Leonor Sá Machado Manchete SociedadeUM cria programa para dar “prioridade máxima” aos talentos locais Para se coadunar com as políticas do Governo, a UM decidiu criar um programa especial para alunos com talentos. A isenção de propinas no primeiro ano é uma das vantagens oferecidas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de Macau (UM) tem como “prioridade máxima” a criação de talentos locais e por isso mesmo anuncia a prorrogação do Programa de Admissões Preferenciais e do Programa para Atletas Estudantes, para o qual as candidaturas começaram ontem. Este programa está aberto a todos os potenciais alunos que tenham sido qualificados num campo especial, seja ele académico, desportivo, musical, de serviço comunitário, entre outros. O prazo de inscrição acaba a 19 de Fevereiro e cada candidato receberá entre dez a 30 pontos adicionais no processo de admissão pelo talento comprovado. Este é também o ano de estreia de algumas categorias como Artes ou Ciências, estando agora elegíveis os alunos que tenham recebido prémios como do Conservatório de Música da China ou do programa de Voluntários Jovens de Macau. O programa só está aberto para jovens que estejam actualmente a cumprir o 12º ano no território, estando estes obrigados a ter que completar, com sucesso, o exame de admissão da UM. O Programa para Atletas Estudantes foi desenhado para, tal como o nome indica, jovens de desporto de competição que queiram prosseguir os estudos. A iniciativa inclui a atribuição de uma bolsa para “motivar” estes jovens a continuar a fazer ambas as coisas: estudar e competir. Além da isenção total de pagamento de propinas e parcial das taxas de residência, inclui ainda ajudas de custo para treinos. Tudo isto durante o primeiro ano do curso. As inscrições estão abertas desde ontem até 29 do próximo mês e os candidatos podem preencher o formulário online. O modelo de exames anteriores encontra-se disponível na mesma página, possibilitando alguma preparação aos candidatos que pretendem fazer o exame de admissão, que vai ter lugar entre os dias 8 e 10 de Abril.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno Electrónico | Académico defende leis para partilha de dados Raymond Lai, especialista da Universidade de Macau em Governo Electrónico, pede mais legislação para partilha de dados nos departamentos públicos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]docente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM) e especialista em Governo Electrónico Raymond Lai defende que o Governo deveria implementar mais leis para a protecção de dados partilhados entre os diversos serviços públicos. “Os esforços depositados no Governo Electrónico devem estar também relacionados com a ‘forma’ e o ‘conteúdo’, não só do ponto de vista do design [dos websites] mas também em termos do acesso por parte do público. Mas a questão do acesso também está relacionada com o uso de dados partilhados junto dos departamentos públicos, sendo que uma legislação adequada e oportuna deveria dar apoio a isto”, disse o docente ao HM. Instado a comentar o mais recente relatório divulgado pelo Executivo, que determina as políticas na área do Governo Electrónico a implementar até 2019, Raymond Lai defendeu que o esforço do Governo deveria levar a que mais pessoas fiquem familiarizadas com a utilização dos serviços digitais. “Muitas pessoas consideram que o actual sistema do Governo Electrónico não é satisfatório e espera-se que a maioria dos serviços possa ser garantida online”, referiu. A implementação de uma “melhor forma e conteúdos apropriados podem levar a um melhor desenvolvimento do Governo Electrónico”, disse Raymond Lai, que acrescentou que a sociedade “deveria esperar melhores respostas na utilização dos serviços públicos digitais”. Pequenos esforços Há dez anos que o Executivo pretende digitalizar todos os serviços públicos, incluindo a partilha de dados e um acesso mais facilitado por parte da população. Apesar do fomento do Governo Electrónico ter sido uma das políticas anunciadas nas Linhas de Acção Governativa (LAG), Raymond Lai acredita que o Governo já tem vindo a fazer alguns esforços antes disso. “Não é justo dizer que o sector público ou os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) não fizeram nada para responder ao aumento das necessidades em termos de serviços públicos digitais”, frisou, dando como exemplo a criação de aplicações de telemóvel para as carreiras de autocarros ou o lançamento de um canal oficial da Polícia Judiciária (PJ) no YouTube. “Nos últimos tempos, na área do Governo Electrónico, têm sido lançados uma série de novos websites. As recentes mudanças na utilização da internet em Macau reflectem a mobilidade e o aumento da utilização de plataformas online nos departamentos públicos, seguido de uma utilização mais comercial da internet”, referiu. “Com o aumento da utilização do Facebook e do YouTube, mais unidades do Governo começaram a lançar as suas páginas no Facebook ou a lançar canais no YouTube, bem como a desenvolver aplicações de telemóvel. Isso mostra os esforços feitos pelo Governo de Macau em gerir a sua identidade e o seu relacionamento com o público”, rematou Raymond Lai.
Flora Fong SociedadeCerca de 40% dos estudantes já foi vítima de fraude na internet [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m inquérito da responsabilidade da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e da Associação de Pesquisa sobre Juventude de Macau indica que 45% dos estudantes entrevistados acederam a sites de pornografia na internet nos últimos dois anos e 38% deles foram vítimas de fraude na internet. A maioria das vítimas admitiu ter feito denúncia às autoridades policiais no imediato, mas uma parte assume que o prejuízo não foi de registar e por isso preferiu não fazer nada. Dos 45% de estudantes que admitiu aceder a sites de pornografia nos passados dois anos, 14% admitiu ver todos os dias e 16% duas vezes por semana. Publicado no passado sábado, o inquérito intitulado “opiniões de estudantes de escolas secundárias sobre informações nas redes sociais”, recolheu 997 participações. A subdirectora da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, Kwan Ka U, indicou ainda que 86% dos entrevistados acede à informação através das redes sociais, em contraste com os 37% que acedem através da televisão ou outros meios de comunicação. Os dados indicam ainda que 93% dos estudantes considera que as informações são credíveis e 73% dos entrevistados têm uma actividade de partilha de textos, vídeos ou fotografias de forma muito regular. Os organizadores do inquérito consideram necessário reforçar a ideia de protecção de privacidade de estudantes.
Flora Fong SociedadeUM abre duas novas turmas de licenciatura em Educação Infantil A falta de recursos humanos no ensino pré-escolar fez com que o Governo pedisse ajuda à UM para formar mais professores. Uma centena estão a caminho [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai abrir duas novas turmas de licenciatura em Educação Infantil na Universidade de Macau (UM) para colmatar a falta de professores com a crescente entrada de crianças no ensino pré-escolar. O Instituto de Acção Social (IAS) prevê que só em 2016 sejam abertas mais de dez mil vagas para crianças. A sua presidente, Vong Yim Mui, adiantou que a ideia de abrir mais duas turmas tem como objectivo formar cerca de cem educadores para responder às exigências da sociedade. “Vão ser abertos mais berçários e o sector educativo pede mais dos professores do ensino pré-escolar, portanto o IAS já pediu o auxílio da UM na abertura de mais duas turmas do curso de educação pré-escolar este ano”, disse a responsável em declarações ao canal chinês da Rádio Macau. Cada turma terá um máximo de 50 alunos. Contas feitas, serão uma centena as pessoas licenciadas para leccionar nas escolas infantis do território. “O Governo tem, a seu favor, o facto de alguns residentes da RAEM que se licenciaram em Taiwan quererem voltar para trabalhar em Macau”, acrescentou. Novo regime O IAS avançou ainda que está a debater com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça o estabelecimento de um regime de mediação familiar, indicando que serão formadas mais pessoas para ajudar famílias problemáticas. “Precisamos de ter conhecimentos dos trâmites legais para criar este regime. O nosso trabalho aqui é formar mais mediadores especializados em assuntos familiares e ensiná-los a perceber aquilo que podem oferecer às famílias”, explicou a presidente do IAS, acrescentando que “o regime vai ser lançado este ano” ainda. Vong Yim Miu rematou que o instituto vai tentar concluir a proposta do Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social, estando confiante na entrega do projecto ao Conselho Executivo ainda este ano.
Tomás Chio SociedadeTáxis|DSAT afinal não recebeu propostas para licenças especiais [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ainda não terá recebido qualquer proposta de candidatura para os táxis especiais. Apesar de, em Outubro, o organismo ter dito que quase duas dezenas de pessoas ou empresas já apresentaram a sua proposta de candidatura a uma licença para conduzir um táxi amarelo, ao jornal Ou Mun a DSAT vem dizer que não recebeu qualquer candidatura até à semana passada. Amanhã é o último dia para a entrega de inscrições, uma data que chega após um prolongamento do concurso, devido a mudanças nos requisitos de candidatura. Uma das alterações ditava mesmo a redução do número obrigatório de táxis para deficientes de “pelo menos dez” para “pelo menos cinco”, de forma a melhor responder à falta de recursos das empresas que só operam por chamada. Porta-vozes do sector de táxis afirmaram ao jornal chinês que não seria apenas uma empresa na corrida e que é habitual as concessionárias entregarem as propostas em datas perto do fim. Um dos representantes do sector, que não foi identificado no jornal, afirmou que a companhia dos táxis amarelos Vang Iek não vai participar neste concurso. A DSAT decidiu tornar as normas para o concurso público de concessão de licenças especiais de táxis mais brandas porque não havia interesse da parte das empresas. Parte do preço dos táxis para deficientes será suportado pelo Governo, uma vez que este diz haver “pressões no custo de exploração destes táxis”. Pontos de discórdia Recorde-se que no ano passado, o Governo optou por terminar os serviços da empresa de rádio-táxis Vang Iek, depois de ter considerado que a empresa não conseguia cumprir o contrato. Uma das defesas da empresa era precisamente os “problemas” na operação e “o dinheiro perdido”. A Vang Iek queixava-se ainda de falta de ajuda. “Durante o período [de operação] fizemos o melhor que conseguimos, no entanto, não tivemos o apoio do Governo e por isso o nosso trabalho foi muito difícil. Durante a negociação da renovação do contrato não tivemos uma resposta positiva do Governo”, dizia Cheang Veng Chio, director-executivo da empresa em Novembro do ano passado. A obrigação de ter táxis acessíveis a deficientes e a proibição de cobrar taxas extra para os táxis por chamada eram alguns pontos de discórdia entre Governo e a Vang Iek. Conflitos em autocarros aumentam O ano de 2015 contou com mais conflitos entre passageiros e condutores de autocarros, tendo havido 27 destes casos, um aumento de 40%. O Conselho Consultivo do Trânsito sugeriu, na semana passada, que sejam adicionados equipamentos de gravação dentro dos veículos para que se possam recolher provas.
Flora Fong SociedadeDSSOPT sem saber se vai ter cláusula penal compensatória no metro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo ainda não sabe se vai ou não implementar a cláusula penal compensatória no novo contrato que fizer com a empresa que vai ficar responsável pela construção do parque de materiais e oficina do metro ligeiro. O Executivo afirmou que vai abrir novamente concurso público para a obra, que deveria já estar concluída, mas cuja empresa entrou em conflito com o Governo devido aos atrasos contínuos. A cláusula penal compensatória já foi pedida várias vezes pelos deputados e especialistas. A ideia é que a empresa responsável pela nova obra seja sancionada no caso do não cumprimento do contrato. No entanto, as Obras Públicas ainda não publicaram o resultado do estudo sobre a possibilidade de se implementar a medida. A construção do Parque de Materiais e da Oficina do metro ligeiro atrasou mais de dois anos e o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, já afirmou que vai cessar o contrato com o construtor e abrir concurso público novamente. Estudos e avaliações Um relatório do Comissariado de Auditoria publicado em Janeiro do ano passado sugeria a introdução desta cláusula penal compensatória nas obras públicas para que os construtores assumam os riscos decorrentes da prorrogação dos prazos. Mas sobre esta questão, o GIT apenas respondeu que o estudo está na fase de avaliação e não há data para o resultado. O GIT frisou que vai escolher com cautela os construtores para a nova obra, “reforçando a execução de penalidade e apelando à os construtores que concluam as obras por calendários e com qualidade”. Sem a cláusula penal compensatória, a deputada Ella Lei preocupa-se com a possibilidade da história se repetir. “O Governo vai continuar a fazer muitas obras públicas, tal como a zona A dos novos aterros, é possível continuar a repetir o erro de prorrogação e as empresas de fiscalização não precisam de assumir qualquer responsabilidade”, disse ao mesmo jornal. Já o deputado Mak Soi Kun sugere que seja feito um regime internacional para a obra do Parque de Materiais e Oficina, dando oportunidade para os construtores “com capacidade reais”, ainda que cooperando estas com as empresas locais.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTribunal | Alan Ho e outros dois “escolhiam” prostitutas para os quartos Na primeira sessão de julgamento do sobrinho de Stanley Ho, a arguida Qiao Yan Yan, antiga prostituta, disse em tribunal que Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang eram os responsáveis por escolher as raparigas que entravam para os quartos do quinto e sexto andar do Hotel Lisboa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ssociação criminosa e exploração de prostituição. São estes os crimes pelos quais vai acusado Alan Ho, sobrinho do magnata Stanley Ho e ex-director executivo do Hotel Lisboa, juntamente com mais cinco arguidos. A primeira sessão do julgamento começou na passada sexta-feira no Tribunal Judicial de Base (TJB), mas o silêncio imperou na audiência: Alan Ho não falou e apenas dois arguidos aceitaram fazê-lo. Qiao Yan Yan, quarta arguida, acabou por revelar novos dados sobre o funcionamento dos quinto e sexto andares do Hotel Lisboa, onde 120 quartos estavam destinados às prostitutas (conhecidas como YSL – Young Single Ladies) e aos seus clientes. Nesses dois andares funcionava um balcão de check-in “especial”, sendo que seria o próprio Alan Ho quem estava encarregue de decidir quais as meninas que tinham acesso aos quartos. Os arguidos Kelly Wang, vice-gerente do hotel, e Peter Lun, gerente opcional, também tinham essa tarefa. Este balcão serviria para tirar fotocópias dos documentos de identificação das prostitutas, tarefa que chegou a caber a Qiao Yan Yan na semana em que esteve no Hotel Lisboa antes de ser presa. Vinda do norte da China, casada e com 33 anos, Qiao Yan Yan admitiu que também foi prostituta, não só no Hotel Lisboa como em outros hotéis de Macau. “Antes também era uma das raparigas, por isso posso ter a certeza que sim [que o balcão de check-in especial se destinava a elas]”, afirmou. Com multa Perante o juiz Rui Ribeiro, Qiao Yan Yan apresentou um discurso com algumas incoerências. Primeiro disse ter iniciado funções no balcão do Hotel Lisboa como assistente de Kelly Wang para “aprender” a tratar das burocracias hoteleiras, mas mais tarde acabou por admitir que tinha como tarefa garantir que as prostitutas cumpriam as regras de funcionamento do hotel. Essas regras determinavam que as meninas não podiam reunir-se em grupo, deveriam circular pelos corredores e não podiam procurar clientes, mas sim o contrário. “Tinha sempre um segurança por perto e explicava às meninas o que elas tinham de fazer”, admitiu Qiao Yan Yan, que acabou por revelar que chegou a proibir mulheres de atender clientes nos quartos do Hotel Lisboa por um período de três meses. “Tomei a decisão de cancelar os quartos às meninas e depois informei os meus superiores”, referiu. Também aqui Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang teriam a última palavra a dizer. O juiz não pôde deixar de apontar o dedo aos diferentes factos apresentados pela arguida. “No início teve uma posição muito angelical, mas depois já sabia aplicar penas de três meses. Uma pessoa que está a aplicar penas sabe um pouco mais do que aquilo que nos explicou”, disse Rui Ribeiro. “Fui empregada do hotel e se as condutas delas infringiam as regras do hotel eu tinha de intervir. Às vezes ficavam de pé a perturbar outros clientes”, admitiu a ex-prostituta. Bruce Mak, ex-chefe de segurança e também arguido, prestou declarações antes de Qiao Yan Yan e confirmou a existência do balcão de check-in “especial”, mas disse que sempre achou que as movimentações nos quinto e sexto andares eram legais e do conhecimento público. “Para mim não havia problema nenhum, sempre achei que era uma coisa legal”, rematou. Neto Valente queria julgamento à porta fechada Segundo a Rádio Macau, o advogado de defesa de Alan Ho, Jorge Neto Valente, pediu em tribunal para a sessão do julgamento ser à porta fechada, por forma a proteger a identidade das 96 prostitutas que ainda vão depor como testemunhas, mas Rui Ribeiro recusou. Neto Valente disse ainda na sessão da manhã que o seu cliente nunca esteve envolvido em qualquer associação criminosa para explorar serviços de prostituição, tendo referido que Alan Ho apenas celebrou contratos de alojamento com mulheres que se dedicavam à prostituição, alegando que o seu cliente nada sabia do que se passava. O advogado referiu ainda que a prostituição não é crime no território, tendo considerado “absurdo” e “hipócrita” a ideia de que a prisão dos seis arguidos acabou com a prostituição em Macau.
Flora Fong Manchete SociedadeDeficientes no trabalho | Capazes e trabalhadores, asseguram patrões “Capazes, inteligentes e trabalhadores.” É assim que empregadores de portadores de deficiência definem os seus trabalhadores. Mas, entre casos de sucesso, há opiniões que apontam que a sociedade precisa apenas de mão de obra mais barata [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]er trabalho é um direito e faz parte da vida de todas as pessoas. Todas, ou quase, já que para os portadores de deficiência, a coisa pode não ser tão fácil. Em Macau não é fácil ver trabalhadores deficientes nos diversos negócios do território. Mas eles existem e a sua capacidade de trabalho abrange diferentes áreas. O HM foi à descoberta e tentou perceber como é a vida de alguns deles. Oi Lin foi a primeira portadora de deficiência mental ligeira que falou ao HM, quando visitámos a oficina da empresa de doces Cherikoff, na zona do Iao Hon. Ainda que não de forma clara, Oi Lin consegue dizer-nos que tem 43 anos e que começou a trabalhar na oficina desde 2008. “Gosto de trabalhar aqui”, responde. Todos os dias, Oi Ling faz a limpeza, coloca etiquetas nas caixas de produtos, coloca os doces nas estantes. Num trabalho igual ao dos outros trabalhadores, trabalha a tempo inteiro e tem um dia de descanso ao sábado. Nos primeiros dias de trabalho, o assistente social que acompanha Oi Lin precisou de ficar com ela no trabalho, sendo que a jovem trabalhava apenas metade do dia para se habituar às mudanças na sua vida. Peggy Man, gerente administrativa da empresa, admite que, meio ano depois de ter começado a trabalhar, Oi Lin conseguia já lidar com o que tinha de fazer. Agora trabalha independentemente. Oi Lin trabalha na empresa de doces Cherikoff “Oi Lin consegue também atender as chamadas de clientes e sabe bem as horas de chegada dos clientes [regulares], dividindo os produtos necessários e colocando-os em diferentes sacos para lhes dar”, indicou ao HM, acrescentando que a ajuda é mútua. “Existe uma grande vantagem em recrutar deficientes: é que eles não são preguiçosos. O que dizemos que tem de ser feito, eles fazem e o processo é feito como se fossem um sistema de computador”, diz, referindo-se ao facto de fazerem tudo como lhes foi indicado. Ainda que, por vezes, Oi Lin se tenha atrasado na chegada ao trabalho, Peggy Man refere que não tem de se incomodar em mandar Oi Lin trabalhar: pelo contrário, às vezes é ela quem diz aos colegas novos para se apressarem nas tarefas. Contudo, Peggy Man explica que o salário de Oi Lin é um terço menor do que o dos outros funcionários, devido às limitações da funcionária. Fong I é outra portadora de deficiência mental ligeira que tem 40 anos. Trabalha no armazém da empresa de cafés Seng Pan há mais de um ano. Estudou até ao segundo ano da escola primária, através do ensino especial. A Associação de Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais conta-nos que Fong I já trabalhou em vários locais anteriormente, mas não gostou de nada, tendo desistido logo no início. “Trabalhou como funcionária de limpeza numa cantina da escola e foi empregada num snack-bar, mas disse que não gostou e achava o trabalho muito cansativo, pelo que desistiu logo depois”, afirmou Lai Iok Kuan, assistente social que tem acompanhado o caso de Fong I. Na fábrica de cafés, Fong I sente-se bem. Consegue trabalhar de forma estável e os pais, a associação e a empresa testemunham isso. Gary Chio é chefe da jovem, que é a primeira funcionária que a empresa recrutou. No meio ano inicial, Fong I trabalhava apenas quatro horas por dia. Mas foi quando começou a trabalhar a tempo inteiro que o seu esforço se notou mais. “Ela sabe fazer muitas coisas, sabe escrever à máquina a data dos pacotes de cafés, sabe fazer a contagem dos sacos, bem como colocar os pacotes nas caixas. Ela é muito inteligente e tem paciência”, conta-nos. Fong I também sabe fazer café, sendo esta, aliás, uma das exigências a todos os funcionários da empresa. A conversar directamente com Fong I, conseguimos perceber que a sua expressão oral é boa e que a jovem consegue explicar bem o que faz. “Aprendi a fazer tudo aqui. Aprendi a colocar os cafés e os chás nos pacotes, não é difícil. No início não sabia escrever à máquina, mas um colega ensinou-me e agora sou eu sempre a fazer isso”. De mãos dadas Segundo dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de 2014 ao ano passado, 65 portadores de deficiência conseguiram trabalhos através do organismo. A maioria trabalha na limpeza de hotéis e restaurantes, em obras de construção, são cozinheiros ou assistentes administrativos. Trabalhadores de segurança, entre outros. Para Sandra Liu, directora executiva da Associação de Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais, em muitos casos, os factores de sucesso não são apenas a aceitação do deficiente como trabalhador, mas também o convívio e as relações entre colegas. Se esse for feito num bom ambiente, os deficientes conseguem trabalhar bem. Hok Chai é trabalhador da CEM Exemplos disso podem ser as duas jovens com quem falámos acima. Os pais de Oi Lin começaram a ter dificuldades de deslocação no ano passado, levando a que os colegas lhe dêem ainda mais atenção: ajudam-na a fazer compras e a guardar dinheiro, por exemplo. Oi Lin não foi a única portadora de deficiência que a Cherikoff já teve a trabalhar consigo: já foram recrutados cegos, surdos, portadores de poliomielite. A empresa tem cooperado com as associações de serviços sociais para providenciar estágios a quatro portadores de deficiência por ano, com duração de três a seis meses. Mas Peggy Man acha que a situação de Oi Lin é muito melhor do que a dos outros portadores de deficiência e crê que isso tem a ver com a ajuda dos colegas. “É importante não os menosprezar. Quando compreendemos a situação deles, eles esforçam-se muito. Nós não devíamos queixar-nos de nada.” No início, Peggy Man recusou contratar este tipo de pessoas, mas o dono da empresa onde Peggy desempenha a função de chefia convenceu-a a fazê-lo. Agora, a mulher agradece ter tido oportunidade de os conhecer. “Apreciamos o que o dono [da empresa], Bobby Leng, nos disse. Não podemos ajudar todos, mas ajudamos um e depois outro, é melhor do que fazer donativos para estas pessoas. Eles conseguem ganhar dinheiro dependendo de trabalho físico, o que é bom para eles também.” A entreajuda pode ser realmente uma das peças-chave para a estabilidade. A assistente social que acompanha o caso de Fong I segreda-nos que, no início, os colegas descobriam a portadora de deficiência a chorar escondida no trabalho, apenas porque não sabia exprimir-se como queria. Algo que fez o patronato perceber que “é preciso contar com as características [especiais da empregada], a sua capacidade e os seus conhecimentos antes de começar a trabalhar”. Quando a visitámos no local de trabalho, ela sorriu timidamente. Agora, Fong I não precisa de receber subsídios do Governo. Os pais estão felizes com ela e Gary Chio acha mesmo provável ela ser eleita a melhor funcionária do ano. “Ela ajuda-nos muito, em vez de sermos nós a ajudá-la ela”, admite. “Sociedade não aceita bem os portadores de deficiência” Hetzer Siu diz que aceitação reside na necessidade de mão-de-obra [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o mesmo edifício onde fica a fábrica de cafés onde trabalha Fong I, na Areia Preta, encontrámos Ka Cheong. Mais novo, com apenas 20 anos, o jovem é deficiente mental de nível moderado. É tímido e pouco falador e trabalha na Companhia de Fornecimento de Equipamentos de Restauração Chon Wa desde Julho do ano passado. Ka Cheong acabou o terceiro ano do ensino especial da Escola Luso-Chinesa Técnico-profissional e conseguiu este trabalho, depois da empresa se inscrever na DSAL para recrutar um portador de deficiência. “Quando abrimos a empresa, falei com o meu marido para recrutar um portador de deficiência, porque temos capacidade para isso. Assim tentámos recrutar o primeiro funcionário com deficiência e chegou-nos Ka Cheong. Ele é muito obediente”, contou Wu Kam Fong, dona da empresa, acrescentando que Ka Cheong é “muito pontual”. Sem grande carga de trabalho, Ka Cheong recebe 7300 patacas por mês, o que, diz-nos Wu Kam Fong, “não faz grande diferença” para com o outros funcionários. Já Hok Chai, também deficiente mental de nível moderado, tem 28 anos e começou a trabalhar no escritório da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) em 2012. Formou-se na Escola da Concórdia para o Ensino Especial e participou no plano da CEM com a Associação Macau Special Olympics, que todos os anos leva dez portadores de deficiência a ser estagiários. Wendy Vong, gerente do Departamento de Administração da CEM explicou que o funcionário trata de papeladas, de inserção de dados no computador e de arquivamento. A avaliação é positiva. “Consegue concluir os trabalhos sem problema”, diz-nos a sua superior, acrescentando que uma das únicas limitações de Hok Chai é o tempo. “Não podemos dar-lhe muito trabalho ao mesmo tempo.” Para uma melhor coordenação entre os funcionários na empresa tão grande que é a CEM, Wendy Vong explica que são emitidos avisos para encorajar a ajuda aos portadores de deficiência. Além disso, cada portador é acompanhado por um instrutor, a fim de se integrar melhor no ambiente de trabalho. Algo que, como nos diz Hok Chai com algum esforço, ajuda. “No início, preocupava-me em não saber fazer nada e em cometer erros. Fazia perguntas ao meu instrutor quando não sabia algo.” Entre todos os trabalhos, Hok Chai diz-nos que o que gosta mais de fazer é recolher as impressões digitais dos novos funcionários e tirar fotografias para fazer cartões de trabalhadores. A Sociedade de Ngai Chun é uma empresa social de limpeza operada pela Associação Macau Special Olympics desde 2002. Aqui encontrámos Ao Ieong I. Com 26 anos, formou-se na Escola Luso-Chinesa Técnico-profissional e trabalha na sociedade há mais de um ano, depois de ter sido empregada de limpeza do Hotel Venetian. Falando fluentemente, Ao Ieong I conta-nos que, nesta empresa, o trabalho é mais cansativo, mas também mais apreciado pela jovem. Começou, como outros 23 trabalhadores portadores de deficiência na sociedade, por fazer limpeza de carros, de prédios e de lares de idosos. Mas agora Ao Ieong I foi promovida e trabalha mais no escritório: escreve no computador e entrega documentos. Toma notas nas reuniões com os chefes. Na última avaliação que lhe foi feita, Ao Ieong I foi classificada como estando um nível acima de deficiência mental ligeira, avaliação que não lhe permite receber o subsídio de deficiência do Governo. O outro lado da moeda Desde há 20 anos que a Associação Macau Special Olympics já ajudou cerca de 200 portadores de deficiência a encontrar trabalho. Destes, 11% sofrem de deficiência mental e estão espalhados por 65 empresas que cooperam com a Associação. Hetzer Siu, director-executivo, afirmou que o caso de Ao Ieong I é um exemplo de promoção de trabalho. A aprendizagem é algo visto como necessário pelo responsável, que diz que mudar os hábitos dos deficientes – acostumados a ter férias longas e a não trabalharem mais de dez dias – é algo que tem de ser feito. Até para que, “passo a passo”, se habituem ao ambiente de trabalho, que é diferente do da formação. Mas há casos em que nem sempre a vida é feita de sorrisos. Hetzer Siu acha muito importante alterar o modelo tradicional dos serviços sociais para os portadores de deficiência, que é, actualmente, ensinar e dar apoio financeiro. Através das empresas sociais, diz, estes conseguem depender da sua própria capacidade e forças para ganharem dinheiro. O responsável diz que não é difícil os portadores de deficiência encontrarem trabalho. No entanto, diz, quando estão a trabalhar com pessoas ditas normais, sentem pressão por acharem que não conseguem fazer o que os outros conseguem. Além disso, o director-executivo acha que não é verdade que a sociedade “aceita bem estas pessoas”. Aceita-os, diz, apenas com base na necessidade de mão-de-obra. E mão-de-obra mais barata, diz. “Não vejo que a sociedade esteja a aceitar bem os portadores de deficiência. Muitos empregadores querem recrutá-los porque precisam de mão-de-obra e podem pagar menos, bem como conseguem pedir ao Governo trabalhadores não residentes (TNR) mais facilmente”, confessa. Segundo Hetzer Siu, actualmente o Governo tem apenas quatro portadores de deficiência a trabalhar. Como não existe uma carreira especial ou uma forma de inscrição especial para encorajar a empregabilidade destas pessoas, “é muito difícil trabalhar” na Função Pública. “Podemos ver que nem o Governo está muito activo na contratação de deficientes. Como é que as empresas privadas vão fazê-lo?”, remata.
Flora Fong SociedadePatrimónio | Proprietário de prédio da Rua da Barca discorda de classificação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]proprietário de um dos dez edifícios do primeiro grupo proposto para classificação de bens imóveis de Macau não concorda com a classificação do seu prédio e apresentou uma queixa ao Instituto Cultural por “prejuízo de interesses”. O edifício em causa é o número um da Rua da Barca, o mesmo que foi alvo de uma demolição parcial. Segundo o Jornal do Cidadão, numa sessão de consulta pública sobre património que reuniu 60 residentes e representantes das associações, o proprietário, Lao Chau Lam, referiu que metade do edifício já foi demolido pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), em 2013, por engano e agora, que está na corrida para a classificação como património, esse facto não é mencionado pelo IC. O proprietário acha que esta situação é injusta pois o mesmo tem de pagar por aquilo que não fez e quando forem feitas obras o Governo irá considerá-lo património. O queixoso coloca em causa as intenções do Governo. Ao responder, Guilherme Ung Vai Meng defendeu que o edifício até pode nem ser classificado, estando apenas em processo de avaliação e tudo está ainda a depender da consulta pública, da opinião dos proprietários e das opiniões do Conselho de Património Cultural. Resultados finais, diz, só para o final do ano. O director da Associação de Cultura de Sung San de Macau, Tou Chan Weng, considera que actualmente o edifício já é uma ruína, não fazendo sentido classificá-lo agora como património. Se tivesse que ser deveria ter sido antes daquela parte ter sido demolida. No entanto, para o director da Associação de História de Macau, Chan Chu Weng, o número 1 da Rua da Barca é um símbolo do desenvolvimento de Macau no século 20 e por isso tem valor histórico e vale a pena mantê-lo.
Hoje Macau Manchete SociedadeAlan Ho ja começou a ser julgado no Tribunal Judicial de Base [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] julgamento daquele que é apresentado como o maior caso de exploração de prostituição em Macau desde a transferência de Portugal para a China começa na hoje, sexta-feira, e envolve Alan Ho, sobrinho do magnata de jogo Stanley Ho. Alan Ho, que quando foi detido era gestor no Hotel Lisboa, propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), do universo de Stanley Ho, é um dos seis arguidos do processo que vai ser julgado no Tribunal Judicial de Base (TJB, primeira instância) a partir de sexta-feira, dia em que vai ser lida a acusação. Fontes judiciais indicaram à agência Lusa que os arguidos, em que se incluem duas mulheres, – todos em prisão preventiva – devem responder pelos crimes de associação criminosa e de exploração de prostituição, um ano depois de a Polícia Judiciária (PJ) ter anunciado o desmantelamento de uma rede. Mais de uma centena de testemunhas foram arroladas só do lado da defesa, estando marcadas audiências até meados de Março, de acordo com o portal dos Tribunais da Região Administrativa Especial (RAEM). O presidente do colectivo é o juiz Rui Ribeiro. Um ano depois A descoberta do caso remonta há um ano, quando a PJ anunciou ter detido seis pessoas numa operação de grande escala – em que foram interceptadas 96 alegadas prostitutas originárias da China e do Vietname –, realizada na noite de dia 10 de Janeiro de 2015, na sequência de uma investigação desencadeada por informações sobre uma organização criminosa que estaria ligada ao controlo de prostituição na unidade hoteleira, recebidas em Abril de 2014. “Apurou-se que o grupo estaria a actuar há um ano e o director do hotel estaria a aproveitar-se das suas funções para, a partir de 2013, em conluio com os gerentes, controlar uma rede de prostituição para além de angariar mulheres na Internet para esta rede”, indicou a PJ, no comunicado datado de 10 de Janeiro de 2015. Na altura, a PJ revelou ter apreendido “inúmeras provas materiais incluindo telemóveis, livros de registo de contas, material para a prática da prostituição e um milhão de patacas em dinheiro”. De acordo com os dados de então, facultados pela PJ, a cada mulher eram cobrados 150 mil yuan por ano – uma ‘quota’ de membro para poderem trabalhar na ‘zona de circulação’ das prostitutas daquele hotel –, a somar a uma “taxa de protecção” mensal de 10 mil [1.396 euros] que lhes era imposta antes de poderem utilizar os quartos de hotel. As autoridades indicaram que foram encontrados registos referentes à cobrança efectuada a 2400 mulheres, estimando-se, por isso, que os membros da presumível rede tenham recebido pelo menos 400 milhões de patacas. Esta foi a versão apresentada pela PJ antes de encaminhar o caso para o Ministério Público (MP), pelo que pode não corresponder na íntegra à acusação formulada que vai ser lida na sexta-feira. A mega operação decorreu menos de um mês depois da tomada de posse do novo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que foi director da Polícia Judiciária até 20 de Dezembro de 2014. A prostituição não é crime em Macau, mas a sua exploração sim. “Quem aliciar, atrair ou desviar outra pessoa, mesmo com o acordo desta, com vista à prostituição, ou que explore a prostituição de outrem, mesmo com o seu consentimento”, arrisca uma pena de prisão de um a três anos, sendo que, segundo a lei, a tentativa também é punível. Já a prática de associação criminosa é punida, à luz do Código Penal, com uma pena de pelo menos três anos de prisão e um máximo de 12. Além de ter sido apresentado como o maior caso do tipo desde o estabelecimento da RAEM, em 1999, o facto de envolver Alan Ho, conhecido homem de negócios, ter-lhe-á conferido maior mediatismo. Alan Reginald John Ho, de 69 anos, que se formou nomeadamente em Gestão e, chegou a leccionar na Universidade Chinesa de Hong Kong, prosseguiu depois os estudos em Direito na Universidade de Harvard e chegou a exercer advocacia por um curto período de tempo, tendo-se juntado à STDM, no início da década de 1990. Em 2011 foi distinguido com a Medalha de Mérito Turístico pelo Governo de Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNorte da Taipa |Defendidos incentivos para proprietários privados Três anos depois, o plano de reordenamento da zona norte da Taipa continuam sem grandes detalhes. Lau Veng Seng quer que o Governo crie incentivos para os terrenos privados. Porque o contexto económico não é favorável [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] plano para o ordenamento turístico da zona norte da Taipa parece ser um parto difícil de acontecer. Anunciado em 2013, pouco ou nada foi feito até então. Ao HM, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) confirmou que desde o lançamento do plano já foram emitidas 13 plantas de condições urbanísticas (CPU), sendo que, destas, há duas “cujos anteprojectos de obra já foram apresentados”. Para além disso, “existem ainda dois pedidos de emissão de CPU que estão a ser tratados”. O Governo não avança um calendário para a conclusão do plano, já que “é complicada a natureza dos terrenos localizados na zona norte da Taipa”, por existirem terrenos públicos, terrenos privados e terrenos concedidos por arrendamento. “É necessária que haja uma coordenação com os proprietários dos respectivos terrenos para implementação do plano”, disse a DSSOPT. Esta tem sido, aliás, a justificação constante do Governo para não avançar com o projecto. Ao HM, o deputado nomeado Lau Veng Seng, também presidente da Associação de Construtores Civis de Macau, considera que o Governo deveria criar incentivos para os proprietários de terrenos privados. “Gostaria de ver mais terrenos a ser desenvolvidos, para aumentar o número de habitações. Contudo, as questões ligadas aos concessionários são muito complicadas, já que a maioria dos terrenos estão nas mãos de privados. Acredito que a Administração tem de implementar uma espécie de incentivos para esses promotores, para que estejam dispostos a sacrificar os terrenos para dar lugar às infra-estruturas”, disse o deputado. “Pelo que sei em relação aos detalhes do projecto, vão existir novas casas e infra-estruturas sociais pensadas para a zona. Então, para construir tudo isso e para promover esse desenvolvimento algum tipo de incentivos devem ser estabelecidos. Temos falta de terrenos e a Administração tem de estudar que tipo de planos vai propôr para encorajar os proprietários a começar a construção”, apontou. O deputado Chan Meng Kam, que é proprietário de dois terrenos através da Companhia de Investimento e Desenvolvimento Jinlong (Golden Dragon), em sociedade com o deputado Chui Sai Cheong e Li Amber Jiaming, recusou prestar declarações ao HM sobre este assunto. Há dois anos, referiu ao jornal Exmoo News que as condições apresentadas pelo Executivo eram inaceitáveis. Três ou quatro anos Questionado sobre o projecto, o deputado Ng Kuok Cheong considera normal o atraso. “O Governo tem falta de recursos humanos e não pode resolver os processos relativos aos terrenos de uma só vez. Penso que o Governo tem noção de que vamos ter que esperar alguns anos, talvez três ou quatro anos, para ver os projectos avançar”, apontou. O plano de reordenamento da zona norte da Taipa inclui a Taipa Grande, a povoação de Cheok Ká, povoação de Sam Ka e ainda a zona de aterros do Pac On. Para Mak Soi Kun, é também “normal” o atraso no desenvolvimento do plano. “Depois da entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico, os processos de aprovação das PCU demoram algum tempo, é normal que nestes dois anos não tenha sido construído nenhum projecto.” O deputado defende que o abrandamento da economia faz com que muitos proprietários privados não queiram investir. “Há proprietários que acham que as condições não são as ideais, nós sabemos isso. Alguns deles ainda estão a analisar a viabilidade do plano, devido a factores económicos. A economia abrandou, como é que eles têm vontade de acelerar a construção dos edifícios? Os proprietários preferem avançar devagar com o projecto porque não têm confiança para investir”, disse ao HM. Mak Soi Kun recordou que os terrenos, por estarem nas mãos de privados, não têm de responder a prazos, pelo que não existe pressa na coordenação com os planos do Governo. “É um mercado económico livre”, rematou.
Tomás Chio SociedadeSalário Mínimo | IH anula votação sobre subida de despesas de condomínio Depois de ameaçarem com queixa ao CCAC, os moradores de Seac Pai Van conseguiram que o IH recuasse na votação “injusta” a favor do aumento de despesas de condomínio [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto da Habitação (IH) emitiu um aviso aos proprietários do edifício Koi Nga, do complexo de habitação pública de Seac Pai Van, que anula o resultado da votação da última assembleia de condóminos, que decretou um aumento de despesas. O IH confirmou que os aumentos serão decididos pelos proprietários numa nova reunião a realizar antes do Ano Novo Chinês. O IH, por ser o maior proprietário, com 400 fracções, teve direito de voto na assembleia de condóminos, que decretou o aumento das despesas do condomínio devido à implementação do salário mínimo para os funcionários da limpeza e de segurança dos prédios. Agora, o IH decidiu recuar e dar o poder de decisão aos moradores das restantes casas. O senhor Cheang, membro da Associação de Ajuda Mútua para o edifício Koi Nga e proprietário de uma fracção, disse à Macau Concelears que “um chefe de departamento do IH, de apelido Sou, disse que o resultado foi revogado e que vai promover outro encontro”. O IH vai enviar “antecipadamente as convocatórias” para que os proprietários que não possam participar na nova reunião tenham tempo suficiente para passarem procurações para a votação, explicou ainda, referindo-se a um outro problema encontrado na reunião que aprovou a subida das despesas: a ausência de alguns proprietários. CCAC no problema A decisão do IH surge depois de alguns proprietários terem ameaçado apresentar uma queixa ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) pelo facto dos representantes do instituto terem votado no aumento, mesmo sem alguns proprietários de fracções, e de ter sido decretada essa subida de valores. O senhor Cheang frisou ainda à Macau Concelears que, se o IH tivesse discutido o assunto previamente com os restantes moradores, a situação não seria tão complicada, tendo-se mostrado satisfeito com a anulação do resultado. Em Dezembro, o IH foi acusado de apoiar a empresa de condomínio e de ter enganado os moradores em prol de aumentos, já que nada foi discutido. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o novo presidente do IH, Arnaldo Santos, referiu que “para a habitação pública, o Governo deve desistir da votação nas assembleias de condóminos e deixar o poder de decisão entregue aos proprietários”. Até porque todas as fracções vazias são do instituto até terem moradores.
Tomás Chio SociedadeTurismo | Macau é próspero e tem capacidade de desenvolvimento, diz relatório [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] resultado do relatório de Desenvolvimento de Cidades Turísticas Mundiais de 2015, publicado pela Federação de Cidades Turísticas Mundiais, indica que Macau está entre as vinte primeiras posições de uma lista de mais de uma centena. Para Pequim, isto só mostra que o território apresenta sinais de “prosperidade” e capacidade de desenvolvimento. Capacidade para desenvolvimento, satisfação, prosperidade, contribuição económica, atracção e apoio no turismo são os seis indicadores em avaliação das 130 cidades, onde se incluem Londres, Paris, Hong Kong e Pequim. No indicador “prosperidade”, a maioria das cidades asiáticas ficou em lugares dentro de 20 primeiros, com a percentagem média de 55%. Aqui estavam incluídas cidades como Pequim, Xangai, Hong Kong e Macau. As cidades europeias arrecadaram 25%, 15% para as cidades americanas e 5% para as cidades africanas e do Médio Oriente. No indicador de “atracção”, os primeiros dez lugares foram ocupados por cidades europeias como Londres, Paris, Madrid e Berlim, destacando-se ainda Sydney na Austrália. Wu Keng Kuong, o director da Associação da Indústria Turística de Macau, disse ao Jornal Ou Mun que isto se deve ao facto de a “Europa ter centenas de ambientes de cultura histórica” e, por isso, serem mais atractivas para os turistas”. Macau, disse, só tem um elemento turístico: o Jogo. “Atrai mais turistas chineses do que estrangeiros”, frisa. O Governo deve concentrar-se mais na qualidade de produtos turísticos para melhorar a satisfação dos turistas estrangeiros em Macau. “Espero que os profissionais do sector do [turismo] se dediquem também à formação de línguas e à melhoria dos serviços”, apontou. Wu indicou ainda que, quando a construção da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau terminar, Macau irá atrair mais turistas estrangeiros e de negócio. Macau continua a ter uma perspectiva positiva no futuro”, frisou.
Filipa Araújo SociedadeCancro | SS apelam a fim de doações para menina doente e asseguram acompanhamento [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma onda de solidariedade surgiu depois da escola pedir ajuda. Apesar das boas intenções, os SS vêm agora dizer que não é necessário, porque os próprios asseguram qualquer despesa Uma criança com cancro, a hipótese de tratamento nos Estados Unidos da América e um dia de recolha de doações. Com a rapidez que surgiu, a história também desapareceu. Em 2011, Chao Weng San, aluna do Colégio Diocesano de São José, foi diagnosticada com cancro. Não tendo os recursos suficientes para o tratamento da criança, o Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) enviou a paciente para Hong Kong, onde foram feitos os testes de correspondência de medula óssea. Sem encontrar dador compatível, os pais – segundo uma carta divulgada pela Macau Concealers – tentaram encontrar uma solução, o que implicou elevados gastos, tendo sido até necessário venderem o seu apartamento. Sem solução por parte dos médicos de Macau e Hong Kong, os pais perceberam que a última tentativa seria deslocarem-se aos Estados Unidos para fazer um novo tratamento. A ideia caiu, contudo, depois de um professor tornar pública a hipótese do medicamento que a menina precisa poder ser transportado para Hong Kong, afastando a hipótese da obrigatoriedade da viagem da criança para o continente americano. Contudo, o transporte do medicamento era “demasiado caro”, como frisou o professor, pelo que a escola decidiu avançar com uma recolha de donativos monetários. Em apenas um dia, a escola conseguiu recolher “mais de 450 mil patacas”, conforme indicou a instituição ao HM. Perante a onda de solidariedade, família e Serviços de Saúde (SS) pediram para que a recolha de fundos fosse cancelada, pois, segundo informação avançada ao HM, “os SS cobrem as despesas do tratamento em causa”. E esse tratamento, diz o organismo, não deverá ter de ser nos EUA. “Apesar desta situação evidenciar o espírito de entreajuda dos cidadãos de Macau, os SS salientam que é da sua responsabilidade proporcionar o tratamento adequado e atempado à doente pelo que estão a ser desenvolvidos todos esforços para tratar a menina”, referem o SS em comunicado. A viagem aos EUA, explicam os SS ao HM, seria para perceber se existe algum dador compatível, algo que é possível verificar desde Hong Kong. “Hong Kong possui um sistema de registo de doadores de medula óssea que contém milhares de informações e faz parte de um banco de dados internacional de doadores — Bone Marrow Donors Worldwide –, o que permite realizar a correspondência de medula óssea a nível internacional, não havendo necessidade de serem efectuadas viagens a outras regiões para verificar a compatibilidade”, assinalam. Os SS acrescentam ainda que “um médico do Hospital Queen Mary de Hong Kong apresentou no passado dia 25 de Dezembro de 2015 um novo programa de tratamento, que já conta com cinco anos de experiência com sucesso”. “A Junta para Serviços Médicos no Exterior do Centro Hospitalar Conde de São Januário está atenta às opiniões e evoluções clínicas e irá proporcionar o tratamento adequado à doente”, remata.
Leonor Sá Machado SociedadeEnsino Superior | Protocolos condicionados por falta de Regime, diz Peter Stilwell Peter Stilwell defende que a Lei do Ensino Superior – ainda em análise pelos deputados – virá beneficiar, em muito, o sector do ensino superior local [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das alterações positivas que virá com a entrada em vigor da Lei do Ensino Superior será, de acordo com Peter Stilwell, a facilidade na criação de cursos em modelo de intercâmbio. O reitor da Universidade de São José (USJ) relembrou ao HM que o actual modelo educativo universitário não permite este tipo de formatos de aprendizagem, numa afirmação que surgiu na sequência da renovação de um protocolo de cooperação com a Universidade Católica Portuguesa. “Estes protocolos estão condicionados a uma questão: a actual Lei [do Ensino Superior] não permite a realização de graus com outras universidades ou instituições e só quando a nova lei for aprovada é que esse tipo de protocolos são viáveis”, começou por dizer. “Quando a lei for publicada, já irá ser permitida a realização de licenciaturas, mestrados e até doutoramentos conjuntos, que são coisas que, hoje em dia, são do maior interesse e importância a nível internacional”, acrescentou o responsável. É que está em causa, defende Stilwell, “uma conjugação de competências” em termos do que de melhor cada universidade tem para oferecer. Ver para crer na qualidade A Universidade de São José assina, às 10h30 de hoje, um protocolo com Universidade Católica Portuguesa para a realização do curso de mestrado integrado de Teologia. Ao HM, o reitor da USJ explicou que se trata de um acordo que vem sendo renovado desde a sua primeira assinatura, em 2009. “Começou para que o curso ensinado aqui tivesse uma atribuição de grau pela Faculdade de Teologia da Católica.” Ao curso disponível na USJ acresce mais um ano de estudos para completar o grau desejado e expresso no acordo. “Até agora completaram este curso vários alunos nos últimos dois anos, já que o mestrado dura cinco anos em média”, disse. A ideia do protocolo é que os alunos locais possam completar cadeiras do curso de Estudos do Cristianismo na USJ para depois terem uma certificação de mestrado da Católica. Os finalistas realizam um exame que será avaliada por um júri seleccionado pela universidade portuguesa e ficam assim com o aval da Católica.
Hoje Macau SociedadeMais de 230 mil jovens com entrada recusada nos casinos [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m média, por mês, cerca de 17 mil menores de 21 anos viram-lhes ser recusada entrada nos casinos ao longo de 2015, de acordo com dados facultados à agência Lusa pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Ao abrigo da Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos casinos, em vigor desde 1 de Novembro de 2012, os espaços de jogo estão impedidos de contratar ou de permitir o acesso a menores de 21 anos. Apesar de elevado, o número reflecte uma tendência de diminuição: em 2015 foi recusada entrada a 236 mil menores de 21 anos de idade, ou seja, menos 94 mil do que em 2014. Em 2013, segundo a DICJ, o número de recusas foi exactamente igual a 2014 – 330 mil –, enquanto em Novembro e Dezembro de 2012 – primeiros meses de entrada em vigor da lei – foram 50 mil os menores de 21 anos que ficaram à porta dos espaços de jogo. Esta lei – que esteve longe de ser consensual – foi beber a outras ordens jurídicas, que embora consagrem os 18 anos como a maioridade definem o tecto dos 21 anos para o exercício de actividades como a entrada em espaços de jogo. A lei prevê sanções administrativas para quem violar as regras, cujas multas oscilam entre as mil e dez mil patacas. É ainda imposto um “dever de fiscalização” às concessionárias de jogo, cujo incumprimento é penalizado com coimas que vão de dez mil patacas até 500 mil patacas. Além do Corpo de Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária são autoridades competentes para solicitar a identificação dos frequentadores dos casinos e para ordenar a sua expulsão, quando em exercício de funções, inspectores da DICJ e respectivas chefias e os directores dos casinos.
Flora Fong SociedadeCaso L’ Arc | Angela Leong “desconhece funcionamento” do casino Instada a comentar o caso do desaparecimento de cem milhões de dólares de HK de uma sala VIP, a directora da SJM diz nada saber [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, número um da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), assegurou ontem não saber como funciona o Casino L’Arc, de onde foram alegadamente desviados cem milhões de patacas investidos numa sala VIP. Instada a comentar o caso, a também deputada não se alongou muito. De acordo com informações da Polícia Judiciária, o vice-director de uma sala VIP do casino terá desviado 99,7 milhões de dólares de Hong Kong e desaparecido sem deixar rasto, numa situação semelhante à da promotora Dore. Ainda não sabe o nome da empresa que geria esta sala VIP no Casino L’ Arc, mas sabe-se que o rombo levado a cabo por Chan Yan Hung teve impacto em pelo menos dez outras salas do casino. Ainda assim, questionada sobre o assunto, a directora-executiva da SJM, a quem pertence o casino, afirmou que “não sabe bem o funcionamento financeiro entre as salas VIP e o casino”. Ao canal chinês da TDM, Angela Leong afirmou que não participa na gestão do casino, “nem entende bem o funcionamento das contas”. Questionada sobre se irá ser a responsável pela eventualidade de indemnizar investidores, Leong respondeu apenas que “não”. Revisões precisam-se Para o deputado Zheng Anting este não é só mais um caso semelhante à Dore: é apenas “a ponta do iceberg”. O deputado aponta ter conhecimento de “muitas insolvências de negócios de salas VIP”, o que só mostra, diz, que há “falta de regulamentos ou leis” para um desenvolvimento saudável do Jogo. Zheng Anting pede à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que acelere a revisão das leis relativas ao Jogo, criando um regime de registo dos trabalhadores dos casinos e diminuindo, assim, a possibilidade de desvio de fundos. Também o advogado Keon Chan concorda com a necessidade do Governo regular melhor as empresas promotoras de Jogo para que estas não possam transferir o dinheiro dos investidores das salas VIP e que tenham, ainda, de apresentar contas aos clientes.
Tomás Chio Manchete SociedadePedida transferência de serviços de urgência da MUST para o Carmo Au Kam San sugere: E se parasse de se gastar tanto dinheiro com o arrendamento de parte do hospital da MUST e se pusesse o Centro de Saúde público do Lago a prestar esses serviços de urgência? [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San quer saber porque é que o Governo não faz a transferência dos serviços e equipamentos de urgência do Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) para o Centro de Saúde de Nossa Senhora do Carmo-Lago, na Taipa. O pró-democrata considera irracional o facto do Governo estar a arrendar o espaço, quando poderia apostar no desenvolvimento do Centro de Saúde. O arrendamento do serviço de urgência da MUST causou polémica em 2011, quando a MUST anunciou a cobrança de 910 mil patacas ao Governo pelo serviço, que está localizado num terreno cedido gratuitamente pelo Executivo à universidade. “Há alguns anos o Governo arrendou uma parte da área do hospital da MUST para conseguir oferecer serviços de urgência aos residentes das ilhas. Assim conseguiria aliviar a pressão sentida pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário. Este arrendamento custava mais de novecentas mil patacas, na altura, por isso é possível que a renda já tenha aumentado muito nos últimos anos. É um valor sobre o qual nada se sabe porque o Governo, até hoje, ainda não divulgou quanto é que gasta”, frisou o deputado numa interpelação escrita. Au Kam San relembra ainda que vários cidadãos já apresentaram as suas preocupações, no programa de rádio da TDM ‘Macau Talk’, sobre este serviços de urgência, queixando-se que não é conveniente já que falta um sistema completo de transportes na zona. Outros têm vindo a queixar-se de falta de serviços deste género no Centro de Saúde do Carmo. “Ao mesmo tempo, o Centro de Saúde Nossa Senhora do Carmo-Lago – que é o maior Centro de Saúde – tem um grande espaço de estacionamento e uma boa rede de transportes. Infelizmente, o Centro só está aberto até às oito da noite, ainda que tenha capacidade para ter serviços de urgência. Por isso, queria saber se o Governo tem um plano para transferir os serviços de urgência do hospital da MUST para o Centro”, indaga o deputado, que diz ainda que “a transferência pode fazer poupar dinheiro público” e que é preciso saber quais os gastos correntes que o Governo tem tido com este arrendamento.
Andreia Sofia Silva SociedadeGás natural | Governo continua a negociar com a Sinosky O Executivo continua a negociar com a Sinosky para resolver os problemas de fornecimento de gás natural, sendo que todas as hipóteses contratuais estão em aberto. Hoi Chi Leong, novo coordenador do GDSE, quer “estabilidade” no fornecimento [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ano passado a Sinosky foi notícia devido aos problemas de fornecimento de gás natural, tendo sido avançada a possibilidade de rescisão de contrato com a concessionária. Um ano depois, continua tudo em aberto. “Estamos em negociação com a empresa e vamos encontrar a situação mais viável para resolver a situação. Vamos ver todas as opções para garantir que não há uma interrupção do fornecimento do gás natural”, disse ontem Hoi Chi Leong, novo coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), à margem da cerimónia de tomada de posse. No seu discurso, Hoi Chi Leong disse querer “assegurar a estabilidade e a segurança do fornecimento de electricidade e de gás natural a longo prazo a Macau”, bem como “promover a cultura de conservação energética e de redução de emissões”. O engenheiro promete envidar “os maiores esforços para o desenvolvimento do sector energético”. Data de 2007 o primeiro contrato para o fornecimento de gás natural assinado entre o Executivo e a Sinosky, sendo que até ao momento pouco foi feito para garantir a totalidade desse fornecimento. Em Agosto do ano passado, os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas já levantaram dúvidas sobre a implementação de uma rede de gás natural no território. “Esse prazo já passou de metade e ainda não foi celebrado um contrato de fornecimento a longo prazo de gás natural (…) duvidando-se assim da possibilidade de concretização da política de gás natural, lançada pelo Governo”, referiu o representante da Comissão na altura. Actualmente apenas o complexo de habitação pública de Seac Pai Van e o campus da Universidade de Macau (UM) possuem este tipo de fornecimento. “Uso racional” dos recursos Num breve discurso, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes disse que Hoi Chi Leong “cumprirá com elevado sentido de responsabilidade estas novas funções”. “Para que os objectivos possam ser cumpridos, é naturalmente imprescindível a cooperação de todos, empresas e população, pelo que continuar-se-á a investir em trabalhos de educação e sensibilização com vista a uma utilização mais racional dos recursos energéticos”, apontou o Secretário. O novo coordenador do GDSE não deixou de recordar a sua anterior experiência como director substituto dos Serviços para a Regulação das Telecomunicações (DSRT). “É do vosso conhecimento que tenho vindo a exercer funções no sector das telecomunicações. Embora este e o sector energético pertençam a duas indústrias com tecnologias diferentes, estão ambas envolvidas com a prestação de serviços públicos em Macau”, referiu. “Aproveitarei a minha experiência anterior no âmbito da Administração e da regulação de serviços de utilidade pública e procurarei familiarizar-me com o funcionamento do serviço e do sector, que para mim são novos. CEM negoceia tarifas O novo coordenador do GDSE garantiu que o aumento de tarifas da electricidade ainda está a ser discutido com a Companhia de Electricidade de Macau (CEM). “Ainda estamos em negociações com a companhia sobre o preço da electricidade. O preço da electricidade depende da economia e de outros custos”, explicou. Terrenos não afectam contrato com Transmac Raimundo do Rosário garantiu que a questão do terreno concedido à Transmac não está a trazer problemas à alteração do contrato com a operadora de autocarros. “Não, de todo. São duas questões. Uma coisa é o contrato. Há um parecer do CCAC que pede para regularizar a situação e que pede para passarmos isto para a concessão pública. Estamos a tratar disso. E outra coisa totalmente independente são os terrenos em relação à sua caducidade. As Obras Públicas vão iniciar os procedimentos para a declaração da caducidade desses terrenos”, frisou. A empresa está a funcionar com um contrato que não dá grande poder ao Executivo, quando deveria ter um contrato de prestação de serviços.
Hoje Macau SociedadeUnion Pay | Transacções ilegais ascenderam a mais de mil milhões de patacas Mais de mil milhões e três dezenas de casos. Continuam as transacções ilegais com recurso a Union Pay [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]volume das transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da Union Pay International em Macau ascendeu a 1224 milhões de patacas em 2015, segundo dados facultados pela Polícia Judiciária (PJ) à agência Lusa. A verba diz respeito a 30 casos abertos pela PJ, dos quais 24 foram entregues ao Ministério Público (MP). Em 2014, foram detectados mais casos (47), mas o montante envolvido nas transacções ilegais foi inferior (784 milhões de patacas). As operações em causa são ilegais porque são efectuadas em Macau através das máquinas POS da Union Pay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a Union Pay International não receba a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido realizada, de facto, fora da China continental. Segundo dados facultados pela PJ, no âmbito dos 30 casos detectados ao longo de 2015, foram entregues 76 suspeitos (58 homens e 13 mulheres) ao MP, dos quais 13 são residentes de Macau, 62 do interior da China e um proveniente de Taiwan. “Findo interrogatório no Ministério Público, os arguidos ficaram sujeitos a termo de identidade e residência”, indicou a PJ. As transacções ilegais detectadas em 2015 traduziram-se em prejuízos para a Union Pay International de cerca de 2,29 milhões de patacas – contra prejuízos de 1,56 milhões de patacas em 2014, de acordo com os dados facultados à Lusa. Os 30 casos resultaram na apreensão de 71 máquinas POS (point of sale), indicou a PJ. Ao contrário de 2014, os casos foram detectados em hotéis. “Não há informações quanto a casinos”, garantiu a PJ na resposta à Lusa. Esquemas com sabedoria Os esquemas com os cartões de débito da Union Pay foram apontados por analistas consultados pela Lusa como um dos factores para a primeira queda em cinco anos das receitas de jogo em termos anuais homólogos verificada em Junho de 2014 – cuja tendência não mais se inverteu – por contribuírem para fazer diminuir a liquidez de grande parte dos jogadores. Questionada sobre diligências adicionais que têm sido tomadas para conter as transacções ilegais com as autoridades da China, a PJ referiu apenas que tem “um mecanismo de cooperação com o Ministério da Segurança”. Em meados de Dezembro, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou um sistema de monitorização em tempo real para os cartões bancários emitidos na China, de modo a combater “as actividades financeiras ilegais transfronteiriças e o branqueamento de capitais”. “As empresas comerciais/comerciantes a monitorizar em tempo real serão primeiro as de alto risco, localizadas perto dos casinos, consistindo, principalmente, em lojas de ‘joalharia’ e ‘relojoaria’, enquanto, num segundo momento, o sistema de monitorização será extensivo a outras de alto risco, onde sejam transaccionadas mercadorias de elevado valor”, referia uma nota da AMCM. “Tendo presente que o volume de negócios é relativamente elevado, os cartões China ‘UnionPay’ ficarão sujeitos à referida supervisão de monitorização em primeiro lugar”, acrescentava o supervisor bancário. Este sistema de monitorização em tempo real tem como função “verificar a identidade dos portadores de cartões bancários emitidos na China, relativamente ao processo de consumo, bem como a confirmar a relação efectiva entre os cartões bancários e os seus titulares, salvaguardando, assim, os direitos e interesses legítimos dos titulares dos cartões, dos comerciantes e dos bancos”.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadePassaporte da RAEM já deu problemas a cinco pessoas desde 2013 Ng Kuok Cheong denunciou casos em que portadores do passaporte da RAEM são impedidos de entrar em alguns países com suposta isenção de visto. A DSI confirma<7h5> [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram cinco os residentes de Macau que, entre 2013 e 2015, tiveram problemas em fronteiras de países estrangeiros com acordo de visa com a RAEM. É o que diz a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) ao HM, na sequência de uma interpelação de Ng Kuok Cheong onde o deputado questionava o Governo sobre o poder deste passaporte lá fora. A DSI adianta que todos estes casos anómalos são reportados às embaixadas ou consulados de Macau nos países respectivos. “Sempre que somos informados das dificuldades sentidas por residentes de Macau nas fronteiras, imediatamente notificamos, por via oficial, a autoridade diplomática do país em questão”, refere a DSI na resposta. A lista de países que aceitam este documento livres de visto ou com visto à chegada engloba 118 países. Igualmente questionada pelo HM acerca de existência de reclamações, por parte de cidadãos locais, relativamente ao comportamento em fronteiras estrangeiras, a DSI assegura que não tem registo de qualquer situação semelhante. Vai, no entanto, reportar qualquer futuro caso às autoridades superiores. O mesmo organismo lembra que todos os países “têm o direito de negar a entrada de qualquer estrangeiro no seu país ou território”, mesmo depois de ter acordado pela isenção de visto. Ademais, a DSI afirma que tem estado a “verificar os requisitos de visto exigidos por outros países a residentes de Macau”, preparando-se para “anunciar novas informações ao público” assim que for possível. Ng Kuok Cheong assegura, na sua interpelação, que nalguns países onde supostamente haveria isenção de visto as pessoas estão a ser impedidas de entrar a menos que paguem as despesas. O deputado deu como exemplo países como a Tânzania, em que portadores de passaporte de Macau tiveram de pagar despesas do visto à chegada, e de países como o Azerbaijão, Uzbequistão, Cazaquistão e Bielorrússia, entre outros, onde o pedido de visto – que deve ser emitido à chegada – foi mesmo recusado aos portadores de passaporte de Macau, por “não haver cartas de convite” desses países. O deputado apontou ainda que existem residentes que passaram pela Indonésia e entraram em Timor-Leste por via terrestre aos quais não foram concedidos vistos.
Flora Fong SociedadeAssociação quer criar “cais de marisco” no Porto Interior [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Amizade da Zona do Porto Interior espera que a entrada das novas águas territoriais na jurisdição de Macau possa melhorar a zona do Porto Interior, nomeadamente as concessões dos cais. Lei Kit Hong, presidente da Associação, disse ao jornal Ou Mun que a criação de um cais de marisco e um restaurante na zona do Porto Interior poderia desenvolver as zonas abandonadas dos cais e criar um novo ponto de interesse turístico com valor histórico para Macau, para além de aliviar a pressão sentida no centro da cidade. Lei Kit Hong deu este exemplo com base no que já existe em Pattaya, na Tailândia. As visitas marítimas de lazer que já se realizam em Singapura foi também outro exemplo apontado por Lei Kit Hong como forma de revitalização do Porto Interior e de manter as características dos bairros antigos. O presidente da Associação referiu ainda que, antes da transferência de soberania, os cais do Porto Interior eram feitos de madeira, mas como o Governo português quis revitalizar a zona, foi permitido aos comerciantes a construção de cais em cimento. Actualmente, o Porto Interior conta com 30 cais, sendo que Lei Kit Hong alertou para o facto de, ao longo do tempo, e devido à falta de gestão local sob as águas territoriais, os concessionários dos cais terem de pedir a renovação do arrendamento dos espaços ao Governo, o que dificultava um planeamento a longo prazo.
Flora Fong Manchete SociedadeJogo | Promotor do casino L’Arc desviou 100 milhões e desapareceu Mais um caso como a Dore: o responsável por uma sala VIP deixou Macau com dinheiro de investidores e ninguém sabe onde está [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]vice-director de uma sala VIP do casino L’Arc, de nome Chan Yan Hung, está a ser investigado por ter desviado 90 milhões de dólares de Hong Kong de investidores. O desvio influenciou o financiamento de pelo menos outras dez salas VIP, segundo a imprensa chinesa. As autoridades já confirmaram o caso. Segundo o canal de televisão MASTV, Chan Yan Hung desviou o dinheiro e fichas num valor de 90 milhões de dólares de Hong Kong e está desaparecido desde o dia 2 de Janeiro. Lei, um dos donos das salas VIP, revelou à MASTV que o suspeito é promotor de todas as salas VIP dentro deste casino e que, conta, é responsável por verificar todas as contas em cada sala mensalmente. No entanto, conta, o suspeito deixou de estar contactável no início deste mês. “Todos os meses as receitas das salas VIP são divididas com o casino, no dia 2 ele devia ter distribuído as receitas por cada sala VIP, mas até agora ninguém o conseguiu contactar”, acrescentou. Lei avançou ainda que a directora do L’Arc, Angela Leong, está a questionar-se como é que o promotor de Jogo conseguiu desviar este grande número de capital numa só vez. “Este caso é diferente do caso da Dore. O suspeito roubou dinheiro daqueles que depositaram confiança nele. Chan Yan Hung trabalha no casino L’Arc há muitos anos e ganhou a confiança de Angela Leong, mas esta situação está a assustar os responsáveis”, apontou. Segundo o jornal Apple, de Hong Kong, Chan Yan Hung terá angariado capital de forma ilegal, através das funções que desempenha no casino onde trabalha. Depois de surgir o caso Dore, em Setembro do ano passado, vários investidores tentaram retirar o dinheiro deste promotor de Jogo, mas tal foi rejeitado, com a empresa a empresa a alegar problemas financeiros. A Polícia Judiciária (PJ) afirmou ao HM que já recebeu a queixa de um funcionário do casino L’Arc e que está, garantiu, a investigar o caso, apesar de ainda não poder divulgar informações. Para Billy Song, director da Associação de Jogo Responsável de Macau, este é mais um caso de desvio de dinheiro de sala VIP que mostra a falta de supervisão em relação ao grande movimento de dinheiro nestas salas. Questionado pelo HM, o casino L’Arc não quis prestar declarações. Não se sabe também qual a empresa junket que lidera a salas.
Flora Fong SociedadeOcean Garden | Aumentos ameaçam gestão de condomínio [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Angela Leong indicou ontem que a empresa de gestão predial do Ocean Garden, na Taipa, pediu um aumento de 28% nas despesas de condomínio, solicitando a recuperação do que terão sido dois milhões de patacas perdidos em “trabalhos de gestão”. A empresa em causa chegou a ameaçar os proprietários de cortes nos serviços básicos dos edifícios caso estes não aprovem o aumento. A deputada denunciou o caso num comunicado enviado à imprensa, onde disse que a Lei do Salário Mínimo para os Trabalhadores de Limpeza e de Segurança na Actividade de Administração Predial, que entrou em vigor no início deste ano, já está a causar conflitos na gestão predial devido ao aumento de despesas. A deputada lembrou que durante a discussão da lei os deputados chamaram a atenção do Governo para resolver os conflitos que poderiam decorrer. O Governo garantiu que já existia um plano para assegurar a segurança nas habitações. No entanto, Angela Leong observou que nos últimos tempos, os proprietários preferem que os edifícios entrem em “auto-gestão”, em vez de pagarem mais despesas de condomínios. A também empresária revelou que recebeu um aviso da empresa de gestão, partilhado pelos proprietários do Ocean Garden, em que o conteúdo apontava um aumento de 28% de despesas de condomínio e um pedido aos proprietários de recuperação de “dois milhões de prejuízo da empresa de gestão ao longo dos anos”. A empresa indicou ainda que, caso os proprietários não aceitem as condições, os serviços de shuttle bus, alguns canais de televisão e o funcionamento de certos elevadores podem ser cortados. “É chocante”, apontou a deputada. Na opinião de Angela Leong – tal como na de Ng Kuok Cheong – o Governo deve intervir nos conflitos de empresa de gestão através de conciliação, além de saber lidar com as ausências na administração de propriedades. A deputada espera também que a empresa de gestão possa chegar a uma concordância sobre as despesas.