Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Menos de 30% dos idosos em Pequim com dose de reforço A relutância dos mais velhos em se vacinarem justifica, segundo as autoridades, a manutenção da estratégia de zero casos. Os idosos, por sua vez, não sentem necessidade de se vacinarem devido ao baixo número de casos Menos de 30 por cento das pessoas com mais de 80 anos em Pequim receberam uma dose de reforço da vacina contra a covid-19, afirmaram ontem as autoridades locais, numa altura em que a capital chinesa enfrenta novo surto. Dois pacientes internados em estado grave, de 52 e 89 anos, estão entre os que não receberam a terceira dose, explicou o vice-director do Centro de Controlo de Doenças da cidade, Liu Xiaofeng, citado pela imprensa local. Liu observou a proporção baixa de pessoas com mais de 60 anos que receberam uma dose de reforço e instou os residentes idosos a vacinarem-se o “mais rápido possível”. Pequim tem mais de 21 milhões de habitantes, cerca de 600.000 dos quais têm idade superior a 80 anos, considerada a faixa etária com mais risco de sofrer doença grave ou morte pelo coronavírus SARS-CoV-2. O actual surto na capital da China fez mais de 3.000 infectados e três mortos. Foram os primeiros óbitos por covid-19 registados no país em seis meses. Os habitantes de Pequim têm de fazer testes PCR a cada 48 horas, já que a entrada em locais públicos exige a apresentação de um resultado negativo. A baixa taxa de vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas também um dos mais relutantes em se vacinar, é apontada pelas autoridades como um dos motivos para manter a actual estratégia, que contrasta com o resto do mundo. Em expansão O país asiático enfrenta actualmente um dos maiores surtos de covid-19 desde o início da pandemia, com surtos activos em quase todas as províncias. Segundo dados oficiais difundidos este mês, 86 por cento dos chineses com mais de 60 anos receberam o esquema vacinal completo, embora a percentagem diminua no grupo com mais de 80 anos (65,7 por cento). A proporção de idosos com mais de 80 anos que recebeu a dose de reforço, a nível nacional, é de 40 por cento. Os idosos chineses não sentem urgência em vacinar-se, já que o número de casos permanece relativamente baixo devido às restritivas medidas de prevenção epidémica vigentes no país. A estratégia chinesa inclui o bloqueio de cidades inteiras, a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020. Estas medidas têm um alto custo económico e social e são fonte de forte descontentamento popular, gerando por vezes confrontos violentos entre moradores e funcionários de saúde. O país asiático relatou quase 30.000 novos casos, entre terça e quarta-feira. Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.231 pessoas na China devido ao novo coronavírus.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCasinos | Acções afundam empurradas por defesa de covid zero Um artigo de opinião publicado no Diário do Povo assegurou que a política dinâmica de zero casos é para manter no futuro. O texto levou alguns investidores a desfazerem-se das acções das operadoras de jogo que operam em Macau As acções das concessionárias de Macau afundaram na Bolsa de Hong Kong depois do registo de casos positivos de covid-19 em Zhuhai e da publicação de um artigo no Diário do Povo a afastar a possibilidade de terminar a “política dinâmica de zero casos”. Quando a sessão na bolsa fechou, a empresa que mais perdeu foi a MGM China, com uma queda de 5,10 por cento e as acções a valerem, à hora do fecho do mercado, 4,09 dólares de Hong Kong. A tendência negativa foi seguida pelas outras concessionárias com as acções de Sands China, Wynn Macau, Galaxy e SJM a desvalorizarem 4,58 por cento, 4,45 por cento, 3,34 por cento e 2,289 por cento, respectivamente. À altura de fecho do mercado, as acções destas quatro concessionárias valiam entre 2,69 e 44,9 dólares de Hong Kong. A empresa com maior resistência à queda foi a Melco International, com uma desvalorização de 2,86 por cento, para 5,79 dólares de Hong Kong por cada acção. A bolsa de Hong Kong acompanhou a tendência que tinha sido verificada na bolsa dos Estados Unidos, onde as empresas ligadas às operadoras de jogo foram ainda mais penalizadas. À hora do encerramento da Bolsa de Nova Iorque, na sessão de segunda-feira, as acções da Wynn Resorts tinham desvalorizado 10,15 por cento, da Melco 9,15 por cento, os títulos da Las Vegas Sands 8,52 por cento e da MGM Resorts 3,66 por cento. Política sustentável A quebra da confiança nas acções das operadoras do jogo foi motivada pelos casos recentes em Zhuhai, que geraram receios que a fronteira com Macau seja novamente fechada, e ainda devido a um artigo publicado no Diário do Povo, que garante que a política de zero casos é para manter. Segundo o artigo, a pandemia da covid-19 está activa no Interior em “vários pontos e áreas amplas”, o que faz com que haja “numerosas áreas de médio e alto risco”. Por isso, no diário, que é visto como a voz do Partido Comunista, foi defendido que “mais do que nunca” as pessoas precisam de perceber que a “política dinâmica de zero casos é sustentável e deve ser seguida”, para permitir o “controlo científico e preciso” da situação. No mesmo sentido, a covid-19 é definida como “o grande teste” da nação, e é explicado que apenas com o controlo da pandemia vai ser possível estabilizar a situação económica, fazer a vida quotidiana regressar à tranquilidade e alcançar o desenvolvimento económico e social. Ainda como forma de justificar o elevado custo económico da política de zero casos é argumentado que só com esta política foi possível encontrar um bom equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a reduzida taxa de mortalidade.