Lei Heong Iok, presidente IPM: “Cada vez mais escolas pedem docentes de português”

O ensino bilíngue é uma das “meninas dos olhos” de Lei Heong Iok. O presidente do Politécnico de Macau acredita na RAEM enquanto plataforma de trocas comerciais e culturais e lidera uma instituição que acompanha os tempos e as mudanças

Para o Instituto Politécnico (IPM) quais as mais-valias da Lei do Ensino Superior?
Para o IPM o aspecto mais importante é, com certeza, o poder vir a abrir os graus de mestrado e doutoramento. Esta abertura é de grande importância para o ensino superior até porque até agora, não podíamos abrir estes graus e com a futura lei do ensino superior o IPM poderá ter este poder académico.

Mas já têm parcerias com o grau de mestrado…
Sim. Os nossos colegas dos politécnicos portugueses já oferecem essa possibilidade. Desta forma estabelecemos parcerias nomeadamente com Instituto Politécnico de Leiria e temos cursos de mestrado abertos, sendo que o diploma é dado pela instituição portuguesa, mesmo que a formação também seja dada em Macau.

Com esta abertura, que áreas de mestrado ou doutoramento poderão abrir?
Até hoje os nossos licenciados pedem estes cursos porque não podendo continuar os estudos no IPM têm que procurar outras instituições, tanto em Macau e mesmo no estrangeiro. Por exemplo o curso tradução e interpretação português | mandarim, será uma prioridade. O governo já definiu e iniciou a pratica da construção de uma plataforma de comércio entre a China e os Países de Expressão portuguesa e por isso precisa de técnicos bilingues qualificados. Como nós não temos podido abrir mestrados e doutoramento podemos pensar que há aqui uma contradição. Os alunos já pedem a abertura nas áreas de cultura e língua portuguesa com prosseguimento de estudos em mestrado e até de doutoramento.

É essa então a primeira aposta, a abertura de graus superiores no ensino bilingue?
Sim. Não só é esse o nosso desejo como já iniciámos os preparativos para que isso aconteça.

Falando em bilinguismo, O IPM tem esta licenciatura em tradução. Faz sentido ter uma licenciatura deste género sem antes ter formação específica na língua em si? Sendo a especialização em tradução talvez uma área para os tais mestrados?
Isso faz sentido se pensarmos na qualidade. Essa pode ser uma solução que poderemos adoptar para quando se chegar à altura de fazer traduções e interpretações já exista o domínio das duas línguas. Realmente é necessário muito tempo para que se consiga fazer tradução . Mas temos que procurar uma solução equilibrada conforme as necessidades por parte dos alunos e mesmo dos pais que podem querer ou não investir tanto tempo ou dinheiro. Estamos a falar que havendo primeiro língua e depois mestrado, de um período de seis anos de estudos. Naturalmente que ficaria garantida uma melhor qualidade mas implica mais investimentos.

Não será a qualidade a prioridade?
Quatro anos em muitas áreas de estudo, não são efectivamente suficientes. Daí e mais uma vez, a necessidade de abertura de mestrados e doutoramentos. O IPM também está a pensar seriamente nessa lógica para os cursos que possam ser seguidos de graus superiores. Já sabíamos disso também há muito e por isso tratámos de antemão de estabelecer parcerias com politécnicos e universidades portuguesas e já conseguimos com Leiria ou Lisboa . Sabemos que temos ali fontes onde beber esse conhecimento. Para o grau de doutoramento já estabelecemos uma parceria com a Universidade de Lisboa. Gostaria de referir outro aspecto : hoje em dia, com o uso da tecnologia em particular na área da tradução, na chamada “machine translation”, temos estado especialmente atentos. Neste momento temos com Leiria e Coimbra , em andamento um projecto para a criação de um laboratório de tradução automática assistida por computador. Já falámos com o presidente do IPL e com alguns professores de Coimbra. Neste momento esta uma delegação do IPM em Coimbra , com especialistas na área de informática para darmos andamento ao projecto. Lei_Heong_Iok_6_sofiamota

Estão a criar um sistema informático capaz de fazer traduções com qualidade?
Exactamente! Hoje em dia está na moda e já há programas com alguma qualidade neste tipo de tradução nomeadamente do inglês para o chinês ou vice versa.

Dadas as especificidades do chinês, acha que é possível conseguir qualidade?
É muito difícil mas acho que é possível e que vale a pena tentar.

E o futuro dos tradutores que estão a formar ?
Acho que o Homem é sempre necessário para controlar a máquina.

Há alunos provindos da China continental que se licenciam em Macau, nomeadamente na área da tradução e interpretação, e depois não são absorvidos pelo mercado local por dificuldades relativas à residência. Qual a sua opinião?
Isso é uma área que não me compete, mas eu sou da opinião de que estando nós a formar tradutores de qualidade se devem abrir as portas de ambos os lados: quer a chineses do continente quer a portugueses que aprenderam o mandarim. Macau como plataforma deve não só atrair estas pessoas como ainda criar condições para que elas trabalhem cá de modo a aproveitar da melhor maneira esses recursos. Penso que é muito importante criar boas condições para a construção desta plataforma. O Governo, defendo eu, deve aproveitar. Pelo que sei, há vários serviços do Governo onde fazem falta bons tradutores e intérpretes. Por que não aproveitar melhor os alunos que passam por Macau? Acho que se devem criar condições para facilitar os pedidos de residência para esses profissionais.

O IPM está também a abrir novos cursos e a integrar estudantes de mais países…

Sim, abrimos um novo curso de língua chinesa para pessoas dos países de expressão portuguesa. Este é o primeiro ano deste curso de licenciatura em língua e cultura chinesa.

Qual a especificidade deste curso?
A abertura deste curso é especialmente preparada para pessoas que falem português e que queiram aprender mais chinês, não só a nível de língua como da cultura chinesa. Estamos a abrir este curso enquanto licenciatura e quem sabe, no futuro, ter outros graus. Já estabelecemos algumas parcerias e com a coordenação de vários politécnicos, para que tenhamos mais estudantes portugueses acabados de sair do secundário e que vêm directamente para o IPM, fazendo cá a licenciatura. E não serão só de Portugal. Teremos alunos de Cabo verde, Angola e mesmo do Brasil. No primeiro ano já vamos começar com quatro estudantes brasileiros e virá também uma turma de Cabo Verde que frequentará cursos nas áreas de jogos. De Portugal ainda não tenho o número de alunos, mas saberemos que irá aumentar. Já temos mais edifícios na Taipa cedidos pelo Governo que também ajudarão a albergar estes novos alunos e a partir do próximo ano lectivo já poderemos receber mais estudantes.

Como é que estes cursos vão ser financiados?
Com certeza que haverá estudantes com dificuldades financeiras pelo que tentaremos facilitar dentro do possível esses alunos com bolsas de estudo, ou mesmos estadia nas residências. Poderemos ainda ponderar a atribuição de outros subsídios como à alimentação. Lei_Heong_Iok_4_sofiamota

Na área do português, o IPM tem ainda o curso de Administração Pública que tem vindo a ter cada vez menos alunos. Porquê?
Macau foi entregue à China já há quase 18 anos e por isso o número de portugueses na administração pública tem também vindo a diminuir. As pessoas que falam português começam a não ver utilidade em tirar este curso. Por outro lado, há cada vez menos pessoas que falam português interessadas em ingressar na função pública. No entanto, se construirmos uma plataforma também aberta a mais países de expressão portuguesa, acreditamos que este curso poderá renascer e voltar a crescer. Actualmente também não o podemos abrir a estudantes da China ou outros estrangeiros, mas tendo outros cursos abertos a estudantes de língua portuguesa, esses alunos posteriormente poderão sentir interesse e querer integrar este, de Administração Pública. Acho que no futuro não voltaremos a sentir a falta de alunos. Por outro lado, também criámos a formação em relações económicas e comerciais e assim conseguir ter mais alunos e dar mais aulas aos nossos professores.

Enquanto plataforma, como tem dito, em que mais se tem destacado o IPM?
O IPM muda com o tempo e com as circunstâncias. Depois de ler uma recente entrevista do presidente Marcelo Rebelo de Sousa e sendo que Portugal pretende também ser um ponto estratégico da “Rota da Seda”, o IPM pode contribuir mais e melhor. Assim, por exemplo, e na sempre referida falta de técnicos bilingues, nomeadamente em áreas como a lei, finanças ou tecnologia, porque não pensar no futuro no domínio da área ferroviária, por exemplo. Estamos também a criar condições para abrir formação da docência do português.

Por quê a docência do português?
Cada vez mais escolas primária e secundárias pedem docentes de português, mesmo na China continental. Mas há que garantir a qualidade e o IPM com as parcerias que tem, pode assumir isso mesmo.

Relativamente aos estágios e à remuneração ou não dos mesmos. O que acha?
É difícil responder a isso devido à lei do trabalho em vigor. Podemos é utilizar a chamada “ajuda aos estudantes”, com alguns subsídios de incentivo Penso que o Governo também nesse sentido deveria abrir mais possibilidades.

Falamos actualmente das duplas licenciaturas que poderão vir a ser administradas. Considera uma medida positiva para o ensino superior?
Num futuro próximo o IPM não vai aderir às duplas licenciaturas. Pensamos mais na qualidade.

“A criação de um exame conjunto entre várias instituições é feito no sentido de facilitar aos alunos”

Acha que vão interferir nessa qualidade?
Há pessoas que são capazes de fazer duas coisas ao mesmo tempo. Há outras que não o podem fazer, nem querem. Mas quem faz duas coisas ao mesmo tempo, na minha opinião, tem sempre mais dificuldade e a qualidade do resultado será aquém do esperado.

Os novos exames unificados aos quais o IPM aderiu, constituem uma medida facilitadora para quem?
Penso que a criação de um exame conjunto entre várias instituições é feito no sentido de facilitar aos alunos. Com resultados já obtidos nas diversas áreas, os alunos podem concorrer em simultâneo a várias instituições.

Mas se correr mal não tem mais hipótese de repetir…
Tem razão nesse sentido, mas não há rosas sem espinhos. Nós vemos mais vantagem do que desvantagens. Acho que facilita muito. Na época de exames, coitados dos estudantes que se queiram candidatar a por exemplo dez instituições, têm que fazer dez exames, um para cada uma. É um período terrível para os estudantes. Agora fazendo este exame que depende das instituições que aderem, só têm que fazer um para essas mesmas instituições.

Qual a sua opinião quando ao financiamento por parte do Governo do ensino superior privado?
Não me quero pronunciar quanto a essa política do Governo.

A UM encerrou algumas turmas de português. Qual a sua opinião? cancelamento de turmas de português pela UM?
Eu só li o que foi publicado na imprensa portuguesa. De qualquer forma acho que quer o governo ou o IPM investem muito mais na área do português. O gabinete do ensino superior e Alexis Tam o nosso secretário, também dão muita importância ao ensino da língua e cultura portuguesa e apoia-nos muito nesse sentido.

O que tem a dizer acerca da recente descida de dez lugares da UM no ranking asiático?
Não meto o nariz na área dos outros. Interessa-me mais a minha instituição.

Avaliação do ensino superior…
Acho que os novos sistemas de avaliação são importantes. O IPM por exemplo contrata delegações de avaliação portuguesas para avaliação do nosso curso na língua. Ainda não saiu o resultado mas a delegação já enviou uma nota com uma avaliação positiva o que é muito bom ara nós e nos dá também um grande estímulo. Para outros cursos também convidamos agências especialistas em cada uma das áreas. No inglês convidamos Nova Zelândia e na informática convidámos agências de Inglaterra. É importante aceder à qualidade segundo os critérios internacionais. Se Macau quer ser internacionalmente reconhecido tem que ter instituições cuja qualidade esteja de acordo com os critérios internacionais, e para isso não pode recorre a avaliação local.

27 Jun 2016

Português | UC, IPM e Cantão começam Mestrado em Setembro na China

É já em Setembro deste ano que a Universidade de Coimbra põe em marcha um novo curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong. O IPM dá uma ajuda no corpo docente

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de Coimbra (UC) e a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong, em Cantão, vão arrancar já no ano lectivo de 2016/2017 com um curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, que dará resposta aos muitos licenciados e docentes que procuram uma maior formação na língua de Camões. Esta é a primeira vez que se cria um Mestrado desta natureza com a participação de Portugal, China e Macau.
O curso é da UC, que vai enviar quatro docentes para Cantão, sendo também a universidade responsável pela atribuição dos diplomas aos alunos. O Mestrado será avaliado pela Agência Portuguesa de Avaliação e Acreditação. O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai enviar mais dois docentes, conforme explicou ao HM Carlos André, coordenador do Centro.
“Para chegar aqui começámos a trabalhar quando cheguei, há três anos. É um grande passo no sentido da cooperação, ainda que a agência seja uma autoridade independente do Governo. Mas esta agência irá à universidade em Cantão avaliar o curso. O primeiro ano será feito em Cantão e o segundo, que é a preparação da tese, já tem uma parte substancial que decorre em Coimbra, com os orientadores. A defesa da tese será em Coimbra”, referiu Carlos André.
Para já estima-se que o Mestrado possa acolher 20 alunos. “A universidade em Cantão fez um estudo de mercado, não se partiu para isto do nada, e eles avaliaram a possibilidade do número poder chegar a 20. Foi fundamental saber isso porque entendemos que o curso deve avançar se houver o mínimo de dez alunos”, garantiu ainda o director do Centro Pedagógico e Científico do IPM.

Acima das expectativas

Carlos André, que durante três anos tem realizado visitas a todas as universidades da China que ensinam o Português, já tem os dados finais do levantamento que fez sobre as necessidades existentes.
“Não é fácil ter os dados sequer e só nas universidades os números surpreendem. Sem falar de Macau, eu apontava para a existência de 1700 estudantes, mas ultrapassam os 2500. Em Macau existem 1300 estudantes de Português nas universidades, entre cursos [da língua] ou disciplinas opcionais.”
O novo Mestrado “não responde às necessidades do sistema”, garantiu Carlos André. “Nada do que qualquer um de nós está a fazer responde às necessidades do sistema, porque a China é muito grande”, rematou.

8 Abr 2016

Ensino Superior | Legislação causa limitações, diz presidente do IPM

As actuais leis de Macau precisam de espelhar mais a realidade social, diz o presidente do IPM, que se queixa de ter limitações no instituto que dirige por causa de leis “desfasadas”

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ei Heong Iok, presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), considera que o sistema legal de Macau relativamente ao ensino superior está desfasado da realidade e causa muitas limitações ao desenvolvimento. Estas considerações foram feitas durante um seminário sobre o tema. Segundo o jornal Va Kio, desde a transferência de soberania que os problemas acontecem. E Lei Heong Iok dá exemplos.
“O relatório de indicadores do ensino superior, que é utilizado actualmente, foi estabelecido em 1991, incluindo o estatuto do IPM e o Governo gere o Instituto como um departamento governamental. Isso causa muitas limitações ao desenvolvimento da instituição”, cita o jornal.
“Desde a transferência de soberania que o sistema legislativo em Macau restringe as acções da direcção do IPM, o que causou problemas nos últimos 16 anos. Um sistema desfasado não só influencia o desenvolvimento do ensino superior, como afecta, ao mesmo tempo, o desenvolvimento económico e os assuntos sociais”, concluiu Lei Heong Iok.
Em Fevereiro de 2015, a Assembleia Legislativa aprovou, na generalidade, a proposta de lei do Regime do Ensino Superior, que prevê mais autonomia pedagógica, administrativa e financeira das instituições e a criação de um sistema de avaliação e conselho geral.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, salientava na altura que a anterior legislação está em vigor há mais de 20 anos e que, entretanto, foram registadas “grandes alterações tanto no número de instituições (…) como nos tipos e na natureza dos cursos”.
Contudo, a lei ainda não saiu do mesmo sítio. A 2ª. Comissão Permanente da AL ainda a analisa na especialidade e não tem datas para quando poderá ser aprovada.
Ainda em declarações citadas pelo Va Kio, Lei Heong Iok diz que há algumas interpretações na lei de Macau que “não espelham” a realidade social de Macau e pede que as instituições do ensino superior possam ajudar nisso.
“A UM e o IPM devem criar algumas unidades relacionadas com a pesquisa de leis exclusivas para a especificidade de Macau. E estas duas instituições podem ainda fazer investigações relacionadas e promover a revisão das leis.”

Tomás Chio

3 Dez 2015

Centro de língua portuguesa do IPM faz três anos com mais de 100 docentes formados

Esta sexta-feira o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau comemora três anos de existência. Com mais de cem docentes chineses de português formados, o centro assiste à publicação do livro “Português Global” no continente e planeia mais cursos

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á três anos o Instituto Politécnico de Macau (IPM) dava os primeiros passos na criação de um centro específico para a formação de docentes de português no continente. Mais de uma centena de formandos depois e com muitas visitas a universidades chinesas realizadas, o balanço do funcionamento do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa é “francamente positivo”, disse ao HM o seu director, Carlos André.
“Partimos sem um conhecimento da realidade com a qual teríamos de lidar, e foi preciso fazer uma análise prévia. Contactámos mais de 30 universidades chinesas onde há cursos de português, 22 com cursos de graduação. O nosso centro já visitou quase todas essas universidades. Já fizemos acções de formação em oito universidades chinesas, com mais de uma centena de formandos nessas acções. Estamos permanentemente a desenvolver acções de formação para professores de português como língua estrangeira. Fazemos no mínimo seis por ano, e tudo isto é muito positivo”, apontou.
Outra vitória do Centro do IPM é a publicação no mercado chinês do livro “Português Global”. “O nosso manual de ensino do português a chineses estava editado em Macau e está neste momento a terminar de ser editado pela Commercial Press, em Pequim. A edição de um livro por uma editora chinesa, em Pequim, significa colocá-lo no mercado chinês sem nenhuma dificuldade. Vai estar disponível em todo o lado. Vai permitir uma replicação fantástica dos nossos instrumentos de trabalho”, apontou Carlos André.

Mudança em breve

Ao fim de três anos, as pequenas instalações do Centro na zona do Nape já não são suficientes para dar resposta. A mudança para um dos edifícios do antigo campus da Universidade de Macau (UM) deverá estar para breve.
“A decisão está tomada, mas os edifícios precisam de obras e de trabalhos de adequação. As obras estão em curso, e segundo o que me disse o presidente do IPM, não irá demorar muito”, disse Carlos André.
“Nós não temos dimensão suficiente e sobretudo não podemos acolher cursos em Macau. Gostaríamos de começar a acolher cursos, e a única coisa que estamos a fazer é a realização de um curso anual para professores de português de língua estrangeira, numa altura em que o IPM e residências estão mais disponíveis”, adiantou o director do Centro, que avançou ainda a possibilidade de criar cursos de verão para estudantes.
“Podemos encarar, e o IPM está a estudar isso, com a nova Lei do Ensino Superior, criar formações pós-graduadas. Mas além disso não excluiremos dar cursos pontuais a estudantes, como cursos de Verão. Há uma sede enorme por cursos dessa natureza no interior da China”, rematou Carlos André.
O terceiro aniversário do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa celebra-se esta sexta-feira com uma conferência protagonizada pelo escritor Germano Almeida, intitulada “Literatura e Identidade”.

4 Nov 2015

IPM | Estudantes locais acusados de serem “estúpidos” por aluno do continente

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estudante do Instituto Politécnico de Macau (IPM), proveniente do interior da China, terá criticado, através das redes sociais, os estudantes locais por estes não terem um nível considerado alto de conhecimento de Mandarim.  
Na página do Facebook “New UM Secrets” foi publicado, no sábado passado, um artigo escrito em Chinês simplificado, que relatava uma situação numa aula em que um professor explicava em Mandarim um termo profissional da língua inglesa, tendo sido pedido pelos estudantes locais a explicação em Cantonês ou em Inglês por estes não entenderem Mandarim.
O autor do artigo acusou os estudantes de Macau de serem “estúpidos” e “terem um nível baixo [de conhecimento] da língua”.
“No nosso lado (interior da China), quem fala Cantonês é quem não tem nenhuma educação, nem tem nenhum conhecimento. Vocês (estudantes de Macau) podem manter o vosso idioma até ao fim da vida, mas serão sempre  estúpidos”, podia ler-se no artigo publicado nas redes sociais.
O autor criticou ainda que o IPM só consiga a classificação de universidade de quatro estrelas devido à inclusão dos estudantes da China continental. É a presença deles que aumenta a qualidade da instituição, diz. “Caso contrário, vocês não passavam de uma instituição não reconhecida”, escreveu o autor.
Em resposta, Bill Chou, ex-professor da Ciência Política da UM, também na mesma rede social, deu a sua opinião defendendo que se deve “respeitar a hospitalidade daqueles que nos recebem”. Este tipo de postura arrogante e de superioridade não deve ser uma postura nos tempos que correm, frisou o académico.
O autor do artigo ainda está por identificar, sendo que se aponta para um aluno que frequenta as aulas no IPM, devido ao uso do discurso directo.
 

9 Set 2015

IPM | Muita procura no novo curso que aposta no português

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Relações Comerciais China-Países Lusófonos” e é a menina dos olhos do Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Não podíamos estar mais satisfeitos com este início de ano lectivo”, começou por afirmar Aurélia Rodrigues de Almeida, docente e coordenadora da Escola de Administração Pública do IPM.
A notícia avançada pela Rádio Macau indica que as 25 vagas foram totalmente preenchidas. “Recebemos 98 candidaturas quer de alunos locais quer da China continental”, acrescenta a coordenadora. Mas podiam ter sido muitas mais as candidaturas recebidas. IPM“Apesar de ser um bom número, achamos que está aquém daquilo que poderá ser no próximo ano, porque o curso foi aprovado fora das datas das candidaturas normais e, digamos, que aí a maioria dos alunos já se teria candidatado ao ensino superior quando este curso surgiu”, justifica.
Sendo um “modelo piloto” e completamente inovador, a licenciatura de Relações Comerciais China-Países Lusófonos tem dois objectivos “muito concretos”.

Aposta lusa

“É um curso de quatro anos em que os dois primeiros vamos ensinar em português. Estes dois anos não estão relacionados com relações comerciais. É português puro e duro. Vamos ensinar os alunos a falar português”, explica a docente.
Nos dois últimos anos, sabendo falar português, os alunos vão aprender as matérias ligadas às relações comerciais com os países lusófonos. “Nesta altura, com a língua mandarim e a nova língua que aprenderam nos últimos dois anos vão aprender os termos técnicos do negócio e vão ficar aptos para um mercado que é imenso, que são as relações comerciais entre a china e os países lusófonos”, esclarece.[quote_box_right]“É um curso de quatro anos em que os dois primeiros vamos ensinar em português. Estes dois anos não estão relacionados com relações comerciais. É português puro e duro. Vamos ensinar os alunos a falar português”, Aurélia Rodrigues de Almeida, docente e coordenadora da Escola de Administração Pública do IPM[/quote_box_right]
Daqui a quatro anos, quando terminarem a licenciatura, os alunos que ficam com conhecimentos mais profundos na área comercial poderão enveredar na função pública. “Onde quer que seja necessário profissionais nas relações comerciais entre estes países”, esclarece. A carga docente é composta por portugueses e bilingues.
“Este modelo, que é um modelo piloto, que é o de ensinar português nos dois primeiros anos e depois oferecer as ferramentas técnicas nos dois anos seguintes, se este modelo funcionar, poderá ser estendido, por exemplo, à administração pública e podemos estar a formar técnicos especialistas na área e ao mesmo tempo bilingues”, acrescenta a coordenadora.

Plataforma reforçada

O novo curso surge assim na “sequência da necessidade de Macau se afirmar como plataforma que há muito vem sendo dito que o é”. Reunindo as condições necessárias para criar as formações para as necessidades que possam existir na China e nos países de língua portuguesa, o IPM apostou nesta licenciatura assumindo assim o papel de plataforma.
Para o próximo ano, Aurélia Rodrigues de Almeida, prevê a possibilidade de existirem duas turmas correspondendo à procura. No entanto “ainda é cedo para confirmar” essa possibilidade.

26 Ago 2015