João Luz SociedadeBarco Dragão | Feriados com centenas de milhares de visitantes Durante os quatro dias do fim-de-semana prolongado dos feriados do Dia do Barco Dragão, quase 367 mil turistas visitaram Macau. A sexta-feira foi o dia de maior movimento nos postos fronteiriços com quase 107 mil pessoas a entrarem no território. Governo está a negociar com companhias descontos para atrair turistas estrangeiros Entre quinta-feira e domingo, entraram em Macau 366.935 turistas, aproveitando o fim-de-semana prolongado pelos feriados do Dia do Barco Dragão. De acordo com os dados revelados ontem de madrugada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), durante os quatro dias, Macau recebeu em média mais de 91.700 turistas diariamente, com sexta-feira a registar o maior volume de entradas, com 106.913 visitantes a chegarem ao território. Como é tradicional, as Portas do Cerco registaram a maior afluência, com 138.409 pessoas a fazer a travessia para Macau nesse posto fronteiriço, representando cerca de 37,7 por cento das entradas, seguido pela fronteira da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, por onde entraram 88.569 turistas. A tendência de congestionamento nas fronteiras começou logo na quinta-feira, feriado em Macau, Hong Kong e no Interior da China, com a entrada de mais de 100 mil pessoas no território. O fluxo consistente de turistas compreende-se com a decisão do Conselho de Estado chinês que declarou quinta-feira, sexta-feira e sábado feriados nacionais. O registo do fim-de-semana passado apresenta uma boa performance em termos da capacidade de atracção do território, principalmente face aos números do passado mês de Maio, quando foi a semana dourada do Dia do Trabalhador. Durante esse mês, Macau foi visitado por mais de 2,21 milhões de turistas, com uma média diária superior a 71 mil visitantes. Ir mais além Na próxima sexta-feira terminam os descontos nos transportes entre a RAEHK e Macau, medida que arrancou no início do ano para voltar a captar turistas de Hong Kong. Em declarações prestadas ontem à margem de uma acção promocional na Rua do Cunha, Helena de Senna Fernandes indicou que a medida para atrair visitantes de Hong Kong não irá continuar, uma vez que esse mercado estabilizou. O foco da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) irá agora para os mercados externos, avançou ontem Helena de Senna Fernandes, que está a negociar com companhias aéreas a oferta de para voos directos para os aeroportos de Macau e Hong Kong. A promoção deverá seguir o padrão de oferta de uma das viagens num bilhete de ida e volta. Para já, a DST está a estudar a possibilidade de lançar acções de charme em Singapura e na Malásia semelhanças à caravana promocional que andou pelas cidades da Grande Baía a mostrar Macau como produto turístico. Estão também a ser pensadas campanhas promocionais para o mercado indonésio e japonês, apesar da pouca propensão actual dos japoneses em viajar devido à depreciação do yen.
Hoje Macau DesportoBarcos-Dragão | Regatas em Junho com orçamento de 13 milhões As Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau realizam-se a 17, 18 e 22 de Junho, com um orçamento de 13 milhões de patacas, anunciou ontem a organização. O evento de três dias no Lago Nam Van acontece durante o Festival Duanwu (Festival do Barco do Dragão). As regatas locais estão agendadas para 17 e 18 e as de nível internacional para 22 de Junho, disse o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, numa conferência de imprensa. A iniciativa é organizada pelo Instituto do Desporto, a operadora de casinos SJM e a Associação de Barcos-Dragão de Macau, prevendo-se a participação de um total de 168 equipas locais. A organização disse que vai convidar equipas da China continental e do estrangeiro para participarem nas regatas “a fim de elevar o nível de competição e intensificar o intercâmbio desportivo entre as diferentes regiões”. O barco-dragão é uma embarcação originária da região do Delta do Rio das Pérolas, no sul da província chinesa de Guangdong. As regatas destas tradicionais embarcações a remos datam de há mais de dois mil anos e estrearam-se em Hong Kong como um evento desportivo internacional em 1976.
Hoje Macau DesportoBarcos-dragão | Regatas internacionais em Junho A edição deste ano das regatas internacionais de barcos-dragão de Macau, em Junho, vai ter um número máximo de 2.700 participantes, incluindo da China continental, foi ontem anunciado. “Estamos a discutir com equipas do interior da China, eles também esperam que seja possível vir a Macau novamente”, disse o director do Instituto de Desporto de Macau, Pun Weng Kun, em conferência de imprensa. As regatas, que vão decorrer entre 12 e 14 de junho, vão ter seis provas. No dia 13 decorrem as regatas para pequenas embarcações, e no dia seguinte, dia do festival dos barcos-dragão, será a vez das grandes embarcações, num total de seis provas, indicou a organização.
João Santos Filipe DesportoInstituto do Desporto apresentou programa da prova de Barcos-Dragão [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om um orçamento aproximado de 13 milhões de patacas, as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão vão ser disputadas a 1, 2 e 7 de Junho, no Centro Náutico da Praia Grande. A prova foi apresentada, ontem à tarde, pelo Instituto do Desporto e Associação de Barcos de Dragão de Macau, e as inscrições começam hoje e prolongam-se até 27 de Março. “O orçamento é semelhante ao dos anos anteriores e vai rondar os 13 milhões de patacas”, afirmou Pun Weng Kun. “Vai ser um evento muito emocionante e vamos voltar a ter muitas equipas a participar”, acrescentou. Em relação à participação de equipas internacionais, o presidente do ID revelou que é cada vez mais frequente haver contactos de formações interessadas em competir no território. “A prova de Macau tem cada vez mais importância a nível internacional, por isso começa a ser frequente haver sempre equipas que nos contactam a mostrar o seu interesse para participarem nas nossas corridas”, sublinhou. No ano de celebração do 20.º aniversário de criação da RAEM, os organizadores voltam a apostar na presença de elementos locais ao nível da gastronomia e das indústrias culturais. “Vamos ter outros elementos no Centro Náutico, além das provas. Teremos tendas com elementos das indústrias criativas e gastronomia local. Esperamos que sejam uma plataforma para promover estas vertentes turísticas”, apontou. Este ano as regatas vão contar com 10 provas. No primeiro dia vão decorrer as corridas de Pequenas Embarcações de Macau, nas categorias Open e Senhoras, a corrida de Pequenas Embarcações para Entidades Públicas e Prova Universitária de Macau de Pequenas Regatas, na categoria Open. No segundo dia realiza-se a prova dos 200 metros para Trabalhadores da Função Pública por convite, com pequenas embarcações, e as provas de Macau para Grandes Embarcações, em Open e Senhoras, com distâncias de 500 metros. Finalmente no dia 7, decorre a prova Universitária para Grande Embarcações e as Regatas Internacionais de Grandes Embarcações, em Open e Senhoras. As inscrições estão disponíveis online, no portal da Associação de Barcos de Dragão de Macau, e na sede desta mesma entidade, entre as 11h e as 19h.
Hoje Macau DesportoBarco-dragão | Equipa do Hoje Macau sobe ao pódio em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] equipa de barco-dragão do Hoje Macau está de parabéns, depois de ficar em segundo lugar na competição 2018 King of The World Dragon Boat Competition, que se realizou no passado domingo em Hong Kong, mais precisamente em Shaukeiwan Aldrich Bay. A competição contou com a participação de 96 equipas, divididas em seis grupos. Na primeira corrida, a equipa do Hoje Macau ficou em primeiro lugar e apurou-se para competir com os vencedores dos seis grupos e terminou essa prova no segundo lugar.
Hoje Macau EventosEfeméride | “Barcos Dragão” reforçam integração de portugueses em Macau [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s equipas do Instituto Português do Oriente e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais são constituídas por atletas amadores portugueses. À agência Lusa, os remadores dos barcos dragão garantem que a prova os ajuda a estarem mais inseridos na cultura local. Uma equipa feminina do Instituto Português do Oriente (IPOR) estreou-se ontem nas corridas “Barcos Dragão”, em Macau, como forma de reforçar a integração na comunidade daquele território administrado pelos chineses, explicou à Lusa uma das participantes. “Eu acho que uma equipa totalmente portuguesa de uma instituição portuguesa poder participar num campeonato destes, que é uma coisa local da China, de Macau, traz uma grande energia e uma grande mensagem para os chineses em geral e para Macau. Quer dizer que nos integramos, fazemos parte da comunidade”, disse a vogal da direcção do IPOR Patrícia Ribeiro. Para Patrícia Ribeiro, viver este tipo de provas fortalece os laços entre a comunidade portuguesa e a chinesa. “Participar nestas competições serve exactamente para demonstrar que também fazemos parte deles. Somos bem recebidos aqui em Macau”, considerou a funcionária do instituto, que tem como uma das principais missões difundir a língua e a cultura portuguesas no Oriente. A exemplo dos últimos anos, o IPOR voltou a abrir as portas para que a comunidade possa acompanhar os jogos da selecção portuguesa no Mundial2018 de futebol. Apesar da dificuldade do fuso horário, a grande maioria das colegas da embarcação assistiu ao embate contra a Espanha, em que Cristiano Ronaldo marcou os três golos do empate de Portugal com a Espanha (3-3). “A nossa inspiração […], a nossa musa inspiradora é o Cristiano Ronaldo, porque ele tem uma força e uma energia que nos transmitiu agora nesta prova”, confessou, sorridente, Patrícia Ribeiro. O IPOR foi a única equipa portuguesa a participar neste evento, mas dentro de algumas equipas de Macau há também portugueses que se juntam à população local. Foi o caso de Rodrigo de Matos, residente em Macau há oito anos – este ano teve “um clique” e decidiu participar naquela que considera ser “uma grande festa”. “Este ano comecei a trabalhei no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM) e soube que eles tinham uma equipa de ‘Barcos Dragão’ e a precisar de novos atletas para fazer uma reciclagem, de maneira que vim experimentar e gostei”, contou Rodrigo de Matos, antes do início da sua prova. “Isto é um evento com uma certa tradição. Será para este território comparável às corridas de remo, em Inglaterra, nos célebres duelos entre Oxford e Cambridge. A diferença é que estas são umas regatas internacionais”, explicou o funcionário do IACM. Todos juntos Ontem foi o último dia em que se realizaram as regatas locais de pequenas e grandes embarcações para entidades públicas de Macau, universitárias e dos trabalhadores da função pública, num total de 140 equipas. Já as grandes provas internacionais tiveram lugar ontem, com a participação de equipas estrangeiras a competirem na Regata Internacional de Barcos Dragão de Macau para Grandes Embarcações, na categoria Open e na categoria feminina. “O número de equipas que participam são cerca de 160”, disse à Lusa a secretária-geral da comissão organizadora dos “Barcos Dragão”. Inicialmente, estas provas eram planeadas de forma voluntária por organizações não-governamentais, mas desde 1979 esta actividade passou a ser promovida de forma anual, incluindo uma regata internacional de barcos dragão, em que equipas de diferentes países têm sido convidadas a participar. Desde o estabelecimento da RAEM que a Regata Internacional de Barcos Dragão de Macau é organizada em conjunto pelo Instituto do Desporto e pela Associação de Barcos Dragão de Macau, China. A festividade tem origem numa lenda sobre um alto e leal funcionário do reino de Chu, de nome Qu Yuan, que se terá lançado ao rio pondo termo à sua vida, após ter visto o rei recusar as suas propostas por causa de intrigas. Caindo em desgraça perante o soberano, Qu Yuan partiu para o exílio, altura em que compôs vários poemas a expressar a sua revolta por não poder continuar a servir o seu país, e mais tarde decidiu suicidar-se. Dada a estima que nutriam pelo patriótico e justo “poeta”, os habitantes locais remaram nos seus barcos de madeira para a zona, fazendo com que os barcos dragão simbolizem a busca pelo salvamento de Qu Yuan.
João Santos Filipe DesportoGoverno quer apostar na vertente turística e cultural dos barcos-dragão Com um orçamento de 12 milhões de patacas, a edição deste ano das regatas de barcos-dragão vai ter uma forte componente cultural e gastronómica, com um desfile e espectáculos para animar os participantes [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] edição deste ano das Regatas Internacionais de Barcos-Dragão vai decorrer entre 16 e 18 de Junho e vai ter um custo de 12 milhões de patacas. Na apresentação do evento, que decorreu ontem na sede do Instituto do Desporto (ID), o presidente Pun Weng Kun traçou como objectivo afirmar o carácter cultural e turístico das regatas. “O orçamento para o evento vai ser de 12 milhões patacas, o que significa um montante semelhante ao da edição anterior. Vamos controlar todas as despesas com muito rigor”, prometeu, ontem, Pun Weng Kun. “O nosso objectivo é que o evento não se fique apenas pela vertente desportiva, mas se complemente com uma forte componente turística e cultural”, acrescentou. No que diz respeito à vertente desportiva, não há limite de inscrições e a organização vai aceitar tantos participantes quanto possível: “Não temos um limite máximo de inscritos. Pretendemos abarcar mais equipas para se tratar de uma grande festa tradicional. Vamos aceitar o número máximo de equipas”, justificou o presidente do ID. Nesse sentido as inscrições são feitas em três fases, a primeira, que envolve o preenchimento dos formulários, vai decorrer entre amanhã e 6 de Abril, tendo de ser feita junto da Associação de Barcos de Dragão de Macau China, com sede no Centro Náutico da Praia Grade. Também nesta altura o ID está em negociações com formações do Interior da China e Indonésia, para que participem nas provas de Macau: “Estamos em conversações. Queremos convidá-los e estamos negociações. A presença vai também depende da disponibilidade deles. Mas temos todo o interesse que venham a Macau”, referiu. Desporto e… comida Ao longo dos três dias de prova, a vertente cultural não vai ser esquecida e vários grupos locais vão ser convidados para se exibirem perante a audiência e os competidores participantes. “Vamos convidar grupos locais que durante os três dias de prova vão realizar actividades no recinto. Haverá também um desfile não só para os cidadãos mas também para os estrangeiros, que assim podem apreciar a actividade cultural local, além do desporto”, justificou o membro do Governo. Também o facto de Macau ter sido admitida como Cidade Criativa da Unesco devido à gastronomia vai ser realçado durante o evento. “Vamos apostar mais na gastronomia pelo facto de Macau também ter sido reconhecida como Cidade Criativa da UNESCO. Vamos investir neste aspecto. Queremos fortalecer a ligação entre desporto, turismo e cultural”, avançou Pun Weng Kun. O presidente do Instituto do Desporto frisou ainda esperar um aumento não só no número de participantes mas também de pessoas a assistir.
Andreia Sofia Silva Manchete ReportagemBarcos Dragão | O lado amador de uma competição tradicional Nas regatas internacionais dos barcos dragão há equipas amadoras a competir ao lado de equipas profissionais. Têm o apoio de empresas locais ou de serviços públicos de Macau e de Hong Kong e os atletas são funcionários que vão ao rio por amor à camisola. Muitos treinam nas horas vagas, sem uma preparação profissional [dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] beira do rio o sol intenso não atrapalha os braços que estão prestes a entrar em mais uma competição. Sentados à sombra, os atletas das equipas que participam nas regatas dos barcos dragão esperam pelo momento em que vão entrar nas embarcações. Os atletas da equipa da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) envergam as cores verde e amarela. Ao lado os atletas da equipa do MGM gritam as iniciais que dão nome à concessionária de jogo, mas nem isso demove o espírito da equipa treinada por Junrey Daymat, filipino, trabalhador na SJM. “A última vez que competimos foi em 2015, e o ano passado não nos deixaram competir porque não permitiram uma equipa só com atletas filipinos. Este ano temos uma equipa com atletas novos, que começaram há cerca de três meses, e tentamos o melhor para os ensinar.” Ser atleta da equipa da SJM nas regatas dos barcos dragão é treinar e competir sem receber nada em troca. Este caso não é único: todos os anos várias empresas apoiam e incentivam a constituição de equipas para participar, sem esquecer alguns serviços públicos de Macau e até de Hong Kong. Há equipas tão diversas como a da “Rede de Serviços Dom Bosco”, “Clube Internacional de Senhoras de Macau” ou a “Associação Desportiva Badas”. Clubes como o Ka I ou o Monte Carlo também têm as suas equipas. Os atletas são empregados e funcionários destas empresas ou associações e treinam depois do horário de trabalho, nas horas vagas. Ao lado destas equipas amadoras, estão as equipas profissionais, compostas por atletas que treinam durante todo o ano. Muitos dos que competem nunca pegaram num remo na vida, e começam a treinar sem ter uma formação física própria para este tipo de desporto. É um passatempo, misturado de espírito de equipa e até de diversão. O treinador da equipa da SJM explicou que não há quaisquer incentivos monetários, mas a empresa garante que a equipa tem tempo para realizar treinos regulares. “A empresa deu-nos um tempo para treinarmos, sem trabalhar, durante dois meses. Só para que tivéssemos um bom treino. A empresa apenas nos dá apoio para treinar a equipa, para que os atletas fiquem mais fortes. Esta é uma competição muito importante e todos têm de participar todos os anos”, disse. Junrey Damat já fazia corridas de barcos dragão nas Filipinas e, como ele, são poucos os atletas que já praticavam esta actividade. O treino foi feito aos poucos, com espírito de sacrifício e uma boa gestão do tempo. Foto: Instituto do Desporto “Alguns de nós somos profissionais, mas outros não, são só empregados da empresa. A participação é importante, e para a própria companhia é importante estar nas competições dos barcos dragão”, apontou. “Não é para ganhar” O lado amador das corridas anuais dos barcos dragão significa correr por gosto e entretenimento. A iniciativa parte, na maioria, das empresas, que querem estar representadas numa das práticas desportivas mais tradicionais de Macau. O chamamento para fazer parte de uma equipa faz-se, muitas vezes, de boca a boca, em que os amigos são convidados para fazer parte do grupo, para que se possa concluir a inscrição no Instituto do Desporto. A CESL-Ásia é outra das empresas de Macau que todos os anos coloca uma equipa com o seu nome a concorrer no lago Nam Van. António Trindade, CEO da empresa, assume que “não temos uma formação para ganhar, mas sim para desenvolver o espírito de equipa”. “O processo de competição dura vários meses. Temos de juntar os participantes, que trabalham em grupo durante quase seis ou sete meses, uma equipa de quase 30 pessoas. Há treinos várias vezes por semana e é assim que se desenvolve o trabalho da equipa e o conhecimento das pessoas dentro da empresa. É algo que junta os colegas e até as próprias famílias”, defendeu. Trindade explica, assim, que participar nas regatas dos barcos dragão visa unir mais os empregados. “Ter esta equipa faz parte das actividades da empresa. As empresas têm uma componente orgânica e social, onde são promovidas as relações entre as pessoas.” O lado voluntário deste tipo de iniciativas acaba por acarretar alguns riscos ao nível da constituição das equipas. “As pessoas assumem compromissos de vários meses, e há pessoas que, por motivos familiares ou de trabalho, não podem participar em todas as actividades.” Durante os treinos há sempre um apoio a nível técnico para que os atletas sem experiência possam aprender a remar um barco deste género. “Os organizadores indicam o treinador para que as pessoas conheçam as técnicas para remar e do próprio funcionamento do barco”, referiu António Trindade. Macaenses de fora As equipas não profissionais participam em provas específicas para as suas categorias, ao lado daqueles que estão habituados a remar para ganhar. Há provas para todos os gostos, como o open em pequenas embarcações, pequenas embarcações das entidades públicas, regata universitária em pequenas embarcações (categoria open), pequenas embarcações para funcionários públicos de Macau por convites, grandes embarcações (categorias open e senhoras), regata universitária por convite em grandes embarcações (categoria open) ou ainda a regata internacional por convite em grandes embarcações (categorias open e senhoras). As distâncias a percorrer variam consoante a prova, existindo provas de 200 e 500 metros. O lado amador leva à falta de participantes, o que muitas vezes condiciona a inscrição de uma equipa. Foi o que aconteceu este ano com a Associação dos Jovens Macaenses (AJM), que não inscreveu nenhum grupo no ID, ao contrário do aconteceu no ano passado. “Várias pessoas já tinham entrado em algumas competições e o ano passado houve essa vontade de participar e fazer uma equipa. Só que este ano houve vários contratempos. Os que mais estavam interessados tinham questões pessoais que não permitiram a sua colaboração. Participar implica que, pelo menos durante dois meses, se comece a treinar todas as semanas. Chega a ser normal treinar três dias por semana”, explicou o presidente da AJM, Jorge Neto Valente. Já em criança o empresário costumava ver as regatas. “É um evento que não é apenas desportivo, mas tem muita importância em termos dos costumes chineses.” O lado desportivo conta, mas há muito mais para além disso, assegura. “Os departamentos dentro de um casino têm as suas equipas, quem participa, seja atleta ou espectador, sabe que é uma prova que tem muita piada. A pessoa vai antes e depois da prova, para ver as competições e fazer claque”, concluiu. As corridas dos barcos dragão terão começado quando o poeta e conselheiro do imperador do reino de Chu, chamado Qu Yuan, decidiu tomar uma decisão radical por não conseguir pôr um fim à corrupção no seio da corte imperial. Acabou por se atirar para um rio. Foi aí que os aldeões foram à procura do corpo dentro de um barco, enquanto batiam nos tambores e atiravam bolos de arroz à água. Isso serviria para impedir os peixes de comerem os restos mortais do poeta. Amanhã, feriado, é a final da competição, celebrando-se o dia do festival do dragão. Durante o fim-de-semana, foram decorrendo diversas provas no lago Nam Van. A cerimónia da entrega dos prémios será às 16h00.
Filipa Araújo MancheteBarcos do Dragão | Modalidade serve para reforçar laços de união na sociedade Não é um desporto qualquer. Também não é uma corrida de barcos. São valores de união, companheirismo, sacrifício e trabalho de equipa. Desportistas e treinadores contam o que os move nas tão aclamadas Regatas dos Barcos-Dragão [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s lendas são muitas, mas a que ouvimos vem da boca de Peter Tang, membro executivo da Associação Geral de Remo de Macau-China. “O grande poeta e ministro do rei de Chu foi destituído e exilado. Com a vergonha matou-se nas água do rio Miluo. As pessoas, que tanto gostavam dele começaram a bater em tambores para que os peixes não comessem o corpo do poeta, depois lançaram-se à agua com os barcos para alimentar os peixes com arroz enrolado em algas. Assim o corpo preservava-se”, explica, com ar de pouco convencido. Há outra lendas, continua, que indicam que os barcos entraram no rio para tentar salvar o poeta e por isso se rema com tanto empenho. Há ainda, quem, atentamente a ouvir a história, intervenha e diga “o poeta era apaixonado pelo rei, era um amor impossível”. No fundo não se sabe a origem, mas o quinto dia do quinto mês, de acordo com o calendário lunar chinês, é altura de comemorar o Festival dos Barcos-Dragão. Macau começou as sua regatas sem qualquer apoio, de forma voluntária, mas agora conta com o apoio do Governo. “Cada equipa tem direito a 10 mil patacas com a inscrição”, começa por explicar Peter Tang. O Instituto do Desporto (ID) confirma, na sua página de internet, que “em Macau a actividade dos barcos-dragão era inicialmente organizada de forma voluntária por organizações não governamentais e não se realizava todos os anos de forma consecutiva”. “Desde 1979, esta actividade passou a ser promovida de forma anual como uma regata internacional de barcos-dragão, para a qual equipas de diferentes países têm sido convidadas a participar neste que é um evento desportivo tradicional em Macau”, pode ainda ler-se. Desde o estabelecimento da RAEM que a Regata Internacional de Barcos-Dragão de Macau é organizada em conjunto pelo ID e pela Associação de Barcos-Dragão de Macau, China. “Não só os barcos-dragão a remos se tornaram num evento festivo muito popular durante o Festival de Barcos-Dragão de Macau, como também as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau se tornaram num evento desportivo muito importante. O nível da competição tornou-se cada vez maior, contando cada vez com mais participantes, atraindo milhares de atletas chineses e estrangeiros que se reúnem todos os anos em Macau para participar neste grande evento. Desde 2001 que as categorias de homens e senhoras da Universidade Internacional de Estudantes de Barcos-Dragão passou a ser integrada na competição”, explica ainda o Governo. No passado, as corridas foram realizadas quer na Baía da Praia Grande quer no Lago Sai Van. No entanto, desde a inauguração do Centro Náutico da Praia Grande, que este passou a ser um local ideal para a realização desta competição. Lágrimas e suor Estamos junto ao lago. Um lugar que sempre se apresenta calmo está cheio de vida. De um lado barcos pendurados. “Estes aqui são os mais pequenos, levam 12 pessoas, cinco para o lado direito, outros cinco a remar no lado esquerdo. Numa ponta a pessoa que bate no tambor e ao fundo a pessoa que guia, está ao leme”, continua a explicação enquanto percorremos o armazém provisório que acolhe todo o material. O espaço está ainda carregado de máquina de musculação. Ao perceber as questões que nos surgiam, Peter Tang prontamente se explica. “Os atletas precisam de estar em forma, precisam de se preparar para a corrida. É preciso muita preparação física”, aponta. De facto, logo à saída do armazém está um grupo de “mais ou menos 40 pessoas”, a ser fiel estão 44 atletas e um treinador. “Os barcos grandes levam 22 pessoas cada, dez para cada lado e os dois nas pontas. Não há equipas mistas, não aqui em Macau. Há equipas femininas e masculinas, até por uma questão de força física”, continua, enquanto nos encaminha para o local dos treinos. Ao fundo ouvem-se gritos de incentivo e o rufar dos tambores. Ao pé de nós chega uma equipa feminina, representam o Galaxy, o ar é de satisfeitas, até porque o treino para a última corrida, já na próxima quinta-feira, correu muito bem. Surgem felizes mas cansadas. “Isto exige muito de nós. Desta vez começamos os treinos só em Fevereiro, mas treinamos três a cinco vezes por semana. Temos de estar em forma”, partilha Wings, atleta. Não é o primeiro ano que participa, e se a sorte o ditar também não será o último. “Nós ficamos muito mais unidas, para além do trabalho temos isto. Não é uma questão de ganhar, é de trabalho de equipa, de ajuda mútua, de exigir mais de nós, da nossa força”, conta-nos. Somos um só “Aqui não há classes sociais. Somos todos iguais. Não somos mais ou menos ricos que uns, não há pessoa pobres, nem há pessoas ricas. Não é esse o espírito das regatas”, interrompe Peter Tang. Wings e as restantes membros da equipa não podiam estar mais de acordo. “Gostamos muito de estar aqui, gostamos de participar. Divertimo-nos muito”, acrescenta a atleta. No fundo, não interessa ganhar ou perder. “Neste momento somos todos uma grande família”, frisa ainda o presidente da associação. Este é um festival espiritual de valores morais, embora o prémio final seja bem aliciante, é que a equipa vencedora, das 168 participantes – das quais 146 de Macau -, vai levar para casa 10 mil dólares americanos. Água sagrada “Mas não é pelo dinheiro”, apressa-se em esclarecer Peter Tang. Pelo menos para a cultura chinesa, sendo que na próxima quinta-feira irão estar em concurso equipa da Filipinas, Tailândia, São Francisco, Malásia, Hong Kong, entre outras. As equipas, continua, nem sequer estão preocupada com o budget. “O subsídio dá para as despesas”, explica, frisando “participa-se por amor e não pelo dinheiro”. Junto à água não se pode deixar de notar nos paus de incenso a queimar. “É para dar boa sorte”, adianta-se em explicações, acrescentando “que há a crença de que qualquer água que receba os barcos-dragão fica abençoada e vai trazer boa sorte a quem é molhado por ela”. Há quem até mergulhe, recorda, mas bastam alguns pingos para a sorte bater à nossa porta. Francis ri ao ouvir a explicação da “água sagrada”. É membro da equipa que representa o empreendimento Macau Tower, da empresa Shun Tak. “Isto faz parte do programa adoptado pela empresa de actividades para os seus funcionários. Há três anos que criámos uma equipa e participamos. É óptimo, divertimo-nos imenso, mas só entra quem quer muito participar, quem se entrega muito à equipa”, conta. Não espera ganhar, espera divertir-se e sair “com os laços reforçados com os seus colegas de trabalho”. Vincent participa nas corridas “há mais de dez anos”. Foi convidado para fazer uma equipa e agora “que já está velho” só a treina. “O mais importante é eles perceberem que uns sem os outros nada são. E isso só se consegue com muito empenho, muito espírito de equipa”, conta. Tradição antiga Os barcos são todos muito idênticos. “Esta quinta-feira só correm os grandes, os pequenos foram nas edições passadas”, reforça Peter Tang. Quando questionado sobre quem construía os barcos, o presidente da associação recorda um artesão “muito antigo” de Macau, que infelizmente “já não faz nenhum”. “O negócio era fraco aqui, porque agora os barcos já não são de madeira, são fibra. Vem tudo de fora”, conta. Peter Tang mostra-se orgulho do trabalho realizado. “Este é um dos festivais mais importantes. São meses de empenho dos atletas, é muito suor, muita dedicação para uma sociedade que vibra com isto. É a nossa tradição, é amor à nossa cultura”, remata.