Economia da China cresceu em 2022 ao segundo menor ritmo dos últimos 40 anos

O ritmo de crescimento da economia chinesa caiu para o segundo nível mais baixo em pelo menos quatro décadas, no ano passado, refletindo o impacto da política de ‘zero covid’ e uma crise no setor imobiliário.

Os dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) sugerem, no entanto, que a atividade económica está a recuperar, depois de Pequim ter posto fim às medidas de prevenção epidémica que resultaram no bloqueio de cidades inteiras, culminando com protestos em larga escala.

A segunda maior economia do mundo cresceu 3%, em 2022, menos de metade da taxa de crescimento de 8,1%, alcançada no ano anterior.

Trata-se da taxa de crescimento económico mais baixa desde pelo menos a década de 1970. Em 2020, no início da pandemia da covid-19, o país asiático cresceu 2,4%, devido à imposição de bloqueios em várias partes do país, após o vírus ter sido detetado na cidade de Wuhan, no centro do país.

O consumo está a recuperar depois de o Partido Comunista Chinês (PCC) ter posto subitamente fim à política de ‘zero casos’ de covid-19, em dezembro passado.

No entanto, os consumidores continuam cautelosos, à medida que a China lida com uma vaga de casos sem precedentes, que causou uma crise de saúde pública no país. As autoridades dizem que o pico dessa vaga parece ter passado.

O abrandamento da economia chinesa tem forte impacto no mercado das matérias-primas, afetando países como Angola ou Brasil, ao reduzir a procura por petróleo, minério de ferro e bens agrícolas. O impacto é também sentido pelas economias mais desenvolvidas, já que a China é um dos maiores mercados do mundo para automóveis e outros bens com valor acrescentado.

Uma recuperação da economia chinesa constituiria um impulso para fornecedores globais que enfrentam um risco crescente de recessão nas economias ocidentais.

O Fundo Monetário Internacional e analistas do setor privado esperam que o crescimento melhore este ano, para cerca de 5%. Estes apontam para a debilidade no setor imobiliário da China, um importante motor económico, e a queda nas exportações, à medida que a procura por produtos chineses nos Estados Unidos e na Europa abranda, após o aumento das taxas de juros para combater altas taxas de inflação.

As vendas a retalho caíram 1,8% em dezembro, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas isso representou uma melhoria em relação à contração homóloga de 5,9% registada em novembro.

A produção industrial em 2022 aumentou 3,6%, em termos homólogos, sugerindo que a atividade caiu, depois de atingir 4,8%, no terceiro trimestre do ano, com a procura nos EUA e na Europa por produtos chineses a enfraquecer. Para impulsionar a economia, o PCC recuou em algumas das principais políticas financeiras e industriais.

Pequim pôs fim a uma campanha lançada contra os grandes grupos de tecnologia, que resultou em fortes quedas na cotação das empresas, incluindo do grupo de comércio eletrónico Alibaba, a empresa de jogos para computador Tencent ou o serviço de transporte compartilhado Didi.

Pequim também reduziu as restrições no acesso ao crédito pelos grandes grupos de imobiliário. Uma campanha para reduzir o nível de endividamento das empresas causou uma crise de liquidez no setor, que é um importante motor de crescimento económico no país.

No sábado passado, o Conselho de Estado chinês prometeu cortar impostos, facilitar empréstimos bancários e oferecer outros apoios aos empresários, para “promover um crescimento estável”. “A reabertura deve resultar numa explosão de crescimento no próximo ano”, disse Andrew Tilton, economista do banco de investimento Goldman Sachs, num relatório publicado na sexta-feira.

O banco norte-americano elevou a perspetiva de crescimento da economia chinesa este ano de 4,5% para 5,2%. O Banco Mundial, no entanto, reduziu este mês a perspetiva de crescimento para 4,3%, face à previsão de 5,2%, publicada em junho passado.

17 Jan 2023

Inflação | Taxa fechou 2022 nos dois por cento

O índice de preços ao consumidor, o principal indicador da inflação na China, aumentou 1,8 por cento em termos homólogos em Dezembro, o que significa que subiu dois por cento durante o ano de 2022, segundo dados divulgados ontem.

Os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística chinês confirmam que o aumento dos preços ao consumidor permaneceu abaixo do tecto de 3 por cento que Pequim tinha estabelecido como meta oficial para 2022.

Por sua vez, o índice de preços ao produtor, que mede os preços industriais, caiu 0,7 por cento em termos homólogos em Dezembro, moderando assim o crescimento ao longo do ano para 4,1 por cento, segundo dados oficiais.

O índice de preços ao consumidor tinha aumentado 1,6 por cento em termos homólogos em Novembro, mês em que o índice de preços ao produtor caiu 1,3 por cento.

A evolução dos preços ao consumidor no mês passado coincidiu com as previsões mais difundidas entre os analistas, enquanto a dos preços industriais ficou abaixo, já que os especialistas esperavam uma contracção de 0,1 por cento.

Na comparação mês a mês, o índice de preços ao consumidor permaneceu igual a Novembro enquanto o índice de preços ao produtor recuou 0,5 por cento.

Na terça-feira, o Banco Mundial reviu em baixa a previsão para o crescimento económico da China para 2023, antecipando que seja de 4,3 por cento contra 5,2 por cento em Junho passado, devido à inflação, à subida das taxas de juro e à guerra na Ucrânia.

13 Jan 2023

PIB | Número de 2021 corrigido em alta para mais 0,3%

O Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2021 foi de 114,9 biliões de yuans, segundo um ajuste anunciado ontem pelo Escritório Nacional de Estatísticas do país. O organismo aumentou 556,700 milhões de yuans os dados preliminares publicados em Janeiro deste ano.

Após o ajuste, o crescimento homólogo da economia chinesa em 2021 situou-se em 8,4 por cento, valor superior em 0,3 pontos percentuais ao publicado originalmente.

Pequim tinha como meta que a economia nacional crescesse “mais de 6 por cento” ao longo de 2021, uma meta conservadora tendo em conta a reduzida base comparativa do ano anterior (+2,3 por cento).

No primeiro semestre de 2022, a economia chinesa cresceu 2,5 por cento em termos homólogos, valor que representa um abrandamento face aos 12,7 por cento alcançados no primeiro semestre de 2021, embora nessa altura as estatísticas beneficiassem da base comparativa do primeiro semestre de 2020, período em que se iniciou a pandemia.

A China estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 5,5 por cento para o seu PIB em 2022, ano marcado por rígidas restrições contra a pandemia de covid-19 no país e pelo 20.º Congresso do Partido Comunista da China realizado em Novembro passado e no qual o secretário-geral e líder do país, Xi Jinping, alcançou um terceiro mandato sem precedentes entre os seus antecessores nas últimas décadas.

28 Dez 2022

Economia chinesa | Estabilidade é principal objectivo a atingir

As autoridades chinesas, reunidas na Conferência anual do Trabalho Económico Central, traçaram como objectivos prioritários para 2023 estimular a procura interna de modo a alcançar a estabilidade económica e um desenvolvimento de qualidade

 

O Governo chinês estabeleceu como “prioridade máxima” alcançar a “estabilidade económica” no próximo ano e, entre outros objectivos, “estimular a procura interna” através da recuperação e expansão do consumo.

Os líderes chineses discutiram na Conferência anual do Trabalho Económico Central, que terminou na noite de sexta-feira, as prioridades económicas em 2023, noticiou a agência estatal Xinhua. Não foram anunciadas quaisquer medidas específicas, mas o Governo defendeu “esforços para intensificar a macroeconomia e coordenar várias políticas para promover um desenvolvimento de alta qualidade”.

“Manteremos uma política fiscal proactiva e uma política monetária prudente”, indicou a Xinhua, sublinhando que “a sustentabilidade fiscal deve ser assegurada e os riscos da dívida do governo local devem ser geridos”.

Além disso, os líderes chineses também procuram impulsionar a procura interna, actualmente com dificuldades, “dando prioridade à recuperação e expansão do consumo, aumentando o rendimento pessoal urbano e rural através de múltiplos canais, e encorajando mais capital privado a participar na construção de projectos nacionais chave”.

A manutenção da taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, “basicamente estável a um nível adequado e equilibrado”, e o “reforço dos sistemas destinados a salvaguardar a estabilidade financeira”, foram outros dos objectivos estabelecidos.

Na reunião também se salientou que as políticas industriais devem ser “optimizadas para facilitar a transformação e actualização das indústrias tradicionais e o desenvolvimento de indústrias estratégicas emergentes”.

Apelou-se ainda à “promoção do emprego dos jovens, especialmente dos estudantes universitários, e ao esforço de mitigar atempada e eficazmente os impactos dos aumentos estruturais dos preços em alguns dos que se encontram em dificuldades”.

Mais pontos a atingir

A China vai procurar também “optimizar as políticas de apoio à natalidade” e tentar “adiar gradualmente a idade legal da reforma na altura certa e assumir a liderança na abordagem do envelhecimento da população e da baixa taxa de fertilidade”.

Os líderes também discutiram “a aceleração do planeamento e construção de um novo sistema energético, o reforço da competitividade global das indústrias tradicionais, a aceleração da investigação e aplicação de tecnologias inovadoras, e o desenvolvimento vigoroso da economia digital”.

Outro ponto abordado na reunião, foi a necessidade de fazer “maiores esforços para atrair e utilizar capital estrangeiro, expandir o acesso ao mercado, promover a abertura das modernas indústrias de serviços, e conceder tratamento nacional às empresas financiadas pelo estrangeiro”.

Finalmente, ficou também destacado o objectivo de “melhorar o rácio dívida/activos do sector imobiliário” e alcançar “uma transição suave do sector imobiliário para novos modelos de desenvolvimento”.

Pequim tinha estabelecido um objectivo oficial de crescimento de cerca de 5,5 por cento para este ano, mas a crise imobiliária e as duras restrições e confinamentos impostos no quadro da política de “zero covid” pesaram fortemente sobre a actividade económica, levando os analistas a excluir um crescimento do produto interno bruto (PIB) ao ritmo esperado pelas autoridades chinesas.

19 Dez 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados ontem, assinalando uma recuperação da actividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano.

Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.
O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

Comércio externo subiu 8,3%

Também o comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados hoje, assinalando uma recuperação da atividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano. Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.

O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

24 Out 2022

China rejeita “mal entendidos” e reafirma “interação positiva com os mercados internacionais”

A China assegurou ontem que vai “expandir solidamente” a abertura ao exterior e promover uma globalização “benéfica para todos”, numa altura em que empresas europeias acusam o país de se isolar do resto do mundo.

“Houve alguns mal-entendidos sobre o nosso novo padrão de desenvolvimento, que é focado na economia doméstica, mas que mantém uma interação positiva com os mercados internacionais”, defendeu o vice-director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), o órgão máximo chinês de planificação económica, Zhao Chenxin, à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, que decorre esta semana, em Pequim.

“É um erro pensar que, ao focar-se na economia doméstica, a China vai reduzir os seus esforços de abertura ou tornar-se numa economia ‘auto-suficiente’”, apontou. Zhao considerou que a globalização económica é uma “tendência irreversível” e que o país asiático está “profundamente integrado com a economia global e o sistema internacional”.

“As indústrias da China e de muitos outros países estão altamente interconectadas e são interdependentes”, descreveu. A China precisa agora de um “desenvolvimento de maior qualidade e mais eficiente, justo, sustentável e seguro”, apontou.

Zhao assegurou que Pequim “vai intensificar ainda mais os esforços para incentivar o investimento estrangeiro”, e que a economia do país asiático, que divulga na terça-feira os dados do crescimento do PIB no terceiro trimestre do ano, “registou uma tendência de recuperação notável”.

17 Out 2022

Ásia | Bilionário indiano diz que China corre risco de ficar isolada

A China poderá ficar cada vez mais isolada do resto do mundo e corre riscos semelhantes aos enfrentados pelo Japão, durante a chamada “década perdida” de estagnação nos anos 1990, afirmou ontem o bilionário indiano Gautam Adani.

Num discurso proferido durante a 20.ª edição da Conferência Forbes Global CEO, em Singapura, Adani, o segundo homem mais rico do mundo, disse que o “aumento do nacionalismo, a mitigação de riscos nas cadeias de fornecimento e as restrições tecnológicas” vão provavelmente afectar a ligação entre a China e outras economias.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que deveria ser uma demonstração das ambições globais de Pequim, está também a enfrentar crescente resistência, aumentando os desafios para o país asiático, argumentou.

Lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, este plano internacional de infraestruturas inclui a construção de ligações ferroviárias, autoestradas, aeroportos e zonas de comércio livre, visando abrir novas rotas comerciais em regiões pouco integradas na economia global, incluindo Leste Asiático, Ásia Central ou África.

Uma crise de dívidas soberanas nos países em desenvolvimento e o encerramento das fronteiras da China, no âmbito da política de ‘zero covid’, no entanto, estão a frustrar os planos de Pequim. “Antecipo que a China – que era vista como a principal beneficiadora da globalização – se vai sentir cada vez mais isolada”, notou.

Apesar do pessimismo em relação à China, o magnata indiano disse acreditar que as economias globais em geral se vão reajustar e recuperar a longo prazo.

28 Set 2022

Ásia 2022 | Economias emergentes vão crescer mais que a China

O crescimento da economia chinesa em 2022 será superado pelos países em desenvolvimento da Ásia, pela primeira vez em 30 anos, disse ontem o Banco Asiático de Desenvolvimento. Num relatório, o banco prevê que a economia da China cresça 3,3 por cento este ano, uma revisão em baixa da previsão de 5 por cento feita em Abril, devido às políticas implementadas por Pequim para combater surtos de covid-19.

O Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês), cuja sede fica na capital das Filipinas, Manila, reviu também em baixa a previsão para o crescimento da economia chinesa para 2023, de 4,8 por cento para 4,3 por cento.

A China, a segunda maior economia do mundo e o principal motor económico da Ásia, verá o seu crescimento superado por países emergentes, como Índia (7 por cento), Filipinas (6,5 por cento), Vietname (6,5 por cento), Paquistão (6 por cento), Malásia (6 por cento) e Indonésia (5,4 por cento).

As causas

Ao abrigo da estratégia de “zero casos” de covid-19, a China tem apostado na testagem em massa da população e em confinamentos para evitar a propagação de casos de Ómicron, a variante dominante do novo coronavírus, considerada muito contagiosa. Essas medidas, juntamente com o aperto das políticas monetárias da maioria dos bancos centrais mundiais para combater a inflação e os efeitos económicos da guerra na Ucrânia, irão afectar o crescimento da China, previu o ADB.

“O crescimento na China enfrenta desafios vindos dos confinamentos recorrentes e de um fraco sector imobiliário”, disse o economista-sénior do banco Albert Park, num comunicado. Um especialista para a China do ADB Hao Zhang disse que os confinamentos decretados por Pequim “reduziram drasticamente” o crescimento, embora espere uma recuperação na segunda metade do ano, “com a melhoria dos serviços e da procura de casas”.

Park advertiu que “os riscos estão à espreita” para os países em desenvolvimento da Ásia, porque “uma desaceleração significativa na economia global prejudicará gravemente a procura pelas exportações da região”. “Um ajuste monetário mais forte do que o esperado nas economias desenvolvidas poderá levar a uma instabilidade financeira”, disse.

O ADB previu ainda que a inflação na China atinja 2,3 por cento, enquanto nas economias em desenvolvimento da Ásia atingirá uma média de 4,5 por cento.

22 Set 2022

Economia | Crescimento de 0,4% no 2º trimestre devido a confinamentos

A economia da China registou um crescimento homólogo de 0,4 por cento, no segundo trimestre do ano, ilustrando o impacto das medidas de prevenção contra a covid-19, que resultaram no bloqueio de cidades importantes do país

 

Os dados oficiais, divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) na sexta-feira, ficaram abaixo do esperado pelos analistas, que previam um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 1 por cento, no período entre Abril e Junho.

Face ao trimestre anterior, a segunda maior economia mundial contraiu 2,6 por cento nos três meses encerrados em Junho. No período entre Janeiro e Março, a economia chinesa cresceu 4,8 por cento, em termos homólogos.

No conjunto, a economia do país cresceu 2,5 por cento no primeiro semestre do ano. Este valor representa um abrandamento, face ao ritmo de crescimento de 12,7 por cento, alcançado no primeiro semestre de 2021, embora nesse período as estatísticas tenham beneficiado da base comparativa débil do primeiro semestre de 2020, período em que eclodiu a pandemia da covid-19.

Entre Março e Junho deste ano, no entanto, a China voltou a adoptar duras medidas de confinamento, para travar surtos do coronavírus em Xangai, Pequim, Cantão ou Changchun, cidades–chave para a indústria e economia chinesas.

As fábricas e escritórios foram autorizados a reabrir em Maio, mas economistas dizem que vão ser precisas semanas ou meses até que a actividade volte ao normal. Economistas e grupos empresariais advertiram que os parceiros comerciais da China vão sentir o impacto das interrupções no transporte marítimo, nos próximos meses.

“O ressurgimento da pandemia foi efectivamente contido”, disse o GNE, em comunicado. “A economia nacional registou uma recuperação estável”, vincou.

Dores repartidas

A desaceleração prejudica os parceiros comerciais da China, incluindo o Brasil e Angola, ao diminuir a procura por petróleo, alimentos, e outras matérias-primas. Também a importação de bens de consumo produzidos na China é afectada, já que as medidas de confinamento dificultam os embarques de produtos para mercados estrangeiros.

As vendas a retalho caíram 0,7 por cento, em relação ao ano anterior, no primeiro semestre, depois de contraírem 11 por cento e 6,7 por cento, em Abril e Maio, respectivamente, em termos homólogos.

O investimento em fábricas, imóveis e outros activos fixos subiu 6,1 por cento, reflectindo o esforço do Governo chinês para estimular a economia através de um aumento dos gastos com a construção de obras públicas.

A segunda maior economia do mundo é também afectada, desde o ano passado, por uma crise de liquidez no sector imobiliário, depois de os reguladores chineses terem passado a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património.

O sector imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas.

A taxa de desemprego fixou-se em 5,5% por cento, em Junho, de acordo com as estatísticas oficiais, enquanto em Maio foi de 5,9 por cento e em Abril de 6,1 por cento.

17 Jul 2022

Xangai | Empresas norte-americanas antecipam queda nas receitas

Um quarto das empresas norte-americanas em Xangai está a reduzir os investimentos e quase todas antecipam queda nas receitas este ano, segundo os resultados de um inquérito ontem publicado, que expõe o impacto das medidas de prevenção epidémica.

A “capital” económica da China sofreu um bloqueio de dois meses, em Abril, face ao pior surto de covid-19 registado na China, desde o início da pandemia. A cidade é sede do porto mais movimentado do mundo e de várias multinacionais que operam no país asiático.

Apesar de uma recuperação geral da actividade no início de Junho, 25 por cento das empresas norte-americanas estão a rever em baixa os seus investimentos para este ano, segundo a Câmara de Comércio dos Estados Unidos na cidade.

De acordo com o inquérito, que abrangeu 133 empresas, mais de 90 por cento disseram esperar uma queda na facturação este ano.

As medidas de confinamento tiveram um “impacto profundo” na actividade das empresas inquiridas, observou o presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos em Xangai, Eric Zheng, apelando às autoridades locais para que “restabeleçam a confiança” na comunidade empresarial.

No início de Junho, apenas 35 por cento das empresas norte-americanas inquiridas estavam a operar em plena capacidade, apesar do levantamento das medidas de bloqueio, segundo a Câmara.

16 Jun 2022

China | Li Keqiang alerta para situação económica mais grave desde início da pandemia

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reconheceu que as medidas de prevenção epidémica estão a afetar a economia chinesa de forma inédita desde o início da pandemia, apelando a que se tenha em conta o emprego.

Durante uma videoconferência organizada pelo Conselho de Estado, na noite de quarta-feira, Li admitiu que “as dificuldades em março e abril foram, em alguns aspetos, mais severas do que em 2020”, quando a pandemia de covid-19 começou, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

O primeiro-ministro citou como exemplo as quedas em indicadores como o emprego, produção industrial, consumo de energia e transporte de mercadorias. Li pediu a dezenas de milhares de funcionários do governo “esforços para manter a economia a operar a um nível adequado”.

Os comentários de Li Keqiang ressaltam as dificuldades que a China vai ter para atingir a sua meta de crescimento anual, de 5,5%, uma das mais baixas das últimas décadas, enquanto combate surtos provocados pela Ómicron, uma variante altamente contagiosa do novo coronavírus.

A última vez que a economia chinesa registou uma contração foi no primeiro trimestre de 2020, quando caiu 6,9%, em termos homólogos, pondo fim a uma era de mais de 30 anos de crescimento ininterrupto.

O comércio externo da China registou uma subida homologa de 0,1%, em abril passado, uma desaceleração significativa em relação ao crescimento de 5,8%, registado em março.

No primeiro trimestre do ano a economia chinesa cresceu 4,8%, mas as vendas a retalho contraíram 3,5%, em termos homólogos, e a taxa oficial de desemprego nas áreas urbanas atingiu a pior marca dos últimos 22 meses: 5,8%. O desemprego entre trabalhadores na faixa etária entre os 16 e 24 anos atingiu a taxa recorde de 18,2%.

“Vamos tentar garantir que a economia cresça no segundo trimestre”, disse Li, de acordo com uma transcrição do discurso a que o jornal Financial Times teve acesso. “Esta não é uma meta alta e está muito longe de meta de 5,5%. Mas temos que o conseguir”, apontou.

O prolongado confinamento de Xangai, a “capital” financeira da China, nos últimos dois meses, poderá agravar os dados económicos do país.

Li enfatizou a necessidade de implementar políticas, o mais rápido possível, para estabilizar a economia e apoiar o mercado e o emprego e garantir o sustento da população.

“O desenvolvimento é a chave para resolver todos os problemas na China”, lembrou.

O primeiro-ministro ordenou às entidades governamentais que apliquem as 33 medidas recentemente aprovadas pelo Conselho de Estado para estabilizar a economia até ao final de maio.

O Conselho de Estado vai enviar grupos de trabalho a 12 províncias, a partir de hoje, para acompanhar o trabalho das autoridades locais na aplicação das medidas.

“Os governos locais devem tratar as empresas de forma igual, continuar a melhorar os serviços logísticos e as cadeias industriais, para permitir a retoma da produção e garantir a rápida distribuição de benefícios sociais às pessoas necessitadas”, destacou Li.

26 Mai 2022

Economia | China tenta pôr termo a “crescimento fictício” por via da construção

Segundo o economista da Universidade de Pequim, Michael Pettis, a covid-19 veio acelerar o processo de desinvestimento do país em activos não produtivos. Pequim tenta afastar-se do modelo de crescimento assente no sector imobiliário

 

O abrandamento económico suscitado pela covid-19 vai obrigar a China a alocar capital de forma mais eficiente, pondo termo a décadas de “crescimento fictício”, alimentado pelo sector da construção, explica à Lusa o economista Michael Pettis.

O professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, vê no colapso de algumas das maiores construtoras do país um sinal de que a China se está a afastar do modelo de crescimento assente no investimento em activos não produtivos.

“Há muito crescimento fictício na China”, nota Pettis. “O excesso de investimento em todo o tipo de projectos de construção inflacciona o crescimento há vários anos”, descreve.

O termo “crescimento fictício” foi usado pela primeira vez pelo Presidente chinês, Xi Jinping, num ensaio publicado em 2021, que frisou a importância de o país alcançar um crescimento “genuíno”.

Em entrevista à agência Lusa, Michael Pettis, que vive no país asiático há duas décadas, considera que a campanha para desalavancar o sector imobiliário faz parte dos esforços de Pequim para pôr termo a esse modelo.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.

“A maioria das estimativas coloca a contribuição do sector imobiliário para o PIB [Produtos Interno Bruto] da China entre 25 por cento e 30 por cento. Isto é duas a três vezes superior ao de outros países. O investimento em imobiliário por si só representa cerca entre 13 por cento e 14 por cento do PIB”, observa Pettis.

O rácio entre o preço dos imóveis e o valor das rendas no país asiático está entre os mais altos do mundo, sugerindo um retorno negativo sobre o capital investido. Em Pequim ou Xangai, o valor médio dos imóveis ascende a cerca de 23 vezes o vencimento médio anual dos residentes.

Para o economista, a alocação de capital para investimentos não produtivos na China ascende a uma “escala sem precedentes” na História.

“Normalmente, quando os economistas querem falar sobre um caso proeminente de grande quantidade de investimento não produtivo, eles apontam para o Japão na década de 1980”, indica. “O meu palpite é que em 10 ou 20 anos vão estar a falar da China”, acrescenta.

Exemplo espanhol

Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa.

Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador. A estrutura assemelha-se a um esquema pirâmide, onde o activo não gera por si fluxo de capital, mas depende antes de um próximo investidor estar disposto a pagar mais pelo bem imóvel.

A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas.

Michael Pettis aponta para o exemplo de Espanha antes da crise financeira internacional de 2008.

“O período de rápido crescimento da economia espanhola foi impulsionado pelos fundamentos errados: a construção de imóveis nos quais ainda hoje ninguém mora, e uma enorme quantidade de infraestrutura, que foi além daquilo que o país necessitava”, descreve.

“Enquanto isto dura é óptimo”, nota. Mas, quando o aumento da dívida é incapaz de gerar retorno, o modelo torna-se insustentável, suscitando uma “desaceleração económica e potencial aumento do desemprego”.
Pettis prevê agora o fim de décadas de trepidante crescimento económico do país asiático.

“A China poderia ter continuado com o modelo actual por mais três ou quatro anos”, observa. “Mas, com o impacto económico da covid-19, estão a ficar sem tempo”.

23 Mai 2022

Actividade económica da China afunda face a medidas de combate à covid-19

A actividade económica da China contraiu fortemente em abril, face às duras restrições impostas pelas autoridades do país para conter surtos de covid-19, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).

A produção industrial registou uma queda homóloga de 2,9%, surpreendendo os analistas, que esperavam um ligeiro avanço de 0,4% no quarto mês do ano. Face ao mês anterior, a produção industrial chinesa caiu 7,08%, destacou o GNE. O setor automóvel registou a maior contração (-43,5%).

Tommy Wu, analista da consultora Oxford Economics, assegurou que a contração da atividade económica na China, em abril, foi a mais severa, desde o primeiro trimestre de 2020, quando o país enfrentou o primeiro surto do coronavírus.

“O bloqueio prolongado de Xangai e o seu efeito cascata na China, combinados com atrasos logísticos, devido ao bloqueio de estradas em partes do país, afetaram severamente as cadeias de fornecimento domésticas”, explicou o especialista.

As vendas a retalho, o principal indicador do consumo doméstico, que já tinha contraído em março, caiu 11,1%, em termos homólogos, em abril, ultrapassando a previsões dos analistas, que apontavam uma queda de 6,6%.

O consumo tinha já contraído 3,5% em março. O valor acumulado para 2022 cai assim para -0,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A agência de estatísticas não divulgou a evolução homóloga dos activos fixos, em abril, mas antes uma comparação intermensal, que revelou uma contração de 0,82%. O sector imobiliário também sofreu, com uma queda de 2,7%, nos primeiros quatro meses do ano.

O desemprego nas áreas urbanas continuou a sofrer com a situação actual e subiu 0,3%, em abril, para 6,1%, uma taxa superior à que Pequim estipulou como limite para este ano (5,5%).

Os dados ilustram o crescente custo económico da estratégia de ‘zero casos’ da China, que procurou extinguir a doença por meio de bloqueios, testes em massa e isolamento de todos os infectados em centros de quarentena. A eliminação de infeções é uma prioridade para o Presidente, Xi Jinping, que procura obter um terceiro mandato este ano.

Nos últimos dois meses, dezenas de cidades e centenas de milhões de pessoas em toda a China foram colocadas sob bloqueios totais ou parciais, como parte de uma política que deve ter profundas ramificações para as cadeias de fornecimento globais.

O GNE assegurou que o “impacto de um ambiente internacional cada vez mais preocupante e complexo e de uma maior perturbação doméstica, devido à pandemia da covid-19, superou obviamente as expectativas”.

Apesar da “crescente pressão negativa” para a economia chinesa, a instituição garantiu que a “tendência geral de desenvolvimento de qualidade” mantém-se intacta e que as medidas adoptadas pelas autoridades vão fazer com que as contas nacionais “estabilizem” e “recuperem”.

Wu acredita que as interrupções económicas podem durar até junho, e que a retomada da actividade vai ser “muito gradual” no início, não prevendo uma recuperação realmente significativa até ao segundo semestre.

16 Mai 2022

Governo chinês promete mais medidas para impulsionar crescimento económico

O Politburo, principal órgão do Partido Comunista da China, prometeu mais medidas para impulsionar o crescimento económico e, ao mesmo tempo, conter os surtos de covid-19, noticiou hoje a imprensa estatal chinesa.

“É muito importante fazer um bom trabalho económico e garantir e melhorar a vida das pessoas”, disse a agência oficial de notícias Xinhua, que não mencionou qualquer mudança na estratégia de combate à covid-19.

O Politburo concordou em ajustar as políticas para manter a economia a “operar numa faixa razoável” e para acelerar a implementação de descontos e reduções de impostos, garantir o fornecimento de energia e ajudar as indústrias, as pequenas empresas e as famílias mais afetadas pela pandemia.

A economia chinesa estava a desacelerar ainda antes da última onda de infeções por covid-19, que obrigou a confinamentos, incluindo na capital financeira do país, Xangai, criando interrupções na produção e exportação de produtos e em outras atividades comerciais.

Em resposta, o principal índice da bolsa de Xangai subiu hoje 2,4%, enquanto o Hang Seng, o principal índice de Hong Kong, subiu 3,3%.

Xangai registou 52 novas mortes por covid-19, nas últimas 24 horas, e 5.487 novos casos positivos, o número mais elevado desde o início da pandemia, anunciou a Comissão de Saúde da China.

Um surto de covid-19 em Xangai levou as autoridades chinesas a impor um confinamento quase total da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes, há cerca de um mês.

Os moradores de Xangai ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena, onde as luzes estão sempre acesas, o lixo acumula-se e não existem chuveiros com água quente.

Qualquer pessoa com resultado positivo, mas que não tenha sintomas, deve passar uma semana numa destas instalações, e os restantes cumprem isolamento no hospital.

O fluxo de produtos industriais também foi interrompido pela suspensão do acesso a Xangai, onde fica o porto mais movimentado do mundo, e outras cidades industriais, incluindo Changchun e Jilin, no nordeste da China.

29 Abr 2022

Economia | Li Keqiang faz apelo à estabilização do emprego

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse esta segunda-feira que é importante estabilizar o emprego na China e os preços. Segundo a agência Xinhua, Li Keqiang falou no âmbito de um simpósio sobre a economia na província de Jiangxi, ao qual presidiu.

Falando da “forte resiliência” da economia chinesa perante as adversidades dos últimos tempos, Li Keqiang apelou à população “para se manter vigilante face a desafios inesperados e lidar com as pressões internas e externas”.

Recorde-se que esta segunda-feira foram divulgados os dados da inflação no país, sendo que o índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador da inflação na China, subiu 1,5 por cento em Março, em relação ao mesmo mês do ano passado. Já o índice de preços no produtor (IPP), que mede os preços nas vendas por grosso, cresceu 8,3 por cento.

Em ambos os indicadores, o resultado é superior ao esperado pelos analistas, que tinham previsto um aumento de 1,2 por cento para os preços no consumidor, e de 7,9 por cento para as vendas por atacado.

Li Keqiang destacou as medidas que as autoridades chinesas implementaram nos últimos tempos, nomeadamente na área dos impostos, como reembolso ou isenção de taxas, além dos apoios dados à economia real. Além disso, o Governo emitiu obrigações especiais e lançou projectos de construção que possam ajudar a dinamizar a economia e o emprego.

O primeiro-ministro não esqueceu também a necessidade de reforçar a produção agrícola e a consolidação da estabilidade dos preços e do fornecimento de electricidade, carvão e outras energias. Para Li Keqiang, é fundamental lançar medidas de apoio para as entidades que enfrentem mais desafios, nomeadamente as pequenas e médias empresas, ou os negócios por conta própria.

12 Abr 2022

Li Keqiang | As pessoas estão primeiro e crescimento de “cerca de 5,5%” do PIB em 2022

O Primeiro-ministro chinês Li Keqiang entregou no sábado o Relatório de Trabalho anual do Governo na reunião de abertura da quinta sessão da 13º Assembleia Nacional Popular (ANP), a principal legislatura da China, que estabeleceu uma meta de crescimento do PIB de cerca de 5,5 por cento em 2022.

O Relatório de Trabalho do Governo também delineou prioridades políticas para uma vasta gama de áreas de desenvolvimento social e económico, incluindo controlo de epidemias, criação de empregos, protecção ambiental e repressão do tráfico de mulheres e crianças – questões-chave relacionadas com a vida e a subsistência de 1,4 mil milhões de chineses.

No documento, Li alertou para vários riscos e desafios, mas também destacou a resiliência e confiança da China. “Devemos estar mais atentos às potenciais dificuldades, enfrentar os problemas e desafios directamente, fazer todos os esforços para obter um desempenho satisfatório, e fazer o nosso melhor para corresponder às expectativas do povo”, disse Li aos deputados do CNP e aos membros do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), o principal órgão consultivo político, no Grande Salão do Povo, em Pequim.

“Foi sempre no decurso da resposta aos desafios que a China avançou no seu desenvolvimento. Nós, o povo chinês, temos a coragem, visão e força para superar qualquer obstáculo ou dificuldade”, disse Li.

Objectivo de crescimento

O PIB da China atingiu 114,4 triliões de yuan em 2021 e uma expansão de 5,5 por cento nesta base este ano equivale a um crescimento de 7,4 por cento há 5 anos ou um crescimento de 10,5 por cento há 10 anos, disse Xiang Dong, vice-director do Gabinete de Investigação do Conselho de Estado, numa conferência de imprensa em Pequim, no sábado à tarde, sobre o Relatório de Trabalho do Governo.

“Isso também sugere um incremento económico de quase 9 triliões de yuan, o que equivale à dimensão anual da economia mundial nº 11 ou nº 12”, disse Xiang, observando que atingir o objectivo de 5,5 por cento de crescimento não é de modo algum um trabalho fácil e exige um esforço árduo.

Os media oficiais disseram que “o objectivo reflecte que os decisores políticos estão plenamente conscientes das dificuldades enfrentadas pela economia chinesa”. “Este ano o nosso país irá enfrentar muitos mais riscos e desafios, e devemos continuar a insistir para os ultrapassar”, lê-se no relatório.

“A estabilidade, uma palavra-chave no documento, foi mencionada 76 vezes, e todas as regiões e departamentos governamentais são obrigados a assumir a responsabilidade de estabilizar a economia e revelar proactivamente medidas que apoiem a estabilização económica”, disse Xiang.

“Todos os factores foram tidos plenamente em conta na elaboração do Relatório de Trabalho do Governo”, disse Xiang, em resposta a uma pergunta sobre o impacto do conflito Rússia-Ucrânia sobre o objectivo de crescimento económico da China.

“Um objectivo de crescimento de cerca de 5,5 por cento tem plenamente em conta as operações macroeconómicas e os objectivos de desenvolvimento a longo prazo da economia”, escreve o Zhixin Investment Research Institute numa nota, descrevendo o objectivo de cerca de 5,5 por cento como razoável e indicativo da calibração do governo para voltar a colocar a economia na via pré-COVID para um crescimento mais lento, mas estável.

“A China tem condições, capacidade e confiança para atingir o objectivo de crescimento do PIB de 5,5 por cento, apesar dos múltiplos desafios e incertezas”, disse aos repórteres no sábado, à margem das duas sessões, He Lifeng, chefe do principal planeador económico da China.

“O impacto existe, mas como grande economia, a China tem uma enorme dimensão e muitos instrumentos políticos. As medidas governamentais são eficazes e as políticas são flexíveis. Mesmo que haja choques, podemos manter políticas macroeconómicas independentes”, disse por seu lado Yu Yongding, antigo presidente da Sociedade de Economia Mundial da China e director do Instituto de Economia Mundial e Política na Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O Relatório também estabeleceu uma série de objectivos de desenvolvimento económico e social para 2022, incluindo a criação de mais de 11 milhões de novos empregos urbanos. Outro dado muito comentado é o rácio défice/PIB da China, que foi fixado em cerca de 2,8 por cento para 2022, contra 3,2 por cento no ano passado.

Os principais objectivos para 2022

Yao Jinbo, um deputado da APN e CEO do site de classificados 58.com, disse que “a busca da estabilidade, enquanto se fazem progressos, será o princípio orientador do trabalho deste ano”. O relatório anual, como Yao coloca, “assinala uma mentalidade de desenvolvimento centrada nas pessoas”. Entre as principais tarefas do relatório anual para este ano estão também os esforços para fazer avançar a governação social e melhorar o bem-estar das pessoas.

Por isso, “a China irá reprimir duramente o tráfico de mulheres e crianças e proteger os seus direitos e interesses legítimos, disse o primeiro-ministro ao apresentar o Relatório de Trabalho do Governo”. A questão tem merecido a atenção nacional na sequência de um caso recente em Xuzhou, província de Jiangsu, na China Oriental.

“O sistema de apoio e cuidados aos idosos e pessoas com deficiência será também melhorado”, lê-se o Relatório de Trabalho do Governo. Além disso, o país melhorará as medidas de apoio à política de três filhos, fará despesas para cuidar de crianças com menos de três anos de idade, fará deduções adicionais especiais do imposto sobre o rendimento individual, e desenvolverá serviços de interesse público para aliviar o fardo da criação de uma família, de acordo com o relatório anual.

Segundo Huo Tao, um deputado da APN e presidente da Baiyunshan Technology Company, o Relatório mostra as realizações do país, aponta os problemas, traça um plano, demonstra a coragem de enfrentar os desafios, e transmite a confiança de que a unidade prevalecerá. O que mais impressionou Huo, foi a menção repetida da implementação de políticas que respondem às preocupações das pessoas, tais como o apoio às pequenas e médias empresas, a inovação científica e tecnológica, e a redução de impostos e taxas.

Jiang Haoran, membro do Comité Nacional do CCPPC, disse que sentiu “calma face a uma crise” e a confiança dno país. “Face às conquistas que alcançámos, estivemos sempre atentos aos perigos em tempos de paz. Como os riscos e desafios aumentaram significativamente, temos de ultrapassar os obstáculos e quanto mais dificuldades enfrentamos, mais confiantes e empenhados devemos estar”.

Foco na inovação

O Relatório prevê também que a economia digital desempenhe um melhor papel no fortalecimento da economia. “Vamos reforçar o planeamento global da iniciativa da China Digital, construir mais infra-estruturas de informação digital, e aplicar a tecnologia 5G em maior escala”, afirma o documento, destacando os passos para construir indústrias digitais tais como circuitos integrados e inteligência artificial, e melhorar a inovação tecnológica da China e as capacidades de fornecimento de software e hardware chave.

Xiao Hong, CEO do gigante do jogo chinês Perfect World, que ficou animado com o Relatório de Trabalho do Governo para assumir resolutamente compromissos com a economia digital, disse que a economia digital fornece um forte impulso à economia e ao desenvolvimento sustentável e saudável da sociedade.

O desenvolvimento verde e sustentável é um objectivo de longa data da China e foi também uma das principais prioridades do Relatório de Trabalho do Governo, que prometeu melhorar o ambiente e promover o desenvolvimento verde e com baixo teor de carbono, apesar dos riscos e desafios crescentes.

Segurança | Despesas militares vão aumentar 7,1%

A China vai aumentar este ano as despesas militares em 7,1 por cento, de acordo com um relatório preliminar apresentado no sábado na sessão de abertura na Assembleia Popular Nacional. Em 2021, o orçamento militar do gigante asiático, que se manteve em cerca de 1,3 por cento do produto interno bruto (PIB) nos últimos anos, cresceu 6,8 por cento. Este ano deverá atingir os 229 mil milhões de dólares.

A informação surge num momento de tensões crescentes com Taiwan, território sobre o qual a China reivindica a soberania, e enquanto a Europa vive a invasão da Ucrânia pela Rússia, um dos principais aliados de Pequim. A China tem o segundo maior orçamento de defesa do mundo, depois dos Estados Unidos.

7 Mar 2022

Economia | Arranque positivo do 14.º Plano Quinquenal

Em 2021, o volume económico total da China atingiu um novo patamar de 114,367 biliões de yuans – um aumento de 8,1 por cento em relação ao ano anterior, mantendo a constância de preços.

“No ano passado, graças aos esforços conjuntos de todo o país, ao desenvolvimento económico da China e à prevenção e controlo de epidemias, foi possível manter uma posição de liderança no mundo, em que a economia nacional operou dentro de um intervalo razoável, os principais objectivos e tarefas do desenvolvimento do ano foram concluídos e novos passos foram dados no sentido de construir um novo padrão de desenvolvimento. O desenvolvimento de alta qualidade alcançou novos resultados e o 14.º Plano Quinquenal teve um começo positivo”, afirmou Ning Jizhe, director do Departamento Nacional de Estatísticas.

“Segundo a média de dois anos, as taxas de crescimento económico no primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestres foram de 4,9 por cento, 5,5 por cento, 4,9 por cento e 5,2 por cento, respectivamente. A taxa média de crescimento económico de dois anos no quarto trimestre foi ligeiramente superior face ao terceiro trimestre”, disse Ning.

De acordo com Ning Jizhe, o emprego na China permanece estável. A economia continuou a recuperar e desenvolver-se, a política de prioridade à criação de emprego foi eficaz e novas formas de emprego foram inseridas no mercado laboral. Em 2021, o número de empregos urbanos adicionais da China foi de 12,69 milhões e a meta esperada de mais de 11 milhões foi alcançada. A taxa média de desemprego urbano pesquisada foi de 5,1 por cento, abaixo da meta esperada de cerca de 5,5 por cento. O índice de preços ao consumidor subiu moderadamente. Em 2021, o índice de preços ao consumidor aumentou 0,9 por cento face ao ano anterior, abaixo da meta esperada de cerca de 3 por cento. A balança de pagamentos permanece equilibrada. No final de 2021, o saldo de reservas cambiais da China era de US$ 3.250,2 mil milhões, mantendo-se acima de US$ 3,2 biliões por oito meses consecutivos e ocupando o primeiro lugar no mundo.

Ning afirma que o crescimento do rendimento dos residentes chineses está sincronizado com o crescimento económico. Em 2021, o rendimento disponível per capita dos residentes nacionais aumentou 8,1 por cento em termos reais em relação ao ano anterior, com um aumento médio de 5,1 por cento a dois anos, em linha com o crescimento económico e com o cumprimento dos requisitos de estabilidade e crescimento da renda. O consumo de energia por unidade do PIB diminuiu. De acordo com cálculos preliminares, o consumo de energia por unidade do PIB em 2021 diminuiu 2,7 por cento face ao ano anterior, o que se aproxima da redução esperada de cerca de 3 por cento. A produção cerealífera atingiu um novo recorde.

Em 2021, o volume económico total da China ultrapassou os 114 biliões de yuans, alcançando os 17,7 biliões de dólares à taxa de câmbio média anual, ocupando o segundo lugar no mundo e respondendo por mais de 18% da economia global; o PIB per capita é de 80.976 yuans, de acordo com a conversão cambial média anual, atingindo os 12.551 dólares americanos.

De acordo com a análise de Ning Jizhe, em 2021, o PIB da China aumentou em cerca de 13 biliões de yuans, o que equivale a 2 biliões de dólares americanos à taxa de câmbio média anual e ao valor económico anual de uma economia de escala relativamente possante no mundo. Se o factor de valorização do RMB for levado em consideração, o agregado económico de dois anos será convertido em dólares americanos, e o incremento chegará aos 3 biliões de dólares americanos.

O primeiro

Concomitantemente, o valor agregado industrial e manufactureiro total da China ficou em primeiro lugar no mundo por mais de 10 anos consecutivos. O comércio de bens e as reservas cambiais ocupam o primeiro lugar no mundo, e o comércio de serviços, investimento estrangeiro e consumo doméstico ocupam o segundo lugar.

“O PIB per capita da China supera os 80.000 yuans, o equivalente a US$ 12.551 à taxa de câmbio média anual. Embora não tenha ainda atingido o limite inferior do nível per capita dos países de alta renda, está se aproximando a cada ano. Segundo estimativas preliminares, o PIB per capita mundial em 2021 será de cerca de US$ 12.100. A China superou a média mundial do PIB per capita”, disse Ning Jizhe.

“Apesar dos riscos e desafios, em geral, a tendência de recuperação e desenvolvimento económico da China não mudou, os factores que mantêm a economia a operar dentro de uma faixa razoável e as condições para apoiar o desenvolvimento de alta qualidade permanecem inalteradas. Durante todo o ano, espera-se que a economia chinesa alcance o progresso, assegurando a estabilidade”, concluiu.

20 Jan 2022

Economia | Crescimento de 8,1% em 2021. Abrandamento no segundo semestre

As previsões para este ano apontam para a continuação da desaceleração do crescimento, face aos novos surtos de covid-19 e aos problemas no sector imobiliário

 

A economia chinesa cresceu 8,1 por cento, em 2021, mas registou um abrandamento abrupto no segundo semestre do ano, reflectindo a campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no sector imobiliário.

Nos últimos três meses de 2021, o ritmo de crescimento homólogo da segunda maior economia do mundo abrandou para 4 por cento, abaixo do crescimento de 4,9 por cento alcançado no trimestre Julho-Setembro e do ritmo de 18,3 por cento, registado nos primeiros três meses de 2021.

Os analistas alertaram que o abrandamento vai persistir, este ano, devido a novos surtos de covid-19 e aos esforços para reduzir a dívida no sector imobiliário.

Isto pode ter repercussões globais ao deprimir a procura chinesa por aço, bens de consumo e outras importações.
A China foi a primeira grande economia mundial a recuperar da pandemia da covid-19, mas a actividade desacelerou depois de Pequim ter restringido o acesso ao crédito no sector imobiliário.

O imobiliário é o veículo de investimento favorito das famílias chinesas, compondo cerca de 30 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês.

Isto alimentou o nervosismo dos consumidores sobre os gastos e a ansiedade no mercado financeiro com possíveis incumprimentos entre as construtoras do país. “A pressão sobre o crescimento vai persistir, em 2022”, previu Tommy Wu, da consultora Oxford Economics, num relatório.

A mesma fonte disse que o Governo chinês vai provavelmente lançar “apoio político” para manter o crescimento anual acima dos 5 por cento.

O crescimento do consumo interno, o maior impulsionador da economia, caiu para apenas 0,2 por cento, em Dezembro, face a 3,9 por cento, no mês anterior.

A subida do investimento em fábricas, imóveis e outros activos fixos desacelerou para 1,7 por cento, abaixo do nível de 4,9 por cento para o conjunto do ano, uma vez que as empresas cancelaram ou adiaram planos de construção.

O Banco Mundial e os analistas do sector privado reduziram as perspectivas de crescimento para este ano, embora para níveis acima do previsto para a maioria das outras grandes economias.

O banco central chinês reduziu ontem a sua taxa de juros para empréstimos de médio prazo para o nível mais baixo desde 2020, quando o país foi atingido pela pandemia.

Recentes surtos do novo coronavírus levaram os líderes chineses a limitar as deslocações internas e impor medidas de confinamento em cidades importantes, como Tianjin e Xian.

Analistas do sector dizem que o fabrico de ‘chips’ de processador e outros setores podem sofrer o impacto se a interrupção durar mais do que algumas semanas.

“O momento económico permanece fraco, face a repetidos surtos do vírus e um sector imobiliário em dificuldades”, disse Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics, num relatório.

Novos rumos

Em comparação com o trimestre anterior, a forma como outras grandes economias são medidas, a economia chinesa cresceu 1,4 por cento, nos últimos três meses de 2021. Isto foi superior aos 0,2 por cento registados no trimestre Julho-Setembro.

As exportações chinesas aumentaram 29,9 por cento, em 2021, em relação ao ano anterior, apesar da escassez global de semicondutores, necessários para fabricar telemóveis e outros bens e do racionamento de energia imposto em províncias importantes para o setor industrial.

Os exportadores chineses beneficiaram do aumento da procura global numa altura em que os seus concorrentes estrangeiros enfrentavam medidas de prevenção epidémica.

Mas os economistas dizem que o crescimento do comércio este ano deve enfraquecer e os volumes de exportação podem encolher devido ao congestionamento nos portos.

“Com as cadeias de abastecimento já enfraquecidas, o aumento das exportações do ano passado não pode ser repetido”, disse Evans-Pritchard.

As vendas de automóveis caíram pelo sétimo mês, em Novembro, contraindo 9,1 por cento, em relação ao ano anterior, o que reflecte a relutância do consumidor em se comprometer com grandes compras.

Os líderes chineses estão a tentar direccionar a economia para um crescimento mais sustentável e baseado no consumo interno, em detrimento das exportações e investimento em grandes obras.

18 Jan 2022

Economia chinesa | Balança comercial com excedente recorde em 2021

A recuperação económica continua a evidenciar sinais positivos após os condicionamentos provocados pela pandemia da covid-19

 

O excedente comercial da China subiu para 676,4 mil milhões de dólares em 2021, após as exportações terem aumentado 29,9 por cento, em relação ao ano anterior, apesar da escassez de semicondutores.

Em Dezembro, o excedente comercial do país com o resto do mundo aumentou 20,8 por cento em relação ao mesmo mês do ano anterior, para um valor recorde de 94,4 mil milhões de dólares, segundo os dados alfandegários divulgados sexta-feira.

As exportações subiram para 3,3 biliões de dólares, em 2021, apesar da escassez de ‘chips’, de processadores para telemóveis e outros bens, à medida que a procura global recuperou da pandemia.

Os fabricantes foram também prejudicados pelo racionamento de energia em algumas áreas para cumprir as metas de eficiência do governo.

O excedente com os Estados Unidos, que é politicamente sensível e motivou já uma prolongada guerra comercial, registou uma subida homóloga, em 2021, de 25,1 por cento, para 396,6 mil milhões de dólares.

Os representantes comerciais dos dois países dialogaram desde que o Presidente norte-americano, Joe Biden, assumiu o cargo em Janeiro, mas ainda não anunciaram uma data para retomar as negociações presenciais.

As exportações para os Estados Unidos aumentaram 27,5 por cento, em relação a 2020, para 576,1 mil milhões de dólares. As importações chinesas de produtos norte-americanos aumentaram 33,1 por cento, para 179,5 mil milhões de dólares.

Em Dezembro, o excedente comercial mensal da China com os Estados Unidos aumentou 31,1 por cento, em relação ao ano anterior, para 39,2 mil milhões de dólares, depois das exportações terem subido 21,1 por cento, para 56,4 mil milhões de dólares, enquanto as importações aumentaram 3,3 por cento, para 17,1 mil milhões de dólares.

Este mês, as exportações da China provavelmente vão abrandar, devido ao congestionamento nos portos, onde o país impõe medidas de prevenção contra o coronavírus, e às mudanças na procura global, à medida que os transportadores eliminam os atrasos, previu o analista Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics.

“Estimamos que os volumes de exportação sejam menores até ao final deste ano”, disse Evans-Pritchard, num relatório.

As importações chinesas em 2021 aumentaram 30,1 por cento, para 2,7 biliões de dólares, à medida que a segunda maior economia do mundo recuperou da pandemia.

O crescimento económico enfraqueceu no segundo semestre do ano, quando Pequim lançou uma campanha para reduzir o excesso de dívida no sector imobiliário, mas os gastos dos consumidores ficaram acima dos níveis pré–pandemia.

A actividade manufatureira subiu, em Dezembro, mas os novos pedidos de exportação contraíram, de acordo com uma análise do gabinete de estatísticas do governo e de um grupo do setor, a Federação Chinesa de Logística e Compras.

Os exportadores chineses beneficiaram com a permissão para retomar a actividade no início de 2020, enquanto os concorrentes estrangeiros enfrentaram restrições, devido à covid-19.

Esta vantagem foi mantida em 2021, à medida que outros governos renovaram as medidas de contenção em resposta à disseminação de novas variantes do vírus.

Altos valores

Mais recentemente, no entanto, a China respondeu a surtos dentro das suas próprias fronteiras impondo medidas de confinamento e restrições nas deslocações internas, o que está a prejudicar os serviços logísticos.

O excedente comercial global da China no ano passado está entre os mais altos alguma vez registados por qualquer economia, segundo economistas.

A única comparação em termos percentuais é a Arábia Saudita e outros exportadores de petróleo durante o ‘boom’ de preços, na década de 1970, mas as suas receitas totais foram menores.

O excedente comercial prejudicou a capacidade do banco central da China de gerir a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, que subiu para o valor máximo, em vários anos, em relação ao dólar norte-americano, à medida que o dinheiro fluiu para o país.

17 Jan 2022

Economia | Inflação estabiliza na China apesar de aumento dos preços a nível global

A China registou um abrandamento da inflação em 2021, contrariando a tendência observada em outras grandes economias, e abrindo possibilidades para uma redução das taxas de juros, numa altura em que a dívida do sector imobiliário gerou riscos financeiros.

Em 2021, a inflação na China cresceu 0,9 por cento, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas, o que representa uma diminuição significativa, em comparação com a taxa de 2,4 por cento registada em 2020, quando a actividade económica do país foi afectada pela pandemia da covid-19, sobretudo no primeiro trimestre.

Em contraste, nos países da zona do euro e nos Estados Unidos, a pressão inflacionista é fonte de preocupação. Recuperar a estabilidade dos preços está “no topo da lista de prioridades”, disse, na terça-feira, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, justificando antecipadamente um aumento das taxas de juros, previsto já para este ano nos Estados Unidos.

A tendência de abrandamento da inflação na China pode ser explicada, em parte, pela queda dos preços dos alimentos.

A queda é significativa para a carne suína (-36,7 por cento), de longe a principal fonte de proteína animal na gastronomia chinesa. O preço da carne de porco duplicou, nos últimos anos, devido a surtos de peste suína africana que dizimaram milhões de animais no país. Os preços voltaram a cair, em 2021, à medida que a criação de porcos doméstica recuperou.

As autoridades desencadearam compras preventivas, no início de Novembro, após pedirem à população que acumulasse reservas de alimentos, numa altura em que vários surtos de covid-19 motivaram medidas de confinamento.

O Índice de Preços ao Produtor, um indicador da inflação nas vendas por atacado, subiu, em média, 8,1 por cento, em 2021, depois de terem caído 1,8 por cento, em 2020.

Os preços ao produtor “devem continuar a cair nos próximos meses”, disse a analista Sheana Yue, da consultora Capital Economics. “Mas as medidas de prevenção epidémica podem suscitar mais interrupções nas cadeias de abastecimento”, alertou.

Cerca de 20 milhões de habitantes foram colocados em quarentena nas últimas semanas em três cidades da China após serem diagnosticados casos de covid-19. O país mantém uma política de “zero covid-19” que suscita bloqueios imediatos quando são detectados surtos.

Ultrapassar obstáculos

A queda nos preços “aumentou a probabilidade de um pequeno corte nas taxas de juros do banco central” para apoiar uma economia em dificuldades, defendeu o analista Lu Ting, do banco de investimento Nomura.

Especialmente porque a recuperação da epidemia na China “representa riscos adicionais para a economia”, alertou o economista Zhiwei Zhang, da Pinpoint Asset Management, também prevendo uma redução nas taxas.

A China recuperou amplamente do choque inicial da pandemia, mas surtos esporádicos de covid-19 em todo o território continuam a interromper a actividade económica.

A recuperação também está a ser afectada pelo aumento no preço das matérias-primas e uma crise no mercado imobiliário. A construtora Evergrande, uma das maiores do país, está à beira da falência, com um passivo de cerca de 260 mil milhões de euros.

A construção e o sector imobiliário respondem por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) da China e servem como motores para outros sectores, como o aço e móveis.

O aumento do custo da mão de obra, matérias-primas e energia também está a pressionar as empresas da segunda maior economia do mundo e a pesar sobre o consumo.

Para sustentar a actividade, Pequim já baixou em Dezembro a taxa de reserva obrigatória dos bancos, ou seja, a parcela dos depósitos que os bancos devem manter nos seus cofres. O banco central também baixou pela primeira vez em dois anos uma taxa de referência para empréstimos.

13 Jan 2022

Crescimento da China abranda no terceiro trimestre com crises na construção e na energia

O ritmo de crescimento da economia chinesa abrandou, no terceiro trimestre, com a crise na construção e as restrições oficiais sobre o uso de energia pelas fábricas a pesarem na recuperação do país, foi hoje anunciado.

A segunda maior economia do mundo cresceu 4,9%, em relação ao mesmo período do ano anterior, nos três meses entre junho e setembro, quando no trimestre anterior tinha registado uma subida de 7,9%, de acordo com os dados do Governo chinês.

A produção nas fábricas, as vendas no retalho e o investimento na construção e em outros ativos fixos enfraqueceram.

O crescimento enfrenta pressão devido a uma vasta campanha reguladora, à medida que Pequim tenta tornar a economia chinesa energeticamente mais eficiente e reduzir o galopante aumento da dívida, pública e privada, para evitar problemas financeiros.

O setor manufatureiro foi prejudicado pela escassez de ‘chips’ de processador e outros componentes, devido à pandemia da covid-19.

Na comparação com o trimestre anterior, a produção no período entre julho e setembro praticamente estagnou, expandindo-se apenas 0,2%.

Este valor foi inferior ao registado no período entre abril e junho, de 1,2%, um dos mais fracos dos últimos dez anos.

“O crescimento vai desacelerar ainda mais”, disse Louis Kuijs, da consultora Oxford Economics, num relatório.

O analista argumentou que os “números de crescimento fracos” devem levar Pequim, nos próximos meses, a aliviar o controlo sobre o crédito e a impulsionar a atividade económica, incentivando a construção de infraestruturas.

A construção, que sustenta milhões de empregos na China, desacelerou, desde que os reguladores aumentaram o controlo, no ano passado, sobre o endividamento das empresas.

Uma das maiores construtoras, a Evergrande Group, está a lutar para cumprir o pagamento de juros sobre títulos de dívida que ascendem a milhares de milhões de dólares.

Isto alimentou receios de que o colapso da empresa se possa alastrar a outras construtoras, embora economistas tenham afirmado que a ameaça para os mercados financeiros globais é pequena.

O setor manufatureiro foi prejudicado pela redução no fornecimento de energia, imposto por algumas províncias, para evitar exceder as metas oficiais de eficiência energética.

A produção nas fábricas abrandou, em setembro, ao expandir apenas 0,05%, em comparação com o mês anterior.

Isto ficou abaixo do crescimento de 7,3% nos primeiros nove meses do ano.

Os analistas do setor privado reduziram as perspetivas de crescimento da economia chinesa, para este ano, embora ainda esperem um aumento de cerca de 8%, o que estaria entre os mais fortes do mundo.

A meta oficial do Partido Comunista Chinês é “acima de 6%”, o que deixa espaço para Pequim manter a campanha reguladora.

“A perspetiva de curto prazo para a economia da China, no quarto trimestre, continua a ser difícil, devido ao impacto da contínua escassez de energia no inverno e à desaceleração contínua no setor imobiliário”, disse Rajiv Biswas, da consultora IHS Market, num relatório.

“O setor imobiliário continua a ser atingido por incertezas, relacionadas com problemas de dívida da Evergrande e temores de contágio noutras empresas de imobiliário”.

Os números deste ano são exagerados pela comparação base com 2020, quando fábricas e retalhistas foram fechados, devido às medidas de confinamento.

No primeiro trimestre de 2021, a economia chinesa cresceu um recorde de 18,3%. Em setembro, o crescimento das vendas do retalho abrandou 4,4%, em relação ao ano anterior.

Os investimentos em imóveis, fábricas, habitação e outros ativos fixos aumentaram 0,17, em setembro, depois de terem aumentado 7,3%, nos primeiros nove meses.

As vendas de automóveis caíram 16,5%, em setembro, em relação ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com a Associação de Fabricantes de Automóveis Chinesa. O grupo afirmou que a produção foi interrompida pela falta de ‘chips’ de processador.

As importações, um indicador da procura interna chinesa, aumentaram 17,6%, em setembro, em relação ao ano anterior, mas isso representou apenas metade do crescimento de 33% registado no mês anterior.

18 Out 2021

Alto quadro de Wall Street reuniu na China com vice-primeiro-ministro

John Thornton, um alto quadro de Wall Street, esteve seis semanas na China, onde se reuniu com o vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng, no final de Agosto, avançou hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

O alegado acesso permitido pelas autoridades chinesas a Thornton – atual diretor executivo da mineradora de ouro Barrick Gold e ex-presidente do banco de investimentos Goldman Sachs – é inédito, no quadro das restrições impostas às entradas no país, devido à pandemia da covid-19.

Os poucos dignitários estrangeiros que visitaram a China desde o início da pandemia foram recebidos em outras cidades da China que não Pequim.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se rapidamente nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, incluindo no comércio e tecnologia ou sobre os Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong e a soberania do Mar do Sul da China.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns.

A visita de Thornton não foi anunciada pelas autoridades chinesas ou pela imprensa oficial, mas ocorre num período de debate sobre o impacto da campanha regulatória lançada pelo Governo chinês contra várias indústrias.

Investidores como George Soros passaram a excluir a China como um destino para investimentos, apontando que o país está a retroceder nas reformas económicas adoptadas no final dos anos 1980.

A fonte anónima citada pelo SCMP comparou a visita à viagem secreta, em 1971, de Henry Kissinger, então assessor para a Segurança Nacional do presidente norte-americano Richard Nixon, que lançou as bases para o estabelecimento de relações bilaterais entre os dois países.

Thornton, que é co-presidente do Conselho para os Assuntos Financeiros EUA – China, passou três semanas em Xangai, a “capital” económica da China, antes de ir para Pequim, onde se encontrou com Han, um dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista da China, a cúpula do poder na China.

Han disse a Thornton que a China quer “retomar a cooperação” entre as duas potências, desde que Washington trate Pequim “como igual”.

O vice-primeiro-ministro garantiu que não vai ser possível melhorar as relações, se o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, continuar a política do antecessor, Donald Trump, contra a China, mesmo que tente, em simultâneo, cooperar em áreas como a luta contra as alterações climáticas.

Thornton também se encontrou, em Pequim, com o emissário do Governo chinês para as questões ambientais, Xie Zhenhua, dias antes de uma visita à China do homólogo norte-americano, John Kerry.

Segundo a mesma fonte, durante o encontro com Han, Thornton afirmou que Kerry – que voltará a visitar o país asiático nas próximas semanas – não é apenas o homem de referência dos Estados Unidos para a cooperação climática, mas para a relação entre Washington e Pequim. Segundo o SCMP, Thornton terá também visitado a região de Xinjiang, no noroeste da China.

27 Set 2021

Previstos atrasos na recuperação da economia chinesa devido a vírus e inundações

Depois da acelerada recuperação económica sentida nos últimos meses, as previsões para a segunda metade do ano são menos favoráveis. Inundações de Verão e novos surtos provocados pela variante delta do novo coronavírus são as principais razões para a provável desaceleração do crescimento da economia

 

O crescimento da economia chinesa deve abrandar, no segundo semestre do ano, devido às enchentes de Verão e às medidas de prevenção contra o novo coronavírus, apontou ontem fonte do Governo chinês.

A economia chinesa segue uma “tendência de recuperação” em relação à desaceleração induzida pela pandemia, no ano passado, mas deve enfraquecer, após um primeiro semestre relativamente forte, admitiu Fu Linghui, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país. “A principal tendência de crescimento económico deste ano será de abrandamento após aceleração”, observou Fu, em conferência de imprensa.

Fu não avançou com uma previsão de crescimento. Analistas do sector privado dizem que a segunda maior economia do mundo deve atingir um crescimento homólogo de 8 por cento, já que 2020 ficou marcado por uma desaceleração no crescimento, devido à pandemia da covid-19.

As vendas a retalho em Julho subiram 8,5 por cento, face aos 12,1 por cento no mês anterior, embora o consenso dos analistas fosse de que chegaria a 11,5 por cento.

“O impulso de crescimento enfraqueceu drasticamente”, observou num relatório Louis Kuijs, analista da Oxford Economics.

Cheias e surtos

A economia chinesa foi afectada por inundações de Verão excepcionalmente severas, que paralisaram cidades inteiras no centro do país, em Julho, resultando em centenas de mortos e pesados prejuízos.

As últimas semanas ficaram também marcadas por surtos da variante delta do novo coronavírus em várias províncias do país, o que levou as autoridades a voltarem a impor medidas de confinamento e controlo sobre as viagens domésticas e negócios.

“Devido à abordagem de ‘tolerância zero’ da China em relação à covid-19, futuros surtos continuarão a representar um risco significativo para as perspectivas” económicas, disse Kuijs.

O Governo chinês informou anteriormente que o crescimento económico abrandou para 7,9 por cento, no segundo trimestre do ano. Entre Janeiro e Março, a economia registou um crescimento de 18,3 por cento – o número beneficia do efeito de base na comparação com o período homólogo, quando a actividade económica da China foi suspensa, devido à pandemia.

Fu Linghui expressou confiança de que as perspectivas de longo prazo são positivas. “A economia vai manter uma recuperação estável”, disse o responsável, acrescentando que “a qualidade do desenvolvimento vai continuar a melhorar”.

17 Ago 2021