Conferência | Especialistas de tradução reunidos em Macau na próxima semana

A Escola Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de Macau (IPM) organiza, na próxima semana, uma conferência que vai reunir quase uma dezena de especialistas das áreas da tradução/interpretação, formação de professores de português e educação em línguas

[dropcap style =’circle’]”D[/dropcap]Diálogos Contemporâneos” titula a conferência multidisciplinar sobre tradução/interpretação, formação de professores de português e educação em línguas que vai juntar, na próxima semana, no IPM quase uma dezena de especialistas, a maioria proveniente de instituições de ensino superior de Portugal.

“Proporcionar um espaço de reflexão e debate interculturais e multidisciplinares que permitam gizar linhas de actuação futura” com vista à “melhoria de formação integral e específica dos estudantes” figura entre os principais objectivos da conferência, que vai realizar-se na próxima segunda e terça-feira, indicou o IPM em comunicado. As temáticas a abordar, de uma perspectiva multidisciplinar, são: Investigação para fins académicos, formação de professores de língua portuguesa, formação de tradutores e intérpretes, questões de tradução e interpretação e educação em línguas.

No primeiro dia da conferência, António Nóvoa, embaixador de Portugal junto da UNESCO, vai ser outorgado com o título de professor coordenador honorário, indicou o IPM.

A lista de conferencistas convidados completa-se com Rui Vieira de Castro (reitor da Universidade do Minho); Isabel Pires de Lima (ex-ministra da Cultura e professora catedrática da Universidade do Porto); Fernando Prieto (director da Faculdade de Tradução e Interpretação da Universidade de Genebra); Alexandra Assis Rosa (subdirectora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), Manuel Rodrigues (Universidade de Aveiro); Luís Filipe Barbeiro (do Instituto Politécnico de Leiria) e Maria José Grosso (Universidade Macau/ Universidade Lisboa).

Outro lado da moeda

Além da aposta na tradução e interpretação, áreas que desenvolve em parceria com o Instituto Politécnico de Leiria, o IPM tem reforçado, desde o ano passado, a formação de professores no ensino de português e chinês. Isto depois de ter criado, há dois anos, uma Licenciatura de Ensino de Chinês como Língua Estrangeira e, no ano passado, uma Licenciatura em Português, com um dos seus dois ramos consagrado ao ensino de português.

O IPM e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua assinaram, na passada quarta-feira, um protocolo que visa a certificação, com a chancela do Camões, de cursos de professores de língua portuguesa administrados pelo IPM.

18 Abr 2018

IPM estabelece protocolo com Instituto Camões

[dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi ontem assinado um protocolo entre o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto Camões. O presidente do Camões – Instituto da Cooperação e Língua considerou ontem que Macau cumpre “o princípio das duas línguas, consagrado na transição” e que o Instituto Politécnico de Macau se encarrega “de o concretizar na prática”.

“Penso que está a ser dada a concretização ao princípio das duas línguas, princípio consagrado na transição e que o Instituto Politécnico de Macau (IPM) se está a encarregar de concretizar na prática aqui nesta região”, disse Luís Faro Ramos, aos jornalistas, depois da cerimónia de assinatura de protocolo de cooperação entre o IPM e o Camões.

Segundo Luís Faro Ramos, este protocolo tem como um dos objectivos a “promoção da língua portuguesa, não só em Macau, mas também na região Ásia Pacifico”.

“O presidente do Camões está aqui para nos ajudar na missão do ensino da língua portuguesa em Macau e até nesta região Ásia Pacífico”, disse, por seu lado, o presidente do Instituto Politécnico de Macau, Lei Heong Iok.

O protocolo assinado entre os dois institutos visa a certificação, com a chancela do instituto Camões, de cursos de professores de língua portuguesa, administrados pelo IPM.

À margem da reunião, o presidente do Camões vai cumprir uma agenda de encontros com autoridades portuguesas e macaenses, designadamente o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, o presidente da Escola Portuguesa de Macau, Manuel Machado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, o presidente do IPM, Lei Heong Ieok, e a presidente do Instituto Cultural da RAEM, Mok Ian Ian.

O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua é um instituto público tutelado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) que tem por missão propor e executar a política de cooperação portuguesa e a política de ensino e divulgação da língua e cultura portuguesas no estrangeiro.

12 Abr 2018

IPM | Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa arranca em Março

O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa vai lançar, no próximo mês, o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa. A iniciativa junta, pela primeira vez, docentes de todas as instituições de ensino superior onde se lecciona literatura

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 5 de Março abre-se o primeiro capítulo de mais um curso livre de literatura, iniciativa que tem vindo a ser promovida pelo Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Este ano com um novo fôlego graças à diversidade de temas e do painel que o lecciona.

“A grande novidade é que o curso vai ser leccionado, pela primeira vez, por professores de todas as instituições de ensino superior de Macau onde se ensina literatura”, afirmou o director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP), Carlos André, ao HM. O académico sublinha que apenas agora se conseguiu concretizar este projecto que corresponde a uma vontade antiga.

“Já há muito venho a entender que temos de colaborar mais. Quem cá está há anos deve ter reparado que tenho dito, muitas vezes, que é necessário haver mais cooperação. A lógica de cooperação tem de prevalecer sobre a lógica da concorrência”, apontou.

Em paralelo, o curso livre – que começou por ser ministrado por José Carlos Seabra Pereira, que exerceu funções de docente convidado no CPCLP e foi distinguido com o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, em 2016, pela obra “O Delta Literário de Macau” – alargou o espectro, apresentando-se agora “muito ligado às literaturas de língua portuguesa, que não são necessariamente portuguesas”, sublinha Carlos André.

O curso livre, que vai decorrer de 5 de Março a 28 de Maio, “pretende ser uma actividade aberta à comunidade académica e a todos os interessados nas literaturas de língua portuguesa, sendo “caracterizada por um espectro temático amplo, tanto na sua cronologia, como no que diz respeito ao género e ao espaço de produção”. Ou seja, o espectro geográfico é alargado aos países de língua portuguesa, refere uma breve apresentação da iniciativa.

“A relação da literatura com quotidiano” é um tema proposto que tem como principal objectivo por um lado, “descobrir aproximações diversas de textos e autores” e, por outro, “reflectir criticamente sobre a literatura enquanto expressão individual e expressão de um determinado tempo e circunstâncias”. Olhando à primeira vista, o programa “parece um tanto descosido” ou “um pouco desgarrado”, o que decorre do facto “de cada professor ser livre de escolher a unidade temática em que quer trabalhar”, explica Carlos André.

De Camões a Agualusa

O Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa desenrolar-se-á ao longo de dez sessões marcadas para as segundas-feiras entre as 18h30 e as 21h no IPM. As primeiras três vão ficar, precisamente, a cargo do director do CPCLP que irá abordar “O exílio na literatura portuguesa”.

“É um tema que atravessa a literatura desde os gregos, desde Ulisses, que é o primeiro exilado da literatura, até aos dias de hoje e que, no caso português, é pontuada por autores muito marcantes”, explica Carlos André. Nesse contexto, o académico propõe uma reflexão sobre a importância do tema e/ou condição de exílio em autores como Camões, Filinto Elísio, Marquesa de Alorna, padre António Vieira, Alexandre Herculano ou Manuel Alegre.

De acordo com o programa, segue-se Lola Xavier, também do Instituto Politécnico de Macau que, a 26 de Março, debruçar-se-á sobre a “Literatura angolana e construção de universos subjectivos”. Como o título indica, o módulo foca-se em autores angolanos, nomeadamente José Eduardo Agualusa, “naquilo que é a sua literatura menos comentada, mas mais rica, na criação de universos subjectivos e metafóricos”.

Já em Abril, o curso livre regressa à literatura portuguesa, desta feita, por via de Sara Augusto, que dedicar-se-á a uma área em que “se sente muito à vontade” que é, aliás, a da sua formação: a literatura barroca. “Parece-me interessante por ser uma área de estudos e da literatura muito desconhecida. As pessoas sabem mais do século anterior, o XVI, do que do XVII, em que acabam por conhecer o padre António Vieira e os Sermões e pouco mais”, observou a docente do CPCLP ao HM.

“A literatura barroca entre o quotidiano e a estética literária” titula as sessões de 9 e 16 de Abril, com Sara Augusto a destacar o particular interesse das “dicotomias” que a pautam e a capacidade de “conjugar os factos do dia-a-dia num período tão regido por regras”, em que se “cultivam géneros com códigos estilísticos tão fortes”, como o soneto.

A 23 de Abril, é a vez de Inocência Mata, professora do Departamento de Português da Universidade de Macau, dar o seu contributo, mas o programa ainda não se encontra fechado.

“O quotidiano no registo da poesia: intrusão ou pertença?” é a questão que Vera Borges lança na sua sessão a 14 de Maio. Segundo o programa, a coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de São José propõe discutir a oposição entre os conceitos de sublime e banal. Serão abordadas “as funções e efeitos da intrusão do quotidiano na dicção poética”, com comentário de textos, designadamente de Ruy Cinnatti, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny de Vasconcelos ou Ruy Belo.

Já Vânia Rego, professora da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM, vai buscar as “Galveias”, de José Luís Peixoto, para falar das histórias de um quotidiano português a 21 de Maio; enquanto Dora Gago, do Departamento de Português da Universidade de Macau, vai focar-se, uma semana depois, nas representações do quotidiano no Diário de Miguel Torga, fechando o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa.

26 Fev 2018

IPM | Instituição lança aplicação pioneira para ensino do português

É a primeira aplicação feita pro académicos e totalmente dedicada ao ensino de português para falantes de chinês. “Diz lá!” Já pode ser descarregada para qualquer telemóvel gratuitamente e promete, afirma Carlos André, ser um sucesso

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]eita por académicos, é a primeira aplicação para o ensino do português pensada exclusivamente para os alunos chineses. Um instrumento pioneiro, desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e apresentado ontem apresenta três vertentes de modo a abarcar várias vertentes da língua portuguesa e de a fazer chegar e compreender aos falantes de chinês. “É uma aplicação pioneira e que foi desenvolvida em cerca de nove meses num trabalho conjunto entre académicos ligados à linguística e à informática”, revelou ao HM o director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa (CPCLP) do IPM, Carlos André.

“Diz lá!” era o nome óbvio, porque “é uma frase muito portuguesa e que não existe em mais nenhuma língua”, sublinha o responsável.

“Na aplicação há três vertentes. Uma que tem que ver com a conjugação de verbos e que é talvez aquela que tem mais impacto e que tem muito significado para os chineses”, explicou. A opção pelo foco nos verbos tem que ver com o resultado da experiencia do ensino da língua a chineses. “Esta tem sido uma das grande dificuldades para os chineses que estudam a língua portuguesa porque no chinês não há tempos ou modos e é uma grande complicação”, refere ao HM.

A segunda parte da aplicação é um guia diário de comunicação” e que tem as expressões usadas no quotidiano. “É o português do dia a dia associado a várias situações. Já há aplicações de telemóvel com isso mas normalmente são feitas por curiosos e sem o uso de nenhuma língua intermediária. Isto é feito directamente do português para o chinês”, aponta Carlos André.

A terceira vertente da “Diz lá!”, dá ao utilizador uma palavra diária nova para aprender. “É a palavra do dia. São palavras correntes e que enriquecem a aprendizagem e ao mesmo tempo acaba por ser um divertimento engraçado porque a pessoa abre a aplicação e aparece logo o termo”, refere.

Carlos André está confiante no sucesso da aplicação. “Penso que dentro de pouco tempo existam milhares de chineses a utilizar esta aplicação. Não só os estudantes mas muitos outros que querem e precisam de falar português”, diz.

Trabalho, muito e de muitos

A aplicação foi materializada num tempo quase recorde. O trabalho começou no Verão passado e “para se fazer isto foi preciso trabalhar com duas equipas técnicas em cooperação em duas áreas completamente distintas”, apontou.

Mais uma vez trata-se de um trabalho inovador. “Que eu saiba não aconteceu até agora uma equipa de linguístas doutorados estarem a trabalhar numa aplicação de telemóvel com uma equipa de informática”, refere.

De acordo com Carlos André, o entendimento foi “fantástico, tanto mais que há já outros projectos a caminho”.

Sem querer adiantar muitos detalhes o académico refere que se tratam de instrumentos úteis para o ensino do português na China cruzando conhecimentos científicos com as potencialidades da informáticas.

Livros originais

Foram também ontem lançados ontem, pelo IPM, sete livros, na sua maioria matérias pedagógicos para o ensino da língua portuguesa. “Temos manuais de fonética que consideramos inovadores porque ensinam os sons do português através de canções”, começa por dizer o director. “Se a música é o domínio do som, porque não utilizar a música para ensinar fonética”, explica.

Os livros contêm canções portuguesas e brasileiras e entre os autores estão Amália, Carlos do Carmo e Maria Rita, sendo que não falta a conhecida “Garota de Ipanema”. Juntam-se a estes dois livros um que ensina a construir vocabulário, manuais para professores e um livro de cultura ligada à lusofonia.

A partir de agora, e tal como nos manuais apresentados ontem, as publicações do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa vão contar todas com a colaboração com professores chineses de modo a estarem mais próximos das necessidades reais, rematou Carlos André.

14 Fev 2018

IPM | Mestrados vão acolher até 300 alunos nos cursos de mestrado

Lei Heong Iok, presidente do Instituto Politécnico de Macau, adiantou, no Dia Aberto da instituição, que este ano não deverão ter mais de 300 alunos nos cursos de mestrado. O IPM ainda aguarda a aprovação do mestrado em língua e cultura portuguesas

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) realizou, no passado sábado, o Dia Aberto para os novos ou potenciais alunos que estejam interessados em inscrever-se na instituição de ensino. À margem do evento, e segundo o Jornal do Cidadão, o seu presidente, Lei Heong Iok, garantiu que o IPM não deverá ter mais de 300 alunos nos cursos de mestrado, algo que também está relacionado com a decisão tomada pelo Governo, apontou.

Neste momento, adiantou, o IPM está a preparar a abertura de candidaturas para os cursos de mestrado e doutoramento com o intuito de concretizar o plano de desenvolvimento estratégico do território.

Neste sentido, e segundo o canal macau da TDM, Lei Heong Iok espera ter este ano aprovação do Governo para a abertura do novo mestrado em língua e cultura portuguesas, estando a ser pensado também um doutoramento na mesma área.

“Conforme a nova lei do ensino superior o IPM pode por si próprio abrir estes programas. É uma boa oportunidade e quero aproveitar para realizar estes objectivos e nestes anos tem sido um dos meus sonhos”, adiantou Lei Heong Iok à TDM, tendo acrescentado que a proposta será entregue ao Governo “o mais depressa possível”.

Também à TDM o presidente do IPM adiantou que existe o projecto de construir uma nova biblioteca no actual espaço destinado ao campo de jogos. “Faz falta uma boa biblioteca e já temos o design feito por uma empresa portuguesa. Desejo que o Governo possa aprovar o projecto”, frisou.

Mais alunos do continente

Relativamente às outras áreas de ensino, o IPM espera ter até três mil alunos nos cursos de licenciatura, sendo que todos os anos há 700 alunos de Macau e 100 que são do exterior.

Segundo Lei Heong Iok, o número de inscrições por parte dos alunos locais secundários tem sido reduzido. Contudo, o responsável garantiu que não vai alargar o número de alunos nos cursos, sendo que este ano se verificou um aumento de três por cento nos estudantes oriundos do continente, que representam 18 por cento de todos os alunos do IPM.

Quanto ao projecto de transformar o IPM numa universidade, Lei Heong Iok revelou que, para já, essa possibilidade não é uma prioridade nem é uma questão principal. Neste período, adiantou, o IPM não deixou de se desenvolver, sendo que a maioria dos cursos são reconhecidos internacionalmente, lembrou.

Em relação à ideia de criar em Macau um instituto para a formação dos funcionários públicos, Lei Heong Iok defendeu que o IPM deve, de facto, reforçar a formação que disponibiliza nesta área, onde se devem incluir cursos de doutoramento.

Lei Heong Iok referiu também que é mais importante coordenar os recursos das instituições e exercer melhor as funções do que criar mais universidades ou institutos em Macau.

O actual presidente do IPM pretende reformar-se em Agosto. Segundo um comunicado enviado às redacções, é referido que a instituição, nos últimos 18 anos, “tem envidado esforços no sentido de concretizar a definição precisa do seu posicionamento, a criação de uma instituição com características únicas e o aumento notável da competitividade dos seus cursos”.

8 Jan 2018

IPM : Cinco novos prémios no concurso mundial de tradução chinês-português

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] atribuição de cinco menções honrosas a trabalhos que se distingam pela excelência são a novidade para a segunda edição do concurso mundial de tradução chinês-português, anunciou ontem o Instituto Politécnico de Macau (IPM). O objectivo de atribuir mais estes cinco prémios é encorajar “a participação de mais alunos” de todo o mundo e “não só de Macau, da China Interior, de Portugal e do Brasil”, como se verificou na primeira edição deste concurso, disse o presidente do IPM, Lei Heong Ieok.

“Queremos incentivar os alunos de todo o mundo, fortalecer e aumentar as suas capacidades e, através deste concurso, atrair mais equipas de outros países da Lusofonia”, sublinhou, numa referência aos países africanos de língua portuguesa.

O IPM “vai continuar a reforçar o ensino da língua portuguesa e manter a cooperação com Portugal”, disse Lei Heong Ieok, sublinhando o papel e a importância de Macau no ensino da língua portuguesa e na área da tradução chinês-português, fundamental na concretização da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.

As equipas concorrentes, compostas por dois ou três alunos e um professor orientador, terão três meses para traduzir um texto de português para chinês, contendo mais de cinco mil frases e sem ultrapassar as dez mil.

De acordo com o regulamento do concurso, organizado pelo IPM e pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) do Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), no final de janeiro próximo terminam as inscrições e, a 01 de março os organizadores enviam o texto a traduzir para os concorrentes, que devem apresentar a 01 de junho o trabalho concluído. No final de julho são anunciados os vencedores do concurso.

O primeiro prémio é de 140 mil patacas, o segundo de 105 mil e o terceiro de 75 mil. Cada equipa que ganhar uma menção honrosa receberá 25 mil patacas. A organização vai atribuir um prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior de Macau, de 68 mil patacas para o primeiro lugar e de 35 mil para o segundo.

A primeira edição do concurso contou com a participação de 48 equipas do interior da China, 27 de Macau, dez de Portugal e duas do Brasil.

7 Dez 2017

Colóquio | IPM vai discutir Camilo Pessanha

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai organizar um colóquio sobre o poeta Camilo Pessanha nos dias 13 e 14 de Novembro, disse à Lusa fonte da organização. A conferência, a propósito dos 150 anos do nascimento de Pessanha, vai contar com 12 oradores: quatro de Portugal e oito de Macau. Um deles será José Carlos Seabra Pereira, especialista em simbolismo, corrente literária a que pertence o poeta. Segundo a mesma fonte, com excepção de Seabra Pereira, o colóquio contará com intervenções de “pessoas que não têm o hábito de se dedicar a Camilo Pessanha”, como será o caso do Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM.

Nam Van | Energia para animar o lago

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s obras no sistema de energia eléctrica arrancam no fim deste mês no Anim’Arte NAM VAN. A intervenção abrange a escavação de valas para instalação de cabos e tubos, a substituição das tampas dos cabos eléctricos e a repavimentação de passeios. Durante o período da execução das obras, a “Feira de Artesanato do Lago Nam Van aos Fins-de-Semana” e os workshops programados são realizados conforme previsto. Os espaços expositivos da Galeria Junto ao Lago, a Loja Temática do “Mapa Cultural e Criativo de Macau” e o Smiling Workshop continuam a funcionar como habitualmente. Por sua vez, o IFT Café encerrará de 6 a 11 de Novembro.

 

26 Out 2017

IPM | Propinas mais caras para alunos do continente, Hong Kong e Taiwan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s propinas do Instituto Politécnico de Macau vão ser mais altas para os alunos do continente, de Hong Kong e de Taiwan.

Se até agora estes estudantes pagavam as 20.800 patacas anuais requeridas para as licenciaturas de quatro anos, a partir de 2019, o valor mantém-se para os estudantes do território mas vai sofrer um aumento de 2500 patacas para os alunos que vêm das regiões referidas. A informação foi dada ontem em Boletim Oficial e também prevê que os estudantes de outras nacionalidades, vejam as suas propinas aumentadas. De 32.000 patacas, os estrangeiros que queiram estudar no IPM vão passar a pagar 35000, por ano.

Apesar de ser uma instituição de ensino superior pública, o IPM estará a optar por estratégias financeiras associadas ao privado e à optimização de receitas. De acordo com Éric Sautedé, “é apenas uma forma de fazer dinheiro e todas as universidades privadas já o fazem”, disse ao HM. Por outro lado, considera, trata-se de uma estratégia para criar junto da própria população, uma maior aceitação do “número crescente de “estrangeiros” a quererem estudar no território. O académico dá o exemplo da MUST, que em 2015 tinha 69 por cento de alunos vindos de fora de Macau.

19 Out 2017

Governo vai realizar estudo sobre necessidades da tradução em 2018

Começou ontem a conferência promovida pelo IPM dedicada à tradução e interpretação. O espaço que se pretende de reflexão sobre a matéria traz à tona as carências locais e as limitações do sector. Para o ano há um estudo para se perceber melhor o que se passa e o que é necessário fazer para promover a qualidade de um serviço essencial ao território e à sua concretização enquanto plataforma

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m estudo acerca das necessidades ligadas à tradução e interpretação no território pode vir a ser realizado no próximo ano. O objectivo é ter uma noção real das necessidades do território nesta área para que se possa concretizar como plataforma.

A ideia foi deixada ontem pelo chefe do departamento de assuntos linguísticos dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Casimiro de Jesus Pinto, em declarações à margem da conferência que está a decorrer no Instituto Politécnico de Macau (IPM) subordinado ao tema “Interpretação e tradução: experiências, realidades e perspectivas”.

A ideia é “perceber a falta de profissionais na área da tradução e interpretação, e, com os resultados obtidos, traçar um plano mais concreto em termos da carreira de intérprete/tradutor e também da necessidade de letrados”, avançou o responsável.

A falta de tradutores/intérpretes no território é assunto recorrente, no entanto, trata-se de uma matéria que continua a mostrar várias falhas num local que depende destes profissionais.

Dificuldades assumidas

Para Casimiro de Jesus Pinto, o maior desafio do bilinguismo em Macau tem que ver com o próprio ambiente linguístico. “Nos últimos anos temos reparado que há mais pessoas a quererem aprender o português mas a aprendizagem da língua ainda está muito limitada à sala de aula”, explica.

O contacto real com a língua e cultura é limitado, até porque no território a população é na sua maioria de origem chinesa.

De acordo com o responsável, faltam não só intérpretes/tradutores mas também bilingues em áreas específicas e cada vez mais necessárias. Exemplo disso é a área comercial, na medida em que este sector sustenta parte da concepção de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de expressão portuguesa, sublinha o chefe de departamento.

Mudança necessária?

Para colmatar as faltas sentidas por parte dos serviços públicos, poderiam ser contratados profissionais estrangeiros. No entanto, residentes do continente ou tradutores de países de língua portuguesa, não residentes, não têm lugar a partilhar o seu conhecimento no território fora do meio académico.

Face à situação, Casimiro de Jesus Pinto admite que se trata de uma questão em que a solução pode passar por algumas alterações. “É um problema que podemos vir  ponderar no futuro se houver mesmo uma insuficiência de bilingues ou de quadros qualificados na área da tradução e interpretação”, afirma. “Também podemos propor ao Governo que pense na hipótese de recrutar alguns desses profissionais, sendo que se existirem no território pessoas suficientes é a esta mão de obra que se recorre sempre”, ressalva.

Casimiro de Jesus Pinto salientou ainda a necessidade de que a aprendizagem do português seja feita desde o ensino primário e que sejam promovidas medidas neste sentido.

Abre olhos

Já para o presidente do IPM, Lei Heong Iok, a conferência que está a decorrer na instituição pode mesmo servir de alerta para o verdadeiro significado de plataforma e a integração de profissionais de qualidade. “Penso que neste momento é preciso, com este tipo de eventos, em que há troca de experiências, abrir os olhos. Não só abrir os olhos das instituições do ensino superior mas, e em particular, do Governo”, disse o responsável pela instituição de ensino superior referindo-se à integração de profissionais de qualidade nos serviços locais, independentemente da sua origem.

A ideia de Lei Heong Iok tem em conta a própria definição de plataforma, conceito que se prevê aplicado ao território, até mesmo pelo Governo Central. Há que, no entender do responsável pelo IPM, “interpretar o verdadeiro significado de plataforma e temos de nos questionar se estamos a falar em termos unilaterais ou bilaterais”.

Para o responsável a bilateralidade tem de ser posta cada vez mais em prática o que não será difícil. “Na minha leitura, os chineses aprendem bem tanto a língua, como a cultura portuguesa, e os estudantes dos países lusófonos também aprendem bem o chinês, não só a língua mas também a cultura, sendo que com esta bilateralidade é que se dá um sentido concreto e perfeito à plataforma”, explica.

O acolhimento de profissionais portugueses e lusófonos no território seria um passo importante neste sentido e o continente já está a aplicar este tipo de medidas. Para Lei Heong Iok “há até profissionais portugueses que por serem tão bons estão a leccionar em universidades chinesas. Porque é que Macau não aproveita esta valência?” remata o responsável.

11 Out 2017

IPM | Na Academia Sénior, há novas vidas depois da reforma

A Academia Sénior do Instituto Politécnico de Macau é a valência da instituição que se dedica ao ensino a estudantes com mais de 55 anos. O sucesso parece garantido com a satisfação de alunos e professores. A idade, ao invés de acarretar a paragem e o descanso, parece ser fonte de vida e interesse

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] sala estava cheia. As secretárias ocupadas pelos cerca de 30 alunos não tinham telemóveis. Os estudantes não se distraíam e, atentos, seguiam as palavras do professor. De vez em quando ouviam-se sorrisos, com uma ou outra piada.
Todos com mais de 55 anos, são alunos do curso de caligrafia da Academia Sénior do Instituto Politécnico de Macau (IPM), um dos 29 cursos administrados pela instituição de ensino superior. Porque envelhecer não é parar, a opção pela continuação dos estudos é uma forma de permanecer activo, saudável e útil.
“Devido ao envelhecimento da sociedade, há cada vez mais gente a querer permanecer activa e com saúde”, aponta Lei Kam Wa, professor de caligrafia. Já reformado, ocupa o tempo a ensinar os outros. Ex-trabalhador do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, desde pequeno que Wa gosta mesmo é de literatura chinesa e de se dedicar à arte da escrita de caracteres. Enquanto trabalhava, tirou vários cursos no continente.
Tanto o professor como os alunos em nada devem à vitalidade. “O aluno mais jovem que tenho tem 55 anos”, diz, “mas a turma tem toda muita energia”.
A matéria que lecciona é, considera, um conhecimento cada vez menos apreciado pelos jovens. No entanto, para os mais velhos soma candidaturas e é das áreas mais procuradas na Academia. “Como a caligrafia exige calma, os alunos sénior sentem-se melhor com a sua aprendizagem e encontram na escrita de caracteres uma forma de preservar a sua saúde mental e de aumentar os seus conhecimentos, sem esquecer que é um assunto essencial na cultura chinesa”, afirma o professor.
Por outro lado a aprendizagem destes alunos é rápida, talvez pelo interesse ser genuíno, considera. “Os idosos concentram-se melhor”, refere. Ao contrário dos alunos mais jovens que têm naturalmente melhor memória, os mais velhos, já numa outra etapa da vida, têm outro método: estudam.
“Os mais novos têm muito boa memória e ficam logo com a matéria na cabeça, os idosos nem tanto, mas estudam muito”, sublinha o professor Lei Kam Wa. Esta é também a razão que leva o professor, depois de ter passado pelo ensino a crianças e jovens, a preferir ensinar séniores.
O resultado é animador, existindo turmas nos cursos de quatro anos geralmente cheias.
“Depois do curso, as notas são muito boas e alguns dos alunos acabam por prosseguir o seu trabalho com a realização de exposições inseridas em eventos colectivos, e mesmo individuais”, diz o professor com orgulho.

Ensino para todos os gostos

Os cursos da Academia permitem aos alunos escolher de entre um leque de disciplinas. Kou Chi Keong, tem 63 anos e está no terceiro ano. Aluno de caligrafia, frequenta ainda aulas de informática, desenho e massagem terapêutica. Nos dois anos anteriores, dedicou-se às aulas de fotografia, medicina chinesa e de pintura ocidental.
A ideia de voltar a estudar apareceu mal se reformou, há dois anos. “Felizmente fui um dos cerca de cem alunos que são anualmente sorteados para ingressar na Academia”, refere.
Keong, não queria que lhe acontecesse o que via acontecer a alguns conhecidos da mesma idade. “Tenho amigos que depois da reforma começaram a ficar muito confusos e que passam o tempo a dormir e a ver programas de televisão, parece que estão isolados da sociedade”, lamenta.
O caso de Kou Chi Keong é o inverso. “Além de estar sempre a aprender, conheço ainda outras pessoas. A Academia organiza também algumas excursões e acabamos por viajar juntos”, explica.
No final do curso, Kou pretende continuar a aprofundar conhecimentos, o que já faz com o que aprendeu nos últimos dois anos. “Estudei fotografia e agora ando sempre com a câmara, estudei pintura e vou muitas vezes para a rua desenhar”, ilustra, satisfeito. O mesmo acontece com o erhu, instrumento tradicional chinês, que toca quando se junta com os amigos.
O voltar a estudar, já depois de uma vida de trabalho, não é tarefa complicada. “Estudei sempre, durante a vida, é uma coisa que gosto de fazer e se calhar é por isso que não considero os cursos muito difíceis”, refere.
O erhu é também o instrumento que Alice Lao, de 65 anos estudou e continua a tocar com a orquestra sénior do IPM. Alice Lao já terminou os quatro anos de curso, mas não conseguiu deixar a Academia. Passou pelo Tai Chi e acabou por continuar na música.
O que aprendeu e a continuidade no agrupamento permite-lhe agora continuar a participar nos espectáculos dados pela orquestra tanto em espaços públicos como enquanto animação de instituições de solidariedade social.

Academia premiada

A Academia do Cidadão Sénior do IPM existe desde Novembro de 1999 e tem como objectivo pôr em prática a ideia da formação para idosos. Existem hoje 29 cursos e actividades, para um total de 54 turmas, com 480 inscritos. Durante os últimos 14 anos, a Academia tem-se empenhado na troca de experiências com instituições de ensino similares no Continente, em Taiwan e em Hong Kong, a fim de aperfeiçoar os seus programas. Em 2009, realizou-se em Pequim a cerimónia de atribuição dos prémios nacionais de “Distinção de Instituições de Ensino para a Terceira Idade” em que a valência de ensino do IPM foi nomeada “Universidade Nacional da Terceira Idade”, enquanto o Presidente do Instituto, Lei Heong Iok recebeu o prémio de “Distinção na área da Educação Nacional para a Terceira Idade” e a directora da Academia, Lam Wan Mei foi nomeada ” Educadora Nacional da Terceira Idade”.

8 Out 2017

Concurso | Minho com o melhor chinês

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês alunos da Universidade do Minho venceram ontem o “concurso mundial de tradução chinês-português”, uma iniciativa que pretende desenvolver o intercâmbio de técnicas de tradução das duas línguas entre estudantes de ensino superior. O segundo lugar foi atribuído à equipa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e o terceiro aos representantes da Universidade Jiaotong de Pequim.

O concurso contou com 87 equipas, constituídas por dois a três estudantes universitários e um professor-orientador, de 27 instituições de ensino superior do Brasil, Portugal, China e Macau, indicou a organização a cargo do Gabinete de Gabinete de Apoio ao Ensino Superior e do IPM.

A organização recebeu um total de 58 traduções para língua portuguesa de dez mil frases em chinês, extraídas pela organização de artigos ou livros. As equipas entregaram os trabalhos três meses depois de terem recebido os originais.

Na cerimónia de entrega dos prémios, o presidente do IPM, Lei Heong Iok, felicitou os participantes e anunciou que o concurso vai continuar no próximo ano, de acordo com um comunicado da organização.

A organização criou “prémios especiais” para apoiar a participação de equipas de instituições de ensino superior de Macau, sendo o primeiro lugar atribuído aos representantes do IPM e o segundo à Universidade de Macau.

A comissão honorária da competição é presidida pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, o vice-presidente é Huang Youyi, vice-presidente executivo da Associação de Tradutores da China, e integra também académicos da Universidade de Lisboa, da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Leiria.

Plano de apoio ao empreendimento vai ser alterado

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uase metade dos empréstimos que o Governo concedeu a jovens para abrirem negócios nos últimos quatro anos foi utilizada para comércio a retalho, afirmou ontem o Conselho Executivo. O Plano de Apoio a Jovens Empreendedores, que vai ser actualizado, existe desde Agosto de 2013 e, desde então, atribuiu 246 milhões de patacas a 1037 projetos, o que significa que cerca de dois terços dos pedidos apresentados foram aprovados.

Destes, 533 ou 48 por cento correspondiam a actividades de comércio a retalho, num total de 118 milhões de patacas. Se às lojas juntarmos o comércio por grosso (6,9 por cento), o número de projectos sobe para 605.

Os restaurantes e hotéis são a segunda actividade mais popular neste programa de financiamento, com 101 (12 por cento do total) projectos aprovados em quatro anos com 29,5 milhões de patacas. Em terceiro lugar ficam os serviços prestados às empresas, 104 ou 7,2 por cento do total, com 17,8 milhões de patacas.

O Plano de Apoio a Jovens Empreendedores concede uma verba de apoio, sem juros, no valor máximo de 300 mil patacas a jovens com idades entre os 21 e os 44 anos que queiram abrir o seu próprio negócio, mas não disponham de capital suficiente.

Ontem, foram apresentadas algumas alterações a este programa, pelo Conselho Executivo, incluindo alargamento do âmbito de beneficiários que passa também a abranger, além de jovens que querem abrir um primeiro negócio, outros que já tenham experiência.

Deixa também de ser possível receber este apoio quem já recebeu verbas do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização.

No entanto, entra em vigor um novo requisito, que obriga o beneficiário a concluir um curso de formação relacionado com o empreendedorismo com duração não inferior a 42 horas. O curso pode ser dispensado se o beneficiário já tiver um grau académico na área de gestão de empresas.

10 Ago 2017

Lusitanistas | Associação regressa à Europa depois de congresso na RAEM

O primeiro congresso da Associação Internacional de Lusitanistas na Ásia chegou ao fim e o balanço não podia ter sido melhor. Quem passou por cá leva a ideia de que a língua portuguesa interessa à China. E foi feita ciência no território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] próximo congresso da Associação Internacional de Lusitanistas, em 2020, vai realizar-se em Roma, foi anunciado em Macau, na sessão de encerramento da 12.ª reunião, considerada um êxito pela organização.

O interesse pelo português está a crescer fora dos países de língua portuguesa e “na Ásia foi espectacular”, disse Roberto Vecchi, da Universidade de Bolonha (Itália), que foi reconduzido no cargo de presidente da AIL por mais três anos (2018-2020). O responsável considerou que a “atenção dada” aos trabalhos da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL) “tem um potencial muito grande”.

Esta “impressão alimenta o optimismo (…). Vai ser interessante ver como se concretiza esse potencial nos próximos anos”, sublinhou, no final do primeiro congresso da AIL na Ásia.

Em Macau estiveram cerca de 140 associados de 80 universidades, mas o espaço de referência da AIL abrange cerca de nove centenas de pessoas. “Considerar 900 estudiosos de língua e culturas que se expressam em português significa uma rede académica realmente global”, afirmou Vecchi, acrescentando que a AIL se está a transformar, ao passar de uma “associação de estudiosos” para uma “plataforma que promove os estudos” com dimensão internacional.

A função da associação, “que é lateral”, é estimular e contribuir para a disseminação da língua e das culturas que falam português e para isso há vários projectos em curso, como a renovação da revista da AIL, Veredas, e a aposta numa plataforma para editar os trabalhos dos associados.

A brilhar

Um dos projectos mais conhecidos da AIL é a Plataforma 9 – Portal cultural do mundo da língua portuguesa, que regista 1,2 milhões de visualizações.

“A Plataforma 9 teve uma explosão fantástica, mas é uma parte de um todo. É preciso equilibrar o sistema e fazer com que todas as acções cresçam de forma orgânica”, disse.

Responsável pela organização do congresso em Macau, o director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) considerou o balanço “francamente positivo” do ponto de vista científico. “Produziu-se ciência e foi feito em Macau”, afirmou Carlos Ascenso André.

“Macau tem um claro papel a desempenhar, do ponto de vista geográfico, da herança e da identidade, tem meios e vontade política para o fazer”, sublinhou.

Antes do encerramento dos trabalhos, Ettore Finazzi-Agrò, da universidade “La Sapienza” de Roma, apresentou a única candidatura à realização do próximo congresso da AIL.

IPM lança revista científica em português

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai lançar, no final do próximo ano, a revista “Orientes do Português”, uma publicação científica para responder às necessidades dos docentes de língua portuguesa no interior da China.

O director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM, Carlos Ascenso André, afirmou que a nova revista “é uma prenda para os professores de português que ensinam no interior do China” feita em Macau.

“Estes docentes têm consciência de que querem progredir na carreira académica e para isso é preciso fazer currículo, e o currículo que mais conta é o das publicações”, disse na sessão de encerramento do 12.º congresso da Associação Internacional de Lusitanistas.

Estes professores “são muito jovens, não há tantas revistas como isso acessíveis e não há, no Oriente, revistas em português”, sublinhou Carlos Ascenso André.

“A prenda foi para os professores de português que ensinam na China. Criar uma revista em Macau disponível para eles publicarem é uma prenda que lhes estamos a dar”, disse.

A partir de Setembro, poderá ter início o pedido de contribuições para a revista, que terá inicialmente uma periodicidade anual. “Vou criar um conselho científico de pares anónimos para fazerem a arbitragem científica”, de 20 ou 30 pessoas, de “muita qualificação e de todo o mundo”, explicou.

“Queremos que esta publicação ganhe reconhecimento por parte da comunidade científica e queremos que seja indexada”, disse o responsável, sublinhando que para uma revista ser indexada “tem de ter qualidade assegurada”.

Carlos Ascenso André afirmou que um dos objectivos é ver a nova publicação do IPM ser indexada na China. A publicação vai ter divulgação mundial, através de uma edição digital e em papel.

Pessanha em Novembro

Carlos André anunciou também a realização de uma conferência sobre o Camilo Pessanha, em Novembro, com três convidados vindos de Portugal. Está já “garantida a presença de José Carlos Seabra Pereira, o maior especialista na área do simbolismo, movimento a que pertence o poeta”, disse.

A resposta “muito positiva e imediata” de todas as pessoas que ensinam literatura portuguesa nas instituições de ensino superior de Macau significa que a conferência será feita “com tudo o que de melhor há em Macau e que pode falar sobre Camilo Pessanha”, destacou. Camilo Pessanha viveu parte da sua vida em Macau, onde morreu em 1926.

31 Jul 2017

Entrevista | Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM

 

Quem a viu, quem a vê. A língua portuguesa tem hoje uma importância em Macau que não tinha quando Carlos Ascenso André chegou ao território. Há quatro anos, a convicção dos decisores políticos não era um acto contínuo e os vários agentes do ensino do português viviam de costas voltadas. A realidade mudou, mesmo que não seja possível traduzi-la em números, diz o director do centro pedagógico do IPM, que traz por estes dias quase centena e meia de conferencistas para o Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a primeira vez que se realiza no território o Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL). Qual é o significado para Macau?

Tem desde logo um significado político, porque representa um reconhecimento do papel de Macau por parte da comunidade académica mais prestigiada do mundo no tocante aos estudos de língua portuguesa, e de literaturas e culturas de língua portuguesa. Claro que não foi por isso que Macau foi escolhido. Macau foi escolhido porque apresentou a candidatura. Fui ao XI Congresso em Cabo Verde, no Mindelo, apresentei e defendi a candidatura, e pareceu-lhes que as condições que Macau oferecia eram boas. Mas, em boa verdade, os decisores – os órgãos executivos da associação –estavam com a candidatura de Macau. Na mente deles existia claramente esta percepção da importância de Macau. Houve aqui um momento chave, quando há três anos convidei Hélder Macedo, que é o presidente honorário da associação, a vir fazer uma conferência a Macau. Ele apercebeu-se do potencial e do papel do território no que toca à língua portuguesa. E foi aí que ele teve a ideia – porque, em boa verdade, esta ideia acabou por ser dele. Estávamos um dia a jantar e ele desafiou-me a organizar aqui o congresso. Já tinha deixado a associação há uns anos e disse-lhe que ia pensar nisso, mas como o levei, umas horas depois, a cumprimentar o presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), ele voltou a falar no assunto. A partir daí, foi uma bola de neve, começou a crescer e deu este resultado. Mas penso que a primeira grande importância é essa: reconhecer o papel de Macau.

 A segunda grande importância será chamar a Macau e ao Congresso da AIL académicos chineses, algo inédito neste tipo de iniciativas.

É fazer, de facto, este cruzamento, porque é a primeira vez que acontece no Oriente, mas também é a primeira vez que professores universitários da China participam nos congressos internacionais de Lusitanistas. Não posso falar do passado porque não conheço toda a história de Macau do ponto de vista académico, mas também devo dizer que será provavelmente um dos maiores encontros de carácter científico ligados à língua portuguesa que alguma vez aconteceram no território. E isto é verdadeiramente significativo.

 Para quem está de fora deste tipo de encontros, o que é que se discute efectivamente? Qual é o verdadeiro sumo que se extrai daqui?

Estamos a falar de Humanidades em geral. Como dizia um dia Eduardo Prado Coelho, a utilidade das Humanidades é não terem utilidade nenhuma. Escreveu isso num ensaio e nunca mais me esqueci desta frase porque achei-a muito significativa. O que estas pessoas vêm fazer é trazer resultados das suas investigações. Estes encontros são verdadeiramente produtivos. Ninguém apresenta aqui uma comunicação sem que o resumo tenha sido previamente submetido a uma avaliação cega por pares. Para que alguém apresente uma comunicação aqui, ela teve de ser validada. Normalmente são o resultado de investigações em áreas que dizem respeito à língua portuguesa ou aos estudos relacionados com a língua portuguesa. Há sobre cinema, literatura, a conferência de abertura foi sobre cultura, por parte de Elias Torres Feijó, que é um dos grandes professores de assuntos portugueses em Espanha. Há sobre linguística, naturalmente, e depois há várias sobre questões sociais, porque isto mexe com todos os assuntos que tenham quer ver com a língua portuguesa, ou literaturas e culturas dos países de língua portuguesa. E nesta coisa das culturas dos países de língua portuguesa, cabe o cinema, a sociedade, a política, a história recente… Curiosamente, por ser em Macau, há algumas comunicações que têm que ver com este entrecruzar do Ocidente e do Oriente, ou seja, as relações entre o Ocidente e o Oriente, e o papel de Macau nessas relações. Estamos a falar de um total de 48 sessões paralelas. Como cada uma tem, pelo menos, três comunicações, estamos a falar de muitas comunicações ao mesmo tempo. As pessoas distribuem-se por salas e vão ouvir as comunicações, e vão discuti-las. Isto é um congresso científico.

 Todas estas comunicações serão fixadas mais tarde?

Em princípio serão publicadas, não num volume de actas. A associação já deixou, há muitos anos, de adoptar o princípio da publicação do volume de actas, porque é muito caro e depois não tem saída, não interessa a ninguém. É preferível fazer edições digitais e separadas por temas. Todas estas comunicações serão publicadas ainda este ano ou no próximo, mas em volumes temáticos. Sou dos fundadores da associação. Lembro-me que o primeiro volume de actas que publiquei, depois do primeiro congresso em 1984. As provas tipográficas foram todas corrigidas por mim. Estamos a falar de 500 ou 600 páginas de livro com temas que vão desde a história medieval, passando pela história das navegações, literatura brasileira, literatura galega… Depois ninguém quer aquele livro porque tem duas coisas que lhe interessam, mas tem 80 que não lhe interessam nada. A melhor solução, normalmente, são os volumes temáticos.

Está cá há quatro anos. A afirmação do papel da língua portuguesa deu o salto de que estava à espera?

Deu. Há grandes avanços. Podem não se medir em números, mas não estou muito preocupado com a estatística. Não sou daqueles que está a olhar para os números porque acho que o trabalho que se faz neste domínio só se sente daqui a cinco ou dez anos. Não é possível saber, no imediato, se a mercadoria foi vendida. Agora, vejo que é cada vez maior o empenhamento de quem tem nas mãos a decisão política em relação às questões do português. É particularmente visível que, quem tem de decidir, tem tomado posições muito claras em relação ao papel que Macau tem a desempenhar no que diz respeito ao português. Refiro-me no caso concreto a Macau, a quem exerce lugares de decisão em Macau – desde o Executivo, nomeadamente o secretário que tem esta responsabilidade, Alexis Tam, aos vários órgãos da Administração, nos diversos patamares onde isto tem de ser decidido – e refiro-me ao Governo Central. Não há dúvida de que aquilo a que assisti nos últimos quatro anos já não é falar disto de vez em quando, é uma insistência cada vez mais clara e nítida nesta missão de Macau no que toca ao diálogo com os países de língua portuguesa. Claro que tem que ver muito com as economias emergentes. Tem que ver com a crença que existe – e do meu ponto de vista é fundamentada – do crescimento de Angola, Moçambique e Brasil. Hão-de sair desta situação em que se encontram e quem souber estar a ocupar as posições agora, estará na grelha de partida. A China percebeu claramente isso, e percebeu que Macau tem esta herança e esta capacidade de fazer que provavelmente mais ninguém tem. Há uma grande diferença, por exemplo, entre Macau e a Índia e Goa. Dizem que, no próximo ano, vai haver um grande congresso de lusofonia ou de língua portuguesa em Goa. A grande diferença entre o que estamos a fazer agora, desde ontem, e aquilo que vai acontecer em Goa é que aqui isto é consequente. Há empenhamento político, e quem manda aqui põe meios e recursos ao serviço das conclusões que resultarem deste tipo de encontros. O que se faz em Goa é um fenómeno político que se esgota em si próprio. Passado o tempo do congresso, não vai acontecer nada.

Nota-se também uma diferença entre quem tem a responsabilidade do ensino da língua portuguesa em Macau, que passa por uma união que não existia, até com a criação da Associação de Estudos de Língua Portuguesa da Ásia.

Passa pela associação e por pôr as pessoas a conversar. Este ano aconteceu uma coisa muito interessante e, não sendo particularmente relevante do ponto de vista científico, teve esse significado. Houve aqui um congresso sobre literatura e filosofia, uma iniciativa que veio de fora, e foi-nos perguntado se estávamos disponíveis para a acolher. A iniciativa vinha de Portugal, a pergunta era feita ao IPM, também tinha sido feita à Universidade de Macau (UM) e à Universidade de São José (USJ). Enquanto andávamos nisto, tomei a decisão de contactar as minhas colegas, tanto na UM, como na USJ, e perguntar-lhes por que não discutíamos isto em conjunto. E, de facto, discutimos e organizámos em conjunto. Embora a comunicação social tenha dado notícia, passou mais ou menos despercebido o facto de que as pessoas da UM fizeram as suas comunicações no IPM, as pessoas do IPM fizeram na UM, as pessoas da USJ fizeram num lado ou noutro. Cruzámos os intervenientes. Isto nunca tinha acontecido em Macau. As instituições eram quintas que funcionavam em circuito fechado e isto nunca tinha acontecido em Macau. Aquele programa foi concebido numa reunião entre mim, Inocência Mata e Maria Antónia Espadinha. Sentámo-nos à volta da mesa, fizemos um programa e decidimos, ao fazê-lo, que tinha de ser assim. As pessoas não iam falar na sua própria casa, tinham de falar na casa do vizinho. Este cruzamento é vantajoso. Precisamos de pôr as instituições de Macau a cooperar. No IPM, assinámos um protocolo com o Camões, há uns meses. Mas esse protocolo abrange o Instituto Português do Oriente (IPOR). A relação que existia muitas vezes entre instituições e o IPOR era uma espécie de concorrência que não faz qualquer sentido, porque o objectivo e a acção do IPOR são fantásticos, mas não são os mesmos das instituições de ensino superior. Nós trabalhamos no ensino superior e o IPOR não. Há aí uma fronteira clara. Só ganhamos todos em cooperar uns com os outros. O facto de fazer um protocolo e abranger o IPOR não quer dizer que isto já esteja a dar resultado. Mas não tenho pressa, vamos lá chegar. A interacção tem de existir. A associação vai ser isso. Ainda só está no papel, já foi feita a escritura. Tem de passar o Verão para nós – eu, João Laurentino Neves e Fernanda Costa – passarmos a pasta a órgãos eleitos. E não somos nós. Tem de haver pessoas que peguem na associação. Mas passamos a ter uma associação que federa toda a Ásia. E isto é algo de novo em Macau, é um espírito novo. Tem de fazer o seu caminho, não tenhamos pressa, mas é um espírito novo.

Como é que foi este ano lectivo no Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa?

Foi um ano muito produtivo. Multiplicámos por dois o número de acções no Interior da China. Fizemos muitas mais acções do que fazíamos – também temos mais docentes e mais recursos. Quanto ao nosso número de publicações, chegaremos ao final do ano com dez livros publicados. Ganhámos o peso da responsabilidade do ponto de vista das publicações quando um livro que publicámos no ano passado, “O Delta Literário de Macau”, de José Carlos Seabra Pereira, ganhou o mais prestigiado prémio de ensaio em Portugal, o Prémio Eduardo Prado Coelho da Associação Portuguesa de Escritores. É um livro nosso, temos de assumir isso. O livro é da autoria de José Carlos Seabra Pereira, é um livro nosso, que foi escrito porque o convidei a estar em Macau durante um ano. Disse-lhe que tinha de dar aulas a apenas uma ou duas turmas, uma coisinha de nada, mas que tinha de escrever um livro sobre este assunto. E ele aceitou o repto. Temos uma fortíssima responsabilidade naquilo. Ganhar um prémio é, para nós, muito significativo. Entretanto, aquilo que ganhámos com esta consciência foi de que se o Interior da China precisa de materiais, temos de produzi-los. Já começou a série de produção e daqui até ao final do ano civil vão sair mais seis ou sete. Um saiu agora, sobre o ensino de fonética com canções. Utilizamos canções portuguesas para ensinar fonética, uma metodologia nova. É bom que Macau tenha consciência de que há coisas pioneiras que se vão fazendo aqui.

25 Jul 2017

Lusitanistas | Alexis Tam defende maior aposta na língua portuguesa

Começou ontem no território o primeiro congresso realizado na Ásia da Associação Internacional de Lusitanistas. Alexis Tam olhou para o que tem sido feito nos últimos anos no ensino do português, para defender que é possível fazer mais. Quem vem de fora reconhece a importância estratégica de Macau

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma maior aposta no português é fundamental para que Macau possa concretizar a missão de plataforma de cooperação com os países de língua portuguesa, afirmou ontem o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam.

“A concretização deste desígnio estratégico”, que Pequim atribuiu a Macau em 2003, “será mais fácil quanto maior for a aposta na língua portuguesa”, sublinhou o responsável na abertura do 12.º congresso da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL), que decorre até sexta-feira no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e pela primeira vez na Ásia.

“Macau tem características únicas e vantagens singulares para desenvolver com êxito a missão” de cooperação económica e cultural com os países de língua portuguesa e também no âmbito do projecto de investimentos em infraestruturas, liderado pela China, “Uma Faixa, Uma Rota”, considerou.

Alexis Tam acrescentou que nos últimos anos foram dados “passos significativos” no desenvolvimento do português na RAEM com um maior número de alunos e níveis de ensino da língua portuguesa, e com novos programas de intercâmbio e cooperação com o interior da China e os países lusófonos.

É “possível fazer ainda mais”, do ensino básico ao superior, “nos projectos e nos resultados” do desenvolvimento do português, uma das línguas oficiais de Macau, sublinhou o governante.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura destacou que Macau pode “ancorar em toda a Ásia” o projecto de desenvolvimento da língua portuguesa.

O português é “uma herança inegável da identidade” de Macau, com quatro séculos de história, e “visível em todo o território”, na toponímia, nas pessoas, nos lugares, disse. “E assim continuará a ser nesta pequena cidade da grande China”, declarou.

O presidente do Instituto Politécnico, Lei Heong Iok, afirmou que o português faz parte “da matriz” da instituição e é, há muitos anos, o caminho fundamental na estratégia de desenvolvimento do IPM”, destacando a aposta na mobilidade de docentes e alunos para desenvolver o estudo de português no interior da China e uma nova licenciatura, a partir deste ano, especialmente destinada a formar professores de língua portuguesa.

Plataforma relevante

Nesta edição, organizada pelo IPM, o presidente da associação, Roberto Vecchi, destacou que o papel da AIL é “mostrar o alcance global das culturas que se expressam em português”. Mais de 140 conferencistas, em representação de 14 países e 80 instituições universitárias de todo o mundo, participam neste congresso.

A especialista em literatura e também ex-ministra da cultura de Portugal, Isabel Pires de Lima, não tem dúvidas quanto à importância da realização do congresso de lusitanistas no território. “É um sinal importantíssimo da relevância da língua portuguesa e do trabalho sobre ela em torno da sua divulgação e da sua penetração na China”, afirmou ao HM.

Isabel Pires de Lima salienta ainda o papel de Macau neste processo. “Realizar-se aqui o 12.o Congresso da AIL é uma espécie de celebração para a associação e, naturalmente, para a própria língua e culturas de língua portuguesa”. Para a académica, actualmente, e num mundo onde uma parte das populações locais se exprime em língua portuguesa, “Macau é muito importante porque também aqui a língua portuguesa se afirma no quotidiano tanto como língua oficial, como língua de cultura”, explica. A ex-ministra não tem dúvidas: “Macau, de facto, tem sido uma plataforma da maior relevância, diria mesmo a mais importante plataforma para a promoção da língua portuguesa mundialmente e a Oriente”.

Já o representante da Fundação Calouste Gulbenkian, Rui Vieira Nery, considera que a realização deste congresso no território tem uma dupla importância. O também musicólogo explica: por um lado, é mais um encontro da AIL, que é a rede dos investigadores de língua e cultura de expressão portuguesa em todo o mundo e, por outro, porque é em Macau, o primeiro local a Oriente e que tem na sua história a cultura de Portugal.

Para Rui Vieira Nery, ficou clara na cerimónia de abertura do encontro “a opção estratégica e política das autoridades do território no desenvolvimento da língua portuguesa”. O responsável ficou ainda com a impressão de que “o português é um instrumento importante na própria afirmação política e económica de Macau como plataforma de entendimento entre a China e os países de expressão portuguesa no mundo”.

Está, na opinião de Rui Vieira Nery, formada uma “excelente base de trabalho para a expansão do ensino da língua portuguesa no continente”. “Temos aqui um aliado no ensino da língua e das múltiplas culturas de expressão portuguesa”, aponta.

Como português, afirma, “foi positivo constatar que as autoridades locais também vêem o território como uma plataforma de intercâmbio cultural em que há uma história e uma memória que não está esquecida”.

25 Jul 2017

IPM | Arrancou ontem a 4ª edição do “Verão em Português”

Ajudar professores chineses a leccionar a língua portuguesa é o objectivo de mais uma edição da iniciativa “Verão em Português”, que está a decorrer no Instituto Politécnico de Macau. Para Carlos André, o curso marca uma etapa decisiva do ensino do idioma no Continente e poderá definir a qualidade que terá no futuro

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]eve início ontem a quarta edição do curso “Verão em Português”. A iniciativa, a cargo do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM), dá assim continuidade ao projecto que traz professores de Português do Continente para uma semana de formação.

O objectivo, diz Carlos André, director do CPCLP, é poder desenvolver o ensino da língua na China colmatando as necessidades dos docentes. “O curso foi projectado de acordo com as necessidades que nos são apresentadas pelos professores de Português no interior da China”, referiu o responsável durante a cerimónia de abertura da formação.

Dos conteúdos a leccionar, a organização tem o cuidado de que vão ao encontro das dificuldades. “Como são necessidades muito vastas há sempre o cuidado de organizar a formação de uma forma muito abrangente. Temos alguns módulos de formação nas áreas da cultura e da literatura, e depois uma insistência muito grande na área da língua.”

Entre as maiores dificuldades apontadas pelos nativos de língua chinesa que se dedicam ao ensino do português, Carlos André sublinha a fonética e a gramática. “Neste curso abordamos a formação para a fonética, que é um dos problemas muito sérios dos professores de Português que são falantes nativos de chinês e os problemas das estruturas. A estrutura da língua chinesa e da língua portuguesa são substancialmente diferentes”, salienta. Este ano, o curso conta com 22 participantes. Se normalmente são professores do Continente, esta edição conta com dois formandos de Macau. Para Carlos André, esta situação é natural, porque quando se trata do ensino do português, “os problemas são os mesmos para todos”.

Uma etapa decisiva

A língua portuguesa já é ensinada há muito na China Continental. Começou a ser leccionada nos anos 1960 no Instituto de Rádio Difusão de Pequim e, pouco tempo depois, na Bei Wai de Pequim. Mas o ensino da língua teve uma interrupção ainda nessa década. No entanto, neste momento está, de acordo com Carlos André, num ponto decisivo do seu desenvolvimento.

“A verdade é que, se pensarmos quando é que o português começou a ter este crescimento forte, não foi há tantos anos assim. Foi apenas há dez anos que começou a crescer e a etapa actual é decisiva.” Carlos André explica: “É uma fase em que o que nós fizermos agora vai determinar a qualidade do português no interior da China para os próximos anos. O que tem de ser feito tem de ser feito já. Este é o momento em que as coisas arrancaram e precisam de ser consolidadas. É exactamente nesse ponto que estamos, no ponto a seguir aos primeiros passos, no momento em que a criança começou a caminhar, mas ainda cai muito”, refere o responsável.

As necessidades actuais são dirigidas em três sentidos: é preciso mais formação, são necessários materiais e há que consolidar a rede entre as universidades chinesas e o CPCLP.

Destes três anos de trabalho, o CPCLP tem um balanço muito positivo. “Neste momento há cerca de 180 professores de português no Continente, uma grande parte deles, mais de 100, são chineses e todos eles conhecem o centro”, afirma Carlos André.

O total de formandos a que o centro deu apoio até agora já anda na casa dos 200 e o número de horas de formação em Macau e no interior da China já passa as 1800, em cerca de 30 universidades.

Para já, só é possível formar uma turma, mas no futuro poderá ser diferente. “Quando chegarmos ao momento em que possamos ter duas turmas de 20 formandos no curso de Verão, seguramente que iremos fazer níveis de formação diferente.” Este ano, a divisão já está parcialmente a ser posta em prática. Os 22 alunos vão ser divididos duramente o período lectivo da manhã em duas turmas.

Carlos André afirma ainda que, em breve, haverá notícias de um novo projecto que estará pronto a ser divulgado.

 

 

Português é uma mais-valia

Helena Wu está pela segunda vez a frequentar o curso “Verão em Português” que decorre até ao dia 21 no Instituto Politécnico de Macau. Para a professora de língua portuguesa na Universidade de Nankai, as dificuldades ainda são muitas e esta formação representa uma forma de as ir colmatando. “Na China temos falta de materiais didácticos de formação de professores e este curso ajuda muito”, afirma. Helena Wu não deixa de referir o crescente interesse pela língua portuguesa por parte dos alunos do Continente. A razão, aponta, é simples. “Já é um facto. O português significa emprego na China”.

14 Jul 2017

Académicos chineses participam pela primeira vez em congresso de Lusitanistas

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezasseis académicos chineses vão participar pela primeira vez no congresso da maior associação de estudos de língua e culturas de língua portuguesa, que decorre este mês, em Macau, noticiou a imprensa local.

O 12.º congresso da Associação Internacional dos Lusitanistas (AIL), organizado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai ouvir 142 oradores de 15 países, em representação de cerca de 80 universidades, nomeadamente do Brasil, Espanha, Reino Unido, Itália, Polónia, Estados Unidos e Portugal, com as universidades de Lisboa, Porto e Coimbra.

Os 16 oradores da China vão representar universidades de Pequim e Xangai. De Macau participam entre oito a dez académicos, um da Universidade de Macau e os restantes do IPM.

De acordo com Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM, o “grande número de professores chineses com comunicações aprovadas” significa que os estudos de português “já evoluíram muito” na China.

O congresso conta com a presença da ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima, Rui Vieira Nery, membro da direcção da Fundação Calouste Gulbenkian, Onésimo Teotónio de Almeida, professor de português nos Estados Unidos e Hélder Macedo, docente do King’s College em Londres.

Uma das quatro sessões plenárias vai ser dedicada à língua portuguesa no mundo, nomeadamente na China e em Macau.

Ao longo de 48 sessões paralelas estarão em destaque as literaturas portuguesa, brasileira e africana, a história contemporânea e temas ligados aos estudos feministas na literatura, sociologia e cinema.

O congresso decorre entre 23 e 28 de Julho.

A última reunião da AIL realizou-se em 2014, em Cabo Verde, e elegeu presidente o italiano Roberto Vecchi, professor associado de Literatura Portuguesa e Brasileira na Faculdade de Língua e Literatura da Universidade de Bolonha (Itália).

14 Jul 2017

IPM | Congresso internacional está pela primeira vez no Oriente

É a estreia no Oriente do congresso que reúne intelectuais de todo o mundo que se dedicam à língua portuguesa e às culturas a ela associadas. O local escolhido foi Macau e, para Carlos André, é uma opção lógica: o território tem uma história de língua e cultura que o justifica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] 12.º Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas realiza-se pela primeira vez no Oriente e o local eleito foi Macau. De 23 a 28 deste mês, o território é o palco para troca de conhecimento acerca da língua portuguesa e das culturas dos países que a falam.

A candidatura do território para acolher o evento foi feita em 2014, na passada edição do congresso em Cabo Verde, e a sua realização em Macau é, para Carlos André, uma escolha evidente. “O território tem no seu ADN 400 anos de diálogo de culturas. Portugal reconhece isso, Macau também e a China também, mas é a primeira vez que este reconhecimento é feito por intelectuais do mundo inteiro e isto é um dado muito importante”, disse ontem o académico, na apresentação do congresso.

Carlos André reforça: “É a primeira vez que universidades internacionais vêm ao território para afirmar com muita clareza que Macau tem um papel a desempenhar e que a história do território tem um significado muito especial neste diálogo cultural em que o português é, claramente, um elemento marcante”.

O evento, que conta na organização com o Instituto Politécnico de Macau (IPM), concretiza ainda “a confirmação da estratégia de ensino que o instituto já desenvolve há muitos anos e, com este congresso, vai continuar a desenvolver”, diz.

Conhecimento do Continente

De Macau vão participar entre oito a dez académicos, um da Universidade de Macau e os restantes docentes do IPM. No entanto, a maior novidade é a quantidade de professores chineses que se dedicam ao estudo da língua portuguesa. Este ano estão inscritos 16 académicos do Continente sendo que, quase todos, diz Carlos André, vão apresentar comunicações.

“Conheço os congressos da associação desde 1984 e é a primeira vez que há professores chineses”, explica. O destaque dado à participação dos académicos da China é inevitável. “O facto de, na sua maioria, participarem com apresentações do seu trabalho significa que estes jovens da China já evoluíram academicamente, e já têm conhecimentos e investigação realizada para poderem apresentar uma comunicação”, refere.

O também director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa explica a importância e o mérito que implica fazer apresentações neste evento. “Não apresenta comunicações quem quer, mas quem quer e é aceite”, sendo que os trabalhos são sujeitos a um processo de selecção através da revisão por pares e revisão cega. Ou seja, apenas os melhores são seleccionados. “É um processo muito exigente e que existe nas melhores organizações do mundo”, sublinha Carlos André.

O desenvolvimento dos estudos acerca do português na China revela a relevância que a língua começa a ter no Continente. “Se há um grande número de professores chineses com comunicações aprovadas, significa algo de muito importante: os estudos de português já evoluíram muito no interior da China”.

Semana de conhecimento

Os temas em destaque na edição deste ano são as literatura portuguesa, brasileira e africanas.

Vai ter lugar uma mesa redonda de escritores com a presença de Carlos Morais José, em representação do território. De Moçambique vai estar João Paulo Borges Coelho e do Brasil Ana Miranda. Fazem ainda parte do programa duas sessões plenárias e 48 sessões paralelas.

Os temas são muitos, mas Carlos André destaca alguns. A língua portuguesa em Macau, na China e no Mundo, é um deles, mas a literatura no cinema, trabalhos acerca dos estudos feministas presentes na literatura e na sociologia vão também ser alvo de apresentações.

O Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas tem uma periodicidade trienal. Este ano, o evento tem 142 inscrições formalizadas. A organização contava com cerca de 180, mas alguns dos académicos vindos do Brasil não podem comparecer dada a situação de crise económica daquele país.

Estarão representadas 80 instituições de ensino superior de 15 países. Entre elas, Carlos André destaca algumas por serem consideradas das melhores do mundo. Oxford, Bolonha, a Beida de Pequim ou a Universidade de São Paulo são apenas alguns dos exemplos dados.

O evento está aberto a todos os que queiram assistir.

13 Jul 2017

Caso IPM | SAFP garante que Governo cumpre lei da contratação

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m resposta à polémica gerada pela informação de que uma aluna oriunda do Interior da China terá sido contratada por um canal de recrutamento especial, Eddie Kou, director dos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP), diz não conhecer o caso.

Ouvido à saída de uma reunião da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, o dirigente afirmou que os serviços ainda estão a recolher informação sobre o sucedido. “Os SAFP não receberam ainda qualquer informação sobre o recrutamento desta aluna”, comentou, acrescentando que por esse motivo não poderia atestar da veracidade do caso.

Na eventualidade de a estudante ter celebrado contrato individual de trabalho, a lei dita que, além da aprovação da entidade empregadora, a admissão deve ser aprovada pelos SAFP de forma a validar o respectivo recrutamento.

De acordo com Eddie Kou, os serviços que dirige não chegaram ao contacto com a aluna, mas do Instituto Politécnico de Macau (IPM) veio a informação de que não terá sido feito qualquer tipo de recomendação para admissão na Função Pública.

Neste sentido, Eddie Kou garante que o Governo cumpre a lei “para proceder ao respectivo recrutamento e selecção” de pessoal. O dirigente dos SAFP esclareceu que, além do regime geral, que tem um concurso uniformizado, os serviços públicos podem ainda admitir pessoal através de regimes complementares. “Se não contratamos pessoas suficientes ou adequadas, podemos recorrer ao regime suplementar de recrutamento”, frisa.

O dirigente explica que as contratações de não locais, apesar de escassas, podem ocorrer, desde que de acordo com a lei. Eddie Kou explicou ainda que de um universo que excede os 30 mil funcionários públicos, apenas cinco mil estão vinculados através de contrato individual de trabalho, e que destes 20 por cento não são locais.

29 Jun 2017

IPM suspende licenciatura em Relações Públicas

O HM recebeu uma carta que dava conta da impossibilidade de inscrição no curso de Relações Públicas. O IPM confirmou que suspendeu as matrículas para o próximo ano, mas que o curso não será cancelado, prosseguindo as aulas sem problemas

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma carta anónima chegou às redacções dos jornais dando conta da preocupação dos pais de estudantes que frequentam o curso em Relações Públicas da Escola Superior de Artes. Em causa estava a impossibilidade de novas matrículas no próximo ano lectivo, algo que terá amedrontado alguns alunos.

Em resposta à referida missiva, o Instituto Politécnico de Macau (IPM) fez um comunicado a alertar que “não é verdade que haja intenção de encerrar o curso; é, apenas, uma suspensão, por ser esta a melhor forma de aumentar o número de estudantes”.

A carta anónima também adiantava que chegaram aos ouvidos dos actuais estudantes que algumas disciplinas poderiam não voltar a ser leccionadas não só no próximo semestre, como nos anos vindouros. Fonte do IPM comentou ao HM que esta parte da carta está completamente errada. “A única coisa que é verdade é que em 2017/2018 não há candidaturas”, explicando ainda que “o IPM garante a todos os actuais estudantes a continuação dos cursos, assim como épocas de avaliação suplementares”.

Também em comunicado, a instituição de ensino garante a possibilidade de retoma do curso quando este recomeçar a qualquer aluno que tenha ficado para trás, ou com cadeiras em atraso do primeiro ano. No entanto, entre alguns alunos as preocupações são muitas. “Estou muito nervosa com o futuro da minha carreira, porque se o curso for cancelado não sei se será levado a sério no mercado de trabalho. Conheço mais pessoas que também estão preocupadas, algumas que até já completaram o curso”, revela uma estudante que falou com o HM, mas que preferiu não ser identificada.

Uma preocupação semelhante vem patente na carta anónima, onde se diz que “as incertezas quando à segurança da continuidade do curso trazem inseguranças nas futuras carreiras dos estudantes”.

Professores para manter

Outra das reclamações elencadas na carta anónima, que diz representar os pais dos alunos do curso, prende-se com a suposta falta de transparência da administração do estabelecimento de ensino a lidar com esta matéria. O IPM responde declarando que falta de transparência “seria abrir inscrições para 2017/2018, sabendo-se que o curso não iria abrir”.

Por parte da estudante que ouvimos, a aluna afirma que não foram contactados, que ninguém os informou pessoalmente. A mesma estudante adiantou ainda que não tentou falar com a administração por achar que “a decisão estava tomada e que não podiam fazer nada”.

No entanto, o instituto garante que o curso não sofrerá perturbações. “Todos os recursos humanos que existem neste momento continuam a ser utilizados”, garante ao HM fonte da escola. No esclarecimento formal do IMP lê-se que o estabelecimento “possui recursos qualificados, humanos e materiais, para prosseguir a formação dos actuais estudantes, com a qualidade que é sua característica”.

Para a instituição de ensino, o que está em causa é uma descida substancial do número de estudantes inscritos no curso em questão. A procura da licenciatura diminuiu 64 por cento em relação aos últimos três anos, enquanto as matrículas caíram para metade. Acrescente-se ainda que “o sucesso nos exames de admissão foi muito baixo no último ano”, de acordo com o comunicado do IPM. A fonte do instituto ouvida pelo HM comentou ainda que “quando isto acontece num curso temos de parar para pensar, faz uma restruturação e continuar, procurando tornar o curso mais apetecível, de forma a servir melhor a população”.

24 Jan 2017

Cerca de 130 alunos aprenderam mandarim em parceria com IPM

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á dez anos que a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) aposta na aprendizagem do mandarim, tendo já formado cerca de 130 estudantes portugueses. A licenciatura em Tradução e Interpretação Português-Chinês/Chinês-Português foi lançada com uma turma de seis alunos e em parceria com o Instituto Politécnico de Macau (IPM), referiu o coordenador do departamento de Línguas e Literaturas da ESECS, Luís Barbeiro.

Actualmente, o IPL conta tem como parceiros instituições de ensino superior de Macau, Pequim, Hainan, Jiangxi, e Sichuan. “Foi todo um mundo novo que se abriu. Numa altura em que a actividade tradicional da escola, que era no domínio da educação, entrou em regressão, esta acabou por ser uma via em que se passou a apostar e tornou-se numa das marcas fortes da formação da ESECS, até porque a ida dos alunos para Macau e Pequim é parte integrante do currículo”, explicou Luís Barbeiro. No ano lectivo 2016/17, a ESECS tem cerca de 130 alunos chineses a aprender português, provenientes das cinco universidades parceiras, bem como 102 estudantes portugueses a aprender chinês.

A estrutura da licenciatura de quatro anos prevê que no 2.º e no 3.º anos os alunos portugueses tenham aulas em Pequim e Macau, enquanto os alunos estrangeiros vão para o Politécnico de Leiria. No 1.º e no 2.º anos, o currículo incide na aprendizagem da língua. Já nos dois últimos anos os alunos aprendem técnicas de tradução e interpretação. O último semestre é constituído pelo estágio, introduzido em 2012. “Quisemos proporcionar a ligação ao mercado de trabalho e às saídas profissionais”, acrescentou o docente. Esta licenciatura foi uma consequência natural das ligações que existiam entre o IPL e o IPM e que já permitia o intercâmbio de alguns estudantes de forma isolada. Apesar de inicialmente a procura ser pouca, “manteve-se o curso”. Hoje, as vagas disponíveis são sempre preenchidas.

18 Nov 2016

Português | IPM quase a atingir todos os docentes da China

O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa comemora hoje cinco anos de existência com um colóquio a duas vozes. O seu director, Carlos André, afirma que 2016 foi um dos melhores anos para o centro, que está quase a atingir a totalidade dos docentes de língua portuguesa da China

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando foi criado, em 2012, tinha um objectivo: formar todos os docentes de língua portuguesa da China que se viam a braços com vários desafios, com muitos professores a darem aulas nas universidades com apenas uma licenciatura, dada a imensa procura pelo idioma. Cinco anos depois, pode-se dizer que o Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), cumpriu os seus objectivos.

“Devo dizer que as acções de formação realizadas até agora no interior da China devem ter abrangido entre 80 a 90 por cento dos docentes de português no país. Estamos muito perto dos 100 por cento dos professores atingidos pelas acções de formação que realizamos ou que vamos realizar este ano. Até Dezembro, ainda temos três acções de formação”, disse ao HM Carlos André, director do centro.

Para o responsável, o ano que está prestes a terminar foi o ponto mais alto em termos de projectos e actividades. “O nosso corpo docente cresceu ao longo deste ano e diria que, se todos os anos têm correspondido a um progresso, 2016 foi um ano de grande sucesso, com o ponto alto que foi o lançamento de dois livros com a presença do primeiro-ministro português [António Costa] e o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura [Alexis Tam].”

Até ao final deste ano ainda vão ser lançados mais quatro livros. Quanto às acções de formação para 2017 “vão ser intensificadas”, garantiu Carlos André. “O ponto alto será Julho, um mês forte na vida do centro, porque teremos o fórum internacional do ensino da língua portuguesa, que vamos realizar em Pequim. Teremos ainda o curso de formação em Macau. Mas o ponto mais alto será a realização do congresso da Associação Internacional de Lusitanistas, organizado por nós pela primeira vez na Ásia e onde contamos ter os melhores dos melhores professores ligados à língua e cultura portuguesas em todo o mundo”, adiantou Carlos André.

Analisar experiências

Hoje e amanhã decorre no IPM, em parceria com a Escola Superior de Línguas e Tradução, o colóquio intitulado “Diálogos entre língua(s), literatura(s) e cultura(s) no ensino e na tradução do português e chinês”. Irão participar Alexandra Assis Rosa, subdirectora da faculdade de letras da Universidade de Lisboa, e Catarina Xu, subdirectora da faculdade de estudos europeus e latino-americanos da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai.

Para Carlos André, o objectivo é fazer “um intercâmbio de experiências”. “Este ano fizemos uma celebração do aniversário com um figurino bastante diferente. Em vez de pedirmos a uma pessoa para fazer uma conferência resolvemos colocar várias pessoas com experiências muito diversas na área do ensino do português como língua estrangeira, decidimos pô-las a conversar. Esperamos uma troca de impressões e que isso seja enriquecedor para todos”, rematou.

14 Nov 2016

Jogo | Macau forma futuros operacionais de Cabo Verde

A licenciatura em gestão de jogo administrada pelo instituto politécnico de Macau abriu portas, este ano, aos alunos cabo-verdianos. A iniciativa pretende preparar a população para a entrada de novos casinos nas ilhas africanas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o Instituto Politécnico de Macau (IPM) há uma turma composta unicamente por cabo-verdianos que aprendem como gerir casinos, numa altura em que o país se prepara para dar cartas na indústria do jogo.

Belany, António e Kino são três dos 17 estudantes que conquistaram uma bolsa de estudo para frequentar a licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, do IPM. Muitos nunca entraram num casino a sério, mas a sala onde começaram a ter as aulas práticas na capital mundial do jogo apresenta semelhanças com uma sala de jogo.

Atrás de uma mesa – vestindo a pele de ‘croupier’ – Belany Lopes, de 22 anos, separa e espalha fichas de diferentes cores, de forma metódica, pelo pano verde, sob o olhar de uma colega, enquanto murmura números. “Estava a fazer os cálculos de ‘blackjack’. No começo parece difícil, mas com a prática fica fácil! É interessante”, disse à agência Lusa.

“Para gerires um bom negócio tens de entender tudo para saber como funciona”, afirma. “Sempre quis fazer gestão e gestão de jogo é algo diferente”, observou Belany, que se formou em Bioquímica no Brasil, mas concluiu que “não gostava de ficar o dia inteiro no laboratório” e que a idade lhe permitia “esta aventura”.

Kino Rodrigues, de 23 anos, ao contrário da maioria dos colegas, que se conheceram na terra-natal durante o processo de candidatura, estava fora de Cabo Verde antes de ir para Macau: encontrava-se em Pequim desde 2014 a estudar mandarim.

“Apareceu a oportunidade e como gostava de fazer ‘management’ [gestão] resolvi vir. O nosso país é pequeno e nem todo o mundo tem a possibilidade de continuar os estudos. Acho que é o caso de muitos dos que aqui estão”, afirmou, garantindo, porém, que não deixou o mandarim na gaveta: “Continuo a praticar em casa, por mim mesmo, a falar, a tentar escrever”.

Oportunidades de ouro

Embora reconheça o “desafio enorme”, até porque estudam em inglês, Kino diz estar “a gostar muito” e reconheceu a mais-valia numa altura em que Cabo Verde se abre à indústria do jogo: “É uma oportunidade de ouro”.

António Lopes, de 19 anos, um dos mais novos da turma, também juntou o útil ao agradável: “Contas sempre foi uma das minhas paixões. Eu queria fazer outro curso, mas como tenho outros dois irmãos que estudam, eu sabia que ia ser difícil para os meus pais”.

Além disso, este curso “era atractivo porque, com o empreendimento que vão fazer em Cabo Verde, as possibilidades de trabalho são maiores”, frisa António Lopes, que ainda não tem idade para entrar nos casinos em Macau, vedados a menores de 21 anos.

“Estou a gostar, mas a minha grande paixão era fazer engenharia aeronáutica ou pilotagem. Quem sabe depois talvez desista” dessa ideia, partilhou, dando uma única certeza: “Vim para estudar, não vim para brincar. Se era para brincar ficava em Cabo Verde”.

Apesar de considerarem o curso uma oportunidade, ao abrir o leque de opções de emprego quando Cabo Verde dá os primeiros passos na indústria do jogo, o regresso a casa não é aposta garantida. Belany ri-se: “Sinceramente, não sei. Acho que prefiro aventurar-me, queria trabalhar um pouco em Macau, ganhar mais experiência antes de voltar”, disse, sem esconder outras possibilidades em cima da mesa, como Las Vegas ou República Checa.

Também Kino afirma que desde que saiu do seu país, em 2014, sempre pensou em viver e trabalhar fora, mas o cenário pode mudar perante um convite para trabalhar em Cabo Verde: “É a minha terra, ficava perto da minha família”.

Já António Lopes pretende esforçar-se para arranjar emprego fora: “Mesmo sabendo que no meu país há possibilidade de trabalho sempre há aquela ideia de que vou estar melhor do que lá”. Mas, “se não der”, “não tenho problemas em voltar”, confessou.

Os primeiros

Esta turma tem duas particularidades: só tem cabo-verdianos e é a primeira do curso desde que, neste ano lectivo, se alargou a língua veicular ao inglês. O curso funciona desde 2009/2010 mas, até agora, apenas em chinês, explicou a directora do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do IPM, Hester Cheang Mio Han. “Este grupo é grande para um curso tão especial ou específico como este”, sublinha.

O programa da bolsa de estudos inclui a isenção de propinas e outras taxas, alojamento gratuito e um subsídio mensal ao longo dos quatro anos do curso, mas dependente do aproveitamento.

Este ano foi lançada em Cabo Verde a primeira pedra do projecto turístico do Ilhéu de Santa Maria/Gamboa, defronte da cidade da Praia, que inclui um casino com contrato de concessão de 25 anos. Trata-se do maior empreendimento turístico previsto para o país, resultante de um investimento do grupo Macau Legend, do empresário chinês de Macau David Chow, estimado em 250 milhões de euros – cerca de 15% do PIB de Cabo Verde – e tem abertura prevista para 2019. Mas o primeiro casino do país vai abrir ainda este ano, na ilha do Sal, dentro de um empreendimento da marca Hilton, encontrando-se a construção em fase final, afirma a agência Lusa, citando uma fonte da Inspecção Geral de Jogos de Cabo Verde.

14 Nov 2016

IPM | Laboratório de tradução automática para breve

É a revolução que pode ajudar a diminuir as dificuldades da tradução no Governo: o IPM quer inaugurar em breve um laboratório de tradução automática de Chinês e Português e já tem colaboradores prontos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai inaugurar, em breve, um laboratório de tradução automática de Chinês e Português, projecto de “grande importância” que tem como parceiro o Politécnico de Leiria, disse à agência Lusa o presidente da instituição. O laboratório vai ser inaugurado, em princípio, no próximo mês, por ocasião da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), a 11 e 12 de Outubro, indicou Lei Heong Iok.
Esse laboratório, que vai funcionar no IPM, contará com três equipas, versadas em particular na área da Informática e da Interpretação/Tradução, em que membros de Macau, de Portugal e do interior da China vão trabalhar em conjunto para conceber uma “máquina” capaz de traduzir de Chinês para Português e de Português para Chinês.
“É um projecto difícil, mas de grande significado”, observou, explicando que o laboratório conjunto das duas instituições de ensino superior – parceiras de longa data – vai contar com outros reforços de Portugal e do interior da China.
“Tem o apoio da Universidade de Coimbra. E, do outro lado, conta com o apoio técnico da maior empresa de tradução da China, porque eles já têm tecnologia na área da tradução Chinês-Inglês/Inglês-Chinês”, e da Universidade de Línguas Estrangeiras de Cantão, explicou Lei Heong Iok.
A porta não está, contudo, fechada à entrada de novos parceiros, com o presidente do IPM a referir que outras universidades portuguesas e/ou chinesas com interesse ou cursos de tradução automática podem vir a contribuir, no futuro, para o projecto.
“Se conseguirmos [conceber] um computador intérprete/tradutor automático quem ganhará com isso é a Administração de Macau. Hoje em dia fala-se muito de dificuldades, da falta de intérpretes/tradutores, de bilingues, há queixas de burocracia, lentidão. Se conseguirmos um computador que saiba traduzir Português-Chinês e Chinês-Português vai ser um grande instrumento”, afirmou o presidente do IPM, deixando claro que a ideia não é criar uma máquina para substituir o homem, mas apoiá-lo e reduzir o volume de trabalho que enfrenta, reiterou Lei Heong Iok, dando o exemplo que lhe serviu de inspiração: o sistema usado pela União Europeia.
“Visitei a União Europeia e eles mostraram-me a máquina de Português-Inglês ou Francês. Eu pensei: por que não [utilizar um sistema idêntico] em Macau? Temos duas línguas oficiais e há tantas dificuldades e queixas”, explicou Lei Heong Iok, indicando que na área da conversão assistida há “pouca coisa”.
“De facto, outras instituições também pensaram nesse sentido mas não conseguiram resultados satisfatórios”, apontou Lei, indicando que a primeira meta a atingir é até 2020.
Esse objectivo passa por “resolver problemas que existem neste momento na área da tradução na administração pública”, podendo depois evoluir para outras áreas, como a da Educação ou mesmo Medicina.

Qualidade e orçamentos

Lei Heong Iok reconheceu, porém, que a qualidade é um importante factor a ter em conta: “É sempre um problema, a gente tem sempre de se esforçar pela excelência. Depende também das áreas, a da ciência e tecnologia não é tão difícil.”
Sobre o financiamento do novo laboratório, com uma área de 200 metros quadrados, indicou que o IPM “começou com alguns milhões”, sem especificar.
Este projecto é financiado pelo IPM e a empresa de Pequim. Para o próximo ano, o orçamento do laboratório é de seis milhões de patacas, indicou, dando conta de que foi pedido apoio à Fundação Macau e encetados contactos com a Fundação de Ciência e Tecnologia de Macau.

Bodas de prata

Uma das principais metas do Instituto Politécnico de Macau (IPM) é dar o salto académico, oferecendo mais mestrados e doutoramentos, quando celebra, na próxima sexta-feira, 25 anos de existência, disse o presidente da instituição. O IPM cruzou o milénio com seis escolas, tantas quantas tem hoje: Língua e Tradução (a mais antiga), Saúde, Administração Pública, Educação e Desporto, Gestão e Artes. A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal validou, até ao momento, dois – o de Administração Pública e o de Tradução/Interpretação português-chinês/chinês-português –, sendo que o IPM pretende pedir ajuda para mais cursos, incluindo na área da Saúde, de forma “a garantir a [sua] qualidade e reconhecimento internacional”.

Português Global lançado em Outubro

O manual de ensino “Português Global”, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai ser lançado oficialmente no próximo mês e depois distribuído na China graças a um inédito acordo com uma editora de Pequim. O lançamento vai ter lugar por ocasião da V conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), marcada para 11 e 12 de Outubro, embora a data em concreto ainda esteja por decidir, adiantou à agência Lusa o presidente do IPM, Lei Heong Iok.
O acordo alcançado no ano passado com a Commercial Press constitui o primeiro do tipo em que uma editora chinesa vai difundir manuais de ensino de Português produzidos fora do interior da China, como explicou, em Abril, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André. O manual é essencialmente o mesmo, com ligeiras variações, a fim de o moldar ainda mais ao público-alvo.
Em princípio, no mesmo dia do lançamento oficial do manual, vai ser lançado um outro livro, editado pelo IPM, da autoria de Carlos André, adiantou Lei Heong Iok.
“Uma língua para ver o mundo: olhando o português a partir de Macau” é o título da “colectânea de ensaios”, todos inéditos à excepção de dois, escritos ao longo do tempo, em particular nos últimos dois anos. “Reflexões” que incidem principalmente sobre o actual ponto de situação, mas “apontam obviamente perspectivas ou caminhos”.

19 Set 2016

Cantonês | IPM integra ensino do dialecto no curso de Mandarim

O que é que se fala em Macau? A resposta parece óbvia: Chinês. No entanto, o Chinês de Macau é diferente do de Pequim e há quem venha para cá não só estudar Mandarim, como aproveitar uma nova licenciatura que contém a disciplina de Cantonês e alargar o conhecimento no espectro a que se chama de Chinês. Não oficial, o dialecto do território é procurado e tido como um passo para o abrir de novas portas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau e Hong Kong são duas regiões administrativas especiais que em comum têm o Cantonês. A língua oficial por estes lados é o Mandarim, mas nas ruas, no Governo e nos negócios é falado um dos dialectos mais populares do Sul da China. O Cantonês é forma de comunicação, essencialmente oral, mas tem passado ao lado dos currículos académicos. O argumento é, na sua maioria, o facto de não ser língua oficial. Mas, sendo a voz que dá tom às ruas e actividades da terra seria ou não importante abordá-lo nos planos curriculares?
Se quando se fala das traduções Português para Chinês, por exemplo, o alvo cai de imediato no Mandarim, dentro do território confundem-se ambas e para os locais é óbvio que se fala de Cantonês. “Está implícito.” Então, como é que ficam aqueles que se vêem no território a estudar Mandarim e, pelas ruas, meios de comunicação e palavras do Executivo acabam por perceber que não é isso que, de facto, se fala por cá?
Em pleno início de ano lectivo e no arranque de mais uma temporada em busca da formação para concretizar sonhos ou obrigações, há alunos para quem esta questão não só parece evidente como até vieram para cá em busca do Cantonês e de um leque mais alargado de aprendizagem.
Ao chegar à cerimónia de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Macau não foi só a diversidade de pessoas vindas de fora que atraiu a atenção, nem a expectativa dos alunos que integram a nova licenciatura em Mandarim. O foco foi que, pela primeira vez, o Cantonês foi integrado no plano curricular nesta mesma licenciatura.

Passos que aproximam

A integração de duas disciplinas semestrais de Cantonês com carácter optativo é “um passo arriscado e ainda um pouco tímido, mas que tinha que ser feito”, afirma Luciano de Almeida, director da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM. “A introdução da disciplina de Cantonês no plano de estudos correspondeu a uma opção muito clara que a escola tomou de introduzir o idioma que é mais falado pelos residentes de Macau.”
O curso que já marca há muito a diferença e que estabelece o protocolo com o Politécnico de Leiria – tendo sido o primeiro de língua chinesa em Portugal – tem também prevista uma revisão no futuro, que pretende dar aos alunos que todos os anos passam no território a possibilidade de aprender objectivamente o que ouvem nas ruas da cidade.
“Há uma aposta clara no sentido da aproximação com a terra e com a identidade de Macau. Ainda são apenas duas disciplinas, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia e direi que o difícil foi introduzir as duas primeiras”, explica o director.

Manuais em construção

Para Luciano de Almeida, a realidade de Macau é vista como muito particular. Uma mescla de línguas faladas e escritas que fizeram com que “fosse muito importante a produção de manuais pedagógicos que são feitos tendo em conta essa preocupação”.
Os manuais que têm em conta a escrita tradicional e simplificada ainda estão a ser concebidos e isso é um processo que “será feito passo a passo”. Para Luciano de Almeida, “o facto de utilizarmos as primeiras cinco ou seis lições que temos preparadas sem ter o manual impresso permite-nos, no contacto com os alunos, percebermos se temos que fazer ajustes ou não”.
“É uma missão pioneira, é um desafio e é um desafio que tem que ser ganho”, afirma o responsável. “Corresponde a uma identificação com a terra e esta é uma aposta que queremos e vamos ganhar.”
Enraizar-se em Macau e servir melhor todos os cidadãos é um dos lemas pedagógicos que rege o IPM. O presidente da instituição, Lei Heong Iok, não esconde a satisfação num início de ano lectivo em que “o dialecto que não é só deste território, mas mais que isso tem muita influência já em vários países” tem nome nos planos académicos. “Este ano começamos com uma novidade, um curso com essa opção que já está à disposição dos nossos estudantes.”
Com os olhos postos nesta iniciativa de identificação local e projecção global, Lei Heong Iok refere que “alguns [alunos] já escolheram este curso para ter Cantonês e oxalá que tenha futuro”. O curso de Mandarim é, no entanto, e pelas “razões óbvias”, o mais solicitado. “Vamos levar em consideração o que os estudantes querem”, diz.
São estudantes do Brasil, Portugal e Cabo Verde e “começaram agora as aulas de Mandarim e que, no futuro, se quiserem já têm ao seu dispor aulas de Cantonês.
Para o presidente esta é uma forma de dar mais um passo na concretização da “grande plataforma entre a China e os países de expressão portuguesa”.

Pelo Cantonês

Daniel Dutra é professor do ensino básico e vem do Brasil para integrar a nova licenciatura de Mandarim. Faz parte do grupo de alunos que vieram frequentar este novo curso abrangidos por um protocolo com a Universidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul.
Antes de fazer esta escolha de mudar de vida e de lado do mundo, Daniel analisou o plano curricular que o podia esperar e não tem dúvidas: “o Cantonês é um acréscimo porque dentro dos vários dialectos que se falam na China é, com certeza, o principal”.
Com quatro anos pela frente, não faria sentido para Daniel Dutra aprender o Mandarim “sem passar pelo Cantonês também”. “Sem isso não conseguimos comunicar com a população local e é importante nestes quatro anos sabermos como conversar com as pessoas que são de cá através da sua língua natal.”
O novo aluno argumenta ainda que “é uma forma de pôr os anfitriões temporários” mais à vontade e de também se sentir mais incluído. Daniel não sabia que era a primeira vez que a língua estava a ser ensinada nesta instituição e recebe a informação com surpresa e alegria “porque não faria sentido ser de outra forma”.
Artur tem 25 anos e estava a estudar Engenharia Ambiental quando, perante a oportunidade de vir para Macau, abandonou o projecto inicial e resolveu “começar tudo outra vez”. Ingressou no novo curso de Mandarim do IPM, também vem do Rio Grande do Sul e escolheu o Mandarim “pela relevância económica que cada vez é mais notável a nível mundial”. A possibilidade de ter duas disciplinas de Cantonês é algo que agrada ao aluno, porque sem dúvida nenhuma, o Cantonês, segundo o que pesquisou, “apanha cerca de 30% da China contando com Hong Kong e Macau”.
Estudava Relações no Brasil e fez o mesmo que alguns dos seus colegas. Januário mudou de área para vir aprender Mandarim e se a bolsa foi um grande incentivo para que a decisão fosse tomada, a procura de uma experiência internacional foi mais um motivo aliado à situação incerta que o país natal está a viver. Depois veio o Chinês que é uma língua muito falada e muito importante na área dos negócios. “Quem não faz negócios, hoje em dia, com a China é porque está parado”, ilustra. Maravilhado com Macau e o seu “cosmopolitismo” e segurança, coisa a que “nem está acostumado”, Januário considera que “dado estarmos num sítio onde o Cantonês é a língua falada, claro que há a necessidade de o aprender para justamente conseguir comunicar aqui”.
Januário adianta ainda que Hong Kong e Macau são dois territórios extremamente desenvolvidos e que tendem a crescer na sua perspectiva e, por isso, “só há vantagens em aprender este dialecto”.

Talvez mais tarde

Gonçalo tem 20 anos e está no terceiro ano do curso de Tradução Português/Mandarim. Para o aluno de Leiria, integrar o Cantonês na licenciatura a esta altura do campeonato faria sentido e não só em Macau mas também na província de Guangdong. No entanto a melhor aposta seria um mestrado integrado após o curso de Mandarim ou vir a existir uma especialização no dialecto dada a sua importância no território.
Já Patrícia, da turma de Gonçalo, considera que “de certa forma seria bom integrar o Cantonês no seu curso, seria uma coisa boa e diferente”. Pedro Monteiro, aluno da mesma licenciatura, não descurando a importância do Cantonês, considera que estando no terceiro ano de Mandarim “seria um factor de confusão”. No entanto, salvaguarda a possibilidade de vir a ser uma opção a ter em conta no que respeita a futuras especializações.
“Uma pós-graduação iria abrir mais portas no sul da China e, isso sim, seria uma excelente hipótese”, remata.

Línguas à parte

Mesmo para quem não estuda línguas esta perspectiva de aprender Cantonês parece ser bem acolhida. Tiago Martins é licenciado em Serviço Social e mestre em Educação Social e está com nova licenciatura nas mãos, desta feita em Engenharia Informática. O português não hesitou quando apareceu a oportunidade de vir para a RAEM estudar e diz que “gostaria de aproveitar e aprender algum Mandarim e Cantonês por ser uma mais valia”. “É uma forma de comunicar e conhecer melhor esta cultura”, afirma ao mesmo tempo que considera que “além de enriquecimento de CV, faria possível abrir mais portas mesmo em Portugal, porque na área das tecnologias estamos a lidar com pessoas da China Macau e Hong Kong e a barreira da linguagem é muito grande”.
O HM tentou auscultar a opinião do Governo acerca da necessidade de tradutores que aprendam tradução que contenha o Cantonês, bem como a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude para saber se os serviços poderão ou não vir a pensar no ensino do Cantonês de forma sistemática. No entanto, e até ao fim da edição, não se obteve resposta.

22 Ago 2016