Hoje Macau SociedadeEconomia | Acelera este ano, abranda em 2018 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projecção de que a economia de Macau vai voltar a crescer este ano, mas antecipou uma desaceleração para o próximo, indicou a instituição no World Economic Outlook. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em termos reais de 2,8 por cento em 2017 foi conhecida, em Fevereiro, num relatório da instituição financeira sobre a RAEM. Nesse documento, o FMI reviu em alta a projecção de crescimento, avançada em Outubro, que era de 0,2 por cento. Para o próximo ano, o FMI antecipou um abrandamento, com um aumento do PIB de 1,7 por cento em termos reais. Já para 2022, o World Economic Outlook previu uma recuperação, ao calcular um crescimento de 3,8 por cento para esse ano. A economia de Macau contraiu-se em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, apesar da recuperação da indústria do jogo. O documento do FMI reiterou previsões anteriores relativamente à taxa de desemprego de Macau, calculando que se mantenha na ordem dos dois por cento este ano e no próximo. As taxas de inflação também se deverão manter baixas: dois por cento em 2017, 2,2 por cento em 2018 e três por cento em 2022. No World Economic Outlook, publicado em Washington, o FMI melhorou ligeiramente a previsão de crescimento económico mundial para os 3,5 por cento em 2017 (contra os 3,4 por cento anteriormente previstos), projectando um crescimento de 3,6 por cento em 2018.
Hoje Macau SociedadeFMI | São precisas décadas para diversificar como Las Vegas O Fundo Monetário Internacional considera que é prematuro fazer uma avaliação dos elementos não jogo dos casinos, alertando que são necessárias “décadas” para que a economia se diversifique. Lionel Leong mostra-se “satisfeito” com as conclusões [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]odos os anos o Governo anuncia nas Linhas de Acção Governativa que a diversificação da economia é um objectivo primordial, mas os resultados têm sido vagos. No seu mais recente relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera “prematuro” avaliar o potencial de Macau no segmento extra-jogo por ser uma aposta recente. “Actualmente, o turismo não-jogo representa apenas 26 por cento do total, muito abaixo dos 64 por cento de Las Vegas. Dito isto, ao ritmo da própria transição feita por Las Vegas, a RAEM iria precisar de cerca de 30 anos para atingir um nível idêntico de diversificação”, lê-se nas conclusões citadas pela Agência Lusa. Não obstante, o FMI nota que “muitos centros de jogo em todo o mundo lutaram para fazer essa transição”. A instituição com sede em Washington afirma que continua a ser precoce avaliar o potencial de Macau no segmento não-jogo porque “só recentemente é que as operadoras de jogo investiram na necessária oferta, em particular, em adequar os hotéis para atrair grandes convenções e mais entretenimento apropriados para o visitante que não procura casinos”, como as famílias. “Macau tem uma economia particularmente concentrada. O turismo chegou a representar quase 90 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no ‘pico’ e agora [o peso] diminuiu para uma percentagem ainda elevada de 67 por cento”, sublinha o FMI que, faz o paralelo com a fatia média que o sector detém nas economias das Caraíbas (apenas 19 por cento). O FMI também recorda que o turismo é enorme em termos absolutos, com Macau a gerar a décima maior receita do mundo (e a quarta na Ásia), algo “impressionante” para um território pequeno com uma população estimada em aproximadamente 647 mil habitantes. A indústria do jogo representa entre 73 a 80 por cento do total do sector do turismo e 94 por cento das receitas das operadoras de jogo. O FMI observa ainda que se considera “crucial” o aumento da capacidade hoteleira (os quartos aumentaram de 27.300 em 2014 para 36.300 em 2016, contra 62.000 em Las Vegas), na medida em que as restrições em termos de oferta limitaram anteriormente o espaço para a realização de grandes eventos. Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, reagiu entretanto ao relatório. Citado por um comunicado oficial, o governante mostrou-se “satisfeito pelo reconhecimento da capacidade de resposta da cidade, numa mudança económica e por uma melhor previsão do crescimento económico de Macau, bem como pela confiança na diversificação adequada da economia e indústrias”. Três frentes Com uma economia fortemente dependente da indústria do jogo, Macau tem, há muito, o “ambicioso plano” – como descreve o FMI – de a diversificar, uma meta que compreende três frentes. Em primeiro lugar, diversificar a própria indústria do jogo, do segmento VIP para o mercado de massas. Depois, alargar a própria carteira de turistas – procurando atrair mais visitantes pela oferta extra-jogo em detrimento dos casinos – e, por fim, abrir o espectro das fontes de rendimento do sector do turismo para o dos serviços financeiros, conforme o primeiro plano quinquenal de Macau apresentado no ano passado. Malditos choques Na sua análise sobre Macau, o FMI aponta ainda que os recentes “choques” sofridos pela economia [queda das receitas dos casinos] evidenciam a importância da estratégia de a diversificar. “Os recentes ‘choques’ externos sublinham a importância da estratégia das autoridades de uma transição para um modelo económico mais diversificado”, mas “felizmente, a RAEM inicia esta transição a partir de uma posição de força”, dado que conta com “importantes amortecedores”, sublinha a instituição com sede em Washington. Apesar de notar que os ‘choques’ sofridos pela economia de Macau colocaram em relevo a importância de diversificar o tecido económico – com “a rapidez e dimensão da recente queda da procura externa a servir de lembrete de quão curta a base se tornou durante os anos de ‘boom’” –, os efeitos no resto da economia foram “surpreendentemente limitados”. O FMI dá o exemplo da baixa taxa de desemprego e da mediana dos salários, que estabilizou, acima dos níveis de 2014. “A principal fonte dessa resiliência foi que, não obstante a média das despesas dos visitantes ter caído significativamente, o número de turistas se manteve estável.” “A grande fatia da contracção nas receitas foi absorvida na forma de lucros extraordinários menores em vez de numa redução do emprego”, explica o FMI. Além disso, “a resiliência na procura por mão-de-obra no sector do turismo ajudou a conter a queda no consumo interno e a deterioração da qualidade dos activos bancários”.
Hoje Macau SociedadeEstudo | Economia de Macau deve crescer 3,2 por cento São previsões optimistas dos economistas da Universidade de Macau, sujeitas a ajustamento caso se revele necessário. A economia vai crescer, a inflação vai ser baixa e o desemprego não sofrerá alterações [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) prevê que a economia do território regresse ao crescimento positivo este ano, antecipando uma expansão de 3,2 por cento, e baixas taxas de inflação e desemprego. Esse valor situa-se no intervalo entre uma previsão mais pessimista – de queda de 6,9 por cento – e uma mais optimista de crescimento de 13,2 por cento, explica o Departamento de Economia da UM que apresentou, na sexta-feira, a sua perspectiva macroeconómica de Macau para 2017. O cenário traçado afigura-se bastante mais positivo do que o antecipado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar do Departamento de Economia da UM ressalvar que os dados sinalizam a possibilidade de haver um “contínuo ajustamento” do crescimento económico de Macau durante este ano, pelo que a previsão será actualizada para reflectir eventuais mudanças. Arrastada pelo desempenho da indústria do jogo, a economia de Macau entrou em queda no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência de administração, em 1999, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu (-1,2 por cento). Em 2015, o PIB caiu 21,5 por cento. Já no primeiro e segundo trimestres de 2016 contraiu-se 12,4 por cento e sete por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos. Ao fim de dois anos de contracção, a economia de Macau voltou a crescer, com o PIB a aumentar quatro por cento no terceiro trimestre de 2016. Os dados relativos ao quarto trimestre e ao cômputo do ano passado vão ser publicados no início de Março. O FMI estimou, em Outubro passado, que a economia de Macau iria cair 4,7 por cento em 2016, antes de retomar o crescimento positivo este ano (+0,2 por cento). As receitas dos casinos caíram em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, mas a parte final do ano mostrou sinais de recuperação da indústria que constitui o principal motor da economia de Macau, com Dezembro a marcar o quinto mês consecutivo de subida das receitas em termos anuais homólogos. Pouco desemprego Na perspectiva macroeconómica para 2017, o Departamento de Economia da UM antecipa ainda uma baixa taxa de desemprego de dois por cento – idêntica à actual (era de 1,9 por cento em Novembro). Já a taxa de inflação, medida através da variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), deve “continuar a diminuir devido à fraca procura por parte dos residentes”, com o Departamento de Economia da UM a antecipar que se fixe em 2,6 por cento este ano.
Hoje Macau SociedadeFMI estima queda do PIB em 4,7% [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caia 4,7% este ano, uma contracção menor do que os 7,2% que estimava em Abril passado. De acordo com o World Economic Outlook do FMI, divulgado na terça-feira, a economia do território voltará a crescer em 2017, estimando um aumento de 0,2% no PIB no próximo ano. Em Abril, o FMI já previa um regresso ao crescimento em 2017, mas não tinha avançado com uma estimativa. Quanto à taxa de desemprego, que ficou em 1,9% no final de 2015, o FMI estima que se mantenha este ano e que passe para 2% em 2017. O PIB de Macau começou a cair no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência do exercício de soberania de Portugal para a China, em 1999, a economia local registou uma diminuição (-0,9%). Em 2015, o PIB caiu 20,3% e no primeiro semestre deste ano a contracção homóloga foi 10,3%. O Chefe do Governo disse no sábado que a economia da região “encontra-se, ainda, numa fase de ajustamento”. Chui Sai On referiu que, no entanto, apesar de o PIB ter continuado a cair no primeiro semestre, foi uma “queda significativamente mais reduzida quando comparada com a do ano anterior”.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaYuan entra no cabaz de moedas do Fundo Monetário Internacional O Yuan faz finalmente parte do cabaz de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional, juntando-se ao dólar americano, yen japonês, euro e libra. A medida, que internacionaliza a moeda chinesa, terá poucos efeitos em Macau e Hong Kong, dizem economistas [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]astou um ano apenas para a moeda chinesa dar um passo gigante na sua internacionalização e passar a fazer parte do cabaz de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI). O yuan está agora ao lado do dólar americano, do yen japonês, do euro ou da libra inglesa, o que faz com que a China deva, aos olhos dos analistas, assumir as rédeas em prol de maiores reformas económicas. Em Novembro do ano passado, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, confirmava que o yuan já respeitava dois dos critérios para entrar no cabaz das moedas mais importantes do mundo. A moeda chinesa já era “largamento utilizada” e “livremente utilizada”. No dia em que se celebraram os 67 anos da República Popular da China, o país teve mais uma confirmação do sucesso das suas políticas económicas. Citado pelo diário de Hong Kong South China Morning Post, Peter Wong Tung-shun, CEO do banco HSBC para a zona da Ásia-Pacífico, defendeu que a entrada do yuan para o cabaz de moedas do FMI “catapulta formalmente (a moeda chinesa) para o ranking das moedas de reserva mais importantes, o que dá grande confiança a empresas e instituições de todo o mundo para constituir negócios em yuan e investir em activos nesta moeda”. Poucas consequências O HM questionou dois economistas sobre eventuais consequências desta decisão para Macau e Hong Kong, mas Albano Martins e José Pãosinho não conseguem prever efeitos positivos ou negativos. “A curto e médio prazo não vejo quaisquer consequências porque o movimento de internacionalização do yuan começou há alguns anos em Macau e Hong Kong. O impacto será maior noutros países do que nestas regiões. A entrada do yuan no cabaz de moedas do FMI vai tornar os empréstimos mais caros porque as taxas de juro da moeda chinesa são superiores às das outras moedas”, explicou José Pãosinho. Quanto à entrada da moeda no cabaz do FMI, constitui “um acontecimento normal em termos da evolução da economia chinesa, que tem um maior peso na economia mundial”. Resulta ainda de um “processo normal na política de internacionalização”, referiu ainda o economista. Também Albano Martins não denota grandes consequências pelo facto dos dois territórios terem a sua própria moeda, a pataca e o dólar de Hong Kong. “Não vejo qualquer tipo de efeito ou consequência benéfica ou não benéfica para Macau e Hong Kong. Primeiro porque o dólar americano está ligado à nossa moeda, e não me parece que haja outro tipo de consequência. A China passa a ter a terceira posição, a seguir ao Euro, e não me parece que tenha qualquer relevância em relação a Hong Kong ou Macau. Isso terá consequências positivas para a China porque internacionaliza mais a moeda chinesa, mas para Hong Kong e Macau não. Até termos moeda própria não haverá grandes consequências”, defendeu ao HM. Apesar de se vislumbrar uma maior internacionalização para uma moeda que, até há poucas décadas atrás, estava confinada às fronteiras internas do país, a verdade é que a utilização do yuan sofreu uma quebra, tendo existido reservas quanto a uma depreciação. Analistas disseram ao South China Morning Post disseram que esta medida não vai provocar mudanças de imediato, graças às políticas de capital mais restritivas e a uma falta de transparência nas políticas monetárias. “É um sinal positivo e um bom começo, mas não vai fazer grande diferença em termos de procura do yuan e a sua liquidez”, concluiu Heng Koon How, estratega monetário do banco Credit Suisse de Singapura. Em 2003 o yuan transpôs fronteiras pela primeira vez quando Pequim autorizou o estabelecimento de negócios em yuan através dos bancos de Hong Kong. Em 2009 seria permitida a sua utilização por empresas e instituições internacionais. Em 2010 passou a ser permitido fazer investimentos em yuan.
Joana Freitas Manchete SociedadeRenminbi | Portugal e PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa A criação do sistema de liquidação imediata do renminbi foi o primeiro passo para a internacionalização da moeda chinesa e a utilização de Portugal e dos Países de Língua Portuguesa como via para esse objectivo é o segundo passo. A menos de um mês do renminbi entrar no FMI, a comunicação do presidente da AMCM em Lisboa incidiu sobre aquilo que é uma das formas de abertura da China ao mercado internacional [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á foi concluído no primeiro semestre o sistema de liquidação imediata de renminbi e agora o próximo passo é que os Países de Língua Portuguesa sirvam como meio para a internacionalização da moeda chinesa. É o que explica o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) que relembrou, num seminário em Portugal, que o renminbi vai fazer parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) (ver texto secundário). O organismo dirigido por Anselmo Teng frisa no seu relatório anual de 2015 que estavam em marcha os trabalhos para a construção do sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau, sistema que foi concluído dentro do calendário previsto, no primeiro semestre deste ano, em Março. Numa resposta mais detalhada ao HM, a AMCM explica que o sistema serviu para facilitar também os negócios entre o território e os países de expressão lusa, de uma forma que veio ajudar Macau a firmar-se ainda mais como plataforma. “Através da ligação com o China National Automatic Payment System (CNAPS), [este sistema] concretizou as facilidades de serviços de liquidação transfronteiriços em renminbi, alargando os meios de movimentação bilateral [da moeda]. Paralelamente, reforçou a ligação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e elevou o papel de Macau como plataforma de serviços financeiros entre a China e [esses países], para consolidar as bases futuras”, indica o organismo numa resposta ao HM. No seminário onde esteve presente, em Portugal, o presidente da AMCM reiterou esta ideia. É o próprio continente quem quer usar não só os Países de Língua Portuguesa, mas também Portugal como meio para a internacionalização da sua moeda, sendo este um dos objectivos estratégicos do Governo Central. “A adesão formal, a partir do dia 1 do próximo mês, do renmimbi aos direitos de saque especiais do Fundo Monetário Internacional simbolizará um importante marco no caminho da internacionalização [da moeda]. Com o avanço contínuo desta etapa, estamos crentes de que o renminbi será cada vez mais procurado no mercado internacional e será uma moeda de ampla utilização (…)”, disse Anselmo Teng, no seminário”Serviços financeiros, estímulo e cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com a RAEM como plataforma”, que contou com a Caixa Geral de Depósitos na organização. “Com base no volume de importações e exportações entre a China e os países de língua portuguesa, ascendendo a 98,5 biliões de dólares em 2015 (…), pode-se verificar que o espaço de desenvolvimento associado ao uso transfronteiriço do renminbi nas relações comerciais a desenvolver pela China e pelos Países de Língua Portuguesa será muito amplo”, frisou ainda. Foco das atenções Na resposta ao HM, a AMCM relembra que as Linhas de Acção Governativa sempre tiveram como objectivo “reforçar a plataforma de serviços comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, promover a cooperação com os serviços financeiros regionais, manter em geral o desenvolvimento estável da economia e aperfeiçoar continuamente as infra-estruturas financeiras de Macau”. Algo que está constantemente a ser falado, mas que ocupa, agora, um lugar mais elevado devido ao 13.º Plano Quinquenal do Governo chinês. Plano que tem, entre os seus objectivos, abrir o mercado de capitais do país e desenvolver a moeda chinesa, pelo que as várias autoridades do país estão a reforçar as relações com o exterior nesse sentido. Também o director-geral do Shanghai Municipal Financial Services Office, Zheng Yang, salientou em Lisboa a necessidade de reforçar as relações comerciais entre o mercado português e a China, considerando que “Portugal é o mais importante parceiro de negócios da China na União Europeia”, enquanto a “China é o décimo maior mercado das exportações e o sétimo maior mercado das importações de Portugal”. Zheng Yang defendeu que é altura de haver uma melhoria na “cooperação em serviços financeiros entre Xangai, Macau e Lisboa”. Xangai é um dos mais importantes centro de negócios e financeiro do continente. Também o responsável pela representação em Lisboa do Bank of China, Xiao Qi, afirmou que o banco está muito envolvido na internacionalização da moeda chinesa e oferece uma série de produtos e serviços em renmimbi nos 50 países e regiões em que está presente, incluindo em Portugal. Actualmente, o sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau tem 28 instituições financeiras. Presta serviços de liquidação aos clientes dos bancos, no âmbito dos câmbios da moeda chinesa e de transferências de fundos nessa moeda entre os bancos. Para a AMCM, o funcionamento do sistema traz também um aperfeiçoamento das infra-estruturas financeiras de Macau. “Não só beneficia a gestão do risco de liquidação em renminbi e eleva a eficácia da liquidação, como também promove o aprofundamento da cooperação financeira regional”, reforça a AMCM. O sistema demorou 15 meses para entrar em vigor, depois de testes e ensaios virtuais. Avaliações concretas sobre o sistema não as há, mas a AMCM assegura que este está “a funcionar estável e fluentemente”. O seminário em Lisboa contou com a presença de um membro da nova administração da Caixa Geral de Depósitos, Emídio Pinheiro, que frisou que o banco público quer ajudar nas ligações comerciais entre Portugal e a segunda maior economia do mundo. Moeda chinesa entra no FMI a partir de 1 de Outubro Foi no ano passado que o Fundo Monetário Internacional confirmou a inclusão do renminbi no seu cabaz internacional de divisas. A partir de Outubro, que é, coincidentemente, Dia Nacional, a moeda do continente vai servir para calcular o valor dos direitos de saque especial, que servem como referência para os empréstimos concedidos pelo FMI. A inclusão do renminbi vai fazer com que a moeda se junte ao grupo, que analistas económicos descrevem como restrito, de moedas com estatuto de reservas internacionais. São elas o dólar, o euro, a libra e o iene japonês. Mas, para que uma moeda possa integrar este cabaz de divisas tem de ser livremente utilizada, como relembrava o ano passado a imprensa especializada em Economia. Mais ainda, tem de ter “relevância global no sistema financeiro e nas trocas comerciais”. Algo que a China pretende, então, com a abertura do mercado ao comércio externo e que faz até parte do plano quinquenal do país (ver texto principal). Christine Lagarde, directora-geral do FMI, admitiu isso mesmo no ano passado, depois de anunciada a entrada da moeda no organismo no próximo mês. Aliás, essa abertura foi o que permitiu à China ver o renminbi no FMI. “A [decisão] de incluir o renminbi é também o reconhecimento do progresso feito pelas autoridades chinesas nos últimos anos nas reformas dos sistemas monetário e financeiro”, frisou na altura, acrescentando que, ainda que o renminbi seja controlado pelo banco chinês, “o FMI considerou que a divisa é livremente utilizada”. Antes do anúncio da inclusão da moeda no FMI, o Governo Central teceu críticas ao que considerava ser um sistema financeiro “demasiado dependente do dólar americano”. Que consequências? Ainda que a inclusão do renminbi como moeda de seja uma notícia positiva para a China, já que outros países poderão aceitar o renminbi como moeda de troca no futuro, um impacto a longo prazo ainda não é algo tido como certo. Analistas citados por agências internacionais não esperam um grande impacto no dólar, por exemplo, ainda que antevejam que a divisa possa ser, daqui a alguns anos, cada vez mais utilizada a nível global, ultrapassando mesmo as trocas internacionais a envolver a libra e o iene. Mas, tudo dependerá da forma como o continente usar esta oportunidade, como defendiam analistas citados pela imprensa da especialidade, no ano passado, sendo que apenas uma consequência já se prevê a curto-prazo: a China poderá ter mais voz nas decisões monetárias internacionais. No entanto, também Lagarde espera outra consequência: que o país seja incentivado a acelerar as reformas no sector financeiro. “A continuação e o aprofundamento daqueles esforços trarão um sistema financeiro e monetário internacionais mais robustos, o que ajudará à estabilidade do crescimento da China e da economia global”, frisou na altura. Anselmo Teng | Continente quer investir mais em empresas lusas O presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Anselmo Teng, disse ontem que a China está interessada em fazer mais investimentos e aquisições em Portugal no sector financeiro e que as que já aconteceram são o início de uma tendência que será reforçada. “Cada vez mais entidades chinesas querem participar nos capitais de bancos portugueses e seguradoras e isto é uma tendência marcada, como mencionou o representante da Fosun, agora envolvida numa acção no BCP”, afirmou Teng num seminário, em Lisboa, sobre o reforço da cooperação nos serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Após questões de jornalistas sobre interesses de grupos chineses em bancos portugueses, o responsável da AMCM pediu a palavra para afirmar que a China não só apoia os movimentos que têm existido, como deseja que se reforcem. “Enquanto autoridades governamentais, temos gosto nesta tendência. Isto é só o início de aquisição de entidades chinesas em Portugal, haverá no futuro mais”, acrescentou. Este seminário contou com a presença de um representante do grupo chinês Fosun, que detém em Portugal a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, e quer comprar 16,7% do capital do BCP, podendo reforçar posteriormente a sua participação para entre 20% a 30% no banco, dependendo das limitações de votos dos estatutos. Também presente neste evento esteve o presidente do conselho de administração do Haitong Bank (ex-Banco Espírito Santo de Investimento), Hiroki Myiazato. De acordo com informação da imprensa, o Haitong propôs, à margem do concurso para a compra do Novo Banco, ao Fundo a aquisição parcial do Novo Banco pelo próprio banco assim como por outros investidores, ficando com cerca de 30% da instituição que resultou da resolução do BES. Com Agência Lusa
Hoje Macau China / ÁsiaChina | FMI reitera alertas sobre riscos do aumento de crédito [dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem para os riscos na economia chinesa, a segunda maior do mundo, devido ao rápido aumento do crédito e endividamento, que tornam o seu “futuro incerto” a médio prazo. Num relatório apresentado ontem em Pequim, o FMI reconhece que as perspectivas imediatas do gigante asiático melhoraram, fruto de medidas de estímulo, mas que existe a necessidade de abordar os excessos de crédito e capacidade produtiva. O número dois da instituição, David Lipton, apontou em comunicado para os “progressos desiguais” nas reformas levadas a cabo pelo Governo chinês, que resultaram em que as ameaças se mantenham. O FMI assinalou que as perspectivas a médio prazo para a economia chinesa são afectadas pelo rápido aumento do crédito, os excessos de capacidade industrial e um sector financeiro “cada vez maior, opaco e interconectado”. Neste sentido, o organismo destacou o forte aumento do crédito, que em 2016 está a crescer a um ritmo recorde, e aconselhou a que este seja “substancialmente diminuído”, para que se ajuste ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Soluções obrigatórias O FMI advertiu que “é imperativo” para o país solucionar o problema de uma dívida corporativa que, “apesar de gerenciável, é alta e está a crescer rapidamente”. A instituição com sede em Washington também instou Pequim a fortalecer a capacidade de resistência dos bancos, e das instituições financeiras no geral, aos riscos, e a incentivar ao reconhecimento de potenciais perdas. No âmbito fiscal, o Fundo aconselhou ao aumento da responsabilidade dos governos locais nos gastos e receitas e à expansão do sistema de segurança social. “A China encontra-se numa fase crucial no seu caminho para o desenvolvimento”, afirmou Lipton, que elogiou os avanços realizados pelo país na transição de um modelo assente nas exportações para um voltado para os serviços e com um mercado de capitais aberto. Lipton assegurou que a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, tornou-se “mais flexível” desde as alterações introduzidas pelo banco central chinês no passado Verão e que as autoridades estão a melhorar a qualidade das suas estatísticas e a sua política de comunicação com os mercados.
Hoje Macau China / ÁsiaChina |FMI alerta para riscos de escalada da dívida empresarial Segundo David Lipton, subdirector executivo do FMI, a dívida empresarial chinesa, aproximadamente 145% do PIB, é muito preocupante. As empresas públicas, com 55% da dívida, são as principais causadoras, estando muitas, diz, “já ligadas à máquina” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] crescimento da dívida empresarial é um problema sério que tem vindo a agravar-se na China e que precisa ser combatido se Pequim quiser evitar um risco sistémico para o país e para a economia global, alertou David Lipton, primeiro subdirector executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Enquanto a dívida total da China, de 225% do Produto Interno Bruto (PIB), não é particularmente alta para os padrões globais, a dívida empresarial é de aproximadamente 145% do PIB, alta sob qualquer perspectiva, avalia o FMI. “A escalada da dívida empresarial é um problema chave na economia chinesa”, afirmou Lipton durante uma conferência na cidade chinesa de Shenzhen no sábado. “A dívida empresarial permanece um problema sério e crescente o qual deve ser endereçado imediatamente com um compromisso de reformas”, concluiu. A experiência de países que viram uma elevação massiva da dívida no passado mostra a necessidade de agir rapidamente e lidar de forma eficaz tanto com credores como devedores, disse Lipton. O especialista considerou que é preciso atacar problemas de administração no sector bancário os quais levam ao surgimento desta queståo. O “cancro” do sector público Uma característica definidora da situação da China são as companhias estatais, as quais, segundo os cálculos do FMI, são responsáveis por 55% da dívida empresarial mas produzem apenas 22% do ganho económico. Num ambiente de desaceleração do crescimento económico, a queda nos lucros e a subida do endividamento limitam a capacidade das empresas de pagar a fornecedores e liquidar dívidas. Lipton destacou que isto leva ao não cumprimento de obrigações com os bancos, à inadimplência. Para o homem do FMI, uma “estimativa conservadora” seria a de que o nível de inadimplência da dívida empresarial chegue até aos 7% do PIB chinês. “O ‘boom’ do crédito do ano passado apenas aumenta o problema”, declarou Lipton. Na sua avaliação, muitas empresas públicas já estão “ligadas à máquina de respiração artificial”. Melhorar a gestão A conversão de dívida em acções pode ter um papel na redução do endividamento, mas os bancos precisam de estar preparados para conduzirem uma triagem e terem autoridade para discernir entre as companhias que podem ser salvas e as que devem falir, disse ainda. Lipton também questionou a proposta do governo chinês de fundir companhias estatais fortes com empresas frágeis. Para o representante do FMI, isto não só não resolve o problema como mina a rentabilidade das boas companhias. “A lição que a China precisa de interiorizar se quiser evitar um ciclo de expansão de crédito, inadimplência e reestruturação é melhorar a gestão empresarial”, afirmou Lipton que defendeu ainda o fortalecimento da lei e de sistemas de transparência e pediu o fim dos subsídios para empresas com ligações ao governo.