Venezuela | Jorge Rangel participa em Encontro sobre Agustina Bessa-Luís

O presidente do Instituto Internacional de Macau representa a RAEM no III Encontro Virtual de Escritores Lusófonos. Fala no evento online esta sexta-feira. A terceira edição do encontro homenageia Agustina Bessa-Luís

 

Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM) irá representar o território, esta sexta-feira, no III Encontro Virtual de Escritores Lusófonos. Macaense, ex-secretário adjunto da última Administração portuguesa de Macau, Jorge Rangel conta com uma extensa bibliografia dedicada a Macau, mantendo desde há muitos anos, no jornal “Tribuna de Macau”, uma coluna semanal intitulada “Falar de nós”, que tem Macau sempre no centro das suas reflexões.

O III Encontro Virtual de Escritores Lusófonos na Venezuela arrancou na segunda-feira e presta homenagem a Agustina Bessa-Luís Luís, uma das maiores escritoras portuguesas contemporâneas, que faleceu em Junho passado.

Descrito pelos organizadores como um evento “que marca a agenda cultural do fim do ano de 2022”, o encontro decorre termina esta sexta-feira, celebrando o centenário do nascimento da escritora portuguesa.

O evento transforma-se, assim, numa “oportunidade ímpar para se conhecer a produção literária, em língua portuguesa, de outros quatro autores” convidados do Brasil, Macau, Moçambique e Portugal.

Num comunicado divulgado em Caracas, capital venezuelana, os organizadores explicam que o encontro é possível “graças aos esforços da Embaixada de Portugal em Caracas, do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e da Coordenação de Ensino Português”, com o apoio do Instituto Português de Cultura, da Feira Literária Internacional de Poços de Caldas no Brasil e do jornal Correio da Venezuela.

Lusofonia presente

No início da primeira sessão, o embaixador de Portugal na Venezuela, João Pedro Fins do Lago, destacou a existência local de uma grande comunidade portuguesa, sublinhando que o ensino do português está em expansão, onde além dos clubes luso-venezuelanos “que desempenham um papel insubstituível e de crucial importância, há mais de 30 escolas a ensinar a nossa Língua a 9.500 alunos, dos quais 8.900 no ensino oficial”.

Por outro lado, o coordenador do Ensino de Português na Venezuela, Rainer Sousa, sublinhou a oportunidade para continuar a divulgar o português e fazer despertar o interesse de mais venezuelanos pela Língua portuguesa, especialmente entre os jovens.

A escritora Fátima Marinho, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e especialista na obra da falecida autora, apresentou as obras de Agustina Bessa-Luís, que é mais conhecida dentro e fora de Portugal com “A Sibila” (1954), “um clássico da literatura portuguesa” em que a escritora apresenta personagens extraídos de um mundo profundamente português, da vida rural do norte de Portugal, de onde era oriunda.

Segundo Rainer Sousa, a homenageada “é autora de mais de uma centena de livros que ainda são pouco conhecidos no mundo hispânico, onde pelo menos uma dezena foi traduzida para o espanhol”.

No segundo dia do Encontro, na terça-feira 27, participou Afonso Reis Cabral, “um jovem autor português que, com apenas 33 anos de idade, conquista leitores e críticos” e que “aos 13 anos procurava histórias para contar e aos 15 publicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “Condensação”.

É autor de dois romances, “O Meu Irmão”, que mereceu o Prémio LeYa, em 2014, e “Pão de Açúcar”, este último, reconhecido com o Prémio José Saramago, em 2019. Em 2017, foi galardoado com o Prémio Europa David Mourão-Ferreira, na categoria de Promessa, e em 2018 ganhou o Prémio Novos, na categoria de Literatura. Reis Cabral é editor independente, explica o comunicado.

Hoje, a poetisa e escritora de ficção brasileira Kátia Bandeira de Mello-Gerlach participará no encontro. Nascida no Rio de Janeiro e radicada em Miami, organizou várias antologias de poemas e é autora vários romances. Em 2018, recebeu o prémio “Escritor sem Fronteiras”, no Festival Literário de Poços de Caldas, no Brasil.

Em 2020, foi escritora convidada para o IX Encontro de Língua Portuguesa, organizado pela universidade UMass Boston e pelo Instituto Camões.

Para amanhã está prevista a participação de Carlos Paradona Rufino Roque (59 anos), de Moçambique, autor de “Tchanaze, Donzela de Sena” (2019) e “N’tsai Tchassassa, a Virgem de Missangas” (2022). Carlos Paradona começou a publicação de poemas na década de 1980, uma actividade que acompanhou com a produção de contos e de ensaios. Em 1992, apresentou o livro de poemas “A gestação do Luar”. É membro da Associação de Escritores Moçambicanos desde 2002, tornando-se seu Secretário-Geral em 2018.

28 Dez 2022

Literatura | Agustina Bessa Luís nasceu há 100 anos

O centenário do nascimento da escritora portuguesa Agustina Bessa Luís começou ontem a ser celebrado, em Portugal, com uma série de actividades. Mulher do norte e autora de obras como “A Sibila”, Agustina Bessa Luís é lembrada como “uma das vozes mais inoportunas da literatura”

 

Nascida em 1922 na zona de Vila Meã, Amarante, Agustina Bessa Luís, falecida em 2019 vítima de doença prolongada, é um dos nomes mais reputados do panorama literário português, muito por culpa de obras como “A Sibila”, lançado em 1954. O centenário do seu nascimento começou ontem a ser celebrado em Portugal com uma série de actividades que decorrem em várias cidades do país.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, destacou que Agustina Bessa Luís era “uma mulher política, no sentido de viver o que é ser-se político, na dimensão mais profunda do termo”.

Aos jornalistas, depois de ter discursado nos claustros do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Marcelo assinalou que a autora, natural de Amarante, “vibrava com aquilo que era o interesse nacional, vibrava com aquilo que considerava fundamental para a comunidade”. “Essa sua independência, o seu amor a Portugal, essa sua ligação às raízes, é ser político para aquele tempo”, referiu, acrescentando que o país precisava que “todas as mulheres e homens fossem mais positivos, no sentido de lutarem na sua vida, no dia-a-dia, para tornarem Portugal melhor”.

“Ela era visceralmente portuguesa, sentia Portugal, não só naquilo pensava, naquilo que era a sua maneira de ser, tinha raízes”, acentuou.

Por sua vez, Ana Pinho, presidente da Fundação de Serralves, sediada no Porto, recordou ontem a autora como “uma das vozes mais inoportunas da literatura portuguesa” e “um espírito anarquista singular”, na abertura das comemorações do centenário.

“Autodidacta, tanto por condição como por convicção, Agustina impôs-se como uma das vozes mais inoportunas da literatura portuguesa”, disse Ana Pinho ao abrir a sessão que antecipou a inauguração de “Uma Exposição Escrita: Agustina Bessa-Luís e a Colecção de Serralves”.

Para a presidente da fundação, “ao questionar tudo o que parecia acondicionado, devidamente arrumado, pacificado”, a romancista “sempre foi ao fundo das questões que lançou ao seu tempo, que é também o nosso tempo”.

Agustina fez-se “historiadora das ideias por sempre ter desconfiado dos feitos e das narrativas de que estes feitos são feitos”, reclamando também “um lugar que a coloca algures entre a psicóloga atenta ao gesto, aparentemente, mais insignificante, e a socióloga que não ensaia grandes explicações totalizantes, mas, antes, não se furta às perguntas fundamentais”.

“Agustina é um espírito anarquista singular, ora disciplinada, ora indisciplinadora”, vincou, recordando que “a sua verve demolidora desafiou os lugares-comuns e o politicamente correcto, alimentando confrontos profundos e admiravelmente violentos”.

Na sessão de abertura interveio também a artista e filha de Agustina Bessa-Luís, Mónica Baldaque, que dedicou as celebrações do aniversário a quem conheceu a mãe “pela leitura, pelo estudo, pela crítica, pelo convívio”.

“Dedico, de maneira particular, a Maria Leonor Cunha Leão, da Guimarães Editores, editora da Sibila (1954) e de toda a obra, que se tornou amiga de minha mãe”, afirmou Mónica Baldaque.

Identidade própria

Convidado pelo HM a traçar um olhar sobre a obra da escritora, João Veloso, director do departamento de português da Universidade de Macau fala apenas, na qualidade de leitor, da “escrita difícil, muito elaborada e densa” de Agustina Bessa Luís.

“Há uma ligação dela ao Porto e à região do Norte. Ela foi, talvez a seguir a Camilo Castelo Branco, [a figura literária] literariamente mais aguda na percepção do Norte. O primeiro livro que li dela foi ‘Os Meninos de Ouro’, uma biografia romanceada de Francisco Sá Carneiro. É interessante ver essa mistura entre a ficção e partes factuais”, disse.

Para João Veloso, Agustina Bessa Luís tinha “uma independência de espírito muito grande”, apostando em “personagens femininas muito fortes” muito antes de “o feminismo se assumir quase como uma corrente na expressão literária”.

Os principais eixos do programa de celebração do centenário do nascimento da autora, que arrancaram ontem em Amarante e se prolongam até Outubro de 2023, centram-se, em especial, no roteiro dedicado aos lugares de Agustina, que nasceu em Amarante, viveu no Porto e tem uma forte ligação ao Douro e ao Minho.

Com a consagração como escritora, que chegou em 1954, Agustina editou ainda outros livros de referência como “Vale Abraão”, adaptado ao cinema por Manoel de Oliveira. Colaboradora de várias publicações periódicas, Agustina Bessa Luís foi ainda directora do diário “O Primeiro de Janeiro” e do Teatro Nacional D. Maria II. Com Lusa

17 Out 2022

Inéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo”

[dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa.

“A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água.

A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos.
“Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale.

Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”.

A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”.

Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel.

Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”.

De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”.

“A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor.

Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”.

Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale.

Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro.

O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”.

Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”.

Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora.

4 Jun 2019

Óbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje”

[dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos.

“Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa.

A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”.

Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”.

A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.

Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto.

“Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora.

Percurso de ouro

Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida.

Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”.

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.

4 Jun 2019

Escritora Agustina Bessa-Luís recebe título ‘Honoris Causa’

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) atribui no dia 23, em Vila Real, Portugal, o doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís como reconhecimento pela obra da escritora.

“A atribuição de um doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís sublinha o reconhecimento, por parte da UTAD, do interesse da obra da autora e da sua ligação ao Douro” afirmou à agência Lusa o reitor da academia transmontana, António Fontainhas Fernandes.

A UTAD está a dedicar o ano de 2018 à escritora, com a realização de vários eventos, como colóquios, exposições e um ciclo de cinema. Este ano assinalam-se também os 70 anos da publicação de “Mundo fechado”, uma das primeiras obras de Agustina Bessa-Luís.

“Agustina é uma das vozes mais importantes da literatura portuguesa, mas alguém com uma vida fértil em diversos domínios da cultura”, salientou Fontainhas Fernandes.

O reitor citou Eduardo Lourenço para lembrar que “Agustina é incomparável”, o que “sublinha o lugar de relevo que a sua obra ocupa no panorama das letras nacionais”. A escritora nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922, e possui mais de 50 títulos publicados, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.

Muitas das suas obras estão traduzidas em diferentes idiomas e algumas adaptadas ao cinema, nomeadamente por Manoel de Oliveira. Foi agraciada com inúmeros prémios, como o Prémio Eça de Queirós (1954), Prémio Nacional de Novelística (1967), Prémio D. Diniz (1981) Grande Prémio Romance e Novela (1983 e 2001), Prémio Camões (2004).

Foi igualmente distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980) e Officier de l’Ordre des Arts e des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989). Até à data recebeu três doutoramentos ‘Honoris Causa’, pela Universidade Lusíada, Universidade do Porto (ex aequo com Eugénio de Andrade) e Tor Vergata, de Roma.

A homenagem pela academia transmontana a Agustina Bessa-Luís partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da universidade, Silva Peneda.

8 Nov 2018