Ucrânia | Seul não exclui envio de armas para Kiev

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse ontem que o país não exclui a possibilidade de entregar armas directamente à Ucrânia, num eventual ajustamento da política de Seul neste domínio. A decisão foi anunciada na sequência de informações que dão conta do possível envolvimento de soldados da Coreia do Norte na guerra na Ucrânia.

“Dependendo do nível de envolvimento norte-coreano, ajustaremos gradualmente a nossa estratégia de apoio em várias fases. Isto significa que não estamos a excluir a possibilidade de fornecer armas”, declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa em Seul.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou na quarta-feira “os primeiros combates” das tropas ucranianas contra soldados norte-coreanos que se juntaram ao Exército russo na frente de batalha.

O responsável ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional para que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que este passo russo para expandir a guerra falhe”.

O G7 – grupo das sete nações mais industrializadas do mundo -, a Nova Zelândia e a Austrália anunciaram na terça-feira que estão a preparar uma resposta coordenada à entrada de efectivos norte-coreanos na guerra russo-ucraniana.

8 Nov 2024

Li Hui desloca-se à Indonésia, África do Sul e Brasil para discutir guerra na Ucrânia

A China anunciou na sexta-feira que o seu representante especial para os assuntos euro-asiáticos vai visitar Indonésia, África do Sul e Brasil nos próximos dias para “trocar impressões com membros importantes do ‘sul global’ sobre a situação” na Ucrânia.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning disse, em conferência de imprensa, que Li Hui arrancaria no domingo, com o objectivo de “explorar formas de promover o esfriamento da situação, de modo a gerar condições para o reinício das negociações de paz”.

“Já passaram quase dois anos e meio desde o agravamento da ‘crise’ na Ucrânia e os combates continuam, as perspectivas de conversações de paz permanecem incertas e existe o risco de uma nova escalada e alastramento do conflito”, apontou. Trata-se da quarta deslocação de Li ao exterior para abordar a guerra na Ucrânia.

O diplomata visitou a Ucrânia, Polónia, França, Alemanha e Rússia, em Maio passado, para, segundo Pequim, “abordar com todas as partes uma solução política” para a guerra. Li encontrou-se então com o Presidente ucraniano, Volodymir Zelenski, a quem advertiu que “todas as partes têm de criar condições para acabar com a guerra” e “iniciar conversações de paz”.

Por todo o mundo

Em Maio passado, Li realizou uma viagem pelo Médio Oriente que o levou à Turquia, Egipto, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, onde manteve conversações com altos funcionários para “explorar soluções para o conflito”.

O anúncio da viagem do enviado chinês surge pouco depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, terem reunido, na semana passada, na cidade de Cantão, no sudeste da China. Kuleba foi o mais alto responsável ucraniano a visitar o país asiático desde o início da guerra, em 2022.

Desde o início do conflito, a China tem mantido uma posição ambígua durante a qual tem apelado ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, em referência à Rússia.

Pequim também procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na Ucrânia e apresentou um documento de posição de 12 pontos sobre o conflito, no ano passado, que foi recebido com cepticismo pelo Ocidente.

29 Jul 2024

China | Dmytro Kuleba para falar de solução para guerra na Ucrânia

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, chegou ontem à China para uma visita sem precedentes em que discutirá uma solução pacífica para a guerra entre Kiev e Moscovo.

Apesar dos estreitos laços económicos, diplomáticos e militares com Moscovo, Pequim pretende desempenhar o papel de mediador no conflito. A visita de Dmytro Kuleba, que deverá prolongar-se até sexta-feira, é a sua primeira à China desde o início da invasão russa.

Surge também após as fortes críticas da NATO à ajuda económica de Pequim a Moscovo. Mas, acima de tudo, surge uma semana depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aberto pela primeira vez a porta a conversações com a Rússia, ao afirmar ser favorável à participação de Moscovo numa futura cimeira de paz.

“O principal tema de discussão vai ser a procura de formas de travar a agressão russa e o papel da China na obtenção de uma paz duradoura e justa”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, em comunicado.

O país asiático apelou, no ano passado, numa proposta de paz, ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados – incluindo a Ucrânia. A China pretende apresentar-se como um parceiro comedido em comparação com o Ocidente, que acusa de “deitar lenha para a fogueira”, ao fornecer armas à Ucrânia.

No início de Julho, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à comunidade internacional para “criar as condições” para um “diálogo directo” entre Kiev e Moscovo, durante um encontro, em Pequim, com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

O enviado de Pequim para a questão ucraniana, o experiente diplomata Li Hui, antigo embaixador em Moscovo, fez várias viagens a Bruxelas, Rússia, Ucrânia, Médio Oriente e Turquia.

A China estabeleceu as condições para a sua participação: uma cimeira deve, na sua opinião, “permitir a participação igual de todas as partes” e uma “discussão justa de todos os planos de paz” – incluindo a posição russa.

24 Jul 2024

China | Chefe da diplomacia ucraniana em Pequim

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, vai visitar a China, o principal parceiro económico e diplomático da Rússia, entre terça a quinta feira, para discutir uma solução para a guerra.

“O principal tema de discussão vai ser a procura de formas de travar a agressão russa e o papel da China na obtenção de uma paz duradoura e justa”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, em comunicado.

A China afirma ser neutra no conflito, mas nunca condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022 e recebeu várias vezes o Presidente russo, Vladimir Putin, no seu território desde o início da guerra.

Pequim apela regularmente ao respeito pela integridade territorial de todos os países, o que implicitamente diz respeito à Ucrânia, mas também apela à consideração das preocupações de segurança da Rússia.

Os líderes europeus têm apelado repetidamente à China para que utilize as suas boas relações e a sua influência sobre Moscovo para pôr termo à guerra, um pedido que Pequim considera que deve ser feito às partes envolvidas.

Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa, revelou que Dmytro Kouleba vai reunir-se com o homólogo chinês, Wang Yi, mas não deu pormenores da agenda do ministro ucraniano. Wang Yi considerou na semana passada que a questão mais urgente e o objectivo mais realista neste momento é desanuviar as tensões o mais rapidamente possível.

Acordo pendente

Em Junho, as autoridades chinesas não participaram numa cimeira sobre a paz, organizada por Kiev na Suíça, para protestar contra a ausência da Rússia, que não foi convidada. As autoridades ucranianas querem agora elaborar um plano para uma paz “justa” e tencionam convidar Moscovo a participar numa segunda cimeira.

Moscovo pede de facto a capitulação da Ucrânia para pôr fim à guerra, exigindo que Kiev renuncie à sua aliança com o Ocidente e aceite entregar as cinco regiões que a Rússia ocupa total ou parcialmente.

23 Jul 2024

Taiwan e presença de Zelensky marcam fórum de defesa de Singapura

A autonomia de Taiwan, que divide China e Estados Unidos, e a presença do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, marcaram ontem o último dia do principal fórum de defesa da Ásia, em Singapura.

O ministro da Defesa chinês, almirante Dong Jun, afirmou que as suas tropas estão preparadas para travar “pela força” tentativas de independência de Taiwan e acusou forças estrangeiras de interferência, referindo-se aos Estados Unidos, segundo um balanço da agência EFE.

“O Exército de Libertação do Povo chinês sempre foi uma força indestrutível e poderosa na defesa da unificação da pátria e actuará sempre com determinação e força para impedir a independência de Taiwan”, proclamou Dong em Singapura. Dong reafirmou o empenho da China numa reunificação pacífica com Taiwan.

“Mas a situação está a ser constantemente corroída pelos separatistas e pelas forças estrangeiras”, afirmou no encontro na cidade-Estado do Sudeste Asiático.

O Diálogo Sangri-La, entre sexta-feira e domingo, realizou-se uma semana depois de a China ter efectuado exercícios militares em redor de Taiwan, na sequência da posse do líder William Lai, que Pequim descreve como secessionista.

À margem do fórum, o ministro chinês reuniu-se na sexta-feira durante 45 minutos com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, o primeiro encontro deste tipo desde há um ano e meio.

Austin advertiu Dong para que a China não utilize a transição política de Taiwan, decorrente de eleições democráticas, “como cobertura para medidas coercivas”. Tanto Austin como Dong concordaram, nos respectivos discursos, em manter o diálogo como instrumento para reduzir as tensões e evitar “mal-entendidos e erros de cálculo”.

Ponto de equilíbrio

Além da situação sobre a antiga Formosa, os pontos de vista de Washington e Pequim também entram em conflito sobre o Mar do Sul da China, uma região-chave para o comércio mundial.

Os Estados Unidos defendem a liberdade de navegação e as reivindicações territoriais de países aliados, como as Filipinas, enquanto o gigante asiático reclama a soberania sobre praticamente toda a área.

Perante as inúmeras tensões entre as duas potências, o ministro da Defesa de Singapura, Ng Eng Hen, anfitrião da reunião, tentou encontrar um ponto de equilíbrio.

“Devemos evitar a todo o custo um conflito armado na Ásia. (…) O mundo não pode permitir a abertura de uma terceira frente”, observou Ng, aludindo às guerras na Ucrânia e em Gaza.

Sobre Taiwan, Ng advogou que o ‘status quo’ é a melhor solução para uma questão que disse ser complexa. “Nem independência, nem reunificação”, resumiu.

Anunciado em cima da hora, Volodymyr Zelensky participou no fórum com um apelo à diplomacia como mecanismo para forçar a Rússia a negociar a paz com Kiev. “É muito importante para nós iniciar o processo de estabelecimento de uma paz justa”, afirmou no sábado, após um encontro com o Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta.

“A Rússia não quer acabar com a guerra. Por isso, temos de trabalhar em conjunto com todo o mundo para aproximar a paz”, acrescentou. No discurso de ontem, Zelensky convidou os líderes da Ásia-Pacífico a participarem na cimeira de paz de 15 e16 de Junho, na Suíça.

“A Ucrânia propõe-se alcançar a paz através da diplomacia. (…) Convido a vossa região, os vossos líderes e países a participarem, para que os vossos povos se envolvam nos assuntos mundiais”, afirmou.

3 Jun 2024

Ucrânia | Pequim promete aumentar importações de produtos ucranianos

A primeira viagem de um governante ucraniano a Pequim, desde o início da guerra, serviu para fortalecer os laços entre os dois países e promover a cooperação económica bilateral

O vice-ministro chinês do Comércio, Ling Ji, disse ao seu homólogo ucraniano, Taras Kachka, que a China quer aumentar as suas importações da Ucrânia, informaram sexta-feira as autoridades de Pequim.

Nesta que é a primeira visita de alto nível de uma autoridade ucraniana a Pequim, desde o início da invasão russa, Ling transmitiu a mensagem de que Pequim quer “trabalhar com Kiev para desenvolver activamente a cooperação económica e comercial bilateral”, bem como “promover a parceria estratégica entre os dois países”.

“A China está disposta a aumentar as importações de produtos de alta qualidade da Ucrânia”, acrescentou Ling durante a reunião, realizada na quinta-feira.

Pelo seu lado, Kachka garantiu que Kiev espera “expandir as exportações de produtos agrícolas para a China”, numa promessa feita após uma reunião com representantes do Ministério da Agricultura em Pequim.

Desde o início da invasão russa, a Ucrânia tentou, por meios diplomáticos, impedir a China de ajudar militarmente a Rússia e espera que Pequim use a sua influência sobre o Kremlin para conseguir uma redução nos ataques russos contra a Ucrânia.

Da mesma forma, as negociações também acontecem depois de a Rússia ter abandonado, na segunda-feira, o acordo pelo qual se havia comprometido a não atacar navios que exportam cereais ucranianos pelo Mar Negro.

Desde essa altura, a Rússia tem intensificado os ataques a infraestruturas ucranianas, nomeadamente no porto de Odessa, localizado na costa do Mar Negro.

As autoridades ucranianas denunciaram, na quinta-feira, que o consulado chinês na cidade sofreu danos na sequência de um ataque russo com mísseis e veículos aéreos não tripulados (‘drones’).

O Governo chinês afirmou sexta-feira que não houve “vítimas” após as “explosões” ocorridas nas proximidades do seu consulado na cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, afirmando que as instalações “foram evacuadas há muito tempo”.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China indicou que a onda de choque “despedaçou parte das paredes e janelas” do consulado. A mesma nota referiu que há “informações” que apontam para o Exército russo como responsável.

Da neutralidade

Pequim recusou condenar a invasão da Ucrânia em fóruns internacionais, mas assegurou que não fornecerá armas para nenhum dos lados da guerra.

A China afirma ser neutra no conflito, mas acusou os Estados Unidos e os seus aliados de provocarem a Rússia e reforçou a relação económica, diplomática e comercial com Moscovo.

Desde o início da invasão, a Ucrânia tentou diplomaticamente impedir que a China ajudasse militarmente a Rússia e expressou esperança de que Pequim use a sua influência sobre o Kremlin para conseguir uma redução nos ataques russos.

Em Fevereiro de 2022, pouco antes do início da intervenção militar russa, os líderes de ambas as nações, Vladimir Putin e Xi Jinping, proclamaram uma “amizade sem limites” entre os seus países, em Pequim.

24 Jul 2023

Ucrânia | Pequim manifesta “grande preocupação” com impacto humanitário da destruição de barragem

A China manifestou na quarta-feira “grande preocupação” perante a destruição da barragem de Kakhovka (sul da Ucrânia) e o consequente impacto humanitário, económico e ecológico, num momento em que Kiev e Moscovo trocam acusações sobre a responsabilidade pelo sucedido.

Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou que “todas as partes no conflito” devem “respeitar o direito humanitário” e “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger os civis e salvaguardar as instalações civis” no contexto do conflito em curso no território ucraniano, desencadeado pela ofensiva militar russa iniciada em Fevereiro de 2022.

“A posição da China sobre a crise na Ucrânia é consistente e clara. Nas circunstâncias actuais, esperamos que todas as partes se comprometam com uma solução política para a crise e trabalhem em conjunto para aliviar a situação”, referiu o porta-voz, de acordo com uma transcrição disponibilizada no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

A barragem de Kakhovka situa-se na região de Kherson, anexada pela Rússia, mas as forças ucranianas controlam a parte situada na margem direita do rio Dniepre e as tropas russas a margem esquerda.

Mais de 2.700 pessoas foram retiradas de zonas inundadas na sequência da destruição, na terça-feira, da barragem de Kakhovka, anunciaram as autoridades ucranianas e russas na quarta-feira.

A generalidade da comunidade internacional culpou a Rússia, mas o secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se prudente numa reação divulgada na terça-feira, por falta de informações independentes. Considerou, porém, tratar-se de uma “monumental catástrofe humana, económica e ecológica”, e mais uma “consequência devastadora da invasão russa” da Ucrânia.

9 Jun 2023

Visita | Xi Jinping chega a Moscovo para visita de três dias

A visita do Presidente chinês tem como objectivo reforçar os laços de amizade e cooperação entre as duas nações e promover caminhos para a paz através do diálogo

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou ontem na Rússia, onde vai reunir com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países. “A minha visita à Rússia visa fortalecer a amizade, cooperação e paz”, escreveu Xi, num artigo publicado por um jornal russo, antes de desembarcar em Moscovo.

A visita surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional desde o início da guerra na Ucrânia. A viagem segue também o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para o governo de Xi.

O líder chinês mais forte das últimas décadas tem tentado projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais. “Uma maneira razoável de resolver a crise” pode ser encontrada se “todas as partes abraçarem a visão de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, referiu Xi no artigo publicado no jornal russo Russian Gazette.

Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia.

Manual de intenções

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, através do seu porta-voz Wang Wenbin, indica que durante a visita Xi terá uma profunda troca de pontos de vista com Putin sobre as relações bilaterais, bem como sobre as principais questões internacionais e regionais de interesse comum, promoverá a coordenação estratégica bilateral e a cooperação prática e injectará um novo ímpeto no desenvolvimento das relações bilaterais.

A visita será uma jornada de amizade, o que aprofundará ainda mais a confiança e a compreensão mútuas entre a China e a Rússia e consolidará a base política e o apoio público à amizade entre os dois povos por gerações, disse Wang, citado pelo Diário do Povo.

A visita de Xi à Rússia será uma viagem de cooperação para promover e aprofundar a sinergia entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e a União Económica Eurasiática e ajudar os dois países a alcançar os respectivos objectivos de desenvolvimento e revitalização.

A visita também será uma viagem para promover a paz, disse Wang, observando que a China e a Rússia, com base no não alinhamento, não confrontação e não ter como alvo terceiros, praticarão o verdadeiro multilateralismo, promoverão um mundo multipolar e uma maior democracia nas relações internacionais, melhorarão a governança global e contribuirão para o desenvolvimento e o progresso mundiais.

“A China continuará a defender sua posição objectiva e justa sobre a crise na Ucrânia e desempenhará um papel construtivo na promoção de negociações de paz”, afirmou o porta-voz, segundo a publicação estatal. “O propósito da política externa da China é manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum”, disse Wang, observando que, na questão da Ucrânia, a China sempre esteve do lado da paz e do diálogo, e do lado certo da história.

“A posição da China resume-se a apoiar as negociações de paz. Sempre acreditamos que o diálogo político é a única maneira de resolver conflitos e disputas, enquanto atiçar as chamas e alimentar a luta, sanções unilaterais e pressão máxima só intensificarão as contradições e aumentarão as tensões, o que não está de acordo com os interesses e expectativas da maioria dos países do mundo”, disse.

Ao responder a uma pergunta sobre se a cimeira China-Rússia envolverá questões como fornecimento de vários tipos de assistência à Rússia pela China, Wang disse que a China sempre realizou uma cooperação económica e comercial normal com outros países, incluindo a Rússia, com base na igualdade e benefício mútuo.

“A cooperação entre a China e a Rússia é franca e sincera, pelo benefício dos dois povos e pelo desenvolvimento do mundo, e está livre de interferência e coerção de terceiros”, afirmou o porta-voz do MNE chinês.

Condenação em Haia

A reunião desta semana ocorre também após o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, ter acusado Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país. China e Rússia partilham uma fronteira com mais de quatro mil quilómetros de distância e Moscovo é um importante fornecedor de petróleo e gás para Pequim.

A China considera ainda a parceria com o país vizinho fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão. A reunião dá a ambos os líderes a oportunidade de mostrarem que têm “parceiros de peso” numa altura de relações tensas com Washington, disse Joseph Torigian, especialista em relações sino-russas na American University, em Washington, citado pela agência Associated Press. “A China pode sinalizar que, se as relações com os Estados Unidos continuarem a deteriorar-se, poderão fazer muito mais para ajudar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia”, apontou Torigian.

Armas negadas

A China voltou ontem a negar que tencione fornecer armamento à Rússia, depois de a imprensa norte-americana ter indicado que Pequim está a considerar enviar artilharia e munições para Moscovo. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou que “não é a China” que fornece armas, mas sim os Estados Unidos, e aconselhou Washington a “parar de colocar lenha na fogueira e apontar o dedo a outros países e coagi-los”.

“Os Estados Unidos devem desempenhar um papel construtivo para encontrar uma solução política para o conflito na Ucrânia”, disse Wang, acrescentando que a “China sempre manteve uma posição objectiva e imparcial sobre a ‘questão’ ucraniana: exortar à paz e ao diálogo”.

Ucrânia na agenda

Xi Jinping e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, vão discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia durante a visita do líder chinês a Moscovo, anunciou ontem o Kremlin. “Os tópicos abordados no plano [chinês] para a Ucrânia vão fazer parte das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa.

“A Ucrânia certamente estará na agenda” da reunião entre Xi e Putin, apontou. Peskov acrescentou que Putin vai explicar a Xi Jinping “minuciosamente” a posição de Moscovo sobre o conflito, para que o Presidente chinês possa “obter em primeira mão a visão que o lado russo tem do momento actual”.

21 Mar 2023

Ucrânia | 200 mil euros para garantir segurança nuclear

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, corroborou as declarações do embaixador chinês em Viena, Li Song, que a China doaria 200.000 euros para ajudar a salvaguardar a segurança das instalações nucleares da Ucrânia. Segundo Mao, a China sempre atribuiu importância acrescida às questões de segurança nuclear e está activamente comprometida com a cooperação internacional nessa área.

Recentemente, o MNE chinês divulgou o “Documento Conceptual sobre Iniciativas de Segurança Global”, no qual deixa claro que a promoção da cooperação internacional em segurança nuclear é uma das principais direções de cooperação. A recém-divulgada “Posição da China sobre a Resolução Política da Crise na Ucrânia” reafirma também claramente que a China se opõe a ataques armados a instalações nucleares pacíficas e apoia o papel construtivo da AIEA na promoção da segurança e proteção dessas mesmas instalações.

A decisão da China de doar 200.000 euros para o projecto de assistência técnica e segurança nuclear ucraniana por meio da Agência Internacional de Energia Atómica visa o apoio aos esforços de fortalecimento da segurança das instalações nucleares da Ucrânia com base em ações práticas, concluiu Mao.

10 Mar 2023

Ucrânia | Proposta chinesa reflecte “interesses variados” e imagem de país responsável, diz analista

Um analista considerou ontem o plano proposto pela China para o conflito na Ucrânia “vago” e a reflectir os “variados interesses” de Pequim, servindo sobretudo para projectar uma imagem como potência responsável.

“A linguagem do documento não vincula ninguém a nada, incluindo Pequim”, observou Alexander Gabuev, especialista em política externa russa do Carnegie Endowment for International Peace, um grupo de reflexão (‘think tank’) com sede em Washington.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, defendeu na terça-feira que o país fez uma “avaliação independente” sobre o conflito e que está empenhado na paz. “Nós publicamos um documento com propostas para a paz”, lembrou.

No plano de Pequim, difundido no final de Fevereiro, destaca-se a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apela-se também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia.

Pequim é sensível ao princípio da integridade territorial, face à questão de Taiwan e a movimentos separatistas dentro do seu território, mas a relação estratégica com a Rússia também é de “grande importância” para o país asiático, lembrou o analista.

As duas nações partilham uma fronteira com mais de quatro mil quilómetros de distância e Moscovo é um importante fornecedor de petróleo e gás para a China. Pequim considera ainda a parceria com o país vizinho fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão.

As relações com o Ocidente, porém, continuam a ser “cruciais” para a prosperidade económica e o avanço tecnológico da China, ressalvou Gabuev. “Pequim não deseja acelerar a inevitável ruptura com os Estados Unidos e os países aliados e perder, assim, o acesso à tecnologia, aos mercados e às praças financeiras ocidentais”, observou.

9 Mar 2023

A hipocrisia na solidariedade

Lembram-se certamente de quando se iniciou a invasão da Ucrânia pelas tropas russas e as mulheres e crianças ucranianas começaram a fugir para a Polónia, Roménia, Hungria e Moldávia. Lembram-se certamente do desvario que foi em Portugal com toda a gente a apregoar que estava disposta a ajudar os novos refugiados de qualquer forma. Partiram de Portugal muitos camiões e carrinhas carregados de géneros alimentícios e roupas com destino às fronteiras dos referidos países com a Ucrânia.

Até a apresentadora polémica, Bárbara Guimarães, quis fazer propaganda dela própria e anunciou que ia a caminho da Polónia para ajudar, mas ninguém viu qualquer imagem da senhora junto da Ucrânia, a qual foi criticada por ter abandonado os filhos e ter dito que ia pela estrada fora.

Os portugueses disponibilizaram-se de imediato a receber em suas casas refugiados ucranianos, organizaram movimentos de apoio aos refugiados, os voluntários eram inúmeros, o Governo anunciou que daria todo o apoio e que poderia receber milhares de refugidos pelas diversas cidades do país.

Afinal, as promessas instantâneas não passaram de hipocrisia na solidariedade. Já entraram em Portugal milhares de refugiados ucranianos, na sua maioria mulheres e crianças. Mas, o absurdo está à vista. Apenas um terço de refugiados ucranianos que chegaram a Portugal já pode aceder a ofertas de emprego. Os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) estavam para ser extinguidos desde que foi morto um migrante nas suas instalações.

Nada aconteceu e os SEF é que deviam ser eficientes no tratamento burocrático da documentação necessária para quem chegou há mais de um mês e nada tem. Não tem, por exemplo, o Certificado de Protecção Temporária, que dá direito a que o refugiado fique com autorização de residência. Já chegaram cerca de 27 mil pedidos de certificação aos SEF e até agora apenas foram emitidos 8500 certificados de concessão de autorização de residência, sem os quais as pessoas não podem começar a trabalhar. Onde está a solidariedade apregoada?

Onde está o rápido facilitismo para benefício dos refugiados? É que o problema maior está ligado à impossibilidade de os refugiados receberem qualquer apoio sem terem a referida documentação. Os SEF até se dignaram criar um site anunciando que o mesmo ia permitir simplificar a obtenção da Protecção Temporária por um ano, prorrogável por dois períodos de seis meses, e que, com base neste pedido os cidadãos teriam acesso a número de identificação fiscal, de Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde. Bem, meus amigos, isto tudo deve ter sido para presidente Zelensky ver…

Os SEF sacodem a água do capote e dizem que têm de esperar pela Segurança Social, pelos Serviços de Saúde, pelas Finanças e sabe-se lá que mais autoridades, quando sabemos que o nosso país é dos mais burocratas do mundo. Ou então, tudo tem de ser resolvido por baixo da mesa com um envelope. O que sabemos é que todos têm uma desculpa. A Segurança Social diz que está à espera disto e daquilo. Os Serviços de Saúde idem aspas, aspas.

As Finanças adiantam uma história quase incompreensível de que atribuem o NIF após recepção dos elementos de identificação dos migrantes por parte dos SEF. Perceberam alguma coisa? Nós, também não. O que sabemos é que cerca de 20 mil refugiados andam por aí a receber apoio e ajuda de amigos e de associações de ucranianos, numa terra que não conhecem e onde só choram pelos seus maridos que ficaram na guerra.

Era tudo facilidades, na televisão só se ouviam governantes a afirmar que Portugal tudo faria para que nada faltasse aos refugiados. O comportamento que as nossas autoridades têm tido para com essa gente que ficou sem nada, tem sido execrável e a merecer a condenação de todo os portugueses. Uma senhora ucraniana de 40 anos com três filhos e com quem contactámos, afirmou que tem uma sensação de estar abandonada e a depender de intermediários a quem já deu todo o dinheiro que trouxe para que possa ter o documento necessário para poder trabalhar.

Entretanto, foi colocada num quarto em Lisboa e ali passa o tempo com os meninos. Já foi a um balcão dos SEF e disseram-lhe que não sabiam quando chegaria o seu documento. Uma resposta, ao bom estilo da função pública em Portugal. Contudo, o mais vergonhoso para todos nós é que já há muitas ucranianas que querem regressar na esperança de poderem voltar à sua terra e aos braços dos seus maridos. Os serviços públicos que ouviram os seus ministros, o seu primeiro-ministro e o seu Presidente da República afirmarem que Portugal iria receber os refugiados da Ucrânia com toda a abertura, têm de se convencer que, neste caso, a burocracia tem de ser posta de parte e têm de trabalhar competentemente para que ninguém possa dizer que a solidariedade em Portugal é uma hipocrisia.

11 Abr 2022

Ucrânia | China contra exclusão da Rússia da cimeira do G20

A China manifestou-se esta quarta-feira contra a exclusão da Rússia da próxima cimeira do G20, uma sugestão avançada pelos Estados Unidos e os países aliados, após a invasão da Ucrânia. “A Rússia é um importante país membro [do G20]. Nenhum membro tem o direito de expulsar outro país”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

Pequim absteve-se de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os países ocidentais estão a preparar novas sanções contra a Rússia. Na quinta-feira vão reunir-se em Bruxelas, no âmbito da NATO, do G7 e da União Europeia, um mês após a Ucrânia ter sido invadida pela Rússia.

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou sobre uma possível exclusão do Presidente Vladimir Putin do G20, cuja próxima cimeira está marcada para a Indonésia no final do ano.

“Sobre a questão do G20, digo simplesmente o seguinte: acreditamos que a Rússia não pode agir como se nada tivesse acontecido nas instituições internacionais e na comunidade internacional”, disse Sullivan.

“Mas sobre instituições específicas e decisões específicas, gostaríamos de consultar os nossos aliados e parceiros nessas instituições antes de decidir”, acrescentou. O G20 ou Grupo dos 20 junta representantes das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,5 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

24 Mar 2022

Coreia do Sul envia equipamento militar não letal e material médico para a Ucrânia

A Coreia do Sul vai enviar equipamento militar não letal, como capacetes e cobertores à prova de bala, e material médico para a Ucrânia, anunciou hoje o Governo.

O carregamento, avaliado em cerca de mil milhões de won (733 mil euros), consiste em conjuntos de primeiros socorros, rações alimentares militares prontas a comer e tendas, disso o porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, Boo Seung-chan, em conferência de imprensa.

Os pormenores da remessa “ainda estão em discussão”, acrescentou Boo, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Na semana passada, o mesmo porta-voz tinha afirmado que o Ministério da Defesa acredita existirem “limites para o fornecimento de armas letais” à Ucrânia, numa aparente rejeição do pedido de fornecimento de armas feito por Kiev à comunidade internacional.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, solicitou ajuda humanitária e militar, incluindo armas, para tentar repelir a invasão do exército russo, iniciada há quase três semanas.

Os meios de comunicação sul-coreanos noticiaram que Kiev terá pedido a Seul mísseis antitanque, espingardas, coletes à prova de bala e o fornecimento de informações militares obtidas por satélite.

O Governo sul-coreano, que se juntou à UE e ao G7 [Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido] na imposição de sanções económicas à Rússia, comprometeu-se até agora a enviar cerca de nove milhões de euros em ajuda humanitária para a Ucrânia.

No mês passado, o embaixador ucraniano em Seul, Dmytro Ponomarenko, também pediu ajuda a Seul para reforçar a cibersegurança no seu país.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

15 Mar 2022