Europa | Durão Barroso em almoço com cônsul e Ho Iat Seng

O ex-primeiro ministro português Durão Barroso visitou Macau e encontrou-se com o Chefe do Executivo e o cônsul-geral de Portugal. O ex-presidente da Comissão Europeia realçou a obrigação de preparação para novas pandemias e sublinhou a necessidade de Macau preservar a herança cultural portuguesa

 

Sem aviso prévio, e fora da agenda mediática, José Durão Barroso visitou Macau e almoçou com Ho Iat Seng, Alexandre Leitão, Raimundo do Rosário e Ambrose So.

O ex-primeiro ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia realçou a vontade do Governo de Macau em preservar e valorizar as especificidades do território devido à ligação a Portugal.

“Macau não é mais uma cidade chinesa, isso há muitas. Macau é uma região administrativa especial. Além disso, diz-me o sr. Chefe do Executivo, é importante manter essa especificidade da herança cultural portuguesa aqui em Macau”, afirmou Durão Barroso, citado pelo Canal Macau da TDM.

O ex-governante, que hoje em dia preside à Aliança Global para as Vacinas, destacou ainda o facto de a primeira viagem oficial de Ho Iat Seng enquanto Chefe do Executivo ser a Portugal, que encara como uma “tradição” que representa “um bom sinal”.

De forma breve, Durão Barroso mencionou o período em que participou nas negociações da transição, enquanto ocupava o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, e mostrou-se impressionado “pelo extraordinário progresso económico do território”, que continua a demonstrar grande dinamismo, mesmo depois do “período difícil” devido ao impacto da pandemia.

Apenas a primeira

Enquanto presidente da Aliança Global para as Vacinas, iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, Durão Barroso alertou para a necessidade de o mundo se preparar para novos desafios pandémicos.

“É evolucionariamente seguro que vamos ter mais pandemias. O covid-19 não é, infelizmente, a última pandemia da história. Temos de estar preparados. Espero que se tirem todas as lições desta pandemia”, apontou o ex-governante, citado pelo Canal Macau da TDM.

Durão Barroso afirmou ainda a necessidade de preparação ao nível da capacidade científica e médica, com a produção de novas vacinas, mas também de armazenamento de equipamentos de protecção pessoal, deficiências de preparação demonstradas na pandemia da covid-19.

No que diz respeito às relações entre a União Europeia e a China, o ex-presidente da Comissão Europeia defendeu que é preciso manter a “cooperação e diálogo entre todas as partes, apesar das diferenças que existem.

21 Fev 2023

10 Junho | Língua portuguesa “merecia ser mais conhecida”, defende Durão Barroso

O antigo primeiro-ministro português e actual presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), Durão Barroso, acredita que a língua portuguesa merecia ser “mais conhecida” como “segunda língua”, assumindo que o interesse tem vindo a crescer.

Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, fará o discurso de boas-vindas na iniciativa “Europa. As suas línguas. Portugal e a sua língua no mundo”, organizada pelo programa “Europanetzwerk Deutsch” do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, e administrada pelo Instituto Goethe, que terá lugar, virtualmente, em 23 de junho.

“É uma língua importante, é uma das maiores línguas do Ocidente, logo a seguir ao inglês e ao espanhol. Mas acho que é uma língua que merecia ser mais conhecida como segunda língua, como língua de cultura. Felizmente, nos últimos anos, houve um interesse maior pelas língua e cultura portuguesa”, assumiu, em declarações à agência Lusa.

“O português é uma língua pluricontinental, em que o maior acionista da língua está na América do Sul, na América Latina, o acionista fundador está na Europa, mas o maior número de acionistas está em África, são cinco países de língua oficial portuguesa. E ainda podíamos falar de Timor-Leste, ou de Macau”, salientou, realçando a importância do português no mundo.

Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia de 2004 a 2014, admitindo que o ajudou muito, durante o seu percurso profissional, falar vários idiomas.

“Na União Europeia, uma das coisas que mais me ajudou quando estava a negociar com 28 governos (ainda antes do ‘Brexit’) era estar a seguir, não apenas a tradução, mas a própria língua. Estava também a pensar no modo de se conseguir um compromisso porque a linguagem às vezes é obstáculo, às vezes é solução. Com uma formulação diferente podemos encontrar uma conciliação, uma solução para um problema, às vezes político”, salientou.

O antigo líder do Governo português reconheceu que a comunicação a nível global “repousa muito no inglês”, não vendo isso como um problema, “muito pelo contrário”. Esta “língua veicular” não deve, defendeu, anular o pluralismo das línguas que existem em todo o mundo.

“Uma língua não é apenas um instrumento, é mais do que isso, é uma visão do mundo, é uma abertura para o mundo. Por exemplo, na União Europeia, que atualmente tem 24 línguas oficiais (…) temos uma riqueza enorme do ponto de vista linguístico e do ponto de vista cultural”, frisou.

Barroso reconheceu que a língua “traz sempre alguma proximidade”, mesmo no que toca à gestão da pandemia de covid-19.

“Há sempre uma proximidade linguística. Não é por acaso que o primeiro-ministro português disse que vai partilhar com países de língua portuguesa doses da vacina que tenha em excesso, nomeadamente em África. Não é por acaso que a ministra dos negócios estrangeiros espanhola, e o Governo espanhol, irão partilhar doses da vacina com países da América Latina”, realçou.

Como presidente da GAVI há seis meses, Durão Barroso dá o seu exemplo, explicando que “talvez não seja por acaso que os líderes de alguns países de língua portuguesa” sejam daqueles com quem mais tem falado, “porque sentem uma proximidade”, dando o exemplo do Brasil.

“A língua, mesmo com países distantes, torna esses países mais próximos de nós. Há uma ligação entre língua e perceção da distância física”, apontou.

A iniciativa “Europa. As suas línguas. Portugal e a sua língua no mundo”, que decorre em 23 de junho, surge no contexto da presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, que termina em 30 de junho.

10 Jun 2021

Durão Barroso afirma que UE tem de lidar “de forma mais inteligente” com o tema das migrações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, actual presidente não executivo do Goldman Sachs, defendeu que a União Europeia tem de “lidar de forma inteligente” com o tema das migrações, considerando-as decisivas para o ‘Brexit’.

“A política migratória da União Europeia não pode ser uma decisão tomada lá longe, em Bruxelas, tem de ser lidada de uma forma mais inteligente. Temos toda a capacidade para integrar os refugiados, temos de ser abertos e humanitários, mas temos de assumir que não podemos aceitar toda a gente; para haver liberdade de movimentos dentro da UE, temos de ser credíveis a defender as fronteiras externas”, defendeu Durão Barroso numa das suas intervenções no plenário de abertura da Conferência Global da Horasis, que decorre até terça-feira no Estoril, no concelho de Cascais.

“Temos de ser realistas e dizer que sim, mantemo-nos abertos, mas ao mesmo tempo temos de mostrar que somos capazes de controlar os fluxos ilegais”, disse o antigo líder europeu.

O tema das migrações atravessou todo o debate desta tarde e foi apontado por Barroso como uma das principais motivações para a escolha dos britânicos de saírem da União Europeia.

“A imigração foi um tema central, foi uma das principais motivações na decisão dos eleitores de escolherem o ‘Brexit’, e quando vemos a importância deste tema [em eleições] em dois mais tradicionalmente abertos países do mundo, os Estados Unidos e o Reino Unido, percebemos que é o tema do momento”, vincou o antigo primeiro-ministro português.

O antigo embaixador dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU) John Negroponte e o empresário Vijay Eswaran participaram também na sessão.

Num debate sobre os grandes temas atuais, desde os nacionalismos ao protecionismo económico, passando pela importância de África como reserva de crescimento mundial e a instabilidade crónica no Médio Oriente, a plateia quis saber se as democracias estão mais bem preparadas para lidar com estes desafios do que os regimes autoritários, e os palestrantes concordaram.

“As democracias estão mais bem equipadas do que os regimes autoritários, que muitos pensam que são fortes, mas são na verdade fracos, podem ruir de um dia para o outro”, disse Barroso, lembrando a revolução de 25 de abril de 1974 em Portugal.

Questionado sobre a Hungria e a Polónia, o antigo presidente da Comissão Europeia assumiu estar “preocupado com o Estado de direito nalguns países”, mas salientou que “as sociedades e o ambiente europeu são suficientemente fortes para impedir que esses países vão em mau caminho”.

O que é fundamental, concluiu, “é um diálogo honesto, porque é mau afastar os países para um canto, isso só reforça o nacionalismo, e as críticas têm de ser feitas de forma inteligente, porque só há pouco tempo a democracia foi instaurada e o receio de intervenção de um poder externo é um pensamento muito presente”.

7 Mai 2018

Provedora Europeia quer reavaliar contratação de Barroso pelo Goldman Sachs

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Provedora de Justiça Europeia, Emily O’Reilly, recomendou que a contratação de Durão Barroso pelo Goldman Sachs seja reavaliada pelo comité de ética da Comissão Europeia, após um encontro do ex-presidente com o comissário Katainen. “Depois de um ano de inquérito, e à luz do recente encontro entre o antigo presidente da Comissão [José Manuel Durão Barroso] e um actual vice-presidente da Comissão Europeia [Jirky Katainen], registado como uma reunião oficial com o Goldman Sachs, a ‘Ombudsman’ (provedora) recomenda que o caso seja reenviado para o Comité de Ética da Comissão”, considerou O’Reilly, num documento a que a Lusa teve ontem acesso.

A Provedora considerou que o comité de ética poderá reavaliar se a contratação de Durão Barroso pelo Goldman Sachs Internacional é compatível com os seus deveres ao abrigo do artigo 254″ do Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE). Ao executivo comunitário é ainda aconselhado que “considere requerer ao seu antigo presidente que se abstenha de fazer lóbi junto da Comissão durante alguns anos”. Bruxelas tem até dia 6 de Junho para responder à provedora.

As recomendações da provedora têm em conta a divulgação de um encontro entre Barroso e Katainen em Outubro de 2017, sublinhando que o executivo comunitário — após nova consulta ao Comité de Ética por causa do compromisso assumido por Barroso de não fazer actividade de lóbi — tome uma decisão formal sobre se a contratação pelo banco norte-americano viola o referido artigo do TFUE.

Por outro lado, a ‘Ombudsman’ sugere que pessoas que exercem cargos de conselheiros especiais não possam integrar o comité e que as opiniões deste, bem como as decisões tomadas em função dos pareceres sejam tornadas públicas. Finalmente, O’Reilly sugere que o “período de notificação” previsto no Código de Conduta seja prolongado por vários anos, de modo a que haja informação sobre todas as novas funções de antigos comissários, podendo Bruxelas reagir se necessário.

Face à polémica provocada pelo anúncio da ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs, em 2016, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, solicitou um parecer ao então Comité de Ética ‘ad hoc’ – agora Comité Independente de Ética – do executivo comunitário, que concluiu que o antigo presidente não violou as regras, ainda que tenha demonstrado falta de “sensatez”. Segundo o comité de ética, Durão Barroso “não demonstrou a sensatez que se poderia esperar de alguém que ocupou o cargo de presidente durante tantos anos”, mas “não violou o seu dever de integridade e discrição”. A controvérsia reacendeu-se em Fevereiro, com a revelação do encontro, em Outubro passado, entre Barroso e Katainen, tendo ambos desmentido qualquer actividade de lóbi.

16 Mar 2018