Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul instala partes sistema antimíssil norte-americano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou ontem ter instalado partes do controverso sistema de defesa antimíssil norte-americano, um dia depois da Coreia do Norte ter exibido o seu poderio militar, com exercícios de artilharia com fogo real. Em comunicado, a Coreia do Sul indicou que partes não especificadas do sistema defesa antimíssil norte-americano (THAAD) foram implantadas, e que Seul e Washington têm impulsionado o andamento dos trabalhos de modo a que esteja operacional em breve para lidar com as ameaças por parte de Pyongyang. A agência noticiosa sul-coreana Yonhap detalhou que foram instalados seis lançadores, incluindo alguns para serem usados para interceptar mísseis e pelo menos um radar. O trabalho com vista à montagem ainda este ano do sistema defesa antimíssil norte-americano desagradou a Coreia do Norte, mas também a China e a Rússia. Seul, à semelhança de Washington, garante que tem objectivos meramente defensivos, mas Pequim, por exemplo, considera que o THAAD e o seu potente radar têm capacidade para reduzir a eficácia dos seus sistemas de mísseis. A Coreia do Norte realizou exercícios de artilharia com fogo real de grande dimensão na terça-feira por ocasião do 85.º aniversário do seu exército, segundo Seul. Fontes do Governo sul-coreano, citadas pela agência Yonhap, indicaram na terça-feira que se acredita que o simulacro, realizado perto da cidade de Wonsan, pode ter sido um dos maiores exercícios com fogo real levado a cabo até à data pela Coreia do Norte.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang em “ponto sem retorno” se fizer teste nuclear [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) advertiu ontem a Coreia do Norte de que vai entrar num “ponto sem retorno” se efectuar um novo teste nuclear, face à crescente tensão com Washington. “Se a Coreia do Norte realizar o sexto teste nuclear, como se espera, o mais provável é que a situação chegue a um ponto sem retorno”, avisou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Os Estados Unidos ameaçaram já lançar um ataque preventivo, em resposta ao programa nuclear do regime de Kim Jong-un. Todas as partes “assumirão as consequências”, mas será Pyongyang a “sofrer as maiores perdas”, considerou o Global Times, um dia depois do Presidente chinês, Xi Jinping, pedir contenção ao homólogo norte-americano, Donald Trump. O jornal alertou ainda Pyongyang para “sanções sem precedentes” da ONU e um ataque lançado por Washington contra instalações militares e nucleares norte-coreanas, que vão forçar o país a “tomar uma decisão de vida ou morte”. “A última coisa que a China quer ver” é a Coreia do Norte nesta circunstância ou o início de uma guerra, sublinhou o jornal, que destacou a “influência limitada” de Pequim sobre o país vizinho. Missão impossível “Washington espera que Pequim contenha Pyongyang (…), como se isso fosse assim tão fácil, como dizer ‘abracadabra’. A Coreia do Norte, por outro lado, espera que a China pressione os Estados Unidos e a Coreia do Sul, para que detenham as ameaças de guerra. Pequim não pode satisfazer ambos”, escreveu. O jornal aconselhou o regime norte-coreano a “ser flexível” neste momento, louvando o desenvolvimento independente após a Guerra da Coreia (1950-53) e a soberania do país, “muito maior” do que a do vizinho do Sul. “Dar um pequeno passo atrás facilitará a solução do conflito. Isso não significa ser cobarde, mas sim valente para enfrentar o desafio de maneira diferente”, considerou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCoreia do Norte | China pede contenção aos Estados Unidos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente Xi Jinping apelou a “contenção” sobre a questão norte-coreana durante uma conversa ao telefone com o homólogo norte-americano, Donald Trump. A troca de impressões, mantida ontem de manhã, acontece numa altura em que um contingente de navios militares, liderado pelo porta-aviões Carl Vinson, anda em águas asiáticas. O telefonema foi feito com uma preocupação crescente em mente: teme-se que Pyongyang leve a cabo outro ensaio nuclear ou um teste com mísseis para assinar o 85.o aniversário da fundação do Exército Popular Coreano. A efeméride assinala-se hoje. A China “espera que as partes envolvidas possam manter a contenção e evitar acções que possam aumentar a tensão na Península Coreana”, disse Xi Jinping, citado por um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “A única forma de concretizar a desnuclearização da Península Coreana e de resolver rapidamente o problema nuclear da Coreia do Norte é se cada parte envolvida cumprir totalmente os seus deveres”, continuou o Presidente chinês. Foi a segunda conversa ao telefone entre os dois líderes desde o encontro no resort de luxo de Donald Trump, na Florida, no início deste mês. A conversa tinha sido previamente marcada e, dizem as agências internacionais de notícias, partiu da iniciativa do Presidente dos Estados Unidos. O pedido de Pequim em relação à necessidade de moderação por parte de Washington surge depois de, no sábado passado, o vice-presidente norte-americano Mike Spence ter anunciado que o porta-aviões Carl Vinson iria chegar, “numa questão de dias”, ao Mar do Japão, perto da Península Coreana. No domingo, o Carl Vinson juntou-se a outros navios de guerra para exercícios militares conjuntos com o Japão, no Mar das Filipinas. Mike Pence aproveitou ainda para reiterar os pedidos feitos a Pequim – o único grande aliado e o maior parceiro comercial de Pyongyang” – para que utilize a sua “posição única” para obrigar o regime de Kim Jong-un a ceder nas suas pretensões nucleares. “São recebidos com muito agrado os passos que temos visto a China dar, passos sem precedentes em muitas formas, aumentando a pressão económica na Coreia do Norte”, afirmou ainda o vice-presidente. “Acreditamos que a China pode fazer mais”, acrescentou. Em Fevereiro, a China anunciou que ia suspender todas as importações de carvão da Coreia do Norte – uma fonte de rendimentos essencial para Pyongyang – até ao final do ano. Pequim deixou ainda o aviso, já este mês, que um conflito com o regime de Kim Jong-un poderia rebentar “a qualquer momento”, numa altura em que Pyongyang ameaçava com uma resposta “sem misericórdia” a qualquer acção militar norte-americana. Varrer com eles A Coreia do Norte tem aumentado as ameaças nas últimas semanas, já depois do falhado teste de um míssil que coincidiu com o 105.o aniversário do nascimento do fundador do país, Kim Il-sung. Um recente artigo difundido pela agência oficial norte-coreana KCNA acusa Pequim de ceder às pressões de Washington, advertindo que a postura chinesa poderá ter “consequências catastróficas”. Um site oficial norte-coreano advertiu os Estados Unidos de que serão “varridos da face da Terra” se desencadearem uma guerra na península. Numa série de editoriais, o jornal Rodong Sinmun, porta-voz do partido único no poder, explica que as forças norte-coreanas não estão impressionadas com a chegada iminente do porta-aviões norte-americano, que constitui “uma chantagem militar sem disfarces”. As forças norte-coreanas estão prontas para “afundar o porta-aviões nuclear norte-americano com um único ataque”, escreveu o jornal. O site de propaganda Uriminzokkiri considera que o envio do Carl Vinson é uma declaração de guerra. “É a prova de que uma invasão da Coreia do Norte fica mais próxima todos os dias”, referiu. Num editorial apresentado como tendo sido escrito por um oficial do exército, o site alerta Washington para não confundir a Coreia do Norte com a Síria, que não lançou um “contra-ataque imediato” após um ataque dos Estados Unidos a uma base aérea síria no início do mês. Em caso de ataque à Coreia do Norte, “o mundo verá como os porta-aviões inconscientes de Washington são reduzidos a pedaços de aço e naufragam e como um país chamado América é varrido da face da Terra”, ameaça. Mike Pence, que terminou uma viagem à região, declarou, como outros responsáveis norte-americanos, que face às ambições nucleares norte-coreanas “todas as opções estão sobre a mesa”, incluindo a militar. Arigato a Trump Antes da conversa com Xi Jinping, Donald Trump esteve ao telefone com o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe. O tema da conversa foi o exercício militar conjunto em que participa o porta-aviões Carl Vinson e a Força Marítima de Auto-Defesa do Japão. “Disse-lhe que apreciamos muito as palavras e as acções dos Estados Unidos, que demonstram que todas as opções estão em cima da mesa”, disse o chefe de Governo aos jornalistas. “Concordamos totalmente com esta exigência de forte contenção por parte da Coreia do Norte que tem, reiteradamente, agido de forma provocatória e perigosa”, acrescentou Shinzo Abe. A demonstração da força naval nipónica reflecte a preocupação crescente de um ataque da Coreia do Norte. Alguns deputados do partido do poder em Tóquio pediram já ao primeiro-ministro que compre armamento capaz de lidar com os mísseis norte-coreanos, temendo um ataque iminente. A frota naval militar japonesa é a segunda maior da Ásia, logo a seguir à da China, mas é sobretudo constituída por contratorpedeiros. A imprensa japonesa tem dado conta de um receio da população em relação a um ataque nuclear da Coreia do Norte na região, que se tem traduzido na procura de abrigos nucleares e na compra de purificadores de ar capazes de bloquear as radiações. Grupo de norte-coreanos em risco de repatriamento Oito norte-coreanos que fugiram do país arriscam-se a serem repatriados depois de terem sido detidos, no mês passado, pela polícia chinesa. A denúncia foi feita ontem pelo grupo Human Rights Watch (HRW), que tem estado a ajudar os desertores. A organização não-governamental explica que as autoridades da China detiveram os oito norte-coreanos em meados de Março, durante uma operação de rotina numa estrada do nordeste do país. A detenção do grupo acontece numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos tem estado a pressionar Pequim para que aja de forma mais activa em relação a Pyongyang, por entre um clima de tensão em torno das intenções nucleares norte-coreanas. “Temos, neste momento, muitos relatos de sobreviventes que indicam que a administração de Kim Jong-un persegue aqueles que são obrigados a regressar à Coreia do Norte depois de terem partido ilegalmente. São sujeitos a tortura, violência sexual e trabalhos forçados – e ainda a pior”, afirmou em comunicado o vice-director para a Ásia da HRW. Phil Robertson pede à China que não repatrie os desertores. As Nações Unidas já condenaram o facto de Pequim recambiar os norte-coreanos que são encontrados em território chinês, alertando para o facto de o Governo Central estar a cometer uma violação da legislação internacional. A China contra-argumenta alegando que os desertores norte-coreanos são imigrantes ilegais que fugiram do país de origem por razões de natureza económica. Já a Coreia do Norte diz que se trata de criminosos e chama sequestradores a quem os ajuda a chegar à Coreia do Sul. Apelo aos Presidentes Os oito norte-coreanos em risco de repatriamento estavam na cidade de Shenyang, onde a polícia de trânsito os encontrou. Foram levados para a esquadra por não terem documentação válida. Um pastor cristão que ajuda desertores da Coreia do Norte na China – e que pediu à Reuters para ser identificado pelo pseudónimo Stephan Kim – contou que os homens lhe enviaram um vídeo em que pedem ajuda ao Presidente norte-americano Donald Trump e ao homólogo chinês Xi Jinping. O vídeo mostra o grupo dentro de um veículo, à porta de uma esquadra da polícia chinesa. São muitos os norte-coreanos que, todos os anos, tentam fugir do país natal. Porque a fronteira com o Sul é a mais protegida do mundo, a fuga faz-se, por norma, através da China, passando por outros países do Sudeste Asiático até chegar à Coreia do Sul. Cerca de 30 mil conseguiram chegar a Seul, muitos com a ajuda de grupos de direitos humanos sul-coreanos, de organizações religiosas e até de empresários.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte foi “isolada à força”, diz empresário espanhol [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] empresário espanhol León Smit, que organiza visitas à Coreia do Norte, diz que o país foi “isolado à força”, sendo “muito difícil” estabelecer relações comerciais com Pyongyang, sob o regime de Kim Jong-un. “É um país que foi isolado à força”, afirma à agência Lusa Smit, que em 2015 concluiu um mestrado em Política Internacional na Universidade de Yanbian, cidade chinesa situada na fronteira com a Rússia e a Coreia do Norte. O espanhol colabora actualmente com a KTG, agência de viagens fundada em 2008 e uma das raras especializadas em organizar visitas à Coreia do Norte. “Os norte-coreanos consideram-se abertos ao mundo, dispostos a estabelecer conversações e negociações com qualquer país”, diz. No entanto, “é muito difícil estabelecer relações comerciais com a Coreia do Norte”, acrescenta Smit. “Mesmo para nós, uma agência de viagens certificada, é por vezes complicado realizar transferências bancárias” com Pyongyang, revela, explicando que as companhias que oferecem aquele tipo de serviço bloqueiam qualquer movimento que envolva o país. Tensões antigas Tecnicamente, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul continuam em guerra e o armistício assinado em 1953, após quase quatro milhões de mortos, ainda não foi substituído por um tratado formal de paz. Desafiando as resoluções das Nações Unidas, o Governo de Pyongyang continua a testar mísseis de médio e longo alcance e a desenvolver um controverso programa nuclear. A própria China, que até há pouco tempo mantinha com a Coreia do Norte uma relação descrita como de “unha com carne”, tem-se progressivamente afastado do país, consciente de que este representa cada vez mais uma fonte de tensão regional e um embaraço para a diplomacia chinesa. Em Novembro passado, a ONU reforçou as mais duras sanções dos últimos 20 anos contra o regime dos Kim, limitando as exportações norte-coreanas de carvão, que tinham na China praticamente o único importador. O turismo tem assumido uma importância crescente como fonte de receitas para o país. As visitas organizadas pela KTG custam entre 800 e 1.695 euros e incluem o transporte de comboio de ida e volta a partir de Pequim, deslocações internas, hotéis e três refeições por dia. A estada varia entre 3 e 10 dias e inclui visitas até sete cidades e à montanha de Myohyang. Mas não foi sempre assim: “Nos primeiros anos da KTG, só se podia visitar um par de cidades, mas com o tempo foram abertos mais locais ao turismo, assim como zonas de diversão e desporto, parques naturais e quintas”, diz Smit. A KTG leva, em média, 500 turistas por ano a visitar a Coreia do Norte, a maioria europeus, mas também norte-americanos e australianos. “Inicialmente, eram sobretudo europeus mais velhos, que viveram durante a época da União Soviética e queriam ver com os seus próprios olhos um país que continua a ser soviético”, explica. Já os norte-americanos visitam a Coreia do Norte “por curiosidade”. Nos últimos anos, a maratona de Pyongyang passou também a atrair pessoas ligadas ao desporto. “Ao contrário do que muita gente pensa, viajar para a Coreia do Norte não é difícil de todo”, diz Smit. “O visto é feito ‘online’ e em menos de uma semana está pronto”. As visitas têm que ser feitas em grupo e sempre na companhia de um guia turístico. O espanhol lembra que “tecnicamente, o país continua em guerra, por isso, as medidas de segurança são mais fortes do que em outros lugares”. Questionado sobre se os norte-coreanos estão contentes com o regime, León Smit diz que “não é ninguém para englobar o ponto de vista de todo um povo”. “Mas, no geral, existe orgulho por se terem mantido uma nação independente durante todos estes anos, apesar das dificuldades”, conclui.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCrise na Coreia | Esforço diplomático pode prefaciar a guerra Estados Unidos, China, Japão, Rússia e Coreia do Sul ainda acreditam ser possível chegar a acordo com Pyongyang por via diplomática. Mas entre a política errática de Trump e os caprichos de Kim, há quem esteja à espera da guerra a qualquer momento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] último ensaio balístico da Coreia do Norte falhou – o míssil explodiu quatro segundos depois de levantar vôo – mas a comunidade internacional está, de uma forma ou de outra, a perder a paciência para o regime de Pyongyang. O vice-Presidente dos Estados Unidos declarou que a “era da paciência estratégica acabou” em relação à Coreia do Norte, perante a indisponibilidade do regime para eliminar armas nucleares e mísseis balísticos. Aos jornalistas que o acompanharam na visita à fronteira entre as duas Coreias, Mike Pence disse que o Presidente norte-americano, Donald Trump tem esperança que a China use a sua “influência extraordinária” para pressionar a Coreia do Norte a abandonar as armas. Mas Mike Pence recomendou ontem a Pyongyang para não testar a “determinação” de Donald Trump em relação aos programas balísticos e nucleares norte-coreanos. “É melhor para a Coreia do Norte não testar a determinação e o poder das Forças Armadas dos Estados Unidos nesta região”, disse Pence durante uma conferência em Seul em que esteve presente o chefe de Estado sul coreano, Hwang Kyo-Ahn. “Nas últimas duas semanas, o mundo testemunhou o poder e a determinação do nosso novo presidente [Donald Trump] com as operações lançadas na Síria e no Afeganistão”, declarou Mike Pence referindo-se aos ataques dos Estados Unidos contra o regime de Damasco e ao lançamento da bomba GPU-43 em território afegão. Tratar do problema à la Trump Donald Trump que na quinta-feira afirmou que o “problema” norte-coreano vai ser “tratado” já tinha anunciado o envio do porta-aviões norte-americano Carl Vinson para a península coreana, escoltado por três navios lança-mísseis e submarinos. No sábado, o regime da Coreia do Norte afirmou que o país está preparado para “responder à guerra total com a guerra total” e que um “ataque nuclear terá como retaliação um ataque nuclear”. Mike Pence está desde domingo na Coreia do Sul tendo-se deslocado hoje à zona de fronteira, uma das zonas mais militarizadas do mundo. “Nós destruiremos todos os ataques e vamos responder de forma esmagadora e eficaz a todo o tipo de utilização de armas convencionais ou nucleares”, disse também o vice-presidente norte-americano. Pence exortou a “comunidade internacional” a pressionar a Coreia do Norte. Por outro lado, Mike Pence, apesar de considerar positivas as posições de Pequim sobre a Coreia do Norte, acrescentou que os Estados Unidos estão “inquietos” em relação às medidas económicas adotadas pela República Popular da China contra a instalação do sistema antimíssil (THAAD) norte-americano na Coreia do Sul. Assim ou assado O vice-presidente norte-americano disse que os Estados Unidos e aliados vão atingir os seus objectivos através de “meios pacíficos ou, em última instância, quaisquer meios necessários” para proteger a Coreia do Sul e estabilizar a região. Mike Pence, qualificou hoje de “provocação” o lançamento falhado de um míssil efectuado horas antes pela Coreia do Norte, uma acção que fez prevalecer o clima de tensão na península coreana. “A provocação desta manhã do Norte é simplesmente o último acto dos riscos que cada um de vós enfrenta diariamente”, disse Pence Pence visitou uma base militar perto da Zona Desmilitarizada (DMZ), na fronteira coreana, Bonifas, onde se encontrou com militares e com as tropas norte-americanas ali estacionadas. Cerca de 28.500 militares norte-americanos estão actualmente estacionados na Coreia do Sul. A resposta será terrível A visita surge numa altura de particular tensão na península coreana. Na manhã de domingo, Pyongyang realizou um teste de um míssil de médio alcance, que explodiu entre quatro a cinco segundos depois de ser lançado, de acordo com um responsável da Casa Branca. No sábado, antes do desfile militar organizado para comemorar o 105.º aniversário do nascimento do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung, o “número dois” do regime norte-corano, Choe Ryong-hae, prometeu que a Coreia do Norte estava preparada para dar “uma resposta nuclear a qualquer ataque nuclear”. Pyongyang lança regularmente mísseis de curto alcance, mas está a desenvolver mísseis de médio e longo alcance para tentar atingir as tropas norte-americanas na Ásia e, eventualmente, território norte-americano. A Coreia do Norte realizou cinco testes nucleares, incluindo dois no ano passado. Imagens recolhidas por satélite sugerem que o país poderá estar pronto a efetuar um novo teste nuclar subterrâneo a qualquer momento. “A era da paciência estratégica acabou. Queremos ver a Coreia do Norte a abandonar o imprudente caminho de desenvolvimento de armas nucleares, e também o uso contínuo e teste de mísseis balísticos, que é inaceitável”, afirmou. Que a China nos valha Em paralelo, o conselheiro para a segurança nacional do Presidente norte-americano Donald Trump afirmou que os dirigentes chineses trabalham “estreitamente” com os EUA para resolver a questão nuclear norte-coreana. “Existe um consenso internacional, incluindo com os chineses e os dirigentes chineses, para dizer que a situação não pode durar”, declarou o general H. R. McMaster em entrevista à cadeia televisiva norte-americana ABC, a partir do Afeganistão, onde está deslocado. O militar sublinhou por diversas vezes a inquietação, segundo disse, dos dirigentes chineses. “Trabalhamos com os nossos aliados e parceiros, e com os dirigentes chineses, para desenvolver um leque de opções”, precisou. Pequim quer ajuda da Rússia para solucionar crise A China quer colaborar com a Rússia para “ajudar a aliviar a situação (da Coreia do Norte) o mais rápido possível”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, ao seu homólogo russo Sergueï Lavrov. “O objectivo comum dos nossos dois países é fazer voltar todas as partes à mesa das negociações”, disse Wang durante uma conversa telefónica com Lavrov, segundo comunicado divulgado na página de Internet do ministério. O chefe da diplomacia chinesa disse que “a China está preparada para se coordenar estreitamente com a Rússia para ajudar a acalmar a situação na península e encorajar as partes envolvidas a retomarem ao diálogo”. Wang Yi fazia alusão às negociações a seis (Coreias, Japão, Rússia, China e Estados Unidos), as quais estão suspensas há anos. “Impedir a guerra e o caos na península está de acordo com os interesses comuns” de Pequim e Moscovo, sublinhou. Este apelo surge numa altura em que as relações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos estão extremamente tensas. Neste contexto, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, advertiu que quem provocar uma guerra na península coreana “deverá assumir as suas responsabilidades históricas e pagar o preço”. “Se houver uma guerra, o resultado será uma situação em que todos perdem e ninguém sairá vencedor”, afirmou Wang, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault. Devido ao aumento da tensão na região e ante um possível ensaio nuclear na Coreia do Norte, o ministro chinês desafiou todas as partes a retomarem o diálogo e a “não deixarem que as coisas evoluam até um ponto irreversível e incontrolável”. Pequim pediu contenção, enquanto Pyongyang ultima os detalhes para as celebrações do aniversário do nascimento do fundador do país, este fim de semana, quando se teme que possa levar a cabo um teste nuclear. “A China opõe-se sempre com firmeza a qualquer acção susceptível de aumentar as tensões”, afirmou Wang, assinalando que, nesta crise, “o vencedor não será o que faça afirmações mais duras ou exiba mais músculo”. Wang Yi recordou o dizer chinês “as oportunidades estão sempre nas crises”, para afirmar que o agravamento da tensão devolve actualidade à proposta chinesa de que todas as partes suspendam os ensaios, manobras e actividades militares, como um passo prévio para retomar o diálogo. “Esta é a oportunidade que devemos de procurar e aproveitar”, disse Wang, sublinhando que Pequim está disposto a “escutar qualquer proposta útil”. Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, considerou que um teste nuclear por parte de Pyongyang seria “perigoso e irresponsável”. Shinzo Abe pede diplomacia O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, defendeu a diplomacia como meio para desarmar a Coreia do Norte, um dia depois do mais recente teste com um míssil de Pyongyang. “A Coreia do Norte está a mostrar o seu poder militar, mas é importante manter a paz através de esforços diplomáticos”, afirmou Abe durante uma reunião do comité do orçamento da Câmara Baixa da Dieta (parlamento), ao ser questionado sobre o mais recentemente lançamento de um míssil. De acordo com a emissora pública japonesa NHK, o chefe do executivo japonês pediu a Pyongyang que evite realizar mais provocações e considerou ser “necessário exercer mais pressão para que a Coreia do Norte responda seriamente ao diálogo”. Abe disse que para se conseguir estabilidade na região é necessário que Pequim, o principal aliado de Pyongyang, use a sua influência, e que Washington e Seul façam o seu papel, salientando ainda a ideia de cooperação com a Rússia. A Coreia do Norte efetuou no domingo um lançamento falhado de um míssil, que coincidiu com a chegada à Coreia do Sul do vice-presidente norte-americano, Mike Pence. Os Estados Unidos decidiram enviar para a península coreana o porta-aviões nuclear ‘Carl Vinson’ e a frota de ataque, após o lançamento de outro projétil a 05 de abril. Entretanto, mais a sul… A campanha para as eleições presidenciais na Coreia do Sul de 9 de maio, na sequência da destituição da Presidente Park Geun-hye, começou ontem com o candidato liberal Moon Jae-in a liderar nas sondagens. No total, 15 políticos registaram-se oficialmente como candidatos à presidência (o que supera o recorde de 12 nas presidenciais de Dezembro de 2007) e vão participar na campanha eleitoral de 22 dias, que termina na véspera da votação. Moon Jae-in, do Partido Democrático (com mais assentos no parlamento sul-coreano), é dado como o favorito para substituir no cargo Park Geun-hye, destituída a 10 de Março passado. Park está em prisão preventiva desde 31 de Março devido a ligações com um caso de corrupção. A campanha eleitoral deve centrar-se quase exclusivamente na luta contra a corrupção ou na limitação do poder dos grandes conglomerados empresariais sul-coreanos, a maioria dos quais implicados no escândalo que levou à destituição e detenção da antiga chefe de Estado. Uma possível reforma constitucional que diminua o perfil presidencialista do Estado ou a instalação do escudo norte-americano antimísseis THAAD vão estar também em foco durante a campanha. Entre os principais candidatos, contam-se Ahn Cheol-soo, do Partido Popular (centro-esquerda), Hong Joon-pyo, do conservador Partido da Liberdade da Coreia (da ex-presidente Park), e Yoo Seong-min, do também conservador Partido Bareun. Moon Jae-in, que perdeu as presidenciais de 2012 contra Park, e Ahn Cheol-soo reúnem 80% das intenções de voto, de acordo com as últimas sondagens. Moon lidera as sondagens desde o início, apesar de na última semana a vantagem em relação a Ahn ter ficado reduzida a três pontos percentuais, segundo estimativas. Park Geun-hye foi a primeira chefe de Estado que a Coreia do Sul destituiu em democracia, pelo que estas serão as primeiras eleições antecipadas no país, desde que a junta do general Chun Doo-hwan autorizou a realização de eleições democráticas em dezembro de 1987.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump diz estar pronto para “resolver problema” norte-coreano sem a China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou ontem estar pronto para “resolver o problema” norte-coreano sem a ajuda da China, poucos dias depois de uma cimeira em solo americano com o seu homólogo chinês Xi Jinping. “A Coreia do Norte está à procura de problemas. Se a China decidir ajudar, será óptimo. Se não, iremos resolver o problema sem eles!”, escreveu o chefe de Estado norte-americano na sua conta pessoal da rede social Twitter. Em outra mensagem, Trump deixou um claro ultimato a Pequim: se a crise da Coreia do Norte não for resolvida, a China não conseguirá um melhor acordo comercial com os Estados Unidos. “Expliquei ao Presidente da China que um acordo comercial com os Estados Unidos será muito melhor para eles se resolverem o problema da Coreia do Norte”, escreveu Donald Trump. Na semana passada, Trump recebeu num ‘resort’ em Mar-a-Lago, na Florida, um dos destinos preferidos do Presidente norte-americano, o seu homólogo chinês Xi Jinping. A agenda da cimeira de dois dias – a primeira entre os dois líderes – ficou marcada pelo programa nuclear da Coreia do Norte e por questões do comércio bilateral. “Realizamos progressos espectaculares na nossa relação com a China”, declarou então Donald Trump, no segundo dia da cimeira. “Penso verdadeiramente que foram feitos progressos”, reafirmou na mesma altura o Presidente norte-americano, definindo como “espectacular” a relação Washington-Pequim. No sábado passado, o comando do Pacífico norte-americano confirmou que mobilizou o porta-aviões de propulsão nuclear ‘Carl Vinson’ e o seu grupo de ataque para águas próximas da Coreia do Norte em resposta às mais recentes provocações do regime norte-coreano, que em 5 de Abril lançou um míssil de médio alcance para o mar.
Hoje Macau China / ÁsiaDonald Trump promete defender aliados contra Pyongyang [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Donald Trump prometeu na quarta-feira ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que os Estados Unidos vão defender os aliados “com toda a extensão das suas capacidades militares” contra a Coreia do Norte, informou a Casa Branca. Numa chamada telefónica, Trump e Abe falaram sobre o novo lançamento de um míssil balístico de médio alcance que Pyongyang realizou esta terça-feira e que caiu no Mar do Japão. Trump “deixou claro que os Estados Unidos vão continuar a fortalecer a sua capacidade para dissuadir [a Coreia do Norte] e a defender-se e aos aliados com toda a extensão das suas capacidades militares”, indicou a Casa Branca em comunicado. O Presidente manifestou o seu total compromisso com o Japão e Coreia do Sul, perante a “grave ameaça que a Coreia do Norte continua a representar”. O lançamento do míssil por parte da Coreia do Norte aconteceu em véspera da cimeira, ontem e hoje, entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a qual vão discutir os desenvolvimentos do programa de armamento de Pyongyang. Pequim pediu prudência a todas as partes e descartou que a acção tenha uma relação directa com a reunião que Trump e Xi vão ter na Florida (sudeste). Um responsável da Casa Branca adiantou, esta semana, que, no encontro com Xi, Trump vai sublinhar que “se esgotou o tempo” para ter paciência com a Coreia do Norte, e que os Estados Unidos têm agora “todas as opções sobre a mesa” para pressionar Pyongyang, com ou sem o apoio de Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang lança novo míssil no mar do Japão [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a véspera do encontro entre Xi Jinping e Donald Trump, a Coreia do Norte disparou novamente, na manhã de ontem, um míssil balístico em direcção ao mar do Japão, anunciou o Ministério da Defesa sul-coreano. O Exército norte-americano confirmou o lançamento de um míssil por Pyongyang. “Às 6:42 de hoje [ontem], a Coreia do Norte disparou um míssil balístico no mar do Japão a patir de Sino”, uma cidade portuária do leste do país, indicou o ministério em comunicado. O comando-chefe das Forças Armadas referiu, em comunicado, que o míssil percorreu cerca de 60 quilómetros, acrescentando que a Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a analisar o seu percurso para determinar qual o tipo de míssil. Este foi o quinto míssil disparado desde o início de 2017 pelo regime norte-coreano, que é alvo de sanções internacionais pelos seus programas nuclear e balístico. O disparo coincidiu com as manobras militares anuais que envolvem forças militares sul-coreanas e norte-americanas, que o Norte considera como a preparação para uma invasão. A Coreia do Norte responde com frequência às operações agendadas entre os dois países aliados com treinos militares próprios e uma dura retórica. Há duas semanas militares sul-coreanos e norte-americanos referiram ter detectado o que designaram por um lançamento falhado de um míssil balístico norte-coreano. Japão condena O Governo do Japão foi lesto em condenar o novo lançamento, um teste que considerou uma “clara violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. O porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga, assinalou que o míssil caiu fora da zona económica exclusiva das águas territoriais japonesas e destacou que o lançamento é “extremamente problemático para a segurança aérea e marítima”. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deu instruções para se reunir mais informação sobre o novo teste de armamento do regime norte-coreano e ordenou às Forças de Autodefesa (exército) que se “preparem para qualquer eventualidade”, acrescentou o porta-voz do Executivo. Seul precisou que o lançamento se realizou a partir de terra e não do mar, descartando a possibilidade de ser um míssil balístico lançado a partir de um submarino, o tipo que Pyongyang habitualmente testa em Sinpo, onde se encontra o principal centro de desenvolvimento destes projécteis.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim confirma que corpo de Kim Jong-Nam regressou à Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] corpo de Kim Jong-Nam, meio irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, que vivia exilado em Macau e foi envenenado na Malásia, chegou a Pyongyang, confirmou sexta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros da China. “O corpo do cidadão da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) que morreu na Malásia e relevantes cidadãos da RPDC voltaram hoje à RPDC, via Pequim”, confirmou o porta-voz do ministério Lu Kang. “Segundo as práticas internacionais, e por motivos humanitários, a China ofereceu a necessária assistência no transporte do corpo”, acrescentou. Dois norte-coreanos suspeitos de envolvimento na morte de Kim Jong Nam terão sido também repatriados para a Coreia do Norte, segundo a Associated Press. Kim Jong-Nam morreu envenenado com VX, poderosa substância neurotóxica, no aeroporto de Kuala Lumpur, afastando assim um potencial rival do actual líder da Coreia do Norte. O caso despertou um conflito diplomático entre a Malásia e a Coreia do Norte, que expulsaram os respectivos embaixadores e impediram os cidadãos radicados em cada país de sair. Investigadores da Malásia procuravam sete suspeitos da Coreia do Norte, quatro que abandonaram o país no dia do homicídio e três que se acreditava estarem escondidos na embaixada da Coreia do Norte. Os dois países acabaram por concordar retirar a interdição de viajar e que a Malásia enviaria o corpo de Kim Jong-Nam para a Coreia do Norte. Pyongyang recusou confirmar a identidade da vítima, que tinha consigo um passaporte da Coreia do Norte com o nome Kim Chol quando foi assassinada. A Malásia confirmou oficialmente a identidade da vítima através de um teste de ADN. Os serviços secretos da Coreia do Sul afirmaram que o envenenamento foi uma ordem directa do líder norte-coreano Kim Jong-Un.
Hoje Macau China / ÁsiaKuala Lumpur | Corpo de Kim Jong-nam continua na Malásia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Saúde da Malásia, Subramaniam Sathasivam, disse ontem que o corpo de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano, Kim Jong-un, continua numa morgue de Kuala Lumpur enquanto decorrem negociações com a Coreia do Norte. A informação do Ministério da Saúde da Malásia nega as notícias de que os restos mortais de Kim Jong-nam estariam a ser enviados para fora do país como parte de negociações diplomáticas. Notícias contraditórias foram publicadas pela imprensa local da Malásia na segunda-feira, umas indicando que o corpo de Kim Jong-nam seria cremado e enviado para Pyongyang, e outras referindo que o corpo estava prestes a ser enviado para Macau, onde se acredita que resida a família de Kim Jong-nam. A morte de Kim Jong-nam desencadeou uma disputa diplomática entre a Malásia e a Coreia do Norte. As autoridades malaias confirmaram oficialmente que a vítima de homicídio por envenenamento com o agente nervoso VX no aeroporto de Kuala Lumpur levado a cabo por duas mulheres no passado dia 13 de Fevereiro é Kim Jong-nam, mas não precisaram então se tinham utilizado ADN como prova ou outro qualquer procedimento. Uma das hipóteses é que as autoridades malaias tenham utilizado o ADN de Kim Han-sol, filho de Kim Jong-nam, que dias depois do assassinato do seu pai divulgou um vídeo em que dava conta do homicídio e que se encontrava em segurança com a sua mãe e irmã. Também a Coreia do Sul afirmou três dias depois do assassinato que a vítima, que viajava com um passaporte diplomático norte-coreano em nome de Kim Chol, era na verdade o irmão mais velho de Kim Jong-un. A Malásia acusa uma vietnamita e uma indonésia de envenenar a vítima e lançou um mandato de busca contra sete norte-coreanos, entre os quais quatro homens que saíram do país, e outros três que se acredita estarem escondidos na embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumpur. O Governo de Seul acusou desde a primeira hora Pyongyang de estar por detrás do assassinato, atribuindo-o a uma ordem directa de Kim Jong-un. Dizeres do Norte A Coreia do Norte continua a insistir que o morto é Kim Chol e que a sua morte se relaciona com um ataque cardíaco, acusando as autoridades malaias de conspirarem com a Coreia do Sul e com os Estados Unidos. O Governo norte-coreano anunciou no passado dia 7 de Março que proibia a saída do país de todos os cidadãos malaios até que o caso seja resolvido, uma medida que foi replicada pela Malásia em resposta à letra. Kim Jong-nam nasceu em 1971 da relação entre o antigo líder norte-coreano Kim Jong-il e a sua primeira concubina, a actriz Song Hye-rim, e Kim Jong-un é filho da última consorte de Kim Jong-il, Ko Yong-hui. Kim Jong-nam chegou a ser considerado como o melhor posicionado para suceder ao pai, mas caiu em desgraça em 2001, depois de ser detido no Japão com um passaporte dominicano. Nos últimos anos viveu exilado na China e em 2012 atraiu as atenções pelas suas críticas a Pyongyang e ao sistema de sucessão do poder norte-coreano.
Hoje Macau Manchete SociedadeKim Jong-nam: Imprensa malaia fala em envio de restos mortais para Macau Os restos mortais de Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, vão ser enviados para a família em Macau. A notícia foi avançada ontem pela imprensa da Malásia. Era suposto o corpo ter sido enviado ontem para o território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia foi veiculada pelo Sun Daily, um jornal malaio: o corpo de Kim Jong-nam, o filho mais velho de Kim Jong-il, ia ser libertado do hospital da capital da Malásia, para ser enviado à família a viver em Macau. Kim Jong-nam foi assassinado a 13 de Fevereiro, no aeroporto de Kuala Lumpur, quando se preparava para embarcar rumo à RAEM. Logo na primeira reacção à morte do irmão mais velho do líder da Coreia do Norte, Pyongyang reivindicou o corpo por ser um cidadão norte-coreano, apesar de não reconhecer tratar-se de Kim Jong-nam. As autoridades da Malásia negaram o pedido e seguiu-se um conflito diplomático entre os dois países. A confirmação da identidade seria feita mais tarde com recurso a ADN de um dos dois filhos que vivem em Macau. No domingo, 41 dias depois da morte de Kim Jong-nam, jornalistas e repórteres de imagem – alguns deles acampados, desde o homicídio, à porta da casa mortuária do hospital, à espera de desenvolvimentos do caso – avistaram um carro funerário escoltado pela polícia. A viatura deixou a morgue do hospital duas horas mais tarde. Rituais e inquéritos Acredita-se que o corpo foi levado para uma localização não identificada para um ritual religioso. Não se sabe se os restos mortais terão sido cremados ou colocados dentro de um caixão. A imprensa da Malásia diz ainda que o envio do corpo de Kim Jong-nam foi tratado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, que tem estado em contacto com a família do primogénito de Kim Jong-il. Supostamente, os restos mortais seriam enviados ontem para Macau mas, até à hora de fecho desta edição, não havia desenvolvimentos sobre o assunto. A transferência do corpo da casa mortuária aconteceu depois de vários polícias malaios terem entrado na embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumpur. Algumas notícias avançam que os agentes, todos eles ligados à divisão de combate à criminalidade, foram recolher os depoimentos de três norte-coreanos que estarão escondidos dentro da representação diplomática, para evitarem ser questionados sobre a morte de Kim Jong-nam.
Hoje Macau China / ÁsiaKim Jong-Nam | ADN dos filhos ajuda a confirmar identidade [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Malásia utilizaram o ADN do filho de Kim Jong-Nam, residente em Macau, para confirmar a identidade do corpo do meio-irmão do líder da Coreia do Norte, disse hoje o vice-primeiro-ministro da Malásia. Os investigadores “confirmaram a identidade do corpo de Kim Jong-Nam, através da análise de ADN obtida ao filho”, da vítima, disse, Ahmad Zahid Hamidi. O vice-primeiro-ministro da Malásia não divulgou mais informações sobre as investigações que decorrem em Kuala Lumpur. O filho de Kim Jong-Nam, de 21 anos, e a família vivem na Região Administrativa Especial de Macau, na China. Segundo a AFP a família exilada em Macau, receia novos ataques. Kim Jong-Nam morreu depois de ter sido atingido na cara com veneno, supostamente agente VX, no momento em que se encontrava no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de fevereiro. A Coreia do Sul já responsabilizou o regime de Pyongyang pelo crime mas a Coreia do Norte rejeitou as acusações e nunca chegou a confirmar de forma oficial a identidade da vítima que no dia do ataque estava na posse de um passaporte com o nome de Kim Chol. Na sexta-feira, a Malásia confirmou oficialmente a identidade do corpo mas ainda não tinha especificado o processo de obtenção do ADN. O caso está a deteriorar as relações diplomáticas entre Kuala Lumpur e Pyongyang. O regime norte-coreano já afirmou que a investigação que decorre na Malásia pretende denegrir Pyongyang insistindo que se tratou de um ataque cardíaco. Até ao momento, duas mulheres, uma de nacionalidade vietnamita e a outra indonésia, foram presas na sequência do crime.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang ameaça responder a Seul e Washington com ataque “ultra preciso” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte voltou ontem a denunciar os exercícios militares da Coreia do Sul e Estados Unidos, que são um ensaio de um ataque preventivo a Pyongyang, e ameaçou lançar “ataques ultra precisos” perante violações da sua “soberania”. Se Seul e Washington atentarem contra a soberania, “os ataques ultra precisos” das tropas norte-coreanas “vão realizar-se sem piedade em terra, ar e mar”, alertou num comunicado publicado pela agência estatal de notícias norte-coreana KCNA. A nota avisa Seul e Washington, que actualmente levam a cabo as suas manobras anuais Foal Eagle e Key Resolve, de que os “porta-aviões de propulsão nuclear e o resto de activos estratégicos dos imperialistas sul-coreanos estão ao alcance dos ataques ultra precisos do Exército Popular da Coreia”. Em manobras O texto do regime de Pyongyang surge um dia depois de os aliados iniciarem os seus exercícios de combate simulado Key Resolve, que vão durar até dia 24, e que começaram a executar também, no passado dia 1, o Foal Eagle, manobras que serão concluídas no final de Abril. O destacamento de activos militares este ano para os exercícios é o maior até à data, já que Washington incluiu os seus caças F-35B e o porta-aviões nuclear Carl Vinson, depois de o regime norte-coreano ter realizado em 2016 um número recorde de testes nucleares e de mísseis. Pyongyang, que denuncia periodicamente a natureza não defensiva destas manobras, já lançou no passado dia 6 de Março, em jeito de resposta ao início do Foal Eagle, quatro mísseis balísticos de médio alcance que caíram em águas japonesas. Ao clima de especial tensão que se vive na península coreana junta-se a instalação, desde a semana passada, em solo sul-coreano do estado antimísseis THAAD. Este sistema norte-americano para travar projécteis norte-coreanos que ameacem cair na Coreia do Sul gerou críticas do regime de Kim Jong-un e da China, que considera que interfere nos seus sistemas de defesa.
Hoje Macau China / ÁsiaUm dos mísseis lançados por Pyongyang caiu a 200 quilómetros da costa japonesa [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos quatro mísseis balísticos que a Coreia do Norte lançou na segunda-feira caiu a cerca de 200 quilómetros da costa do Japão, informou ontem o governo japonês, indicando que a ameaça de Pyongyang está “numa nova fase”. O míssil, que caiu no oceano a cerca de 200 quilómetros a noroeste da península de Noto, poderá ser o míssil lançado pelo exército norte-coreano que até à data caiu mais perto do território do Japão. “Este último lançamento mostra claramente que a ameaça da Coreia do Norte entrou numa nova fase”, disse em conferência de imprensa o ministro porta-voz do Executivo japonês, Yoshihide Suga. Tóquio estima que os quatro mísseis lançados (que se crê serem uma versão dos Scud soviéticos com uma capacidade de alcance alargada de cerca de 1.000 quilómetros) caíram num raio entre 200 e 450 quilómetros da península, que se encontra a cerca de 280 da capital japonesa. Três dos mísseis caíram na Zona Económica Especial do Japão, espaço que se estende a cerca de 370 quilómetros desde as costas e sobre o qual o país ostenta direitos de exploração e gestão de recursos naturais. Pyongyang disse esta semana que se tratou de um ensaio “para alcançar as bases das forças norte-americanas de agressão imperialista no Japão”. E vão dois O lançamento na segunda-feira é o segundo ensaio de mísseis que o regime de Kim Jong-un realiza este ano e desde a chegada da Administração Trump à Casa Branca. A acção surge numa altura de tensão e como resposta às manobras militares anuais que Washington e Seul levam a cabo por estes dias em território sul-coreano e depois do líder norte-coreano ter dito no Ano Novo que o país está a ultimar o desenvolvimento de um míssil intercontinental que lhe permitiria atingir os Estados Unidos.
Isabel Castro China / ÁsiaKim Jong-nam | Organização misteriosa divulga filme de Kim Han-sol As organizações de defesa dos direitos humanos na Coreia do Norte confirmam que se trata do filho mais velho de Kim Jong-nam, assassinado na Malásia no mês passado. Kim Han-sol está com o resto da família, em paradeiro desconhecido, protegido por uma organização que ninguém reconhece. O jovem espera que a situação melhore em breve [dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] data da morte do pai, 13 de Fevereiro, estava em Macau. Agora, desconhece-se o seu paradeiro, apesar das tentativas da imprensa – sobretudo da sul-coreana e da japonesa – para chegarem à fala com o filho mais velho de Kim Jong-nam. Kim Han-sol deu esta semana sinais de vida, através da publicação de um vídeo. Aparenta estar em segurança, contando com o apoio de uma organização não-governamental, desconhecida para activistas dos direitos humanos na Coreia do Norte. O vídeo de Kim Han-sol foi colocado na página do YouTube de um grupo que dá pelo nome de Cheollima Civil Defense. Após ter disponibilizado os conteúdos, o grupo entrou em contacto com o Channel NewsAsia. “O meu nome é Kim Han-sol, sou da Coreia do Norte, faço parte da família Kim”, começa por dizer o jovem que aparece na imagem, vestido de preto, filmado contra um fundo branco. Em seguida, mostra o passaporte como prova da identidade, mas os detalhes não são visíveis, uma vez que foi colocado um quadro negro em cima do nome. Em inglês, o homem que se identifica com sendo o filho de Kim Jong-nam explica que o pai foi morto “há alguns dias”. “Neste momento, estou com a minha mãe e com a minha irmã. Estamos muito gratos…”, afirma, antes de se deixar de ouvir o que diz, por o som ter sido propositadamente cortado. Os 40 segundos da gravação acabam com uma mensagem: “Espero que isto fique melhor depressa”. Misteriosos protectores O Channel NewAsia confirmou com Do Hee Youn, um activista da organização Citizens Coalition for Human Rights of Abductees and North Korean Refugees, que o jovem de preto no vídeo é mesmo Kim Han-sol. As imagens foram também colocadas no website do Cheollima Civil Defense, que alega estar a proteger a família de Kim Jong-nam. “O Cheollima Civil Defense respondeu no mês passado a um pedido de emergência de sobreviventes da família de Kim Jong-nam para extradição e protecção.” O grupo indica, numa nota, que se encontrou rapidamente com eles e que “foram realojados num local seguro”. “No passado, ajudamos outros pedidos de protecção urgentes”, indica ainda o grupo. “Este vai ser o primeiro e último comunicado sobre este assunto, e a presente localização desta família não será divulgada”, refere o Cheollima Civil Defense. A organização agradece a países que, segundo indica, ajudaram a proteger os familiares de Kim Jong-nam. “Manifestamos publicamente a nossa gratidão pelo apoio humanitário que nos foi dado para proteger esta família pelos governos da Holanda, República Popular da China, Estados Unidos da América e de um quarto país que não vai ser identificado.” O Channel NewsAsia contactou o chefe da polícia da Malásia, que diz desconhecer este grupo. As autoridades deram a entender, porém, que conseguem chegar à fala com a mulher e filhos de Kim Jong-nam. Fontes de duas organizações de defesa dos direitos humanos da Coreia do Norte indicaram ao HM que nunca ouviram falar do Cheollima Civil Defense. O grupo não integra a International Coalition to Stop Crimes Against Humanity in North Korea. Esta coligação junta quase meia centena de organizações de defesa dos direitos humanos no regime mais fechado do mundo. O site da organização faz referência apenas ao caso dos familiares de Kim Jong-nam, isto apesar de o grupo dar a entender ter experiência em apoio a pessoas em circunstâncias semelhantes. Fonte do HM salientou que o domínio do site foi registado há apenas cinco dias. Logo a seguir à morte de Kim Jong-nam, as agências internacionais de notícias deram conta de que o filho ia viajar de Macau para a Malásia, para que o corpo do pai lhe fosse entregue. Essa viagem não chegou a acontecer.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang proíbe cidadãos da Malásia de saírem do país [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte anunciou ontem que proíbe todos os cidadãos da Malásia de saírem do país até que o caso do homicídio do meio-irmão do líder norte-coreano em Kuala Lumpur “se resolva adequadamente”. A Malásia acusa Pyongyang de fazer dos malaios “reféns” e reagiu com outra interdição, proibindo a saída de diplomatas norte-coreanos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte notificou a embaixada da Malásia em Pyongyang de que não permitirá a saída a nenhum malaio do país, até que seja garantida a segurança dos cidadãos norte-coreanos na Malásia. O anúncio surge um dia depois de Pyongyang ter declarado o embaixador da Malásia na Coreia do Norte persona non grata, em represália pela expulsão do seu embaixador na Malásia, Kang Chol, ordenada por Kuala Lumpur no passado sábado depois das suas críticas à investigação pelo homicídio de Kim Jong-nam, meio-irmão de Kim Jong-un. Kim Jong-nam, meio-irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi assassinado, a 13 de Fevereiro, por duas mulheres que, segundo as autoridades malaias, lançaram veneno VX contra o seu rosto, provocando a sua morte poucos minutos depois Na quinta-feira, um emissário da Coreia do Norte enviado à Malásia para reclamar o cadáver de Kim Jong-nam negou que este tenha sido assassinado com veneno e atribuiu a sua morte a um ataque de coração. Pyongyang defende que a morte foi causada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades malaias de conspirarem com os seus inimigos. Resposta malaia Em resposta, as autoridades da Malásia anunciaram que os funcionários diplomáticos da Coreia do Norte estão impedidos de abandonaram o país. “Nenhum oficial ou funcionário da embaixada da Coreia do Norte está autorizado a abandonar o país”, refere o Ministério do Interior da Malásia em comunicado. Os cidadãos da Malásia estão reféns na Coreia do Norte, disse ontem o primeiro-ministro, após Pyongyang ter proibido de sair do país todos os malaios no âmbito da disputa sobre o homicídio do meio-irmão do líder norte-coreano. “Este acto é horrendo, os nossos cidadãos estão efectivamente a ser mantidos reféns, em total desrespeito de todas as leis e normas internacionais diplomáticas”, disse o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak em comunicado. Najib Razad exigiu a libertação imediata de todos os cidadãos malaios retidos na Coreia do Norte e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.
Hoje Macau China / ÁsiaSeul, Washington e Tóquio coordenam posições após lançamento de mísseis norte-coreano [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]epresentantes dos governos da Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão coordenaram posições a propósito do lançamento de quatro mísseis balísticos levado a cabo ontem pela Coreia do Norte. O responsável do Escritório de Segurança Nacional de Seul, Kim Kwan-jin, manteve uma conversa telefónica com o conselheiro nacional de segurança norte-americano, Herbert R. McMaster, na qual ambos acordaram aumentar a pressão e as sanções sobre Pyongyang, segundo porta-vozes do governo sul-coreano citados pela agência Yonhap. Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, Yun Byung-se, e o seu homólogo japonês, Fumio Kishida, também acordaram por via telefónica reforçar a cooperação entre Seul e Tóquio para parar o que consideram provocações do regime de Kim Jong-un. Por sua vez, o representante de Seul nas negociações para a desnuclearização da península coreana, Kim Hong-kyun, falou ao telefone com os seus homólogos norte-americano, Joseph Yun, e japonês, Kenji Kanasugi. Alta tensão Os quatro mísseis lançados ontem pela Coreia do Norte a partir da sua costa voaram cerca de 1.000 quilómetros e caíram no Mar do Japão. Três deles caíram na Zona Económica Especial do Japão – espaço que se estende a cerca de 370 quilómetros desde as costas nipónicas – perto do litoral de Akita. O ensaio contribui para aumentar ainda mais a tensão na península coreana, onde na semana passada Washington e Seul iniciaram as suas manobras militares anuais, as maiores até à data. Depois do míssil de médio alcance lançado a 12 de Fevereiro, o lançamento de ontem é o segundo ensaio balístico que a Coreia do Norte realiza desde que o seu líder, Kim Jong-un, anunciou no início do ano que Pyongyang estava a ultimar o desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês), arma que poderia permitir-lhe no futuro alcançar o território dos Estados Unidos. Pequim condena O Governo chinês condenou o lançamento dos quatro mísseis balísticos realizado pela Coreia do Norte em direcção ao mar do Leste, e apelou a que se evitem provocações. “A China opõe-se aos lançamentos da Coreia do Norte”, declarou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, que alegou também que a acção de Pyongyang “viola as resoluções do Conselho de Segurança” das Nações Unidas. “As resoluções do Conselho de Segurança têm cláusulas claras sobre os lançamentos da Coreia do Norte utilizando a tecnologia de mísseis balísticos”, acrescentou. Geng afirmou ainda que a China está a par dos exercícios militares realizados em conjunto entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul “dirigidos contra a Coreia do Norte”. “As partes envolvidas devem manter a moderação e evitar provocar a outra parte ou agir de uma forma que aumente a tensão”, disse Geng. O porta-voz reiterou a oposição de Pequim à instalação do sistema de defesa antimísseis THAAD pelos EUA e Coreia do Sul na península coreana, que considera ameaçar os interesses da China.
Hoje Macau China / ÁsiaMalásia acusa embaixador norte-coreano de “manipular” o assassínio de Kim Jong-nam [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro da Malásia, Ahmad Zahid Hamidi, acusou ontem o embaixador da Coreia do Norte em Kuala Lumpur de “manipular” com as suas declarações o assassínio de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano. As declarações de Ahmad Zahid Hamidi, que também é titular da pasta do Interior, têm lugar depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter anunciado, esta noite, a expulsão do embaixador norte-coreano, Kang Chol, por não pedir desculpa após as críticas tecidas à investigação do crime. Face à ausência de resposta a esse pedido, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Naifah Aman, convocou no sábado o diplomata norte-coreano, mas Kang Chong declinou o encontro. As autoridades malaias deram então ao diplomata 48 horas para abandonar o país, prazo que expira na segunda-feira às 18:00. “As declarações proferidas pelo embaixador destinaram-se obviamente a manipular o assunto”, afirmou ontem Zahid, durante uma reunião com membros do partido, citado pelo jornal The Star. Caça ao homem Kim Jong-nam foi assassinado, em 13 de Fevereiro, por duas mulheres que, segundo as autoridades malaias, lançaram o agente nervoso VX contra o seu rosto, provocando a sua morte poucos minutos depois. A Malásia emitiu na sexta-feira um mandado de captura contra Kim Uk Il, um funcionário da companhia aérea norte-coreana Air Koryo, que estará refugiado na embaixada do seu país; e pretende também ouvir o testemunho do segundo secretário da representação diplomática de Pyongyang em Kuala Lumpur, Hyon Kwang Song, que não pode ser detido por gozar de imunidade. Ambos foram vistos a despedirem-se no aeroporto de Kuala Lumpur de quatro norte-coreanos considerados suspeitos de planear o ataque contra Kim Jong-nam. A morte de Kim Jong-nam desencadeou uma crise diplomática entre a Malásia e a Coreia do Norte, com Kuala Lumpur a anunciar nomeadamente o cancelamento do acordo de isenção de vistos de turistas com Pyongyang – uma medida que produz efeitos a partir desta segunda-feira.
Rui Flores VozesMedo e dissuasão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]casionalmente, as grandes cadeias internacionais de televisão conseguem fazer reportagem na Coreia do Norte. Sempre acompanhadas por funcionários do Ministério da Informação (ou da Propaganda ou dos Serviços Secretos, as instituições que representam não são particularmente relevantes, o que importa é que o exercício de recolha de informação não é livre, estando por isso fora daquilo que é considerado liberdade de imprensa), vão aos locais que lhes é permitido ir, falar com as pessoas que estão ali, à mão do microfone do repórter, seguramente “por acaso”. A narrativa que se escuta nestas reportagens espontâneas é extraordinária: os Estados Unidos estão à beira de invadir o território e, por isso, o supremo líder (não sei se esta é a hipérbole em uso pela nomenclatura do regime, mas aceitemo-la, na falta de melhor) está empenhado na construção de armamento nuclear para defender a Coreia do Norte. Di-lo o jovem estudante, repete-o o engenheiro, mais tarde afirma-o a enfermeira. Cada lançamento de um míssil balístico é saudado com o mesmo entusiasmo quer pela pivot do telejornal quer pela populaça. Foi isso que se pôde ver recentemente na CNN, que obteve um raro acesso a Pyongyang e autorização para falar nas circunstâncias já referidas com alguns transeuntes “anónimos”. O que impressiona nesta construção argumentativa debitada com convicção é que não se encontra um resquício de possível alternativa, de dúvida contraditória. É assim. Na Coreia do Norte o acesso ao mundo exterior é totalmente controlado. A internet é uma rede interna na qual só se tem acesso a um número reduzido de sítios previamente aprovados. A televisão a que se pode aceder é apenas a estatal, que emite a propaganda oficial. Não há acesso a DVDs ou a filmes. Enfim, o resultado de políticas de isolamento de décadas deve traduzir-se, se o pudéssemos aferir, na maior aproximação alguma vez tentada ao imaginário mundo descrito por George Orwell em 1984. Para combater este estado de coisas e permitir que os norte-coreanos tenham um pouco mais de mundo do que aquele que a elite lhes dá, há uma organização na Coreia do Sul que contrabandeia USB, discos de memória, cheios de filmes, de documentários, de séries, de música e de livros electrónicos, que são depois distribuídos num circuito (evidentemente) ilegal e perigoso que permite a uns quantos saber um pouco mais do que se passa no mundo. O exercício é notavelmente arriscado. A polícia de fronteira, por exemplo, tem instruções para passar a pente fino os computadores portáteis dos visitantes que chegam ao país, para verificar se possuem uma cópia da péssima sátira de Hollywood a Kim Jung-un, The Interview. Há relatos que dão conta de que os sortudos que têm acesso a estas preciosidades as vêem na cama, debaixo dos lençóis, de auscultadores nos ouvidos, para não correrem o risco de serem denunciados pelos vizinhos. É claro que isto só é possível, porque a corrupção é uma instituição que mina todas as sociedades. Particularmente as mais fechadas, onde o acesso às mordomias é reservada apenas a uma camada muito reduzida da elite. A pequeníssima minoria que duvida e a que tem acesso a estes fragmentos de liberdade sabe bem que não pode falar sobre o que poderia ser a outra visão do que se passa na Coreia do Norte. A grande maioria nem estará preocupada por parecer alinhada. É assim. Nem se pode falar de medo. É como se vivessem na Idade Média. O Iluminismo está por chegar. Ao contrário, o que impele o regime de Kim Jong-un é o medo. É ele que tem impulsionado o Norte a recorrer ao armamento nuclear, com o objectivo de se manter incólume, a salvo de uma possível invasão do sul, apoio pelos norte-americanos. Numa lógica realista das relações internacionais, o investimento de Pyongyang no nuclear faria sentido. Na incerteza de a China estar ao seu lado, como em 1950, recorrer ao nuclear para contrabalançar o poderio dos Estados Unidos seria a única forma de assegurar que a invasão nunca teria lugar. Pyongyang e Seoul estão apenas a 200 quilómetros uma da outra, o que as torna em alvos fáceis para o vizinho. E garantiria que o povo continuaria alinhado com o supremo líder, orgulhoso dos feitos que ele (pai e o avô) lhes têm alcançado. Povo que assim não se sentiria tentado a querer experimentar um outro tipo de regime político. Também no sul, é o medo que comanda as acções. Fustigada pela guerra – quase toda a Coreia do Sul foi tomada pelos comunistas, mas antes tinha também sido ocupada pelos japoneses –, a aproximação ao amigo norte-americano foi uma espécie de garantia de sobrevivência. É o medo da possível ameaça que pode vir do norte que mantém esta relação forte ainda hoje. Os Estados Unidos estão, por exemplo, a expandir a sua presença em Camp Humphreys, a pouco mais de uma hora de carro a sul de Seoul, aumentando a sua capacidade dos actuais 11 mil militares para um total de 40 mil, transformando-o numa das maiores bases norte-americanas do mundo. A pergunta que todos fazem é como se lida com Pyongyang e a sua política agressiva? É de facto um jogo muito difícil de se aprender. Com Seoul e os seus 10 milhões de habitantes localizados tão perto do ninho de vespas, qualquer opção militar colocaria em risco milhares de vidas humanas. A possibilidade de o norte contra-atacar imediatamente com mísseis balísticos é um cenário que ninguém no sul quererá arriscar. Com um líder errático em Pyongyang, que elimina meio-irmãos, tios, embaixadores e generais, a capacidade de influência de Pequim é diminuta. Torna qualquer diálogo numa conversa sem sentido. A solução diplomática não tem produzido os efeitos desejados. As resoluções das Nações Unidas são totalmente ignoradas por Pyongyang. A hipótese mais prática seria talvez a de garantir que as sanções que ameaçam a elite e que visam travar as actividades ilegais de Pyongyang – contrabando, tráfico humano, tráfico de droga – sejam eficazes. O que até hoje não se tem revelado particularmente persuasivo.
Hoje Macau China / ÁsiaKim Jong-nam | Coreia do Norte atribui morte a ataque cardíaco [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m emissário da Coreia do Norte negou ontem que Kim Jong-nam, meio-irmão do líder do país, Kim Jong-un, tenha sido assassinado com veneno e atribuiu a sua morte em 13 de Fevereiro a um ataque de coração. Ri Tong Il, embaixador da Coreia do Norte na ONU, que dirige uma delegação norte-coreana enviada à Malásia para reclamar o cadáver, negou a versão malaia numa declaração à imprensa diante da embaixada norte-coreana, segundo o canal televisivo Channel News Asia. O embaixador adiantou que a vítima tinha um historial médico de problemas cardíacos e pressão sanguínea alta e assegurou que há fortes indícios de que a sua morte se deveu a um ataque de coração, adiantou a mesma fonte. Ri disse ainda que se a causa da morte fosse o veneno VX, como disseram as autoridades da Malásia, deveriam enviar-se amostras do agente tóxico para a Organização para a Proibição de Armas Químicas. Outra verdade A Malásia indicou, com base numa autópsia preliminar, que Kim Jong-nam morreu minutos depois de duas mulheres, uma indonésia e uma vietnamita, terem lançado para o seu rosto o agente VX, no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, a 13 de Fevereiro. A polícia malaia crê que ambas foram recrutadas por quatro norte-coreanos que fugiram do país no mesmo dia 13 de Fevereiro, horas após o incidente, e pediu a ajuda da Interpol para os localizar. Siti Aisyah, de 25 anos e nacionalidade indonésia, e Doan Thi Huong, de 28 e oriunda do Vietname, foram formalmente acusadas de homicídio na Malásia na quarta-feira e podem ser condenadas à pena capital se forem consideradas culpadas. Horas depois de as duas mulheres suspeitas do ataque serem formalmente acusadas, a agência oficial norte-coreana KCNA escreveu que a alegação, no relatório da autópsia, de que pequenas quantidades do veneno extremamente tóxico foram detectadas no cadáver é “um absurdo” a que falta “rigor científico e coerência lógica”.
Isabel Castro China / Ásia MancheteKim Jong-nam | Suspeitas acusadas de homicídio. Seul propõe suspensão de Pyongyang na ONU Insistem que são inocentes, que foram enganadas, mas arriscam a pena de morte. Já há duas acusações formais em relação ao homicídio de Kim Jong-nam mas, para já, os mentores do ataque continuam a monte. Ou protegidos pelo regime de Kim Jong-un. O uso de uma arma química altamente mortífera deve ser entendido como um aviso, dizem os vizinhos do Sul e quem trabalha na defesa dos direitos humanos na Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s duas mulheres alegadamente envolvidas na morte de Kim Jong-nam foram ontem formalmente acusadas de homicídio. A indonésia Siti Aisyah, 25 anos, e a vietnamita Doan Thi Huong, de 28, foram presentes a tribunal em Sepang. Além das duas mulheres, foram acusados quatro homens de nacionalidade norte-coreana que se encontram em paradeiro desconhecido, depois de terem saído da Malásia em meados do mês passado. As arguidas são acusadas de terem atacado Kim Jong-nam no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de Fevereiro, ao colocarem-lhe no rosto um gás tóxico asfixiante – o VX, um agente nervoso letal. Ao abrigo da legislação da Malásia, as duas jovens poderão ser condenadas à morte, por enforcamento, se forem consideradas culpadas. Não foi interposto qualquer recurso após a leitura da acusação. Ambas disseram aos representantes diplomáticos dos seus países que foram pagas para participarem no que acreditaram ser uma brincadeira para um programa de televisão. As agências internacionais de notícias relataram que o dispositivo policial nas imediações do tribunal era grande, com cerca de 200 agentes presentes. A polícia conduziu as mulheres algemadas para o tribunal. À saída, envergavam coletes à prova de bala, um reflexo da preocupação das autoridades malaias em relação à possibilidade de que outros envolvidos no crime queiram silenciar as arguidas. Espera de mês e meio Ainda antes do início da audiência, em declarações aos jornalistas, o advogado de Siti Aisyah, Gooi Soon Seng, mostrou-se preocupado com questões processuais prévias ao julgamento. Está marcada uma nova sessão no tribunal para 13 de Abril, altura em que a acusação vai pedir que as duas mulheres sejam julgadas em simultâneo, num só processo. À porta do tribunal, o advogado de Doan Thi Hong afirmou aos jornalistas que a sua cliente lhe disse estar inocente. “Negou, negou tudo. Disse ‘sou inocente’”, relatou Selvam Shanmugam. “Claro que está obviamente muito nervosa porque arrisca a pena de morte.” Ontem, as acusações contra Siti Aisyah foram lidas em primeiro lugar, seguindo-se o processo relativo a Doan Thi Huong. Há um homem norte-coreano detido, identificado pela polícia como sendo Ri Jong Chol, mas ainda não foi acusado de qualquer crime. A polícia malaia deteve as duas mulheres nos dias que seguiram ao ataque. As imagens do circuito de segurança do aeroporto, que tiveram uma ampla divulgação pelos media, mostrava as arguidas a abordarem Kim Jong-nam, com uma delas a colocar-lhe um objecto sobre o rosto. O filho mais velho de Kim Jong-il, que se preparava para apanhar um voo com destino a Macau, morreu 20 minutos depois. Em declarações feitas em Jacarta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros manifestou a esperança de que Siti Aisyah possa ser julgada de forma justa. “Esperamos que o princípio da presunção da inocência seja respeitado. O advogado de defesa de Siti fará o seu melhor e desejamos que tenha um julgamento justo, em que sejam respeitados os seus direitos, e que não seja julgada pela opinião pública.” Doan Thi Huong, a mulher vietnamita, foi detida 48 horas depois do homicídio no mesmo terminal do aeroporto onde Kim Jong-nam foi assassinado. Será a mulher que usava uma t-shirt branca com o acrónimo “LOL” estampado, e que foi captada pelas imagens do circuito de segurança enquanto esperava um táxi, já depois do ataque. A suspeita indonésia, Siti Aisyah, foi apanhada no dia seguinte. A polícia explicou que, na prisão, teve ataques de vómitos, admitindo que se tratará de efeitos secundários da exposição ao VX. Os diplomatas indonésios que a visitaram depois disseram que se encontra bem. Segundas intenções Kim Jong-nam morreu vítima de uma das mais mortíferas armas químicas alguma vez criadas. O VX é muito mais potente do que o gás Sarin, usado na Síria em 2013 e no metro de Tóquio em 1995. Os especialistas dizem que umas gramas de VX são suficientes para causar a morte a muita gente. Existem fortes dúvidas sobre o modo de manuseamento do VX pelas arguidas, uma vez que, sem as devidas precauções, também elas teriam morrido. De acordo com os serviços secretos sul-coreanos, a Coreia do Norte tem centenas de toneladas de armas químicas, incluindo VX, espalhadas por todo o país. Pyongyang nega que assim seja. Parece não haver dúvidas, entre os analistas, de que o regime de Kim Jong-un, o meio-irmão mais novo de Kim Jong-nam, é o responsável pelo que aconteceu. “É impossível a uma associação criminosa vulgar obter VX, pelo que é uma prova de que o Estado norte-coreano está envolvido”, assinalou ao HM o activista e investigador japonês Ken Kato. O director da Human Rights in Asia vinca que “não há outro país, além da Coreia do Norte, com razões para matar Kim Jong-nam”. A utilização deste tipo de químico levanta questões acerca dos verdadeiros motivos de Pyongyang num dos homicídios mais estranhos dos últimos anos. Há quem entenda que a escolha do VX teve que ver com a necessidade de os autores terem a certeza de que não haveria falhas. Outros analistas especulam que, ao matar um homem – aquele homem – num aeroporto internacional, a Coreia do Norte quis mostrar ao mundo o que é capaz de fazer com armas químicas, facilmente esquecidas pela comunidade internacional, que está preocupada com os avanços nucleares do regime. Depois, existe ainda a teoria de que Pyongyang não pretendia que o VX fosse descoberto, por não querer arriscar mais sanções impostas pelas Nações Unidas. Ken Kato acredita que a Coreia do Norte entrou num “comportamento que demonstra a incapacidade de tomar decisões racionais”. Se assim não fosse, prossegue o activista, não teria entrado em conflito directo com a Malásia, um dos poucos aliados do regime. “Isto é extremamente perigoso para a comunidade internacional porque o Norte pode vender armas nucleares, químicas e biológicas a terroristas”, sublinha o activista, com vasto trabalho desenvolvido sobre o regime. “Não é um assunto que diga respeito à Malásia, mas sim ao mundo todo.” O castigo Os estados que assinaram a Convenção sobre Proibição de Armas Químicas podem invocar que existiu uma violação da legislação internacional no caso Kim Jong-nam. A Malásia faz parte deste pacto desde 1993 – que proíbe a produção, a transferência e a utilização deste tipo de armamento –, mas a Coreia do Norte não. As autoridades policiais de Kuala Lumpur já deram indicações de que estão disponíveis para fazerem chegar os resultados da autópsia e das investigações às Nações Unidas. Resta agora saber se o Conselho de Segurança da ONU irá tratar o caso como altamente prioritário. No limite, os estados que ratificaram a convenção podem invocar o pacto e tomar medidas colectivas em relação a Pyongyang que poderão mesmo resultar na suspensão dos direitos e privilégios da Coreia do Norte no âmbito das Nações Unidas. Seul defende este caminho: esta semana, numa convenção sobre desarmamento em Genebra, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Yun Byung-se, afirmou que a utilização de armas químicas é um aviso, pelo que a comunidade internacional deve agir. O diplomata entende que o regime de Kim Jong-un deve ficar temporariamente impedido de ocupar o assento que detém nas Nações Unidas. “A comunidade internacional não está habituada a lidar com um país como a Coreia do Norte”, considera o japonês Ken Kato. “Devia perceber que o regime norte-coreano é uma associação criminosa. Deve ser tratado como tal e não como um país em desenvolvimento, em fase de aprendizagem das normas internacionais. De outro modo, o regime jamais mudará.” Só Pyongyang pede o corpo Membros do Governo da Malásia estiveram reunidos com uma delegação norte-coreana que chegou a Kuala Lumpur esta semana para um encontro de alto nível sobre a libertação do cidadão da Coreia do Norte que se encontra detido, bem como para a entrega do corpo de Kim Jong-nam. O ministro da Saúde, Subramaniam Sathasivam, disse aos jornalistas que não esteve presente no encontro, mas adiantou que terá de ser tomada uma decisão acerca do que fazer com o corpo, uma vez que não apareceu qualquer parente próximo para identificar formalmente a vítima do ataque do passado dia 13. A Coreia do Norte diz que o morto é um cidadão norte-coreano, mas nega que seja o meio-irmão do líder Kim Jong-un. Logo a seguir ao assassinato ter sido tornado público, o regime exigiu que o corpo lhe fosse entregue e tentou evitar a realização da autópsia. A morte de Kim Jong-nam desencadeou o pior conflito diplomático entre Kuala Lumpur e Pyongyang de que há registo, com a Malásia a insistir que o corpo do homem assassinado no aeroporto internacional da capital só será entregue a um familiar próximo após exame de ADN. As agências internacionais de notícias ainda chegaram a dizer que o filho mais velho de Kim Jong-nam, Kim Han-sol, estava a partir de Macau para a Malásia, para resgatar o corpo do pai. Até à data, tal não se verificou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Novas medidas contra a Coreia do Norte a caminho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China afirmou ontem que continuará a adoptar medidas contra a Coreia do Norte, visando aplicar integralmente a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o programa nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang. Pequim suspendeu no fim-de-semana passado as importações de carvão a partir do país vizinho. Em conferência de imprensa, o ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, disse que a China “é séria” no cumprimento das suas obrigações internacionais, não tendo, porém, detalhado quais serão as novas medidas contra a Coreia do Norte. Pequim, o mais importante aliado de Pyongyang, cortou com um dos poucos canais que o regime de Kim Jong-un tem para obter divisas externas, ao proibir as compras de carvão do país, a partir de domingo passado e até ao final deste ano. Esta decisão inscreve-se na aplicação da resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em Novembro passado, segundo afirmaram num comunicado conjunto o Ministério do Comércio e a Administração Geral de Alfândegas da China. Em Dezembro passado, as importações chinesas de carvão da Coreia do Norte aumentaram, num fenómeno que Gao justificou com os “ciclos normais” de adaptação das políticas internacionais à legislação local. Sem margem para dúvidas O ministro insistiu que a seriedade da China na implementação da resolução do Conselho de Segurança “é inquestionável”. A decisão surge depois do assassínio de Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, na Malásia, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês recusou qualquer relação entre ambos os acontecimentos. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como sendo de “unha com carne”. A insistência de Pyongyang num controverso programa nuclear levou, porém, Pequim a alinhar com a Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos da América e Rússia, condenando os testes com explosões atómicas do país vizinho. As duas nações mantêm, no entanto, laços diplomáticos e comerciais.
Isabel Castro China / Ásia MancheteKim Jong-nam | Malásia e Coreia do Norte às avessas. Televisão divulga filme do assassinato [vc_row][vc_column][vc_column_text css=”.vc_custom_1487807239079{margin-bottom: 0px !important;}”] A Coreia do Norte não assume que o homem que morreu na semana passada em Kuala Lumpur é o filho mais velho do Querido Líder. E acusou, mais uma vez, a Malásia de estar a conduzir investigações com pouca credibilidade. A polícia procura quatro norte-coreanos. O filho de Kim Jong-nam já terá partido de Macau para a capital malaia [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m conjunto de imagens dos circuitos de segurança do Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur foi ontem tornado público, mostrando o ataque de que Kim Jong-nam foi alvo. O vídeo, divulgado por uma estação de televisão do Japão, acompanha o meio-irmão do líder da Coreia do Norte a entrar no terminal e a ser abordado por uma mulher, que lhe tapa o rosto. Com bastante nitidez, vê-se também o pedido de ajuda de Kim Jong-nam a funcionários do aeroporto, que o levam aos seguranças. Depois, o primogénito de Kim Jong-il dirige-se à clínica do aeroporto, sendo que o vídeo termina já com uma imagem da vítima numa maca. Recorde-se que morreu a caminho do hospital. As imagens, que já correram mundo, foram divulgadas numa altura em que aumenta o conflito diplomático entre a Malásia e a Coreia do Norte, na sequência de divergências sobre o modo como deve ser tratado o corpo e conduzidas as investigações. A Malásia chamou o seu representante diplomático em Pyongyang, tendo ainda convocado o embaixador norte-coreano em Kuala Lumpur, para obter explicações sobre as acusações de que as autoridades do país estavam em conluio com “forças estrangeiras” na investigação do homicídio. Ir ao engano Entretanto, a polícia está à procura de quatro norte-coreanos que saíram da Malásia no dia do ataque, tendo já detido um suspeito da Coreia do Norte, uma mulher vietnamita, outra da Indonésia e um homem de nacionalidade malaia. Acredita-se que o detido de nacionalidade norte-coreana não desempenhou um papel de relevo no ataque. Pelo menos três dos suspeitos norte-coreanos procurados apanharam um voo da Emirates com destino ao Dubai, de acordo com informações recolhidas pela Reuters junto dos serviços de migração de Kuala Lumpur. Já o jornal local Star diz que os quatro homens regressaram a Pyongyang – a mesma versão é contada pelo Channel NewsAsia (CNA), que cita uma fonte da polícia malaia. “Os quatro homens planearam e executaram o homicídio. Foram eles que recrutaram as duas mulheres”, explicou a fonte. Os suspeitos entraram na Malásia entre 31 de Janeiro e 7 de Fevereiro. A mãe da mulher indonésia detida disse à Reuters que a filha, Siti Aishah, foi enganada, pois achava que tinha sido contratada para um anúncio ou programa de televisão. A imprensa malaia diz que a suspeita vietnamita, Doan Thi Huong, contou à polícia que achou que estava a participar numa brincadeira inofensiva. Filho a caminho Mal a notícia da morte de Kim Jong-nam foi conhecida, tanto os Estados Unidos, como a Coreia do Sul acusaram Pyongyang do homicídio. A morte do filho mais velho do Querido Líder – que desde 2001 se encontrava a viver fora do país – não mereceu um comentário imediato da Coreia do Norte. Foi preciso esperar e as palavras do regime mais isolado do mundo foram em tom acusatório. A determinação da Malásia em levar por diante a autópsia e a recusa em entregar de imediato o corpo a Pyongyang levaram o embaixador norte-coreano a questionar os motivos da postura das autoridades malaias, num comentário raro feito à imprensa na passada sexta-feira. Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia rejeitou as acusações e anunciou o regresso do embaixador malaio na Coreia do Norte “para consultas”. Quanto ao corpo, será entregue ao parente mais próximo – mas ainda ninguém da família o pediu formalmente. As agências internacionais de notícias diziam que o filho mais velho de Kim Jong-nam, Kim Han-sol, era esperado ontem na Malásia. Apanhou um voo para Kuala Lumpur a partir de Macau. O Ministério da Saúde acredita que amanhã poderão ser divulgados os resultados da autópsia. Sul em alerta A morte de Kim Jong-nam fez com que a Coreia do Sul tivesse ontem uma reunião do Conselho Nacional de Segurança. O Presidente sul-coreano em funções disse no encontro ter “a certeza quase absoluta” de que Pyongyang – ou seja, Kim jong-un – é o culpado do homicídio. Hwang Kyo-ahn deixou ainda um apelo ao reforço da segurança do país perante possíveis “provocações” da Coreia do Norte, tendo pedido a altos funcionários e militares que estejam alerta para a possibilidade de o país vizinho levar a cabo actos terroristas contra funcionários do Governo ou contra a Coreia do Sul “para desviar a atenção internacional” do crime. “Se juntarmos o anúncio das autoridades malaias e várias informações e circunstâncias, parece que o regime norte-coreano está por detrás do incidente”, disse Hwang, que apoiou assim a posição do Ministério da Unificação de Seul que, no domingo passado, acusou Pyongyang ser responsável pelo crime. O Presidente em funções classificou o homicídio de Kim Jong-nam como um “acto criminoso desumano inaceitável” e pediu aos funcionários que procurem cooperação internacional para que a Coreia do Norte pague pelo “acto de terrorismo”. “Isto demonstra claramente a natureza temerária e brutal do regime norte-coreano, que usa qualquer meio para manter o poder”, acrescentou Hwang Kyo-ahn. Menos amigos O modo agreste como a Coreia do Norte tem estado a lidar com Kuala Lumpur, na sequência da morte de Kim Jong-nam, faz com que o regime de Pyongyang possa ficar ainda mais isolado em termos internacionais. A Malásia encontra-se entre um número cada vez menor de aliados do tempo da Guerra Fria com quem Pyongyang tem conseguido manter laços. De acordo com informações do Governo da Coreia do Sul, o regime de Kim Jong-un tem 53 embaixadas e missões diplomáticas no estrangeiro. Especula-se também que a paciência da China com a Coreia do Norte possa estar a ser testada. Depois de ter deixado a Coreia do Norte, o filho mais velho de Kim Jong-il passou a viver entre Macau e Pequim, sendo que viajava precisamente para o território quando foi alvo do ataque fatal. No sábado passado, Pequim anunciou a suspensão, até ao final do ano, de todas as importações de carvão da Coreia do Norte – os analistas dizem que se trata de um duro golpe para a já frágil economia do regime. O gesto tem sido lido como uma forma de bater o pé a Kim Jong-un, depois de Pyongyang ter vindo a comportar-se de forma cada vez mais agressiva, com ensaios nucleares que causam preocupação ao nível internacional. Na edição desta segunda-feira, o Global Times, jornal do Partido Comunista Chinês, justificava a suspensão das importações de carvão com a determinação de Pequim em trabalhar em conjunto com a comunidade internacional para travar os esquemas nucleares norte-coreanos, mas não deu pistas sobre uma eventual mudança radical de atitude perante o vizinho.[/vc_column_text][vc_column_text css=”.vc_custom_1487807395168{margin-top: -20px !important;margin-bottom: 14px !important;}”] O filme https://www.youtube.com/watch?v=Zjfm_XOxLOs [/vc_column_text][vc_cta h2=”Síndroma da negação” h2_font_container=”font_size:44px” h2_google_fonts=”font_family:Oswald%3A300%2Cregular%2C700|font_style:300%20light%20regular%3A300%3Anormal” h2_css_animation=”none” shape=”square” style=”flat” color=”chino” use_custom_fonts_h2=”true” css=”.vc_custom_1487807037533{margin-bottom: 0px !important;border-top-width: 1px !important;border-right-width: 1px !important;border-bottom-width: 1px !important;border-left-width: 1px !important;padding-top: 20px !important;padding-right: 20px !important;padding-bottom: 20px !important;padding-left: 30px !important;border-radius: 1px !important;}”]O enviado da Coreia do Norte na Malásia afirmou ontem que não se pode confiar na investigação da polícia sobre o homicídio da semana passada no principal aeroporto de Kuala Lumpur. O diplomata de Pyongyang insiste ainda que a vítima não é Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder Kim Jong-un. Em declarações aos jornalistas, depois de um encontro com as autoridades malaias, Kang Chol afirmou que a embaixada identificou sempre a vítima pelo nome Kim Chol, com base no passaporte na posse do homem que morreu na segunda-feira da semana passada. “Já passaram sete dias desde o incidente, mas não há uma prova clara sobre a causa da morte em neste momento, não podemos confiar na investigação da polícia da Malásia”, vincou o embaixador. “A embaixada já o identificou como sendo Kim Chol, um cidadão norte-coreano, como vem referido nos seus documentos de viagem”, reiterou. Kim Chol era um nome frequentes vezes utilizado por Kim Jong-nam – era, de resto, a identidade que usava, por exemplo, na sua conta de Facebook.[/vc_cta][/vc_column][/vc_row]
Hoje Macau China / ÁsiaPequim suspende importações de carvão da Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai deixar de importar carvão da Coreia do Norte até final de 2017 – anunciou este sábado Pequim, após um novo teste de um míssil por Pyongyang e de um apelo dos EUA para a aplicação de sanções. “A China vai cessar momentaneamente as importações de carvão proveniente da Coreia do Norte até ao final do ano”, uma interrupção que será aplicada a partir de domingo e será válida até 31 de Dezembro, indicou o Ministério chinês do Comércio. Esta suspensão “inclui cargas em relação às quais os procedimentos aduaneiros não estejam concluídos”, precisou o comunicado, citado pela agência France Press. A decisão de Pequim é tornada pública menos de uma semana depois de um novo teste de um míssil balístico por Pyongyang, o Pukguksong-2, que percorreu no passado dia 19 cerca de 500 quilómetros, antes de cair no mar do Japão, o suscitou fortes reacções tanto na Ásia com em Washington. O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, que se encontrou na passada sexta-feira pela primeira vez com o seu homólogo chinês, Wang Li, apelou a Pequim para usar “todos os meios” no sentido de “moderar” os ímpetos turbulentos do seu vizinho e aliado tradicional. Em resposta, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros apelou para o restabelecimento das negociações a seis (as duas Coreias, Japão, Rússia, China e Estados Unidos), considerando imperioso ultrapassar-se o ciclo viciosos dos ensaios nucleares e das sanções. A interrupção das importações “mete em execução a resolução 2321 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, explicou sábado o Governo chinês num comunicado breve, no que parece ser uma decisão de Pequim assumir a política do ‘pau e da cenoura’. A resolução do Conselho de Segurança, adoptada no passado dia 30 de Novembro, resulta no apertar da rede das sanções contra a Coreia do Norte, em resposta aos avanços no seu programa nuclear com objectivos militares. A resolução estabelece, nomeadamente, um ‘plafond’ das vendas norte-coreanas de carvão nos 400,9 milhões de dólares, ou 7,5 milhões de toneladas, por ano, a partir de 1 de Janeiro de 2017, o que representa uma redução de 62% em relação a 2015. Pequim suspendeu as importações em Dezembro de carvão norte-coreano por três semanas, mas retomou-as no início de Janeiro. Parceiro de relevo A China é o único parceiro económico relevante de Pyongyang praticamente o único interessado no carvão norte-coreano. Ao abrigo do anterior regime de sanções, o Conselho de Segurança autorizava a compra de carvão e de minerais de ferro à Coreia do Norte, desde que os ganhos comerciais não fossem utilizados por Pyongyang para financiar o seu programa nuclear ou de armamento. Esta possibilidade permitiu a Pequim, sob o argumento da sua boa-fé, aumentar fortemente as suas importações de carvão, que ascenderam a 24,8 milhões de toneladas no período de Março a Outubro de 2016, três vezes mais do que o ‘plafond’, entretanto, imposto pelas Nações Unidas.