China lança avisos à Índia em defesa do território

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina avisou a Índia para não subestimar a sua determinação em salvaguardar o que considera território seu, numa altura de renovada tensão entre os dois países vizinhos, em torno de uma área disputada nos Himalaias.

O ministro chinês da Defesa, Wu Qian, disse ontem que a China continua a exigir a retirada das tropas indianas do planalto de Doklam (Donglang, em chinês), uma área também reclamada pelo Butão, que mantém com a Índia uma cooperação próxima a nível de segurança, e onde a China está a construir uma estrada.

A determinação de Pequim em defender o seu território é “inabalável” e é “mais fácil fazer tremer uma montanha do que fazer tremer o Exército de Libertação Popular”, afirmou Wu, usando o nome oficial do exército chinês.

“Aqui está um lembrete para a índia: não abusem da sorte e não se agarrem a fantasias”, disse.

Do outro lado

A Índia defende que os dois lados devem retirar as suas tropas da região e negociar.

Nova Deli enviou tropas para o outro lado da fronteira depois de equipas de construção chinesas terem iniciado a expansão para sul da estrada de Yadong, no Tibete.

Enquanto os dois lados têm optado, até à data, por se conter, a retórica adotada em Pequim e Nova Deli suscita preocupações de que as hostilidade resultem num conflito, como o ocorrido em 1962, que causou milhares de mortos.

A China e a Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Pequim é um importante aliado e fornecedor de armas do Paquistão, país rival da Índia.

A crise deverá ser abordada durante a visita do Conselheiro de Segurança Nacional indiano, Ajit Doval, a Pequim, esta semana, para participar num fórum do grupo de economias emergentes BRICS, dedicado à segurança.

Pequim vai continuar a repatriar desertores norte-coreanos

A China vai continuar a repatriar desertores norte-coreanos, aos quais não reconhece o estatuto de refugiados, disse ontem um porta-voz do Governo chinês, numa resposta a um pedido feito por um alto funcionário da ONU.

“As pessoas que entram ilegalmente na China não são refugiados”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang.

“Vamos tratar quem entra ilegalmente na China de acordo com a lei”, acrescentou.

O enviado especial da ONU para os direitos humanos na Coreia do Norte, Tomas Ojea Quintana, exortou na sexta-feira Pequim a parar de enviar de volta os norte-coreanos que desertam para a China.

Quintana disse que muitos são submetidos a tortura ou executados pelas autoridades norte-coreanas.

Numa conferência de imprensa em Seul, Quintana afirmou estar “alarmado por um aumento das prisões e repatriamento forçado de norte-coreanos” presos na China.

Em Junho passado, a organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch disse que pelo menos 51 norte-coreanos foram presos na China, desde julho de 2016, entre os quais 13 foram repatriados, enquanto os restantes continuam detidos no país.

A organização explicou que os desertores retornados são considerados “uma ameaça para o sistema político e para a cúpula” do poder político, que pretende através da tortura evitar que o “povo tenha contacto com o mundo exterior.

A China é o principal aliado da Coreia do Norte.

25 Jul 2017

Pequim volta a pedir à Índia retirada de tropas do Tibete

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina renovou o apelo à Índia para que retire imediatamente as tropas do extremo sul do Tibete, território disputado nos Himalaias, na sequência de informações de que forças chinesas realizaram exercícios com fogo na região.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang afirmou que as tropas indianas têm de deixar a área, para evitar uma “escalada da situação”. “Nós afirmamos por várias vezes que esperamos que o lado indiano tenha um entendimento claro da situação e que tome medidas para retirar as tropas que ilegalmente cruzaram a fronteira”, afirmou Lu, em conferência de imprensa.

As relações entre Pequim e Nova Deli atravessam um momento de renovada tensão, com as autoridades dos dois lados a sugerir um conflito ainda mais sangrento do que a guerra de 1962, que deixou milhares de mortos.

Os comentários de Lu surgem depois de a televisão estatal CCTV ter informado na semana passada que uma brigada do exército chinês, equipada com lança-foguetes, metralhadoras e morteiros, simulou recentemente uma ofensiva no Tibete. O exercício envolveu também a localização e foco na aviação do inimigo, segundo a reportagem.

O extremo sul do Tibete é uma área também reclamada pelo Butão, aliado da Índia. A reportagem não indicava onde e quando decorreram os exercícios militares.

A crise deverá ser abordada durante a visita do Conselheiro de Segurança Nacional indiano, Ajit Doval, a Pequim, entre 27 e 28 de julho, para participar de um fórum do grupo de economias emergentes BRICS, dedicado à segurança. No entanto, devido aos sentimentos nacionalistas entre a opinião pública dos dois países, nenhum dos lados deverá ceder, até que o duro inverno nos Himalaias obrigue a uma retirada. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada.

A disputa mais recente aconteceu em junho, depois de a China ter começado a construir uma estrada para o planalto de Doklam, ou Donglang, em chinês, uma região reclamada pela China e pelo Butão, que mantém com a Índia uma cooperação próxima a nível de segurança.

Apesar de China e Butão terem vindo a negociar as fronteiras durante décadas, sem incidentes sérios, o pequeno reino dos Himalaias pediu desta vez ajuda a Nova Deli, que enviou tropas através da fronteira, desde o estado de Sikkim.

A China retaliou ao fechar o acesso a uma montanha próxima, usada por peregrinos indianos para chegarem ao monte Kailash, um local sagrado no Tibete para budistas e hindus.

China entra no mercado de drones de combate

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] drone chinês CH-5 ‘Rainbow’ está pronto para entrar no mercado de veículos aéreos não tripulados de combate. “O design do CH-5 foi finalizado e estamos prontos para produzi-lo em massa”, confirmou o gerente do projeto do CH-5 ao jornal China Daily.

O Rainbow provavelmente vai competir com o MQ-9 Reaper, que se tornou o único drone usado pelas Forças Armadas dos EUA a partir de 1 de julho deste ano, quando o Predator foi retirado.

Os produtores chineses não quiseram especificar qual é o mercado dos seus novos produtos. Entretanto, o Wall Street Journal publicou na segunda-feira que Emirados Árabes Unidos, Egipto e Arábia Saudita já compraram drones chineses depois de uma nega dos produtores americanos. “Para os EUA, este é um golpe estratégico e comercial”, observou o Wall Street Journal.

Os drones fabricados na China podem são consideravelmente mais baratos do que os Predadores e Reapers da General Atomics. “Estamos em sintonia com o que a China está fazendo”, disse um funcionário da Casa Branca ao Wall Street Journal.

O CH-5 tem uma autonomia de voo de até 60 horas e pode carregar 24 mísseis. Ele pode ser usado para combate, inteligência, reconhecimento e vigilância.

20 Jul 2017

A maior democracia do mundo

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]oltei no Domingo de uma semana de férias na Índia, onde fiquei dois dias em Nova Deli, três em Varanasi, à beira do rio Ganges, e mais um dia e meio na capital, antes do regresso a este “same same” – faz sempre bem mudar de ares de quando em vez. Só que desta feita não foram as habituais “férias de luxo na miséria dos outros”, nem tanto mais ou menos um relaxante e reparador interlúdio do quotidiano. Digamos que foi antes um “partilhar da miséria alheia”. Se me perguntarem se gostei, vou dizer que sim, claro, mas não vou recomendar. Não é tudo “lindo”, e uma maravilha, antes pelo contrário. Eu gostei porque sou um tipo esquisito, a atirar para o excêntrico.

Na Índia está bem à vista dos olhos tudo o que há a lamentar naquele país, o segundo mais populoso do planeta depois da China: o lixo, a pobreza, as gritantes insuficiências em termos de estruturas que possam dar uma vida decente a toda a população. Sendo que ali vigora um regime de governo parlamentar eleito por sufrágio directo e universal, posso dizer que estive na maior democracia do mundo. Tecnicamente é assim, e pensarem-se em medidas de controlo da natalidade não faz sentido. Afinal que democracia é essa onde não se pode ter o número de filhos que se quiser? Ali o melhor é ter uns nove ou dez, pois se morrerem metade, ainda se fica com a descendência assegurada. Valha isso o que valer àquela pobre gente. Estava ainda no carro a caminho do minha sede em Deli, e deparei com um aviso em inglês por cima de um muro de arame farpado, onde se lia: “Propriedade privada. Os intrusos serão ABATIDOS”. Isso mesmo, ou “trespassers will be shot”, na versão original. Realmente, na maior democracia do mundo o melhor mesmo é resolver as coisas da forma mais simples, do que recorrer a tribunais por algo de tão pífio como entrar em propriedade privada. Já pensaram o que seria se centenas de milhões de pessoas tivessem a noção de que poderiam processar alguém, do que simplesmente limpar-lhe o sebo?

O que também não faz falta e só atrapalha são as regras de trânsito. Na Índia não há uma, duas ou três faixas de rodagem – há as que calharem, desde que sejam na direcção certa. É preciso ter atenção mesmo quando se anda pelo passeio, pois existe a possibilidade de se pisar num cão, em bosta de vaca, ou em alguém a dormir no chão. Na Índia é normalíssimo encontrar pessoas a dormir na rua, e não se pode aqui sequer aplicar o conceito de “sem abrigo”. Pode ser que ainda haja por lá quem considere que estes “têm sorte”; se estão a dormir, é sinal que estão vivos. Quantos às vacas na via pública, sim, confirmo: vacas em toda a parte, e contem com isso se estiverem a pensar em lá ir. Contudo são falsos os relatos que dão conta de comboios paralisados devido à presença de uma vaca nos carris, ficando os passageiros a depender da vontade do ruminante em sair dali para fora. Na eventualidade disto acontecer (e não é de todo improvável), enxota-se o animal e ele vai embora. Reparei que a Índia não é um mau sítio para se nascer vaca ou cão, pois tudo o que fazem é comer lixo e dormir. E lixo é coisa que ali não falta.

Mas deixarei agora Deli de lado, e vou falar de Varanasi, a outra capital da Índia, mas esta espiritual. É uma cidade à beira do Ganges, e conta-se que foi nela que o príncipe Siddharta decidiu mudar de vida, e passou a ser conhecido apenas por “Buda”. Eu chamaria-lhe uma espécie de cruzamento entre Fátima e Meca, mas “on acid” e aberto 24 por dia todos os dias. Uma coisa completamente louca, um “hippie trail” que só visto. Varanasi foi fundada por Lorde Shiva, um dos elementos da santíssima trindade hindu, e que passava o dia “a fumar marijuana e a beber veneno”, e à conta disto “era azul”. As pessoas que morrem envenenadas pela picada de uma cobra “ficam azuis”, assim me contaram. Por falar em morrer, é ali mesmo no leito do rio Ganges que se realizam diariamente cremações de mortos, cujas cinzas são deitadas na água. Excepção feita a um grupo de casualidades, onde se inclui a lepra, onde nesse caso o cadáver é simplesmente deitado ao rio. Não, não vi nenhum cadáver a flutuar nem nada que se parece. Aquele é um dos maiores rios do mundo, sabiam?

Assim sendo, da Índia tirei algumas conclusões pessoais; eis um povo que vive a sua democracia, a maior do mundo, alimentada pelo veneno da religião e da idolatria, que não deixa ninguém azul, mas antes conformado. Vigora ainda hoje, em pleno século XXI, um sistema milenar de castas, que determina que a percentagem da população que nasça no seio de determinada casta  considerada “impura” esteja condenado a pedir esmola ou limpar latrinas, mal saia do ventre maternos. Os colonizadores britânicos acabaram com muitas práticas consideradas “barbáricas” pelos indígenas, mas curiosamente não tocaram nesta, que é está em prática de forma bem evidente – porque será?

Adorei a Índia, mas mais uma vez, não recomendo a ninguém. Já agora, comida é óptima, um “must” para os aficionados. E não, não contraí nenhuma doença tropical, apesar dos 42º sequinhos que se aguentavam bem melhor que os vinte e qualquer coisa ensopados de Macau. Que nem é democracia sequer, quanto mais a maior do mundo.

20 Abr 2017

Poluição | Índia iguala China no número de mortes prematuras 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ar na Índia já rivaliza com o da China como o mais mortífero do mundo, sendo responsável por 1,1 milhões de mortes prematuras a cada ano, indica um novo estudo publicado ontem.

O estudo conjunto de dois institutos de investigação sobre saúde norte-americanos indica que o nível anual de mortes prematuras na Índia é quase igual ao da China, resultado de uma subida abrupta e constante nos últimos anos. Já os números chineses têm vindo a estabilizar no mesmo período.

As medições feitas ao “smog” (em termos genéricos, nevoeiro contaminado com fumos) nas cidades indianas passam muitas vezes os índices seguros de exposição.

Entre 1990 e 2015, a Índia registou um aumento de quase 50% no número de mortes ligadas a partículas no ar (índice conhecido como PM2.5), conclui o relatório.

Estas partículas microscópicas são tão leves que flutuam no ar e alojam-se dentro dos pulmões, sendo causadoras de bronquite crónica e doenças cardíacas. Também estão associadas a taxas mais altas de cancro nos pulmões.

“A Índia agora aproxima-se da China no número de mortes atribuíveis ao PM2.5”, indica o relatório do Instituto dos Efeitos para a Saúde e o Instituto para as Métricas e Avaliação na Saúde.

Sobe e desce

Em conjunto, os dois gigantes asiáticos, Índia e a China, representam mais de metade de todas as mortes no mundo atribuídas à exposição a PM2.5, acrescenta o documento.

Os esforços das autoridades chinesas para reduzir o “smog” nas cidades estabilizaram o número de mortes prematuras associadas a PM2.5 nos 1,1 milhões por ano desde 2005.

Mas na Índia esse mesmo número subiu de 737,4 mil por ano 1990 (estimativa), para 1,09 milhões em 2015.

A China e a Índia também surgem quase empatados na corrida ao título de país mais poluído do mundo.

Confrontada com crescentes necessidades de energia, a Índia continua muito dependente do carvão para fornecer electricidade aos seus 1,25 mil milhões de habitantes. Ainda assim, as autoridades indianas fixaram metas ambiciosas para a produção de energia eólica e solar.

“O carvão não vai desaparecer rapidamente. A poluição ambiental derivada do carvão será sempre muito significativa na Índia”, considerou Sumant Sinha, a presidente da ReNew Power, uma empresa indiana de energia limpa.

15 Fev 2017

Índia e Indonésia aprofundam cooperação contra terrorismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s governos da Índia e da Indonésia acordaram ontem cooperar de forma mais próxima no combate ao terrorismo e na segurança marítima na região, no âmbito da primeira visita oficial do Presidente indonésio, Joko Widodo, a Nova Deli.

“Acordámos cooperar para garantir a segurança nas vias marítimas […] e a nossa colaboração também se estenderá à luta contra o terrorismo, a delinquência organizada, as drogas e o tráfico de pessoas”, afirmou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, numa declaração após um encontro bilateral com o chefe de Estado indonésio.

O Presidente da Indonésia, um “aliado estratégico” da Índia, reuniu-se também com o seu homólogo indiano, Pranab Mukherjee, durante a visita de Estado, que se prolonga até esta terça-feira.

Durante o encontro, que decorreu ontem na capital indiana, Nova Deli, os líderes destes países do sul asiático decidiram concluir o memorando de entendimento sobre cooperação marítima entre a Indonésia e a Índia, no sentido de “fortalecer e acelerar ainda mais” a sua colaboração nesta matéria.

“A cooperação marítima é um dos pilares mais importantes para melhorar as relações bilaterais”, assinalaram, num comunicado conjunto.

O primeiro-ministro indiano também transmitiu “sinceras condolências” à Indonésia pela centena de vítimas mortais registadas após o terramoto que atingiu a província indonésia de Aceh na quarta-feira passada.

13 Dez 2016

Índia | Aprovado trabalho infantil em negócios familiares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]parlamento indiano aprovou uma emenda à lei de 1986 que regula o trabalho infantil, que foi muito criticada por políticos e organizações não-governamentais por fomentar o trabalho entre as crianças nos negócios familiares.
A nova “Lei do Trabalho Infantil (proibição e regulamentação)” foi aprovada na tarde de terça-feira na câmara Baixa (Lok Sabha) depois de uma sessão de quase seis horas com um debate aceso por parte dos deputados que se opõem à emenda.
A lei original proibia aos menores de 14 anos trabalhar em 83 tipos de profissões consideradas perigosas, depois desta emenda nenhuma criança nessa faixa etária poderá trabalhar, a não ser em negócios familiares, mas sem restringir as áreas, o que causou polémica.
“Se aprovarmos esta lei seremos cúmplices de fomentar o trabalho infantil na Índia”, assegurou durante o debate o deputado Dushyant Singh Chautala, do partido regional Indian National Lok Dal (INLD).
Entretanto, a intervenção mais impressionante foi a de Varun Gandhi, deputado pelo partido governamental Bharatiya Janata (BJP) – impulsionador da emenda -, filho da ministra do Desenvolvimento da Criança e da Mulher, Maneka Gandhi.
“Não se trata de aprender novas capacidades, fazem contra a sua vontade e é um tipo de escravidão”, disse o deputado, neto da ex-primeira-ministra indiana Indira Gandhi, em relação ao trabalho infantil em empresas familiares.
Várias organizações não-governamentais de apoio à infância como a internacional Save the Children ou a indiana Bachpan Bachao Andolan (BBA, Movimento para Salvar a Infância), do prémio Nobel da Paz Kailash Satyarthi, que também expressou o seu repúdio à nova lei.
A Save the Children opõe-se a essa emenda porque, segundo a ONG, o objectivo final deveria ser “a proibição absoluta do trabalho infantil” e a BBA qualificou a aprovação de terça-feira “uma oportunidade perdida para milhões de crianças”.
Com cerca de 50 milhões de crianças trabalhadores, a Índia é o país no mundo com maior incidência de trabalho infantil, cifra que foi reduzida em 10 milhões nos últimos anos, segundo a BBA.
O Governo indiano, por seu lado, assegurou que essa queda foi maior, ao passar de doze milhões de menores explorados que o país registava em 2004 para cinco milhões na actualidade.

28 Jul 2016

Caxemira | Protesto contra morte de terrorista faz 14 mortes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de mortos em protestos violentos na Caxemira indiana aumentou ontem para 14 e o de feridos para cerca de 200, no segundo dia de distúrbios, após a morte de um terrorista do grupo separatista Hizb-ul-Mujahideen.
O inspector-geral da polícia de Caxemira, Javid Geelani, disse à agência EFE que durante a manhã morreu mais uma pessoa, elevando o número total de vítimas desde sábado para 14. O responsável afirmou que se registaram vários confrontos entre manifestantes e forças de segurança e que foram lançadas pedras, mas assegurou que a situação geral é “melhor” do que a vivida no sábado.
O inspector-geral não fez um balanço detalhado do número de feridos, que no sábado afirmou ser de 96 durante uma conferência de imprensa, e que, segundo os média locais, subiu ontem para cerca de 200.
Burhan Wani, de 21 anos, um dos rostos mais conhecidos do Hizb-ul-Mujahideen pela sua actividade nas redes sociais, morreu na sexta-feira numa operação conjunta da polícia e do exército indianos, em Kokernag. Depois de a notícia ter sido divulgada, os líderes independentistas convocaram uma greve de três dias para protestar contra a morte do jovem.

11 Jul 2016

Índia lança 20 satélites numa única missão     

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m foguetão com um número recorde de 20 satélites foi lançado ontem numa missão da agência espacial da Índia, que tem ganho uma grande parte do mercado espacial comercial.
O foguetão foi lançado do porto espacial de Sriharikota – no sul da Índia – com satélites dos Estados Unidos da América (EUA), da Alemanha, do Canadá e da Indonésia, a maioria numa única missão.
Grande parte dos satélites vai entrar em órbita para observar e medir a atmosfera da Terra, enquanto outros têm o objectivo de fornecer serviço para operadores amadores de rádio.
“Cada um destes pequenos objectos que foram lançados para o espaço vai ter a sua própria actividade, são independentes uns dos outros, e cada um deles vai viver uma vida maravilhosa por um período finito”, disse o Presidente da Organização de Investigação Espacial Indiana (ISRO), A. S. Kiran Kumar, ao jornal NDTV.
O negócio de lançar satélites comerciais para o espaço com um pagamento está a crescer à medida que telemóveis, internet e outros negócios, bem como países, procuram cada vez mais e melhores comunicações de alta tecnologia.

A baixo preço

A Índia está a competir com outros empresários internacionais para uma partilha cada vez maior desse mercado de lançamento de satélites, e é conhecido pelo seu programa espacial a preços ‘low-cost’.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, apelidou o recorde de 20 satélites de “feito monumental”, apesar de ainda estar atrás do recorde de 33 satélites da Rússia em 2014 e de 29 satélites da NASA em 2015.
“O nosso programa espacial tem tempo e mostra mais uma vez o potencial transformativo da ciência e tecnologia na vida das pessoas”, escreveu Modi no Twitter.
No mês passado, a Índia lançou com sucesso o seu primeiro mini-veículo espacial depois de se ter juntado à corrida global para fazer foguetões reutilizáveis.
O veículo foi, segundo se disse, desenvolvido com um orçamento de apenas 14 milhões de dólares, uma fracção dos milhares de milhões de dólares gastos por outros programas espaciais de outros países.
Em 2013, a Índia enviou um foguetão sem tripulação para a órbita de Marte com um custo de apenas 73 milhões de dólares.
A missão bem-sucedida foi um grande orgulho na Índia, que ultrapassou a rival China ao tornar-se o primeiro país asiático a alcançar o planeta vermelho.

23 Jun 2016

China e Índia enfrentam vasto problema de saúde mental

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um terço da população chinesa e indiana sofre de problemas mentais, mas apenas uma pequena fracção recebe tratamento médico adequado, indicam estudos ontem divulgados pela revista britânica “The Lancet”.
Há mais pessoas com problemas mentais, neurológicos ou relacionados com o uso de substâncias nos dois países mais populosos do mundo do que em todos as economias desenvolvidas combinadas, indicam as investigações.
Este problema agravar-se-á nas próximas décadas, especialmente na Índia, onde deverá afectar um quarto da população em 2025.
A China está já a enfrentar uma rápida subida de problemas de demência, uma tendência relacionada com o envelhecimento da população, fruto das políticas de controlo da natalidade iniciadas há mais de 35 anos.

Não há condições

Nenhum dos dois países está equipado adequadamente para enfrentar as necessidades relacionadas com a saúde mental, de acordo com relatórios publicados nas publicações médicas “The Lancet” e “The Lancet Psychiatry” e “China-India Mental Health Alliance”, divulgados pela agência France Presse.
Na China, apenas 6% das pessoas com problemas de saúde mental, como depressão, desordens relacionadas com a ansiedade, ou com o abuso de substâncias e demência procurou ajuda médica, indicam as investigações.
“A falta de assistência médica nas zonas rurais” é especialmente grave, explica Michael Phillips, um dos coordenadores das investigações e professor na Emory University em Atlanta e na Jiao Tong University em Shangai.
Mais de metade dos doentes com desordens psicóticas graves, como a esquizofrenia, não são diagnosticados e muitos menos recebem tratamento, acrescenta o investigador.
Na Índia, a percentagem da população com problemas mentais que recebe tratamento é igualmente pequena, o que contrasta com taxas acima de 70% verificadas nos países desenvolvidos.

No campo ainda é pior

A divisão entre as economias desenvolvidas e estes gigantes populacionais é também expressiva no que concerne os orçamentos empregues no tratamento das doenças mentais. Enquanto na China e na Índia, os orçamentos de saúde consagram menos de 1% à saúde mental, nos Estados Unidos, por exemplo, este valor ascende quase a 6% e em França e na Alemanha alcança os dois dígitos.
Tanto a Índia como a China lançaram recentemente políticas de supressão de necessidades relacionadas com as doenças mentais, mas a realidade no terreno mostra que há ainda muito caminho a percorrer.
“As carências de tratamento, especialmente nas zonas rurais, são muito grandes”, afirma a propósito da Índia Vikram Patel, um professor na London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Mas na China a realidade não é diferente. Deverá demorar décadas para que cada um destes países resolva estas necessidades, concluem os estudos. Os investigadores sugerem que um largo conjunto de praticantes tradicionais na Índia e na China podem ser treinados para reconhecer problemas de saúde mental e ajudar com tratamento.

20 Mai 2016