Covid-19 | China detecta 16 novos casos, 13 de contágio local e três importados

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou 16 novos casos de covid-19, 13 dos quais de contágio local detectados na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, indicaram hoje as autoridades chinesas. A Comissão de Saúde da China disse que foram também identificados três casos importados, detetados em viajantes oriundos do exterior.

Urumqi, a capital de Xinjiang, com 3,5 milhões de habitantes, e onde os primeiros casos foram detetados esta semana, implementou medidas de confinamento e anunciou na sexta-feira a suspensão do metropolitano local e o cancelamento de centenas de voos.

Xinjiang iniciou ainda uma campanha maciça de testes para tentar conter o surto o mais rapidamente possível. Pequim, onde um novo surto detectado no início de Junho levou a medidas parciais de confinamento, está há 13 dias sem novas infecções.

As autoridades de saúde acrescentaram que, até à meia-noite, 17 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos ativos no país asiático em 251, três dos quais em estado grave. De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia, a China registou 83.660 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 596 mil mortos e infectou mais de 14 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

19 Jul 2020

Bernard-Henry Levy, filósofo: “Uma pandemia é uma pandemia. Não é uma guerra e não há mais guerra biológica”

[dropcap]O[/dropcap] filósofo francês Bernard-Henri Lévy questiona-se se a covid-19 fará com que as pessoas pensem nos outros além de si mesmas, e lembrou que há pessoas a morrer aos “portões da Europa”. Bernard-Henri Lévy falava à agência Lusa a propósito do seu novo livro, “Este vírus que nos enlouquece”, publicado com tradução de João Luís Zamith e André Tavares Marçal, pela Guerra & Paz.

“É possível que a covid-19 nos faça pensar em todos nós, principalmente além dos seres humanos que têm necessidades terríveis?”, pergunta o filósofo.

Questionado sobre se a situação de pandemia pode ser entendida como uma possibilidade para rever os moldes do comportamento humano, como o disseram vários responsáveis políticos, Lévy questionou: “Qual renovação?”.

“Por enquanto, vejo o retorno das fronteiras. A cacofonia na Europa. A ascensão do egoísmo. Uma retirada generalizada, e assim por diante… A contenção, em outras palavras, provavelmente era necessária. Mas como um mal necessário. Como uma medida essencial, mas ruinosa para a economia, angustiante para os indivíduos e criando muito desastre nas sociedades”, argumentou.

Levy salientou a questão da fome no mundo, cujas vítimas “foram multiplicadas por dois, ou até três”. O autor francês referiu os “sem -abrigo”, “pessoas a quem lhes é dito ‘fiquem em casa’, quando não têm ‘casa’, os refugiados da [ilha grega] de Lesbos, que nunca foram tão numerosos, e são completamente ignorados”.

“Há países, em África, por exemplo, onde quase não há covid, mas onde essa fixação obsessiva obscurece completamente pragas, a cólera, a varíola, o dengue e outras febres amarelas que não são testadas ou tratadas, sem mencionar, que, na Nigéria, por exemplo, onde há menos vítimas da covid do que pessoas baleadas pela polícia por terem rompido o confinamento, ou em Moçambique, onde o auto-proclamado Estado Islâmico está ganhando terreno com indiferença quase geral”, sentenciou.

O autor de “Este vírus que nos enlouquece” referiu à Lusa que a pandemia reforçou o sentimento de medo no ser humano: “O medo é um problema, sim. Primeiro, porque é absurdo: esta pandemia tem precedentes, um vírus como este, houve e ainda haverá muitos, e este vírus, além disso, é menos letal que outros, mas acima de tudo o medo é um sentimento negativo que nos faz perder a cabeça”.

No prólogo da sua obra, Lévy refere que este tipo de desastre “sempre existiu” e recorda a gripe espanhola que causou 50 milhões de mortes, “sem dúvida mais pessoas do que a covid alguma vez vitimará”. Levy recorda ainda a gripe de Hong Kong, depois de 1968, que causou a morte a um milhão de pessoas, “com lábios cianóticos, hemorragia pulmonar ou asfixia” ou ainda, a gripe asiática que surgiu na China, passou pelo Irão, Itália, leste da França e América.

“O mais impressionante é a forma, muito estranha como estamos a reagir”, escreve o autor, realçando “o medo que se abate pelo mundo” que paralisa os mais ousados. O autor francês refere no livro como cidades se esvaziaram e se tornaram cidades-fantasma, bem como a “retórica do inimigo invisível”. À Lusa afirmou: “Uma pandemia é uma pandemia. Não é uma guerra e não há mais guerra biológica”.

A obra, na qual contesta a ideia de que depois da covid-19 “nada vai ser como antes”, divide-se em cinco partes: “Volta, Michel Foucault”, “Surpresa Divina”, “O Delicioso Confinamento”, “A Vida Dizem Eles”, e “O Adeus ao Mundo?”.

Bernard-Henri Lévy completa 72 anos em Novembro próximo, tem formação como epistemólogo e faz parte da denominada “Nova Corrente Filosófica” surgida no final da década de 1970. Assina, semanalmente, uma crónica na revista Le Point. Nascido em Argel, Lévy foi discípulo do físico e filósofo Georges Canguilhem (1904-1995).

17 Jul 2020

Covid-19 | Alívio de restrições na circulação com Cantão traz mais 500 turistas

Em dez minutos houve mais de 8 mil marcações de teste de ácido nucleico para ir ao Interior. Actualmente, a RAEM tem capacidade para fazer 16 mil testes diários

 

[dropcap]O[/dropcap] alívio das restrições de circulação entre Macau e a província de Cantão levou a um aumento de cerca de 500 turistas a entrar no território face ao dia anterior. Desde a manhã de ontem, os residentes de Cantão e de Macau podem circular pelas fronteiras sem terem de fazer quarentena, desde que apresentem um teste de despistagem à covid-19 com resultado negativo.

Segundo os dados revelados na conferência diária por Lei Tak Fai, chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), ontem entre as 6h da manhã e às 16h tinham entrado 1.600 turistas em Macau, um aumento de aproximadamente 50 por cento face ao dia anterior, quando no mesmo período tinham entrado cerca de 1.000 pessoas.

A possibilidade de se atravessar a fronteira só com o resultado de um teste de ácido nucleico negativo levou ainda a uma corrida às marcações. Alvis Lo, médico-adjunto do Hospital Conde São Januário, revelou que ontem, nos primeiros dez minutos para marcações, houve 8.000 pessoas a registarem-se para fazer o teste.

O número foi crescendo até que às 15h havia 36 mil pessoas com marcações para serem testadas.
O médico apontou igualmente que nesta altura Macau tem capacidade para fazer 16 mil testes por dia, mas que o número vai aumentar, uma vez que o Governo está a comprar mais materiais e a formar mais pessoas. Um dos futuros centros de testes vai situar-se no Fórum Macau, mas ainda não há uma data para começar a funcionar.

Em grupo

Neste capítulo foi ainda indicado que o primeiro grupo de trabalhadores da linha da frente dos casinos deverá ser testado hoje. Actualmente, é exigido aos clientes que apresentem um teste com resultado negativo para acederem às áreas de jogo. E num futuro próximo a exigência irá também ser aplicável aos trabalhadores.
No que diz respeito aos restaurantes e espaços de venda a retalho, a médica Leong Iek Hou revelou que os funcionários estão obrigados a utilizarem máscaras de protecção, além de existir mediação da temperatura à entrada dos espaços.

Hoje é o último dia de funcionamento do corredor especial que permite apanhar o barco para o aeroporto de Hong Kong. Até ao momento, apenas uma das pessoas que regressou testou positivo o que foi considerado “uma surpresa”. “Só houve um paciente a testar positivo. Foi uma surpresa muito positiva, também porque fizemos bem os nossos trabalhos”, considerou Alvis Lo.

Covid-19 | Indianos retidos em Macau são hoje repatriados

Parte hoje para a Índia, um avião fretado destinado ao repatriamento de cerca de 40 cidadãos do país impossibilitados de sair de Macau devido às medidas de prevenção associadas à covid-19. De acordo com informações avançadas ontem pela TDM – Canal Macau, o grupo vai ainda usufruir do corredor marítimo especial para se dirigir ao aeroporto de Hong Kong, de onde inicia a viagem de regresso a casa. Segundo Aruna Jha, representante da comunidade indiana em Macau, há duas pessoas do grupo que estão ainda a tratar de diligências junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por alegadamente não terem recebido o salário durante sete meses.

Ho Ion Sang: Razoável

O deputado Ho Ion Sang, ligado aos Moradores, considerou a medida de aliviar as restrições na passagem das fronteiras “razoável e apropriada”. Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, o legislador pediu às autoridades que mantenham a ordem nas fronteiras.

Leong Sun Iok: mais segurança

O legislador ligado ao Operários elogiou a medida adoptada pelo facto de se exigir a realização de um teste de ácido nucleico, mas frisou, ao Ou Mun, que é necessário garantir a segurança dos trabalhadores.

Song Pek Kei: testes mais baratos

A deputada ligada à comunidade de Fujian considerou que é necessário esclarecer os residentes sobre o motivo de os testes serem mais caros em Macau do que no Interior. Ao jornal Ou Mun, Song Pek Kei defendeu uma cooperação com os privados.

Si Ka Lon: receio de multidões

O legislador Si Ka Lon, ligado à comunidade de Fujian, apelou aos residentes para evitarem deslocações urgentes e evitarem as fronteiras quando houver concentração de pessoas. O deputado também apontou uma maior cooperação com os privados para fazerem os testes.

16 Jul 2020

Fronteiras | Residentes estrangeiros fora das isenções para Guangdong

No dia seguinte ao anúncio da isenção de quarentena para quem vai de Macau para a província de Guangdong, a afluência aos postos de realização do teste de ácido nucleico foi massiva e a plataforma de marcação foi suspensa. A nova política fronteiriça começou hoje às 6h e deixa de fora residentes de Macau estrangeiros, por exemplo, com passaporte português

 

[dropcap]O[/dropcap]s residentes de Macau com nacionalidade estrangeira não vão poder usufruir da isenção de quarentena à entrada de Guangdong, por ainda não ter sido desbloqueada a concessão de vistos para a China. A confirmação foi deixada ontem pela médica Leong Iek Hou, por ocasião de uma conferência de imprensa convocada para esclarecer a nova medida que entra hoje em vigor a partir das 6h e que isenta de quarentena, todas as pessoas provenientes de Macau que pretendam circular nas nove cidades da Grande Baía.

“Os residentes de Macau não chineses, com passaporte português por exemplo, (…) não conseguem obter o visto de entrada. Suponhamos que têm passaporte português, mas sem visto de entrada na China já não podem entrar. Como estrangeiro a entrar de Macau ainda é proibida a sua entrada”, esclareceu a responsável.

Contudo a adesão foi considerável. Ainda o dia mal tinha começado quando esgotaram as quotas disponíveis para marcar o teste de ácido nucleico, cuja apresentação é obrigatória a partir das 6h de hoje para usufruir da isenção de quarentena à entrada na província de Guangdong.

Recorde-se que as autoridades de Guangdong anunciaram na noite de segunda-feira que a partir de hoje passam a estar isentas de quarentena, todas as pessoas provenientes de Macau que pretendam circular em nove cidades da província: Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing. A medida é recíproca e, para usufruir da isenção de quarentena, é preciso apresentar, na fronteira, o código de saúde e um resultado negativo ao teste de ácido nucleico efectuado nos últimos sete dias.

Com o alívio da política nas fronteiras no horizonte, reportou o canal chinês da TDM –Rádio Macau, mais de 60 pessoas já se encontravam por volta das 9h de ontem, no posto de testes de ácido nucleico do terminal marítimo do Pac On, aguardando por uma oportunidade de realizar o procedimento de despistagem à covid-19, mesmo antes da abertura do serviço ao público. Uma hora depois, o número de pessoas interessadas em fazer o teste já ultrapassava as 200.

Aumento faseado

Numa nota emitida na tarde de ontem, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus confirmou a “enorme afluência de residentes que tentou marcar e efectuar o teste de ácido nucleico”, relatando que as vagas disponíveis foram preenchidas “num curto espaço de tempo”. Por essa razão, o organismo decidiu suspender os serviços de marcação do teste de ácido nucleico, sendo que a reabertura da plataforma será “anunciada posteriomente”.

Na mesma nota, o Centro de Coordenação esclarece que, apesar de Macau ter capacidade para realizar 16 mil testes de ácido nucleico por dia, os Serviços de Saúde (SS) vão manter disponíveis, temporariamente, apenas 5 mil vagas diárias. A decisão da abertura faseada de vagas é sustentada com a necessidade de “evitar a aglomeração de pessoas no Posto Fronteiriço entre Macau e a Província de Cantão” e dar tempo para os residentes se adaptarem às novas medidas de conversão entre o Código de Saúde de Macau e o Código de Saúde da Província de Cantão (Guangdong).

Ao final do dia, na conferência de imprensa de esclarecimento da nova medida, o médico Alvis Lo Iek Long, do Centro Hospitalar Conde de São Januário, afirmou que o número de vagas esgotou apenas em três minutos, insistiu nos mesmos argumentos, vincando que o objectivo é diminuir deslocações, e anunciou ainda que será criado um novo posto para a realização de testes.

“Não queremos que haja afluência porque a população não está habituada à conversão do código de saúde de Macau para Guangdong. Vamos acrescentar mais um posto de inspecção para fazer exames e, em princípio, vai ser no Fórum Macau. Temos mais de 600 mil habitantes mas não podemos supor que todos precisam de passar a fronteira”, explicou.

Além da apresentação do teste negativo de ácido nucleico, os requerentes da isenção de quarentena à entrada em Guangdong terão de obter o “Título para a passagem fronteiriça”, que mais não é do que a conversão do “Código de Saúde de Macau” para o “Código de Saúde de Guangdong”, que pode ser conseguida online.

Sempre contactável

Segundo as novas regras anunciadas por Guangdong e detalhadas pelo Centro de Coordenação, quem entrar numa das nove cidades da província terá também de ter consigo um telemóvel com um número do Interior da China, o qual deve ser mantido “válido e activo”. Leong Iek Ho,explicou tratar-se de uma exigência de Zhuhai.

“Exigimos um número de telemóvel do Interior da china porque se trata de uma medida de isenção e todos os que se deslocam ao Interior da china estão sujeitos (…) à entrada diária num sistema do código de saúde para declararem o estado de saúde nos 14 dias após a deslocação. Por isso é importante deixar esse número de contacto, para as autoridades terem acesso e saberem se vão permanecer em Guangdong”, partilhou Hou.

Turistas | Governo não prevê enchente da China

Apesar da nova medida que contempla também a isenção de quarentena para quem chega de Guangdong, o Governo não antecipa uma grande afluência de turistas provenientes da China. “Quanto aos vistos individuais e de grupos de excursões ainda não temos informações. Num curto espaço de tempo não estamos a contar com a vinda de muitos turistas da China”, afirmou ontem Inês Chan, Directora do Gabinete de Comunicação Social, por ocasião da conferência de imprensa de esclarecimento sobre a nova medida.

Casinos | Visitantes têm de apresentar teste

A partir de hoje, os visitantes dos casinos passam a ter de apresentar um certificado de teste de ácido nucleico. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) exige também a medição de temperatura corporal e a exibição de código de identificação de saúde. Já os trabalhadores dos casinos ficam, para já, isentos da apresentação do teste negativo de ácido nucleico, tendo de continuar a cumprir os procedimentos habituais. Contudo, a DICJ prevê organizar testes de despistagem para todos os funcionários de forma faseada e por grupos, dando prioridade aos “trabalhadores da linha de frente, nomeadamente os croupiers e o pessoal da segurança”, pode ler-se numa nota divulgada ontem. A intenção foi confirmada ao final da tarde de ontem por Leong Iek Hou, da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário.

15 Jul 2020

Covid-19 | Japão culpa China pela “desinformação” sobre novo coronavírus

[dropcap]O[/dropcap] Japão acusou hoje a China de “desinformação” sobre o novo coronavírus, expressando “profunda preocupação” em relação às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China e nos ilhéus Senkaku/Diaoyu, disputados entre os dois países.

No livro branco anual sobre a política de defesa, agora publicado, o Japão responsabilizou a China pela “propaganda” e “desinformação” sobre o novo coronavírus, que surgiu pela primeira vez no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, no centro do país.

O Japão citou como exemplo os comentários na rede social Twitter de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês que sugeriu em Março que o vírus tinha sido introduzido em Wuhan por militares americanos, ou a promoção de medicamentos chineses à base de ervas para tratar a doença.

Pequim, acusou o Japão, tem também “continuado incansavelmente ações unilaterais para impor uma mudança no ‘status quo’ nas Ilhas Senkaku”, administradas por Tóquio, pode ler-se no livro.

Os dois países reivindicam há séculos a soberania deste micro-arquipélago desabitado no mar da China Oriental, a que Pequim chama Diaoyu, e cujo fundo submarino se acredita ser potencialmente rico em hidrocarbonetos.

Na segunda-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse que as reivindicações de Pequim sobre os recursos no mar do Sul da China eram “completamente ilegais, tal como a campanha de intimidação para os controlar”.

A Embaixada chinesa nos Estados Unidos denunciou imediatamente aquelas declarações como “acusações totalmente injustificadas”.

O livro branco de defesa do Japão também menciona a ameaça norte-coreana, salientando que Pyongyang é agora capaz de miniaturizar ogivas nucleares para utilização em mísseis balísticos.

As relações diplomáticas entre Tóquio e Pequim, que têm vindo a deteriorar-se desde o final de 2018, arrefeceram novamente nos últimos meses, num contexto de insatisfação de vários países com a forma como a China lidou com a crise provocada pela covid-19 e com o clamor internacional em relação à lei de segurança imposta a Hong Kong.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infectou mais de 13 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

14 Jul 2020

Decretada isenção de quarentena em nove cidades da província de Guangdong

A partir de amanhã será possível entrar em nove cidades da província de Guangdong sem fazer quarentena. Já a partir de hoje, para se sair de Macau de barco ou avião é obrigatório apresentar o teste de ácido nucleico. Com o corredor marítimo de ligação a Hong Kong prestes a terminar, as autoridades asseguram “facilitar” nos casos mais urgentes. Deixou de ser obrigatória quarentena para quem vem de Pequim e Hubei

 

[dropcap]A[/dropcap] partir das 6h de amanhã, dia 15 de Julho, segundo o jornal Ou Mun, que cita as autoridades de Guangdong, a isenção de quarentena na fronteira de nove cidades na Grande Baía, passa a ser recíproca. Ou seja, quem vai de Macau para Zhuhai, Guandong, Shenzhen, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing passa a estar dispensado de fazer quarentena, mediante a apresentação de um teste de ácido nucleico negativo e do código de saúde válido.

Entretanto não foi uma, mas sim duas as novas medidas de combate à pandemia, apresentadas em menos de 24 horas pelas autoridades de Macau. Desde as 6h de hoje, todos os passageiros de embarcações e aviões com partida de Macau devem apresentar um teste negativo de ácido nucleico emitido nos últimos sete dias.

Foi também anunciada e implementada, desde as 18h de ontem a obrigatoriedade de apresentar o mesmo teste de despistagem para quem utilizar a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, para chegar a Macau. Além do teste de despistagem à covid-19, todos os que cheguem a Macau provenientes de Hong Kong passam a ter de fazer quarentena de 14 dias.

A dois dias do encerramento do corredor especial entre Macau e o aeroporto de Hong Kong, as autoridades justificam a decisão de impor a realização de testes de ácido nucleico a quem sai de Macau, não só para garantir a segurança dos trabalhadores e passageiros dos veículos de transporte, mas também, devido aos dois casos recentes de filipinos, provenientes de Macau, que testaram positivo para covid-19 à chegada ao país natal.

“O objectivo é proteger os passageiros e tripulantes do avião ou barco. A todos os que saem de Macau exigimos a apresentação do teste de ácido nucleico negativo, porque com os dois casos que saíram de Macau para as Filipinas, tivemos de realizar vários testes na comunidade e às pessoas de contacto próximo.

Estes casos chamaram a nossa atenção para reforçar a segurança da população de Macau”, explicou ontem Alvis Lo Iek Long, médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário (HCSJ), por ocasião da conferência de imprensa sobre a epidemia.

Admitindo que uma medida anunciada de forma tão repentina, pode trazer “inconvenientes”, particularmente a quem comprou passagens aéreas para os próximos dias, o responsável garantiu que as autoridades vão facilitar a realização do teste de ácido nucleico, a tempo dos respectivos embarques.

Alvis Lo explicou que os Serviços de Turismo vão entrar em contacto com todos os que já compraram bilhete de barco para o aeroporto de Hong Kong, com o objectivo de informar os passageiros acerca da medida. Caso os passageiros encontrem dificuldades na marcação do teste de despistagem, será arranjado um horário especial

“Se um passageiro tem voo amanhã [hoje] de manhã e só conseguiu marcação para fazer o teste de ácido nucleico daqui a dois dias, pode mostrar o comprovativo da marcação e (…) o bilhete de avião para ir durante o horário de expediente ao hospital [CSJ] para o fazer”, exemplificou Alvis Lo.

Em casa tudo bem

Sobre a nova medida para quem chega de Hong Kong através da ponte do delta, a médica Leong Iek Hou justificou a obrigatoriedade de quarentena e do teste de despistagem, com a gravidade da situação epidémica da região vizinha. Só ontem, foram registados, pelos menos, 52 novos casos em Hong Kong.

Em sentido contrário, tanto Pequim como Hubei, deixaram de fazer parte das regiões consideradas de alto risco, deixando de ser obrigatória a realização de quarentena à chegada a Macau.

“Além de acompanharmos o número de casos, temos de prestar atenção às medidas, ou seja, se são severas ou leves. Em relação a Pequim as medidas foram bastante sérias (…) e há oito dias que não há casos novos. Quem volta para Macau vindo de Pequim ou Hubei já não tem de fazer quarentena de 14 dias”, explicou Leong Iek Hou.

Com a saída de Hubei da lista das zonas de risco é também levantada a proibição de entrar em casinos por quem tenha estado na região nas últimas duas semanas.

 

Saúde | Mais de 100 milhões de máscaras vendidas desde 23 de Janeiro

Desde o início do plano de fornecimento de máscaras, que começou no dia 23 de Janeiro, o Executivo lançou 18 planos que se materializaram na venda de mais de 100 milhões de máscaras, de acordo com uma nota divulgada ontem pelo centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. A mesma entidade atribui o “actual abrandamento epidémico que se verifica em Macau” precisamente ao uso de máscara, mas também à “persistência e cooperação da população, com todas as medidas antiepidémicas tomadas pelo Governo”. Aliás, é acrescentado que a utilização massiva de máscaras criou uma linha de defesa comunitária.

14 Jul 2020

Covid-19 | Cientista chinesa acusa China e OMS de ocultarem perigosidade do vírus

[dropcap]A[/dropcap] virologista chinesa Li-Meng Yan fugiu para os EUA e afirma que Pequim mente sobre a covid-19, porque já conhecia a existência e o perigo do novo coronavírus, noticiou este domingo o jornal El Mundo. Yan assegura que a China e também a Organização Mundial de Saúde (OMS) tinham conhecimento da existência e do perigo do novo coronavírus muito antes de anunciarem oficialmente o surto que ocorreu em Wuhan, China.

Li-Meng Yan é especialista em virologia e imunologia. Era uma das virologistas encarregadas de estudar o coronavírus, até que as suas descobertas a levaram a fugir da China para os Estados Unidos. O jornal cita uma entrevista exclusiva à Fox News, em que Li-Meng Yan relata o motivo da sua saída da China e revela que as autoridades chinesas mentiram.

A epidemiologista da Universidade de Saúde Pública de Hong Kong planeou o voo quando percebeu que tinha de escapar e contar tudo o que sabia sobre o coronavírus e que seu país não a deixaria, escreve o El Mundo. Yan disse que o Governo chinês sabia da existência e do perigo do novo coronavírus muito antes de anunciar oficialmente o surto em Wuhan.

Relata também que os seus superiores ficaram em silêncio e ocultaram a sua investigação na covid-19, cujas descobertas poderiam ter ajudado a salvar muitas vidas, segundo o texto publicado no jornal.

“A razão por que vim para os Estados Unidos é porque tenho de contar a verdade sobre a covid-19”, disse a investigadora à Fox. “Se tivesse contado a minha história na China, acabava desaparecida ou assassinada”, declarou.

Segundo o jornal, a virologista assegura que foi uma das primeiras cientistas do mundo a estudar o novo coronavírus. Em finais de 2019, recebeu o mandato do seu supervisor e consultor da OMS, Leo Poon, que a mandou levar a cabo uma investigação secreta sobre o novo coronavírus semelhante à SARS, que tinha surgido na China no final desse ano.

“O Governo da China negou-se a permitir que os peritos estrangeiros, incluindo os de Hong Kong, investigassem na China (…) Recorri então aos meus amigos para recolher mais informação”, explicou.

Foi então que um amigo, cientista no Centro para o Controlo e a Prevenção de Doenças da China, lhe contou em 31 de Dezembro de 2019 que a transmissão pessoa a pessoa se apresentava como característica do novo coronavírus, o que tanto a China como a OMS viriam a reconhecer muito tempo depois.

Uns dias depois, em 9 de Janeiro de 2020, a OMS emitiu uma declaração: “Segundo as autoridades chinesas, o vírus em questão pode causar doenças graves em alguns pacientes e não se transmite facilmente entre as pessoas… Há informação limitada para determinar o risco geral deste grupo”.

Os problemas de Yan começaram quando advertiu o Governo da letalidade e perigosidade do novo coronavírus, muito antes de a China reconhecer o problema, lê-se na edição online do jornal. “Foi como o ocultaram”, assegurou a cientista à Fox. A partir daquele momento, afirmou, tentaram silenciá-la por todos os meios.

O que a virologista denuncia é que os alertas de que o mundo se encontrava perante um vírus letal e muito perigoso foram ignorados e silenciados pelas autoridades chinesas e também pela OMS. De acordo com Yan, ambos conheciam o perigo muito antes de lançarem os alertas internacionais.

13 Jul 2020

Ambiente | Imposição de testes obriga a cancelar actividades de reciclagem

Iniciativas de reciclagem da Macau for Waste reduction foram canceladas depois da CPSP ter anunciado a exigência de todos os participantes apresentarem um teste de ácido nucleico negativo. A responsável do grupo, Capricorn Leong, diz estar chocada e não compreender os critérios das autoridades

 

[dropcap]D[/dropcap]uas actividades de reciclagem da Macau for Waste Reduction foram canceladas depois do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ter notificado o grupo de que todos os participantes e voluntários das iniciativas estão obrigados a apresentar um teste de ácido nucleico negativo.

As estações de reciclagem ao ar-livre tinham como objectivo sensibilizar a população para a importância de reciclar e recolher lixo e estavam agendadas para os dias 11 e 18 de Julho na Praça de Jorge Álvares e na Taipa (Ocean Garden). A estação de recolha que permanecerá activa está marcada para o dia 18, sábado, na Escola Portuguesa de Macau.

Numa publicação no Facebook, onde dá conta da notificação da polícia, o grupo Macau for Waste Reduction justifica a decisão de cancelar as iniciativas com o facto de ser um pequeno grupo ambiental, “sem capacidade financeira para subsidiar os testes de ácido nucleico dos participantes”.

Contactada pelo HM, Capricorn Leong, activista e responsável pelo grupo diz estar chocada com a exigência das autoridades de apresentar um teste de despistagem à covid-19, porque, para além das estações de reciclagem serem eventos ao ar-livre, Macau já deu mostras de ter regressado à normalidade. “Estamos chocados e muito desiludidos. Pessoalmente, não consigo compreender qual é o critério aplicado, quando toda a gente sai à rua para jantar fora ou ir às compras, recorrendo muitas vezes a autocarros lotados para o fazer. Além disso, anteriormente expliquei ao Governo que a nossa actividade decorre com os participantes em constante movimento, sendo que a maior parte nem sequer iria ficar mais de 15 minutos”, explicou Capricorn Leong.

Tempos difíceis

Capricorn Leong refere ainda que a necessidade de realizar este tipo de eventos é da maior importância, pois se “todos evitassem produzir resíduos plásticos desnecessários”, não seria preciso realizar, “de forma tão urgente”, este tipo de iniciativas.

A activista lembra ainda que o critério de exigir a apresentação de testes de ácido nucleico “não se aplica a actividades com fins lucrativos” e dá o exemplo de um evento que decorreu no passado fim-de-semana na zona do Fisherman’s Wharf destinado ao comércio. “Se calhar, da próxima vez é melhor mudar o nome do nosso evento para ´Roadshow da consciência ambiental da Grande Baía’”, rematou Capricorn Leong.

Recorde-se que no passado mês de Junho, o CPSP já tinha impedido que fossem montadas outras estações de reciclagem em locais públicos, obrigando as mesmas a passar para locais privados.

13 Jul 2020

Covid-19 | MNE da China enaltece apoio de Macau em África

[dropcap]E[/dropcap]m nome do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China, o Comissariado MNE da China na RAEM agradeceu, por carta, o apoio prestado pelo Governo de Macau na missão de combate contra a epidemia em África, mais precisamente na Argélia e no Sudão. O agradecimento foi formalizado num evento realizado na passada sexta-feira, na sede do Governo da RAEM.

Segundo um comunicado divulgado pelos Serviços de Saúde (SS), a equipa de especialistas, composta por elementos de Chongqing e Macau que entre 14 de Maio e 11 de Junho estiveram na Argélia e no Sudão, “superou diversas dificuldades como amarguras da jornada, condições difíceis e uma severa situação da epidemia nos dois países”.

De entre as actividades que ajudaram “a comunidade local a melhorar o nível de prevenção da epidemia”, destaque para a realização de visitas, seminários e partilha de experiências junto das autoridades de saúde locais, instituições médicas e o escritório de representação da Organização Mundial de Saúde.

Os SS ressalvam ainda que o grupo de peritos que se deslocou a África conseguiu o reconhecimento e o “amplo elogio dos dirigentes”, nomeadamente, o Presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune e o PrimeiroMinistro do Governo de transição do Sudão, Abdalla Hamdok.

Recorde-se que esta foi a primeira vez que Macau enviou pessoal ao exterior para executar missões de resposta a emergências médicas internacionais.

13 Jul 2020

Covid-19 | Índia regista novo máximo diário de infecções e eleva casos para quase 850.000

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou 28.637 infecções de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo máximo diário de casos, segundos dados oficiais hoje divulgados, elevando o total de casos para quase 850.000. No total, desde o início da pandemia, a Índia registou 849.553 casos do novo coronavírus e 22.674 mortos, 551 dos quais só nas últimas 24 horas.

O estado de Karnataka, no sul, cujo centro informático de Bangalore é a sede dos escritórios da Microsoft, Apple e Amazon, prolongou o confinamento por mais dez dias. Oito dos 28 estados indianos, incluindo os mais atingidos Maharashtra, Tamil Nadu e Nova Deli, são responsáveis por quase 90% de todas as infecções.

O estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, com quase 230 milhões de habitantes, anunciou o confinamento durante o fim de semana, com início esta noite. Todas as lojas permanecerão fechadas, excepto farmácias e supermercados ou estabelecimentos de venda de produtos alimentares.

A Índia é o terceiro país com mais casos do novo coronavírus, depois de Estados Unidos e Brasil. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 561 mil mortos e infectou mais de 12,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jul 2020

Covid-19 | China regista sete novos casos, todos oriundos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China registou nas últimas 24 horas sete novos casos da covid-19, todos importados do exterior, indicaram hoje as autoridades chinesas. Quatro das infecções foram diagnosticadas na cidade de Tianjin, duas em Xangai (leste) e uma na província de Zhejiang (sudeste), segundo a Comissão Nacional de Saúde da China.

Pequim, onde se registou um surto com origem no maior mercado abastecedor da cidade, no mês passado, voltou a não diagnosticar novos casos, pelo sexto consecutivo. Este é também o sexto dia consecutivo sem transmissão local na China.

As autoridades de saúde detalharam ainda que, até à meia-noite, 11 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos activos no país asiático em 326, três dos quais se encontram em estado grave. A Comissão Nacional de Saúde não anunciou novas mortes por covid-19.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.594 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A pandemia de covid-19 já provocou mais de 561 mil mortos e infectou mais de 12,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jul 2020

Covid-19 | Corredor especial entre Hong Kong e Macau sem extensão

Acaba na próxima semana a ligação especial de barco entre Macau e o aeroporto de Hong Kong, e não vai ser renovada. O médico Alvis Lo disse não ter informações suficientes para indicar que medidas vão ser aplicadas ao secretário para a Economia e Finanças na deslocação a Hong Kong para o funeral de Stanley Ho

 

[dropcap]O[/dropcap] prazo do corredor especial com embarcações a fazerem a ligação entre Macau e o aeroporto de Hong Kong não vai ser estendido. “Não vai haver prolongação”, disse Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), recomendando a quem precisa do serviço para “planear bem as suas viagens”. A política termina na quinta-feira da próxima semana.

Estão registadas 1684 pessoas para chegar por esta via a Macau, das quais 1267 já voltaram ao território. Em sentido inverso, foram vendidos 1144 bilhetes do barco do terminal marítimo do Pac On para o aeroporto da região vizinha, tendo já saído 670. No dia, em que termina a medida especial, o último barco sai do aeroporto de Hong Kong às 23h, enquanto a última embarcação para sair de Macau é às 19h.

“Os residentes de Macau devem aproveitar bem essa embarcação especial, assim como as pessoas retidas em Macau que querem regressar ao seu país”, disse Lau Fong Chi. Em alternativa a este mecanismo, a responsável disse que as pessoas podem optar por fazer mais escalas para chegarem por Macau por outras rotas que não inclua passagem por Hong Kong.

Secretário em incerteza

A situação epidémica em Hong Kong foi um dos focos principais da habitual conferência da saúde dedicada ao acompanhamento da pandemia. “Sei que muitos cidadãos estão preocupados com o surto em Hong Kong.

Será que isso pode ser uma incerteza para Macau?”, observou Alvis Lo. O médico procurou tranquilizar, explicando que “o fluxo de pessoas entre Hong Kong e Macau é muito baixo” e que quem chega do território vizinho tem de cumprir observação médica e fazer teste de ácido nucleico por duas vezes. “Essa medida de isolamento com o teste é muito útil”, declarou. Havia ontem 1362 pessoas em quarentena nos hotéis designados. Desse universo, 1109 são residentes de Macau, 60 trabalhadores não residentes e 193 de outras nacionalidades.

Em relação à logística que o secretário para a Economia e Finanças terá de enfrentar por viajar hoje para Hong Kong, em representação do Governo da RAEM nas cerimónias fúnebres de Stanley Ho, não foram avançados detalhes, tanto para a ida, como para o regresso a Macau.

“Para um caso tão concreto temos de ter todas as informações. (…) Ainda não temos a certeza se o secretário vai ou não deslocar-se a Hong Kong ou quando. Não sabemos estes detalhes, [por isso] não podemos saber que medidas adoptar. Cada caso é um caso”, disse Alvis Lo.

Em termos gerais, o médico tinha indicado que nas negociações entre Hong Kong e Macau se determinou a possibilidade de dispensa de algumas medidas em situações específicas, o que “não impede a aplicação de outras medidas, nomeadamente do teste de ácido nucleico ou percurso que fez dos dois lados”. A TDM Rádio Macau avançou que Hong Kong decidiu isentar os representantes do Governo de Macau que marquem presença na cerimónia.

Alerta com lares

Noutro aspecto, o chefe do departamento de solidariedade do Instituto de Acção Social (IAS) garantiu que os trabalhadores de lares e asilos cumprem muitas medidas para higiene” e têm recebido formação para responder eficazmente aos desafios da pandemia. Choi Sio Um disse que vai ser destacado pessoal para visitar os lares e se conhecer melhor a sua situação.

O responsável do IAS notou que os idosos são mais frágeis por terem um sistema imunitário mais fraco. “Nunca baixámos os braços, pelo contrário, temos vindo a prestar alto alerta quanto a isto”, acrescentou.
Sobre a eventualidade de a situação em Macau se tornar semelhante à de Hong Kong, reconheceu que “a epidemia é imprevisível, qualquer coisa pode acontecer”, mas frisou que existe um plano e que há capacidade de tratamento.

Oito para quarentena

Uma empregada doméstica, que no final de Junho partiu de Macau para Manila, telefonou ao empregador na RAEM a indicar que testou positivo de covid-19 nas Filipinas. A família do empregador, constituída por quatro pessoas, bem como outras oito que partilhavam casa com a trabalhadora fizeram testes de ácido nucleico que deram negativo. De acordo com o médico Alvis Lo, os resultados negativos mostram que “a maior probabilidade é de ter sido infectada nas Filipinas”, afastando possíveis preocupação com o caso. No entanto, Leong Iek Hou, Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença indicou que “como medida de prevenção” essas oito pessoas serão sujeitas a observação médica.

9 Jul 2020

Infectado com covid-19, Jair Bolsonaro diz que doença é “como uma chuva”

[dropcap]O[/dropcap] Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje, após anunciar que está infectado pelo novo coronavírus, que a doença é como uma chuva que atingirá algumas pessoas e que o pânico na sociedade por cauda da pandemia também mata.

“O que eu posso falar para todo mundo é que este vírus, como já dizia no passado e era muito criticado, é como uma chuva. Vai atingir você. Alguns não. Alguns têm de tomar maior cuidado com este fenómeno. Agora acontece”, afirmou Bolsonaro, ao confirmar que o teste realizado na segunda-feira deu positivo para covid-19.

Jair Bolsonaro também considerou que a subida do número de mortes no país este ano, atestada por diferentes estatísticas, não foi provocada pela covid-19, mas pelo medo que a pandemia despertou nas pessoas, que deixaram de procurar atendimento médico para outros problemas de saúde.

“Temos tomado conhecimento de que muita gente tem morrido em casa porque não vai ao hospital buscar tratamento com medo do vírus. O número de óbitos tem aumentado muito por outras causas, não pelo vírus, mas sim pelo medo do vírus. O pânico também mata”, afirmou o Presidente brasileiro.

Durante a sua declaração, transmitida nas redes socais e também pelos ‘media’ locais, Bolsonaro falou com máscara perto dos jornalistas, mas afastou-se depois um pouco para retirar a protecção e mostrar que está bem “graças a Deus”.

Questionado sobre o que fará agora que exames laboratoriais confirmaram a infecção, o chefe de Estado brasileiro disse que vai trabalhar no seu gabinete e despachar por videoconferência para evitar contaminar outras pessoas.

Bolsonaro também revelou que pensava já ter sido infectado antes e que se não tivesse feito o exame provavelmente não saberia que estava com a doença porque manifestou sintomas leves.

“Tendo em vista este meu contacto com o povo, que foi bastante intenso nos últimos meses, achava que já tivesse contraído e não tinha percebido, como a maioria da população brasileira que contrai o vírus e não percebe o problema, a contaminação”, afirmou.

O Presidente brasileiro declarou que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da covid-19, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada por estudos e pesquisas científicas.

“Dados os sintomas, a equipa médica resolveu aplicar hidroxicloroquina e eu tomei no dia de ontem por volta das 17 horas, o primeiro comprimido”, declarou Bolsonaro.

“Eu estou bem. Estou normal em comparação a ontem (…) Estou muito bem, acredito e credito [a melhora] não só ao atendimento médico, mas à forma como ministraram a hidroxicloroquina, a reação foi quase que imediata. Poucas horas depois estava me sentindo muito bem”, relatou.

Bolsonaro também defendeu que a aplicação da hidroxicloroquina na fase inicial do tratamento teria, na sua avaliação, apesar de admitir não ser médico, quase 100% de possibilidade de recuperar os infectados.

“Grande parte da população uma vez contaminada não toma conhecimento. Não sente absolutamente nada. Eu, por exemplo, tive um mal-estar. Febre, cansaço, que poderia ser por outro motivo qualquer. Um pouco de dor muscular. E confesso que se tivesse tomado a hidroxicloroquina estaria bem, seria uma forma preventiva apenas. Estaria muito bem sem esboçar qualquer reação. Assim acontece com a população”, defendeu Bolsonaro.

O chefe de Estado brasileiro também defendeu que a reabertura económica promovida por governos regionais são positivas e que é preciso se preocupar com o desemprego, com o aumento de suicídios, que pode ser consequência do desemprego.

“A vida continua, o Brasil tem que produzir, você tem que botar [colocar] a economia para rodar. Alguns me criticaram no passado dizendo que a economia se recupera, a vida não, isto não é uma verdade absoluta. A vida não se recupera, mas a economia não funcionando leva a outras causas de óbitos, de mortes, de suicídios no Brasil. E isto está sendo esquecido”, advogou Bolsonaro.

Embora o Presidente brasileiro considere a doença menos letal do que a maioria dos especialistas e diga que poucos terão sintomas mais preocupantes se forem infectados pela doença, o Brasil é dos países mais atingidos no mundo pela covid-19, ao contabilizar o segundo número de infectados e de mortos (mais de 1,62 milhões de casos e 65.487 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos e infectou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

8 Jul 2020

A Covid-19 e as alterações climáticas

“We believed, in our ignorance and arrogance, that we can be invincible, that we are superior to any other living being on the face of the earth. Is it nature? I broke it down and raped her, in the name of the god of money, convinced that Mother Earth did not suffer the blow, to exploit it forever. I took, stole, with outstretched hands, torn, cut, shattered, breaking down everything that appeared in our path. We have sickened the Earth and now its screams of pain are resounding in the global reach of a pandemic that, for us, people have the taste of catastrophe.”
Corina Abdulahm Negura

 

[dropcap]A[/dropcap]s duas frases mais comuns nos comentários diários dos meios de comunicação social e nas publicações da rede de comentadores selvagens, mais ou menos em série são de que “Tudo ficará bem”, e imediatamente a seguir de que “Nada será igual como antes”. Para o senso comum médio, as duas situações não convivem juntas. Quando um empresário vê o seu negócio em risco de falência, quando um trabalhador estável ou precário vê as actividades que lhe mantém a vida encerradas, quando um rapaz fechado em casa não pode jogar futebol ou comer um aperitivo com os amigos, espera com cada vez menos convicção que tudo corra bem, pensa na vida de antes e lamenta pelo mundo como era.

As mesmas injustiças, stress e tudo o que envenenou a sua vida parecem-lhe pouco em comparação com a possibilidade de recuperar a liberdade de se mover, falar cara a cara e de viver dentro das terríveis incertezas e do xadrez quotidiano do passado. O “nada será como antes” surge-lhe como uma ameaça, uma profecia de infortúnio. Devemos comprometer-nos, com as armas da razão e da imaginação, porque a razão por si só tem sido a causa da maioria das nossas catástrofes, a manter as duas situações unidas. Tentar explicar que para tudo correr bem é necessária uma mudança profunda na nossa maneira de pensar e de imaginar o mundo e a nossa vida futura. É por isso que precisamos de desmantelar a forma como os meios de comunicação social e os governos nos falam do mundo actual e do que está para vir.

Os principais meios de comunicação social, quer no papel ou na Internet, em noticiários e programas de televisão, as notícias sobre a crescente pandemia e a necessidade de sacrifícios para tentar travá-la são intercalados com carrinhos de publicidade para os bens de consumo mais frívolos e inúteis. Os últimos modelos de automóveis, híbridos ou não, relógios de marca, perfumes e moda masculina e feminina são preparados para o dia seguinte, pois seria bom, para não ficar demasiado deprimido, continuar a estar na moda em casa. A publicidade de novos milagres à prova de vírus encontrados para a higienização dos ambientes acompanha a dos supermercados cintilantes prontos a reabrir as suas portas e a colocar à nossa disposição, sem limites de tempo e de atendimento, tudo de bom.

A liberdade redescoberta é celebrada. A necessária moral do presente é algo a superar rapidamente, em nome da liberdade de fazer, e sobretudo de comprar, o que quisermos. A mensagem em síntese extrema é esta. “Não se preocupe, a responsabilidade para consigo e para com os outros está no fim em si”. Uma mensagem terrível, porque deita fora o mais importante que estamos a viver no quotidiano que é o de apenas tentar conter a pandemia. O papel do Estado, considerado cada vez mais importante e necessário, vai de par com a assunção de responsabilidades pelos cidadãos, sob uma forma individual e com um sentido de comunidade redescoberto. Duas coisas que estão a anos-luz do que foram os dois modelos fundamentais do neoliberalismo deste milénio. “O Estado não resolve os problemas. O problema é o Estado”, e “a sociedade não existe, só existem indivíduos”.

Os dois modelos que levaram a uma redução drástica da sociedade na vida económica e social e ao individualismo exasperado do consumismo dominante. As pessoas pedem ao Estado que funcione cada vez mais e melhor, e lamentam ter permitido que a saúde pública e a investigação fossem reduzidas, e tenham possibilitado que uma grande parte, quase toda, das suas vidas fosse confiada ao mercado e acham impossível salvarem-se. Ser responsável perante os outros, ajudá-los a salvarem-se, é a condição para se salvar a si próprio. A ideia de que precisamos de uma resposta unificada aos problemas que nos afligem e aos que nos angustiarão no futuro está a ganhar terreno. Que as soluções e especialização, são de pernas curtas e, sobretudo, entram em jogo após a ocorrência de uma catástrofe, e que, para enfrentarmos as pandemias presentes e futuras, precisaremos de uma reflexão global que reúna a nossa relação com a natureza, ideia de economia e progresso, formas de trabalho e de vida.

À escala territorial, nacional, europeia e mundial a Covid-19 não é um “cisne negro”. Não é um acontecimento imprevisível e anómalo que tenha posto em causa a nossa normalidade. O perigo de uma possível, ou mesmo provável, epidemia foi amplamente descrito no início dos anos 2000. A OMS propôs mesmo simulações precisas do que poderia causar. O Fórum Económico Mundial, em 2018, tentou alertar para uma possível pandemia para a qual não estávamos preparados. O escritor e divulgador científico americano David Quammen, no seu livro profético “Spillover: Animal Infections and the Next Human Pandemic”, publicado em 2013 descreveu um mundo infestado por um vírus passado do morcego para o homem num mercado chinês húmido, cuja rápida propagação seria facilitada pela destruição e alteração dos ecossistemas causada por um crescimento sem limites, independentemente dos equilíbrios naturais.

Sair da Covid-19, se não o interpretarmos como um cisne negro ocasional, reunirá o que foi separado e porá em ordem as hierarquias entre os problemas. “Antes de mais, a saúde”, palavras que se repetem como um paradigma, deve ser o ponto fixo não só para recomeçar, mas também para não cair rapidamente nas mesmas catástrofes de que estamos ansiosos por sair. E a seguir o ambiente, a batalha para controlar o aquecimento global. Depois, a educação, investigação, cultura, trabalho e economia. Estamos a afastar-nos do esquema simplista que a maioria dos economistas e funcionários governamentais têm em comum, que medem as crises e reiniciam com base no PIB e, pior ainda, no desempenho dos mercados bolsistas. Quanto à saúde descobrimos duas coisas. Ter em alguns países europeus dos melhores sistemas de saúde do mundo, e tê-lo empobrecido ao longo dos anos com lógica e acções que desafiaram os seus princípios fundamentais, publicidade, universalidade e gratuidade.

Os Estados Unidos na liderança, que têm um sistema privado de cuidados de saúde baseado no sistema de seguros, que escalona as prestações com base no que o seguro de cada um prevê. E deixa aqueles que não têm seguro sem respostas, ou com respostas completamente insuficientes. Descobrimos também que as despesas de saúde de um país como um todo, quanto o Estado gasta e quanto os cidadãos gastam em tratamento, são inferiores onde prevalece o público. Mas, quando as políticas de austeridade impõem uma redução da dívida pública, é nos cuidados de saúde e com os cuidados de saúde e a educação que se concentram as reduções das despesas. Assim, deparámo-nos com a pandemia e depois de termos reduzido fortemente as despesas com o pessoal de saúde, interrompido o volume de negócios, reduzido camas, encerrado unidades hospitalares e fundidas compulsivamente as autoridades locais de saúde, que foram diminuídas drasticamente. E tudo isto numa altura em que a Europa estava a envelhecer, e a procura de cuidados e tratamentos estava a aumentar.

É nesta situação, de procura crescente e de retracção da oferta pública, que o congelamento das contratações no sistema público gera precariedade e externalização das funções sociais e de saúde para empresas e cooperativas, o que aumenta os custos dos mesmos serviços. A ideologia que tem acompanhado este processo de reestruturação é a da corporatização, da superioridade do mercado sobre o público, que transformou o cidadão com direitos num cliente. Felizmente, ainda não estamos no sector da saúde americano, onde a posse ou não de uma apólice de seguro é o requisito fundamental para o acesso a cuidados de qualidade, mas a contracção dos cuidados de saúde públicos, os seus atrasos na garantia dos serviços essenciais, levou-nos a fazer uma distinção cada vez mais clara entre aqueles que podem ter acesso ao mercado privado dos serviços e aqueles que não o podem pagar, até aos muitos que desistem do seu tratamento porque nem sequer podem pagar os recibos que o próprio sistema público exige para os serviços especializados.

Tal é coerente com o darwinismo social que dominou a cultura económica em tempos de neo-liberalismo triunfante, em que ser pobre é uma culpa que os ricos estão isentos de assumir. Em tempos de pandemia, a cidade rica de Nova Iorque descobre que o vírus aumenta rapidamente dos pobres de Queens e Brooklyn, entre os quais explodiu vertiginosamente, para os ricos de Manhattan, e que a saúde dos pobres é decisiva para a saúde de toda a população. É necessário, a partir de agora, planear a defesa da nossa saúde e das nossas vidas à luz desta terrível experiência e em antecipação de um futuro em que os riscos e as incertezas aumentarão. Haverá então necessidade de uma política de saúde que reforce certamente os hospitais, dotando-os das pessoas e ferramentas necessárias para fazer face aos acontecimentos mais extremos, trazendo de volta e para dentro deles tudo aquilo que subitamente externalizámos, desde serviços especializados até aos que descobrimos serem decisivos, como os de limpeza, desinfecção e assistência, mas teremos também de repensar os cuidados na região e os cuidados no país, a fim de contrariar os factores de nocividade e risco no trabalho e na vida das pessoas.

Há muitos epidemiologistas que compreenderam a relação entre a elevada percentagem de mortes nas regiões setentrionais de Itália e o facto de o Vale do Pó ser uma das regiões mais poluídas da Europa, com a mais elevada taxa de doenças respiratórias entre a população, mesmo antes do aparecimento da Covid-19.

Mas a dimensão territorial da saúde tem sido a vítima mais óbvia dos processos de corporatização, com consequências dramáticas na gestão da actual epidemia. Os médicos generalistas, numa situação dramática como a da Lombardia, foram deixados à sua sorte. O seu bom senso tem sido a única arma de qualquer eficácia no combate ao mal na sua origem, em casas e bairros. O desaparecimento da dimensão territorial, a afirmação de uma ideia puramente reparadora na medicina hospitalar e especializada, que é também praticamente a única em instalações privadas, levou à falta de uma cultura de prevenção e à difusão de uma cultura de saúde. E, ao mesmo tempo, a ideia de participação popular para combater os factores de risco no local de trabalho e na vida.

O Papa Francisco disse muito claramente sobre a corporatização e as suas consequências na reunião de Maio de 2020 com a “Associação Católica de Trabalhadores da Saúde” – “A corporatização colocou em primeiro plano a redução de custos e a racionalização de serviços, mudou fundamentalmente a abordagem à doença e ao próprio doente, com uma preferência pela eficiência que não raro pôs em segundo plano a atenção à pessoa… E” continua Francisco “onde um doente se torna um número que também corre o risco de ser “queimado” por turnos demasiado duros, pelo stress das urgências e pelo impacto emocional”. O “heroísmo” a que o pessoal de saúde foi obrigado tem a sua origem nas más escolhas de um passado recente.

E para deixarmos de precisar de heróis, para estarmos preparados para governar as incertezas do futuro, precisaríamos de um sistema público nacional maior e mais alargado, não fragmentado e diferenciado em termos de desempenho a nível regional que fosse capaz de colaborar com os sistemas de saúde em todo o mundo, porque as pandemias não conhecem fronteiras, e de contribuir para a reafirmação das autoridades internacionais desde a OMS, enfraquecida pelas reduções de fundos e pelo descrédito dos países, em primeiro lugar dos Estados Unidos. E sobretudo para rever os processos de corporatização e recuperar a dimensão territorial e participativa que o sistema nacional de saúde tinha no seu nascimento. E perguntarmo-nos se a transformação das unidades locais de saúde em agências de saúde fez sentido. Porque esta pandemia não vai acabar em breve e pode voltar, e se continuarmos a destruir a biodiversidade do nosso planeta, para alterar a forma como a natureza se regenera, outras catástrofes, talvez mais graves, virão.

A Covid-19 é o último sinal que nos foi dado para tentar revertê-lo. Quanto ao ambiente tendo privilegiado acima de tudo uma ideia de progresso como crescimento infinito, custando o que sabemos em comparação com as mesmas condições que tornam possível a vida no planeta, apresenta-nos um relato dramático de vidas humanas. Dezenas de estudos realizados por biólogos e epidemiologistas explicam como a criação intensiva e os mercados de vida selvagem são o terreno fértil para todas as epidemias com que tivemos de lidar no passado como a gripe SARS, gripe aviaria, gripe suína, doença das vacas loucas. Existe uma convicção crescente de que o respeito pela natureza na forma como cultivamos e reproduzimos é uma condição para manter as epidemias à distância, e que o bem-estar dos animais tão terrivelmente violado na agricultura intensiva e nos matadouros de animais mais ou menos selvagens é uma condição para o bem-estar humano.

A taxa de poluição e consolidação de muitas regiões do mundo, a poluição da água, ar e terra, é um dos factores fundamentais que transformam a infecção pela Covid-19 em uma pneumonia mortal. E talvez seja necessário considerar as catástrofes naturais como inundações, secas, maremotos, epidemias de uma forma unificada, se quisermos tentar evitá-las e não apenas dar-lhes resposta caso a caso, catástrofe por catástrofe, tendo sempre em conta que a prevenção custaria menos do que a reparação, cada vez com custos crescentes e com uma eficácia cada vez menor. Mas a prevenção póstuma, como é bem sabido, não existe. As alterações climáticas são a consequência dramática e, ao mesmo tempo, a razão unificadora das catástrofes que se aproximam sobre a espécie humana. Combatê-la é a forma prioritária de prevenção e cura. A Covid-19 e o consequente abrandamento do crescimento económico, o consumo de carvão e petróleo, a circulação de automóveis, navios e aviões reduziram a poluição e o buraco de ozono nos últimos meses.

Deveríamos demonstrar que ao sair da Covid-19 somos capazes de planear um desenvolvimento que preserve as actuais taxas de limpeza, ou seja, que somos capazes de fazer por amor aquilo que a Covid-19 nos obrigou a fazer. Encontrar uma forma de deslocar, produzir e consumir sem alterar irreversivelmente o equilíbrio natural, para travar não só as possíveis epidemias, mas também os desertos que estão a avançar e vão empurrar ainda mais, milhões de pessoas a fugir de África para zonas mais temperadas, em busca de vida para si e para os seus filhos, bem como o possível desaparecimento sob as águas crescentes de dezenas de países no litoral. Os cientistas são quase unânimes em prever cenários deste tipo se não formos capazes de inverter o rumo nos próximos dez anos. Clamamos aos cientistas que encontrem uma cura e uma vacina para a Covid-19, mas deveriam ser ouvidos quando nos falam das consequências desastrosas do aquecimento global. A forma como nos comportaremos quando a Covid-19 aliviar de intensidade será decisiva para o futuro da espécie humana.

Há aqueles que se estão a preparar para uma utilização ainda maior dos combustíveis fósseis, aproveitando a queda do seu preço, e os que, em nome da emergência, recomendam a inclusão entre parênteses de projectos de conversão ecológica da economia. Há os que pensam em como aproveitar o derretimento dos pólos para conceber novas rotas comerciais, mais rápidas e mais baratas, e antecipam a possibilidade de explorar os depósitos minerais sob as calotes polares, e os que, mais modestamente, pensam em pôr em marcha processos de cimentação ainda mais rápidos do território através das mega estruturas e de uma retoma da construção removida de quaisquer constrangimentos paisagísticos.

Seria, diz-nos a ciência, o princípio do fim do mundo. A recuperação será verdadeiramente assim se conseguirmos dar e respeitar algumas regras simples e claras. É preciso terminar de cimentar tanta terra e produzir energia com o sol e o vento, preservando os grandes pulmões das florestas, plantando árvores e respeitando outros seres, animais e árvores, que vivem connosco no planeta e aprender a circular no mundo sem poluir a água, ar e a terra.

6 Jul 2020

Covid-19 | Residentes isentos de isolamento podem ir a outras oito cidades

Os residentes a quem for dada isenção para entrar em Zhuhai vão ter 14 dias para poder circular em mais oito cidades da Grande Baía. A medida entra hoje em vigor

 

[dropcap]A[/dropcap] partir das 8h de hoje, as pessoas isentas de quarentena à entrada em Zhuhai vão poder deslocar-se a outras oito cidades da Grande Baía. Estes residentes passam assim a poder circular também em Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing. A informação foi avançada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

A extensão da isenção continua a aplicar-se apenas aos indivíduos “que a solicitem por motivo oficial, comercial ou outros motivos específicos”, existindo três mil quotas diárias para esse efeito. Depois de entrarem em Zhuhai no âmbito das actividades declaradas, as pessoas podem ficar um máximo de 14 dias entre estas cidades. Os residentes que já tenham obtido quota de isenção de isolamento e entrado em Zhuhai também podem usufruir da medida.

“Caso as barreiras geográficas sejam ultrapassadas, as autoridades podem implementar a observação médica de isolamento centralizado no âmbito de controlo da epidemia dessas cidades. Aqueles que ultrapassem o âmbito sem autorização e violem as disposições relacionadas à prevenção e controlo de epidemia, serão desqualificados da implementação temporária da observação médica de isolamento centralizado”, alerta o Centro de Coordenação.

Recorde-se que os requerentes de isenção devem ser portadores do código de saúde verde, certificado válido do teste de ácido nucleico, não se terem deslocado fora de Macau ou do Interior da China e não apresentarem sintomas.

Na conferência de imprensa de sexta-feira, o médico Alvis Lo reiterou que a prioridade para atribuição das quotas diárias é dada às pessoas elegíveis que apresentam o pedido pela primeira vez, embora nos dois dias anteriores o volume desses pedidos tivesse diminuído “significativamente”, comunicou o Centro de Coordenação. Por esse motivo, quem recebeu isenção passou a poder apresentar novo pedido após as 18h, todos os dias.

Ajustes desnecessários

Relativamente ao corredor especial entre o aeroporto de Hong Kong e o terminal marítimo do Pac On, desde 17 Junho até sexta-feira foram registados 1.021 indivíduos a regressar a Macau por via marítima. Apenas um residente de Macau testou positivo. Cerca de 30 por cento das pessoas registadas para usar o barco especial é proveniente dos EUA.

“Presentemente, ainda há 106 pessoas registadas em regresso a Macau dos EUA, mas as autoridades consideram que não há necessidade urgente a proceder ao ajuste relativo à apresentação de um certificado com resultado negativo do teste de ácido nucleico para estas pessoas”, diz a nota do Centro de Contingência.

Ao nível do tempo de espera nos postos de testes de ácido nucleico, Alvis Lo explicou que a procura aumentou e estão a ser feitos mais de quatro mil testes diariamente. “Por hora estão a ser verificadas cerca de 500 pessoas, motivo pelo qual o tempo de espera na hora de pico é inevitável. Contudo, o Governo continuará a cooperar e negociar com as instituições parceiras dos testes para criar mais postos”.

6 Jul 2020

Covid-19 | Índia com novo recorde de 24.850 casos em 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou novo recorde de casos de infeção por coronavírus nas últimas 24 horas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu o país sobre os planos de lançar uma vacina até ao mês de Agosto.

O Ministério da Saúde divulgou hoje mais 24.850 casos confirmados, o que eleva o total nacional para 673.165, tornando a Índia o quarto país do mundo mais atingido pela pandemia de covid-19, depois dos EUA, Brasil e Rússia. O número de mortos na Índia aumentou para 19.268, divulgou a Associated Press (AP).

O Conselho Indiano de Pesquisa Médica, a agência que lidera a resposta à covid-19 no país, disse na semana passada ter definido o dia 15 de agosto – dia da independência da Índia – como a meta para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, pedindo a laboratórios de investigação que desenvolvem ensaios clínicos que inscrevessem os participantes nesta tarefa até ao próximo dia 07.

Soumya Swaminathan, cientista da OMS, disse em entrevista ao jornal ‘online’ indiano The Wire que alguns resultados da fase um poderão estar disponíveis em agosto “se tudo correr conforme planeado”.

5 Jul 2020

Covid-19 | China com oito novos casos, dois em Pequim

[dropcap]A[/dropcap] China registou oito casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, dois dos quais em Pequim e de contágio local, anunciaram hoje as autoridades de saúde. A Comissão Nacional de Saúde deu conta até agora de 334 pessoas infectadas com o novo coronavírus associado ao surto com origem no maior mercado da capital, detectado há cerca de três semanas. Nenhuma morte foi reportada, contudo.

O porta-voz do Governo de Pequim, Xu Hejian, disse em conferência de imprensa no sábado que a situação “continua a melhorar e é completamente controlável”. Os seis casos fora de Pequim foram de pessoas vindas do exterior.

A China registou 83.553 casos confirmados e 4.634 mortes desde o início da pandemia. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 527 mil mortos e infectou mais de 11 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

5 Jul 2020

Covid-19 | Seis meses de uma pandemia que está longe de terminar 

Seis meses depois do anúncio do primeiro caso de infecção por covid-19, o mundo conta já com mais de meio milhão de mortos e mais de 10 milhões de infectados. Depois do surto na Europa com focos graves em Espanha e Itália, as situações de maior gravidade actualmente situam-se na Índia, EUA e Brasil

 

[dropcap]D[/dropcap]esde que o primeiro caso de covid-19 foi anunciado, em fins de Dezembro de 2019 na China, a pandemia já provocou mais de 511 mil mortos e mais de 10,5 milhões de contaminados em 196 países e territórios. Seis meses depois, a situação está longe de estar controlada. O director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, alertou na quarta-feira que “o pior ainda está por vir” e que “a realidade é que isto ainda está longe de acabar”.

“Globalmente, a pandemia está a acelerar”, frisou o director-geral da OMS, que disse estarmos a lidar com um vírus “rápido e assassino”. Neste contexto, é preciso “evitar as divisões” porque “quaisquer diferenças podem ser exploradas” pelo novo coronavírus, acrescentou.

Na próxima semana a OMS deverá enviar para a China uma equipa para “compreender como começou [o novo coronavírus] e o que se pode fazer no futuro” para o mundo se preparar para lidar com ele.

“Com 10 milhões de casos e meio milhão de mortos, a não ser que resolvamos os problemas que identificámos, de falta de unidade nacional e solidariedade global e de um mundo dividido que está a ajudar o vírus a espalhar-se, o pior ainda está por vir. Lamento dizer isto, mas com este tipo de ambiente e condições, tememos o pior. Temos de nos concertar e combater este perigoso vírus”, defendeu. “A nossa mensagem continua a ser a mesma, não se trata de um país, dois países ou três países”, salientou Ghebreyesus.

600 mil na Índia

A situação continua a estar muito complicada em alguns países e regiões. No caso da China, surgiu um novo surto em Pequim num mercado abastecedor, o que obrigou a novas medidas de confinamento. Ontem o país identificou três novos casos de covid-19 em 24 horas, um em Pequim e dois em Xangai. Até à data, registaram-se 329 infectados, segundo dados oficiais. O número de casos activos no país fixou-se em 416, entre os quais sete em estado grave. A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes.

Já a Índia ultrapassou os 600 mil casos de infecção desde o início da pandemia, tendo registado ontem 19.148 infecções no espaço de 24 horas. A nova contagem oficial é de 604.641 casos, com 100 mil registados só nos últimos quatro dias. O ministro da Saúde indiano indicou ainda que o novo coronavírus já matou 17.834 pessoas no país desde o início da pandemia. Os estados das cidades de Mumbai e Nova Deli continuam entre os mais atingidos.

No caso dos EUA, registaram-se ontem 706 mortos e 48.830 infectados no espaço de 24 horas, de acordo com um balanço da Universidade Johns Hopkins. O país contabiliza 128.028 óbitos e 2.678.202 casos desde o início da pandemia, segundo o balanço realizado pela agência de notícias Efe.

A média de novos casos diários nos Estados Unidos está desde a semana passada acima dos 40 mil, muito por causa da propagação do novo coronavírus nos estados do sul e oeste, como Florida, Texas, Califórnia e Arizona. Nova Iorque continua a ser o estado mais fortemente afectado pelo coronavírus nos Estados Unidos, com 394.079 casos confirmados e 32.043 mortes, um número apenas inferior ao do Brasil, Reino Unido e Itália.

No Brasil a situação também está longe de ser controlada, com a marca dos 60 mil mortos ultrapassada e mais de 1,4 milhões de casos de infecção confirmados.

Esta quarta-feira, o director-executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, declarou que se deve evitar a politização do vírus. “Não podemos continuar a permitir que o combate a este vírus se torne um combate ideológico. Não conseguimos vencê-lo com ideologia. Cada pessoa, cada político, precisa de se olhar ao espelho e pensar se está a fazer o suficiente para travar este vírus”, defendeu.

“Quando dizemos que é preciso evitar a politização do vírus, isso vai nos dois sentidos. Como indivíduos ou como sociedades, podemos ter de apoiar e encorajar um governo que não escolhemos e do qual não gostamos. Essa é a dificuldade e o desafio da unidade nacional contra um inimigo comum e nós não temos tempo para perder”, afirmou.

Depois de seis meses, a OMS reitera a receita para conter a transmissão, nomeadamente quanto ao papel que cada indivíduo deve tomar, dizendo-lhes que “não estão indefesas” e que são responsáveis pelo que acontece às pessoas com que estão em contacto, salientou Tedros Ghebreyesus.

Suprimir a transmissão comunitária com medidas de distanciamento e higiene, salvar vidas dos mais vulneráveis tratando todos os casos, acelerar a investigação de vacinas e tratamentos e atingir um patamar de “liderança política e moral” são as outras prioridades apontadas pela OMS.

 

Covid-19 | As grandes etapas dos seis meses de crise

 

31 de Dezembro de 2019 – A primeira morte

As autoridades chinesas avisam a OMS sobre casos de pneumonia de origem desconhecida em Wuhan, onde residem cerca de 11 milhões de habitantes. A 7 de Janeiro as primeiras análises permitem identificar um novo tipo de coronavírus. A 11 do mesmo mês, Pequim anuncia a primeira morte. As primeiras contaminações são anunciadas e prolongam-se por Janeiro fora.

23 de Janeiro – Quarentena em Wuhan

A França confirma três casos, os primeiros na Europa. Dois dias depois da quarentena decretada na cidade de Wuhan, praticamente toda a província de Hubei está isolada do mundo, com mais de 56 milhões de pessoas confinadas.

28 de Janeiro – Urgência internacional

São conhecidos e confirmados mais dois novos casos de transmissão do novo coronavírus fora da China. Um na Alemanha e outro no Japão. Vários países começam a repatriar os seus cidadãos da China. A OMS classifica a epidemia como “uma urgência de saúde pública internacional”.

7 de Fevereiro – A morte do médico Li

Um médico de Wuhan, de 34 anos, Li Wenliang, sancionado por ter dado o alerta para o surgimento do vírus, morre com a nova doença. Fora de Hubei, várias metrópoles chinesas impõem aos habitantes a permanência em casa.

15 de Fevereiro – Primeira morte fora da Ásia

Um turista chinês de 80 anos, hospitalizado em França desde fins de Janeiro, acaba por morrer, tornando-se a primeira vítima mortal da pandemia fora da Ásia. Os cancelamentos de reuniões internacionais e de competições desportivas multiplicam-se, enquanto são suspensos voos para a China. A aceleração das contaminações é significativa em Itália, Coreia do Sul e Irão.

6 de Março – Itália confinada

A epidemia ultrapassa os 100 mil casos confirmados no mundo. Dois dias depois, a 8 de Março, Roma impõe o confinamento no norte de Itália, que seria estendido pouco depois a todo o país.

11 de Março – Declaração de pandemia

A OMS qualifica a covid-19 como “pandemia”. Os mercados bolsistas mundiais registam quedas históricas. Governos e bancos centrais anunciam fortes medidas de apoio à economia.

13 de Março – Fronteiras encerram

O Presidente norte-americano, declara o estado de emergência. A França entra em confinamento a partir de dia 17. A Alemanha apela à população para se manter em casa e o Reino Unido apela ao distanciamento pessoal. Numerosos países encerram as suas fronteiras. A União Europeia (UE) decide encerrar as suas fronteiras externas a 17 de Março.

19 de Março – A crise em Itália

A Itália torna-se o país com o maior número de mortes, enquanto se multiplicam os anúncios de confinamentos nacionais e locais.

2 de Abril – Metade da humanidade confinada

É ultrapassada a barreira simbólica do milhão de casos confirmados oficialmente e o mundo está dividido. Metade da humanidade – mais de 3.900 milhões de pessoas – está confinada. A Europa torna-se o continente mais afectado, mas a epidemia explode nos Estados Unidos. A 8 de Abril o confinamento na cidade de Wuhan é levantado.

26 de Abril – Casos diminuem na Europa

O número de mortos ultrapassa os 200 mil. Nos países europeus com mais óbitos regista-se uma leve diminuição de casos após o início gradual das restrições e dos confinamentos. A 11 de Maio a França e a Espanha começam a sair do confinamento, seguidas pela Itália e Grécia.

7 de Junho – América Latina em crise

O número de mortos ultrapassa os 400 mil, enquanto a pandemia progride na América Latina. O Brasil é o segundo país mais afectado, após os Estados Unidos, com 50.000 mortes a 22 de Junho, enquanto o ressurgimento do novo coronavírus na China obriga Pequim a voltar a confinar vários bairros.

3 Jul 2020

Covid-19 | Alvis Lo defende que negociações com HK não foram em vão

As negociações tidas com Hong Kong não são afectadas pelo anúncio da extensão das medidas de isolamento na região vizinha, disse ontem o médico Alvis Lo. Na conferência da saúde foi ainda indicado que 20 pessoas foram afectadas por restrições de Hong Kong a alguns voos

 

[dropcap]O[/dropcap] médico Alvis Lo afirmou que o anúncio de Hong Kong em prolongar a medida de isolamento até 7 de Agosto não significa que as negociações feitas foram em vão. “É apenas uma continuação das medidas actuais, não vai afectar as negociações que tivemos com Hong Kong e também não vai afectar as novas possibilidades de circulação entre Hong Kong e Macau”, declarou. Na habitual conferência da saúde indicou, porém, que ainda não há uma decisão final.

O corredor especial criado entre o aeroporto de Hong Kong e o terminal marítimo do Pac On já trouxe ao território 940 pessoas de barco, de um total de 1481 registadas. No sentido inverso, 499 pessoas já partiram de barco, havendo no total 910 bilhetes vendidos para a saída do território. Ontem à noite estava prevista a saída de quatro pessoas e a entrada de 14.

Questionado sobre o prazo para a situação voltar à normalidade, Alvis Lo descreveu que a política de prevenção e controlo da epidemia é “muito difícil de implementar”, indicando que “o mais importante” é ter sido elaborado um plano de contingência para enfrentar a situação, bem como a colaboração com diferentes sectores e as regiões vizinhas. “Estamos a discutir como podemos levantar essas políticas restritivas de entrada e saída da nossa população. (…) Claro que também esperamos no futuro ter esta vacina ou medicamento para combater a epidemia”, disse, sem adiantar um calendário.

Por outro lado, foi adiantado que mais de mil estudantes em Taiwan se registaram no sistema para regressarem a Macau e ficarem isentos de apresentar resultado do teste de ácido nucleico antes de embarcarem. Leong Iek Hou referiu que “vamos analisar os seus dados pessoais para aprovar um a um”, acrescentando que alguns já receberam luz verde.

Viagens em cheque

Cerca de 20 pessoas foram afectadas pelas novas restrições impostas pelas autoridades de Hong Kong, para evitar que passageiros em trânsito fiquem no aeroporto em Hong Kong. A informação foi prestada ontem Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

A TDM-Rádio Macau avançou que o Gabinete de Gestão de Crises de Turismo recebeu informações de que a KLM, a Emirates e a Turkish Airlines estavam, a partir de ontem, impedidas de transportar passageiros que chegam a Hong Kong em trânsito. Penalizações que se seguiram a passageiros que deviam estar em trânsito não terem apanhado a ligação e ficado retidos no aeroporto de Hong Kong.

Na conferência de imprensa, a responsável da DST indicou que Macau recebeu informações por parte de Hong Kong da adopção de medidas especiais para determinados voos. Foram afectadas pessoas que pretendiam regressar a Macau, mas não quem sai do território. Lau Fong Chi disse que já comunicaram com os passageiros registados no sistema e que pretendem regressar a Macau para tomarem conhecimento da medida.

Em alternativa, é sugerido que optem por outros voos para chegarem à região vizinha e, a partir, daí fazer uso do corredor especial para regressar a Macau: “contactámos estas pessoas e elas podem apanhar outros voos que não estão na lista das autoridades de Hong Kong”.

2 Jul 2020

Covid-19 | China aprova vacina para uso exclusivo dos militares

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou esta segunda-feira uma vacina contra o novo coronavírus, para uso interno no Exército de Libertação Popular, as forças armadas do país, após resultados positivos nos ensaios clínicos. A vacina foi criada pelo Instituto Científico Militar e a empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics, segundo um comunicado desta firma, que tem sede na cidade portuária de Tianjin, nordeste da China.

A nova vacina recorre a clonagem molecular da covid-19, técnica da engenharia genética conhecida também por ADN recombinante, e foi aprovada para “uso exclusivo dos militares” chineses, em 25 de Junho, pela Comissão Militar Central, segundo a imprensa local.

A aprovação é válida por um ano. A vacina da CanSino passou pelas fases um e dois de testes, que indicaram que tem “potencial para prevenir doenças causadas pelo Sars-Cov-2”, o vírus que causa a covid-19, detalhou a CanSino em comunicado.

Quase 150 vacinas para a covid-19 estão a ser desenvolvidas por cientistas de todo o mundo. Sete candidatos a vacina desenvolvidos por empresas chinesas estão em fase de testes clínicos na China.

30 Jun 2020

Orquestra de Macau e Orquestra Chinesa de Macau regressam aos concertos

[dropcap]J[/dropcap]ulho é o mês que marca o regresso dos concertos da Orquestra de Macau (OM) e da Orquestra Chinesa de Macau (OCHM) depois da suspensão temporária motivada pela pandemia da covid-19.

Ainda assim, e segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), “alguns concertos foram cancelados dada a impossibilidade de deslocação a Macau de vários artistas devido à pandemia do novo tipo de coronavírus”.

A OM apresenta a 18 de Julho o concerto temático “Expresso Clássico – De Volta à Diversão”, no âmbito do Programa Audiência Jovem da OM, que promete levar o público mais jovem “numa viagem divertida e interactiva ao paraíso da música clássica”. No dia 11 é a vez da OCHM realizar, em colaboração com o Centro de Ciência de Macau, uma actividade de extensão do concerto “Varinha Mágica Musical”, durante a qual o público poderá explorar o Centro de Ciência ao som de música chinesa.

A Orquestra realizará ainda o concerto “Uma Noite de Clássicos da Música Chinesa” no Centro Cultural de Macau, no dia 26 de Julho, apresentando um programa de obras-primas da música chinesa, incluindo “A Emboscada de Todos os Lados” e “Alegria do Festival da Água”. Todos os eventos têm entrada livre.

Concertos ao ar-livre

Além disso, ambas as orquestras participam nos “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda na zona do Porto Interior e pela Taipa” durante o mês de Julho. A OM apresentará concertos nas Casas da Taipa e na Feira do Carmo, na Taipa, e a OCHM actuará no Largo do Pagode da Barra, na Península de Macau.

Os concertos cancelados são “Música para Dançar” (11 de Julho), “Sopros Magníficos” (18 de Julho) e “Concerto de Encerramento da Temporada 2019-20 – Concertos para Piano de Beethoven por Rudolf Buchbinder” (24 e 25 de Julho) pela Orquestra de Macau. Fica também cancelado o “Concerto de Encerramento da Temporada 2019-2020: Dança ao Som de Melodias Pitorescas” (26 de Julho) pela Orquestra Chinesa de Macau. Para pedir o reembolso dos bilhetes o contacto deverá ser feito junto da Bilheteira Online de Macau até 30 de Setembro.

30 Jun 2020

Cerca de 70 alunos isentos de mostrar teste à covid-19

[dropcap]A[/dropcap]briram ontem as inscrições para os residentes de Macau que são estudantes em Taiwan e querem regressar à RAEM. Estes alunos vão estar isentos de apresentar resultado do teste de ácido nucleico antes do embarque, mas à chegada ao território precisam de cumprir o período de observação médica nos hotéis designados, ainda que Taiwan não registe casos locais desde Março. Na habitual conferência de imprensa sobre o novo coronavírus, foi avançado que havia 70 inscritos.

Na noite passada estavam 17 pessoas registadas para voltar a Macau através do corredor entre o aeroporto de Hong Kong e o Terminal Marítimo do Pac On, e havia 12 bilhetes vendidos para o sentido inverso. No total, já se registaram 1.397 pessoas a entrarem do território por esta via e 801 bilhetes de barco vendidos para a saída.

O médico Alvis Lo fez um balanço positivo relativamente às quotas para passagem da fronteira com Zhuhai: “inicialmente constatámos alguma pressa por parte da população e houve alguns problemas, mas nos últimos dias verificámos que há sempre quotas disponíveis diariamente”.

De acordo com Leong Iek Hou, do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, ainda não foram recebidos casos novo de contágio de residentes fora de Macau. A representante da Direcção dos Serviços de Turismo disse que já se conseguiu organizar o sistema de transporte fretado para os cidadãos do Myanmar.

Relativamente ao último caso importado de covid-19 no território, um residente de Macau de 57 anos, Alvis Lo explicou que apresenta febre, mas está estável. “Há quatro dias começou o tratamento antiviral e está a reagir bem aos medicamentos”, disse.

Nova ronda de máscaras

A 17ª ronda de máscaras lançada pelo Governo vai começar amanhã. No início da 16ª ronda de fornecimento foram vendidos 4,7 milhões, sendo que no total o programa já levou à venda de 92 milhões de máscaras.
Saiu ontem em Boletim Oficial o preço dos testes ao novo tipo de coronavírus, que fica fixado em 180 patacas.

Alvis Lo explicou que o custo depende em parte das vagas para a realização de testes. “Estamos a garantir o mais baixo custo possível para os testes e vamos ver se podemos aumentar a nossa capacidade de análise às amostras. Por enquanto posso dizer que o preço é relativamente razoável, se tivermos por base o rendimento médio dos residentes. Não podemos unificar os preços com outras regiões”, declarou.

30 Jun 2020

Covid-19 | China regista 12 novos casos nas últimas 24 horas, sete em Pequim

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou 12 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, incluindo sete em Pequim, anunciaram hoje as autoridades. Todos os casos em Pequim são de contágio local. Os restantes cinco são oriundos do exterior e foram diagnosticados em diferentes partes do país.

A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes em todo o país. O número de casos activos fixou-se em 418, entre os quais oito em estado grave.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia a China registou 83.512 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A pandemia de covid-19 já provocou mais de 500 mil mortos e infectou quase 10,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

29 Jun 2020

OMS | Guterres nega ajudas para esconder realidade da covid-19

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, acredita que, ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) possa ter cometido alguns erros no início da pandemia, não tentou ajudar a China a “esconder a realidade”.

Numa entrevista publicada no jornal ‘El País’, António Guterres refere estar convencido de que, em algum momento, terá de se investigar a origem da pandemia de covid-19, a forma como se espalhou tão rapidamente e como a OMS, os países e outras entidades responderam. “Mas o que posso dizer é que conheço as pessoas da OMS e elas não estão a ser controladas por nenhum país. Actuaram sempre de boa-fé para obter a melhor cooperação possível dos Estados membros”, refere o secretário-geral da ONU.

António Guterres admite que podem ter acontecido alguns erros, mas afirma não acreditar que a OMS tenha tentado ajudar a China a esconder a realidade. “Acho que a Organização queria ter um bom relacionamento com a China no início da pandemia. Queria garantir que a China cooperava”, realça.

Nesta entrevista, António Guterres destaca que “a relação entre Estados Unidos, China e Rússia está mais disfuncional do que nunca” e confere à UE um papel vital para evitar uma ordem mundial dominada por Washington e Pequim. “Precisamos de uma liderança global, porque se assim não for, não podemos responder de forma efectiva a desafios como os de uma pandemia. Mas infelizmente, onde há poder, não há liderança, e onde há liderança, falta poder”, assinala ainda nesta entrevista o secretário-geral da ONU.

29 Jun 2020