“Young Chef Young Waiter” | Dois profissionais locais alcançam finais no Mónaco

William Wang Weicheng e Mondass Velauntham competiram na final do “Young Chef Young Waiter” [Jovem Chef, Jovem Garçon] que decorreu na última quarta e quinta-feira no Mónaco. Os dois jovens não venceram, mas, segundo a Direcção dos Serviços de Turismo, trouxeram muita experiência na bagagem

 

A final da competição “Young Chef Young Waiter” [Jovem Chef, Jovem Garçon], que decorreu na última quarta e quinta-feira no Mónaco, contou este ano com dois jovens profissionais do sector da restauração de Macau, de nome William Wang Weicheng e Mondass Velautham.

Segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), os dois jovens, apesar de não terem arrecadado qualquer prémio, “competiram contra 12 profissionais de restauração de vários países e regiões”, além de terem elevado “as suas aptidões profissionais através de um dia de formação organizado pela organização”.

Os dois jovens “trocaram ainda trocaram experiências e alargaram os seus horizontes com os participantes de outros países e regiões, obtendo experiências valiosas durante o concurso, o que ajudará a melhorar os seus conhecimentos e técnicas profissionais nos serviços de culinária e restauração”, aponta a mesma nota.

Os profissionais oriundos do País de Gales venceram a competição, enquanto as equipas de Singapura e Inglaterra ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Ser internacional

As semi-finais e finais do concurso “Young Chef, Young Waiter Macao 2022” tiveram lugar em Setembro e Outubro deste ano. William Wang Weicheng, formando de gestão culinária do Wynn Macau, venceu o prémio de “Melhor Chef” de Macau, enquanto Mondass Velautham, director do restaurante “Pronto”, do Wynn Palace, foi galardoado com o prémio de “Melhor Garçon”.

A competição reuniu 14 jovens chefs e empregados de mesa oriundos de Inglaterra, Ilhas Caimão, Irlanda, País de Gales, Canadá e Singapura, a par com Macau, num total de sete países e regiões, com idade inferior a 26 anos e pelo menos três anos de experiência, que competiram entre si pelo galardão mundial.

Os 14 concorrentes foram divididos em sete equipas, constituídas por um chef e um empregado de mesa dos países e regiões participantes, sendo que cada uma concebeu, em conjunto, um menu com características próprias para ser avaliado pelo júri.

Cada chef teve de preparar almoço para cinco pessoas com entrada, prato principal e sobremesa, dentro do tempo indicado, que foi depois avaliado por um júri. Foram ainda colocadas perguntas sobre a preparação do cocktail de vodka, a colocação da mesa e outros preparativos da colocação da mesa. O júri das duas competições do concurso mundial integrou 12 membros, entre os quais se destaca Jason Atherton, conhecido chef com estrelas Michelin.

Após esta experiência, a DST espera que mais jovens de Macau possam integrar o sector da restauração, além de elevarem o seu nível de competitividade no contexto internacional.

21 Nov 2022

Nascer para competir?

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ou o tipo de pessoa que pensa e reflecte muito, por mim e pelos outros, por tudo ou por nada. “Fa Sheng” em Chinês é qualquer coisa como “pensamento floreado”. E eu estou sempre a pensar.
É com muito prazer que vos apresento esta minha coluna de opinião. Estreio-me com um assunto bem quente. Há pouco tempo explodiu nas redes sociais o caso de uma mãe que já está a trabalhar para o sucesso do seu filho, quando este ainda nem sequer nasceu. Sim, a criança ainda está dentro da barriga da sua progenitora e a mãe já está a planear a sua vida. Ainda assim, nota a publicação, a mãe acha que já vai tarde. A preparação, diz, deveria começar antes sequer de ficar grávida.
O caso suscitou uma enxurrada de opiniões. O tema ocupa espaço ainda num programa produzido pelo canal televisivo chinês de Hong Kong, a TVB, que pretende, de forma bem irónica, retratar este tipo de casos. Os pais assumem, pelo canal, o papel de “monstros” da organização, dos preparos, do futuro dos seus filhos, que ainda bem pequeninos já têm de saber coisas que só dizem respeito, ou deveriam dizer, aos adultos. Que só eles sabem e que é inútil às crianças.
No programa, existem uma mãe e uma criança de quatro anos. A progenitora prepara a sua filha para aprender várias línguas, para além da língua materna. Mas não só. É preciso ainda dominar a matemática, a dança, o piano e, ao mesmo tempo, ser master em programação. Os pais acreditam que com mais conhecimentos, capacidades, qualificações e, até, prémios, os miúdos ganham um estatuto que lhes permite entrar numa escola de renome e alta qualidade. Chega-se ao ponto de uma mãe exemplificar que existem escolas – “conhecidas e boas” – que apenas admitem alunos que tenham nascido em Janeiro, portanto é preciso pensar que para o filho ter sucesso tem de se calendarizar a ejaculação do pai. Não vão as contas baterem errado.
Acredito piamente que esse conceito existe também entre os pais de Macau. Vejo que as famílias mais abastadas metem sempre os seus filhos em escolas consideradas as melhores. Pensam que podem ter melhor formação, ou apenas querem mostrar aos outros pais que os filhos são alunos de boas escolas. Escolas que normalmente ensinam em Inglês ou Português. Escolas como a Pui Ching, que é considerada muito boa, mas cujos alunos já foram descobertos a roubar em lojas e a matar animais na rua. (Devo dizer que esta situação é muito mais notória em Hong Kong).
No caso que menciono das redes sociais, a mãe já está a sofrer por causa da questão das creches. Qual será aquela que o seu filho poderá frequentar? A progenitora já se está a comprar livros e álbuns de músicas – tudo em Inglês – e vai lendo para o seu filho para que ele – ainda dentro da barriga – comece a ficar familiarizado com a língua…
Mais vale prevenir do que remediar, porque no caso desta mãe, o seu filho mais velho não foi muito bem sucedido na entrevista para o jardim-de-infância. A mãe acha que não lhe preparou bem o futuro e, por isso, o filho não conseguiu expressar as suas capacidades tão bem quanto outras crianças. Comparado com essas, o seu filho não conseguia contar nem dizer as letras do abecedário e a mãe achou mesmo ele tinha um atraso mental. Posto isto, não há dúvidas: a mãe sente que tem de preparar o seu segundo filho melhor.
Já não bastava um mundo de competição entre os adultos? Agora começa-se desde criança? Precisam mesmo de competir antes de nascerem? Compete-se pelos bons serviços de saúde, pelas vagas em creches, nos jardins-de-infância, nas escolas e depois nas universidades. Uma vida de competição.
Uma outra mãe admitiu no programa que exige ao filho saber como são os amigos, para poder comparar e saber quem é o melhor. Um dos pais falou mesmo numa geração “zombie”, onde os jovens se comportam de igual modo, uns atrás dos outros, onde ninguém foge ao estipulado, nem se questiona, até porque nem sabem como agir de outra forma.
É verdade que todos os pais querem o melhor para os filhos, querem que eles sejam os melhores, que tenham um bom futuro, mas não percebo desde quando é que a escola perdeu o poder de ensinar e passar bons conhecimentos aos alunos. Desde quando é que deixou de ser suficiente, sendo necessário encher os calendários dos miúdos cheios de actividades extra-curriculares. Tudo em nome de certificados e prémios. Tantas crianças sem vida social, sem contacto com o mundo lá fora só pelo “bom futuro”, só por “dinheiro”.
Nós adultos, quando enfrentamos muitos afazeres, reclamamos muito. “Quem me dera voltar aos meus tempos de criança. Bons velhos tempos”, dizemos tantas vezes. Relembramos vidas desafogadas, horas de brincadeira, erros sem pressões. Era-nos possível errar. Parece que isto deixou de existir na sociedade actual. Com estes pais exigentes, em nome dos seus próprios interesse e não das crianças, estamos a criar adultos infelizes, atrofiados e sem amor à vida.

Fa Seong 花想

1 Jul 2016