Governo português quer “investimento produtivo” da China

[dropcap]O[/dropcap] ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse ontem que a China é um “país parceiro amigo de Portugal”, desde logo pela aposta chinesa em empresas do país, mas salientou a necessidade de conseguir um “investimento produtivo”.

“É um país parceiro amigo de Portugal e cuja relação Portugal preza. Somos um país bem integrado na União Europeia, membro da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], mas que tem um relacionamento excelente com vários parceiros à volta do mundo e é nesse sentido que a relação que temos com a China tem sido muito importante”, disse o governante.

Falando na conferência “Portugal-China, uma relação com futuro”, em Belém, Lisboa, Pedro Siza Vieira reforçou que este país é “um parceiro comercial muito significativo”, desde logo por ser o 13.º cliente de exportações, o 6.º fornecedor de bens e por as trocas comerciais estarem a crescer.

Ainda assim, isso “reflecte-se, sobretudo, ao nível do investimento estrangeiro” em Portugal, referiu o responsável, aludindo às “significativas aquisições de empresas e de activos”, em áreas como as finanças, a energia e a comunicação social.

Em causa estão companhias como a Global Media, a Fidelidade, a Rede Energéticas de Portugal (REN), a EDP, o BCP, a EDP e o grupo Superbock, cujos responsáveis estiveram ontem presentes na sessão.

Relação sólida

Relembrando que este encontro acontece na véspera da visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, Pedro Siza Vieira afirmou que o executivo português quer aproveitar tal ocasião para “elevar a relação política e diplomática a um plano distinto”.

“A ambição que ambos os países colocam nesta visita é significativa” e, do ponto de vista de Portugal, “gostaríamos de passar da aquisição de activos para um investimento produtivo”, vincou o governante, falando em “áreas a explorar” como os setores automóvel e da mobilidade eléctrica.

Além disso, continuou, Portugal quer “fazer crescer as exportações para a China”, aumentando assim a “penetração das mercadorias e serviços” portugueses, bem como fomentar o turismo.

Acresce o “investimento português [que será feito] no desenvolvimento das comunicações com o resto do mundo”, constituindo, assim, o país “como ponto de acesso [da China] para a Europa”, referiu o governante.
“Isso terá de respeitar as regras europeias, mas seguramente haverá a possibilidade de continuarmos a crescer nessa ordem de ideias”, adiantou.

Pedro Siza Vieira lembrou ainda que a relação entre Portugal e China “se foi consolidando nos últimos anos”, apesar de já ser antiga, e como exemplo assinalou o apoio dado por aquele país à candidatura de António Guterres a secretário-geral da Organização das Nações Unidas, em 2016.

Presente na ocasião, o embaixador da China em Portugal, Cai Run, considerou que a visita de terça-feira e quarta-feira “será uma visita de sucesso e com resultados frutuosos”.

Por seu lado, o presidente do Conselho de Administração do grupo Global Media, que organizou a conferência, disse que esta empresa de comunicação social está a “viver o sucesso dessa relação” com a China, desde logo por a empresa chinesa KNJ deter 30% do capital.

4 Dez 2018

Presidente tanzaniano critica Ocidente que ameaça retirar apoios e elogia China

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Tanzânia, John Magufuli, criticou ontem a posição de vários países e organizações ocidentais, que ameaçam retirar apoios financeiros, e elogiou a presença chinesa no país, que diz “oferecer ajuda sem condições”.

“As coisas grátis são na verdade caras, essencialmente quando são dadas por alguns países”, disse o chefe de Estado, aludindo à posição tomada por alguns países doadores, que ameaçaram retirar fundos de ajuda fundamentais para o país.

As declarações surgem depois de alguns dos países e organizações doadoras terem ameaçado retirar fundos necessários ao país, justificando as medidas com a deterioração das condições humanitárias na Tanzânia.

A Dinamarca está a reter as 65 milhões de coroas (cerca de 8,7 milhões de euros) em ajuda externa ao país, depois de o comissário regional de Dar Es Salam ter feito “comentários homofóbicos inaceitáveis” que também levaram a União Europeia a rever o seu apoio financeiro.

O Banco Mundial suspendeu um empréstimo de 300 milhões de dólares destinado à educação, depois da proibição criada pelo Estado em readmitir alunas que tenham estado grávidas.

“As únicas coisas realmente grátis são as fornecidas pela China”, afirmou Magufuli, durante a abertura da biblioteca da Universidade de Dar Es Salam, capital do país, uma infraestrutura de 90 mil milhões de xelins (cerca de 34.630 milhões de euros) construída com um fundo chinês.

“A China é uma verdadeira amiga que oferece ajuda sem condições”, acrescentou o chefe de Estado da Tunísia, citado pela Bloomberg. Vários grupos de defesa dos direitos humanos avisaram que a economia tanzaniana está a ser prejudicada.

As autoridades da Tanzânia são acusadas de deter membros da oposição e defensores da liberdade de imprensa, assim como de recusar serviços médicos e tratamento para o VIH a membros da comunidade Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual e Intersexo (LGBTI).

28 Nov 2018

Presidente chinês promete abrir mercado mas não refere políticas industriais

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês prometeu hoje abrir a China aos produtos estrangeiros, no arranque de uma feira que promove o país como importador, mas não respondeu às queixas sobre transferência forçada de tecnologia e obstáculos ao investimento externo.

“É o nosso sincero compromisso abrir o mercado chinês”, afirmou Xi Jinping no discurso de abertura da Feira Internacional de Importações da China, perante uma audiência composta por vários chefes de Estado e de Governo, incluindo o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev. Xi prometeu “abraçar o mundo”.

O evento, que decorre em Xangai, faz parte dos esforços do país em promover a sua abertura ao comércio internacional, numa altura em que as potências ocidentais acusam as políticas industriais de Pequim de violar os seus compromissos de abertura do mercado.

Washington e Bruxelas condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.

Grupos empresariais queixam-se de que Pequim está a ampliar as suas importações, visando atender à procura dos consumidores e fabricantes domésticos, mas que bloqueia o acesso a vários setores.

Na semana passada, os embaixadores da França e Alemanha em Pequim emitiram um comunicado conjunto a apelar a mudanças, incluindo o fim de regulamentos que forçam as empresas estrangeiras a fazer ‘joint-ventures’ com firmas estatais locais.

A China pratica um capitalismo de Estado, em que os setores importantes da economia são dominados por grupos estatais, enquanto as firmas chinesas compraram, nos últimos anos, empresas e ativos estratégicos em todo o mundo.

Um plano de modernização designado “Made in China 2025” visa transformar as firmas estatais do país em líderes globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Cerca de 3.600 empresas oriundas de 152 países, incluindo de Portugal, de todos os sectores, desde tâmaras egípcias a maquinaria, participam no evento de cinco dias em Xangai. O certame faz também parte de um esforço para desenvolver uma rede comercial centrada na China e aumentar a influência do país num sistema global dominado pelas potências ocidentais.

Xi não referiu as disputas comerciais com os Estados Unidos, em torno das ambições chinesas para o setor tecnológico, mas numa indireta ao líder norte-americano, Donald Trump, afirmou que “o sistema de comércio multilateral deve ser defendido”.

A China reduziu taxas alfandegárias e anunciou outras medidas este ano, visando impulsionar as importações, que aumentaram 15,8%, em 2017, para 1,8 biliões de dólares. Contudo, não endereçou as queixas de Washington, que levaram Trump a impor taxas alfandegárias de até 25% sobre cerca de metade das importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre vários bens norte-americanos.

5 Nov 2018

Capitalismo de Estado alimenta discórdia com Ocidente e ameaça economia, dizem analistas 

Economistas alertam para os efeitos nocivos que o retrocesso na política de abertura e reforma lançada em 1978 poderão ter no desenvolvimento do país

 

[dropcap]A[/dropcap]nalistas alertam para os crescentes riscos políticos e económicos na China, à medida que o Partido Comunista reforça o domínio sobre a segunda maior economia mundial, quarenta anos após ter aberto o país ao investimento privado.

O modelo de capitalismo de Estado vigente na China, em que os sectores chave da economia são dominados pelas firmas estatais, alimenta riscos de um conflito com o Ocidente, alertaram esta semana dois conhecidos economistas chineses.

“O modelo chinês é para o Ocidente uma anomalia alarmante, e leva à discórdia com a China”, afirma Zhang Weiying, professor da Universidade de Pequim, num discurso publicado no portal oficial da instituição, e entretanto apagado. “Aos olhos do Ocidente, o modelo chinês é incompatível com o comércio justo e a paz mundial, e não deve avançar triunfante”, observa.

Pequim interdita o acesso de empresas estrangeiras a vários sectores, enquanto as firmas chinesas compraram, nos últimos anos, empresas e activos estratégicos em todo o mundo. Sheng Hong, director executivo da unidade de investigação Unirule Institute of Economics, com sede em Pequim, adverte as autoridades chinesas que, ao recuarem na política de Reforma e Abertura, lançada em 1978, e que abriu o país ao comércio e mercado livres, aumentam o potencial de conflito com o Ocidente.

“A reforma e abertura da China é a garantia de cooperação estratégica entre a China e os Estados Unidos”, afirma Sheng, num artigo difundido pelo jornal Financial Times, atribuindo à abertura da economia chinesa “a convergência de valores com o Ocidente”.

Grande plano

No entanto, desde a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, o Partido Comunista da China (PCC) reforçou o seu controlo sobre a sociedade civil, ensino ou economia. Um plano de modernização designado “Made in China 2025” visa transformar as estatais do país em líderes globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Dinny McMahon, autor do livro “China Great Wall of Debt” (“A Grande Muralha de Dívida da China”), alerta para os perigos económicos do modelo chinês, face à obsessão de Pequim em assegurar altas taxas de crescimento económico, consideradas essenciais para assegurar a estabilidade social, uma preocupação constante do PCC.

“Desde a crise financeira global [em 2008], o crescimento da economia chinesa tem assentado no investimento alimentado por dívida”, explica McMahon, que foi também correspondente em Pequim do Wall Street Journal, entre 2009 e 2015, estimando que o país criou, nos últimos dez anos, “63% do novo dinheiro a nível global”.

No espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

No entanto, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS), durante o mesmo período, a dívida chinesa quase duplicou, para 257% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Penso que no núcleo desta questão reside a necessidade política de garantir um determinado ritmo de crescimento”, afirma Dinny McMahon.

O problema é exacerbado pelas autoridades locais e empresas estatais, cuja promoção dos quadros depende sobretudo do ritmo de crescimento do PIB das respectivas províncias ou cidades. “Visto que um presidente da câmara tem um mandato de cinco anos, mas por norma fica apenas três ou quatro, a forma mais fácil de estimular o crescimento económico é contrair dívida para construir”, afirma McMahon.

Um dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por este ciclo são as dezenas de cidades “fantasma” erguidas por todo o país: condomínios, torres de escritórios, centros administrativos, edifícios governamentais, teatros ou complexos desportivos totalmente abandonados. “Enquanto mais dívida contraí, mais constrói, e maior crescimento alcança”, descreve. “Mas quando chega a altura de pagar as dívidas contraídas, o responsável já foi promovido”, explica.

5 Nov 2018

Economia | Macau entre as 200 cidades mais competitivas do mundo

[dropcap]M[/dropcap]acau figura entre as 200 cidades mais competitivas do mundo, indica um estudo divulgado ontem na Conferência Internacional sobre Novas Cidades Globais, organizado pela Academia de Ciências Sociais da China, em Nanjing, na província de Jiangsu, na segunda-feira.

Segundo o jornal South China Morning Post, o estudo, realizado por 16 investigadores internacionais, avaliou 1.007 cidades em todo o mundo. O estudo tem dois indicadores distintos. O primeiro, a competitividade económica – calculada através do Produto Interno Bruto (PIB) em comparação com o crescimento do PIB mundial nos últimos cinco anos, cujo ‘ranking’ coloca Shenzhen em 5.º lugar e Hong Kong em 11.º.

Já o segundo índice diz respeito à competitividade sustentável – que mede oito aspectos, como a vitalidade económica, ambiente, inclusão social, tecnologia e inovação, recursos humanos ou infra-estruturas –, no qual Hong Kong surge na 10.ª posição.

O jornal refere que o ‘top 200’ inclui Macau, Hong Kong, Taipé e 37 cidades da China, mas não especifica a posição da RAEM nos ‘rankings’, ambos liderados por Nova Iorque.

30 Out 2018

Taxa de inflação em Macau foi de 2,66% em Setembro

[dropcap]A[/dropcap] taxa de inflação em Macau foi de 2,66% nos 12 meses terminados em Setembro, em relação a igual período do ano anterior, segundo dados oficiais divulgados hoje.

De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou as maiores subidas nos preços no vestuário e calçado (+5,47%), dos transportes (+4,79%) e da saúde (+4,73%).

Só em setembro, o IPC Geral cifrou-se nos 3,51, mais 0,19 pontos percentuais face a agosto (3,32%).

22 Out 2018

Fórum Económico Mundial | China é o país mais competitivo do BRICS

[dropcap]D[/dropcap]o grupo BRICS, a China é o país mais competitivo, seguido pela Federação Russa, de acordo com o Relatório de Competitividade Global 2018, conduzido pelo Fórum Económico Mundial.

Com um total de 98 indicadores para avaliar a produtividade e a competitividade em 140 países e regiões do mundo, cada indicador varia de 0 a 100 para demonstrar o progresso actual e a distância real de uma economia.
A China ocupa o 28º lugar, com uma pontuação de 72,6, segundo o relatório. É de destacar também a capacidade de inovação chinesa, que ocupa o 24º lugar na tabela mundial.

O gigante asiático, que conta com o crescimento mais rápido no mundo, actua como um dos principais contribuintes para a região Ásia-Pacífico leste, a qual representou cerca de um terço do crescimento global em 2017.

A China ocupa também o primeiro lugar em termos da escala de mercado, com base na paridade de poder de compra per capita, segundo o relatório.

Os Estados Unidos são a nação mais competitiva do mundo pela primeira vez em uma década, seguidos por Singapura e pela Alemanha. A Suíça, que encabeçou a lista no ano passado, ocupa agora o quarto lugar. Quase 90% dos primeiros 30 lugares são economias desenvolvidas na Ásia e na Europa.

19 Out 2018

Macau vai abandonar actividade ‘offshore’

[dropcap]A[/dropcap]proposta de lei que dita o fim da actividade ‘offshore’ dentro de dois anos foi aprovada ontem na generalidade, com os votos contra de Sulu Sou e Pereira Coutinho. Mais do que o conteúdo do diploma em si, foi para os 1.700 trabalhadores que vão perder o emprego, até 1 de Janeiro de 2021, que se voltaram os holofotes.

“Tentou saber as preocupações dos trabalhadores do sector?”, atirou Lei Chan U, da Federação das Associações dos Operários de Macau, numa opinião secundada por Pereira Coutinho, que deu conta que tem recebido “muitos pedidos de apoio” por parte de funcionários de sociedades ‘offshore’, estimadas em 360. “Estão preocupados com a sua situação, até porque alguns já têm uma certa idade”, enfatizou o deputado, indagando se vai haver medidas para apoiar os funcionários.

Já Sulu Sou pôs a tónica no “choque” que foi perceber que o anunciado “aperfeiçoamento” do regime, criado em 1999, era “afinal de contas” uma revogação, insistindo na ferida tocada anteriormente por Lei Chan U. A ala laboral interveio em peso, seguindo-se Ella Lei que quis saber o que vai o Governo fazer para diminuir o impacto no sector.

Na resposta aos deputados durante o debate que se estendeu pela noite dentro, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, reiterou que a revogação do regime da actividade ‘offshore’ surge por causa das recomendações internacionais. “Sabemos que há muita preocupação na sociedade, mas peço para todos terem em atenção que se não o fizermos vamos para a lista negra das jurisdições não cooperantes em matéria fiscal da União Europeia”, afirmou.

Embora reconhecendo que a medida “vai afectar muitas famílias de Macau”, Lionel Leong manifestou confiança de que muitas das empresas podem vir a reconverter a sua actividade em ‘onshore’, havendo já “muitas interessadas” em enveredar por essa via. “Esperemos que essas empresas continuem em Macau. Temos dois anos de transição”, insistiu, apontando que espera que os funcionários também “tenham confiança”.

A resposta não convenceu. Numa declaração de voto conjunta, os deputados dos Operários Ella Lei, Lei Chan U e Lam Lon Wai deixaram clara a sua posição, apesar de terem votado a favor do diploma: “O Governo deve assegurar os direitos desses trabalhadores e antes da revogação deve estudar as consequências e adoptar medidas preparatórias para minimizar os prejuízos”. “Só demonstra que o Governo não está a actuar devidamente”, frisaram.

Já Chan Wa Keong tentou acalmar os ânimos. “Espero que os trabalhadores percebam a intenção [legislativa]. Devem autovalorizar-se para superar estas dificuldades. As preocupações não devem ser exageradas para um patamar de grande conflito laboral”, argumentou o deputado nomeado.

19 Out 2018

Economia | Investimento directo externo caiu 79,9 por cento

[dropcap]O[/dropcap] investimento directo do exterior em Macau sofreu uma queda de 79,9 por cento em 2017, atingindo 3,01 mil milhões de patacas. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a descida ficou a dever-se à redução do montante reservado para o reinvestimento, causada pela acentuada distribuição de dividendos por parte das empresas concessionárias do jogo, e ao reembolso de empréstimos junto dos investidores directos do exterior e das sociedades parceiras externas.

Em termos de fluxos por actividade económica, os sectores financeiros e da construção registaram em 2017 valores de 5,37 mil milhões e de 1,13 mil milhões de patacas, respectivamente, enquanto o jogo teve um valor negativo (-3,05 mil milhões de patacas).

A maior parte do investimento directo do exterior em Macau chegou das Ilhas Virgens Britânicas (6,11 mil milhões), da China (3,56 mil milhões) e de Hong Kong (3,33 mil milhões). O rendimento do investimento directo do exterior cifrou-se em 58,65 mil milhões de patacas, traduzindo uma subida de 20,4 por cento face a 2016.

15 Out 2018

Bolsas | Quebras globais e acções dos casinos a seguir a tendência

Depois de uma quarta-feira com quebras acentuadas em Wall Street, os mercados asiáticos seguiram a mesma tendência. As operadoras de jogo também não ficaram imunes com as quebras do valor das acções a variarem entre os 6,72 e 4,05 por cento

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi no início da semana que Pansy Ho afirmou estar optimista face à guerra comercial e anteviu um teste para o turismo de Macau. Contudo, ontem, a directora executiva da MGM China talvez tenha reconsiderado as declarações, depois das acções da operadora norte-americana terem afundado 5,07 por cento na Bolsa de Hong Kong.

Após uma sessão de quarta-feira em que Wall Street sofreu quebras significativas, devido a um anormal volume de vendas de acções ligado a empresas de novas tecnologias, o índice Nasdaq registou uma quebra de 4,08 por cento e o Dow Jones desvalorizou 3,15 por cento. A tendência reflectiu-se na Ásia. Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve uma quebra de 3,8 por cento e alcançou o valor mais baixo desde Maio de 2017. Logo no outro lado da fronteira, em Shenzhen, as perdas foram ainda mais acentuadas com descidas de 5,5 por cento, o pior resultado desde Outubro de 2014. Em Xangai o cenário não foi diferente e a bolsa afundou 4,3 por cento, naquele que foi o nível mais baixo registado pela principal bolsa chinesa nos últimos quatros. Nos outros mercados da Ásia, como o Japão ou a Coreia do Sul, o cenário não foi diferente.

“As quebras devem-se a várias razões: as perdas de Wall Street, as alterações nas taxas de juro a longo prazo, uma nova inquietação renovada sobre as relações comerciais entre a China e os Estados, assim como uma atitude mais prudente dos accionistas após a divulgação dos resultados de vários empresas” afirmou Juichi Wako, analista do banco de investimento Nomura, em declarações à Bloomberg.

Em declarações ao Financial Times, Medha Samant, directora do departamento de investimento da empresa Fidelity International, explicou a tendência com os receios face ao “crescente sentimento de proteccionismo” e “valorização do dólar”. “O grande aumento no volume de vendas no mercado norte-americano assustou as pessoas e fez com que se recordassem de sessões como as do início do ano, em que também houve forte quebras. É muito provável que o sentimento negativo continue a afectar os mercados asiáticos durante o curto prazo”, acrescentou ainda a entrevistada.

Sangria nas operadoras

A desvalorização de ontem também se fiz sentir nas operadoras do jogo listadas em Hong Kong, com o valor das acções a afundar entre 4,05 por cento e 6,72 por cento. A maior quebra foi registada pela operadora Sociedade de Jogos de Macau Holdings, cujo valor das acções começou o dia nos 6,850 dólares de Hong Kong por título e acabou a sessão nos 6,390 dólares. A desvalorização foi sentida pela Wynn Macau, com os títulos a quebrarem 6,02 por cento de 16,940 dólares para 15,920 dólares. Ainda na escala dos resultados negativos, seguiu-se a MGM China, com as acções a caírem de 12,220 dólares para 11,600, o que equivale a 5,07 por cento. Galaxy e Sands foram as empresas que obtiveram os resultados menos negativos. No caso da operadora ligada a Lui Che Woo, a quebra foi de 4,78 por cento de 44,950 dólares para 42,8. Finalmente, a Sands China, representação local da Las Vegas Sands, viu o valor cair 4,05 por cento de 34,550 dólares para 33,150 dólares. A operadora Melco, como não está listada em Hong Kong, não foi afectada. Contudo, o valor dos títulos da operadora Melco tinham caído 4,01 por cento, na quarta-feira, em Nasdaq, para os 18,18 dólares norte-americanos.

12 Out 2018

Economia | Comércio externo aumentou 21,7% até Agosto

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comércio externo de Macau totalizou 66,52 mil milhões de patacas até Agosto, traduzindo um aumento de 21,7 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Macau exportou bens avaliados em 8,13 mil milhões de patacas (+7,9 por cento) e importou mercadorias avaliadas em 58,39 mil milhões de patacas (+24 por cento) nos primeiros oito meses do ano. Por conseguinte, o défice da balança comercial nos oito primeiros meses agravou-se 27 por cento, atingindo 50,25 mil milhões de patacas.

As exportações de Macau para a China (1,37 mil milhões de patacas) caiu 3,6 por cento, à semelhança do que sucedeu com as destinadas aos Estados Unidos (90 milhões de Patacas), que diminuíram 19,4 por cento em termos anuais. Em contrapartida, as vendas para Hong Kong (5,06 mil milhões de patacas) e União Europeia (132 milhões de patacas) subiram 12,9 e 8,4 por cento, respectivamente, em termos anuais.

Já as importações de Macau de produtos da China (19,80 mil milhões) aumentaram 27,8 por cento, em linha com as compras à União Europeia, que cresceram 27,8 por cento, entre Janeiro e Agosto de 2018.

As trocas comerciais entre Macau e os países de língua portuguesa atingiram 549 milhões de patacas – contra 418,7 milhões entre Janeiro e Agosto do ano passado. As exportações de Macau para o universo lusófono ascenderam a 24 milhões de patacas, (contra 700 mil patacas), enquanto as importações cifraram-se em 525 milhões de patacas, contra 418 milhões em igual período de 2017.

1 Out 2018

Apontada má atitude e fraco controlo emocional a alunos locais

As facilidades no acesso ao emprego fazem com que os estudantes locais não desenvolvam capacidades essenciais no mundo do trabalho globalizado. O aviso vem de um académico da Universidade Cidade de Macau, que alerta para possíveis problemas na eventualidade de uma mudança no ambiente económico ou de políticas laborais do Governo

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] protecção laboral em Macau faz com que os alunos do ensino superior apresentem uma má atitude no emprego, pouco controlo emocional e uma fraca capacidade de trabalho em equipa. Esta é a principal conclusão de um artigo publicado por Chen Wei-Nien, professor na Universidade Cidade de Macau, na revista académica Journal of Research in Business Economics and Management.

De acordo com as conclusões do trabalho de Chen, o facto de Macau ter um ambiente muito protector do emprego para os residentes locais, faz com que estes não tenham de se preocupar tanto com as saídas profissionais e os desafios para encontrar emprego, num ambiente altamente competitivo, depois de terminarem os estudos.

“Neste tipo de ambiente, os estudantes locais do ensino superior têm tendência para se preocuparem menos com o emprego, o que lhes retira características naturais de alerta para eventuais crises. Por isto, os alunos tendem a demonstrar um pior desempenho no trabalho ao nível da atitude, controlo das emoções e da capacidade de trabalho de equipa”, escreve o académico.

O académico defende que esta realidade tem um impacto directo na cultura de contratação de empregados locais, que faz com que estas características, tidas como pontos fracos, sejam mais valorizadas.

“Estas características tornaram-se assim as mais importantes ao nível da empregabilidades dos alunos locais no ensino superior de Macau, que relegam para segundo plano outros aspectos, como o conhecimento ou a capacidade de inovação”, explica.

Segundo os dados mais recentes da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entre Maio e Julho a taxa de desemprego total cifrou-se nos 1,8 por cento, entre residentes a percentagem era de 2,4 por cento.

Preparar o futuro

Traçado o estado do ensino e a necessidade de dotar os alunos com maior capacidade para lidarem com eventuais problemas no trabalho, Chen Wei-Nien sugere que as universidades tenham em conta este problema.

“Primeiro, é necessário promover junto dos alunos que as crises no mercado do trabalho acontecem. A globalização e a competição entre talentos globais tornou-se uma tendência que tomou o mundo de rompante. No futuro, quando houver mudanças no ambiente económico, ou houver uma alteração nas políticas governamentais, vai haver impactos muito sérios nas oportunidades de emprego e no espaço em que vivemos”, justificou o académico.

“É preciso ir mais longe, devemos mudar a nossa formação mental e o mentalidade herdada e trabalhar de forma continuada para melhorar todos os dias, cultivar uma melhor cultura de trabalho, aperfeiçoar o controlo emocional, reforçar a capacidade de fazer trabalho em equipa e elevar a capacidade de resposta perante problemas”, conclui.

O estudo foi publicado na edição de Setembro da revista com o título Pesquisa sobre a Empregabilidade dos Estudantes Locais do Ensino Superior em Macau [Research on the Employability of Local College Students in Macau, em inglês]”.

27 Set 2018

UM prevê crescimento de 8,3 por cento este ano e de 7,1 por cento em 2019

A guerra comercial e os efeitos da Administração Trump podem influenciar de forma negativa o crescimento da economia de Macau no próximo ano. No pior cenário, a UM coloca em cima da mesa a possibilidade de haver uma quebra no PIB de 2,6 por cento

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] economia do território vai crescer 8,3 por cento durante este ano e 7,1 por cento no próximo. São estas as previsões apresentadas ontem pelo Departamento de Economia e pelo Centro de Estudos da Universidade de Macau. Contudo, os académicos da UM deixam um alerta: durante o próximo ano existe o perigo real da economia sentir as consequências da guerra comercial, assim como do abrandamento do crescimento da economia chinesa. O Interior da China é o principal mercado de jogadores nos casinos.

“No horizonte está um clima de incerteza económica. A Reserva Federal Norte-Americana deve continuar a aumentar a taxa de juros de forma conteinua. A Administração de Donald Trump tem criado fricções no comércio entre os EUA e os outros países”, é apontado no documento. “A zona euro continua a enfrentar a crise das dívidas públicas e a economia do Interior da China vai abrandar, ao mesmo tempo que o Governo Central vai tentar implementar políticas monetárias e fiscais para estabilizar o crescimento económico. Estes são factores que podem afectar o crescimento da economia de Macau em 2019”, é acrescentado.

Em relação ao próximo ano, os economistas da UM acreditam que no pior cenário o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau vai sofrer uma quebra de 2,6 por cento, já nas previsões mais optimistas terá um aceleramento de 16,6 por cento. Porém, o mais provável é que o crescimento fique na ordem dos 7,1 por cento. Na base desta previsão está a expectativa que a exportação de serviços seja de 8,7 por cento, enquanto a exportação de bens crescerá 5,7 por cento.

No que diz respeito à inflação ao longo de 2019, esta deverá situar-se pelos 3,9 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar nos 1,9 por cento. Se forem tidos apenas em consideração os residentes, a taxa de desemprego será de 2,5 por cento. Por sua vez, a mediana dos salários subirá para 16.638 patacas por mês e o consumo interno deverá crescer ao ritmo de 5 por cento.

 

Meta mais elevada em 2018

No que diz respeito às previsões de 2018, os economistas da UM dizem que no pior cenário, o crescimento vai cifrar-se nos 5,1 por cento, no melhor, o Produto Interno Bruto (PIB) vai saltar 11,6 por cento. No entanto, a maior probabilidade é que a taxa de crescimento se fique por um valor próximo dos 8,3 por cento.

Ainda no que diz respeito a este ano, a taxa de inflação deverá atingir 3,3 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar pelos 2 por cento. Finalmente o consumo interno deverá crescer 5 por cento, enquanto a exportação de serviços vai saltar 13,6 por cento e a de produtos 18,1 por cento.

Em relação à mediana dos salários, o ano deverá terminar com um valor de 16.077 patacas por mês.

27 Set 2018

Economia | PE preocupado com investimentos chineses na UE

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Parlamento Europeu (PE) manifestou ontem preocupação com os investimentos chineses na União Europeia (UE), que podem “pôr em causa os interesses estratégicos”, defendendo a partilha de dados entre os Estados-membros e com as instituições comunitárias.

Num relatório aprovado ontem sobre o estado das relações entre a UE e a China, os eurodeputados consideraram que os investimentos chineses fazem parte de uma estratégia global no sentido de empresas controladas ou financiadas por Pequim assumirem o controlo dos sectores bancário e energético e de outras cadeias de abastecimento. O PE mostrou-se preocupado com as “aquisições orquestradas pelo Estado [chinês], susceptíveis de pôr em causa os interesses estratégicos, os objectivos de segurança pública, a competitividade e o emprego na Europa”.

Os dados sobre todos os investimentos chineses em infra-estruturas nos países da UE devem ser partilhados com as instituições europeias e os outros Estados-membros, defendeu o PE.

Segundo o relatório, investigações recentes revelaram que, desde 2008, a China adquiriu activos na Europa no valor de 318 mil milhões de dólares, montante que não inclui várias fusões, investimentos e empresas comuns. Em 2017, 68 por cento dos investimentos chineses na Europa vieram de empresas públicas.

“Perante a grande indiferença da Europa, os líderes chineses têm vindo a intensificar, progressiva e sistematicamente, os seus esforços para converter o seu peso económico em influência política, em particular através de investimentos estratégicos em infra-estruturas e novas ligações de transporte, bem como mediante comunicações estratégicas destinadas a influenciar os decisores políticos e económicos europeus, os meios de comunicação social, as universidades e as revistas científicas e o público em geral”, lê-se no relatório da comissão parlamentar dos Assuntos Externos, aprovado em plenário por 530 votos a favor, 53 contra e 55 abstenções.

13 Set 2018

Economia | Comércio entre Macau e PALOP foi quase nulo em 2017

Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe não venderam nem compraram absolutamente nada a Macau em 2017. Dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) apenas Angola e Moçambique entraram nas contas e só do lado das exportações. Timor-Leste também não existe no mapa das trocas comerciais de Macau, circunscritas praticamente ao Brasil e a Portugal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre Macau e os países de língua portuguesa atingiu 648,8 milhões de patacas em 2017, ficando limitado praticamente ao Brasil e a Portugal. Dados disponibilizados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam zero trocas comerciais com quatro dos oito países do universo da lusofonia (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). Já Moçambique e Angola entraram na rota comercial, mas somente do lado das exportações.

Macau vendeu a Maputo bens avaliados em 273.042 patacas – ainda assim o equivalente a um terço das exportações para o universo lusófono – e a Luanda mercadorias de 31.873 patacas, ou seja, sensivelmente 3,9 por cento das exportações. Em ambos os casos, as vendas circunscreveram-se a produtos farmacêuticos. Já as importações de Macau, tanto a Angola como a Moçambique, foram uma miragem em 2017.

Medalha de prata

Do universo da lusofonia, Portugal emerge como o segundo parceiro comercial de Macau, a seguir ao Brasil. O comércio bilateral com Portugal atingiu 267,5 milhões de patacas (41,2 por cento do total das trocas comerciais com a lusofonia), numa balança comercial favorável a Lisboa. Macau comprou a Portugal bens na ordem dos 267,1 milhões em 2017 e vendeu produtos avaliados em apenas 413.329 patacas. Já as trocas bilaterais com o Brasil totalizaram 380,9 milhões de patacas, ocupando um peso de 58,7 por cento, com as vendas de Macau a não chegarem sequer a 100 mil patacas.

Os dados relativos aos primeiros oito meses de 2018 atestam que a ausência de trocas comerciais com metade dos países da língua portuguesa no ano passado não foi conjuntural. Entre Janeiro e Julho, Macau não comprou nem vendeu nada a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Já para Timor-Leste apenas exportou, enquanto do Brasil apenas importou. Só com Portugal é que houve comércio nos dois sentidos.

Em Outubro, numa intervenção num fórum económico integrado na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), o economista Félix Pontes assinalou precisamente a “dimensão frustrante” do comércio entre Macau e os países de língua portuguesa.

“É um facto indesmentível que o relacionamento comercial entre Macau e os países de língua portuguesa tem tido uma dimensão frustrante, não traduzindo em nada as expectativas emergentes das frequentes manifestações políticas nesse sentido”, observou.

11 Set 2018

Economia | Excedente comercial com EUA atinge máximo em Agosto

O excedente da balança comercial da China com os Estados Unidos subiu em Agosto para um novo máximo, de 26,7 mil milhões de euros, numa altura em que estes países enfrentam uma guerra alfandegária

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo dados divulgados pela Administração-geral das Alfândegas da China, este excedente subiu 18,7 por cento face ao período homólogo, tendo também aumentado comparativamente a Julho deste ano, em resultado das exportações daquele país asiático. As exportações subiram, assim, 5,4 por cento para 1,3 mil milhões de euros entre Janeiro e Agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2017, enquanto as importações subiram 13,7 por cento para 1,15 mil milhões de euros.

Por seu lado, o comércio externo daquela que é a segunda maior potência económica do mundo, a China, subiu 9,1 por cento neste período, alcançando os 2,45 mil milhões de euros.

Os analistas esperam, contudo, que o comércio externo da China seja afectado no segundo semestre deste ano, em resultado da guerra comercial com os Estados Unidos.

Há três semanas, entraram em vigor novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre parte das importações oriundas dos Estados Unidos e da China, penalizando principalmente bens industriais, incluindo tractores, tubos de plástico ou instrumentos de medição. Como medida de retaliação, a China impôs taxas semelhantes aos produtos oriundos dos Estados Unidos, incluindo produtos energéticos, como o carvão, e automóveis.

Onde dói mais

Esta guerra comercial começou em Julho passado, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas adicionais de 25 por cento sobre um conjunto de produtos chineses.

A primeira ronda de taxas afectou sobretudo os sectores da aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação ou robótica e máquinas, demonstrando que Washington quer impedir Pequim de competir, no futuro, naqueles sectores de alto valor agregado.

Pequim retaliou com taxas alfandegárias sobre o mesmo valor de bens importados dos Estados Unidos, afectando sobretudo produtos agrícolas, de forma a atingir a América rural, onde estão concentrados muitos dos eleitores de Donald Trump.

Desde o início das disputas comerciais, a moeda chinesa, o ‘yuan’, desvalorizou-se mais de 8 por cento, enquanto a bolsa de Xangai, a principal praça financeira do país, caiu mais de 12 por cento.

Na passada sexta-feira, Donald Trump voltou a ameaçar a China com taxas adicionais, num valor de 230 mil milhões de euros, que se somariam aos 43 mil milhões de euros impostos desde Julho passado e aos 172 mil milhões de euros que a administração norte-americana está a preparar.

No ano passado, os Estados Unidos importaram um total de 435 mil milhões de euros da China. “Estou a ser duro com a China porque tenho de ser. Estão a arrecadar [mais de] 500 mil milhões de dólares daqui. Não posso deixar que isso aconteça”, vincou Donald Trump numa declaração feita na sexta-feira.

10 Set 2018

Economia | Trump sugere à Apple que produza nos Estados Unidos

O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu ao grupo tecnológico Apple que produza nos Estados Unidos e não na China, a melhor forma de evitar as consequências da guerra comercial em curso com Pequim. Entretanto, a Exxon-Mobil prepara um investimento multimilionário na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s preços [de produtos] da Apple podem aumentar por causa das enormes tarifas que podem ser impostas à China”, sublinhou Trump, na rede social Twitter, depois de ter ameaçado na sexta-feira taxar a totalidade das importações provenientes da China, que acusa de práticas comerciais “desleais”. “Mas há uma solução fácil”, acrescentou, sugerindo: “Fabriquem os vossos produtos nos Estados Unidos e não na China. Comecem a construir já novas fábricas”.

A Apple está dependente do gigante asiático para o fabrico de muitos dos seus aparelhos, podendo vir a sofrer o impacto do conflito comercial entre os dois países. O líder do grupo, Tim Cook, considerou recentemente que as tarifas impostas à China pela administração norte-americana parecem “taxas sobre o consumidor”.

Capital móvel

Entretanto, outro colosso empresarial prepara-se para estreitar relações com Pequim. O presidente da petrolífera norte-americana ExxonMobil, Darren Woods, foi recebido na passada sexta-feira pelo primeiro-ministro chinês, com quem analisou um investimento multimilionário no sul da China, de acordo com informação veiculada pela agência Xinhua.

Na reunião, o governante chinês sublinhou que o investimento mútuo entre as duas principais economias mundiais contribuirá para um desenvolvimento global estável. Li Keqiang também afirmou que serão bem-vindos mais investimentos da ExxonMobil na China, numa altura em que a empresa norte-americana está a negociar a construção de um grande projecto petroquímico com um capital de 8,6 mil milhões de euros na província de Cantão.

“A China vai facilitar ainda mais o acesso ao seu mercado, tratar as empresas domésticas e estrangeiras com igualdade”, garantiu o primeiro-ministro no encontro com Darren Woods.

10 Set 2018

Economia | Chan Meng Kam negoceia cooperação com Guiné-Bissau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, encontrou-se com Chan Meng Kam, o novo cônsul honorário daquele país em Macau, para negociar a cooperação e intercâmbio entre Macau e a Guiné-Bissau. O encontrou decorreu durante o Fórum de Cooperação China-África organizado em Pequim. José Mário Vaz sublinhou a longa história da amizade entre a China e a Guiné-Bissau e agradeceu a Pequim os apoios concedidos para o desenvolvimento da economia do país e para a construção de instalações básicas, referia ontem o Jornal do Cidadão. O presidente guineense manifestou ainda vontade de concretizar uma ligação cada vez mais estreita entre a China e a África através de um futuro partilhado.

De acordo com a mesma fonte, Vaz fez uma apresentação a Chan Meng Kam das políticas sobre benefícios fiscais para investimentos estrangeiros bem como as vantagens dos recursos naturais da Guiné. O objectivo foi motivar investimento de Macau naquele país.
Chan Meng Kam agradeceu a confiança do presidente, e adiantou que quatro alunos da Guiné Bissau seguiram os seus estudos na Universidade de Macau financiados por bolsas atribuídas pela fundação que detém .

Chan fez ainda questão de sublinhar que liderou um grupo de 80 empresários locais que participaram numa feira de investimento organizada pela Guiné-Bissau em Pequim. O cônsul honorário da Guiné-Bissau em Macau acrescentou ainda que vai fazer o que estiver ao seu alcance para fomentar a cooperação entre Macau e a Guiné-Bissau nas áreas de economia, educação, turismo e cultura.

7 Set 2018

Economia | Lionel Leong quer ajudar PME lusófonas a entrar na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo reiterou ontem o empenho em exercer uma plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, nomeadamente para impulsionar a entrada das Pequenas e Médias Empresas (PME) no gigante asiático.

“O território está empenhado em desempenhar o papel de plataforma, a fim de ajudar mais e melhor as pequenas e médias empresas dos países de língua portuguesa a entrar no mercado da China interior”, afirmou o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, de acordo com um comunicado oficial.

Lionel Leong falava na província de Cantão na véspera da 12.ª edição do Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento da região do Pan-delta do Rio das Pérolas.
Numa reunião com o governador de Jiangxi, Yi Lianhong, o secretário destacou o empenho de Macau em “propiciar a ligação com os países de língua portuguesa e a União Europeia”, para que as empresas daquela região do Rio das Pérolas possam “atrair investidores estrangeiros e conquistar mercados noutros países”, refere a mesma nota.

Os dois governantes discutiram ainda uma “cooperação mais profunda” na área da medicina tradicional chinesa, para a qual Macau tem trabalhado também como plataforma entre a China e o os países lusófonos, nomeadamente na formação de especialistas.

Neste sentido, Leong garantiu que o Parque Industrial de Medicina Tradicional Chinesa já se “encontra numa fase de captação de investimento, apresentado sucesso no que diz respeito à colocação de produtos desta natureza nos mercados internacionais”.

Este parque, instalado na ilha da Montanha (Hengqin), adjacente a Macau, promove a cooperação na área com os países lusófonos, no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013.

6 Set 2018

Economia | Xi Jinping e Guterres unidos contra o proteccionismo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Presidente chinês, Xi Jinping, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, concordaram que é necessário promover o multilateralismo face a correntes proteccionistas que “danificam a ordem internacional”, informou ontem a agência Xinhua.

O encontro decorreu no domingo, na véspera do arranque do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que traz a Pequim dezenas de chefes de Estado e do Governo dos países africanos.

Citado pela Xinhua, Xi Jinping afirmou que a ONU continua a ser a “bandeira do multilateralismo” e que o mundo precisa do organismo “mais do que nunca”. “É necessário uma ONU mais forte, face à ascensão do unilateralismo e do proteccionismo, que constituem um duro golpe para a ordem internacional e o sistema global de governação”, afirmou.

O líder chinês garantiu ao secretário-geral da ONU que Pequim não deseja obter contrapartidas políticas ou privilégios em África.

Citado pela agência, o português afirmou que a ONU valoriza a cooperação entre a China e o continente africano, assinalando que o crescimento do país asiático é uma “tendência imparável” e de grande importância para o desenvolvimento e paz mundiais.

Pequim tem vindo a reclamar maior protagonismo na governação de assuntos globais, desde a ascensão ao poder, em 2017, do Presidente norte-americano, Donald Trump, que rasgou compromissos internacionais sobre o clima, comércio livre, migração ou nuclear.

4 Set 2018

Economia | Pequim procura recuperar valor da sua moeda

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]valor da moeda chinesa, o yuan, subiu ontem 202 pontos base, ou 0,29 por cento, face ao dólar norte-americano, segundo o Sistema de Comércio de Divisas da China (CFETS). Um dólar valia ontem 6,85 yuan, após aquele organismo ter anunciado que os bancos chineses reiniciaram o ajuste “anticíclico”, como parte do mecanismo de fixação de preços de paridade do yuan face ao dólar.
Segundo o CFETS, a maioria dos bancos de divisas realizaram o ajuste por iniciativa própria, desde princípios de Agosto, para contrariar o sentimento pró cíclico, face a um yuan debilitado no mercado de divisas.
Nos últimos meses, o yuan experimentou uma tendência negativa, em parte devido ao dólar norte-americano mais forte e a um “clima volátil no comércio mundial”, segundo a entidade, face à guerra comercial instalada entre Pequim e Washington.
“O ajuste terá um papel activo para ajudar o yuan a manter-se estável num nível razoável e equilibrado”, indica o regulador.
Em Maio de 2017, o regulador de divisas da China introduziu o facto de ajuste anticíclico no modelo de fixação dos preços, para travar flutuações no mercado de divisas. Após o mercado voltar à normalidade, com fluxos de capital equilibrados, os bancos reduziram o ajuste e colocaram o factor anticíclico em nível neutro.
A taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2 por cento por dia.

28 Ago 2018

Economia | PIB cresceu 6 por cento no segundo trimestre

 

Crescimento económico de Macau abrandou face aos primeiros três meses do ano

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6 por cento em termos reais no segundo trimestre, mas ficou aquém do desempenho dos primeiros três meses do ano, em que registou uma subida de 9,2 por cento. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) que atribui o abrandamento à desaceleração das exportações de serviços e à diminuição acentuada do investimento.
Segundo a DSEC, a procura externa manteve-se em alta, com um acréscimo anual de 13 por cento nas exportações de serviços, a principal força motriz do crescimento económico, apesar da contracção da subida (menos 3 por cento face ao trimestre anterior). Na alavanca esteve o desempenho da indústria do jogo e do turismo: as exportações de serviços do jogo subiram 13,7 por cento, enquanto as de outros serviços turísticos aumentaram 13 por cento.
Já a procura interna sofreu um descida ténue, arrastada essencialmente por uma contracção anual de 11,9 por cento no investimento. A despesa de consumo privado registou um crescimento estável (de 5,3 por cento), atribuída à situação favorável do emprego, com subida no número total de empregados e dos rendimentos. Segundo a DSEC, a despesa de consumo final das famílias também aumentou: 4,9 por cento no mercado local e 3,3 por cento no exterior.
O deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou um crescimento anual de 3,5 por cento.
A despesa de consumo final do Governo também esteve em alta: subiu 5,1 por cento em termos anuais, acima do primeiro trimestre (2,2 por cento). Nesta rubrica, destacam-se acréscimos nas remunerações dos empregados e nas aquisições líquidas de bens e serviços, respectivamente, de 3,3 e de 8,8 por cento.

Investimento público em alta

O investimento privado diminuiu, com o agravamento do decréscimo do investimento global em activos fixos que desceu 11,9 por cento em termos anuais, uma queda muito acentuada em comparação com a registada no trimestre precedente (menos 1,9 por cento). O investimento em activos fixos do sector privado também desceu substancialmente (18,9 por cento), cenário justificado com a conclusão sucessiva de obras de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento, bem como de edifícios residenciais. Segundo a DSEC, o investimento em construção recuou 22 por cento no segundo trimestre, amortizado pelo aumento de 7,4 por cento do investimento em equipamento.
Já o investimento do sector público subiu, com diversos projectos de infra-estrutura a impulsionarem um crescimento anual de 28,9 por cento no investimento em activos fixos. Destacam-se os aumentos em obras públicas (mais 21,8 por cento) e em equipamento (mais 154,7 por cento).
A DSEC assinala ainda o crescimento significativo do comércio externo de mercadorias: as exportações aumentaram 30 por cento, enquanto as importações subiram 10, em termos anuais, acima das subidas do primeiro trimestre.
No primeiro semestre do ano, a economia registou um crescimento homólogo de 7,6 por cento em termos reais, atingindo 212.271 milhões de patacas.

27 Ago 2018

Economia | Ministro japonês diz que Trump não compreende o comércio livre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro do Comércio do Japão disse ontem que a política de tarifas aduaneiras do Presidente dos Estados Unidos reflecte uma incompreensão grave da importância do comércio livre e da contribuição das empresas japonesas para a economia norte-americana. Hiroshige Seko, ministro da Economia, Comércio e Indústria, advertiu que o Japão pode tomar medidas se os Estados Unidos cumprirem a ameaça de impor uma tarifa de 25 por cento às importações de automóveis do Japão. O ministro não quis dar pormenores sobre uma tal resposta, mas não excluiu a adopção de tarifas retaliatórias. “Os fabricantes de automóveis japoneses são grandes contribuintes para a economia norte-americana”, disse Seko. “Se a indústria automóvel japonesa for enfraquecida, não terá capacidade para investir nos Estados Unidos”, acrescentou. “Isso não tem qualquer vantagem para a economia mundial. As empresas japonesas estão a enviar peças para a China para serem transformadas em produtos que são exportados para os Estados Unidos, e os efeitos já se fazem sentir”.

24 Ago 2018

Economia | PM da Malásia espera que Pequim entenda crise fiscal no país

O primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, disse ontem esperar que a China entenda os problemas fiscais do seu país, após ter suspendido projectos avaliados em milhares de milhões de dólares apoiados pela liderança chinesa

 

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, Mahathir disse esperar o apoio da China, enquanto lida com uma dívida enorme e outros problemas económicos deixados pelas administrações anteriores.
“Esperamos também que a China perceba os problemas que enfrentamos. E acredito que a China vai olhar com simpatia para os problemas que temos de resolver e talvez nos ajude a resolver alguns dos nossos problemas fiscais internos”, afirmou.
Mahathir, que é um crítico do investimento chinês no seu país, suspendeu a construção de várias infra-estruturas financiadas pela China. O líder malaio espera renegociar os termos daqueles contratos durante as reuniões com os líderes chineses.
Antes de viajar para Pequim, Mahathir afirmou que quer cancelar um projecto ferroviário ao longo da costa leste da península da Malásia, avaliado em 17,5 mil milhões de euros, e dois oleodutos, construídos por empresas apoiadas pelo Executivo chinês.
O novo Governo da Malásia apelou a cortes drásticos, face à subida acentuada dos custos dos projectos, estimados, no total, em 22 mil milhões de dólares. Algum desse dinheiro já foi pago e pode ser difícil de recuperar.

Rota acetinada

Pequim considera que esses projectos trazem benefícios para ambos os lados e que qualquer disputa deve ser resolvida pelas partes comerciais envolvidas.
Os projectos são parte-chave da iniciativa chinesa Nova Rota da Seda, lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas. Os projectos são sobretudo construídos por empresas chinesas e financiados pelos bancos estatais da China, estendendo-se à Europa, Ásia Central, África e Sudeste Asiático.
Na sua primeira deslocação oficial à China, desde que ganhou as eleições, há três meses, Mahathir visitou a sede do grupo de comércio electrónico Alibaba Group, na cidade de Hangzhou, leste do país, onde reuniu com o fundador, Jack Ma. O líder malaio também visitou a Geely, um dos principais fabricantes de automóveis privados da China.

21 Ago 2018