Ensino | “Um País, Dois Sistemas” é basilar para o desenvolvimento da UM

[dropcap]O[/dropcap] reitor da Universidade de Macau (UM) Yonghua Song ambiciona, segundo uma entrevista concedida ao China Daily, que a instituição venha a ocupar um lugar de prestígio não só na região da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau, mas também a nível mundial, de forma a “contribuir para o desenvolvimento global da nação”.
“Como única universidade pública da RAEM, estamos empenhados em servir a estratégia de desenvolvimento do Governo em fazer de Macau uma plataforma, um centro e uma base para a nação”, referiu Yonghua Song.
O responsável afirmou ainda que sem o princípio “Um País, Dois Sistemas” o crescimento da UM em Macau estaria hipotecado à partida. Segundo o China Daily, a UM, fundada na Taipa em 1981, cobria originalmente uma área de 5.4 hectares, ao passo que em 2014, a área da Universidade já tinha crescido cerca de 20 vezes, em relação ao seu tamanho original, dado que expandiu a sua área de actuação para terrenos da ilha de Hengqin, em Zhuhai.
“A UM não alcançaria novos patamares de desenvolvimento com o seu tamanho original e é difícil encontrar um terreno tão grande quanto o de Hengqin em Macau”, disse Song. “Se não existisse ‘Um País, Dois Sistemas’, a UM não teria a oportunidade de arrendar terras da China continental sob a jurisdição do Governo da RAEM”, acrescentou.
Numa altura em que se celebra o 20º aniversário do retorno de Macau à China, segundo o reitor da UM, a instituição irá continuar a expandir a capacidade de acolher novos alunos, “incluindo os que vêm das cidades que fazem parte da Grande Baía” e ainda, “ser mais pró-activa em termos de transferências tecnológicas”, de forma a ajudar seus alunos “a tornar os seus sonhos em realidade” na Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau. De acordo com a mesma fonte, existem actualmente 30 startups fundadas por estantes e membros da UM.

17 Dez 2019

Economia | Fitch desce perspectiva de estável para negativa 

A agência de rating Fitch mantém a economia de Macau numa boa posição, com a classificação de “AA”, mas decidiu baixar a perspectiva de estável para negativa face ao ano de 2020. São apontados factores como a dependência dos turistas do interior da China e a falta de diversificação económica

 

[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira internacional Fitch anunciou ontem que manteve a classificação de ‘AA’ para a economia de Macau, mas reduziu a perspectiva para 2020 de estável para negativa.

A dependência do fluxo turístico do interior da China associado ao jogo é uma das razões. Outra, é a falta de diversificação da economia, cuja indústria explorada pelas operadoras de casinos representa 51 por cento da actividade e 22 por cento da população empregada. Tal “expõe a economia a choques e contribuiu para o nível historicamente alto de volatilidade do PIB [Produto Interno Bruto] em Macau”, concluiu a agência.

A nível externo, a Fitch disse não acreditar “que seja provável que as operações de Macau dos operadores de casino dos EUA sejam envolvidas nas tensões comerciais EUA-China, dadas as possíveis ramificações que isso poderia ter no emprego local e na estabilidade social do território”, mas ressalvou que as perspectivas de crescimento “podem ser indirectamente afectadas por novas escaladas” da guerra comercial.

Pontos fortes

A agência voltou a destacar as “excepcionalmente fortes” finanças públicas de Macau, as políticas governativas que demonstram “compromisso com a prudência fiscal”, mas lembrou que “o crescimento mais lento da China continental teve um efeito de abrandamento no sector de jogos de Macau, com a receita bruta (…) a cair 2,4 por cento nos últimos nos 11 meses de 2019”, razão pela qual prevê uma contracção da economia de 2,5 por cento em 2019.

A mesma entidade destacou que “o desempenho fiscal continua forte, apesar da crise económica” e previu mesmo um excedente fiscal de 11,5% do PIB em 2019, “já que os resultados orçamentais até o final de Outubro apontam para a arrecadação de receita que excede consideravelmente a meta de 2019, enquanto as despesas correntes e de capital permanecem bem abaixo do orçamentado”.

Outros dados positivos que contribuem para Macau continuar classificada dois níveis acima da China continental passam pelas reservas fiscais, que deverão atingir 152 por cento do PIB em 2019, e pela ausência de dívida pública.

Factores que a Fitch antecipa que não se alterem com o novo Governo de Macau, que toma posse na sexta-feira. A agência considerou que a exposição dos bancos de Macau ao interior da China como o único maior risco financeiro para o sector. Por outro lado, a classificação de ‘AA’, explicou a Fitch, “assenta na suposição de que a governança do território, o estado de direito, a estrutura da política económica e os ambientes de negócios e regulatórios permanecem distintos do continente”.

“Essas premissas estão a evoluir, à medida que as regiões administrativas especiais chinesas se tornam mais intimamente integradas ao sistema de governança nacional, que foi acelerado por eventos em Hong Kong, bem como por meio de iniciativas políticas como a Grande Baía, que buscam melhorar oportunidades de crescimento regional a longo prazo, integrando mais estreitamente as economias do sul da China”.

17 Dez 2019

Economia | Fitch desce perspectiva de estável para negativa 

A agência de rating Fitch mantém a economia de Macau numa boa posição, com a classificação de “AA”, mas decidiu baixar a perspectiva de estável para negativa face ao ano de 2020. São apontados factores como a dependência dos turistas do interior da China e a falta de diversificação económica

 
[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira internacional Fitch anunciou ontem que manteve a classificação de ‘AA’ para a economia de Macau, mas reduziu a perspectiva para 2020 de estável para negativa.
A dependência do fluxo turístico do interior da China associado ao jogo é uma das razões. Outra, é a falta de diversificação da economia, cuja indústria explorada pelas operadoras de casinos representa 51 por cento da actividade e 22 por cento da população empregada. Tal “expõe a economia a choques e contribuiu para o nível historicamente alto de volatilidade do PIB [Produto Interno Bruto] em Macau”, concluiu a agência.
A nível externo, a Fitch disse não acreditar “que seja provável que as operações de Macau dos operadores de casino dos EUA sejam envolvidas nas tensões comerciais EUA-China, dadas as possíveis ramificações que isso poderia ter no emprego local e na estabilidade social do território”, mas ressalvou que as perspectivas de crescimento “podem ser indirectamente afectadas por novas escaladas” da guerra comercial.

Pontos fortes

A agência voltou a destacar as “excepcionalmente fortes” finanças públicas de Macau, as políticas governativas que demonstram “compromisso com a prudência fiscal”, mas lembrou que “o crescimento mais lento da China continental teve um efeito de abrandamento no sector de jogos de Macau, com a receita bruta (…) a cair 2,4 por cento nos últimos nos 11 meses de 2019”, razão pela qual prevê uma contracção da economia de 2,5 por cento em 2019.
A mesma entidade destacou que “o desempenho fiscal continua forte, apesar da crise económica” e previu mesmo um excedente fiscal de 11,5% do PIB em 2019, “já que os resultados orçamentais até o final de Outubro apontam para a arrecadação de receita que excede consideravelmente a meta de 2019, enquanto as despesas correntes e de capital permanecem bem abaixo do orçamentado”.
Outros dados positivos que contribuem para Macau continuar classificada dois níveis acima da China continental passam pelas reservas fiscais, que deverão atingir 152 por cento do PIB em 2019, e pela ausência de dívida pública.
Factores que a Fitch antecipa que não se alterem com o novo Governo de Macau, que toma posse na sexta-feira. A agência considerou que a exposição dos bancos de Macau ao interior da China como o único maior risco financeiro para o sector. Por outro lado, a classificação de ‘AA’, explicou a Fitch, “assenta na suposição de que a governança do território, o estado de direito, a estrutura da política económica e os ambientes de negócios e regulatórios permanecem distintos do continente”.
“Essas premissas estão a evoluir, à medida que as regiões administrativas especiais chinesas se tornam mais intimamente integradas ao sistema de governança nacional, que foi acelerado por eventos em Hong Kong, bem como por meio de iniciativas políticas como a Grande Baía, que buscam melhorar oportunidades de crescimento regional a longo prazo, integrando mais estreitamente as economias do sul da China”.

17 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão “desaparecido” é suspeito de contrabando

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Segurança Pública da Província de Guangdong afirmaram através da sua conta oficial da rede social Weibo, que o cidadão de Hong Kong que “desapareceu” na passada sexta-feira quando vinha para Macau através da Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau foi detido por suspeita de contrabando. Recorde-se que o caso só veio a público depois do filho do desaparecido ter denunciado a situação aos meios de comunicação social.

Segundo as informações das autoridades do interior da China o homem detido, de apelido Chung, tem 53 anos, é residente de Hong Kong e era procurado pelas autoridades de Shenzhen desde de Agosto de 2012, por suspeita de contrabandear telemóveis através de condutores de camiões entre Guangdong e Hong Kong.

A pensar na vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações dos 20 anos da RAEM, as autoridades do interior da China contam com mais postos de controlo de segurança instalados nas ilhas artificiais da ponte, de forma a proceder à inspecção de todos aqueles que se deslocam para a cidade chinesa de Zhuhai ou para a RAEM provenientes de Hong Kong.

17 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão “desaparecido” é suspeito de contrabando

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Segurança Pública da Província de Guangdong afirmaram através da sua conta oficial da rede social Weibo, que o cidadão de Hong Kong que “desapareceu” na passada sexta-feira quando vinha para Macau através da Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau foi detido por suspeita de contrabando. Recorde-se que o caso só veio a público depois do filho do desaparecido ter denunciado a situação aos meios de comunicação social.
Segundo as informações das autoridades do interior da China o homem detido, de apelido Chung, tem 53 anos, é residente de Hong Kong e era procurado pelas autoridades de Shenzhen desde de Agosto de 2012, por suspeita de contrabandear telemóveis através de condutores de camiões entre Guangdong e Hong Kong.
A pensar na vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações dos 20 anos da RAEM, as autoridades do interior da China contam com mais postos de controlo de segurança instalados nas ilhas artificiais da ponte, de forma a proceder à inspecção de todos aqueles que se deslocam para a cidade chinesa de Zhuhai ou para a RAEM provenientes de Hong Kong.

17 Dez 2019

Segurança | Metro encerra três dias

[dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Metro Ligeiro de Macau anunciou ontem que a única linha existente vai estar encerrada durante três dias, devido às “medidas especiais de segurança”.

“Em coordenação com as medidas especiais de segurança do Governo da RAEM, será suspenso a partir das 13H00 do dia 18 até ao dia 20 de Dezembro de 2019 o serviço público de transporte de passageiros na linha da Taipa do Metro Ligeiro de Macau, sendo restabelecido o funcionamento normal no dia 21 de Dezembro”, consta no comunicado de ontem à noite.

“A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A, solicita a atenção do público para esta situação. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”, foi acrescentado.

17 Dez 2019

Segurança | Metro encerra três dias

[dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Metro Ligeiro de Macau anunciou ontem que a única linha existente vai estar encerrada durante três dias, devido às “medidas especiais de segurança”.
“Em coordenação com as medidas especiais de segurança do Governo da RAEM, será suspenso a partir das 13H00 do dia 18 até ao dia 20 de Dezembro de 2019 o serviço público de transporte de passageiros na linha da Taipa do Metro Ligeiro de Macau, sendo restabelecido o funcionamento normal no dia 21 de Dezembro”, consta no comunicado de ontem à noite.
“A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A, solicita a atenção do público para esta situação. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”, foi acrescentado.

17 Dez 2019

Gasolina | Abastecimento garantido durante a visita de Xi Jinping

As perturbações de trânsito associadas à vinda do Presidente chinês a Macau levaram gasolineiras e distribuidoras a alertar para dificuldades de abastecimento durante as celebrações do 20.º aniversário da RAEM. A Associação dos Industriais de Combustíveis garante que haverá combustível, mas a afluência às bombas registou aumentos nas últimas horas, como o HM verificou

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar das garantias, as gasolineiras estão a apostar na prevenção para os próximos dias. A Associação dos Industriais de Combustíveis garante que haverá normalidade do abastecimento de combustível durante as celebrações do 20.º aniversário da RAEM. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a associação aponta que Macau tem reservas de combustível suficientes e que, por isso, não vão existir falhas de abastecimento, apesar “dos boatos que estão a circular na internet”.

Segundo um anúncio divulgado pela distribuidora de combustíveis Luen Ying Hong Co. Ltd, podem vir a ser sentidas dificuldades no abastecimento de gás durante a visita de Xi Jinping, “causadas pelas alterações no trânsito”. No mesmo anúncio, a distribuidora alerta os consumidores para as dificuldades no abastecimento de gás nos próximos dias 18, 19 e 20 de Dezembro, devendo as encomendas de gás engarrafado ser feitas “antes de 15, 16 e 17 de Dezembro”.

Garantias e precauções

Num posto de abastecimento da Shell, em Macau, podia também ler-se, num aviso dirigido aos clientes, que “entre 18 e 20 de Dezembro, os tanques de gasolina poderão não estar cheios porque as modificações de trânsito a implementar no período referido poderão afectar o serviço de transporte de combustíveis. Por isso, é melhor reabastecer carro antes de 16 e 17 de Dezembro”.

O HM foi ao posto de gasolina da Esso na Avenida da Amizade para verificar a situação e comprovou que, apesar de não serem esperadas falhas, a afluência tem aumentado nas últimas horas e deverão existir menos abastecimentos durante a vinda do Presidente Xi a Macau.

“Vamos ter gasolina durante a visita do presidente Xi. No entanto, prevemos que o serviço de transporte de combustíveis seja afectado porque a circulação destes tipos de veículos vai ser proibida em certos períodos do dia. Há normalmente três abastecimentos, mas é muito provável que venham a existir apenas dois por dia, durante a vinda do Presidente Xi”, disse ao HM a responsável do posto de abastecimento.

Questionada sobre se era normal o número de carros que faziam fila para abastecer, a responsável pelo posto começou por dizer que durante o dia de ontem, ”elementos da Direcção dos Serviços de Economia já tinham feito a mesma pergunta”. “Estamos bem, temos gasolina suficiente e a afluência tem sido normal aqui, mas sei que outros postos estão um pouco mais cheios do que é normal”, referiu a responsável pelo posto de abastecimento.

17 Dez 2019

Gasolina | Abastecimento garantido durante a visita de Xi Jinping

As perturbações de trânsito associadas à vinda do Presidente chinês a Macau levaram gasolineiras e distribuidoras a alertar para dificuldades de abastecimento durante as celebrações do 20.º aniversário da RAEM. A Associação dos Industriais de Combustíveis garante que haverá combustível, mas a afluência às bombas registou aumentos nas últimas horas, como o HM verificou

 
[dropcap]A[/dropcap]pesar das garantias, as gasolineiras estão a apostar na prevenção para os próximos dias. A Associação dos Industriais de Combustíveis garante que haverá normalidade do abastecimento de combustível durante as celebrações do 20.º aniversário da RAEM. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a associação aponta que Macau tem reservas de combustível suficientes e que, por isso, não vão existir falhas de abastecimento, apesar “dos boatos que estão a circular na internet”.
Segundo um anúncio divulgado pela distribuidora de combustíveis Luen Ying Hong Co. Ltd, podem vir a ser sentidas dificuldades no abastecimento de gás durante a visita de Xi Jinping, “causadas pelas alterações no trânsito”. No mesmo anúncio, a distribuidora alerta os consumidores para as dificuldades no abastecimento de gás nos próximos dias 18, 19 e 20 de Dezembro, devendo as encomendas de gás engarrafado ser feitas “antes de 15, 16 e 17 de Dezembro”.

Garantias e precauções

Num posto de abastecimento da Shell, em Macau, podia também ler-se, num aviso dirigido aos clientes, que “entre 18 e 20 de Dezembro, os tanques de gasolina poderão não estar cheios porque as modificações de trânsito a implementar no período referido poderão afectar o serviço de transporte de combustíveis. Por isso, é melhor reabastecer carro antes de 16 e 17 de Dezembro”.
O HM foi ao posto de gasolina da Esso na Avenida da Amizade para verificar a situação e comprovou que, apesar de não serem esperadas falhas, a afluência tem aumentado nas últimas horas e deverão existir menos abastecimentos durante a vinda do Presidente Xi a Macau.
“Vamos ter gasolina durante a visita do presidente Xi. No entanto, prevemos que o serviço de transporte de combustíveis seja afectado porque a circulação destes tipos de veículos vai ser proibida em certos períodos do dia. Há normalmente três abastecimentos, mas é muito provável que venham a existir apenas dois por dia, durante a vinda do Presidente Xi”, disse ao HM a responsável do posto de abastecimento.
Questionada sobre se era normal o número de carros que faziam fila para abastecer, a responsável pelo posto começou por dizer que durante o dia de ontem, ”elementos da Direcção dos Serviços de Economia já tinham feito a mesma pergunta”. “Estamos bem, temos gasolina suficiente e a afluência tem sido normal aqui, mas sei que outros postos estão um pouco mais cheios do que é normal”, referiu a responsável pelo posto de abastecimento.

17 Dez 2019

RAEM, 20 anos | Gémeos nascidos antes da transferência dizem que Macau é “cada vez mais China”

Pouco antes da meia-noite, a 19 de Dezembro de 1999, os gémeos Rodrigo e Santiago Castanheira tornaram-se nos últimos a nascerem em Macau sob administração portuguesa, numa cidade que, dizem os próprios, “é cada vez mais China”

 

[dropcap]A[/dropcap] partir dos 15 anos deixaram de ir a Portugal. Deixaram de seguir as novelas brasileiras nas televisões portuguesas, mas ainda assistem aos ‘telejornais’. Seguem religiosa e orgulhosamente a selecção portuguesa de futebol, mas não votam. Gostam de pasteis de nata, mas franzem o sobrolho “às réplicas chinesas” e preferem aqueles que vêm congelados de Portugal. Não falam cantonês ou mandarim, elogiam a qualidade de vida de Macau, mas criticam a falta de civismo, sobretudo daqueles que vêm do Interior da China.

Rodrigo e Santiago, que nasceram separados por cinco minutos, hesitam, mas são assertivos na conclusão: são tão macaenses como portugueses. Mas macaenses fruto da união dos “pais que são mesmo portugueses”, que “não são mistura”.

A política é assunto raro na conversa com os amigos. Contudo, os gémeos dizem sentir um “clima cada vez mais impositivo” em Macau, que “é cada vez mais China”. E conseguem traçar uma diferença significativa entre a população, mas sobretudo entre os jovens, do território e da cidade vizinha de Hong Kong que tem sido marcada há meio ano por manifestações violentas: “Em Macau não há razões para se protestar”, sentencia Rodrigo, com Santiago a admitir que durante muito tempo não sabia qual a origem das marchas pró-democracia.

Da ‘margem’ de Macau, que só tem recebido elogios de Pequim pelo sucesso na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, traçam uma certeza política sobre o que se passa na região vizinha: “Se querem a independência de Hong Kong, se querem ser Taiwan, é claro que a China não vai deixar. Aqui e em Hong Kong é a China que decide”.

Lamentam a falta de civismo e comparam, mais uma vez a realidade de Macau com a de Hong Kong. Dizem que “ao lado, fazem filas nas escadas rolantes, nos autocarros, no metro, não se veem beatas de cigarros no chão e não é frequente cuspirem para o chão”. Em Macau, destacam, já não é assim.

Depois do pôr do sol

Nas deslocações entre a praia de Hac Sá, onde vivem, no sudeste da ilha de Coloane, e a península de Macau, viram crescer a economia idealizada por Pequim: os hotéis, os casinos e todos os equipamentos associados à exploração do jogo, onde antes apenas existia pouco mais do que um pântano.

À ‘boleia’ do jogo chegou alguma criminalidade, mas que não é visível à luz do dia, explicam, exemplificando: “à noite é que aparecem os mafiosos e a prostituição”. Uma criminalidade insuficiente, contudo, para ‘contaminar’ uma cidade que é “uma das mais seguras do mundo, de certeza”, algo que valorizam e que contribui para apontarem “a qualidade de vida que existe em Macau”.

Em Macau, “cidade muito pequena (…) onde já não se fala praticamente o português”, habituaram-se a percorrer as ruas sem que quase ninguém perceba o que conversam, pelo que lhes causa alguma estranheza os relatos bem diferentes do irmão mais velho, que estuda Direito em Portugal.

Diferentes, são “os melhores amigos que vivem na mesma casa”. Santiago já terminou o 12.º ano, está a fazer “uma pausa” para melhorar as notas na disciplina de português e quer estudar gestão empresarial em Portugal. Rodrigo está a concluir o 12.º, quer continuar a jogar râguebi, mas profissional, e seguir a área de desporto, em Hong Kong ou em Macau.

Adoram o antigo território administrado por Portugal, uma “cidade multicultural”. Santiago defende que Macau devia apostar mais nas políticas ambientais. Rodrigo sustenta que a ‘Las Vegas da Ásia’ tem que “investir em outras coisas porque o jogo não vai durar para sempre”.

Santiago sintetiza o sentimento comum dos gémeos, quando vem à baila a história associada aos seus nascimentos: “Já não há muito para acrescentar, mas é sempre giro dizer que fui o último a nascer no Império português!”.

17 Dez 2019

RAEM, 20 anos | Gémeos nascidos antes da transferência dizem que Macau é “cada vez mais China”

Pouco antes da meia-noite, a 19 de Dezembro de 1999, os gémeos Rodrigo e Santiago Castanheira tornaram-se nos últimos a nascerem em Macau sob administração portuguesa, numa cidade que, dizem os próprios, “é cada vez mais China”

 
[dropcap]A[/dropcap] partir dos 15 anos deixaram de ir a Portugal. Deixaram de seguir as novelas brasileiras nas televisões portuguesas, mas ainda assistem aos ‘telejornais’. Seguem religiosa e orgulhosamente a selecção portuguesa de futebol, mas não votam. Gostam de pasteis de nata, mas franzem o sobrolho “às réplicas chinesas” e preferem aqueles que vêm congelados de Portugal. Não falam cantonês ou mandarim, elogiam a qualidade de vida de Macau, mas criticam a falta de civismo, sobretudo daqueles que vêm do Interior da China.
Rodrigo e Santiago, que nasceram separados por cinco minutos, hesitam, mas são assertivos na conclusão: são tão macaenses como portugueses. Mas macaenses fruto da união dos “pais que são mesmo portugueses”, que “não são mistura”.
A política é assunto raro na conversa com os amigos. Contudo, os gémeos dizem sentir um “clima cada vez mais impositivo” em Macau, que “é cada vez mais China”. E conseguem traçar uma diferença significativa entre a população, mas sobretudo entre os jovens, do território e da cidade vizinha de Hong Kong que tem sido marcada há meio ano por manifestações violentas: “Em Macau não há razões para se protestar”, sentencia Rodrigo, com Santiago a admitir que durante muito tempo não sabia qual a origem das marchas pró-democracia.
Da ‘margem’ de Macau, que só tem recebido elogios de Pequim pelo sucesso na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, traçam uma certeza política sobre o que se passa na região vizinha: “Se querem a independência de Hong Kong, se querem ser Taiwan, é claro que a China não vai deixar. Aqui e em Hong Kong é a China que decide”.
Lamentam a falta de civismo e comparam, mais uma vez a realidade de Macau com a de Hong Kong. Dizem que “ao lado, fazem filas nas escadas rolantes, nos autocarros, no metro, não se veem beatas de cigarros no chão e não é frequente cuspirem para o chão”. Em Macau, destacam, já não é assim.

Depois do pôr do sol

Nas deslocações entre a praia de Hac Sá, onde vivem, no sudeste da ilha de Coloane, e a península de Macau, viram crescer a economia idealizada por Pequim: os hotéis, os casinos e todos os equipamentos associados à exploração do jogo, onde antes apenas existia pouco mais do que um pântano.
À ‘boleia’ do jogo chegou alguma criminalidade, mas que não é visível à luz do dia, explicam, exemplificando: “à noite é que aparecem os mafiosos e a prostituição”. Uma criminalidade insuficiente, contudo, para ‘contaminar’ uma cidade que é “uma das mais seguras do mundo, de certeza”, algo que valorizam e que contribui para apontarem “a qualidade de vida que existe em Macau”.
Em Macau, “cidade muito pequena (…) onde já não se fala praticamente o português”, habituaram-se a percorrer as ruas sem que quase ninguém perceba o que conversam, pelo que lhes causa alguma estranheza os relatos bem diferentes do irmão mais velho, que estuda Direito em Portugal.
Diferentes, são “os melhores amigos que vivem na mesma casa”. Santiago já terminou o 12.º ano, está a fazer “uma pausa” para melhorar as notas na disciplina de português e quer estudar gestão empresarial em Portugal. Rodrigo está a concluir o 12.º, quer continuar a jogar râguebi, mas profissional, e seguir a área de desporto, em Hong Kong ou em Macau.
Adoram o antigo território administrado por Portugal, uma “cidade multicultural”. Santiago defende que Macau devia apostar mais nas políticas ambientais. Rodrigo sustenta que a ‘Las Vegas da Ásia’ tem que “investir em outras coisas porque o jogo não vai durar para sempre”.
Santiago sintetiza o sentimento comum dos gémeos, quando vem à baila a história associada aos seus nascimentos: “Já não há muito para acrescentar, mas é sempre giro dizer que fui o último a nascer no Império português!”.

17 Dez 2019

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.

Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.

No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.

No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.

Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.

Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.

É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.

Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.

A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.

Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.

A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.

Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.

Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.

A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.

Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.

O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.

Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.

“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.

“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

17 Dez 2019

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 
[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.
Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.
No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.
No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.
Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.
Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.
É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.
Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.
A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.
Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.
A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.
Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.
Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.
A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.
Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.
O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.
Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.
“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.
“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

17 Dez 2019

Justiça | Caso da criptomoeda leva filho de Rita Santos ao tribunal

Está decidido: Frederico Rosário vai responder pelo crime de fraude. Quando o caso surgiu, a PJ apontou perdas de 14,2 milhões de patacas e se esse valor for confirmado o filho da conselheira das comunidades portuguesas arrisca uma pena de prisão de 10 anos

 

[dropcap]F[/dropcap]rederico Rosário, filho de Rita Santos, vai ser julgado por burla devido a investimentos relacionados com criptomoeda. A primeira audiência do julgamento está agendada para 2 de Junho e a notícia foi avançada pela Rádio Macau, na passada sexta-feira.

O empresário, de 34 anos, foi detido em Setembro do ano passado devido a um caso que envolve igualmente o sócio Dennis Lau, residente de Hong Kong, que também é arguido no caso. Nessa altura, Frederico Rosário foi libertado depois do pagamento de uma caução de 50 mil patacas e ficou ainda sujeito a apresentações semanais.

O caso gerou controvérsia uma vez que, segundo os dados apresentados pela Polícia Judiciária, há 71 pessoas de Macau envolvidas que totalizam perdas de 14,2 milhões de patacas. Porém, na altura do investimento tinha havido promessas de retornos elevados, em alguns casos superiores a 25 por cento. Por isso, houve alguns lesados que chegaram inclusive a investir quantias de 1,8 milhões de patacas.

Frederico Rosário era o responsável pelo negócio da criptomoeda em Macau e foi nesse papel que houve uma sessão, organizada na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (AFTPM), de promoção do projecto. Rita Santos, mãe do empresário, é presidente da assembleia-geral da ATFPM.

No entanto, quando sugiram as notícias os dois vieram negar qualquer ilegalidade e terá mesmo sido Frederico Rosário a apresentar queixa.

O crime de burla é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos 3 anos. Porém, e como deve acontecer nesta situação, o montante em causa pode ser visto à luz da lei como “consideravelmente elevado” e a pena de prisão passa a ser de 2 a 10 anos de prisão.

Depois de Coutinho, Rita

O caso que emergiu em Setembro do ano passado volta a colocar familiares dos principais dirigentes da ATFPM, e conselheiros das comunidades portuguesas, debaixo de fogo.

Também em Outubro de 2017, os filhos de José Pereira Coutinho, presidente da associação para funcionários públicos e deputado, foram condenados com penas de oito anos de prisão devido à prática de tráfico de droga.

O caso envolveu o envio por correio de um pacote com estupefacientes. Apesar de ter sido dado como provado que a polícia de Hong Kong tinha aberto o pacote antes deste chegar a Macau, a prova foi aceite e Benjamin e Alexandre foram mesmo condenados. Após recurso, a sentença acabou mesmo por ser validada pelo Tribunal de Segunda Instância.

Agora é Frederico Rosário quem vai a julgamento e no pior dos cenários pode mesmo apanhar uma pena semelhante ou superior à dos filhos de José Pereira Coutinho.

16 Dez 2019

Justiça | Caso da criptomoeda leva filho de Rita Santos ao tribunal

Está decidido: Frederico Rosário vai responder pelo crime de fraude. Quando o caso surgiu, a PJ apontou perdas de 14,2 milhões de patacas e se esse valor for confirmado o filho da conselheira das comunidades portuguesas arrisca uma pena de prisão de 10 anos

 
[dropcap]F[/dropcap]rederico Rosário, filho de Rita Santos, vai ser julgado por burla devido a investimentos relacionados com criptomoeda. A primeira audiência do julgamento está agendada para 2 de Junho e a notícia foi avançada pela Rádio Macau, na passada sexta-feira.
O empresário, de 34 anos, foi detido em Setembro do ano passado devido a um caso que envolve igualmente o sócio Dennis Lau, residente de Hong Kong, que também é arguido no caso. Nessa altura, Frederico Rosário foi libertado depois do pagamento de uma caução de 50 mil patacas e ficou ainda sujeito a apresentações semanais.
O caso gerou controvérsia uma vez que, segundo os dados apresentados pela Polícia Judiciária, há 71 pessoas de Macau envolvidas que totalizam perdas de 14,2 milhões de patacas. Porém, na altura do investimento tinha havido promessas de retornos elevados, em alguns casos superiores a 25 por cento. Por isso, houve alguns lesados que chegaram inclusive a investir quantias de 1,8 milhões de patacas.
Frederico Rosário era o responsável pelo negócio da criptomoeda em Macau e foi nesse papel que houve uma sessão, organizada na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (AFTPM), de promoção do projecto. Rita Santos, mãe do empresário, é presidente da assembleia-geral da ATFPM.
No entanto, quando sugiram as notícias os dois vieram negar qualquer ilegalidade e terá mesmo sido Frederico Rosário a apresentar queixa.
O crime de burla é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos 3 anos. Porém, e como deve acontecer nesta situação, o montante em causa pode ser visto à luz da lei como “consideravelmente elevado” e a pena de prisão passa a ser de 2 a 10 anos de prisão.

Depois de Coutinho, Rita

O caso que emergiu em Setembro do ano passado volta a colocar familiares dos principais dirigentes da ATFPM, e conselheiros das comunidades portuguesas, debaixo de fogo.
Também em Outubro de 2017, os filhos de José Pereira Coutinho, presidente da associação para funcionários públicos e deputado, foram condenados com penas de oito anos de prisão devido à prática de tráfico de droga.
O caso envolveu o envio por correio de um pacote com estupefacientes. Apesar de ter sido dado como provado que a polícia de Hong Kong tinha aberto o pacote antes deste chegar a Macau, a prova foi aceite e Benjamin e Alexandre foram mesmo condenados. Após recurso, a sentença acabou mesmo por ser validada pelo Tribunal de Segunda Instância.
Agora é Frederico Rosário quem vai a julgamento e no pior dos cenários pode mesmo apanhar uma pena semelhante ou superior à dos filhos de José Pereira Coutinho.

16 Dez 2019

Macau/20 anos | Produção literária portuguesa sobre Macau é actualmente escassa

[dropcap]A[/dropcap] produção literária em língua portuguesa sobre Macau é actualmente escassa, apesar de este ser um “território fértil” para narrativas, afirma Hélder Beja, director da agência literária Capítulo Oriental, que quer apostar no reforço da literatura portuguesa neste mercado.

“Não há, de facto, uma grande produção literária em língua portuguesa sobre Macau, mas existe e tem momentos de interesse”, disse em entrevista à Lusa um dos fundadores do Festival Literário de Macau Rota das Letras, explicando essa reduzida produção literária com a “dimensão e características profissionais da comunidade portuguesa” residente.

O português, radicado em Macau desde 2010, considera que não foi a transferência de administração de Macau de Portugal para a China (em Dezembro de 1999) que contribuiu “para a perda de um qualquer imaginário para o qual Macau possa remeter”.

“Não me parece que haja uma fórmula ou um motivo para explicar esses ciclos”, afirmou, reportando-se a anos em que a literatura portuguesa era mais profícua em romances inspirados e ambientados em Macau, aspecto para o qual contribuíram autores como João Aguiar, Camilo Pessanha ou Maria Ondina Braga.

Actualmente à frente de uma agência literária e selo editorial que lançou em Março deste ano, Hélder Beja está apostado em reverter um pouco este cenário, e quer traduzir e publicar no mercado literário macaense alguns livros de autores portugueses, da mesma forma que está a trabalhar com autores locais para publicar novas obras.

“Editámos um livro de um autor açoriano a viver em Macau, Luís Melo, com o título ‘A Humidade dos Dias’. Conseguimos também este ano receber apoios da DGLAB [Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas] e do Instituto Camões para a tradução para chinês das obras ‘O Mal’, de Paulo José Miranda, e ‘O Segredo do Hidroavião’, de Fernando Sobral”.

Hélder Beja planeia conseguir publicar estes livros em Macau em 2020, juntamente com “Camões e Outros Contemporâneos”, de Hélder Macedo, embora a viabilização destes três livros dependa agora também “da vontade das instituições em Macau em apoiar estas iniciativas”.

Ontem, hoje e amanhã

Nos 20 anos que medeiam a fim da administração portuguesa e a administração chinesa o intercâmbio literário e de autores entre Portugal e Macau tem-se mantido, em grande parte, graças ao festival literário que Hélder Beja fundou.

“O Festival Literário de Macau foi, de longe, o que de mais importante se fez no que toca a intercâmbios literários em Macau, não só entre os países de língua portuguesa e a China, mas entre a Ásia e os países ocidentais”.

A título de exemplo recorda que os governos português e chinês fizeram já duas edições de um encontro literário e da indústria do livro entre Portugal e a China, um em cada país.

“Julgo que é uma boa iniciativa, mas pode e deve ser melhorada – e não deve ignorar Macau, como tem feito”, alerta, destacando ainda o “valioso trabalho de edição” levado a cabo em Macau por alguns agentes locais.
Hélder Beja abandonou o festival literário em 2018, ao fim de seis edições, devido “às pressões políticas que levaram ao cancelamento da presença de vários autores no festival”.

Desses anos, de “crescimento incrível apesar dos apoios limitados”, ficou a “experiência tremenda” de dirigir um festival “que comunicou sempre em chinês, português e inglês”, numa “cidade fascinante, repleta de histórias e, ao mesmo tempo, tão afastada delas”.

A partir dessa experiência, fala sobre as influências da presença portuguesa em Macau na literatura que perduram até hoje, e chama a atenção para o facto de “uma boa franja da actual comunidade portuguesa em Macau não olhar apenas para esse legado e essa presença dos portugueses em Macau, mas também para a cidade de hoje e de amanhã”, interessando-se por uma literatura que pense a população actual e o que a rodeia.

“Não se trata de desprezar a história ou o passado, que me são muito caros, mas de não ter grande paciência para mais um conto de caravelas e aventureiros de época”, afirma.

No entanto, reconhece que os sinais da cultura portuguesa não se alteraram nestes anos e “a história, a cultura, a gastronomia, a arquitectura, a língua, estes elementos, continuam presentes e não são menos considerados hoje do que há dez anos”, quando se mudou para Macau.

“Há uma parte cristalizada da comunidade portuguesa que, no seu atavismo, persistirá por muito e muito tempo. E há outra, mais dinâmica, desempoeirada e efervescente que está a aprender a encontrar o seu espaço, já não com um enfoque tão fechado na chamada ‘portugalidade’, mas integrando-se numa mole de gente que fala diferentes idiomas, circula entre culturas e aceita a diferença”.

16 Dez 2019

Macau/20 anos | Produção literária portuguesa sobre Macau é actualmente escassa

[dropcap]A[/dropcap] produção literária em língua portuguesa sobre Macau é actualmente escassa, apesar de este ser um “território fértil” para narrativas, afirma Hélder Beja, director da agência literária Capítulo Oriental, que quer apostar no reforço da literatura portuguesa neste mercado.
“Não há, de facto, uma grande produção literária em língua portuguesa sobre Macau, mas existe e tem momentos de interesse”, disse em entrevista à Lusa um dos fundadores do Festival Literário de Macau Rota das Letras, explicando essa reduzida produção literária com a “dimensão e características profissionais da comunidade portuguesa” residente.
O português, radicado em Macau desde 2010, considera que não foi a transferência de administração de Macau de Portugal para a China (em Dezembro de 1999) que contribuiu “para a perda de um qualquer imaginário para o qual Macau possa remeter”.
“Não me parece que haja uma fórmula ou um motivo para explicar esses ciclos”, afirmou, reportando-se a anos em que a literatura portuguesa era mais profícua em romances inspirados e ambientados em Macau, aspecto para o qual contribuíram autores como João Aguiar, Camilo Pessanha ou Maria Ondina Braga.
Actualmente à frente de uma agência literária e selo editorial que lançou em Março deste ano, Hélder Beja está apostado em reverter um pouco este cenário, e quer traduzir e publicar no mercado literário macaense alguns livros de autores portugueses, da mesma forma que está a trabalhar com autores locais para publicar novas obras.
“Editámos um livro de um autor açoriano a viver em Macau, Luís Melo, com o título ‘A Humidade dos Dias’. Conseguimos também este ano receber apoios da DGLAB [Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas] e do Instituto Camões para a tradução para chinês das obras ‘O Mal’, de Paulo José Miranda, e ‘O Segredo do Hidroavião’, de Fernando Sobral”.
Hélder Beja planeia conseguir publicar estes livros em Macau em 2020, juntamente com “Camões e Outros Contemporâneos”, de Hélder Macedo, embora a viabilização destes três livros dependa agora também “da vontade das instituições em Macau em apoiar estas iniciativas”.

Ontem, hoje e amanhã

Nos 20 anos que medeiam a fim da administração portuguesa e a administração chinesa o intercâmbio literário e de autores entre Portugal e Macau tem-se mantido, em grande parte, graças ao festival literário que Hélder Beja fundou.
“O Festival Literário de Macau foi, de longe, o que de mais importante se fez no que toca a intercâmbios literários em Macau, não só entre os países de língua portuguesa e a China, mas entre a Ásia e os países ocidentais”.
A título de exemplo recorda que os governos português e chinês fizeram já duas edições de um encontro literário e da indústria do livro entre Portugal e a China, um em cada país.
“Julgo que é uma boa iniciativa, mas pode e deve ser melhorada – e não deve ignorar Macau, como tem feito”, alerta, destacando ainda o “valioso trabalho de edição” levado a cabo em Macau por alguns agentes locais.
Hélder Beja abandonou o festival literário em 2018, ao fim de seis edições, devido “às pressões políticas que levaram ao cancelamento da presença de vários autores no festival”.
Desses anos, de “crescimento incrível apesar dos apoios limitados”, ficou a “experiência tremenda” de dirigir um festival “que comunicou sempre em chinês, português e inglês”, numa “cidade fascinante, repleta de histórias e, ao mesmo tempo, tão afastada delas”.
A partir dessa experiência, fala sobre as influências da presença portuguesa em Macau na literatura que perduram até hoje, e chama a atenção para o facto de “uma boa franja da actual comunidade portuguesa em Macau não olhar apenas para esse legado e essa presença dos portugueses em Macau, mas também para a cidade de hoje e de amanhã”, interessando-se por uma literatura que pense a população actual e o que a rodeia.
“Não se trata de desprezar a história ou o passado, que me são muito caros, mas de não ter grande paciência para mais um conto de caravelas e aventureiros de época”, afirma.
No entanto, reconhece que os sinais da cultura portuguesa não se alteraram nestes anos e “a história, a cultura, a gastronomia, a arquitectura, a língua, estes elementos, continuam presentes e não são menos considerados hoje do que há dez anos”, quando se mudou para Macau.
“Há uma parte cristalizada da comunidade portuguesa que, no seu atavismo, persistirá por muito e muito tempo. E há outra, mais dinâmica, desempoeirada e efervescente que está a aprender a encontrar o seu espaço, já não com um enfoque tão fechado na chamada ‘portugalidade’, mas integrando-se numa mole de gente que fala diferentes idiomas, circula entre culturas e aceita a diferença”.

16 Dez 2019

Jornalistas da RTP ficaram retidos duas vezes em dois dias na fronteira

As autoridades de Macau pediram a um profissional da RTP para que entregasse telemóvel para uma verificação. O pedido foi recusado, mas o material de directos ficou retido e só foi libertado depois da intervenção do cônsul

 

[dropcap]U[/dropcap]ma equipa da RTP foi interrogada por duas vezes pelas autoridades locais na semana passada, ficou com o material de reportagem apreendido e só a intervenção do Cônsul de Portugal desbloqueou a situação. A notícia foi avançada pela Rádio Macau, na sexta-feira, e as autoridades de Macau pediram mesmo a um dos repórteres o acesso ao telemóvel, o que foi recusado.

Logo na quarta-feira, dia em que chegaram a Macau, os repórteres ficaram retidos à entrada durante quatro horas. Apesar de terem apresentado a documentação da alfândega portuguesa com a lista do material transportado, o equipamento para fazer directos acabou mesmo apreendido.

Segundo a Rádio Macau, o material para os directos só acabou por ser desbloqueado na sexta-feira, já depois do meio-dia, devido à acção de Paulo Cunha Alves. Face a este situação, o secretário para a Segurança responder tratar-se de um “procedimento normal”. Contudo, o Governo acabou por emitir um comunicado na plataforma para a imprensa com as exigências no transporte de material vindo do exterior e a necessidade de enviar a documentação ao Gabinete de Comunicação Social (GCS).

Esta foi uma situação nova, uma vez que ainda recentemente a RTP esteve em Macau a fazer um directo e não houve relatos de situações semelhantes nem de apreensões.

Apesar de não ter os materiais para os directos, a equipa da RTP foi na quinta-feira a Hong Kong para fazer um trabalho sobre a situação na região vizinha e acabou por ser novamente interrogada. Quando deixavam Hong Kong foram durante breves minutos questionados pelos serviços de alfândega locais. Mais tarde, quando pisaram solo de Macau tiveram direito a um novo interrogatório de uma hora e meia, antes de serem autorizados a entrar.

Sobre este incidente as autoridades disseram as duas retenções em dois dias foram “controlos aleatórios”.

Situação confirmada

Em declarações à Lusa, a RTP acabou por confirmar o incidente do regresso a Hong Kong, mas a peça publicada no sábado não refere os acontecimentos de quarta-feira e as menções ao material dos directos.

Depois da situação ter sido revelada, a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) apelou às autoridades de Macau que permitam o livre exercício da profissão.

“A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau lamenta essas situações e faz um apelo às autoridades de Macau para que seja respeitada a livre circulação de jornalistas e que o livre exercício da profissão esteja assegurado na plenitude”, pode ler-se no comunicado emitido na sexta-feira, dia em que a situação se tornou pública.

O caso acabou por receber cobertura internacional com notícias em Portugal e em Hong Kong.

Denúncia de ameaças

Vários jornalistas de Macau terão sido ameaçados por “pessoas não-identificadas” sobre o seu comportamento durante as celebrações do 20.º Aniversário da RAEM. Alguns terão sido mesmo recordados que viajam frequentemente ao Interior da China e que as coisas poderiam complicar-se, durante uma dessas visitas. O caso foi revelado ontem pela Associação dos Jornalistas de Macau que diz estar a “acompanhar de perto” as situações e que “condenou a intimidação” com qualquer origem aos profissionais do sector. Na mesma mensagem, a associação apelou ainda ao Governo Central e ao Governo da RAEM para que cumpram o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e que garantam a liberdade de imprensa, tal como consta na Lei Básica.

16 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão de Hong Kong “desapareceu” quando vinha para Macau

Antes de ficar incontactável, o homem enviou uma mensagem ao filho a dizer que tinha sido detido pelas autoridades do Interior da China. A detenção terá acontecido num dos postos fronteiriços instalados para proteger a visita de Xi Jinping a Macau

 

[dropcap]U[/dropcap]m cidadão de Hong Kong vinha para Macau de autocarro através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e “desapareceu”. A notícia foi avançada pela Cable TV News, de Hong Kong, e confirmada ontem pelas autoridades da RAEHK.

De acordo com o relato do filho do desaparecido, o pai terá sido detido pela Polícia da China do Interior, num dos postos fronteiriços instalados nas ilhas artificiais da ponte, a pensar na segurança de Xi Jinping, que esta semana visita Macau.

O desaparecimento aconteceu na sexta-feira de acordo com a denúncia do filho, que afirma ter recebido uma mensagem do pai a informar sobre a detenção. “Fui preso”, foi este o conteúdo da mensagem que o denunciante terá recebido.

O momento em que a liberdade do pai foi restringida terá acontecido ainda antes da entrada em Macau, uma vez que o homem diz ter contactado as autoridades da RAEM à procura do progenitor. A resposta que alegadamente terá recebido é que o seu pai nunca chegou a entrar na RAEM.

Na semana passada foi anunciado pelas entidades do Interior que seria instalado um novo posto fronteiriço numa das ilhas artificiais do traçado da ponte. Segundo a informação revelada, que ontem foi apontada pelo Hong Kong Free Press, o controlo alfandegário conta com máquinas de Raio-X e reconhecimento facial.

Além de servirem como forma de garantir a segurança do Presidente Xi Jinping, um dos objectivos passa igualmente por evitar que qualquer pessoa de Hong Kong tente aproveitar a ocasião para demonstrar o descontentamento com a situação da RAEHK. Este aspecto foi apontado como “um ambiente social favorável” para a visita de Xi Jinping, no âmbito das comemorações dos 20 anos da transferência de soberania.

Déjà vu

Os controlos alfandegários entre as fronteiras permanentes da ponte vão estão em vigor até 22 de Dezembro, o que pode fazer com que as pessoas que pretendam voar a partir de Hong Kong, vindas de Macau, tenham de passar por mais um controlo.

Depois de ter recebido a queixa, a Polícia de Hong Kong afirmou que ia ficar à espera de ser contactada pelas autoridades do Interior, uma vez que considerou que não é “apropriado” interferir nos assuntos de outras jurisdições.

Em Hong Kong a detenção está a merecer comparações com o caso dos livreiros raptados na RAEHK pelas autoridades do Interior e levados para o outro lado da fronteira, para onde enviavam livros com conteúdos considerados sensíveis sobre o Partido Comunista Chinês.

16 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão de Hong Kong “desapareceu” quando vinha para Macau

Antes de ficar incontactável, o homem enviou uma mensagem ao filho a dizer que tinha sido detido pelas autoridades do Interior da China. A detenção terá acontecido num dos postos fronteiriços instalados para proteger a visita de Xi Jinping a Macau

 
[dropcap]U[/dropcap]m cidadão de Hong Kong vinha para Macau de autocarro através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e “desapareceu”. A notícia foi avançada pela Cable TV News, de Hong Kong, e confirmada ontem pelas autoridades da RAEHK.
De acordo com o relato do filho do desaparecido, o pai terá sido detido pela Polícia da China do Interior, num dos postos fronteiriços instalados nas ilhas artificiais da ponte, a pensar na segurança de Xi Jinping, que esta semana visita Macau.
O desaparecimento aconteceu na sexta-feira de acordo com a denúncia do filho, que afirma ter recebido uma mensagem do pai a informar sobre a detenção. “Fui preso”, foi este o conteúdo da mensagem que o denunciante terá recebido.
O momento em que a liberdade do pai foi restringida terá acontecido ainda antes da entrada em Macau, uma vez que o homem diz ter contactado as autoridades da RAEM à procura do progenitor. A resposta que alegadamente terá recebido é que o seu pai nunca chegou a entrar na RAEM.
Na semana passada foi anunciado pelas entidades do Interior que seria instalado um novo posto fronteiriço numa das ilhas artificiais do traçado da ponte. Segundo a informação revelada, que ontem foi apontada pelo Hong Kong Free Press, o controlo alfandegário conta com máquinas de Raio-X e reconhecimento facial.
Além de servirem como forma de garantir a segurança do Presidente Xi Jinping, um dos objectivos passa igualmente por evitar que qualquer pessoa de Hong Kong tente aproveitar a ocasião para demonstrar o descontentamento com a situação da RAEHK. Este aspecto foi apontado como “um ambiente social favorável” para a visita de Xi Jinping, no âmbito das comemorações dos 20 anos da transferência de soberania.

Déjà vu

Os controlos alfandegários entre as fronteiras permanentes da ponte vão estão em vigor até 22 de Dezembro, o que pode fazer com que as pessoas que pretendam voar a partir de Hong Kong, vindas de Macau, tenham de passar por mais um controlo.
Depois de ter recebido a queixa, a Polícia de Hong Kong afirmou que ia ficar à espera de ser contactada pelas autoridades do Interior, uma vez que considerou que não é “apropriado” interferir nos assuntos de outras jurisdições.
Em Hong Kong a detenção está a merecer comparações com o caso dos livreiros raptados na RAEHK pelas autoridades do Interior e levados para o outro lado da fronteira, para onde enviavam livros com conteúdos considerados sensíveis sobre o Partido Comunista Chinês.

16 Dez 2019

Portugal – Grande Baía | Nova associação aposta na cooperação cultural e tecnológica

[dropcap]T[/dropcap]em representações em Portugal, Macau, Hong Kong e China e promete promover iniciativas ligadas às culturas portuguesa e chinesa, mas também ao ambiente, tecnologia e economia. É esta a agenda da recém-criada Associação para a Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, para já representada em Portugal por Miguel Lemos Rodrigues e em Macau por Tiago Pereira.

À margem da conferência “Macau 20 anos como plataforma sino-lusófona”, que decorreu esta sexta-feira no Palácio da Bolsa, no Porto, Miguel Lemos Rodrigues contou ao HM os objectivos primordiais desta iniciativa.

“Os objectivos concretos desta associação passam pela promoção da cultura com iniciativas cá e lá, e depois pela cooperação ao nível do ambiente e da tecnologia, para que possamos colocar as universidades em contacto umas com as outras e para que possamos também estabelecer algumas políticas de cidade, na lógica das cidades inteligentes.”

A associação, um projecto da “sociedade civil que nasceu de um conjunto de pessoas que, de alguma forma, estão ligadas a Macau”, não esquece também o papel que a língua portuguesa irá desempenhar no contexto da Grande Baía.

“Queremos também preservar a língua portuguesa numa altura em que a procura pelos cursos em Macau e na China tem vindo a aumentar. Pretendemos reforçar a presença da língua portuguesa na Ásia”, acrescentou.

As eleições para os corpos sociais da associação acontecem em Janeiro, mas já existem alguns projectos concretos na forja. “A ideia era constituir uma associação que pudesse fazer a ligação e a cooperação não só com Macau, mas também com o projecto da Grande Baia”, disse Miguel Lemos Rodrigues, sempre com base nas linhas governamentais definidas pelas autoridades chinesas.

“Uma Macau muito diferente”

A palestra de sexta-feira contou com a presença do embaixador da China em Portugal, Cai Run, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva (ver texto principal). A nível académico, esteve presente Bruno Maçães, ex-secretário de Estado português, consultor e autor do livro “Belt and Road: A Chinese World Order”.

O académico destacou o facto de “em Portugal não existir a noção de como Macau é excepcional, tendo falado também da importância da visita do Presidente Xi Jinping ao território no âmbito das celebrações do aniversário da RAEM.

Daqui para a frente, iremos acompanhar “uma Macau muito diferente dos últimos 20 anos”, previu Bruno Maçães, tendo alertado também para o facto de “o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’ continuar a ter um défice de transparência”.

Carmen Amado Mendes, investigadora da Universidade de Coimbra, marcou também presença no debate tendo alertado para as deficiências ainda existentes no acesso de empresas portuguesas ao Fundo do Fórum Macau.
“As regras têm sido muito difíceis de interpretar para as empresas portuguesas e apenas as empresas chinesas têm tido acesso (ao financiamento de projectos). Do lado português deveria haver um esforço de interpretação”, rematou.

A palestra ficou ainda marcada por uma actuação musical de Lu Yanan. Nos corredores do Palácio da Bolsa pode ser visitada uma exposição com obras e poemas de autores de Macau, numa parceria com a Casa de Portugal em Macau.

16 Dez 2019

Portugal – Grande Baía | Nova associação aposta na cooperação cultural e tecnológica

[dropcap]T[/dropcap]em representações em Portugal, Macau, Hong Kong e China e promete promover iniciativas ligadas às culturas portuguesa e chinesa, mas também ao ambiente, tecnologia e economia. É esta a agenda da recém-criada Associação para a Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, para já representada em Portugal por Miguel Lemos Rodrigues e em Macau por Tiago Pereira.
À margem da conferência “Macau 20 anos como plataforma sino-lusófona”, que decorreu esta sexta-feira no Palácio da Bolsa, no Porto, Miguel Lemos Rodrigues contou ao HM os objectivos primordiais desta iniciativa.
“Os objectivos concretos desta associação passam pela promoção da cultura com iniciativas cá e lá, e depois pela cooperação ao nível do ambiente e da tecnologia, para que possamos colocar as universidades em contacto umas com as outras e para que possamos também estabelecer algumas políticas de cidade, na lógica das cidades inteligentes.”
A associação, um projecto da “sociedade civil que nasceu de um conjunto de pessoas que, de alguma forma, estão ligadas a Macau”, não esquece também o papel que a língua portuguesa irá desempenhar no contexto da Grande Baía.
“Queremos também preservar a língua portuguesa numa altura em que a procura pelos cursos em Macau e na China tem vindo a aumentar. Pretendemos reforçar a presença da língua portuguesa na Ásia”, acrescentou.
As eleições para os corpos sociais da associação acontecem em Janeiro, mas já existem alguns projectos concretos na forja. “A ideia era constituir uma associação que pudesse fazer a ligação e a cooperação não só com Macau, mas também com o projecto da Grande Baia”, disse Miguel Lemos Rodrigues, sempre com base nas linhas governamentais definidas pelas autoridades chinesas.

“Uma Macau muito diferente”

A palestra de sexta-feira contou com a presença do embaixador da China em Portugal, Cai Run, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva (ver texto principal). A nível académico, esteve presente Bruno Maçães, ex-secretário de Estado português, consultor e autor do livro “Belt and Road: A Chinese World Order”.
O académico destacou o facto de “em Portugal não existir a noção de como Macau é excepcional, tendo falado também da importância da visita do Presidente Xi Jinping ao território no âmbito das celebrações do aniversário da RAEM.
Daqui para a frente, iremos acompanhar “uma Macau muito diferente dos últimos 20 anos”, previu Bruno Maçães, tendo alertado também para o facto de “o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’ continuar a ter um défice de transparência”.
Carmen Amado Mendes, investigadora da Universidade de Coimbra, marcou também presença no debate tendo alertado para as deficiências ainda existentes no acesso de empresas portuguesas ao Fundo do Fórum Macau.
“As regras têm sido muito difíceis de interpretar para as empresas portuguesas e apenas as empresas chinesas têm tido acesso (ao financiamento de projectos). Do lado português deveria haver um esforço de interpretação”, rematou.
A palestra ficou ainda marcada por uma actuação musical de Lu Yanan. Nos corredores do Palácio da Bolsa pode ser visitada uma exposição com obras e poemas de autores de Macau, numa parceria com a Casa de Portugal em Macau.

16 Dez 2019

Debate na FRC | Grande Baía e cooperação sino-lusófona podem ser alternativas ao jogo

[dropcap]E[/dropcap]conomistas responsáveis pelo BNU, Fórum Macau e Instituto de Estudos Europeus defenderam ontem que o projecto da Grande Baía e a cooperação sino-lusófona podem combater a dependência do jogo e potenciar a diversificação da economia de Macau.

O secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa sublinhou que o projecto da Grande Baía “é uma oportunidade que Macau não pode perder”, numa referência à ideia de Pequim de se criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província chinesa de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,2 biliões de euros.

Rodrigo Brum lembrou que “já na administração portuguesa se falava da necessidade de diversificação da economia” e frisou que, apesar do objectivo de vários governos, hoje “a exposição ao jogo é ainda maior”.
O responsável disse estar convicto de que, para além do desafio que é o projecto da Grande Baía, a plataforma sino-lusófona de cooperação comercial tem um potencial que pode ultrapassar o valor actualmente associado à exploração do jogo em Macau.

Na mesma nota

Em sintonia, num debate sobre os 20 anos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), o presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) afirmou que a própria instituição tem como ambição reforçar a sua aposta na região da Grande Baía para apoiar os seus clientes.

“Faz sentido propor ao accionista fazer mais coisas do lado de lá [Interior da China]” e que o fundo de investimento sino-lusófono existente – na ordem dos mil milhões de dólares – fosse capaz de garantir investimentos em Portugal, disse Carlos Alvares no encontro, que resultou de uma iniciativa conjunta da Fundação Rui Cunha e do semanário luso-chinês Plataforma.

Já o presidente do Instituto de Estudos Europeus destacou também o facto de o projecto da Grande Baía poder desempenhar um papel crucial na diversificação da economia do antigo território administrado por Portugal, mas alertou que deve existir “alguma paciência” face à forte dependência do jogo em Macau.

José Sales Marques recordou, de resto, que foi o próprio Instituto de Estudos Europeus que em 2003 lançou a ideia de se criar a plataforma Creative Macau, um contributo para a política de diversificação que as autoridades dizem querer prosseguir através da criação de indústrias criativas.

Altos valores

O Governo de Macau deverá chegar ao final do ano com um excedente orçamental de 9,6 por cento do PIB, um ligeiro decréscimo face aos 12,2 por cento registados no ano passado, mas ainda assim excepcionalmente elevado face à média dos países analisados pela agência de notação financeira Fitch, que nota ainda que o território deverá ter reservas externas no valor de 136 por cento do PIB.

De acordo com os dados mais recentes da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas brutas acumuladas de Janeiro a Novembro totalizaram 269,62 mil milhões de patacas.
Em 2018, as receitas dos casinos na capital mundial do jogo cresceram 14 por cento, para 302,8 mil milhões de patacas.

13 Dez 2019

Debate na FRC | Grande Baía e cooperação sino-lusófona podem ser alternativas ao jogo

[dropcap]E[/dropcap]conomistas responsáveis pelo BNU, Fórum Macau e Instituto de Estudos Europeus defenderam ontem que o projecto da Grande Baía e a cooperação sino-lusófona podem combater a dependência do jogo e potenciar a diversificação da economia de Macau.
O secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa sublinhou que o projecto da Grande Baía “é uma oportunidade que Macau não pode perder”, numa referência à ideia de Pequim de se criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província chinesa de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,2 biliões de euros.
Rodrigo Brum lembrou que “já na administração portuguesa se falava da necessidade de diversificação da economia” e frisou que, apesar do objectivo de vários governos, hoje “a exposição ao jogo é ainda maior”.
O responsável disse estar convicto de que, para além do desafio que é o projecto da Grande Baía, a plataforma sino-lusófona de cooperação comercial tem um potencial que pode ultrapassar o valor actualmente associado à exploração do jogo em Macau.

Na mesma nota

Em sintonia, num debate sobre os 20 anos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), o presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) afirmou que a própria instituição tem como ambição reforçar a sua aposta na região da Grande Baía para apoiar os seus clientes.
“Faz sentido propor ao accionista fazer mais coisas do lado de lá [Interior da China]” e que o fundo de investimento sino-lusófono existente – na ordem dos mil milhões de dólares – fosse capaz de garantir investimentos em Portugal, disse Carlos Alvares no encontro, que resultou de uma iniciativa conjunta da Fundação Rui Cunha e do semanário luso-chinês Plataforma.
Já o presidente do Instituto de Estudos Europeus destacou também o facto de o projecto da Grande Baía poder desempenhar um papel crucial na diversificação da economia do antigo território administrado por Portugal, mas alertou que deve existir “alguma paciência” face à forte dependência do jogo em Macau.
José Sales Marques recordou, de resto, que foi o próprio Instituto de Estudos Europeus que em 2003 lançou a ideia de se criar a plataforma Creative Macau, um contributo para a política de diversificação que as autoridades dizem querer prosseguir através da criação de indústrias criativas.

Altos valores

O Governo de Macau deverá chegar ao final do ano com um excedente orçamental de 9,6 por cento do PIB, um ligeiro decréscimo face aos 12,2 por cento registados no ano passado, mas ainda assim excepcionalmente elevado face à média dos países analisados pela agência de notação financeira Fitch, que nota ainda que o território deverá ter reservas externas no valor de 136 por cento do PIB.
De acordo com os dados mais recentes da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas brutas acumuladas de Janeiro a Novembro totalizaram 269,62 mil milhões de patacas.
Em 2018, as receitas dos casinos na capital mundial do jogo cresceram 14 por cento, para 302,8 mil milhões de patacas.

13 Dez 2019