dia Internacional do Jazz tem um local que funciona como “centro”, sendo que este ano é em Washington e conta com a presença de Barak Obama. A noite acaba com o convite para uma ‘jam session’, que está marcada para as 23h00. Já o Clube de Jazz de Macau organiza o concerto dos “Souling”, banda de Zhuhai que, segundo o presidente José Luís Sales Marques demonstra o jazz que também se faz na China. A banda é constituída por Kenny Du na guitarra, Anselmo Luisi na bateria e Katrina Lau na voz, estando também agendada a presença do músico local e professor de guitarra Lobo Ip, mas agora enquanto DJ. O local deste espectáculo ainda não está definido sendo que num primeiro momento foi agendado para o Espaço Fantasia 10. O Dia Internacional do Jazz foi criado pela UNESCO, que pretende lembrar a importância deste género musical, bem como o seu contributo na promoção de diferentes culturas e na luta pela liberdade. Jazz, Macau e associações Promoção conjunta pelo mesmo estilo de música A RAEM conta neste momento com cerca de três associações cujo intuito é a promoção do Jazz. Depois do Clube de Jazz de Macau, associação pioneira na promoção deste estilo musical, aparece a Associação para a Promoção do Jazz de Macau. Mars Lei, membro da mesma, diz ao HM que a natureza desta Associação é tida na perspectiva dos músicos, ao invés de se destinar aos amantes do estilo, como os clubes. Relativamente à universalidade do estilo e em contraponto com a sua criação na China, Mars Lei refere que o jazz não é efectivamente um estilo chinês sendo que agora, dada a sua universalidade, se espalha muito pelo mundo. Salienta também o jazz japonês e o seu estilo próprio de criação. “É como o chá e o café, que apesar de serem já internacionais, são distintos nas várias partes do mundo”. A Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC) afirma-se como uma associação que pretende, mais do que divulgar o jazz, promover actividades ligadas à cultura em vários sentidos. José Duarte, membro do grupo, refere que estão agora a ser dados os primeiros passos, salientando que o próximo ano já tem previsto um plano mais ambicioso. José Duarte refere ainda que “a Ásia é hoje uma área onde existe uma grande actividade na área do jazz” e distingue o género como “uma forma musical capaz de estimular o diálogo entre os músicos, tendo nele uma mensagem de liberdade criatividade e tolerância”. Diferente de outros géneros, o jazz contém elementos de improvisação e diálogo únicos.
Joana Freitas EventosMGM | Festival Internacional de Jazz sexta e sábado Jazz no Outono parece ser o lema do Clube de Jazz de Macau, que traz este fim-de-semana ao MGM grandes nomes do Jazz internacional [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]avid Kikoski, Lee Ritenour e Zé Eduardo são alguns dos nomes que sobem esta sexta-feira e sábado ao palco do Lion’s Bar no MGM. As estrelas do Jazz chegam para o Festival Internacional de Jazz de Macau, que acontece no ano em que o Clube de Jazz de Macau celebra o seu 30º aniversário. O Festival abre portas no dia 18, pelas 21h00, com “o creme de la creme” do Jazz que se faz por cá. The Bridge e a Big Band da Escola de Jazz do Conservatório da RAEM apresentam-se com um convidado especial: Zé Eduardo, português que vai comandar os talentos. Zé Eduardo é um baixista, pianista e líder de banda que fundou o Hot Club de Lisboa, um local especificamente dedicado a este estilo musical. Músico de renome, Zé Eduardo ensina a arte de fazer Jazz e tem visitado Macau “inúmeras vezes desde que o Festival Internacional de Música foi inaugurado nos anos 80”. O músico vai liderar os The Bridge, a primeira banda de Jazz do território – e que conta já com 26 anos – e os jovens artistas do Conservatório de Música. Estrelas no palco Os grupos tocam para preparar o público para o espectáculo da estrela da noite: é na sexta-feira que Dave Kikoski e os BeatleJazz animam a noite, dando ao público a oportunidade de ver o vencedor de um Grammy pelo Melhor Álbum de Live Jazz Ensemble (com “Live at the Jazz Standard”, em 2011) e do grupo que integra para este espectáculo. “O trio chega a Macau armado com músicas dos seus quatro álbuns, que chegaram aos top 10 das rádios norte-americanas”, explica a organização. Dos BeatleJazz fazem parte Rickard Malmsten e Brian Melvin. Sábado, a noite abre com a Macau Jazz Promotion Band, um grupo de jovens músicos formado em 2010, que conta já com algumas performances locais e nas regiões vizinhas. Conhecidos por “darem corpo ao renascimento do Jazz local”, os membros da banda tocam antes do famoso Lee Ritenour, membro do grupo Mamas and Papas. Lee integrou aquele que foi um dos colectivos mais famosos dos anos 1960 quando tinha 16 anos e foi nomeado duas vezes o Melhor Guitarrista pela revista Guitar Player. Gravou mais de 40 álbuns e foi vencedor de um Grammy em 1986, entre mais de uma dúzia de nomeações. “Lee Riteneour chega a Macau com os seus colaboradores de longa data Jesse Millinier (piano), Melvin Davis (baixo) e Sonny Emory (bateria). Os bilhetes custam 280 patacas para sexta-feira e 380 patacas para sábado, sendo que há ainda a hipótese de comprar bilhete para os dois dias por 580 patacas.