Habitação pública | Planta para a antiga central eléctrica em andamento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director da Direcção das Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, adiantou que o projecto de habitação pública da antiga central eléctrica, sita na Avenida Venceslau de Morais, está a encaminhar-se para a fase de elaboração da planta arquitectónica.

Li Canfeng, em resposta à interpelação escrita de Chan Meng Kam, fez o ponto da situação das obras de habitação pública de grande envergadura que estão em curso.

Quanto aos projectos de habitação pública na Avenida Wai Long e na Estrada da Ponta da Cabrita, o director citou a informação do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. O documento refere que foi encomendado um estudo a uma empresa de consultadoria para avaliar os impactos no trânsito e no ambiente e proceder aos trabalhos de design.

Na mesma resposta, sabe-se ainda que a habitação pública na zona A dos novos aterros só poderá avançar para a fase de elaboração do design dos edifícios assim que o planeamento ficar concluído.

Os projectos de habitação pública projectados para os terrenos localizados nas instalações temporárias do Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos de Macau em Iao Hon, a leste da Piscina Olímpica na Taipa, na Baixa da Taipa, e nos lotes A e F da zona do Lam Mau estão em fase de elaboração de estudos complementares.   

Além disso, em resposta à interpelação de Chan Meng Kam, a DSSOPT diz que o contrato de concessão para o terreno situado a oeste do Cotai está em fase de alteração prevendo-se que esteja concluído dentro do corrente ano.

31 Ago 2017

Angela Leong quer adiar data de acto eleitoral

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong pede para que as eleições agendadas para o próximo dia 17 de Setembro sejam adiadas por duas semanas. Para a deputada a medida é necessária tendo em conta os danos sofridos em Macau com a passagem do tufão Hato. De acordo com o Jornal do Cidadão, Angela Leong defende que a ideia é dar mais tempo e espaço aos cidadãos para preparação da votação.
Com as circunstâncias vividas nos últimos dias, Angela Leong considera que um voltar à normalidade ainda pode demorar. Como tal, a deputada considera que tratando-se de um assunto sério como é o caso das eleições é necessário antes, concentrar todos os recursos no auxílio à população de modo a que na altura, as pessoas estejam disponíveis para votar sem estarem ainda sob a influência das dificuldades que viveram. Angela Leong pretende, com o adiar da data das eleições, garantir “o nível de participação no acto eleitoral”, disse.

Sugestão questionável

Em resposta à sugestão de mudança de data, o deputado Ng Kuok Cheong mostra uma atitude aberta. Ao HM, contido, afirmou que a existência desta necessidade pode ser questionável, a não ser que o território seja vítima de outra catástrofe nos próximos dias.
Já Song Pek Kei considera que grande parte dos afectados pelo Hato já estão a voltar à normalidade e aponta que com o tempo que ainda falta até ao dia 17, as pessoas podem recuperar na totalidade. A deputada acha que o resultado dos tufões não vai influenciar a decisão dos eleitores.
Em relação à necessidade de adiamento do dia de votação, Song Pek Kei acha que é importante esperar pela decisão do Governo. Cabe ao Executivo avaliar a situação.
“Não faz sentido porque as pessoas já têm as suas opiniões formadas nesta altura”, é a declaração clara de Leonel Alves ao HM, relativamente à sugestão de adiamento das eleições.

30 Ago 2017

Au Kam San | Deputado não concorda com intervenção do Exército

Para ajudar na limpeza do território após a passagem do tufão Hato, Macau contou com a ajuda do Exército de Libertação Popular. Au Kam San não concorda com a medida e acha que as forças militares só deveriam ser chamadas em situação de catástrofe

[dropcap style≠’circle’]”E[/dropcap]u, enquanto testemunha do movimento democrático de 1989, na verdade, não me sinto bem em relação ao Exército de Libertação Popular, e não confio nesta situação”. A afirmação é do deputado Au Kam San na sua página de facebook.

Para Au Kam San, os trabalhos de limpeza não devem ser desempenhados pela Guarnição de Macau que, afirma, “só deve ser usada em situações de catástrofe”.

O texto publicado no dia 25 de Agosto não deixou de atrair vários comentários por parte a população, sendo na sua maioria, uma crítica severa à declaração do deputado num momento de caos no território causado pela passagem do tufão Hato.

De entre as reacções houve quem esclarecesse o deputado acerca do que era realmente uma situação de catástrofe. “É normal vermos na televisão os cenários onde o Exército Popular de Libertação salva a população nas catástrofes, quer sejam relativas a inundações ou a terramotos”, lê-se, sendo que “os soldados correm risco de vida para salvar os residentes e isso é o que chamamos de salvamento nas catástrofes”. No caso de Macau, a ajuda vem no que se mostra urgente e a situação de recolha de lixo era evidente no território.

Já para Au Kam San, nem todos os militares concordariam com o facto de andar a limpar ruas e só o estariam a fazer porque era a sua obrigação e assim tinham recebido ordens. Por outro lado, o deputado entende que após a passagem do tufão, várias entidades locais já tinham começado a tratar das consequências. Como a situação era grave, Au Kam San considera que era normal a demora na sua resolução e sublinha ainda o trabalho feito pela própria comunidade que, afirma, “mostra a solidariedade dos residentes de Macau”.

Alguém  o viu?

Apesar de o deputado reconhecer que a ajuda dos soldados acelerou o processo de normalização das condições de Macau, não é por isso que concorda com a mesma. De entre as respostas dadas aos comentários que foi recebendo consegue ler-se: “Mas será adequado que se a use faca que serve para matar vacas, para matar galos?”. Au Kam San questiona a capacidade do Exército de Libertação Popular no que respeita à eficácia e profissionalismo que pudesse ter na tarefa de limpar ruas. “Não é uma certeza que tenham profissionalismo para limpar o lixo e para cortar as árvores”, diz. Com estes argumentos, Au Kam San acha que o Governo não deve solicitar ajuda ao Exército de Libertação Popular para limpar resíduos, a fim de garantir o lema de “a terra de Macau é administrada pelos residentes de Macau”.

A polémica declaração do deputado deu origem a mais de 1700 comentários havendo mesmo quem questionasse onde estava o deputado quando foi precisa a ajuda.  “O senhor Au, quando os inválidos, os idosos, as crianças, até as grávidas estavam a limpar a cidade, onde é que estava?”

Houve também quem solicitasse a Au Kam San um pedido de desculpas ao Exército de Libertação Popular e aos residentes.

Ao HM, Au Kam San disse que o texto polémico não tem uma relação directa com a democracia em Macau e que a participação do Exército de Libertação Popular na sequência do tufão não vai prejudicar o desenvolvimento do sistema democrático no território. Em resposta às críticas na rede social contra o deputado, Au Kam San explica que a ideia principal do texto é defender os soldados, que não deveriam desempenhar funções nesta situação. “A questão é, será que isto é catástrofe? Será que chegou já ao nível de catástrofe para haver a necessidade de chamar a ajuda do Exército de Libertação Popular? Este assunto pode provocar várias opiniões. Mas na altura tive a sensação de que não deveriam ser os soldados a limpar o lixo”, adiantou o deputado.

30 Ago 2017

Tufão Hato | Subsídio para PME passa de 30 para 50 mil patacas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau elevou de 30 mil para 50 mil patacas o subsídio para ajudar as Pequenas e Médias Empresas (PME) a fazer face aos estragos causados pelo tufão Hato.

“Na sequência do conhecimento aprofundado das dificuldades enfrentadas pelas micro, pequenas e médias empresas e vendilhões afectados pelo tufão, (…) oGoverno da RAEM decide que aumentará de 30 mil patacas para 50 mil patacas o limite do montante da ‘Medida de abono’ (…) a fim de aliviar a pressão financeira dos empresários afectados”, informou a Direcção de Serviços de Economia (DSE), em comunicado.

Segundo a DSE, os primeiros abonos começaram a ser entregues na noite de segunda-feira, tendo sido aprovados 334 pedidos, num total de 10,02 milhões de patacas.

As empresas que tenham apresentado o pedido de apoio – ou o tenham recebido – antes da subida do abono, não necessitam de efectuar novo registo, com a DSE a atribuir automaticamente as 20 mil patacas de diferença.

Além deste abono, o Governo criou também uma linha de crédito, sem juros, para as PME afectadas até ao montante máximo de 600 mil patacas.

Segundo a imprensa chinesa, a deputada Song Pek Kei defendeu que o apoio de 30 mil patacas não seria suficiente para a reparação das despesas de condomínio dos edifícios, tendo exigido a criação de um mecanismo de empréstimo para este tipo de reparações.

30 Ago 2017

PSD Macau | Vice-presidente profere declarações que geram controvérsia

Depois de publicar declarações onde alegou haver portugueses entre as vítimas mortais do tufão Hato, Vitório Cardoso, vice-presidente do PSD Macau foi bastante criticado. Hoje será discutido o assunto numa reunião entre o cônsul-geral e as associações de matriz portuguesa

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de argumentar que o Partido Socialista poderia estar a esconder o número de vítimas portuguesas na sequência do tufão Hato, “tal e qual como em Pedrogão”, Vitório Cardoso, vice-presidente do PSD de Macau, recebeu algumas crítica duras.

Além de ter sugerido que poderia haver mortos de nacionalidade portuguesa, comentário que mereceu um desmentido por parte do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, o social-democrata teceu considerações utilizando a calamidade para fazer distinções entre PSD e PS.

“O senhor colocou as coisas de uma maneira que parecia que ele era a única pessoa da comunidade portuguesa empenhada naquilo que se estava a passar em Macau”, comenta Amélia António, presidente da Casa de Portugal.

A dirigente da instituição categoriza os comentários de Vitório Cardoso como “absolutamente execráveis” e que mexem com a sua maneira de estar na vida.

O vice-presidente da secção de Macau do PSD depois de lamentar as mortes, desaparecidos e feridos na sequência do tufão Hato, disse que o partido de que é dirigente limpou o território e irá limpar Portugal.

Miguel Bailote, presidente da secção do PSD em Macau, distanciou-se das declarações do seu camarada de partido, argumentando que “são comentários do Vitório”. O dirigente acrescentou que “é a opinião de um militante, há quem tenha posições mais extremadas, há outros com outras opiniões. Cada militante tem a sua opinião e pode expressá-la”.

Reacções de fora

“Enquanto presidente da secção, as informações que tenho é que não há vítimas portuguesas, apenas alguns feridos ligeiros”, comenta Miguel Bailote acrescentando ainda que a secção partidária a que preside “não limita a liberdade de expressão dos seus membros”.

Amélia António entende que cada pessoa tem o direito de expressar as suas opiniões, porém, repudia as afirmações de Vitório Cardoso. A presidente da Casa de Portugal entende que “não é momento para se andar a fazer folclore e a tirar proveitos políticos”.

As afirmações em questão chegaram a estar no Facebook do PSD de Macau, facto ao qual Miguel Bailote reagiu. “Como presidente da secção, vou retirar os posts da página”, sublinhando que “não deve haver aproveitamento político das catástrofes”. O dirigente social-democrata, no entanto, argumenta que este tipo de aproveitamento é feito em Portugal de parte do PSD, como do PS.

Amélia António não ficou surpreendida com este tipo de actuação de Vitório Cardoso. “Durante muitos anos, li coisas que esse senhor escreveu que só nos colocam mal a nós, portugueses. Depois passou por uma fase de querer limpar a face e apagou essas opiniões”, comenta a advogada que acrescentou ainda que depois de pensar “que a pessoa ganhou um mínimo de equilíbrio, verifico que o desequilíbrio voltou ao de cima”.

Amélia António classifica os comentários de Vitório Cardoso como uma vergonha para a comunidade portuguesa, ainda para mais numa altura em que devia haver união em torno do que é preciso fazer no rescaldo do tufão.

A advogada contou ao HM que se realiza hoje uma reunião das associações de Macau de matriz portuguesa com o cônsul-geral, algo que é feito com regularidade.

Numa altura em que se fará um ponto da situação na sequência dos estragos provocados pelos tufões que assolaram a região, Amélia António entende que o comportamento de Vitório Cardoso “deve ser um assunto que não pode deixar de ser abordado”. A presidente da Casa de Portugal acrescenta ainda que “deve ser tomada uma posição colectiva relativamente a uma pessoa que está a denegrir todas as associações, a comunidade e as pessoas que estão de boa fé em Macau a trabalhar e a dar o seu melhor”.

Até ao fecho da edição, o PSD não fez qualquer comentário à polémica originada pelos comentários do vice-presidente da secção de Macau.

De acordo com o presidente do PSD local, a secção irá a votos em breve.

Voz nacional

A reacção do PSD nacional chegou ao Hoje Macau pela voz de António Valle, assessor de comunicação do líder do partido, Pedro Passos Coelho. “O PSD não faz comentários sobre boatos nem tão pouco alimenta especulações.  O PSD pronuncia-se oficialmente através do nosso deputado eleito pelo circulo da emigração, José Cesário. Aliás, sobre a catástrofe que infelizmente assolou Macau, o deputado tem-se pronunciado, oficial e publicamente, demonstrando a profunda solidariedade com os portugueses que foram afectados pelos dois tufões e garantindo que jamais nos esqueceremos do que Macau e os portugueses que ali residem significam para Portugal.”

30 Ago 2017

Sinergia Macau | Pedidas responsabilidades sobre falhas na passagem do Hato

Não há responsabilidades apuradas quanto à ineficácia de todos os procedimentos que anteciparam e sucederam, a passagem do tufão Hato. A Associação Sinergia de Macau entregou mais de dez mil assinaturas na sede do Governo a exigir medidas

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a ineficácia da resposta ao caos provocado com a passagem do Hato pelo território, a população está descontente e pede ao Executivo que actue. Ontem, a Associação da Sinergia de Macau apresentou uma carta junto à sede do Governo a pedir a responsabilização dos dirigentes dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) e um melhor mecanismo de resposta a catástrofes.

A carta dirigida ao Chefe do Executivo refere que o tufão Hato além de ter causado dez mortos e mais de 200 feridos, danificou a cidade com perdas económicas graves e cortes de água e de luz.

“Nós entendemos que o essencial neste momento é que a sociedade volte à normalidade, mas recebemos várias opiniões que exigem a acção do Governo”, disse ontem Lam U Tou, presidente da Associação da Sinergia de Macau, na altura da entrega da missiva. Em causa estão os pedidos de responsabilização e a necessidade de apuramento das causas de tanto dano.

Por outro lado, afirmou o responsável da associação, “é necessário definir trabalhos, de forma prática, para melhorar o mecanismo contra inundações e catástrofes”.

Lam U Tou acrescentou ainda que o Governo precisa de aprender com a lição dada pelo Hato. Neste sentido, apontou, é preciso que se encontrem formas de minimizar os impactos e de acelerar os trabalhos de recuperação.

Para o presidente da Sinergia de Macau é urgente “aumentar a capacidade de contingência às catástrofes, a fim de ter uma cidade mais segura no futuro”.

Assinaturas aos milhares

Um dia após a passagem do tufão Hato por Macau, a Associação presidida por Lam U Tou iniciou uma recolha de assinaturas online. O objectivo foi sublinhar um pedido urgente: criar uma comissão de investigação independente para averiguar responsabilidades nas perdas provocadas pelo tufão e assinalar a necessidade de um mecanismo eficaz de resposta. Foram recolhidas um total de 11,593 assinaturas, entregues juntamente com a carta, ao Executivo.

Lam U Tou exige também que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) proceda a uma investigação para apurar se os Serviços Meteorológicos e Geofísicos tiveram algum acto de negligência.

Apesar da demissão de Fong Soi Kun, ex-director dos SMG, a associação presidida por Lam U Tou não está satisfeita. “É preciso um procedimento disciplinar”, disse.

Em resposta à criação de uma comissão para gestão de catástrofes, Lam U Tou argumenta que com uma comissão composta só pelos membros do Governo, o seu efeito prático é questionável. O responsável sugere que o novo organismo conte com a participação de residentes. O objectivo, frisa, é garantir que o trabalho seja efectivamente feito. “Em Novembro de 2012, o Governo criou o Conselho para o Tratamento de Incidentes Imprevistos, mas todos viram a incapacidade de resposta e de coordenação neste incidente imprevisto”, disse Lam U Tou.

29 Ago 2017

AIPIM “repudia” posição da CAEAL sobre publicação de entrevista

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Imprensa em Português e Inglês (AIPIM) reagiu ontem à tomada de posição da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), que exigiu ao semanário bilingue Plataforma Macau a retirada da entrevista publicada online ao candidato às eleições José Luís Pedruco Achiam.

No comunicado, a AIPIM afirma que “repudia esta situação”, pois considera “incompreensível que um conteúdo jornalístico, neste caso uma entrevista, seja equiparado a propaganda”.

“Na linha do que foi referido no nosso comunicado, datado de 20 de Abril último, a AIPIM considera que é fundamental que, em todas as ocasiões e períodos, inclusive antes do início da campanha eleitoral, o exercício da liberdade de imprensa e o direito à informação sejam integralmente respeitados, incluindo a realização de entrevistas e cobertura noticiosa de acções envolvendo candidatos, em consonância com o que está consagrado na Lei Básica da RAEM e na Lei de Imprensa”, lê-se ainda.

A entrevista foi publicada na edição do Plataforma Macau do passado dia 18 de Agosto. A CAEAL invocou a Lei Eleitoral para a remoção da entrevista no que diz respeito ao período de proibição de propaganda eleitoral, tendo sido referido que “quem não cumprir as instruções incorre no crime de desobediência qualificada”.

Linhas “invisíveis”

Maria Caetano, coordenadora do semanário, publicou um texto onde denunciou o caso, intitulado “Linhas Invisíveis”.

“O conteúdo foi retirado, e as possíveis consequências seriam demasiado gravosas caso este jornal assim não procedesse. O que não significa que se deva permanecer calado ou deixar de contestar a imposição, seriamente ilegítima e limitadora dos direito, dever e liberdade de informar – que, até hoje, se encontram consagrados no ordenamento jurídico de Macau”, escreveu.

Maria Caetano defende que a CAEAL, “na sua actuação”, “dispôs um número de linhas invisíveis, que confundem conceitos, atropelam direitos e que impõem o medo pela simples capacidade que este órgão, responsável, tem de determinar arbitrariamente a quem impõe instruções”.

“O Plataforma tem vindo semanalmente a entrevistar com equilíbrio cada um dos candidatos às eleições do próximo mês. Fá-lo na expectativa de garantir informação e debate num espaço público e político cada vez mais coarctado, e em vista de eleições que se arriscam a ser as mais desinformadas e anódinas de sempre. Espera poder continuar a fazê-lo”, rematou a coordenadora do jornal.

29 Ago 2017

Chui Sai On | Criada comissão de revisão para resposta a catástrofes

O mecanismo já existe desde 2012, mas não foi eficiente. Ontem foi criada uma versão para a sua revisão e melhoria. Trata-se da Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento. As alterações parecem ser poucas e, de acordo com António Trindade, da CESL Asia, Macau precisa de medidas executivas, mais do que políticas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 25 de Outubro de 2012 foi criado o Conselho de Tratamento de Incidentes Imprevistos que, lê-se no despacho publicado em Boletim Oficial (BO) na mesma data, “tem por objectivo a coordenação, orientação e fiscalização global das entidades públicas na adopção de medidas de urgência com vista a responder à ocorrência repentina de incidentes relativos a catástrofes naturais, acidentes e calamidades, saúde pública e segurança pública que produzam ou sejam susceptíveis de produzir danos graves no tecido social”.

No entanto, e com a passagem do tufão Hato pelo território, o mecanismo mostrou-se ineficaz em várias frentes, desde a prevenção à normalização, nada funcionou.

Com os resultados à vista, Chui Sai ON publicou ontem, em BO, a criação de uma nova entidade. A recém concebida Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento tem como objectivo “rever o actual mecanismo de gestão de crises, designadamente a previsão meteorológica, a coordenação dos trabalhos de protecção civil, a coordenação da divulgação de informações, bem como o estado das respectivas infra-estruturas”.

Sem grandes diferenças a assinalar, relativamente ao Conselho, a nova Comissão parece colocar a tónica na acção dos mecanismos de antecipação de divulgação de informação aquando da ocorrência de catástrofes naturais.

Faz ainda parte dos objectivos da Comissão, “apresentar um plano geral sobre a gestão de crises no futuro, visando potenciar os efeitos sinergéticos da gestão de crises, designadamente no que respeita à uniformização do planeamento, da acção e da divulgação de informações, como forma de elevar a capacidade de resposta a crise”. Tudo para “proteger efectivamente a segurança da vida e dos bens dos residentes e assegurar a harmonia e a estabilidade da sociedade”.

Descubra as diferenças

Conselho e Comissão aparecem com conteúdos muito idênticos, sendo que o segundo pretende ser uma versão melhorada do primeiro.

Algumas diferenças podem ser encontradas e a mais evidente diz respeito à composição: os directores de serviços foram substituídos pelos secretários, estando os cinco governantes presentes. Acresce ainda na composição, o director-geral dos Serviços de Alfândega.

Outra novidade prevista na Comissão é que “pode convidar especialistas, académicos e individualidades sociais para participar nas reuniões, sempre que julgue necessário e criar vários grupos de trabalho especializados para participar nos trabalhos”. Resta saber da sua eficácia.

Medidas executivas

O Conselho criado ontem parece ser mais uma medida política do que executiva, numa altura em que o território recupera dos danos causados pela passagem do tufão Hato, o que, para o CEO da CESL Asia, António Trindade, poderá não ser a prioridade do momento. “Macau ainda cheira mal e precisa não de medidas políticas mas sim de medida concretas executivas para limpar, acabar com os maus cheiros, evitar epidemias e consertar o que está estragado”, disse o responsável ao HM. “Mais que políticas Macau precisa de medidas executivas”, reiterou António Trindade, até porque “o que lá estava antes não funcionou”. A questão, para António Trindade, tem ainda que ver com a própria composição da nova Comissão. “Será que agora com os secretários vai funcionar? Ou porque podem convidar académicos como consultores será que vai funcionar? Vai ser formada um entidade específica para lidar com estes assuntos?” questiona.

No entanto, admite o responsável pela CESL Asia, “é preciso ver se se reconhece que houve muita coisa que não funcionou e se se está a tomar medidas para corrigir as falhas”, refere.

A passagem do Hato pelo território veio acentuar as deficiências de Macau. “Há claramente uma necessidade de ter mecanismos de recuperação e é necessário criar estruturas profissionais para o fazer. Não se vai projectar um prédio por exemplo com delegados políticos. Não é assim”, exemplifica. Para que a situação mude é necessário ter profissionais e assegurar que as infra-estruturas públicas estão correctamente dimensionadas, não exclusivamente para o funcionamento diário, mas para o funcionamento em caso de emergência ou de desastre”, sublinha.

29 Ago 2017

AL | Ho Iat Seng deixa mensagem para nova legislatura 

O presidente da Assembleia Legislativa pede que os deputados que vierem a compor a nova legislatura “estabeleçam o sentido de missão histórica e de responsabilidade perante a era actual”. No relatório de balanço é dado destaque às alterações feitas ao regimento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão Hato pelo território adiou o habitual encontro do presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, com os media, mas o relatório de balanço da legislatura que chegou ao fim foi ontem lançado.

Nele Ho Iat Seng deixa um apelo aos deputados que venham a compor a próxima legislatura do hemiciclo, que arranca em Outubro, após a realização das legislativas de Setembro.

“Desejo que os deputados da nova legislatura prossigam a boa tradição, defendam o cerne da política ‘Um País, Dois Sistemas’ e estabeleçam com firmeza o sentido de missão histórica e de responsabilidade perante a era actual”, escreveu.

Ho Iat Seng acrescenta ainda que os novos deputados devem ser “solidários e devotados, desempenhar efectivamente as funções e o papel da AL, servindo de elo entre o passado e o futuro, por forma a construir uma RAEM melhor”.

No ano legislativo que findou realizou-se um total de 50 plenários, sendo que a taxa média de assiduidade dos deputados chegou aos 94,73 por cento. Houve um total de 135 reuniões das comissões, com uma taxa de assiduidade dos membros do hemiciclo de 88,48 por cento.

Um total de 20 deputados apresentaram, até ao dia 15 de Agosto, 591 interpelações escritas, tendo sido realizadas dez reuniões para debater 72 interpelações orais.

Os deputados realizaram, nos seus gabinetes, um total de 285 atendimentos a residentes, tendo chegado, via e-mail ou telefone, um total de 124 opiniões ou pedidos.

Mudanças elogiadas

Ho Iat Seng fez ainda elogios às alterações que foram levadas a cabo ao Regimento da AL. A medida “melhorou os procedimentos de interpelação oral”, pois “procedeu-se ao agrupamento das interpelações da mesma área e sobre o mesmo assunto, para serem respondidas em conjunto”.

“Acredita-se que esta forma inovadora de agrupamento possa ajudar a elevar os efeitos dos trabalhos no âmbito das interpelações da AL e, ao mesmo tempo, demonstrar que existe uma simbiose entre a coordenação e a supervisão exercidas pelo órgão legislativo sobre o órgão executivo, a qual promove uma interacção positiva entre os mesmos”, apontou.

O presidente da AL considerou ainda que “face às múltiplas pressões e desafios”, o hemiciclo “realizou ordenadamente os trabalhos e cumpriu escrupulosamente as atribuições legais”.

“Com um espírito altamente responsável, concluiu com sucesso a apreciação de todas as iniciativas legislativas, congregando amplamente o consenso e equilibrando os diversos interesses”, rematou.

29 Ago 2017

Ambiente | DSPA diz que suspender ETAR pode ter impactos ambientais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) respondeu a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, referindo que era obrigatório suspender as operações da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para efeito de reparação dos equipamentos. Entretanto, a DSPA diz que as autoridades precisavam de ter em conta os impactos ambientais que podem ser suscitados pelas obras.

Para isso, o Governo, com vista a minimizar os impactos para a qualidade de água na zona costeira da Areia Preta, procedeu às obras na altura com mais chuva e nível elevado de água. Ainda durante a suspensão do funcionamento da ETAR, as autoridades optaram por desviar temporariamente as águas residuais para serem descarregadas à zona costeira da península de Macau.

Face a questão das pilhas e baterias abandonadas, a DSPA admite que esses materiais usados produzidos no território não chega para constituir uma indústria de reciclagem. Por isso, o Governo decidiu levar as pilhas e baterias usadas para a Coreia e o Japão para serem tratadas.

Segundo a DSPA, não existe plano integrado para o tratamentos de pilhas e baterias em cooperação regional com Guangdong.

Os serviços acrescentam ainda que em 2016 a taxa de recolha de resíduos recicláveis foi de 20 por cento.

29 Ago 2017

Ensino | Subsídios escolares pensados anualmente

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) pondera todos os anos, e de forma antecipada, os subsídios escolares que serão atribuídos. A ideia é deixada pelo organismo em resposta à interpelação oral de Ella lei. A deputada pretendia saber se existia algum mecanismo capaz de antecipar as necessidades financeiras nesta matéria.

O Governo admite que a política que diz respeito ao ensino não superior tem “a protecção prioritária do investimento na educação”, sendo que a DSEJ aumenta anualmente o subsídio de escolaridade gratuita”.

A razão, aponta a entidade, “tem em conta o desenvolvimento da sociedade e das escolas”. Desta forma e perante a questão da deputada Ella Lei relativa a uma ponderação antecipada dos subsídios escolares, a DSEJ afirma que “em cada ano o Governo pondera, de forma integral e abrangente, o desenvolvimento social e a situação económica de Macau para definir o orçamento e as políticas financeiras das diferentes áreas públicas, incluindo o investimento de recursos na educação”, lê-se na resposta assinada pela directora Leong Lai. A DSEJ não deixa de sublinhar a importância deste apoio.

“O subsídio da escolaridade gratuita é o principal recurso para manter o funcionamento das escolas particulares aderentes ao sistema de escolaridade gratuita.

29 Ago 2017

Tufão Hato | O lado político e falhado de uma tempestade

Nas redes sociais circularam fotografias de alguns governantes na ajuda à limpeza nas ruas, mas para o politólogo Eric Sautedé o Governo reagiu tarde e falhou por completo na comunicação à população. Apesar das reuniões com a protecção civil, só ontem Chui Sai On foi ver de perto a calamidade que muitos viveram

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]oras depois da passagem do tufão Hato pelo território, muitos questionavam a ausência dos secretários e do próprio Chefe do Executivo nas ruas, numa altura em que, sem água ou electricidade, as pessoas se deparavam com as suas casas e lojas viradas do avesso.

Circulariam mais tarde fotografias de governantes a ajudar nas acções de limpeza, tal como o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, e Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça. Também Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, andou nas ruas. Wong Sio Chak foi, aliás, afectado pelo tufão, tendo ficado sem algumas portas e janelas de casa.

O Chefe do Executivo, apesar de ter participado em diversas reuniões com bombeiros e protecção civil, só saiu à rua ontem, tendo visitado a zona da Ponte e Horta e também junto ao templo Hong Kung.

Eric Sautedé, politólogo, tece críticas ao comportamento do Executivo na forma como lidou com a catástrofe. Na sua visão, as respostas foram tardias e incompletas.

“Se o Chefe do Executivo tivesse ido para as zonas mais prejudicadas teria ajudado. Mas em vez disso foi mais tarde e houve alguns comentários que referiram que ele fez por se manter em segurança. Claro que ter um problema de saúde como a gota faz com que as suas deslocações sejam limitadas, mas ele demonstrou várias vezes uma total falta de empatia.”

Eric Sautedé dá vários exemplos, tal como a publicação de um texto inserido na rubrica “Palavras do Chefe do Executivo”, no website do Governo, que “quase roça a caricatura”, sem esquecer a conferência de imprensa na quinta-feira ao final do dia.

“A mensagem que foi lida pelo Chefe do Executivo foi um desastre em termos de comunicação política: limitou-se a ler um guião e fez um grande esforço para esconder o embaraço”, apontou.

Para Eric Sautedé, a população precisava de dados concretos e de acções, e muita coisa falhou nas primeiras horas.

“Houve muitas contradições, previsões (sobretudo no que diz respeito ao número de vítimas), em vez de terem sido providenciadas respostas às verdadeiras preocupações das pessoas, tal como quando é que a água e a electricidade iriam estar novamente disponíveis.”

“Pedir desculpas é importante, mas tal foi feito com uma total falta de empatia, que foi assumida e compreendida como existindo uma total incompetência”, acrescentou o professor universitário.

Caso único

Alexis Tam, que fez por visitar alguns bairros afectados na zona norte e o hospital público, foi o único “capaz de falar para o público sem ler um discurso”. Ainda assim, Eric Sautedé considera que “não foi capaz de dar respostas às pessoas”.

“A ajuda providenciada por membros do Governo foi, na maioria, apenas para a fotografia, e esperamos sempre que os líderes liderem, e não que carreguem objectos e limpem as ruas. Alguns tiveram um melhor comportamento do que outros: Lionel Leong chegou tarde, mas foi genuíno, enquanto Sónia Chan apareceu de mocassins brilhantes e parecia constrangida com a situação”, recorda o ex-docente da Universidade de São José.

Eric Sautedé não deixou de apontar a presença de alguns deputados nas ruas, sendo que uns “agiram com mais boa-fé do que outros”, dada a aproximação do acto eleitoral de Setembro.

“A forma tardia como o Governo reagiu, e de forma inapropriada, são produto de um sistema em que os interesses empresariais prevalecem e a lealdade está acima da competência”, frisou, lembrando a ocorrência de dez mortes.

“Era suposto a situação melhorar com o novo Executivo, que tomou posse em Dezembro de 2014, mas, obviamente, falharam na missão e desta vez isso custou vidas humanas”, concluiu ao HM.

Porto Interior | Ng Kuok Cheong questiona atrasos nas obras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong interpelou o Governo sobre os efeitos das obras temporárias na zona do Porto Interior para a prevenção das inundações. O objectivo é tentar compreender se o adiamento dos trabalhos de erradicação das inundações na zona está relacionado com as obras do metro ligeiro.

Ng Kuok Cheong recorda que, já em 2014, obteve respostas dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), bem como da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) sobre a prevenção das inundações.

À data, a resposta dos SMG previa a conclusão das obras temporárias em 2015, sendo que existiria uma proposta, de médio e longo prazo, para uma reconstrução da zona. Iria ainda ser levada a cabo uma integração com o projecto do metro ligeiro.

O deputado deseja saber, portanto, se esse projecto foi adiado por causa dos atrasos ocorridos na primeira fase da obra do metro ligeiro. Ng Kuok Cheong pede ainda uma responsabilização dos funcionários e que se avancem de imediato com os trabalhos de reconstrução.

A interpelação faz ainda referência aos dez mortos causados pela passagem do tufão Hato, que fez a maior parte dos estragos nas zonas baixas da península, tal como o Porto Interior e a zona da Barra. Além das vítimas terem morrido por incidentes nas ruas, houve ainda corpos encontrados em parques de estacionamento.

28 Ago 2017

Gabinete de Ligação destaca trabalho do exército nas ruas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presença do Exército de Libertação do Povo Chinês, que desde 1999 não pisava as ruas de Macau, levou o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM a emitir um comunicado onde destaca a parceria entre Pequim e Macau aquando da passagem do tufão Hato pelo território.

O documento lembra que a tempestade causou grandes estragos ao território, uma “grande quantidade de vítimas” e perdas de bens. Os representantes do Gabinete de Ligação afirmam estar tristes pelas perdas registadas, enviando as suas condolências aos familiares dos que partiram, aos feridos e a toda a população.

O organismo mostra ainda o seu respeito para com os cidadãos que ajudaram nos trabalhos de limpeza das ruas.

O porta-voz do Gabinete de Ligação destaca também que foi autorizado o apoio concedido pelo exército chinês aos cidadãos, uma acção que mostra a “ligação entre Macau e o Governo Central”. “A pátria tem sido o apoio ao território”, lê-se ainda no comunicado.

O organismo espera que o território possa voltar à normalidade o mais depressa possível, lembrando a relação próxima que se verificou entre os cidadãos e os militares. Na visão de Pequim, o Exército de Libertação do Povo Chinês é, por isso, “uma tropa excelente em que a população pode confiar”.

“A sociedade de Macau sempre se auxiliou mutuamente. Com o apoio do Governo Central e a liderança da RAEM, caso a população continue a caminhar num sentido de solidariedade, irá ultrapassar de certeza as dificuldades que se registarem após a catástrofe”, remata o comunicado.

28 Ago 2017

Jornalistas barrados | Secretário e AIPIM com visões distintas

Foi proibida a entrada de quatro jornalistas de Hong Kong em Macau. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirma que o procedimento nada tem que ver com a profissão enquanto a Associação de Imprensa em Português e Inglês “lamenta profundamente” tal decisão das autoridades e diz que “prejudica a imagem” do território

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] proibição de entrada no território nada tem que ver com a profissão exercida e é uma questão de segurança pública. A ideia foi deixada ontem, em conferência de imprensa pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. “Ninguém gostaria de ter a sua entrada proibida no território independentemente da sua profissão e não estamos concentrados numa só profissão”, disse o secretário.

Em causa está a proibição de entrada em Macau de quatro jornalistas de Hong Kong, no passado sábado. Wong Sio Chak salientou ainda que foi executada a lei e que se foram impedidos de entrar foi porque ameaçavam a segurança pública. No entanto, as razões que levam a que estes jornalistas representem uma ameaça não foram esclarecidas. “São casos confidenciais e que não podem ser divulgados o que também é conforme a lei”, apontou o secretário.

Má imagem

Já a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) disse ontem que “lamenta profundamente” a decisão das autoridades locais de recusar entrada a quatro jornalistas de Hong Kong, considerando que tal “prejudica a imagem” da cidade.

Num comunicado, a AIPIM “considera incompreensíveis e insatisfatórias as justificações dadas pelas autoridades locais para a decisão, e alerta que esta atitude, tal como outras semelhantes no passado, prejudica a imagem internacional da RAEM no que toca ao respeito pela liberdade de imprensa”.

A proibição de entrada dos quatro profissionais da região vizinha, que desejavam fazer reportagens sobre o impacto do tufão Hato, foi noticiada no sábado pelo South China Morning Post (SCMP), que dava conta que um deles era um dos seus fotógrafos. Segundo o jornal, Félix Wong recebeu uma declaração escrita dos Serviços de Migração de Macau, referindo que “representa um risco para a estabilidade da segurança interna” de Macau.

Noutro comunicado conjunto, a Associação de Jornalistas de Hong Kong e a Associação de Fotojornalistas de Hong Kong lamentaram igualmente o incidente e instaram Macau a respeitar a liberdade de imprensa.

De acordo com o SCMP, as duas associações defenderam que Macau tem uma política de imigração arbitrariamente restritiva e que vários jornalistas de Hong Kong foram impedidos de entrar na cidade nos últimos anos.

Questionado sobre o assunto numa conferência de imprensa no dia em que os jornalistas foram barrados, Ma Io Kun, coordenador do Centro de Operações da Protecção Civil (COPC) de Macau, admitiu que houve pessoas que foram impedidas de entrar na cidade, mas não confirmou que tivessem sido os jornalistas.

“Em princípio, proibimos a entrada de pessoas que possam causar perigo à ordem pública e à ordem da sociedade. É de acordo com a lei que proibimos a entrada dessas pessoas”, disse, sublinhando não saber se os ‘barrados’ eram ou não jornalistas.

28 Ago 2017

Da revisão

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap] de repente um tipo chega ao final de um romance. A disposição que acompanha o término desse processo maratónico é, normalmente, o alívio. Erradamente, o sujeito pensa: “acabou”. Mas, na verdade, o processo mais penoso começa precisamente nesse momento.

Um dos passos mais desmotivadores – e, simultaneamente, mais profícuos – que sucedem à finalização de um romance é a releitura do mesmo. As múltiplas releituras. Um tipo começa a reler o resultado de meses ou de anos de escrita e o desalento com que embarca no processo só tem tendência a aumentar exponencialmente. Um sujeito confronta-se com sua própria ininteligibilidade, com imagens que, na altura em que foram escritas, pareciam veicular adequadamente um sentido essencial de forma sucinta e esteticamente apelativa. Na verdade, muitos dos exercícios de estilo semeados um pouco por toda a parte não sobrevivem a uma releitura. São toscos, óbvios, desenquadrados do propósito macroscópico do livro. Ao invés de simplificarem elegantemente um pensamento ou uma disposição, complicam-nos. São artifícios atrás dos quais os escritores se escondem e escondem as suas inúmeras inseguranças. São a grandiloquência estéril que se empresta à literatura na tentativa espúria de ser algo mais ou algo diferente. Felizmente, muitos deles não sobrevivem.

Depois de duas ou três releituras enjoativas como uma viagem de cacilheiro nos piores dias do Tejo e de ressaca, o livro segue para revisão na editora. E um sujeito, ingenuamente convencido de que o grosso da escória já foi devidamente joeirado, vê aterrar na caixa de correio electrónica a primeira prova de revisão, normalmente tão carregada de sugestões de mudança, correcção de gralhas e perguntas sobre o sentido de muitas das imagens sobreviventes que a vontade de publicar decresce de forma tão acentuada como a disposição de um depressivo no pico do outono. Após uns dias a fingir que não viu o mail, o sujeito atira-se ao texto e tenta responder adequadamente aos problemas que o revisor enuncia.

Na segunda ou terceira revisões, um tipo já dá por si a concordar ou a discordar de tudo. Quando inquirido sobre a formulação de uma determinada imagem, acontece-lhe explicar a coisa tal qual como a deveria ter escrito em primeira instância. Mas não lhe ocorre substituir a imagem coxa pela explicação acertada. Está demasiado embrenhado na defesa da sua primeira versão para lograr ter a lucidez necessária para mudar o que quer que seja. Na verdade, o escritor encara a revisão como um combate. De um lado, ele e o seu trabalho, de outro, alguém que está empenhado em mostra-lhe todos os defeitos que encontra naquele produto de meses ou anos de teimosia: as rugas, o crescimento desarmonioso dos membros, as múltiplas imperfeições de que se reveste o resultado de um processo desta natureza.

Quando finalmente o suplício termina, o escritor, não raramente se sente derrotado. Pela revisão, pelo tipo de fonte escolhida para o corpo do texto, pelo título menos mau sobre o qual toda a gente teve de chegar a acordo, pelo acabamento da capa, pela data de publicação, pela influência do clima mediterrânico no cultivo industrial de pinheiros nórdicos. Por tudo, na verdade.

Quando, anos mais tarde, um fotógrafo insiste em que o sujeito apareça no enquadramento com o livro sobre os braços, há todo um passado cujo escondimento resultou de muito esforço que volta à tona para assombrar um tipo. E a gente percebe, pela fotografia resultante, que alguma coisa não está bem. Toda a gente já viu fotos assim.

28 Ago 2017

Cronologias

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]embro-me desde sempre perguntar como é que o tempo altera o olhar para o que é visto. Senti sempre uma enorme dificuldade em percebê-lo, não apenas em mim, mas no exterior. Sempre tive a convicção de que o tempo altera o ponto de vista e que era por causa dessa alteração que sentia a perplexidade da mudança.

Como é que, porém, nos apercebemos da alteração no ponto de vista, pressupondo que o ponto de vista se altera com o tempo? Se recordarmos Agosto de um ano passado e compararmos com Agosto de um ano seguinte, podemos não apurar nenhuma diferença. Pode, pelo menos, não haver nenhuma diferença na realidade. É na mesma toalha que nos deitamos de costas para olhar o céu azul, é idêntica a temperatura que sentimos. O som de vozes das pessoas na praia, das ondas lá ao fundo, da cigarra, do vento, tudo é o mesmo. Porém, tudo mudou.

Em que sentido? A realidade é a mesma, com a diferença de entre Agosto de um ano passado e um Agosto de um ano seguinte haver passado anos. Houve experiências tidas. O tempo trabalha-nos do seu interior para o seu exterior. O núcleo duro do tempo não é um espaço recôndito, mínimo, mas é o trânsito, a passagem, a sequência irreversível em qualquer breve lapso de si. Amanhecer, entardecer, anoitecer, arrefecer, aquecer, chegar e partir, tudo requer tempo e não acontece sem tempo. Mas também ter uma ideia e não ter nenhuma, esquecer e lembrar, sentir e não sentir, ter uma percepção e não ter percepção, compreender e não compreender nada. Tudo é exterior e interior ao tempo. O mundo interior é tão exterior ao tempo como o mundo exterior só acontece na breve distensão do tempo que requer para poder durar.

Mas o mundo parece o mesmo. Esta perspectiva a abrir, neste sítio, com a mesma latitude e longitude, para a mesma percepção, tem o mesmo conteúdo: o céu azul de Agosto na praia. E, contudo, há mudança. Partiram pessoas e chegaram outras, aprofundou-se ou perdeu-se fundo nas relações humanas, progredimos ou regredimos no desporto, nas actividades a que nos dedicamos. Tudo é diferente.

Há menos tempo do que no ano passado. Na mesma percepção tenho a noção de tempo, embora não surja ao olhar. O mesmo sítio com menos um ano ou o mesmo sítio com um ano de diferença não é o mesmo sítio. O sítio tem a mesma localização geográfica e é em mim que vejo o mundo, mas não tem o mesmo tempo. O ano passado foi-se na enxurrada do tempo, no cataclismo do tempo que leva o instante de há pouco para um tempo irrecuperável pelo presente. O ano passado foi-se e não voltará nunca mais.

Esta noção de que um sítio tem um tempo e o mesmo sítio é diferente em tempos diferentes e que o mesmo sítio este ano e no ano passado são sítios diferentes, esta diferença, é esbatida. Não estou no ano passado e no ano passado, quando estava aqui, não estava no seu futuro passado que só agora, este ano, existe. Eu sou outro. O outro que eu era no ano passado morreu e não volta e o eu que sou agora estava ainda por nascer outrora, como a minha versão de 2018 não está presente ainda e quando estiver, agora será outrora, eu já não estarei aqui no presente como estou agora, mas serei outro no aqui e agora, que terá passado.

O tempo trabalha-nos extaticamente a partir do seu interior, um interior ao qual somos extrínsecos mas fora do qual nada existe. E tudo está continuamente a ser trabalhado entre o agora mesmo aqui que será há pouco mas já sem ser agora e não é ainda daqui a nada, sendo-o já de alguma maneira.

Lembro-me de chegar a cidades onde vivi e delas partir e regressar vezes sem conta para novas fases da vida nelas. Lembro-me de chegar a locais para férias e de os deixar como me lembro de deixar Lisboa para trás e a reencontrar no fim do Verão. A realidade pode ser sempre a mesma, os mesmos sítios, as mesmas casas e a mesma mobília. Pode não haver perceptibilidade da mudança e, mesmo que a mudança tenha ocorrido, é como se não se tivesse dado. Mas tudo muda de um instante para o outro. A vida transforma tudo, diferencia tudo de um momento para o outro e a travessia dos momentos é compreendida como boa e má, curta ou longa, por cuja passagem damos ou não damos.

Com os olhos postos nas traseiras, no lado que veremos depois de dobrada a esquina, no interior de edifícios que vemos de fora ou no seu exterior, visto de dentro, com os olhos postos sempre no instante seguinte, traga ou não novidade, seja o mesmo confirmado ou defraudado, o tempo futuro acama o presente e sustenta um passado como o mesmo ou como completamente diferente.

É quase indiferente que tudo seja fotograficamente o mesmo ou diferente. A diferença está numa dimensão invisível, anónima o mais das vezes, mas que transfigura e metamorfoseia tudo.

Quando partimos a sul, deslocamo-nos e não viajamos já. Não regressamos nunca ao passado e o que encontramos é sempre a mesma coisa, como se não tivéssemos saído do mesmo sítio onde nos encontramos.

Mas há momentos em que somos surpreendidos pelas paredes das nossas casas, nas divisões que mais habitamos, como se delas exalasse uma névoa ou uma brisa despegada da realidade concreta da cor e da sua lisura. Uma névoa temporal que forma o ambiente e a atmosfera que são os próprios elementos da percepção. Somos transportados para a infância ou a juventude, como se o tempo lá fora fosse o do calendário e o tempo cá dentro tivesse uma outra agenda, sem tempo havido, e o tempo presente é o passado, sem futuro ou então com o mesmo sentido do passado cristalizado onde um dia fomos.

Aí percebemos que tudo aí fora pode ser o mesmo. Que a vida é o clima complexo onde caímos. Assola-nos, paira sobre nós ou embrulha-nos como num sonho impermeável onde as vidas dos outros são sonhadas como as nossas. Não se sabem por quem ou pelo quê.

28 Ago 2017

Novo Macau questiona a actuação do Executivo ao tufão Hato

A Associação Novo Macau critíca a forma como o Governo respondeu ao desastre natural que varreu a cidade na passada quarta-feira. Desde a falta de sinalização de alertas dos serviços de meteorologia, passando pelos cortes de água e energia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pró-democratas mostraram indignação contra as situações caóticas que a cidade viveu. O comunicado da Novo Macau critíca a forma como o Governo não dispõe de electricidade extra suficiente para dar resposta às necessidades energéticas do território. Como tal, os pró-democratas pediram responsabilidades ao Executivo e propostas de melhorias para serem avaliadas pela população.

Outros dos agravos da Novo Macau prende-se com a falta de planos de prevenção para as inundações, verificando-se constantemente a mesma situação em caso de chuvas fortes ou tufões.

De acordo com os pró-democratas, é necessário proceder à melhoria das redes de drenagem de forma a evitar o sucedido na passada quarta-feira, como tal, pediram medidas concretas ao Executivo para dar resposta ao problema das inundações.

Em termos de responsabilização, a Associação Novo Macau pergunta ao Governo que compensação será prestada aos comerciantes e donos de veículos afectados pela passagem do Hato.

Dependência energética

Fong Soi Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), vai passar à reforma depois de Macau ter sido violentamente fustigado pelo tufão Hato. Uma das associações que exigiu a responsabilização e demissão do responsável pelos serviços foi a Novo Macau, que emitiu um comunicado onde teceu várias críticas às autoridades no tratamento do desastre natural.

Depois de prestar condolências às famílias das vítimas mortais, o comunicado da associação queixou-se do timming com que foram emitidos os alertas da SMG. Em questão está a falta de decisão dos serviços em elevar o grau de alerta, que em apenas duas horas e meia chegou ao 10, o máximo para tufões. Os pró-democratas entendem que este curto lapso de tempo apanhou muitos residentes desprevenidos, nomeadamente para os moradores do Porto Interior e zonas baixas da cidade.

Outra das queixas da Novo Macau prende-se com o abastecimento de electricidade, água e o fornecimento de telecomunicações que foram afectados pelo tufão.

A associação entende que o Governo de Macau tem uma forte dependência da energia produzida no Interior da China e que essa é a principal razão para o corte de electricidade depois do tufão. É de salientar que uma das centrais de produção energética, situada em Zhuhai, que fornece a rede de Macau sofreu danos severos com a passagem do tufão.

25 Ago 2017

Chui Sai On aceita demissão de  director dos Serviços de Meteorologia

O “Hato” passou e arrasou. O director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), Fong Soi Kun, apresentou a demissão e Chui Sai On aprovou a decisão. O Chefe do Executivo considera que é altura de avaliar o sucedido e não adianta planos para situações idênticas futuras. Para já, há dinheiro para apoiar as vítimas e ajudar na recuperação dos estragos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director dos serviços de Meteorologia e Geofísica demitiu-se ontem. “O director pediu a demissão e eu aprovei”, referiu o Chefe do Executivo, no final do dia de ontem, em conferência de imprensa.

Depois do silêncio, e ainda assim sem se dirigir à população, teve lugar um encontro com os jornalistas, que contou com a representação de todo o Governo e a presença de Chui Sai On.

Quanto ao futuro do responsável pelo SMG, a probabilidade é que venha a reformar-se. A informação foi adiantada pela secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan. Um processo disciplinar relativo ao um possível içar tardio do sinal 8, ainda não é certo, sendo que, afirmou a secretária, “este é um procedimento que só pode vir a ter lugar, ou não, após finalizado todo o processo relativo à demissão de Fong Soi Kun”.

Chui Sai On fez ainda questão de referir que, não tendo visitado as áreas mais atingidas pelo “Hato”, esteve sempre em contacto com o Centro de Operações da Protecção Civil, e de alguma forma, “em contacto com todos”, pois, sublinhou, não discrimina ninguém na sociedade local.

Já o secretário Alexis Tam deslocou-se ontem ao Bairro do Fai Chi Kei para visitar os idosos, os residentes do Bairro da Ilha Verde e o pessoal de acção social.

Calamidade só ao sinal 8

No que respeita a um eventual estado de calamidade ou de emergência a ter lugar no território, no dia seguinte à passagem do tufão que atingiu o sinal 10 e que deixou o território num estado caótico, Chui Sai On limitou-se a referir que o estado de calamidade foi levantado ao içar do sinal oito, na quarta-feira, às nove da manhã.

O espírito de entreajuda no território sensibilizou o Chefe do Executivo que garantiu “envidar esforços para que volte tudo ao normal”.

O choque parece ter sido muito, mas as acções e planos em situação idêntica no futuro ainda não estão definidos, sendo que agora “é necessário fazer um balanço alargado do que se passou com a passagem do “Hato” pelo território”, disse o Chefe do Executivo.

Sem grandes medidas para uma futura ocorrência, visto ser tempo de balanço, Chui Sai On adiantou que serão reforçados os mecanismos de alerta e de divulgação de notícias de modo a que no futuro exista um maior trabalho de prevenção”.

Toma lá dinheiro

No total são cerca de 1,35 mil milhões de patacas que vão ser disponibilizadas pela Fundação Macau. O objectivo é apoiar as vítimas do tufão “Hato” em dois sentidos.

Uma parte dos fundos é destinados a ajudar residentes e famílias das vítimas para que possam recuperar gradualmente dos danos sofridos.

Para as famílias que ficaram sem os seus entes próximos, a Fundação Macau vai dar 300 mil patacas. Já os residentes, vão ter acesso a  um súbsidio de duas mil patacas para ajudar nos gastos extra. O montante será deduzido nas contas de água e de luz.

Para as despesas com janelas partidas, a Fundação Macau vai disponibilizar até 30 mil patacas por arranjo. O objectivo, afirmou ontem o representante da Fundação Macau presente na conferência de imprensa, “é ajudar nas despesas extra que a população pode estar a ter”.

Para os feridos, que já ultrapassam os 200, as despesas médicas serão cobertas pelo mesmo fundo. No total, e até ao fecho da edição, há oito mortos e 244 feridos.

Por outro lado, a Fundação Macau, dada a escassez de água à venda no território e a falta de água em casa, está a fazer uma campanha junto da comunidade. “Já foram recolhidas cerca de 100 mil garrafas de água que podem ser distribuídas e esperamos que a Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau consiga restabelecer o fornecimento o mais brevemente possível”, disse o responsável.

Os residentes que reúnem as condições para solicitar os subsídios poderão formular o seu pedido pessoalmente no balcão de atendimento da Fundação Macau.

Já a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) vai apoiar as pequenas e médias empresas. Tal como a Fundação Macau, os apoios são dados em duas vertentes. Para as pequenas e médias empresas vão ser dados empréstimos de 600 mil patacas sem juros enquanto que vendilhões e titulares de veículos comerciais vão ter acesso a um subsídio. No total vai ser disponibilizado um montante de 2,3 mil milhões e patacas.

Com os preços a inflaccionarem nos supermercados de Macau, o representante da DSE, presente no encontro de ontem, garantiu que vão ser feitas inspecções de modo a “garantir a estabilidade”.

Trinta em risco

Para já e em risco eminente, estão 30 construções. “Há 30 casos que têm de ser resolvidos imediatamente”, disse ontem o director das Obras Públicas, Li Cengfei. A informação é dada após terem sido feitas várias inspecções do estado dos edifícios danificados pelo “Hato”. Em causa estão as estruturas que apresentam risco de queda de objectos suspensos. A prioridade no tratamento destes casos vai ser definida em conjunto com o Centro de Protecção Civil.

Já o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, garantiu que a prestação dos cuidados mínimos não esteve em risco nos hospitais do território. No enatnto, e de acordo com o responsável, “houve falta de água em alguns centros de saúde, mas continuaram a manter serviços mínimos”, disse.

Lei Chin Ion apelou ainda a uma maior preocupação com a higiene por parte da população apesar da falta de água no território. Para Lei Chin Ion, e de modo a prevenir o alastrar de doenças associadas ao lixo e à falta de higiene, as pessoas têm, mesmo sem água, de ter atenção aos cuidados de limpeza pessoal da melhor forma possível. O conselho, deixou, “é usar toalhetes quando não existir água”. Essa ainda não tem data para estar acessível à totalidade da população. Mais de metade do território é abastecido pela estação de tratamento da Ilha Verde que sofreu sérios danos com a passagem do “Hato”. A responsável pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), Susana Wong, afirmou que os arranjos da estação poderiam estar concluidos na passada madrugada, por volta da meia-noite sendo que após estes reparos, o fornecimento de água vai ser retomado gradualmente em todo o território.

25 Ago 2017

Lionel Leong | Bens essenciais não vão faltar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças de Macau assegurou ontem que os bens essenciais não vão faltar no território, na sequência da passagem do tufão Hato que causou pelo menos nove mortos, 594 incidentes e 244 feridos.

Lionel Leong Vai Tac, que falava aos jornalistas à chegada de uma deslocação oficial a Pequim, sublinhou que a Direcção dos Serviços de Economia vai realizar ações de fiscalização para “garantir o abastecimento dos bens essenciais para a vida quotidiana da população e a estabilidade dos preços” de alimentos e combustíveis.

Para isto, o responsável disse que o Ministério do Comércio chinês comprometeu-se a garantir “o abastecimento estável a Macau” dos bens essenciais à vida da população, num encontro na quarta-feira.

Leong Vai Tac manifestou “profundo pesar” pelas vítimas do Hato e solidariedade com os familiares e a população em geral, destacando a necessidade de a vida em Macau regressar “à normalidade” o mais depressa possível.

O secretário lembrou que a direção dos serviços de Economia, a direção dos serviços de Finanças, a Autoridade Monetária de Macau, o Conselho de Consumidores, a direção dos serviços para os Assuntos Laborais, a direção de Inspecção e Coordenação de Jogos, o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, entre outros departamentos, vão efetuar “avaliações sobre o impacto provocado pelo tufão”.

Cada um destes departamentos accionou “trabalhos relacionados, tais como lançamento de várias medidas de apoio, acompanhamento dos assuntos de indemnizações pelo seguro, investigação dos preços dos produtos, inspecção às acções desenvolvidas em torno da segurança e saúde ocupacional”, reiterou.

Leong Vai Tac lembrou as medidas já apresentadas pelo Governo para ajudar as micro, pequenas e médias empresas (PME) afetadas pelo tufão, vendedores ambulantes e titulares de veículos comerciais e trabalhadores por conta própria.

O Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC) lançou dois tipos de programas: o “Plano de apoio especial às PME afectadas pelo tufão Hato”, através do qual oferece um empréstimo sem juros no montante máximo de 600 mil patacas e as “Medidas de Abono” que garantem uma verba cujo limite é de 30 mil patacas, para responder a situações de emergência.

Os dois planos referidos tem um valor total de 2,6 mil milhões de patacas.

O secretário acrescentou que os casinos forçados a suspender as operações devido à falta de água e electricidade “também serão apoiados”, situação cujo acompanhamento cabe à direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

“Neste momento, a prioridade é ajudar a população a regressar à normalidade o mais breve possível”, frisou.

25 Ago 2017

Tufão Hato: Serviços públicos também foram afectados

Nem todos os departamentos públicos do Governo escaparam aos estragos causados pelo tufão Hato. Instituto de Acção Social, Fundo de Segurança Social e alguns departamentos da tutela da Economia e Finanças tiveram de suspender os serviços

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar da Função Pública ter regressado ao trabalho ontem, bem como a maioria dos serviços no sector privado, houve alguns estragos que obrigaram muitos serviços a fechar portas.

Dois centros de acção social do Instituto de Acção Social (IAS), localizados na zona norte e na zona central “estão fechados para que se procedam às respectivas acções de reparação urgente e de arrumação”.

Vários balcões de contas individuais de previdências do Fundo de Segurança Social (FSS), localizados em vários pontos do território, também estiveram de portas fechadas. “Os cidadãos devem ter atenção até novos avisos”, refere-se em comunicado.

Na tutela da Economia e Finanças, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) prestou, “de forma limitada” alguns serviços, tendo sido “normal o atendimento ao público em todos os postos de serviços”.

Contudo, “como o servidor para computadores está avariado, todo o serviço informativo não consegue ser prestado normalmente, incluindo a website da DSAL”.

Além disso, “todas as programações de cursos de formação para obtenção do cartão de segurança e saúde ocupacional e dos respectivos exames, bem como dos cursos e exames ligados à formação profissional e à certificação foram canceladas”. A DSAL não tem ainda uma data definida para a sua realização.

“Nas instalações do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), sitas no World Trade Center, alguns dos serviços por ele prestados foram também afectados”, aponta o mesmo comunicado.

“Devido à avaria da rede informática, os serviços de declaração alfandegária via internet foram também afectados”, estando o serviço disponível apenas via telefone.

A DSE, a Direcção dos Serviços de Finanças, Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos ou o gabinete de apoio ao Fórum Macau, incluindo outros cinco departamentos tutelados pelo secretário Lionel Leong, não foram afectados.

24 Ago 2017

AL | Faltam assessores jurídicos e intérpretes no apoio aos trabalhos legislativos

Apesar de a Assembleia Legislativa contar com mais de duas dezenas de juristas nos seus quadros de assessoria, a aproximação de prazos para entrega de diplomas, ou pareceres, pode levar a que se passem fins-de-semana a trabalhar a contra-relógio. A situação dos tradutores é também de sobrecarga

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o princípio da Assembleia Legislativa (AL) nem havia assessores no auxílio dos trabalhos dos deputados. A coisa ia-se fazendo, em grande parte graças à composição do hemiciclo recheado de juristas de renome. “Quando entrei em 1984, e ao longo da primeira legislatura, não havia qualquer assessor jurídico ou da área da economia, nada”, recorda Leonel Alves. No entanto, o histórico deputado e advogado lembra que se trabalhava bem. “Tínhamos na AL um grande presidente, o Dr. Carlos Assumpção, jurista de primeira água, assim como outros deputados juristas, designadamente o Dr. Neto Valente. No fundo, tínhamos pessoal de primeira linha que dava conta do recado”, conclui.

Muita coisa mudou nas últimas mais de três décadas. A RAEM nasceu, os cofres do Governo encheram-se e a composição do órgão legislativo alterou-se.

Hoje em dia, a AL tem na sua composição 33 deputados e ao longo do processo legislativo os pareceres foram ganhando um peso de interpretação legal que antes não tinham.

“Na altura em que estamos a preparar os pareceres, passamos aqui os fins-de-semana fechados porque temos um prazo muito curto para elaborar e traduzir os documentos”, conta uma fonte da assessoria jurídica ao HM.

Segundo o relato do técnico, as noitadas e os fins-de-semana de intensa labuta são frequentes, principalmente quando se ultimam pareceres das comissões permanentes.

Outra das circunstâncias que eleva o volume de trabalho é o curto espaço de tempo que os assessores têm para analisar as propostas de lei. “Temos de dar a nossa opinião na primeira reunião e nesse curto período recolhemos material e estudamos alguns assuntos com que, por vezes, não estamos familiarizados”, contextualiza a fonte da assessoria, que ainda assim encara com normalidade a forma como a AL funciona neste domínio.

“Há quatro anos atrás, quando trabalhámos na lei das terras, na legislação de salvaguarda do património e no processo penal isto foi uma loucura, foi mesmo até ao fim, todos os tradutores e juristas a trabalhar”, conta o assessor. Este ano a azáfama foi apenas para alguns colegas, apesar de “a pressão do fim da legislatura ser sempre um período complicado”.

Evolução das coisas

Leonel Alves conhece, talvez como ninguém, a forma como a AL funciona, “onde o elo mais fraco é o dos juristas”. O apoio técnico é fundamental nas operações legislativas e de fiscalização do Executivo. “Quanto maior for essa complementaridade melhor ou mais profícuo será para os trabalhos da AL”, explica o ainda deputado.

Se na primeira legislatura não havia assessoria, ao longo da segunda, assim que houve alguma folga em termos orçamentais, começou a pensar-se em contratar assessores jurídicos e da área económica. Um trabalho essencial no auxílio das funções dos deputados, especialmente daqueles sem formação jurídica.

Os anos foram passando e o quadro de pessoal de assessoria foi crescendo, numa primeira fase só com assessores portugueses e depois, por iniciativa de Leonel Alves enquanto secretário da Mesa da AL, foram admitidos juristas de matriz chinesa. Este apoio foi ganhando um importância crescente, principalmente no que diz respeito ao auxílio às comissões permanentes, passando os assessores a fazer os relatórios das comissões.

Tendo em conta o contexto do dinheiro que o órgão legislativo tem à sua disposição, uma visão histórica demonstra que os orçamentos têm vindo a crescer mas, ainda assim, representam uma parcela pequena face aos gastos globais anuais do Governo de Macau. Ao longo da sessão legislativa de 2002, a AL funcionou com um orçamento de 57 milhões de patacas. Em 2008, cresceu para 76,14 milhões.

No ano passado, o orçamento corrigido da AL foi de quase 189,5 milhões de patacas. Apesar do aumento considerável, esta quantia representa apenas 0,22 por cento do orçamento revisto do total da despesa integrada do Governo, como se lê no relatório de actividades da AL da 3ª sessão legislativa da V legislatura.

José Pereira Coutinho já se havia referido a esta questão, referindo que o dinheiro que a AL dispõe “é muito pouco comparando com qualquer outro serviço público”. O deputado contou que os assessores e intérpretes da assembleia “não têm mãos a medir para a quantidade de trabalho”, acrescentando que “se alguns deles saírem, a quebra é drástica”.

Em termos orçamentais, também Leonel Alves acha que a AL deveria ter mais dinheiro, chegando a dizer, com humor, que “o orçamento até devia ser, entre aspas, ilimitado”.

Perdas irreparáveis

Neste momento, a AL funciona com sete grupos de trabalhos de assessoria jurídica, dois dos quais não têm nenhum jurista português. No final de 2015, uma jurista portuguesa abandonou a AL para regressar a Portugal, sem ter sido substituída. Apesar de alguns assessores chineses ter estudado Direito em universidades portuguesas, as subtilezas e conceitos da linguagem técnico-jurídica é de difícil apreensão, mesmo para portugueses pouco versados em Direito.

Este facto tem levado a redacções pobres de legislação. Leonel Alves destaca, neste capítulo, a lei das partes comuns dos edifícios em propriedade horizontal, sendo que “a lei de protecção dos animais ainda foi pior, com artigos que são totalmente ilegíveis”. “A lei de terras tem artigos que já li cinquenta vezes e que continuo sem perceber. Estes problemas ocorrem, normalmente, quando nos grupos de trabalho não consta nenhum elemento de matriz portuguesa”, explica Leonel Alves.

Apesar de há cerca de ano e meio a AL ter contratado quatro juristas novos que tiraram o curso em Portugal, de acordo com a fonte próxima da assessoria técnica, são pessoas ainda muito novas, obviamente sem a experiência dos assessores mais velhos. A formação faz-se a trabalhar. O assessor que falou com o HM revelou que o número de pessoal não é o problema, mas “se calhar, o que falta são pessoas com mais experiência”.

Quarto elemento

Outro dos detalhes que poderia ajudar ao melhor fluxo dos trabalhos da AL seria a criação de uma quarta comissão permanente. De momento, os grupos de assessoria são sete, apenas para três comissões permanentes. “Para não acumularem tanto as leis, talvez fosse melhor haver mais uma comissão permanente”, teoriza o técnico. Apesar do número de deputados ter aumentado, as comissões permanentes continuam a ser três. Durante a sessão legislativa do ano passado foram realizadas 154 reuniões das comissões permanentes da AL.

Neste momento, uma comissão tem em média nove elementos. “Se não houver muito para apreciar, as três comissões podem dar vazão aos trabalhos, mas se houver um grande incremento de propostas e projectos de lei, creio que mais uma comissão permanente seria benéfico”, considera Leonel Alves.

A questão do fluxo de trabalho agiganta-se na parte dos intérpretes. “Talvez a nível de tradutores o volume de tarefas seja ainda mais difícil, porque para além do trabalho legislativo têm as interpelações e intervenções antes da ordem do dia para traduzir”, conta a fonte ao HM.

Importa aqui referir que ao longo da sessão legislativa do ano transacto os tradutores da AL trabalharam em 264 intervenções antes da ordem do dia. No campo das interpelações, tiveram de traduzir 619 escritas e 61 orais, num ano em que foram aprovadas nove leis e uma resolução, num universo de 11 propostas de lei e quatro projectos.

Em termos de iniciativa legislativa, as propostas suplantam os projectos, ou seja, o Governo propõe mais legislação do que a assembleia. Neste aspecto, Leonel Alves acha que “se cada uma das comissões ficasse incumbida de fazer um projecto de lei por legislatura já não era mau”. O deputado lembra ainda que é necessário que “não esqueçamos que a AL tem fundamentalmente uma missão legislativa”.

Porém, legislar é um processo complexo que implica uma visão integrada de todo o ordenamento jurídico. “Legislar não é só carregar no botão do aprovar, abster-se ou votar contra. É preciso ter massa crítica, conhecer a realidade de Macau, conhecer o seu ordenamento jurídico. É todo um conjunto de tarefas importantes onde, a meu ver, a assessoria jurídica tem um papel fundamental”, considera o histórico deputado.

23 Ago 2017

Forças de Segurança | Comissão de fiscalização precisa de se dar a conhecer

A Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança já existe há 12 anos, no entanto o seu trabalho ainda é considerado desconhecido, afirma Leong Veng Chai. Já o presidente do organismo, Leonel Alves considera que há questões mais complexas para resolver, sendo que a falta de funcionários é uma delas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s acções da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança não são satisfatórias. A ideia foi deixada pelo deputado Leong Veng Chai ao HM, em reacção ao caso dos dois agentes da Polícia de Segurança Pública detidos por corrupção. Na base da condenação esteve o auxílio à entrada ilegal de pessoas no território.

Para Leong Veng Chai, a falta de eficácia da comissão deve-se à fraca adesão por parte dos cidadãos. A população, considera, ainda não sabe que pode recorrer a este organismo para apresentar as suas queixas. “Há ainda pouca informação relativamente à comissão que tem como função receber as queixas da população, sendo que a responsabilidade é do Governo”, disse ao HM.  Para o deputado, a promoção da comissão por parte do Executivo é “insuficiente”.

Leong Veng Chai aponta que a solução para o problema passaria pela representação, dentro do organismo, das várias faixas da sociedade.

Um caso de pesar

Leonel Alves, presidente da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança, falou ao Jornal Ou Mun do desgosto que sentiu com os casos de corrupção policial recentemente divulgados, sendo que ressalvou o papel da comissão no que respeita aos esforços postos no desenvolvimento das competências que lhes são associadas. O ainda deputado referiu ainda à mesma fonte que “leva tempo a atingir os objectivos”.

De acordo com as declarações de Leonel Alves ao jornal Ou Mun, a detenção dos dois agentes da autoridade é “fruto de influência geral do ambiente económico e da sociedade”.

No âmbito da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança, Leonel Alves contou que, ao longo do tempo, a comissão tem assumido os trabalhos de fiscalização e, além de receber queixas dos cidadãos sobre o pessoal das forças de segurança, tem apostado na divulgação dos relatórios e opiniões referentes à investigação disciplinar.

Participar mais

O responsável disse ainda que a estrutura da comissão bem como as suas funções já estão em funcionamento há 12 anos, sendo que, apontou, tem mantido a comunicação com as entidades competentes para alargar os poderes da comissão. O objectivo, disse, é garantir a participação nos processos de investigação. O presidente espera ainda que o organismo tenha o direito de estar presente nas audiências. Conseguir isto é, para Leonel Alves “um grande avanço”.

O responsável admite, no entanto, que não será fácil, uma vez que a comissão tem um número muito reduzido de funcionários.

Leonel Alves frisou ainda que há questões relativas a alterações à estrutura do organismo e à própria legislação. No entanto, e apesar dos diversos obstáculos, afirma que vai continuar a manter contacto com os serviços competentes.

Quanto aos trabalhos de combate aos crimes cometidos pelos agentes policiais, Leonel Alves sugere que sejam depositados mais esforços na área da educação e espera que a Comissão possa colaborar com a Escola Superior das Forças de Segurança de Macau na realização de palestras.

Foram detidos, no domingo, por suspeita de envolvimento num esquema de entrada e saída de imigrantes ilegais do território, dois agentes, do Departamento de Migração da Polícia de Segurança Pública (PSP).

Os agentes, com 29 e 32 anos, terão alegadamente recebido subornos de, pelo menos, 300.000 dólares de Hong Kong, afirmou fonte da PJ.

As detenções aconteceram no Posto Fronteiriço do Cotai na madrugada de domingo pela PJ, com a ajuda da PSP, tendo sido também detida uma residente de Macau, de 33 anos, num apartamento na Taipa, por alegado envolvimento no caso, indicou a mesma fonte.

Segundo a investigação da PJ, que teve início em Junho, os dois agentes dos Serviços de Migração proporcionariam a entrada ou saída de imigrantes ilegais, de carro, através do Posto Fronteiriço do Cotai quando um deles se encontrasse de serviço. Tal sucedia na sequência de telefonemas de imigrantes ilegais para um dos agentes – apontado pela PJ como cérebro da operação – ou para a mulher suspeita de envolvimento na mesma rede.

23 Ago 2017

Eleições | Eilo Yu  não prevê grandes mudanças nestas eleições

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] académico da Universidade de Macau (UM) não considera que as eleições do próximo dia 17 de Setembro tragam grandes novidades à composição da Assembleia Legislativa (AL).

Eilo Yu não prevê que se registe uma grande diferença em relação ao acto eleitoral de 2013. O docente acrescentou ao Jornal Ou Mun, que não considera que os novos candidatos tenham capacidade suficiente para desafiar as posições já estabelecidas das candidaturas tradicionais.

Em relação à saída de alguns deputados com história na AL, o académico diz que estará atento à influência que estas mudanças de elenco no hemiciclo vão trazer à taxa de votação.

Apesar do número recorde de comissões de candidatura, que chegaram às 25, com listas que concorrem este ano separadamente, Eilo Yu destaca que praticamente não há caras novas nos boletins de voto.

No entanto, a multiplicidade de candidaturas merece a reflexão do académico que considera que a separação das listas pode representar uma maior especialização dos candidatos por vários assuntos específicos. Na visão do docente da UM, esta realidade é também reflexo de uma sociedade cada vez mais detalhada e que escapa aos modelos de candidatura de antigos sufrágios.

Eilo Yu é da opinião de que a tradição vale bastante nas eleições de Macau, mas que ainda assim vai haver uma grande concorrência para os últimos três assentos no hemiciclo.

23 Ago 2017

Alibaba | Ng Kuok Cheong interpela Governo devido a falta de concurso público

O deputado pró-democrata quer saber se a decisão de não se realizar concurso público no acordo que fixa o grupo chinês Alibaba em Macau foi do Chefe do Executivo. Ng Kuok Cheong pergunta ainda que medidas preventivas foram tomadas para evitar derrapagens orçamentais

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om uma influência crescente nas regiões especiais, nomeadamente em Hong Kong, o anúncio do acordo-quadro entre o grupo Alibaba e o Governo de Macau tem levantado algumas suspeitas no território.

Em interpelação escrita, Ng Kuok Cheong questiona se a decisão de não se proceder a concurso público para a criação do centro de computação em nuvem e da plataforma de megadados foi uma decisão tomada directamente por Chui Sai On. O pró-democrata demonstrou ainda dúvidas se o processo não estará a extravasar os normais procedimentos administrativos.

O deputado teme que a falta de transparência leve a consequências verificadas no passado, nomeadamente no que toca a derrapagens orçamentais e atrasos nas obras públicas. Neste contexto, importa lembrar que na semana passada o Governo anunciou o investimento de 400 milhões de patacas, nos próximos dois anos, na construção do projecto da construção da cidade inteligente.

Ng Kuok Cheong deu como exemplo, na interpelação que assinou, os problemas surgidos no âmbito da criação do sistema de metro ligeiro, um caso onde lamenta que ainda não haja data concreta para a conclusão das obras.

O deputado recorda ainda que os projectos que envolvem o gasto de dinheiros públicos contornando concursos públicos em aquisições adjudicatárias têm gerado grande apreensão entre os cidadãos.

Pouca transparência

Em relação ao acordo-quadro celebrado entre o Governo e o gigante chinês Alibaba, o deputado nota que as informações prestadas sobre a construção de um centro de computação em nuvem e a plataforma de megadados foram muito gerais. De forma a dissipar a falta de transparência do processo, Ng Kuok Cheong pede ao Executivo a divulgação da lista de serviços que vão ser adjudicados. O pró-democrata pede ainda os orçamentos para as respectivas despesas onde se incluem obras de construção civil, aquisição de programas informáticos e serviços para a gestão das adjudicações.

Este acordo-quadro, que foi assinado no passado dia 4, motivou um coro de críticas de vários quadrantes. Por exemplo, o presidente da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, Cheang Chong Fai, mostrou-se insatisfeito com o método adoptado para a celebração do entendimento. Como o projecto envolve o dispêndio de dinheiros públicos, o dirigente associativo considerou que os cidadãos têm direito à informação de quanto e como será gasto.

Também neste sentido, Ng Kuok Cheong interpelou o Governo para saber quanto do orçamento relativo à construção do projecto da cidade inteligente irá directamente para o grupo Alibaba. Além disso, o deputado questionou quais as medidas preventivas tomadas pelo Executivo de forma a evitar derrapagens orçamentais.

23 Ago 2017