Xi Jinping elogia laços com Camboja e pede que não se interfira nos assuntos do país

O Presidente chinês, Xi Jinping, elogiou na sexta-feira os laços da China com o Camboja e pediu que não se interfira nos assuntos internos daquele país, durante um encontro em Pequim com o primeiro-ministro cambojano, Hun Sen.

“A China considerou sempre o Camboja como um exemplo importante da diplomacia chinesa com os países vizinhos”, afirmou o líder chinês. “Estamos dispostos a continuar a cooperar estrategicamente, opondo-nos firmemente às forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos” de Phnom Penh, acrescentou. Xi Jinping frisou que o “desenvolvimento não é um privilégio de apenas alguns países”.

“O confronto ideológico, ou a politização e uso da economia, do comércio ou dos intercâmbios no sector tecnológico, como arma para suprimir o desenvolvimento de outros países é um acto de hegemonia”, afirmou Xi Jinping, citado pela imprensa local, numa critica implícita aos Estados Unidos, quando Pequim e Washington travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica. “Este tipo de comportamento não conquista o coração das pessoas”, acrescentou o líder chinês.

De acordo com a imprensa oficial chinesa, Hun Sen garantiu que o Camboja apoia o princípio de “Uma só China”, na questão de Taiwan, e os esforços da China para “salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”.

“Opomo-nos a qualquer interferência estrangeira nos assuntos de Hong Kong, Xinjiang ou Tibete”, afirmou o líder cambojano, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Potencial marítimo

O Camboja planeia realizar eleições gerais no dia 23 de Julho de 2023. Hun Sen, que está no poder desde 1985, pretende renovar o mandato, em eleições marcadas pela ausência de um forte partido da oposição.

A China negou, no ano passado, que esteja a construir uma instalação naval para uso exclusivo da sua marinha na cidade cambojana de Ream.

A possibilidade de a China ter uma base no Camboja reforçaria as suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, por onde circula 30 por cento do comércio global, além de abrigar importantes reservas de petróleo e gás.

13 Fev 2023

Morreu primeiro homem condenado pelos crimes dos Khmer Vermelhos no Camboja

[dropcap]O[/dropcap] antigo carcereiro Kaing Guek Eav, primeiro homem condenado pelos crimes dos Khmer Vermelhos por um tribunal internacional, em 2010, morreu hoje, aos 77 anos, na capital do Camboja.

Conhecido por “camarada Duch”, o chefe da prisão de segurança S-21 do regime de Pol Pot, responsável pela morte e tortura de mais de 15 mil prisioneiros, morreu no Hospital da Amizade Khmer-Soviética de Nom Pen às 00:52, enquanto cumpria uma pena de prisão perpétua por crimes contra a humanidade, disse um porta-voz do tribunal na rede social Twitter, Neth Pheaktra.

O homem condenado por crimes contra a humanidade tinha dado entrada no hospital na segunda-feira, depois de desenvolver dificuldades respiratórias, na prisão de Kandal, disse o responsável do estabelecimento prisional para onde Duch tinha sido transferido, em 2013. A mesma fonte acrescentou que será feita uma autópsia para determinar a causa da morte, antes de o corpo ser entregue à família.

Antigo professor de matemática, Duch documentou meticulosamente os prisioneiros que entravam na prisão, convertido mais tarde num museu da memória, com fotografias das vítimas e das celas onde foram torturadas.

O antigo comandante da prisão ultra-secreta Tuol Sleng, com o nome de código S-21, foi um dos poucos Khmer Vermelhos que reconheceu a responsabilidade, ainda que parcial, pelos seus atos, durante o julgamento.

Homens, mulheres e crianças vistos como inimigos do regime foram encarcerados e torturados às suas ordens, e apenas uma mão cheia sobreviveu.

“Todos os que eram presos e enviados para [a prisão] S-21 já se presumiam mortos”, testemunhou Duch, durante o julgamento.

Os descendentes dos detidos foram assassinados para garantir que a geração seguinte não se pudesse vingar.

As torturas e execuções em Tuol Sleng foram registadas e fotografadas de forma meticulosa, e quando os Khmer Vermelhos foram forçados a abandonar o poder, em 1979, os milhares de documentos deixados na prisão tornaram-se prova das atrocidades do regime.

Duch fugiu, desaparecendo durante quase duas décadas no noroeste do Camboja, convertendo-se ao cristianismo, até ser descoberto por um fotógrafo irlandês, Nic Dunlop, em 1999, levando à sua prisão.

Foi condenado a 35 anos de prisão em julho de 2010, uma pena prolongada em prisão perpétua em 2012.

Os Khmer Vermelhos, um grupo maoísta que queria abolir a propriedade privada e converter o Camboja num país rural, tomaram o poder em 1975 e impuseram um regime repressivo, até serem expulsos em 1979 pelas tropas vietnamitas, também comunistas.

Cerca de 1,7 milhões de pessoas morreram devido a purgas, fome e abusos às mãos dos Khmer Vermelhos, liderados por Pol Pot, que morreu em 1998.

Além de Duch, o tribunal internacional condenou a prisão perpétua dois líderes dos Khmer Vermelhos, Nuon Chea e Khieu Samphan, em 2014 e 2018.

Na segunda condenação contra Nuon Chea, o braço direito de Pol Pot, e Khieu Samphan, antigo chefe de Estado, o tribunal reconheceu pela primeira vez o genocídio cometido pelos Khmer Vermelhos contra as minorias vietnamitas e os muçulmanos cham.

Nuon Chea morreu no ano passado, enquanto outros líderes do regime, Ieng Sary e Ieng Thirith, morreram em 2013 e 2015, antes de serem condenados.

Pol Pot morreu em abril de 1998 na base guerrilheira de Amlong Veng, no noroeste do Camboja, assassinado pelas suas próprias forças.

2 Set 2020

Camboja | Complexo habitacional icónico dá lugar a casino de luxo

O terceiro investimento do bilionário malaio Chen Lip Keong em Phnom Penh vai ocupar um espaço que era ocupado por cerca de 500 famílias. Está avaliado em cerca de quatro mil milhões de dólares

 

[dropcap]U[/dropcap]m conhecido complexo habitacional em Phnom Penh vai ser transformado num casino de luxo, à medida que o Camboja atrai cada vez mais turistas e apostadores chineses, foi ontem noticiado.

A empresa NagaCorp, controlada pelo bilionário malaio Chen Lip Keong e cotada na bolsa de Hong Kong, é a única operadora com licença exclusiva para explorar casinos até 2035 na capital cambojana, onde tem já os complexos Naga1 e Naga2.

O terceiro casino da operadora em Phnom Penh, o Naga3, avaliado em cerca de quatro mil milhões de dólares, vai ocupar o conhecido ‘White Building’, onde residiam centenas de famílias, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP).

Em declarações à imprensa, na terça-feira, o vice-presidente da NagaCorp, Philip Lee, salientou que o Naga3 é, até agora, “o maior investimento do sector privado no país” e vai ocupar mais de 16 mil metros quadrados, incluindo o ‘White Building’.

“Tem aproximadamente o mesmo tamanho que o Marina Bay Sands, em Singapura, que é o complexo de entretenimento mais caro do mundo”, afirmou.

Inquilinos revoltados

Estas notícias causaram indignação em antigos residentes do ‘White Building’, aos quais tinha sido prometido, pelas autoridades, novos alojamentos no edifício depois de uma remodelação.

“[O Governo] contou-nos uma mentira tão grande. É um sítio muito central, o Governo devia renová-lo e permitir que continuássemos a viver aqui (…), mas eles só pensam em lucro”, lamentou Nhek Chantha, citada pelo diário de Hong Kong.

A cambojana, de 67 anos, e os dois filhos foram expulsos em 2017, a par das restantes 497 famílias, depois de as autoridades municipais terem começado a emitir, dois anos antes, ordens de despejo, alegando que a estrutura não era segura.

Uma empresa japonesa, a Arakawa, foi então incumbida pelo Governo de transformar o local num condomínio residencial, com pelo menos cinco andares de apartamentos sociais para antigos moradores.

Em 2016, o ministro do Ordenamento Territorial, Planeamento Urbano e Construção cambojano, Chea Sophara, pediu paciência aos cambojanos e afirmou que o novo complexo devia ficar concluído até 2020.

Esta segunda-feira, a empresa nipónica escusou-se a comentar a situação e o porta-voz daquele ministério cambojano, Seng Lot, disse não saber como ou por que razão o terreno havia sido transferido para a NagaCorp.

Construído em 1963 como parte de um complexo cultural em frente ao rio Bassac, o ‘White Building’ foi, tal como resto da cidade, ocupado pelo regime dos Khmeres Vermelhos, em 1975.

Depois da queda do regime, em 1979, uma multidão variada, incluindo artistas e músicos, mudou-se para o edifício, transformando-o numa “unida e colorida” comunidade, descreveu o SCMP.

Aos moradores foi oferecida uma compensação de 1.400 dólares por metro quadrado, com muitos a protestar que era insuficiente para encontrarem novos alojamentos na cidade.

Concorrência asiática

O Camboja é, como o Vietname, o Japão e a Coreia do Sul, uma das principais ameaças ao monopólio do jogo em Macau, considerou o analista de jogo Grant Govertsen, em entrevista à agência Lusa, em Novembro.

Uma opinião corroborada pelo fundador da Newpage Consulting, consultora especializada em regulação de jogos em Macau, em declarações à Lusa há um mês.

Para David Green, a entrada em força de outros países asiáticos no jogo, como o Camboja e o Vietname, pode levar os turistas chineses que visitam Macau para essas paragens.

Em 2018, Macau recebeu 35,8 milhões de turistas, dos quais 25 milhões são oriundos da China. No mesmo ano, o número de turistas chineses no Camboja cresceu cerca de dois terços, para mais de dois milhões.

O investimento chinês redefiniu a costa do Camboja, dando lugar a grandes projectos turísticos, campos de golfe, aeroportos e parques temáticos.

No final do ano passado, o Camboja tinha 150 casinos licenciados, vocacionados sobretudo para os apostadores chineses, uma vez que o jogo é proibido para a população local.
Com um lucro de 390 milhões de dólares em 2018, a NagaCorp pagou 8,8 milhões de dólares em impostos.

11 Abr 2019

Camboja condena medidas sobre o arroz impostas pela UE

[dropcap]O[/dropcap] Governo do Camboja acusou a União Europeia (UE) de violar as regras do comércio internacional, depois de Bruxelas ter anunciado que vai re-introduzir direitos de importação sobre o arroz proveniente daquele país e do Myanmar.

A decisão tomada na quarta-feira pela Comissão Europeia tem como pano de fundo a protecção dos produtores europeus, uma medida solicitada por vários Estados-membros, entre os quais Portugal, e entra em vigor já esta semana.

Contudo, o Ministério do Comércio do Camboja defende que a medida não está em conformidade com as regras do comércio internacional, nem reflecte uma boa cooperação entre o Camboja e a UE, tratando-se de “uma arma que matará” os produtores cambojanos endividados.

“A decisão de introduzir medidas proteccionistas (…) vai privar os agricultores dos seus rendimentos e vai forçá-los à morte”, condenou o ministério, em comunicado. Neste sentido, o país asiático pediu às autoridades europeias para reverem a decisão que descreveu como “injustificável” e assegurou que está a estudar a legalidade da mesma.

O Camboja e Myanmar (antiga Birmânia) são beneficiários do regime de comércio “Tudo Menos Armas” da UE, que concede unilateralmente acesso ao seu mercado, com isenção de direitos aduaneiros e sem limites quantitativos, aos países menos avançados do mundo (excepto para armas e munições).

O pedido inicial de instituição de medidas de salvaguarda sobre as importações de arroz foi apresentado por Itália há quase um ano, em Fevereiro de 2018, com o apoio de todos os outros Estados-membros produtores de arroz: Portugal, Espanha, França, Grécia, Hungria, Roménia e Bulgária.

18 Jan 2019

Presidente chinês reúne-se com Hun Sen

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping encontrou-se com o presidente do Partido do Povo Cambojano e primeiro-ministro do Camboja Samdech Techo Hun Sen. Xi chamou Hun Sen de velho e bom amigo, e amigo verdadeiro do PCC e do povo chinês.

Os laços China-Camboja estão actualmente no melhor período na história, disse Xi, citando a confiança política melhorada, cooperação e intercâmbios culturais expandidos. O ano 2018 marca o 60º aniversário de laços diplomáticos China-Camboja. Xi solicitou que ambos os lados tomem a oportunidade para avançar relações. O PCC e o governo chinês sempre tratam dos laços China-Camboja com uma visão estratégica e perspectiva de longo prazo, notou Xi, que expressou apoio aos esforços do Camboja para manter o desenvolvimento e a estabilidade, acrescentando que a China espera impulsionar a cooperação com o Camboja em defesa, aplicação da lei e segurança. assim como outras áreas.

O presidente chinês pediu por coordenação bilateral mais forte em mecanismos multilaterais como as Nações Unidas, Cooperação no Leste Asiático e a Cooperação Lancang-Mekong.

Por seu lado, Hun Sen congratulou-se pela reeleição de Xi como o secretário-geral do Comité Central do PCC e elogiou o diálogo entre o PCC e os partidos políticos mundiais. Chamando a China um amigo fidedigno e íntimo do Camboja, ele disse que o Camboja está satisfeito com o crescimento dos laços bilaterais e espera promover ainda mais a relação.

O Camboja espera aprender de experiência de governança da China, acrescentou Hun Sen.

5 Dez 2017

Filipinas destacam 60 mil para cimeira da ASEAN

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s autoridades das Filipinas destacaram ontem cerca de 60 mil polícias e soldados para coordenar a segurança da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que vai decorrer entre os próximos dias 10 e 14.

Além dos líderes dos dez países-membros da ASEAN, o encontro vai contar com a presença dos Presidentes dos Estados Unidos e da China, respectivamente, Donald Trump e Xi Jinping, bem como dirigentes da União Europeia, Rússia, Japão ou Austrália.

A polícia filipina proibiu o porte de armas durante os dias do evento na capital, Manila, e noutras províncias adjacentes na zona central de Luzón, segundo o jornal The Manila Times.

A crise da minoria muçulmana rohingya na Birmânia, as ambições nucleares da Coreia do Norte, o terrorismo e as disputas territoriais no Mar do Sul da China figuram entre os temas que devem ser abordados pelos chefes de Estado e de Governo reunidos nas Filipinas.

A economia vai ser outro tema relevante nas reuniões da ASEAN, uma comunidade de 620 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de 2,55 biliões de dólares (2,16 biliões de euros).

Fundada em 1967, a ASEAN é composta pela Birmânia, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.

6 Nov 2017

Recursos Humanos | Chui quer reforçar cooperação com Camboja na formação

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo teve um encontro com o primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, onde mostrou vontade de reforçar a cooperação com este país na área da formação e intercâmbio de recursos humanos. Chui Sai On quer também apostar numa maior colaboração na área da cultura. Já o primeiro-ministro vai mais longe e aponta o sector do investimento como outra das áreas em que os dois países podem colaborar.
“No que diz respeito ao investimento, [Hun Sen] defende o reforço do investimento de empresas de Macau no seu país, pois embora a RAEM seja um pequeno território, o seu peso económico é bastante elevado”, revela um comunicado do Gabinete do Chefe do Executivo.
Hun Sen sugere ainda que sejam criados acordos em termos de exportação, no sentido de fazer trocar comerciais de lá para cá. Chui Sai On apontou que o Instituto para a Promoção de Comércio e Investimento de Macau (IPIM) poderia servir como plataforma de comunicação para o estabelecimento de empresas locais naquele país. chui sai on han seng
O encontro teve lugar na passada segunda-feira em Santa Sancha, por ocasião do Fórum de Economia de Turismo Global 2015, que dura até hoje.
As relações diplomáticas da RAEM com o Camboja foram estabelecidas em 1958, “mantendo sempre boas relações”, refere o Gabinete. Esta cooperação bilateral, alerta o mesmo documento, acontece já nas áreas económico-comercial e do turismo. Hun Sen parece estar de acordo com a premissa de Chui Sai On, que refere que o desenvolvimento da estratégia da faixa comercial da Seda “vai aproximar o seu país de Macau, pois ambos situam-se no percurso da Rota Marítima da Seda”.
No campo do Turismo, o dirigente do Camboja defendeu a eventualidade de serem criadas rotas de voos directos entre as duas regiões, “o que poderá beneficiar o intercâmbio entre o Camboja e regiões adjacentes a Macau”, proposta que o CE prometeu estudar. “Por último, Chui Sai On propôs que Macau seja aproveitado como plataforma de cooperação de comércio e serviços entre a China e os Países de Língua Portuguesa e, assim, ser uma ponte de promoção dos produtos agrícolas do Camboja, e outros, naqueles países”, informa o documento.

14 Out 2015