Jogo |  Revisão à lei vai mesmo proibir funcionários de entrar em casinos

O vício do jogo está a afectar trabalhadores dos casinos, especialmente croupiers, e Paulo Chan quer evitar que isso aconteça. A Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo e será entregue à AL em 2017. Só não se sabe ainda se todos vão ser impedidos de entrar

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá confirmado: a revisão à Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo. A afirmação é do director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que diz a proposta de lei vai ser entregue na Assembleia Legislativa antes das eleições de 2017.
O Governo já tinha demonstrado querer restringir a entrada dos trabalhadores do Jogo nos casinos fora da sua jornada laboral. Agora, a questão confirma-se, ficando contundo por decidir se a proibição se estende a todos os empregados ou apenas aos croupiers, como admitiu Paulo Martins Chan à margem do programa de rádio Fórum Macau.
A DICJ está neste momento a recolher opiniões junto das operadoras de Jogo, associações e trabalhadores do sector, mas Paulo Chan frisa que está “é um dos trabalhos mais urgentes” do organismo que dirige.
“Ainda estamos no processo da revisão e não foram revelados os conteúdos a rever. Mas, com a análise de vários relatórios, notámos que os croupiers são um grupo de alto risco perante o vício do jogo”, explicou.

Com segurança

Paulo Martins Chan já tinha assegurado que iria  aperfeiçoar a lei que condiciona a entrada, trabalho e jogo nos casinos assim que assumiu o cargo. Agora, assegura que a lei revista vai ser entregue à AL antes das eleições em meados de 2017.
Choi Kam Fu, Presidente da Associação de Empregados das Empresas de Jogo Macau, mostrou preocupações com a decisão e disse esperar “que não afecte o emprego dos trabalhadores”. O responsável diz ainda que se deve proibir a entrada de todos os trabalhadores e não apenas dos croupiers, a fim de construir uma malha de segurança para todos os empregados.
Além da revisão desta lei, Paulo Chan adiantou ainda que o organismo também está a rever a lei que regula os promotores do Jogo e as máquinas de jogo electrónicas. “É necessário, para conseguirmos acompanhar. A nossa equipa legal já passou de duas para cinco pessoas”, frisou, sem adiantar detalhes sobre o que vai mudar nestes diplomas.

* por Angela Ka com Joana Freitas

26 Jul 2016

Jogo | Junho trouxe receitas mais baixas desde Setembro de 2010

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos tiveram em Junho as receitas brutas mais baixas desde Setembro de 2010, segundo os dados oficiais conhecidos na passada sexta-feira. Os locais de jogo fecharam o mês passado com receitas de 15,9 mil milhões de patacas, uma queda de 8,5% face ao mesmo período de 2015.
Junho foi o 25.º mês consecutivo de quedas homólogas das receitas dos casinos e aquele em que atingiram o valor mais baixo desde Setembro de 2010, quando se situaram nos 15,3 mil milhões de patacas.
A queda de Junho foi inferior aos 9,5% que a Bloomberg havia calculado, com base numa média das estimativas de sete analistas.
“O mercado de massas [por oposição ao VIP, dos grandes apostadores] continua a mostrar um crescimento modesto”, disse à Bloomberg Grant Govertsen, analista da Union Gaming Group LLC, que considera que as receitas poderão voltar a crescer a partir de Setembro, com a abertura de novos empreendimentos com casinos, virados para esse mercado, de turistas e jogadores que procuram também outros tipos de entretenimento.

Fim de ciclo

Entre os analistas e economistas, é consensual que as receitas dos casinos vão estabilizar este ano, que marcará o fim do longo ciclo de queda, mas há divergências em relação ao momento em que isso acontecerá.
A estimativa do Governo vai no sentido de que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano, uma quebra de 13,3%.
A queda das receitas tem sido associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado dos casinos de Macau os grandes apostadores. A fatia do jogo VIP no bolo das receitas dos casinos de Macau tem vindo a diminuir, embora ainda representasse mais de metade (55,3%) no final de 2015. Em 2014, a proporção era de 60,4% em 2014, em 2013 de 66,1% e em 2012 de 69,3%, sendo que, no início da década anterior, o peso do segmento VIP no total das receitas dos casinos chegou a ser superior a 77%.

Governo “confiante” no mercado de massas

O Governo disse na sexta-feira que há uma “enorme possibilidade” de as receitas dos casinos continuarem a cair no segundo semestre e revelou que o peso do mercado de massas superou o dos grandes apostadores este ano.
“Efectuada uma análise global sobre as situações económicas internacionais e regionais, estima-se que o ajustamento do sector do Jogo poderá persistir por mais algum tempo, havendo ainda uma enorme possibilidade de as receitas brutas reportadas ao segundo semestre do corrente ano continuarem a manter-se em crescimento negativo, quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas com a amplitude da sua descida a abrandar-se continuamente”, lê-se num comunicado.
Os analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos, em queda há mais de dois anos, vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o longo ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso acontecerá, havendo quem aponte já o mês de Agosto ou Setembro.
No comunicado, o Executivo lembra as suas estimativas no orçamento da região para este ano, menos optimistas do que as dos analistas, que apontam para que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano (numa média de 16,6 mil milhões de patacas mensais), uma quebra de 13,3% em relação a 2015.
O Governo congratula-se com o avanço do mercado de massas em relação ao jogo VIP (ver texto acima), considerando que resulta da “eficácia preliminar dos trabalhos do Governo da RAEM na promoção da diversificação do sector”, tradicionalmente dependente dos grandes apostadores chineses. O Executivo lembra ainda que vão abrir dois novos empreendimentos no segundo semestre do ano, vocacionados para o mercado de massas, e diz que “acredita que isto poderá ser benéfico para elevação das atracções do mercado turístico de Macau.

4 Jul 2016

Associações a favor da proibição de entrada de funcionários em todos os casinos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) reuniu ontem com 11 associações que representam os trabalhadores do sector do Jogo, com vista a debater a possibilidade de proibir a entrada dos funcionários em todos os casinos.
Ao HM, o presidente da Associação Forefront of Macau Gaming, Ieong Man Teng, confirmou que todas as associações presentes no encontro estão a favor da proibição, com pequenas divergências sobre alguns pontos. Um deles é se a proibição vai abranger todos os trabalhadores dos casinos, incluindo pessoal da administração e empregados de limpeza, a título de exemplo.
“O Governo está certo em considerar a execução da interdição da entrada. A reunião serviu sobretudo para as associações expressarem as suas sugestões”, referiu Ieong Man Teng.

Da prevenção

Segundo um comunicado da DICJ, os representantes das associações concordaram que “a proibição da prática de jogos por trabalhadores do jogo irá ajudar a prevenir que os mesmos se tornem jogadores problemáticos e contribuir para o desenvolvimento saudável do sector do jogo”. Paulo Martins Chan, director da DICJ, disse que o Governo “tem estado atento ao impacto do Jogo na sociedade e irá continuar a aperfeiçoar o regime jurídico do sector”. “Os trabalhadores do sector necessitam de ser protegidos, assegurando que não sejam afectados pelo problema do jogo problemático”, acrescentou.
Antes da reunião a Forefront of the Macao Gaming apresentou um inquérito feito a quatro mil residentes sobre o assunto. Os resultados mostram que 755 dos inquiridos, mais de 2900 pessoas, estão a favor desta proibição. Cerca de 77% dos trabalhadores dos casinos que responderam ao inquérito também estão a favor.
O encontro serviu ainda para discutir a supervisão efectiva, dada a dificuldade em identificar as pessoas. Várias associações sugeriram que os cidadãos que não são empregados nos casinos possam também fazer o seu registo na DICJ para poderem entrar nos casinos, ideia com a qual a Forefront of Macau Gaming concordou.
A próxima reunião será entre a DICJ e as concessionárias de jogo, bem como com as associações de jogo responsável.

Angela Ka

1 Jul 2016

Protesto | Residente acusa Venetian de capturas ilegais

Vão para uma sala e ficam sem documentos durante umas horas. A Venetian está a ser acusada por um residente de fazer capturas ilegais de pessoas dentro do casino, com a ajuda dos seguranças

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m residente, de nome Lei, manifestou-se ontem junto à fronteira com Zhuhai acusando a Venetian de ter autorizado a sua captura e encerramento numa sala com mais pessoas, algo que, segundo disse, ocorrerá com frequência dentro do empreendimento. Segundo relatou este individuo, os seguranças levam-nos para salas, apoderam-se dos documentos de identificação e os homens só podem sair várias horas depois, sem uma explicação.
Lei, que empenhava um cartaz que revelava a sua idade (48 anos) e o apoio que recebe de grupos como “Poder do Povo” e “Aliança da Juventude” contou o que aconteceu consigo em Maio. “Estava à espera de um amigo meu ao lado de um bar, no Venetian, quando de repente surgem três seguranças nepaleses que me obrigaram a ir para uma sala de segurança”, referiu Lei.
Quando chegou à sala, Lei terá encontrado outros chineses, sendo que alguns lhe disseram que estavam ali há cerca de 20 horas. O senhor Lei terá sido forçado a ficar na sala durante duas horas, tendo ficado sem documentos de identificação. Sem explicações por parte dos seguranças, Lei diz ter ficado ferido nos braços e nas costas.
Lei afirma que demorou algum tempo a denunciar o caso porque estava à procura de testemunhas, tendo referido que não tem qualquer ligação com a Venetian, tendo apenas sido jogador no casino da empresa. Lei referiu ainda saber apenas que os outros detidos são do interior da China, acusando a Venetian de permitir esta “ilegalidade” todos os dias, exigindo explicações à operadora.

Sem medo

“Um chefe do departamento de segurança, estrangeiro mas que fala chinês, já disse que a Venetian não tem medo de processos judiciais, por ter uma forte equipa de advogados.” Durante o protesto, Lei questionou o facto dos Estados Unidos serem um país onde existe preocupação com os direitos humanos. “Porque é que esta empresa americana faz ilegalidades na China, porquê?”, questionou.
Depois do protesto, Lei promete ir ao consulado-geral dos Estados Unidos em Hong Kong denunciar o caso, bem como fazer uma queixa junto das autoridades policiais de Macau.

28 Jun 2016

G2E Asia | Nova geração chinesa vai mudar o turismo de Macau

A nova geração chinesa e as suas ambições como viajantes são factos importantes para Macau, que tem de mudar a face sob pena de alienar estes novos turistas. Mais colaboração entre as operadoras, um plano para a cidade e uma alteração na oferta são necessidades prementes, dizem analistas

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das conferências do Global Asia Gaming Expo (G2E Asia) realizada ontem focava-se na geração chinesa do milénio e na forma como esta pode moldar o futuro do turismo de Macau. Duas analistas do sector de inteligência da Bloomberg, Catherine Lim e Margaret Huang, dizem que muita coisa terá de mudar no perfil de Macau para atender a uma geração mais sofisticada, hiperligada e que procura coisas novas, diferentes e únicas.
“Os milenários querem uma imersão cultural, querem aprender algo”, diz Margaret Huang, avançando ainda que “Macau tem estado num lugar confortável como um destino de casinos e não tem pensado muito em criar elementos diferenciadores do produto”. Trazer o elemento cultural para a equação, é importante, refere a analista, que mostra dados de 7% dos rendimentos das operadoras no sector extra-jogo, que, no seu todo, cresceu 5%. “O Venetian lidera-o porque tem mais coisas para oferecer”, indica.

Destino mundial?

A ideia de transformar Macau num local de turismo mundial de lazer não parece a melhor ideia para as analistas. “Primeiro, é logisticamente difícil e ninguém na Europa ou noutro lugar pensará em vir para Macau a não ser para jogar”, diz Margaret Huang. “Como não jogadora”, acrescenta Catherine Lim, “mesmo estando em Singapura, levar quase quatro horas para vir a uma terra de casinos não é muito atractivo. Macau precisa de algo único que atraia a atenção do público, para além do jogo”.
O segredo é começar por apostar “no fruto mais à mão”, diz, e esse é a nova geração de milenários chineses. “Mas é preciso conhecê-los e perceber o que os motiva”.

“Balinghou” e “Jiulinghou”

Em conjunto, “Balinghou” e “Jiulinghou” formam os milenários. Mas são muito diferentes e não gostam de ser confundidos.
Os “Balinghou”, nascidos na década de 80, são a primeira geração pós-reforma. Mais consumistas, mais optimistas no futuro, mais focados no empreendedorismo e convictos do seu papel de transformarem a China numa superpotência. Os “Jiulinghou” são outra história: a primeira geração a viajar extensivamente, a ligar-se de forma quase plena na internet (90% tem telefones inteligentes) e que, como diz Margaret, “não querem billboards, querem histórias”.
Além disso, têm um enorme sentido de individualidade pelo que, adianta a analista, “procuram coisas únicas, experiências diferentes para mostrarem aos amigos via internet”. Não gostam de viajar em grupo e o seu grande objectivo é divertirem-se.

Retalho singular

Actividades como jogos de computador e idas ao cinema conquistam grande parte das preferências, mas a compras em lojas também podem ser uma possibilidade apesar da permanente ligação à net os fazer adquirir produtos online. O segredo é uma oferta original.
“Macau já foi o paraíso do retalho”, diz Catherine Lim. Mas vai mudar. “Fiquei espantada ao saber que apenas agora vai abrir uma loja da Apple no Galaxy”, diz para ilustrar a ideia que o mercado de gadgets electrónicos é essencial para esta nova geração.
Além disso, garante, as marcas de luxo estão a começar a pensar no número de portas que têm abertas na grande China. “A questão”, diz a analista, “é todos esses espaços novos que vêm para Macau terem de pensar muito bem no que vão lá colocar dentro”.
Com a nova clientela que se avizinha, Catherine aposta no “premium affordable”, na exclusividade, no raro. “Algo mais funky, tech, lifestyle por oposição ao ‘high end’. O luxo não desaparecerá mas as marcas terão de repensar posicionamentos. “Talvez devam ser mais exclusivas e não iguais às que se encontram pela Ásia fora”, diz Margaret.
Segundo Catherine Lim, até a Chow Tai Fook e a Lukfook, que têm invadido o centro da cidade, um dia poderão começar a fechar. “Sei que eles começam a pensar se o número de portas abertas em Macau é justificado”, diz, adiantando que “se ainda têm tantas é devido a compromissos que assinaram com os amigos.” Segundo a analista, “antes de 2014 o retalho de jóias e relógios cresceu mais rápido” mas isso já não se verifica, porque “há uma nova dinâmica nos gastos de chineses”.

Marketing, planeamento e cooperação

A colaboração entre operadoras é outro dos pontos que consideram essencial. Para lá da impermeabilidade entre operadoras também “não está a ser feito um bom trabalho de marketing”, diz Margaret. “Em Hong Kong não estamos a par da maioria das coisas que aqui se passam e é tão perto…” lamenta, acrescentando ainda que “em Macau só se fala de casinos”.
Uma opinião corroborada por Catherine que utilizou mesmo o sítio do Turismo de Macau como exemplo de má comunicação: “O património tem pouco conteúdo. A zona de comidas é pobre. Não há nada que nos transporte”, referindo ainda a apresentação “antiquada, com cores estranhas, onde há de tudo um pouco mas nada significativo”.
A falta de planeamento urbanístico é outro dos pontos onde Macau tem de se focar para que “não apareçam coisas desconexas”. Um planeamento que, do ponto de vista da analista, deve ir além do urbanismo, incluindo entretenimento e cultura pois “facilita a estratégia de marketing que pode ser potenciada pela redes sociais tão importantes para os milénios”, explica. “Macau precisa de imagens fortes e de mais cultura, pois estamos perante uma nova clientela muito sofisticada”.

Wynn | Sala VIP fechada. Funcionários sem salários

Uma sala VIP do grupo Goldmoon, localizada no casino Wynn, fecha portas este sábado, dia 21, estando previsto o despedimento de todos os seus trabalhadores. Segundo o canal Mastv, os funcionários queixam-se de salários em atraso desde Fevereiro.
O fim do negócio terá sido comunicado através de uma circular interna colocada na sala VIP. As razões apontadas pelo grupo Goldmoon alertam para o abrandamento da economia. A empresa terá prometido uma indemnização, mas um funcionário disse à Mastv que desde Fevereiro que não são pagos salários.
A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) confirmou que recebeu queixas de 17 trabalhadores. Choi Kam Fu, director da Associação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, disse estar preocupado que a empresa de junkets possa dividir os salários dos funcionários em várias partes para pagar apenas a base salarial aquando da definição das indemnizações.
Choi Kam Fu considera “irracional” que o salário base de cada funcionário seja de quatro mil patacas, quando na realidade cada trabalhador ganha entre 20 a 30 mil patacas mensais. “Esse é o ponto que trabalhadores e patrões não conseguem coordenar.”
O responsável acredita que será fácil aos trabalhadores voltarem a ter trabalho no sector, mas aconselha-os a que façam formação noutras áreas, como contabilidade, técnicos de reparações ou manutenção de equipamentos. (Por Flora Fong)

19 Mai 2016

Economistas não acreditam em 9% de aumento de receitas extra-jogo

A meta é clara: até 2020 o Governo quer que 9% das receitas dos casinos sejam provenientes de actividades extra-jogo. Lionel Leong não esconde que tem pela frente um trabalho de Hércules. Já os economistas dizem ser “quase impossível”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer mas nem o próprio Secretário para a Economia e Finanças acredita. Uma “tarefa” que não será “fácil”, é como Lionel Leong classifica a meta de aumentar as receitas das actividades extra-jogo das concessionárias de 6,6% – valor actual – para 9%, até 2020. Economistas contactados pelo HM também não parecem muito convencidos.
“Apesar do Governo acreditar que se vai alcançar esta meta, é necessário o esforço conjunto das diversas partes [e sublinho] não ser uma tarefa fácil”, explicou o Secretário aos jornalistas, na semana passada, à margem de uma cerimónia pública. Apesar da dificuldade apresentada, o Governo está “convicto de se conseguir esse objectivo”, sendo que até as concessionárias do Jogo “já manifestaram” essa confiança.
Mas, será assim? “Na realidade penso que o que o Secretário disse é inteiramente verdade, é muito difícil. Porque esta meta tem efectivamente a ver com a diversificação da economia e nós todos sabemos que isso não é tarefa fácil”, começa por admitir o economista José Luís Sales Marques.
No entanto, é bom, diz, que “em parte o Governo tenha apontado para um objectivo e que o próprios reconheçam que não é uma meta fácil de atingir. Isto mostra alguma garra, alguma ambição no sentido positivo de se concretizar a diversificação económica”.
Por outro lado, é preciso existir uma “estratégia bastante mais clara e objectiva, do que aquela que se tem vindo a ter até agora”, explica o economista ao HM. “Isto quer dizer que a diversificação económica passa por objectivamente aumentar a contribuição de sectores que não o Jogo na composição do Produto Interno Bruto (PIB).”
À sua frente, o Governo tem um trabalho a cumprir: o de estimular os outros sectores, que na maioria são as pequenas e médias empresas (PME). No fundo, “o que estamos a pedir é que as PME, nas suas diversas actividades, dêem um contributo mais substancial ao PIB”, nota Sales Marques. Para isso é preciso olhar para o funcionamento deste tipo de empresas, para as suas áreas de actuação, sem esquecer a necessidade de “estimular” as PME, para que possam funcionar melhor e mais produtivamente.
“Isto passa, claro, por questões que estejam relacionadas com o capital, com o financiamento, com a utilização das tecnologias e, também, e neste caso particular de Macau, pela qualidade da mão-de-obra”, argumenta o economista.

Ver para perceber

Para Sales Marques, é essencial olhar “para as coisas com muito realismo e ver efectivamente que Macau tem de ter uma mão-de-obra mais qualificada”. Sem esquecer o esforço na educação e formação que o Governo tem feito, que, diz, “não tem sido suficiente”.
“É preciso que Macau tenha uma maior abertura para entrada de profissionais em vários sectores, para trabalharem no território. Profissionais estes que possam contribuir para a diversificação da nossa economia e com a sua experiência nos ajudem a formar no trabalho os seus companheiros locais”, explicou o economista, que se mostrou a favor da formação dos talentos de Macau.
“Os talentos fundamentalmente têm duas componentes, uma ligada à sua formação e educação e outra ligada ao processo produtivo, porque aqui não basta saber, é preciso saber fazer. E este é o segredo da produtividade”, frisou.

É impensável

Em termos práticos, a proporção do aumento das receitas terá de ser de 30%. Lionel Leong explica que “se as receitas totais das concessionárias do Jogo forem de cem patacas, então as receitas das actividades extra-jogo são de 6,6 patacas, enquanto as receitas das actividades do Jogo são de 93,4 patacas”.
“Assim, se daqui a cinco anos, conseguirmos um aumento das receitas das actividades extra-jogo de 6,6 patacas para nove patacas, isto significa que na realidade a proporção de aumento é superior a 30%”, clarificou.
Tal como o Secretário, também Albano Martins confirma a necessidade de um aumento de 30%. “Para chegarmos aos 9% é preciso que a esta indústria do extra-jogo cresça 30% num ano. Isto é quase impossível. O que significa que o Governo tem noção que uma alternativa ao Jogo não vai acontecer nos próximos 20 anos”, defendeu o economista.
O verdadeiro desafio está em “arranjar alternativas ao Jogo”, se estas alternativas “não surgirem pela própria mão do sector”, com actividades diferentes do Jogo.
“Só o próprio Jogo tem esta capacidade”, apontou Martins, frisando que as concessionárias devem apostar em eventos que modernizem e convenções. “Tem acontecido, mas tirando isto não se faz mais nada”, explicou, adiantando que para a diversificação é preciso “muito tempo”. “Para crescer até 9% é preciso muito. Isto tecnicamente é quase um objectivo impossível de atingir. Não vai ser nada fácil diversificar e é bom que o Secretário tenha essa noção.”

Optimistas precisam-se

Para o comentador Arnaldo Gonçalves, as declarações de Lionel Leong são “razoáveis” e “acertadas” e este é um assunto que recolhe unanimidade de observadores e economistas.
“Macau tem uma dependência crónica em relação ao Jogo, que nos últimos 15 anos não foi ultrapassada. Não se vê aparecer um outro sector económico, ou um conjunto de actividades económicas que possam compensar essa dependência crónica. No campo dos desejos, todos queríamos que esta dependência não fosse intensiva, mas a verdade é que ela continua a existir”, explica.
Para Arnaldo Gonçalves, as actividades inovadores e culturais não podem ser uma alternativa ao Jogo. “O que é que estas actividades gerem em relação ao lucro? Dão espaço para fazer artigos para Macau, mais nada”, frisou, reforçando que o território não tem um produto que seja seu ou uma marca que possa ser comercializada para fora.
Em contrapartida, o economista Joey Lao sente-se bastante optimista quanto à meta colocada pelo Governo. “Considero o objectivo bastante razoável”, apontou, defendendo que Macau já começa a dar sinais desse mesmo crescimento. O economista não esconde que é um “desafio” para o Governo e concorda com o Secretário, mas diz que é algo exequível.

9 Mai 2016

Casinos | Shuttle-bus deixam de ser gratuitos. Turistas queixam-se

Para chegar aos casinos, continua a ir-se gratuitamente. Mas se quiser ir para qualquer outro lado, vai ter de começar a pagar: em compras, jogo ou quartos de hotel

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]arece ser outro resultado da queda das receitas de jogo: os autocarros dos casinos que levam os visitantes às fronteiras ou já não são todos gratuitos. Quem quiser apanhar um shuttle-bus precisa agora de consumir ou ser membros de um casino. Há turistas que ainda desconhecem a medida e preferem-na como era antes.  
A notícia foi avançada pelo jornal Apple Daily no início da semana, quando uma turista de Hong Kong que desconhecia a nova medida dos casinos se queixou de ter sido obrigada a jogar mais no casino para conseguir uma senha para o shuttle bus.
O HM apurou ontem que a mesma situação se passa em vários casinos na península de Macau. Ontem à tarde, na paragem do autocarro da Wynn, ninguém esperava o shuttle. Siu, uma das funcionárias da operadora, afirmou contudo que já desde o dia 1 de Março que é preciso “ganhar uma senha para que se possa apanhar os shuttle bus” para as Portas do Cerco, terminais marítimos ou aeroporto.
“É preciso ganhar a senha através dos pontos acumulados em cartão de membro, não importa quantos. Ou através de recibos de consumo dentro do casino ou hotel”, disse.
Mas a frequência de partida de autocarros mantém-se, explicou Siu, cada dez minutos. A funcionária do Wynn explicou ainda que se pode apanhar autocarros da operadora StarWorld, cujo casino fica apenas ao lado, porque esse exige aos passageiros que tirem senhas de shuttle bus só a partir das cinco da tarde.

Por todo o lado

A mesma medida foi encontrada pelo HM no MGM, que explica, aliás, as novas regras num aviso colocado na paragem de autocarros da operadora.
“Para apanhar qualquer das carreiras de shuttle-bus do MGM para outros destinos, é necessário ter uma senha de shuttle-bus do MGM, recibos de data válida de consumo de restaurantes ou lojas, ou mostrar confirmação de reserva de quartos do hotel”, lê-se no aviso. 
Encontrámos Kei, turista proveniente de Hong Kong, à espera do autocarro para o Terminal Marítimo para voltar região vizinha. Afirmou que desconhecia que os shuttle-bus já não são gratuitos e considera que a medida nova é inconveniente.
“Era melhor quando era gratuito, porque agora é inconveniente, porque tive de usar um cartão de membro que acumula pontos depois de jogar no casino para conseguir ganhar a senha. Antes não precisava”, afirmou.
O Grand Lisboa também não escapa desta situação. “Pede-se a senha de autocarro aos funcionários das mesas de jogo no casino”, explicou Leong, um dos funcionários do hotel. “É melhor consumir no casino, mas também pode não ser assim, se os funcionários apenas derem as senhas”, acrescentou, quando o encontrámos na paragem de shuttle bus na entrada principal do hotel.
Apesar de tudo, os funcionários das duas últimas operadoras de jogo explicaram que apanhar shuttle-bus de ida para os casinos e hotéis continua a ser gratuito.
 

14 Abr 2016

Jogo | Casinos com quebras de 16,3% em Março

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos fecharam Março com receitas de 17.981 milhões de patacas, uma queda de 16,3% face ao mesmo mês do ano passado, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. Segundo dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos acumulados, os casinos registaram, nos primeiros três meses do ano, receitas de 56.176 milhões de patacas, menos 13,3%.
Março, que apresenta o pior desempenho de 2016, marca um regresso às quedas a dois dígitos, depois de em Fevereiro as receitas dos casinos de Macau terem recuado apenas 0,1%. Em Janeiro, a queda havia sido de 21,4% em comparação com o mesmo mês de 2015.
As receitas do jogo estão em queda desde Junho de 2014, com Março a ser o 22.º mês consecutivo de quedas homólogas. Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, devido à diminuição das receitas do jogo, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999, ano da transição de administração do território de Portugal para a China.
A queda das receitas dos casinos tem sido associada à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado de Macau os grandes apostadores chineses.

Contra a dependência

A 9 de Março, o Executivo revelou que entregou ao Governo Central um relatório com vista à diversificação da economia da região, de forma a torná-la menos dependente do jogo.
“O Governo da RAEM considera que a promoção do desenvolvimento adequado e diversificado da economia é uma opção incontornável no desenvolvimento sustentável de Macau”, lê-se num comunicado oficial divulgado na altura.
O documento entregue em Pequim destaca, segundo o mesmo comunicado, “o aprofundamento da cooperação regional”, “o apoio e o estímulo ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas” e “o aceleramento” do desenvolvimento de Macau como “Um Centro, Uma Plataforma”. “Com vista a acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia, o Governo da RAEM apresentou, também, ao Governo central, algumas políticas em relação às quais espera obter apoio”, lê-se no comunicado, que não dava mais detalhes.
A receita pública de Macau caiu o ano passado 34,3% face a 2014, a primeira diminuição em pelo menos cinco anos, de acordo com os dados oficiais disponíveis. Ainda assim, Macau fechou o ano com superavit e espera que o mesmo aconteça em 2016. LUSA/HM

5 Abr 2016

Ano Novo Chinês | Funcionários públicos aproveitam licença para jogar nos casinos

São apenas três dias por ano em que funcionários públicos estão autorizados a entrar nos casinos. Há quem não queira perder a oportunidade de tentar a sua sorte e conseguir ganhar o “lucky money” garantindo a boa sorte para o resto do ano

Fátima Valente, da Agência Lusa

Lei e Manuela, duas funcionárias públicas de Macau, não falham uma ida aos casinos no Ano Novo Chinês, a única altura do ano em que ali podem entrar e tentar a sorte, cumprindo a tradição chinesa.
Apesar de estar longe de se interessar pelo Jogo, Lei, de trinta e poucos anos, recebe sempre com entusiasmo a autorização da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que lhe permite – a ela e demais funcionários públicos –, ir três dias por ano ao casino.
A autorização para entrar e jogar nos casinos é válida, este ano, entre as 20h de 7 de Fevereiro (véspera do primeiro dia do Ano Novo Chinês), passado domingo, e a meia noite de hoje, podendo ir até às duas da manhã se os funcionários públicos já se encontrarem numa sala de jogo dos mais de 35 casinos de Macau.
Por norma, Lei vai ao casino em grupos de oito a dez pessoas. Para as apostas dos três dias, reserva mil dólares de Hong Kong. “É uma tradição chinesa. Se conseguires ganhar o dinheiro da sorte (‘lucky money’) é um bom sinal. Talvez [signifique que] vais ganhar mais no novo ano ou [que] vais conseguir algum benefício extra”, afirmou.
Para evitar uma eventual exposição à tentação de suborno ou corrupção, os funcionários dos Serviços Públicos de Macau estão proibidos de entrar nos espaços de jogo, excepto durante o Ano Novo Chinês.
A proibição já vem do tempo em que o magnata Stanley Ho era o único com licença para operar casinos no território, observou o antigo académico do Instituto Politécnico de Macau Larry So, em declarações à Lusa.
O académico recua até à China imperial para explicar o quão enraizada está a tradição chinesa de jogar durante o Ano Novo Chinês, em que “as pessoas são encorajadas a jogar diferentes jogos, incluindo no casino”.

A céu aberto

“Nas áreas rurais, as pessoas jogam todo o tipo de jogos e estes podem ser a dinheiro”, sublinha. Por outro lado, lembra que no período do Ano Novo Chinês, “em especial nos primeiros dias”, até a Cidade Proibida, em Pequim, está aberta ao público.
“Em essência, estamos a falar de que não deveria haver nada proibido à população; de que durante o Ano Novo Chinês estamos abertos a tudo”, acrescentou.
Mas a interdição aplicada aos funcionários públicos do território durante o resto do ano não significa que não possam jogar: “Não podem jogar no casino, mas podem continuar a jogar Mahjong e outros jogos, e se forem [viajar para fora de Macau, por exemplo] à Coreia do Sul, podem ir aos casinos”, explicou.
Para Lei, é normal que os funcionários públicos ganhem um interesse especial por este limitado período em que podem apostar nos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo. Mas na sua opinião, os quadros da Administração não entram em desespero por ficarem mais de 360 dias sem poderem ir ao casino ou terem de os contornar sempre que vão aos restaurantes ou lojas dos centros comerciais dos grandes complexos onde estão instalados.
“Hoje em dia temos mais meios para jogar. Há o ‘poker’, as apostas nos cavalos e no futebol”, disse.
Segundo o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, caso sejam apanhados no interior de um casino fora do período autorizado durante as festividades do Ano Novo Chinês, os funcionários públicos são penalizados de “acordo com uma decisão do seu respectivo departamento”, segundo a DICJ.
Manuela Sousa Aguiar, funcionária pública há cerca de 25 anos, diz que passa bem sem pôr os pés nos casinos. “Não tenho familiares próximos que gostassem de jogar, por isso, não tenho essa grande ansiedade”, afirmou.
Ainda assim, não desperdiça a oportunidade de, nesta altura do ano, entrar num casino, nem que seja para “não ser saloia e poder explicar [como funcionam] aos amigos estrangeiros” que visitam Macau.
Além disso, também já foi a casinos quando viajou para o estrangeiro e ficou surpreendida com as diferenças. “Em Auckland [Nova Zelândia] eles têm mais ‘slot machines’ do que mesas de jogo com ‘croupiers’ e as apostas não são muito elevadas nas salas comuns”.
Tradutora ao serviço da Administração Pública, diz que estas idas aos grandes espaços de entretenimento também a ajudam a aprofundar conhecimentos sobre a indústria de jogo, não raras vezes tema de trabalho nas interpretações simultâneas que tem de fazer.
Neste Ano Novo Chinês, Manuela já decidiu o que fazer: quer ir ao Studio City, o mais recente casino da cidade, inaugurado no final de Outubro. Planeia apostar até mil dólares de Hong Kong: “Se ganhar levo a família a um restaurante de luxo”.

11 Fev 2016

Inspecção de Jogos | Melco e MGM esperam supervisão mais forte

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s responsáveis pelas operadoras Melco Crown e MGM estão à espera de mais supervisão no que ao Jogo diz respeito agora que Paulo Chan está ao leme da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Uma das esperanças de Lawrence Ho e Grant Bowie é que o novo director reveja “totalmente” os regulamentos e leis do Jogo e ainda que colabore mais com as operadoras.
Ao Jornal Ou Mun, o director-executivo da Melco Crown Entertainment, Lawrence Ho, disse esperar que Paulo Chan continue a desenvolver o mercado do Jogo de forma saudável, mas também que reforce a supervisão das salas VIP. Questionado sobre o que espera sobre a revisão a médio-prazo das licenças de Jogo, Ho diz que o mais importante é a justiça.
“O Governo pode dar notas às seis operadoras de Jogo de acordo com o investimento feito no sectores extra-jogo. É como se fosse uma escola: há alunos bons e maus e acho que a Melco Crown é uma boa aluna”, atira, considerando que o Governo consegue perceber bem, se analisar, o resultado dos esforços das operadoras.
Já Grant Bowie, director-executivo da MGM, disse que um dos objectivos com o novo director da DICJ é manter uma cooperação próxima de forma a que as políticas entrem também em acordo com a operação das empresas.
“A comunicação entre as concessionárias de Jogo e a DICJ é importante, porque só através dessa cooperação Macau pode tornar-se uma cidade competitiva”, indicou ao mesmo jornal.
“O sector do Jogo entrou num período de ajustamento e a sociedade acha que a queda em cadeia das receitas dos promotores de Jogo é o grande problema do sector. Apesar da questão dos empréstimos das salas VIP não ser tratada por operadoras de Jogo, é preciso consolidar a supervisão e o modelo de gestão destes”, concluiu Bowie.

3 Dez 2015

Caso Dore | “Culpados já não estão em Macau”, diz Wong Sio Chak

Os responsáveis pelo caso Dore encontram-se no exterior, de acordo com o Secretário para a Segurança. No entanto, isso não chega para cessar as investigações, que vão continuar até que sejam descobertos mais dados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s culpados pelo alegado roubo de milhões das salas Dore no casino da Wynn já não se encontram em Macau. Esta foi a “revelação” de ontem do Secretário para a Segurança. Durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua pasta, Wong Sio Chak afirmou que o caso não está dado como concluído, uma vez que a investigação ainda está a decorrer. No entanto, o responsável do Governo justifica que se trata de “um caso complexo” e por isso de difícil resolução.
“Há muitas vítimas envolvidas no caso”, diz o Secretário enquanto confirma que a investigação ainda não acabou. A resposta foi dada na sequência da intervenção do deputado José Pereira Coutinho, que pediu mais esclarecimento sobre esta matéria. Wong Sio Chak prometeu, no entanto, “divulgar em tempo útil” todas as informações sobre os avanços no caso.
Até ao início de Outubro, a PJ recebeu 45 queixas que envolviam um total de 500 milhões de dólares de Hong Kong. O caso estalou quando vários residentes se queixaram de terem investido em salas de junkets da Dore, localizados em casinos de várias operadoras. Contudo, só foram detectadas irregularidades nas salas do casino Wynn.
A culpa foi atribuída a uma ex-funcionária da empresa, que terá ocupado a posição de contabilista e aproveitado tal para desviar depósitos feitos por estes investidores. De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, este esquema de investimentos através de depósitos em salas de junkets é ilegal.
Relacionado com este caso está também uma outra intervenção, onde se questionou a criação de um mecanismo de recolha de dívidas no exterior, nomeadamente na China. É que são já centenas os casos de jogadores do continente que voltam para a sua terra natal sem pagarem aos junkets aquilo que pediram emprestado.
Neste momento, Macau não tem qualquer regime deste género com a China. Questionado sobre a sua eventual viabilidade, Wong Sio Chak limitou-se a afirmar que “está em causa a protecção de dados pessoais”, pelo que a questão terá que “ser estudada”. Na mesa, em perigo, poderão estar as identidades dos jogadores. E talvez por isso o Secretário tenha sublinhado: “Não podemos deixar de pensar nos dados pessoais”.

Bombeiros | Revisão de regulamento vai a meio

O Regulamento de Segurança contra Incêndios vai ser revisto e a primeira fase já está concluída. “Já entrou em vigor há mais de 20 anos e é necessário aditar novas regras e matérias para fazer face às necessidades decorrentes do desenvolvimento (…) vamos tentar acabar o projecto que é composto por 3 partes – administrativa, técnica e jurídica – a primeira parte já foi concluída”, assegurou Wong Sio Chak ontem. O Corpo de Bombeiros vai aumentar a sua frota de veículos, com vista a ter, em 2018, mais de dez novos carros para “substituir os velhos”, de acordo com o Secretário para a Segurança.

Fronteiras | Canais de passagem automática são já 152

Actualmente, existem no território 152 canais de passagem automática nas fronteiras. O número foi fornecido pelo Secretário para a Segurança em resposta a Angela Leong, que se questionou sobre o número de passagens existentes. A deputada criticou o aglomerar de pessoas em horas críticas do dia naquelas zonas. “Vamos melhorar a situação de grandes concentrações”, assegurou o Secretário. A também líder da Sociedade de Jogos de Macau mostrou-se preocupada com estas concentrações e pediu à Secretaria que fossem abertos todos os canais automáticos em simultâneo nas horas de ponta. Wong Sio Chak afirmou estar aberto a esta ideia.

Terrorismo | Legislação será reforçada

O Secretário para a Segurança assegurou que as medidas contra o terrorismo terão que ser reforçadas, mas garantiu que o Governo está atento aos desenvolvimentos recentes. “Os níveis de segurança não estão estabelecidos por lei e temos que reforçar o sistema porque as tendências são gravosas”, declarou o líder governamental, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa para a sua tutela. A resposta surgiu depois de vários deputados terem trazido a questão a lume, devido aos recentes acontecimento em Paris. “Como uma cidade altamente aberta, estamos alertados quanto ao risco de médio e alto nível para combater o terrorismo (…) também temos acções de intercâmbio com a China e outros países. Temos andado a coordenar com a SPU e os Serviços de Alfândega para reforçar o combate ao terrorismo”, assegurou o Secretário. O deputado Ma Chi Seng mostrou-se preocupado com a eventualidade de acções terroristas no território. “O risco de terrorismo é muito baixo, mas não podemos ignorar que pode acontecer”, defendeu.

Cibercrime | Wong Sio Chak vai rever lei

A legislação contra o cibercrime vai ser revista, de acordo com declarações de Wong Sio Chak, durante a apresentação das LAG para a Segurança. Para a deputada Chan Hong, este é um dos pontos fulcrais a tratar por aquela pasta: “A dependência da internet está a aumentar e alguns websites do Governo apresentam irregularidades e foram mesmo atacados por hackers”, lamentou. O Secretário explicou que a lei actual apresenta lacunas e “tem partes insatisfatórias”, exemplicando com o sistema de envio de mensagens SPAM. “Este fenómeno ainda persiste (…) só se verificava nos postos fronteiriços, mas agora também acontece no centro da cidade e isto mostra que as medidas não são suficientes, pelo que vai ser uma das matérias a ser revista (…) em 2016 vamos proceder à revisão da lei”, anunciou o responsável.

2 Dez 2015

Jogo | Casinos das regiões vizinhas não são concorrência, diz estudo

Os casinos que existem ou que vão nascer nas regiões próximas a Macau não representam concorrência para o território pelo menos até 2019. A conclusão é de um estudo da UBS, que indica contudo que a RAEM já está a perder alguns apostadores

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos terão pouca concorrência a nível do mercado de massas até 2019 nas regiões vizinhas, mas já começaram a perder os grandes apostadores chineses para outros territórios, indica um estudo da UBS Securities Asia. O documento, divulgado na segunda-feira e citado ontem pelo portal especializado em jogo GGRASIA, tem por base um inquérito a 510 apostadores do mercado de massas oriundos do interior da China – os resultados indicam que os jogadores manifestaram pouco interesse em visitar os casinos noutras partes da Ásia-Pacífico.
“Pensamos que é improvável que outros casinos da Ásia consigam competir com Macau pelo mercado de massas [do interior da China] até 2019, quando surgirem produtos de qualidade e com massa crítica em mercados como a Coreia [do Sul]”, escreveu a UBS.
A empresa acrescenta que, apesar da reduzida intenção de os apostadores do mercado de massas se deslocarem a outros casinos da Ásia-Pacífico, “o interesse nos casinos de Las Vegas parece elevado”.
O inquérito foi conduzido em Outubro. Os inquiridos gastaram em média 12 mil yuan a jogar por cada viagem a Macau. O montante foi medido pelo volume de dinheiro gasto na aquisição de fichas de jogo.
Em média, os inquiridos visitaram a cidade 2,3 vezes por ano e foram a 1,8 casinos em cada visita. Excluindo os espaços de jogo em Macau, metade dos inquiridos conseguiu enumerar um país com casino (30%) ou um casino específico na Ásia (20%).
Apenas 10% disseram que tinham ido a um casino noutra região da Ásia-Pacífico, com a Malásia, Coreia do Sul e Singapura a surgirem como os destinos mais populares.
“Contudo, acreditamos que a competição [regional] para [aceder aos jogadores chineses] do mercado VIP já começou e vai continuar”, refere a UBS em relação aos grandes apostadores, que têm um peso importante nas receitas dos casinos de Macau. “Estimamos que a quota regional de Macau do mercado VIP baixou de 84% em 2011 para 76% em 2015. Esperamos que a quota desça ainda mais para 66% em 2019”, acrescentou.
Segundo a UBS, “isto é parcialmente motivado por maiores incentivos dados aos junkets para procurarem comissões noutros destinos de jogo além de Macau”, devido aos impostos mais elevados sobre as receitas praticados em Macau, comparativamente a outros destinos com casinos.

Tabaco malfeitor

O estudo da UBS indica ainda que o aumento das restrições ao fumo nos casinos de Macau, nomeadamente a proibição de áreas para fumadores nas zonas destinadas ao mercado de massas, poderia resultar na diminuição do número de visitas a Macau por parte dos apostadores chineses.
Questionados sobre se a proibição total de fumar iria afectar a sua decisão de visitar Macau, 3% dos inquiridos disse que iria deixar de visitar a região e 6% afirmou que diminuiria o número de visitas ao território.
Um total de 21% disse que a proibição total de fumar iria ter um pequeno impacto no tempo gasto a jogar em Macau, enquanto outros 6% disseram que iriam passar a visitar a região com mais frequência.
Um estudo da consultora KPMG divulgado no mês passado indica que a proibição total de fumar nos casinos de Macau poderia conduzir à queda de 16% no PIB da cidade. Este estudo foi encomendado pelas seis concessionárias de jogo de Macau. Lusa/HM

2 Dez 2015

Jogo | Académicos pedem prudência em apertar fiscalização aos junkets

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]crise que afecta os promotores de jogo em Macau pode ser uma oportunidade para reformas, maior transparência e maior regulação, mas fontes do sector ouvidas pela Lusa recomendam “pinças” na hora de abordar “tão importante” dossiê. “Os junkets atingiram um patamar em que precisam de algum tipo de reforma, mas são demasiado importantes para que a maneira de o fazer seja decidida num período muito curto de tempo”, afirmou Carlos Siu, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, autor de vários artigos sobre os promotores de jogo.
Apesar da diminuição do peso do segmento VIP nas receitas dos casinos de Macau, os junkets, que angariam grandes apostadores, ainda contribuem para cerca de 60% daquelas receitas. Estes têm-se visto afectados por golpes de confiança infligidos por desfalques em salas VIP dos casinos, crescentes restrições aos movimentos de capital da China e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que afastou grandes apostadores do território.
“Não devemos tomar acções drásticas para regular os junkets. Existem há décadas [e o sistema] não pode ser mudado do dia para a noite. Não é bom. As regulamentações não foram efectivamente implementadas há anos e se, de repente, são muito restritas, imaginem quantos podem transitar de um estádio para outro”, questionou o académico, recomendando prudência.
Chan Chak Mo, deputado à Assembleia Legislativa de Macau e antigo promotor de jogo, também constata que a reputação das salas VIP tem sido beliscada, apontando que os recentes casos de desfalques deixaram “mais alerta” Governo e particulares que investiam sem estarem familiarizados com os riscos.
O Executivo, em especial, “precisa de se sentar e olhar para tudo para ver o que deve fazer em termos de regulação”, sublinhou. “Há diferentes formas de melhorar a situação e a mais importante prende-se com a transparência e a informação prestada pelo junket”, defendeu Hoffman Ma, vice-presidente do grupo Success Universe, com interesse no sector VIP e para quem o novo paradigma “é algo a que [os promotores de jogo] se têm de adaptar”.
“A ideia dos junkets é a de que ser mais transparente implica fazer menos dinheiro (…), mas fazer menos negócio não significa não fazer um negócio lucrativo. Pode haver outras políticas do Governo para reforçar o controlo da supervisão, mas também para subsidiar o potencial risco”, argumentou.

Vida difícil

Após o caso de desvio de fundos da Dore, em Setembro, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau revelou que vai rever a legislação e as condições de acesso e de exercício de actividade de promoção de jogo.
No mês seguinte, emitiu uma instrução que visa apertar a fiscalização das contas dos promotores de jogo a partir de 2016.
O promotor de jogo não foi inventado em Macau. No Nevada (EUA), o primeiro junket data do início da década de 1960, quando um accionista do Flamingo Casino Hotel tratou de fazer chegar a Las Vegas um ‘charter’ carregado de amigos abastados.
Hoje, a ideia do promotor de jogo existe noutras jurisdições, dos EUA à Ásia, mas não nos contornos de Macau, onde a imagem que existe é a de que se não operam à margem da lei, operam na zona cinzenta.
O terreno em que se movimentam é, aliás, frequentemente apontado como potencialmente fértil à lavagem de dinheiro, nomeadamente pelo Departamento de Estado norte-americano.
Têm três principais funções: arranjar clientes, facilitar-lhes crédito e, por fim, cumprir a tarefa de o cobrar, na China. Ao seu serviço têm uma vasta rede de colaboradores que vão directamente à fonte, do outro lado da fronteira, em busca de endinheirados predispostos a tentar a sorte em Macau.
Como o promotor de jogo precisa de enormes volumes de liquidez, e obter um empréstimo do banco não é fácil, oferece diferentes modalidades de investimento a terceiros, até sem qualquer interesse relacionado com o jogo, como uma participação no capital da empresa ou simplesmente um elevado retorno sobre o “depósito”, podendo a taxa de juro chegar aos 30% ao ano, segundo fontes ouvidas pela Lusa.
A origem dos junkets em Macau remonta à década de 1980, quando a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau tinha o monopólio do sector no território e Stanley Ho decidiu entregar salas VIP a terceiros, que tentavam identificar potenciais clientes através de vastas redes de contactos.
Esta terá sido a forma encontrada pelo magnata para lidar com “determinados interesses ligados ao submundo, que tentam associar-se ao jogo”, pois “ao atribuir a diferentes grupos um papel na angariação de clientes e ao remunerá-los manteve todos satisfeitos”, de acordo com fontes da indústria.
Os angariadores de grandes apostadores elevaram Macau a capital mundial do jogo, ao fazer rolar milhões nas salas VIP dos casinos. Continuam a ser “ases”, mas – em face da actual conjuntura – arriscam deixar de ser de trunfo.
Carlos Siu não tem dúvidas: “Apenas os mais fortes podem sobreviver”.
E alguns estão já a desaparecer: da lista de “promotores de jogo” em Macau, publicada pelo regulador, constam este ano 183 (empresas ou particulares), que servem salas VIP de 35 casinos. Em 2014, eram 235 e em 2013 totalizavam 216.
Tony Tong, consultor na Pacific Financial Services que, no passado, participou na actividade como investidor, nota que o actual cenário também se agudizou porque “houve agressivas aprovações” de crédito aos jogadores VIP, “muitas empresas cresceram rapidamente e agora têm vindo a sofrer”.
“O negócio tinha de encolher”, realçou Hoffman Ma. LUSA/HM

Dore continua a ser investigada

As autoridades continuam a investigar há dois meses o caso Dore, de desvio de fundos num operador de salas VIP, com o montante envolvido nas queixas a ascender, até 3 de Novembro, a 540 milhões de dólares de Hong Kong, segundo dados facultados à Lusa pela Polícia Judiciária (PJ), que indicou que o valor global inclui ainda o reportado pela própria Dore, mas sem o especificar. A maioria das queixas foi apresentada por residentes de Macau, estando a PJ a “tomar diligências no âmbito dos crimes de burla, abuso de confiança e de cheque sem provisão”.

17 Nov 2015

Académicos sugerem demolição de antigos casinos e construção de novas instalações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cadémicos da área do Jogo consideram viável demolir “antigos casinos” de Macau e construir novas instalações de entretenimento nesses espaços. Sem mencionarem exactamente quais os locais que consideram como “antigos casinos”, os especialistas apontam que esta seria a melhor forma de apresentar novos elementos ao público.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a sugestão foi deixada durante um fórum que teve lugar no Instituto Politécnico de Macau (IPM), denominado “Inspiração na decadência da indústria do Jogo de Atlantic City para Macau”. Zhen Zhong Lu, professor do Centro Pedagógico e Científico da Área do Jogo do IPM, apontou que Atlantic City é considerada a cidade dos casinos depois de Las Vegas, mas que tem perdido a sua força enquanto cidade do Jogo devido a funcionar em sistema de monopólio e por não se adequar a eventuais mudanças na classe e tipo de jogadores que a visitam.
Zhen considera que Macau deveria ter a experiência de Atlantic City como referência. “Até ao momento, Macau não tem um sistema de análise aos seus jogadores, o que acho estranho, porque isso faz com que não saibamos as mudanças [nestes jogadores]. O Governo deve alterar esta situação”, apontou.
Zhen Zhong Lu prevê que, em 2017 – e devido ao que diz ser falta de planeamento nos projectos de grande dimensão – o território não tenha novos elementos que atraiam turistas. É, então, aqui que entra a necessidade de novas infra-estruturas diferentes dos casinos tradicionais.
“Como o território de Macau é pequeno, sugerimos que se tome como referência a experiência dos EUA e se destruam os antigos casinos e construam novas instalações de entretenimento, para se criarem novos factores [de atracção] em Macau”, indicou, sem dar mais pormenores.
Outro professor do mesmo Centro de Jogo do IPM, Wang Changbin, acrescenta que esta não é a única referência que Macau deve ter. A supervisão do jogo em Atlantic City é “especialmente rigorosa”, diz, com o governo a tomar determinadas decisões pelas próprias operadoras – incluindo a disposição das slot-machines e a qualificação dos funcionários.
Algo que faz, na perspectiva de Changbin, com que as operadoras de Jogo vejam as suas decisões limitadas. Comparando com a situação de Macau, Wang Changbin diz que a RAEM deveria ter em conta estas situações, especialmente no que aos promotores de jogo diz respeito. A sua licença, aponta, não atribuída de forma rigorosa e os candidatos a uma autorização para serem ‘junkets’ deveriam ver analisada a sua capacidade profissional, remata.

17 Nov 2015

Tabaco | Casinos mostram estudo contra a proibição total

As seis operadoras de Jogo e uma associação reuniram-se ontem com os deputados, tendo mostrado as conclusões de um estudo sobre o fim do fumo nos casinos, já divulgado. A consulta pública ao sector deverá continuar mais dois meses

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estudo encomendado pelas seis operadoras de Jogo e feito pela consultora KPMG, no âmbito da revisão da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, chegou ontem às mãos dos deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). O documento, já divulgado, revela o pedido de manutenção das salas de fumo por motivos económicos.
A reunião de ontem decorreu com a presença de representantes das seis operadoras, da consultora KPMG e da Associação dos Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau. Chan Chak Mo, presidente da Comissão, admite que o sector continua a exigir ao Governo que mantenha as salas de fumo nos casinos.
“Há um consenso quanto ao rumo de orientação de que Macau está a afirmar-se como um centro mundial de turismo e lazer e, como conclusão, esperam que na proposta de lei seja aditada uma norma que permita a criação de salas de fumo que satisfaçam alguns requisitos e para os jogadores poderem ter uma opção”, referiu.
Uma das associações, a Associação dos Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau, chegou mesmo a propor salários mais altos para os funcionários que tenham de ser sujeitas ao fumo passivo.
“A opinião é de manter as zonas para fumadores e não fumadores. Para aqueles que queiram trabalhar nas zonas de fumadores o salário deve ser proporcionalmente elevado. Falamos sobre a sujeição ao fumo passivo”, explicou Chan Chak Mo.
Os representantes do sector disseram ainda aos deputados que podem surgir consequências económicas com o fim do fumo total nos casinos.

Da sobrevivência

“Foi afirmado que a competitividade é cada vez mais acesa em relação aos casinos de outras regiões. Noutros países as receitas aumentaram, mas em Macau as receitas caíram. Não sei se é por causa da política do Governo chinês para facilitar a sua saída para o exterior, é mais fácil deslocar-se à Coreia ou América, e temos de agir cautelosamente e avaliar quais os impactos para o sector dos casinos e para as nossas receitas”, disse Chan Chak Mo.
“Essa política radical irá afectar a sobrevivência”, apontou ainda o deputado. “A obtenção do visto em Singapura e nas Filipinas é mais fácil e por isso essas pessoas vão jogar a essas regiões e isso vai afectar a economia, a sobrevivência das salas VIP e o emprego dos trabalhadores”, referiu o deputado.
O processo de auscultação a associações continua hoje, com um encontro entre a 2.ª Comissão Permanente e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).
“Vão participar as associações dos sectores que vão sofrer o impacto dessa política”, frisou Chan Chak Mo, lembrando que o processo de consulta só deverá estar concluído daqui a um ou dois meses.
De frisar que o estudo aponta que “as seis operadoras mostram um total apoio às medidas de controlo do tabagismo do Governo”, mas que a manutenção das salas de fumo “com uma ventilação própria podem ser uma alternativa à proibição total do fumo”.

12 Nov 2015

Casinos | Setembro com quebra de 33% . Valor mais baixo desde 2010

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]s casinos encerraram Setembro com receitas brutas de 17.133 milhões de patacas, uma queda de 33% face ao período homólogo de 2014 e o valor mais baixo dos últimos cinco anos. Dados oficiais da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que, em termos acumulados, entre Janeiro e Setembro deste ano, as receitas brutas dos casinos totalizaram 176.015 milhões de patacas, ou seja, menos 36,2% relativamente aos primeiros nove meses do ano passado.
Desde Junho de 2014 que os lucros tem sofrido uma rota descendente, com Setembro a ser o 16.º mês consecutivo de quedas homólogas. O resultado do mês passado é também o pior em cinco anos, desde que, em Setembro de 2010, as receitas dos casinos atingiram 15.302 milhões de patacas.

SJM lidera

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) liderou o mercado ainda que com uma quota quase igual à de outros dois operadores, a Sands China e a Galaxy, noticiou ainda a TDM. A SJM, fundada pelo magnata Stanley Ho, foi responsável por 21% das receitas em Setembro, seguida pela Sands China, do norte-americano Sheldon Adelson, cuja quota de mercado representou também cerca de 21%. Já a Galaxy, de interesses de Hong Kong e liderada por Lui Che Woo, conseguiu 20,5% do mercado em Setembro.
Neste ‘ranking’, segue-se a Melco Crown (com cerca de 14,5% do mercado), que tem em Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, um dos dois principais accionistas; a MGM China, dirigida por Pansy Ho, também filha de Stanley Ho (11%, aproximadamente) e a Wynn, do norte-americano Steve Wynn, com uma fatia de cerca de 10% do mercado.
As acções das seis operadoras de casinos fecharam sexta-feira na bolsa de Hong Kong no valor mais baixo do último ano, com a sessão a ficar marcada por perdas entre os 5,7% e os 9,34%. As acções da Sands China valiam no final da sessão 24,25 dólares de Hong Kong, menos 9,34% do que no dia anterior. Os títulos da Galaxy caíram 6,9%, para 19,86 dólares de Hong Kong, e os da MGM China desceram 8,9%, para 9,27 dólares de Hong Kong. A Wynn Resorts caiu 5,7%, para 8,87 dólares de Hong Kong e a Sociedade de Jogos de Macau desceu 6,8%, para 5,47 dólares de Hong Kong. A Melco Crown perdeu 8,68% do valor, para 9,57 dólares de Hong Kong.
A quebra contínua das receitas abaixo dos 18 mil milhões de patacas pode originar a implementação de novas medidas de austeridade, tal como previamente anunciado pelo Governo.

5 Out 2015

Caso Dore | Empresa nega responsabilidades no dinheiro investido

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] empresa junket Dore defende que nunca angariou fundos através da contrapartida de retornos altos a quem depositasse dinheiro na sala VIP que a promotora dirigia na Wynn. A empresa, que admite agora que o investimento foi feito através de incentivos, diz que foi a contabilista chefe que enganou os investidores e desviou mais de mil milhões de dólares de Hong Kong da Dore. wynn-macau
Na segunda declaração publicada pela Dore no Jornal Ou Mun esta semana, a empresa expressa “simpatia” para com as pessoas envolvidas no caso. Contudo, alega que, depois de uma investigação interna, a contabilista chefe da empresa foi quem fez uso do nome da empresa e criou um carimbo falsificado para angariar dinheiro das pessoas envolvidas através da oferta de retornos “super altos”.
“As pessoas envolvidas não são só os clientes da empresa mas também as que não estão ligadas totalmente à Dore. A nossa empresa nunca angariou fundos através de retornos altos, porque sabemos claramente que esse acto é ilegal”, afirmou a empresa na declaração.

Três dezenas de denúncias

Já foram cerca de 30 os investidores da Dore que denunciaram o caso à Polícia Judiciária (PJ), reclamando a devolução de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong, que foi “depositado” na sala VIP controlada pela empresa dentro do casino Wynn. Estas pessoas, que se inserem num total de cerca de 60 vítimas, solicitam ainda a comunicação directa com o dono da empresa.
A empresa fez questão de frisar que é também vítima e que, depois de uma contagem, foram contabilizados cerca de mil milhões de dólares de Hong Kong em falta.
“O caso teve um impacto negativa e irreparável na imagem da empresa”, frisa no comunicado.
Apesar de tudo, a empresa junket afirma que actualmente o funcionamento do negócio decorre normalmente e disse que também já denunciou o caso à PJ, sugerindo ainda que as pessoas envolvidas denunciem o caso às autoridades o mais rápido possível, apresentando todos os recibos e provas. wynn_macau_exterior_-_night_by_barbara_kraft_
“Caso seja necessário recolher mais informações, podem dirigir-se à sala VIP da Dore no casino Wynn para consultar informações e a empresa vai coordenar o atendimento. Estamos confiantes de que a PJ vai descobrir a verdade do caso.”
O HM tentou ainda perceber junto das operadoras SJM e MGM se há casos semelhantes em alguma das salas VIP dos seus casinos, já que, de acordo com José Pereira Coutinho, deputado que tem vindo a acompanhar os queixosos, a Dore também opera nestes locais. Até ao fecho da edição, contudo, não foi possível obter qualquer resposta.

18 Set 2015

Reportagem | Residentes contam como é trabalhar nos casinos no exterior

Numa altura em que as receitas do Jogo mostram quedas consecutivas, os países asiáticos vizinhos apostam no desenvolvimento do sector. O HM conversou com alguns residentes locais que optaram por voar para outras salas de Jogo. Um crescimento evidente, menos seguro que Macau, mas ainda assim, defendem, há espaço para todos crescerem

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] inegável: as receitas das seis operadoras do Jogo diminuíram de forma contínua nos últimos meses. Em Julho passado a queda atingiu os 34,5%, sendo que as salas VIP foram os espaços mais afectados – com mais de 40% de queda – levando a que pelo menos dez fechassem as portas.
Temendo perder o brilho e o estatuto “Las Vegas de Ásia”, Macau entra assim em concorrência com países como Singapura, Filipinas, Tailândia e Camboja, que, para além de irem ganhando apostadores, vão construindo novos empreendimentos dedicados ao Jogo. Não é novidade também a aposta nestes novos países dos grupos responsáveis pelas salas VIP que fecharam no território.
Relativamente à mão-de-obra do sector existente no território os números ultrapassam os 80 mil trabalhadores. Um número que nos remete para uma questão: se as receitas estão a diminuir em Macau e a crescer noutros países, estarão a ser recrutados trabalhadores locais para os novos empreendimentos? Terão os próprios funcionários interesse em abraçar esse desafio? Quatro residentes do território partilharam com o HM as suas histórias e como é trabalhar no que mais se faz em Macau, mas lá fora.

Técnico para jogos online

Torres Leong tem 24 anos e trabalha como técnico de informática no grupo Suncity, companhia que possui mais de 20 salas VIP no território. Foi com a inauguração, em Fevereiro do presente ano, do “City of Dreams Manila”, empreendimento que custou mais de 1,3 mil milhões de dólares americanos ao grupo Melco Crow, que o interesse do jovem Torres surgiu.
Ao HM, o informático explica que a ideia de tornar Malina numa cidade de Jogo, tal como Macau, é evidente. Em pouco tempo, conta foram abertas quatro salas VIP no City of Dreams Manila e no Resort Solaire. Necessitando de mão-de-obra qualificada para tal, Torres e mais sete colegas seus forem enviados para a cidade filipina, bem como outros funcionários de outros departamentos.
Esta é a primeira experiência de trabalho fora de Macau para o jovens Torres que quando questionado sobre as diferenças não hesita em responder: “é um ambiente muito pobre”. “As instalações têm boas condições, mas só as que se encontram na zona dos casinos, quando saímos dessa áreas, tudo é menos desenvolvido”, retrata.
O trabalho é simples: aplicar o sistema informáticos usado em Macau no casino de Manila. Tudo deve corresponder, como se do mesmo território se tratasse. Assim, conta, será mais fácil para todos os trabalhadores, sobretudo no sistema de videovigilância dos “jogos online”.
“Há uma grande parte dos jogadores que apostam através da rede dos casinos e através de telefonemas. E este sistema permite ver em tempo real o trabalho dos croupiers”, explica.
Para o trabalhador não é difícil trabalhar noutro país, mas o volume de trabalho é muito mais exigente e pesado pois a equipa não é tão grande como em Macau. Questionado sobre o futuro, Torres não esconde a vontade de ir embora. Manila não se tornou uma cidade irresistível e, por isso, quando tiver oportunidade irá voltar para Macau.
“Tenho a minha famílias e todos os meus amigos em Macau, e a verdade é que não gosto muito desta cidade, não é tão desenvolvida”, rematou.

Atraído pelo ritmo da vida

Tem 23 anos e trabalha no mesmo grupo, o Suncity. Meng Lam é um dos trabalhadores do departamento de Relações Públicas, e esta também é a primeira vez que está a trabalhar no estrangeiro. São apenas três meses – segundo as ordens – que Meng e mais 10 colegas terão que trabalhar na capital das Filipinas.
O trabalho esse é bem diferente. Em Manila, conta, Meng Lam está a passar conhecimento e não a coloca-lo em prática. Neste novo posto, o trabalhador assumiu funções como formador dos funcionários locais.
Ao contrário de Torres, Meng gosta de Manila e acredita que esta cidade, com o seu ambiente agradável, pode tornar-se bem melhor que Macau. “Esta cidade tem muito mais vantagens que podem ser desenvolvidas e tornar a oferta bem melhor que Macau. Não é tão menos desenvolvida como achamos que é, quando comparamos com Macau. Por exemplo, aqui há mais do que casinos, temos praias e sítios lindos, algo que não existem em Macau. O custo de vida é também mais baixo”, argumenta.

Phnom Penh's Nagaworld Casino and five-star hotel is one of Cambodia's biggest private employers with more than 3,000 staff catering for a stream of visitors. It functions non-stop 24 hours a day with an inside airconditioned controlled temperature of 21 degrees.It is a 14 storey hotel and entertainment complex, with more than 500 bedrooms, 14 restaurants and bars, 700 slot machines and 200 gambling tables. There is also a spa, karaoke and VIP suites, live bands, and a nightclub. Its monolithic building dominates the skyline at the meeting point of the Mekong and Tonle Sap rivers, in stark contrast to nearby intricate Khmer architecture.///Western gamblers playing poker at Nagaworld
Phnom Penh’s Nagaworld Casino and five-star hotel is one of Cambodia’s biggest private employers with more than 3,000 staff catering for a stream of visitors. It functions non-stop 24 hours a day with an inside airconditioned controlled temperature of 21 degrees.It is a 14 storey hotel and entertainment complex, with more than 500 bedrooms, 14 restaurants and bars, 700 slot machines and 200 gambling tables. There is also a spa, karaoke and VIP suites, live bands, and a nightclub. Its monolithic building dominates the skyline at the meeting point of the Mekong and Tonle Sap rivers, in stark contrast to nearby intricate Khmer architecture.///Western gamblers playing poker at Nagaworld

Segundo o trabalhador as restrições nos casinos, na RAEM, como a proibição do fumo e o combate contra a corrupção do Governo Central, incluindo a proibição do cartão de crédito nos casino, são pontos que não favorecem o sector do Jogo em Macau. “Muitos jogadores não gostam das novas regras que estão a ser implementadas em Macau e por isso preferem vir jogar para Manila que é mais livre dessas restrições”, conta.
Se pudesse escolher, Meng Lam não teria dúvidas: carreira seria em Manila. O ritmo de vida, “muito mais calmo que em Macau”, e as condições são os pontos apresentados pelo funcionário.
“As pessoas da Manila sabem aproveitar a vida, por exemplo, aos fins-de-semana e feriados, o ambiente é muito animado, há fogo de artifício, às sextas-feiras, há sempre festas, algo que nunca encontrei em Macau”, relata, sublinhando a pena que tem em ser apenas uma experiência de três meses.

Vontade de emigrar

Na casa dos 30, Koji Cheong, trabalha no departamento de Marketing do mesmo grupo. Também em Manila foi enviado por três meses, tal como Meng, tempo que já passou e agora o grupo quer estender a experiencia por mais um ano.
Não tão entusiasmado como o seu colega, Koji preferia voltar para Macau, mas a verdade, diz, é que o negócio das salas VIO está a cair, ao contrário do que acontece neste momento em Manila. Para si trabalhar numa economia a crescer é sempre mais entusiasmante do que numa a cair. “O nosso salário está directamente ligado aos lucros do grupo, portanto não quero ser despedido”, afirma.
Os baixos impostos do Governo filipino – 17% em Manila, contra 29% em Macau – são um atractivo para os investidores e para os grupos das salas VIP. Tendo em conta a não inclusão de Manila nas políticas de combate à corrupção do Governo Central é também uma prancha para atrair o desenvolvimento do negócio, argumenta.

Ali ao lado

É no grupo Jimei, que Lien Tam de 29 anos trabalha como Relações Públicas. Um grupo de Hong Kong mas com um casino e sete salas VIP em Macau, tem enviado vários funcionários, por algumas temporadas, para a região vizinha. Lien Tam é uma delas. “Tenho trabalho em várias, em Hong Kong, Manila, Clark e até na capital do Camboja, Phnom Penh”, conta ao HM.
“Quando os nossos clientes querem jogar nos casinos doutros países, precisamos de os acompanhar para ir aos casinos, organizamos os hoteis e as refeições. Às vezes realizamos competições de golf ou concurso de Baccarat” explicou, salientando os momentos como formas de atrair os clientes.
São estas viagens que Lien mais gosta de fazer, mas tudo depende da situação, pois há momentos em que a funcionária fica responsável pela organização de evento e tem de se ausentar muito dias, o que acaba por lhe trazer saudades e vontade de voltar a Macau.

Segurança garantida?

Ao trabalhar no estrangeiro, a segurança pode ser a primeira consideração dos trabalhadores. Torres afirmou que nas zonas dos casinos a segurança é garantida.
“Até ir ao supermercado há um guarda a abrir porta, e a companhia organiza carros para nos levar a sair”, disse, admitindo que poderão existir viagens, se forem mais longe, que os seguranças não acompanhem os funcionários.
Para Meng Lam, a segurança é um problema na cidade filipina. “Na zona dos casinos, a segurança é boa. Quando visitamos outras zonas, vemos que a desigualdade económica entre as pessoas é muito grande. Há muitos sem abrigos, por exemplo. Vemos que há mais crime, mais assaltos. Mesmo assim, os ladrões não têm tanta técnica como os criminosos de Macau”, argumenta.
Apesar de tudo, acha que o grupo Suncity garante a segurança dos empregados, dando-lhes boas condições. Meng vive num quarto duplo com outro colega de um hotel, e não se preocupa com a segurança pois vivem todos muito próximos uns dos outros.
Koji partilhou aindaque “o director executivo do Suncity, Alvin Chau protege muito os seus funcionários.” “Quando cheguei a Manila tinha logo os guarda-costas à nossa espera, para nos acompanhar a qualquer lado, mesmo nas viagens mais pequenas, como ir ao supermercado”, lembra. Segurança que é totalmente dispensada pelo funcionário que agora só requer esse serviço em viagens maiores.
Comparado com Macau, tanto Manila, Clark como Camboja, diz Lien a segurança é pior, e por isso, esta é um dos pontos de preocupação da administração.
“Uma vez, no Camboja, a carteira do nosso cliente foi roubada por um ladrão, mas foi só isso”, disse, afirmando que as pessoas locais são em geral bem educadas, algo que a faz estar mais descontraída nas ruas.

Preponderância de Macau

Para Bill Song, director da Associação de jogo com Responsabilidade de Macau, os trabalhadores de Jogo de Macau têm benefícios quando desenvolvem carreira no estrangeiro, pois têm oportunidade de ver algo crescer, visto que a indústria de Jogo de Macau já é experiente.
“Nos países asiáticos como Filipinas, Tailândia, o sector de Jogo foi criado recentemente, assim os recursos humanos de Macau podem prestar apoio a estes novos casinos. É também uma oportunidade para os trabalhadores de Macau poderem ocupar cargos mais superiores”, explicou ao HM.
No entanto, Bill Song considera que não existem muitos trabalhadores do sector em funções em outros países, apenas os de posição de administradores.

Prejuízo a Macau?

Questionado se Macau está a ser prejudicado, Bill Song, não acredita nessa ideia. Os jogadores, diz, são maioritariamente provenientes da Coreia do Sul, enquanto em Macau são da China continental.
Meng Lam também não acredita que a cidade filipina tenha prejudicado a fonte dos clientes de Macau, mas a verdade, diz, é que os clientes são provenientes de vários países, como Coreia de Sul, Tailândia, Japão entre outros.
Koji Cheong acha que a indústria de Macau não vai afundar. Macau tem as suas vantagem, porque faz parte da China, sendo a língua, as letras, os hábitos iguais às das pessoas da China continental. Considera também que a eficiência dos serviços e a segurança são vantagens do território.
Bill Song acha que em curto prazo não existirão problemas para Macau, justificou que a cultura local tem a vantagem de continuar a atrair clientes da China continental, aqueles que “podem não gostar do ambiente desses países”. O desaparecimento das salas VIP de Macau não é uma hipótese. Existirão, diz, sempre clientes em Macau, mesmo estando o Jogo desenvolvido noutros países.

24 Ago 2015

“Macau deu o poder da indústria aos junkets e ao resto do sector VIP”

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o seu livro “Chopsticks and Gambling”, refere que o Jogo e o vício são vistos negativamente na cultura chinesa, mas que os números revelam ser os chineses quem mais joga. Como é que esta disparidade acontece?
Tem mais que ver com a história da população, em termos de dinastias. Vemos que em cada uma delas, há uma série de medidas e políticas para banir o jogo, mas continua a existir, naturalmente. Aqueles que são normalmente acusados de jogar são, afinal, oficiais de Estado e membros do Governo. Penso que os chineses não vêem o jogo como uma doença ou um vício, como os ocidentais. Os chineses entendem é quem joga como sendo uma má pessoa. No mundo ocidental, os apostadores são vistos como psicologicamente doentes e na China, quem não consegue controlar os impulsos, é visto como sendo uma má pessoa. Julgo que esse é um problema grave, em termos da ajuda e do apoio que estas pessoas poderiam ter. É muito complicado fazer com que as pessoas viciadas em jogo peçam ajuda e dêem a cara.

Mas porque é que é na população chinesa que a percentagem de viciados é maior?
Esta é a pergunta decisiva: é muito complicado de explicar, mas na perspectiva da própria indústria percebemos que o vício afecta mais os chineses porque são quem mais joga. Não se sabe ainda é porque é que são quem mais joga… Pode ter causas biológicas ou de etnia, por ser uma questão cultural ou causa de forças exteriores. Talvez uma combinação das três. E é uma coisa que não é de agora, tem vindo a acontecer há séculos. Xangai tinha uma série de casinos que acabaram por desaparecer, embora haja uma faixa suburbana de jogo ilegal muito forte. Nas minhas pesquisas, concluí que a cultura chinesa que vem a Macau tem propensão para ver o jogo como uma forma de investimento. Assim, não vêem o facto de perderem como um “perda” em si, mas sim como uma actividade que terá retorno: “Jogo para ter uma taxa de 20% ou 30% de retorno”. Antes do ‘crash’ da bolsa [de Xangai], claro, o negócio do imobiliário estava a crescer exponencialmente e as pessoas procuram dinheiro extra para ficar mais ricas e subir na escada social. Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é “um aspecto cultural”. O factor cultural entra em termos da forma como se joga, como é o exemplo das superstições que ganham vida entre as quatro paredes dos casinos.

Que tipo de superstições existem?
Uma série delas, mas é muito comum os chineses usaram lingerie vermelha ou banharem-se em água com flores e extractos de plantas antes de irem para as mesas, para trazer sorte. A superstição tem que ver com o reforço e atracção da sorte. O Feng Shui também desempenha um papel importante e as pessoas muitas vezes estão logo à espera de encontrar “emboscadas” de Feng Shui nos casinos. Normalmente também não se entra pelas portas principais… São tudo questões de sorte e azar. O número quatro também está presente nas mesas. Existe o número quatro nos baralhos, mas não existem quatro elementos de uma mesma coisa, sejam cartas, copos ou fichas.

Como disse, há séculos que os chineses jogam e os governos têm vindo a banir o Jogo sucessivamente ao longo de várias dinastias. Acredita que isto possa vir a acontecer um dia em Macau?
Dizer “banir” é um pouco drástico. Tem havido várias medidas de controlo do jogo, como são as punições para oficiais do Governo que joguem. Antigamente, não havia capacidade para regular esta actividade, mas em Macau há. Na China, acredito é que a legislação vigente não está em consonância com o seu reforço. As pessoas podem não admitir, mas existem, de facto, casinos ilegais na China. Nos últimos dez anos, temos andado a crescer a um ritmo demasiado rápido.

[quote_box_right]“Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é um aspecto cultural”[/quote_box_right]

Em que sentido, exactamente?
Quando o Jogo se começou a expandir, em 2002/2003, a ideia era transformar Macau numa cidade diversificada e internacionalizada, mas a verdade é que isso foi uma coisa que só começou a acontecer muito mais tarde. O Governo tem apostado muito no desenvolvimento do mercado VIP e não no mercado de massas, mas esse é que está fortemente associado ao entretenimento, como acontece em Las Vegas. Até nisso creio que se tomaram escolhas não tão acertadas e o sector VIP tornou-se num mercado tão vasto, que só se associa à camada social mais endinheirada. Isto significa que Macau deu o poder desta indústria aos junkets e ao resto do sector VIP. Isto não é algo necessariamente negativo, mas implica termos menos poder que está agora nas mãos de terceiros. Nem os promotores de junkets têm controlo sobre quem vem cá jogar e tudo isto traz consequências para a indústria.

Mas o sector VIP tem tido grandes quedas nas receitas nos últimos meses…

Sim e tudo devido à campanha anti-corrupção do Governo Central, que está a ganhar cada vez mais força. A pergunta que devíamos fazer é porque é que as receitas descem com uma campanha deste género? Por que afectam Macau? Quem são, então, as pessoas que têm vindo a entrar em Macau nos últimos anos e que agora não vêm?

Qual será a solução para colmatar a falta de jogadores?
Não creio que devamos olhar para trás e querer que seja igual. Acho é que temos que tornar a indústria mais transparente e limpa e fazer com que o Jogo seja visto como um entretenimento. É importante começar a atrair pessoas que pretendam vir cá e sentar-se às mesas para se divertirem, mesmo que apostem menos dinheiro do que aqueles que antes vinham jogar para as salas VIP. Transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado.

Diz-se que a queda das receitas está muito relacionada com o receio que muitas pessoas agora têm de vir até Macau…
Sim, claramente. No entanto, também acredito que o sector VIP deve estar sempre presente em Macau, porque faz parte. A actividade do Jogo é um dos elementos que distingue esta cidade de outras semelhantes e creio que sem ele, Macau não sobreviveria. Temos uma série de actividades não relacionadas com o Jogo, mas é esta actividade que realmente faz com que as pessoas cá venham. Esta pode é ser vista como algo divertido, feliz e saudável. Não tem que ser algo negativo.

Considera que a proibição total de fumo nos casinos tem ajudado à queda das receitas?
Julgo que a proibição total pode vir a ter efeitos negativos no mercado VIP, sim. No entanto, depois de estar numa série de sítios onde é proibido fumar nos casinos, apercebi-me que nos primeiros dois anos após a implementação da lei as receitas têm quedas entre os 10% e os 20% e isto é drástico para as operadoras. Mas com o tempo, vemos que a população que frequenta estes locais começa a alterar-se e passa a ser maioritariamente constituída por aquelas pessoas que nunca jogavam por não gostarem do cheiro a tabaco e do ambiente e agora o fazem por ser livre de fumo. Mas respondendo à pergunta: acho que o que realmente está a afectar a queda é a campanha do Governo Central e não esta proibição.

Mas a solução não seria integrar as salas de fumo, como já se fez no ano passado?
Essa é uma questão que deixo para a própria indústria responder. Só ela pode dizer, de uma perspectiva de negócio, se isto resulta ou não. No entanto, acho que neste momento, com a queda, faz bastante mais sentido permitir que todos beneficiem dos casinos, fumadores e não fumadores.

[quote_box_left]“[É importante] transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado”[/quote_box_left]

Como é que vê a abertura dos novos casinos e hotéis?
Estamos a falar de coisas diferentes, porque se trata de empreendimentos com uma componente muito mais forte de entretenimento e elementos não jogo do que casinos e mesas propriamente ditas. O que é uma coisa boa, algo que se tem andado a tentar fazer desde 2002.

Acha que vai funcionar?
Ainda não se sabe, porque estão muitas coisas por abrir. No entanto, acredito que há mercado suficiente, feito de pessoas como nós, que estão dispostas a gastar umas cem ou 200 patacas no casino para se divertirem. Numa perspectiva exterior, é preciso diminuir as nossas expectativas. Sempre fomos a cidade do Jogo, mas passaremos a ser uma cidade onde o Jogo é uma das suas componentes.

Acredita que Macau algum dia vai ser uma cidade internacional?
Sim e é por isso que cá estou. Acho que não tem que ser só Jogo ou só qualquer outra coisa. A verdade é que o Jogo nunca vai desaparecer, nem deve. Tem é que se gerir esta indústria de forma inteligente, para a tornar transparente e fazer com que apostar não seja mais visto como uma actividade negativa. Acho que é preciso dar às pessoas várias razões para virem a Macau.

O que considera que vale a pena em Macau, da perspectiva do turista?
As pessoas acreditam que existe uma série de coisas interessantes aqui, desde locais protegidos pela UNESCO, prédios preservados do tempo do Governo português e uma componente tipo Las Vegas, com resorts com piscinas e, em breve, a roda gigante do Studio City. Macau é Las Vegas com quatro mil anos de história.

Quanto tempo vai demorar até chegarmos a essa internacionalização?
Não é possível fazê-lo de um dia para o outro. Não podemos é esperar que a indústria do Jogo, embora seja forte, continue a crescer tanto como nos últimos anos durante 20, 30 ou 50 mais. Temos que parar e desacelerar este crescimento para desenvolver.
Não acredita então que é possível virmos a ter uma crise financeira em Macau?
Enquanto residente, não consigo sequer imaginar uma crise aqui, até porque os casinos continuam cheios de gente a jogar e nas lojas. A única coisa que falta são jogadores e isso não afecta directamente o resto das pessoas, como os residentes e os turistas.

O Governo mencionou já várias vezes que poderão ser precisas medidas de austeridade.
Não creio que sejam necessárias, se deixarmos o mercado seguir o seu curso. Quando tivemos aqueles cinco a sete anos de crescimento exacerbado, ninguém nunca disse que era preciso um plano de contingência, mas acho que sim. A certo ponto, cerca de 40% ou 50% é demais e as pessoas deviam ter reclamado. Houve uma série de coisas que não se desenvolveram porque tudo andou demasiado rápido. É preciso resolver os problemas de tráfego, dos transportes e as questões laborais antes de voltar a impulsionar as receitas. Na altura em que o mercado começou a crescer, as indústrias sentiram que precisavam de se adaptar e restaurantes, hotéis de luxo e mesas novas cresciam em todos os cantos, mas outros aspectos da vida social continuam por resolver. Havia dinheiro para dar a vender e era fácil e hoje em dia talvez não seja tanto e é onde a inteligência é precisa.

Quanto à polémica de construir casinos em bairros comunitários ou zonas de periferia. Qual é a sua opinião?
O Louis XIII é um caso à parte, porque se trata de um complexo para as “grandes baleias”. O perigo são os espaços de lazer como o Mocha. Num sentido geral, não julgo que seja boa ideia ter casinos nem sítios com slot machines junto destas zonas porque atraem pessoas que recebem pouco mensalmente, como pensões. As leis e fiscalização têm que ser boas.

A revisão dos contratos de concessão está aí à porta. O que acha que vai mudar?

Sinceramente não sei, porque é uma questão política, que me ultrapassa. Pessoalmente, acho que nada vai mudar.

Poderá entrar uma nova operadora no sistema? David Chow considera que sim…
Acho que não vai ser bom se isso acontecer, se será boa ideia injectar mais competição no mercado. Acho que devia ficar como está. Também não estou a ver o Governo a tirar alguém da corrida. É preciso é reinventarmos a indústria, estar sempre a inovar e atrair pessoas, como Las Vegas tem feito há tantos anos.

O Governo tem, de facto, falado muito na reinvenção e diversificação. Será possível fazer isto somente com mão-de-obra local?
Não posso falar pelo Governo, mas acredito que os estrangeiros [profissionalmente] trazem para Macau conhecimentos que os residentes, certamente, não têm. Quando se quer inovar nesta cidade, não se pode contar com os residentes ou mesmo com quem cá vive, mas não é residente. Continuamos a precisar de sangue novo.

Mas isso não será tirar oportunidades para os locais?
Temos estado a fazê-lo durante estes anos todos, mas é preciso trazer quem lhes mostre que o caminho é para cima, que se saiba gerir a sério. No fundo, é preciso mostrar aos residentes que existe mais para além daquilo que vêem. A mão-de-obra local é muito reduzida e na altura de expandir o mercado do entretenimento, vai ser preciso ter quem saiba do assunto. O conhecimento é essencial e o ideal seria formar o nosso próprio pessoal, mas isso leva tempo. Há pouco talento numa população de 600 mil pessoas e, em termos globais, os mais talentosos, não o são assim tanto.

7 Ago 2015

SJM | Funcionário a trabalhar na Coreia do Norte aparece morto. Família não acredita em suicídio

Um funcionário da SJM, a trabalhar num casino na Coreia de Norte, foi encontrado morto. Suicídio foi a causa apresentada pelas autoridades norte-coreanas. Mas um aviso prévio e o desaparecimento durante cinco dias leva a família a apontar que esta é uma história “muito mal contada”. Depois de conseguir a transladação do corpo, através da SJM, a família quer saber o que realmente aconteceu

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ei Weng Fu tinha 29 anos e era residente de Macau. Trabalhava no departamento de fichas para os casinos pertencentes à Sociedade de Jogos de Macau (SJM). Um dia concorreu internamente para ser colocado no Casino Pyongyang, na Coreia do Norte. O objectivo era claro: amealhar dinheiro suficiente para, juntamente com um amigo, abrir um restaurante de sopa de fitas em Macau.
“Ele gostava de lá estar, não se queixava, tinha algumas limitações, mas quando veio a Macau uma semana de férias disse que gostava de lá trabalhar”, conta ao HM Lin Chao, mãe de Weng. “Contou-me que estava a poupar dinheiro e também comprou acções, assim ia ter dinheiro suficiente para abrir o restaurante de sopas com o amigo”, continuou.

No dia 31 de Maio, o pai de Weng estranha uma mensagem que recebeu do filho pela aplicação WeChat. “Lá [na Coreia do Norte] o telemóvel e o passaporte ficam retidos, ele falava connosco pelo iPad e mandava mensagens pelo WeChat, às vezes”, conta a mãe do trabalhador, sublinhando a dificuldade de acesso à internet no país. “Nesse dia, o nosso filho escreveu que estava a ser ameaçado, por causa de dinheiro, e que uma das empresas sócias do casino queria bloquear-lhe a conta bancária de Macau. Disse-nos que não sabia o que podia acontecer, mas que não acreditássemos em nada que nos pudessem contar”, relembra a mãe.

Também um amigo do filho, residente e trabalhador da SJM no território, contou aos pais que Weng lhe tinha contado que tinha sido vítima de violência física e tinha recebido várias ameaças.

“Soubemos no dia seguinte que tinha sido despedido, mandou-nos uma mensagem a avisar que pela manhã, quando chegou ao trabalho, foi despedido, acusado de roubo de fichas”, acrescenta a progenitora. “Ele nunca roubaria”, adiciona a tia, Mei Chao, presente no encontro da família com o HM.

Silêncio mortal

casino pyongyangForam cinco dias de silêncio. Weng esteve sempre incontactável, nunca surgiu online e nunca viu as mensagens que os pais lhe enviavam, algo detectável na aplicação que usava. “No dia 5 de Junho o gerente do nosso filho ligou-nos e disse que o ia buscar ao aeroporto de Macau”, relata a mãe, adiantando que horas depois receberam um novo telefonema. Neste, é-lhes dada a notícia. “Era da SJM, não era preciso ir buscar o nosso filho, porque ele estava morto. Disseram: ‘ele suicidou-se’”, conta.

A ideia de suicídio nunca foi aceite pela família. “Esta história está muito mal contada, tudo é muito estranho. Isto é muito estranho”, reforça.

Em busca de mais informações, a família fez várias perguntas à empresa da Coreia do Norte, que nunca lhe deu as respostas. Nem respostas, nem os pertences do filho.

“A SJM quis – através de um advogado – que assinássemos um papel – que pertencia à empresa do casino na Coreia – a permitir que o corpo fosse cremado lá. Não aceitámos e nunca assinámos. Conversámos com o advogado e decidimos que queríamos ir lá. Tínhamos de perceber o que aconteceu”, conta a mãe da vítima.

O pai não pôde ir, devido a um problema de coração, seguindo a para a Coreia do Norte a mãe e irmã de Weng. “Chegámos e os nossos telemóveis e passaportes foram retidos, não podíamos ir onde queríamos, nunca nos foi possível falar com colegas de trabalho do Weng e nunca chegámos a recolher os seus bens. Desapareceram”, indica.

Da empresa só chegava a justificação de que o filho, padecendo de uma doença mental – diagnosticada por uma equipa médica designada pela empresa proprietária do casino – roubava fichas e, por isso, depois de descoberto, terá optado pelo suicídio.

“Eu não acredito nisto, nem o meu filho era deficiente, nem nunca teve comportamentos que indicassem uma coisa destas. Isto não é verdade e eu preciso de saber a verdade”.

[quote_box_left]“Nesse dia o nosso filho escreveu que estava a ser ameaçado, por causa de dinheiro e que uma das empresas sócias do casino queria bloquear-lhe a conta de banco de Macau. Disse-nos que não sabia o que podia acontecer, mas que não acreditássemos em nada que nos pudessem contar” – Lin Chao, mãe de Weng[/quote_box_left]

Custos elevados

Durante 17 dias, a mãe e a irmã permaneceram no país, para trataram de tudo o que lhes foi possível para a transladação do corpo de Weng para Macau. “Queríamos enterrá-lo na sua terra”, diz a mãe.

Os custos da transladação superaram os 7500 dólares (cerca de 60 mil patacas) e a família não tinha como pagar. “Mesmo com o dinheiro da conta do meu sobrinho, era a empresa da Coreia que devia pagar. Por isso é que entrámos em contacto com a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. Pedimos ajuda para trazer o corpo do meu sobrinho”, indica a tia.

Com o pedido nas mãos, a ATFPM, liderada pelo deputado José Pereira Coutinho, entrou em contacto com Angela Leong, administradora da SJM, “duas vezes por telefone”.

“Chegámos a ter um encontro com um advogado da SJM que não se mostrou muito à vontade para lidar com esta situação. E foi então, num almoço da Polícia Judiciária, que encontrei Angela Leong e falei directamente com ela. Voltei a insistir mais tarde”, conta o presidente da Associação.

Em pouco tempo, as contas estavam pagas. “Não sei se foi a Angela [Leong] que pagou, não sei de onde veio o dinheiro, sei que foi a SJM que pagou as contas. É uma caso de dignidade humana, de um residente de Macau que era trabalhador da SJM e a operadora só tinha que assumir os custos. O corpo já cá está e agora a família pode realizar o funeral do jovem”, indica.

Um fim sem vista

Com um saco de perguntas por responder, a família de Weng não fará o luto até ter respostas. “Colocámos a questão à Polícia Judiciária – e já está envolvida a Interpol – para tentarmos perceber o que realmente aconteceu”, indicou o presidente, reforçando, todas as “pontas soltas” da história que parece não ter fim para a família. O HM tentou contactar Angela Leong para confirmar as informações, mas até à hora do fecho desta edição, Angela Leong não respondeu às perguntas colocadas.

O casino, que fica na cave do hotel com o mesmo nome, foi aberto em parceria com a SJM nos anos 1990.

29 Jul 2015

Jogo | Sugerida criação de base de dados de devedores do Governo

A polémica em torno do site Wonderful World acalmou e agora há quem venha defender a criação de um site semelhante – para expor devedores – ao Governo. Especialistas ouvidos pelo HM concordam, mas com limites

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m site exclusivamente dedicado aos devedores das salas VIP dos casinos é a sugestão deixada por uma analista de Jogo ao Governo. Especialistas contactados pelo HM concordam, mas dizem que é preciso rever leis e que esta base deve ser interna.
O homem, que não quis ser identificado, considera que a base de daos deveria ser gerida pelo Executivo, mesmo depois de uma página semelhante na internet – a Wonderful World – ter sido apagada após a condenação do seu gestor por violação de dados pessoais. Devido à queda das receitas de Jogo, as salas VIP sofreram a maior recessão. Uma das causas tem a ver com os empréstimos feitos a jogadores que acabaram por não pagar as suas dívidas.
Ao jornal Ou Mun, o analista do jogo, pede que se crie, por isso mesmo, um site com função semelhante ao Wonderful World, onde seja publicada a informação de jogadores que não liquidem as dívidas. A sugestão deixa especialistas ouvidos pelo HM divididos.
Charlie Choi, condenado a pena de prisão suspensa de seis meses, disse não compreender a decisão do tribunal sobre a sua condenação, sendo que já interpôs até um recurso à Segunda Instância. Choi, contudo, sempre defendeu que o Wonderful World prestava um serviço útil e disse ontem que acha apropriado que o Governo elabore esta base de dados para “proteger o desenvolvimento do sector” e para que os credores não façam empréstimos ilegais.
Sim, mas com limites
Billy Song, director da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, considera viável a criação da base de dados, mas diz que esta depende de acções prévias do Governo.
“É necessário o Executivo criar uma nova lei ou uma revisão da lei para conseguir a criação da base, até por causa da Lei de Protecção dos Dados Pessoais”, frisa ao HM.
Song considera que uma base de dados não deve ser um site público como era o Wonderful World, mas sim um sistema para as entidades que tomam conta do assunto, como as concessionárias de Jogo e as salas VIP registadas no Governo. Estas sim, diz, deveriam ter direito a consultar estes dados.
“O sistema pode ser como o bancário, quando as dívidas ultrapassarem o prazo de pagamento, os documentos assinados podem servir como prova para recuperar o dinheiro. Mas é preciso a concordância do sector.”
Por outro lado, Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintéticos-Sociais de Macau não considera que seja fácil a criação de uma base de dados deste calibre, devido à diferença entre os sistemas jurídicos de Macau e do interior da China.
“Pode ser feita, mas o surgimento do site Wonderful World foi um exemplo claro de que não funciona. Publicar informações de jogadores em dívida para recuperar o dinheiro pode violar a Lei de Protecção de Dados Pessoais, logo uma base de dados também pode violar a lei”, diz.
Além disso, Kot acha que o Governo não está a regulamentar bem a existência desta actividade. “Por exemplo, o regime jurídico da concessão de crédito para jogo ou para a aposta em casino não foi executado de forma rigorosa, os promotores ou donos de salas VIP não conseguem recuperar as dívidas através do tribunal”, atira.
Outro problema que o responsável da Associação aponta é que a maioria dos jogadores é do interior da China, pelo que podem voltar ao continente depois de pedir empréstimos, não sendo possível recuperar o dinheiro.
“No interior da China é proibido o Jogo, ou seja, o Governo Central não ‘aceita’ as pessoas que jogam em Macau. Se a sala VIP quiser recuperar o empréstimo através de documentos de Macau, estes não vão ser aceites no continente e assim nunca se consegue recuperar o dinheiro. É um problema crítico de diferentes sistemas.”
Nelson Kot diz ser necessário que o Governo reveja os regimes ao mesmo tempo da revisão das licenças de Jogo.
“Mesmo que o Jogo seja proibido na China, é sabido que as pessoas da China vêm jogar a Macau como entretenimento. Quando as salas VIP emprestam dinheiro e existe provas do empréstimo, porque é que não se consegue recuperá-lo?”, questiona, acrescentando que o Governo tem a responsabilidade de comunicar com o Governo Central para que cooperem na questão de empréstimos e dívidas.
Para ajudar
Recorde-se que dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) mostram que as receitas das salas VIP do primeiro semestre deste ano diminuíram 42%. Segundo o jornal Ou Mun, o analista que fez a sugestão apontou também que, durante os últimos quatro ou cinco anos, os jogadores pediram muitos empréstimos a diversas salas VIP. Quando a economia começou a descer, as salas VIP queriam recuperar as dívidas, mas sem sucesso.
“Desde 2013 que no interior da China começou o combate contra a corrupção, a economia do continente não está boa. No ano passado um promotor de Jogo fugiu de Macau com mil milhões de patacas”, exemplifica. “Existem jogadores que não pagam dívidas, mas como só se pode resolver estes casos via tribunal a decisão é que o devedor precisa de pagar, mas como este não está em Macau, a sala VIP não consegue recuperar o dinheiro.”
A ideia da base de dados de devedores é que os ‘junket’ possam fazer uma avaliação do risco quando cederem empréstimos.

23 Jul 2015

Jogo | Governo mostra abertura para proibir casinos em algumas zonas

A equipa de Lionel Leong voltou a frisar que não há planos para a criação de um casino no empreendimento Louis XIII em Coloane. Como não há restrições ao local de construção, o Secretário para a Economia e Finanças mostrou abertura para mudar a lei, para que seja proibido construir espaços de Jogo em algumas zonas do território

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]construção de dois empreendimentos hoteleiros junto à zona de Seac Pai Van, em Coloane, foi ontem tema de debate na Assembleia Legislativa (AL). Os deputados pressionaram o Governo para dar uma garantia de que não serão construídos casinos em Coloane, mas Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, apenas referiu que pode vir a proibir esses projectos na lei.
“De acordo com a nossa lei não posso dizer qual é a zona onde não se pode construir um casino, uma vez que não existe proibição de construção em determinadas zonas. Mas estamos abertos a opiniões. Se acham que a lei deve ser alterada para proibir casinos em algumas zonas, nós, Governo, estamos abertos a essa possibilidade”, garantiu o Secretário, em resposta a uma interpelação do deputado Au Kam San.
Tal como já tinha sido confirmado à imprensa, não existe, para já, qualquer projecto de Jogo junto a Coloane, ainda que o Louis XIII já tenha indicado publicamente querer colocar mesas no local.
“Neste momento está um projecto em construção e em relação ao outro [empreendimento] não existe qualquer projecto válido, pois não foi ainda emitida a Planta de Condições Urbanísticas (PCU). Não se revela [na PCU] qualquer finalidade para a construção de um projecto de Jogo”, garantiu o representante da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) aos deputados. “A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) não recebeu, até à data, nenhum pedido apresentado por concessionárias de jogo ou para a construção [ de casinos] no tal hotel Louis XIII”, frisou Lionel Leong. “Segundo a lei, só as sociedades devidamente autorizadas é que podem explorar as mesas de Jogo. Para qualquer projecto que inclua casino, o seu pedido tem de ser feito por uma concessionária ou subconcessionária, caso contrário não será permitida a criação de um casino ou mesas de Jogo. Se no futuro o Governo vier a receber pedidos de concessionárias, vai ter em conta vários aspectos, como a dimensão do projecto e os seus efeitos para Macau”, explicou.

[quote_box_right]“Se acham que a lei deve ser alterada para proibir casinos em algumas zonas, nós, Governo, estamos abertos a essa possibilidade” – Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças[/quote_box_right]

Tudo em aberto

Apesar da explicação do Secretário, Au Kam San lembrou que a empresa responsável pelo projecto Louis XIII, a Louis XIII Holdings Limited, ainda pode entrar em negociações com uma operadora de Jogo para a abertura de um espaço destes.
“Os planos do Governo são mesmo não criar casinos em Coloane? Se o Governo não tiver esse plano, os empreiteiros poderão negociar com as concessionárias. Esses dois hotéis vão provavelmente incluir casinos e disse que não pertencem às concessionárias, mas os empreiteiros podem pedir-lhes autorização”, referiu o deputado.
Ng Kuok Cheong pediu para o Governo ter uma estratégia clara sobre os futuros empreendimentos de Jogo. “O que é que o senhor Secretário vai dizer aos moradores de Seac Pai Van? O sector entrou noutra fase e já não estamos numa fase de alargamento desmedido e todos os investimentos devem apontar para a optimização do sector. Deve-se clarificar que não é autorizada a criação de casinos de forma arbitrária. Não apenas em relação aos casinos, mas os centros de apostas também não devem entrar nos bairros comunitários. A lei não prevê mas o Governo pode anunciar este tipo de políticas”, concluiu.
Recorde-se que o Governo anunciou há dois anos que iria excluir todo o tipo de Jogo do interior dos bairros e habitações.

14 Jul 2015

Tabaco | Governo admite estar aberto a negociações sobre salas de fumo

Apesar de ter uma posição “firme” no controlo do tabagismo, o Governo admite agora haver espaço de negociação sobre as salas de fumo aquando da análise em sede de especialidade da lei que foi aprovada na sexta-feira e que permite a proibição total de fumo nos casinos

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de aprovada na generalidade a revisão à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, que permite a proibição total de fumar nos casinos, a proposta segue para análise na especialidade, com o Governo a admitir que poderia estar aberto a “pensar sobre as salas [de fumo] em sede de especialidade”.
Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, considera, contudo, que “praticamente não há hipótese” para manter as salas. “Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá”, rematou.
Aos jornalistas, sem apresentar dúvidas, Tam afirmou que o debate na especialidade “vai ser muito longo”, partindo pelo exemplo da votação na generalidade que demorou dois dias. Ainda assim, Alexis Tam espera, apesar de não ter certezas, que a lei possa entrar em vigor já no início do próximo ano. “Eu gostava, mas não sei. Já não depende de mim, fiz o meu melhor e consegui apresentar a proposta dentro do prazo, no primeiro semestre, mas agora não depende de mim. Depende da AL, depende dos deputados”, rematou.

[quote_box_left]“Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá” – Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura[/quote_box_left]

Recorde-se que fonte próxima do processo tinha referido ao HM o mês passado que o Governo iria estar aberto a negociações sobre a proibição de fumar, ainda que tanto o Executivo, como o Secretário tenham afirmado que “a posição do Governo no controlo do tabagismo é clara e firme e é de extrema importância defender a saúde da população”. Em comunicado após a discussão na AL, contudo, o Executivo disse “entender e compreende a posição e as opiniões dos operadores do sector” e que “está aberto para auscultar todas as opiniões”.
Alexis Tam garantiu que durante seis meses foram ouvidas opiniões de várias associações do sector do Jogo, das entidades laborais e foram tidas também como referências as recomendações da Organização Mundial de Saúde, assegurando que esta alteração à lei foi elaborada depois de uma análise destas várias opiniões. Posição que vai contra o que as operadoras têm vindo a público dizer, já que estas pediram publicamente e mais do que uma vez ao Governo que não proíba as salas de fumo nos casinos devido à quebra nas receitas do Jogo.

Director dos SS não acredita na eficácia das salas de fumo

O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, não acredita que as operadoras de Jogo consigam criar salas de fumo reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, já que ao longo do tempo, diz, não conseguiram coordenar-se com as regras. Segundo o canal chinês da TDM, Lei Chin Ion afirmou que o Governo já “tolerou uma vez” as operadoras de Jogo e ainda permitiu criar salas para fumadores mesmo que a OMS defenda que fumar no interior afecta outras pessoas. No entanto, o director disse que a coordenação das concessionárias com as medidas do Executivo não foi suficiente. 
“O regime já entrou em vigor há mais de dois anos, muitos funcionários nossos queixaram-se de que o trabalho das concessionárias não foi suficiente. De acordo com o regime permitimos criar salas de fumo, mas os casinos mudaram as mesas de Jogo para as zonas onde era permitido fumar, a fim de fugir aos nossos regulamentos.”
Lei Chin Ion referiu ainda que houve clientes dos casinos que fumaram junto às portas automáticas das salas de fumo e o fumo saiu para fora, algo que os SS pediram às “operadoras para melhorar, mas nunca foi cumprido”. Por isso mesmo, Lei acha que a eficácia da prevenção de tabaco nos casinos não existiu e não acredita que as operadoras consigam fazer salas para fumadores que venham a ser reconhecidas pela OMS.
“Já tentamos permitir aos casinos a criação de salas de fumo com melhores condições, mas o resultado não foi nenhum, nem melhoraram as portas das salas como exigimos, portanto, não acredito que eles consigam fazer essas salas serem reconhecidas pela OMS. Pelo ângulo científico, é impossível”, rematou.

13 Jul 2015

Tabaco | Alexis Tam diz que salas de fumo não protegem saúde

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura garantiu aos jornalistas que o fim das salas de fumo nos casinos é mesmo para cumprir, uma vez que a existência destas “não protege” a saúde das pessoas

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uma altura em que a revisão da Lei de Controlo do Tabagismo está quase a chegar à Assembleia Legislativa (AL), Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, confirmou à imprensa, à margem de um evento público, que as salas de fumo devem ser encerradas, por não evitarem as más consequências do fumo passivo.
Segundo um comunicado oficial, Alexis Tam referiu que “a instalação das salas para fumadores não controla efectivamente os grandes malefícios do fumo passivo”, pelo que “a proibição total de fumo nos recintos fechados é uma tendência mundial, nas cidades do interior da China, como Pequim e Shenzhen que fecharam, recentemente, as salas de fumadores nos aeroportos”. O governante citou ainda vários dados, referindo que, segundo muitos estudos científicos e a Organização Mundial de Saúde (OMS), a exposição ao fumo passivo do tabaco contém 250 partículas nocivas, das quais 69 são cancerígenas.
Frisando que o Governo está “firme” na adopção desta política, o Secretário disse esperar que o sector turístico possa aproveitar esta oportunidade para “melhorar a qualidade dos serviços prestados, a fim de promover um desenvolvimento saudável para a economia e sociedade de Macau”. Apesar do debate social que a questão tem causado, Alexis Tam acredita que “a sociedade em geral deseja que a lei seja revista quanto antes para que a proibição total de fumo nos casinos possa vir a ser uma realidade”.
Além disso, frisa, o Governo “tem a responsabilidade de promover justa e imparcialmente a proibição de fumo no território”, acrescentou Alexis Tam, lembrando as novas regras aplicadas também a bares e saunas.
Respondendo aos receios já apresentados pelas operadoras de Jogo e associações do sector, Alexis Tam disse esperar que “as operadoras de Jogo e de outras actividades relacionadas possam ter em consideração a saúde e os interesses dos trabalhadores e seguir o rumo de desenvolvimento que consiste em atrair turistas através da prestação de serviços de qualidade”.

Associação contra proibição total

A Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau publicou uma declaração no jornal Ou Mun a pedir ao Governo para manter as salas de fumo nos casinos, frisando a influência negativa que a proibição total do fumo poderá causar às operadoras, funcionários e receitas do sector. A declaração aponta ainda que a proibição total do tabaco em toda a indústria do Jogo vai trazer um impacto negativo, já que a maioria dos jogadores são fumadores. “Como é que os clientes conseguem jogar com esta dificuldade de não poderem fumar? Simplesmente vão acabar por optar ir jogar aos casinos de outros países do sudeste asiático, onde não proíbem o tabaco”, pode ler-se. A Associação prevê ainda que a medida venha a afectar entre três a cinco mil funcionários das salas VIP, bem como mil trabalhadores de todas as operadoras. Sobre as receitas do Jogo, a associação lembra que em Las Vegas decidiram voltar a criar salas de fumo nos casinos, devido à queda das receitas. “Essa é a prova mais poderosa”, apontam. Ao contrário do que refere Alexis Tam, a associação considera que as salas de fumo fechadas com um sistema de ventilação próprio podem evitar os danos causados pelo fumo passivo. F.F.

6 Jul 2015