João Santos Filipe Manchete SociedadeConsulado | Serviços de renovação de documentos aumentam resposta A medida visa responder ao “súbito e forte aumento de procura” do serviço de renovação de documentos, gerado pelo levantamento das restrições de viagem impostas pela política de zero-casos de covid-19 Para fazer face ao aumento da procura dos serviços de renovação de documentos de identificação e viagem, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong anunciou ter aumentado a capacidade de resposta em 25 por cento. A revelação foi feita através de uma publicação nas redes sociais. “Após o período da pandemia e o levantamento das restrições locais, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong-Kong teve um súbito e forte aumento de procura a que procuramos atender na medida das nossas capacidades e dos recursos disponíveis”, foi admitido. “A partir de hoje [ontem], dia 2 de Março, a capacidade de atendimento de utentes interessados em renovar o cartão do cidadão e/ou o passaporte foi reforçada em 25 por cento, pelo que esperamos encurtar os prazos de atendimento”, foi acrescentado. Desde o início do ano que Macau levantou várias restrições de viagem relacionadas com a política de zero casos de covid-19, o que tem motivado uma grande procura por viagens. Como a maior parte dos países exigem para emitir vistos para turistas passaportes com uma validade de pelo menos seis meses, várias pessoas tentam agora renovar os documentos para poderem voltar a viajar. Reposta às críticas O anúncio do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong foi feito depois de inúmeras críticas ao serviço, que se devem não só à lentidão na resposta aos serviços de marcação online, mas também porque é praticamente impossível para os portugueses entrarem no espaço, sem marcação prévia. À porta do consulado, qualquer pessoa que deseje entrar, é questionada sobre se tem marcação. Sobre a possibilidade de serem contratadas mais pessoas para o consulado, foi explicado que “a contratação de pessoal na Administração Pública obedece a regras legais e prazos incontornáveis”. Por outro lado, foi defendido o sistema em vigor, em que é pedido às pessoas para fazerem marcações online. “A marcação de atendimento (através de um dos endereços de correio eletrónico constantes desta página) é indispensável, sendo também recomendado solicitar quaisquer esclarecimentos por essa via que nos permite responder a um maior número de pedidos e com mais precisão do que o atendimento telefónico”, foi defendido. Ainda assim, foi garantido que os “casos inequivocamente urgentes (e apenas estes, de modo a salvaguardar o princípio do atendimento por ordem da admissão dos pedidos) serão tratados em tempo útil e devem ser solicitados, com fundamento do pedido de tratamento de urgência”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCCPPC | Leonel Alves defende aposta no Direito e língua portuguesa Leonel Alves, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, diz que Macau deve apostar em duas áreas que lhe são características para vingar na Grande Baía, nomeadamente o Direito de matriz portuguesa e a língua de Camões. Empregadas domésticas e impostos serão outros temas abordados nas duas sessões Advogado e ex-deputado, Leonel Alves mantém a actividade política como membro de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), cuja sessão anual decorre entre hoje e amanhã, bem como a da Assembleia Popular Nacional (APN). Em declarações à TDM Rádio Macau, Leonel Alves disse, antes de partir para Pequim, que Macau deve apostar nas áreas do Direito local e língua portuguesa para participar activamente na Grande Baía e cooperar com as nove cidades que fazem parte deste projecto político. “Macau faz parte da Grande Baía e tem o seu papel próprio e insubstituível, quer pela sua história, quer pelas suas características e quer pelas suas próprias potencialidades. Uma delas é, sem dúvida, o Direito, que é diferente do resto. Outra característica fundamental é a língua portuguesa, que pode ser mais difundida na Grande Baía”, defendeu. Leonel Alves disse mesmo, “pela sua experiência pessoal”, que já contactou “várias entidades, inclusivamente universitárias” onde foi discutida a importância do “aprofundamento do conhecimento da cultura dos países lusófonos para o desenvolvimento económico da Grande Baía”. Apostar nestas áreas pode levar, assim, a um “incremento qualitativo muito importante do papel de Macau como plataforma, para um maior intercâmbio entre os talentos da Grande Baía e de Macau”. Macau, território de pequena dimensão, o que acarreta dificuldades de expansão de negócios e que sofre com falta de mão-de-obra, pode beneficiar com a Grande Baía e com a cooperação nestas áreas, adiantou Leonel Alves. “Isso pode ser muito benéfico pois Macau é uma cidade pequena, os números são sempre muito limitados, a Grande Baía é a grande projecção da China para as próximas décadas e as necessidades que temos, os profissionais que trabalham na Grande Baía creio que muitos deles têm interesse em desenvolver as suas actividades em Macau. Macau está a atravessar este momento histórico e tem de aproveitar este corredor de conhecimentos e de pessoas que têm interesses mútuos”, rematou. Empregadas na Zona Leonel Alves confirmou ainda à TDM Rádio Macau que vai subscrever um projecto, em co-autoria com os restantes membros de Macau à CCPPC, destinado a promover uma maior cooperação ao nível dos recursos humanos entre o território e as cidades da Grande Baía. Uma das propostas apresentadas pelos delegados de Macau é a facilitação das condições burocráticas para que empregadas domésticas estrangeiras possam trabalhar na Zona de Cooperação Aprofundada. “É preciso regular as condições em que as trabalhadoras domésticas podem trabalhar na Zona de Cooperação”, disse Ho Ion Sang, um dos membros de Macau à CCPPC, à TDM Rádio Macau. Além disso, o deputado indirecto diz que “há muitos residentes com vontade de viver em Hengqin, mas desejam serviços médicos de maior qualidade na Zona de Cooperação”, pelo que “é necessário optimizar os serviços médicos nos dois lados”. Por sua vez, Frederico Ma, outro membro da CCPPC, disse que vai fazer uma proposta para uma maior articulação dos sistemas tributários entre Macau, o Interior da China e a Zona de Cooperação.
Hoje Macau Grande Plano MancheteVoos de aviões militares do EUA no Estreito motivam resposta chinesa Os EUA fizeram esta semana aumentar drasticamente a tensão no Estreito de Taiwan, através da realização de voos militares, o que levou a uma resposta da China, que enviou para a região navios e aviões de combate A China e os Estados Unidos exibiram o seu poderio militar em torno de Taiwan nos últimos três dias, à medida que as tensões entre as duas potências rivais se exacerbam. O Exército de Libertação Popular (EPL) enviou 68 aviões e 10 navios de guerra para perto de Taiwan desde segunda-feira, segundo o Ministério da Defesa da ilha, enquanto os EUA confirmaram que o seu avião de reconhecimento P-8A Poseidon tinha sido destacado para voar através do Estreito de Taiwan. As plataformas de verificação de voo online mostraram que os EUA tinham também enviado aviões de reabastecimento aéreo e bombardeiros para perto da área. Os jactos militares chineses foram destacados logo após a Marinha dos EUA ter anunciado na segunda-feira que o P-8A estava a voar através do Estreito de Taiwan. O Ministério da Defesa de Taiwan disse ter detectado 29 aviões e quatro navios da China continental nas 24 horas que terminaram às 6 da manhã de quinta-feira. Entre eles, 17 jactos J-10 e quatro caças de ataque J-16, e foi o maior destacamento até agora esta semana, com 21 saídas a entrarem na zona de identificação de defesa aérea do sudoeste da ilha, informou o ministério. Na terça-feira, o EPL destacou dois navios e 25 aviões, incluindo 19 J-10 jactos, enquanto na segunda-feira enviou 14 aviões e três navios para a zona. No entanto, o ministério disse que nenhum dos aviões do EPL tinha atravessado a linha mediana que serve de barreira não oficial entre a ilha e a China continental. A notícia de que o P-8A Poseidon tinha voado sobre o estreito provocou protestos por parte de Pequim. O Comando do Teatro Oriental do PLA, que supervisiona o Estreito de Taiwan, disse na segunda-feira que os EUA “tinham deliberadamente interrompido e minado a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”. A Sétima Frota dos EUA disse considerar o Estreito de Taiwan uma via navegável internacional, e que operações como o trânsito de segunda-feira iriam continuar. “Os Estados Unidos continuarão a voar, navegar e operar em qualquer lugar que o direito internacional permita, incluindo dentro do Estreito de Taiwan”, disse, acrescentando que o avião estava a operar no “espaço aéreo internacional”. Na segunda-feira, um mapa de radar de voo mostrou que três aviões Stratotankers KC-135R da Força Aérea dos EUA estavam no Canal de Bashi, a sul de Taiwan. Mas o mapa de radar não tinha um carimbo da hora clara, e os funcionários dos EUA não comentaram o destacamento de aviões de reabastecimento aéreo. Na terça-feira, Aircraft Spots, uma conta do Twitter dedicada ao rastreio dos movimentos aéreos militares, disse que os bombardeiros B-52 dos EUA estavam a voar na região a caminho de se juntarem ao Avalon Airshow na Austrália a 4 de Março. Zhou Chenming, um investigador do grupo de reflexão de ciência e tecnologia militar Yuan Wang sediado em Pequim, disse que era possível que os aviões chineses tivessem sido enviados para interceptar pelo menos dois bombardeiros B-52 americanos que sobrevoavam o Canal Bashi na terça-feira. “São os bombardeiros B-52 dos militares americanos que forçam o EPL a destacar caças para os impedir de voar perto de Taiwan, como o P-8A fez na segunda-feira”, disse Zhou, acrescentando que os movimentos iriam agravar ainda mais as tensões no estreito. Fu Qianshao, um analista de aviação militar chinês, disse que os EUA tinham intensificado as provocações enviando aviões de guerra em torno de Taiwan, representando uma ameaça para o espaço aéreo da China continental. “Os EUA enviaram aviões anti-submarinos, aviões de reconhecimento e bombardeiros, pelo que devemos estar sempre vigilantes para monitorizar as suas actividades”, disse Fu. “Pode-se ver que os militares dos EUA intensificaram as suas actividades. Iremos também inevitavelmente aumentar o nível de prontidão de combate, e assim que ocorrer uma abordagem ameaçadora, iremos inevitavelmente tomar medidas relevantes”. De acordo com Fu, as actividades do EPL em torno de Taiwan faziam parte do seu plano de treino regular, mas a actividade poderá aumentar em resposta às provocações dos EUA. “As suas actividades em redor do Estreito de Taiwan são próximas da China continental, o que constitui uma ameaça para nós”, disse Fu. “Por conseguinte, aumentámos as nossas patrulhas para evitar abordagens perigosas no nosso espaço aéreo”. Lu Li-shih, um antigo instrutor da Academia Naval de Taiwan em Kaohsiung, disse que a resposta do EPL poderia ser vista como parte das suas contramedidas para fazer face aos voos de vigilância dos EUA ao longo da costa sudeste da China continental. “Os EUA têm tentado utilizar [estes] voos para alcançar a sua estratégia de ‘dissuasão por detecção’ nos últimos anos para dissuadir o EPL de expandir a sua influência militar na região”, disse Lu. No entanto, os destacamentos do EPL nos últimos dias mostraram que a estratégia dos EUA tinha falhado, uma vez que Pequim já tinha apresentado contra-medidas para dissuadir os voos de reconhecimento americanos e outras provocações, disse Lu. Song Zhongping, um antigo instrutor do EPL, disse que o EPL iria reforçar as suas contramedidas contra as acções intensificadas dos EUA. “Os EUA querem sempre alterar o status quo no Estreito de Taiwan”, disse Song. “Irá inevitavelmente conduzir a uma intensificação dos confrontos entre a China e os EUA”. Manobras de Março A China criticou ontem um novo comité da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos dedicado a combater Pequim, exigindo que os seus membros “descartem o viés ideológico e a mentalidade de ‘tudo ou nada’ da Guerra Fria”. O novo comité da Câmara dos Representantes para o Partido Comunista Chinês deve “ver a China e a relação China – EUA sob uma luz objectiva e racional”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa. “Exigimos que as instituições e indivíduos relevantes dos EUA descartem o seu viés ideológico e mentalidade de ‘tudo ou nada’ da Guerra Fria”, afirmou. Eles devem “parar de enquadrar a China como uma ameaça, com base em desinformação, parar de denegrir o Partido Comunista da China e parar de tentar marcar pontos políticos, em detrimento das relações China-EUA”, acrescentou Mao. O comité iniciou o seu trabalho na terça-feira com uma audiência em horário nobre, na qual o seu presidente pediu aos legisladores que agissem com urgência, enquadrando a competição entre os EUA e a China como “uma luta existencial sobre como será a vida no século XXI”. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China, tendo os EUA interferido em todos estes processos, que a China considera questões internas. A recente passagem de um alegado balão de espionagem chinês no espaço aéreo dos EUA alimentou o desejo dos legisladores de fazer mais para combater Pequim. Testemunhando a força dessas preocupações, a votação de 365 contra 65 para criar o comité foi bipartidária, uma raridade num Congresso profundamente dividido. G20 | EUA recusam reunir com China e Rússia Entretanto, seguindo a atitude de confronto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, não tenciona reunir com seus homólogos russos, Serguei Lavrov, e chinês, Qin Gang, na reunião ministerial do G20, que começa hoje em Nova Deli. “Não tenciono vê-los no G20, embora suspeite que certamente estaremos juntos em algumas sessões”, disse Blinken, em declarações feitas na capital uzbeque, Tashkent, após um encontro com o Presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyóyev, e com o seu homólogo, Bajityor Saidov. Questionado sobre o facto de muitos dos países não alinhados ou neutros gostarem de ver negociações de paz para a Ucrânia, nomeadamente através do plano apresentado pela China, Blinken reconheceu que “existem alguns elementos positivos” nessa proposta. “Mas, se a China realmente levasse a sério o primeiro princípio que enunciou – a soberania – teria passado todo o ano passado a apoiar a restauração da plena soberania da Ucrânia”, lembrou o chefe da diplomacia norte-americana. Blinken insistiu que “a China não pode ter as duas coisas: não pode apresentar-se publicamente como uma força de paz enquanto, de uma forma ou de outra, continua a alimentar as chamas deste incêndio iniciado pelo (Presidente russo) Vladimir Putin. Esforços chineses Em resposta a um relatório Bloomberg que diz que a Índia está “a tentar convencer Moscovo e Pequim a alinharem com um consenso sobre a guerra da Rússia na Ucrânia”, semelhante ao alcançado pelos líderes do G20 em 2022, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que a posição da China sobre a questão da Ucrânia é clara e consistente e está totalmente delineada na recentemente divulgada “Posição da China sobre a Resolução Política da Crise da Ucrânia”, que está centrada na promoção de conversações para a paz. “A comunidade internacional, incluindo o G20, precisa de desempenhar um papel construtivo na resolução da situação, reduzindo a temperatura e facilitando uma solução política para a crise”, disse Mao Ning. Alguns peritos acreditam que a China irá introduzir a sua Iniciativa de Desenvolvimento Global, que coloca o desenvolvimento em primeiro lugar e a população no centro e procura acelerar a implementação da Agenda 2030, no encontro, e fornece soluções para enfrentar a crise alimentar e energética, bem como as alterações climáticas. “Se o G20 for fragmentado e se tornar num instrumento de luta geopolítica, também afectará a globalização. Os países em desenvolvimento precisam de estar muito mais unidos, por exemplo, para reforçar a cooperação dentro do mecanismo BRICS para compensar o impacto negativo da pressão geopolítica”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin da China. Embora alguns meios de comunicação social norte-americanos tenham tomado o aviso de Blinken a Pequim sobre a crise da Ucrânia como o último sinal de deterioração das relações EUA-China, alguns especialistas acreditam que haverá um certo nível de interacção entre funcionários chineses e norte-americanos no evento. “Os EUA irão certamente aproveitar todas as oportunidades para pressionar não só a Rússia mas também a China, por exemplo, inventando histórias de que a China está a fornecer armas letais à Rússia, para caluniar a China e conter estrategicamente o país”, disse Wang.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSJM | Renovado contrato com casino-satélite L’Arc A empresa da deputada Ângela Leong vai poder continuar a funcionar como casino-satélite até ao final de 2025. O acordo foi explicado ontem, pela SJM Resorts, através de um comunicado à Bolsa de Hong Kong A empresa L’Arc Entertainment vai explorar o casino satélite L’Arc Macau por mais três anos, até Dezembro de 2025. A informação foi divulgada ontem pela concessionária SJM Resorts, através de um comunicado à Bolsa de Hong Kong. Segundo os termos do acordo revelado ontem, ao longo dos três anos a L’Arc Entertainment vai receber da SJM Resorts uma percentagem fixa das receitas mensais brutas obtidas no casino. Contudo, o contrato estipula que o valor a ser pago pela concessionária à empresa que explora o casino tenha um tecto máximo. Este ano, o tecto é de 253,1 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), em 2024 sobe para 351,7 milhões HKD e em 2025 o montante máximo que a SJM terá de pagar à L’Arc Entertainment será de 450,1 milhões HKD. No comunicado, a SJM Resorts reconhece que os tectos anuais são superiores ao que seria expectável após os últimos três anos. Porém, é explicado que as previsões reflectem “a esperada recuperação do número de visitantes e das receitas do jogo como resultado do levantamento das restrições da prevenção da pandemia da covid-19 e também do levantamento das restrições de viagem entre Macau e o Interior desde os finais de 2022”. Apesar de apenas ontem ter sido emitido à Bolsa de Hong Kong o comunicado sobre a nova ligação entre as duas empresas, esta começou logo no início deste ano. Ângela Leong de fora A empresa L’Arc Entertainment tem como única accionista, ainda que de forma indirecta, ou seja, através de outras empresas, a deputada Ângela Leong. A ex-mulher do falecido Stanley Ho é ainda uma das directoras executivas das SJM Resorts. Por este motivo, no que diz respeito à tomada de decisões por parte da concessionária, e para evitar conflitos de interesses, o comunicado explica que Ângela Leong ficou fora do processo de tomada de decisão. “A direcção da empresa, incluindo os directores não-executivos, mas excluindo a senhora Ângela Leong, considera que os termos do contrato de renovação do serviço com a L’Arc Entertainment estão dentro da normalidade em termos comerciais e que são razoáveis”, foi justificado sobre a decisão. Além do acordo com o casino satélite L’Arc, a SJM Resorts tem mais oito acordos semelhantes no território, que incluem espaços como os casinos Ponte 16, Landmark, Kam Pek ou Casa Real.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeQuarentenas | Recebidos 49 pedidos de devolução de dinheiro Com o fim das quarentenas obrigatórias nos hotéis, o Governo já recebeu 49 pedidos de apoio para a devolução do montante pago por residentes. Nas redes sociais há relatos de alguns atrasos nos pagamentos, mas a Direcção dos Serviços de Turismo diz que tem vindo a comunicar com as unidades hoteleiras Desde que foi decretado o fim das quarentenas obrigatórias em hotéis, a 17 de Dezembro do ano passado, que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) recebeu um total de 49 pedidos de ajuda ou questões da parte dos residentes que já tinham feito a respectiva marcação de quarto de hotel e o seu pagamento. Os dados foram enviados ao HM após ter sido verificado, nas redes sociais, que havia atrasos e problemas de comunicação entre as unidades hoteleiras anteriormente designadas para a quarentena e os residentes. A DST afirma que “tem mantido a comunicação com os hotéis envolvidos, pedindo que seja acelerado o processo de devolução do dinheiro”. “Compreendemos que os hotéis têm vindo a processar os procedimentos relacionados com a devolução dos montantes pagos e que envolvem não só os hotéis como os bancos e sistemas de cartões de crédito, o que pode fazer com que leve algum tempo até que os pagamentos sejam feitos”, lê-se ainda na resposta. Publicações apagadas Foi no grupo “Macau Quarantine” que o HM viu algumas publicações a darem conta do atraso na devolução do dinheiro pago pelas quarentenas. Uma das internautas confirmou depois que, o seu caso, relacionado com a quarentena marcada no Hotel Lisboeta, já tinha sido resolvido aquando das questões colocadas pelo nosso jornal. De frisar que as publicações foram apagadas do grupo depois de o HM ter contactado as duas residentes que fizeram as publicações. Recorde-se que o território manteve durante bastante tempo em vigor a medida de quarentena obrigatória de 21 dias nos hotéis para quem viajasse do exterior. Após vários apelos feitos por deputados e pela opinião pública, e tendo em conta as medidas adoptadas no país, as autoridades locais foram reduzindo o período de quarentena para 14, sete dias e depois, em Novembro do ano passado, de cinco dias mais três em regime de auto-gestão de saúde.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPortuguês | Criticada falta de meios e traduções tardias Che Sai Wang considera que os órgãos executivo, legislativo e judicial são maus exemplos da utilização da língua portuguesa. O deputado recorda aos governantes que o idioma de Camões também é oficial e pede medidas face à sua desvalorização Apesar de o português ser uma língua oficial do território, os órgãos executivo, legislativo e judicial caracterizam-se por constantes limitações na utilização do idioma. A crítica é feita pelo deputado Che Sai Wang, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), numa interpelação escrita em que pede medidas para contrariar esta tendência. Uma das principais críticas de Che, tem a ver com o tempo que as autoridades demoram a fazer traduções do chinês para o português. E o deputado destaca o caso dos tribunais. “É necessário muito tempo para carregamento dos acórdãos dos diferentes tribunais no website. A publicação mais recente do Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base foi no dia 28 de Abril de 2022, e a publicação mais recente do Juízo Laboral foi no dia 21 de Janeiro de 2021. Não obstante a publicação mais recente do Juízo Criminal ter sido no dia 18 de Janeiro de 2023, a data da publicação anterior foi no dia 8 de Outubro de 2021, ou seja, registou-se um intervalo de dois anos”, apontou Che. O Governo também não se livra de críticas, principalmente devido à suposta promoção da governação electrónica. Para Che é uma implementação a duas velocidades, em que a língua portuguesa é sempre descurada. “O Governo não tem parado de realçar a necessidade de se continuar a promover o governo electrónico, mas a não divulgação atempada de informações impossibilita o respectivo acesso por parte do público, impedindo a implementação do governo electrónico e prejudicando o direito à informação dos residentes”, acusa. Vamos lá “optimizar” Num contexto em que a língua portuguesa está cada vez mais de marcha-atrás engatada, Che quer saber o que vai ser feito para “assegurar a utilização simultânea das duas línguas”. “De que medidas dispõe para o efeito?”, questiona. “O Governo deve ainda recrutar mais tradutores e actualizar, atempadamente, as informações em ambas as línguas, para evitar prejudicar os direitos e interesses dos residentes ao nível da respectiva consulta. Vai considerar fazê-lo?”, pergunta. Ao mesmo tempo, Che Wai Sang questiona o número de serviços do Governo com capacidade efectiva para cumprir as leis em vigor, no que diz respeito à utilização do português. “Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 101/99/M, ‘[t]odos têm o direito de se dirigir numa das línguas oficiais, oralmente ou por escrito, a qualquer órgão da Administração, bem como às entidades concessionárias no exercício de poderes de autoridade, e a receber resposta na língua oficial da sua opção.’ Actualmente, quantos serviços públicos cumprem e põem em prática, com rigor, esta norma?”, interroga.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGrande Baía | Au Kam San defende que objectivo é quebrar a barreira do segundo sistema Com a população a ser cada vez mais encorajada a deixar Macau e a mudar-se para a Ilha da Montanha ou para outras partes da Grande Baía, o ex-deputado questiona se a população deseja mesmo abandonar o território O ex-deputado Au Kam San considera que o grande objectivo da política da integração de Macau no “desenvolvimento nacional” passa por criar as condições para acabar com o segundo sistema. A opinião do fundador da Associação Novo Macau foi partilhada ontem nas redes sociais. Nos últimos dias, o o antigo legislador tem feito várias publicações sobre o que considera os problemas da falta de mão-de-obra em Macau, o número de trabalhadores não-residentes e a política de incentivo dos residentes a viverem e trabalharem no Interior. Ontem, Au Kam San abordou o projecto da Grande Baía e o foco do Governo na Zona de Cooperação Aprofundada entre Cantão e Macau na Ilha da Montanha e no projecto da Grande Baía. Na perspectiva do ex-deputado, nos últimos anos foi criada uma dinâmica, principalmente com o “ajuste” da indústria do jogo, que vai forçar cada vez mais os residentes a saírem do território para encontrarem novas oportunidades. No entanto, Au Kam San questiona se esta é mesmo a vontade da população. “A realidade objectiva mostra-nos que a indústria do jogo de Macau está a encolher porque decidiram fechar as torneiras no Interior, e a indústria do turismo, que é demasiado dependente dos turistas do Interior, dificilmente vai regressar ao estado que se vivia antes das mudanças”, começa por argumentar. “A procura de recursos humanos vai diminuir. Por isso, como é que um governo responsável deve ajustar e gerir os recursos humanos?”, questiona. Política nacional Feita a pergunta, Au Kam San responde que uma das soluções políticas pode passar “pela redução dos recursos humanos” no território. E dentro desta política, o ex-deputado explica que uma das direcções passa por enviar os “recursos humanos locais” para a Ilha da Montanha, para a Grande Baía e para o Interior, onde podem “encontrar emprego, começar os seus negócios”. Na análise do antigo deputado, a abordagem apresentada é “politicamente correcta” para o Governo de Macau, porque “a política nacional tem passado sempre da integração de Macau e de Hong Kong no desenvolvimento geral do país de forma a quebrar a barreira entre os dois sistemas”. “Enviar pessoas de Macau para fora de Macau e trazê-las para o Interior, para arranjarem emprego, uma vida e um negócio é apenas uma manifestação concreta da integração de Macau no desenvolvimento geral do país”, escreveu. “Como resultado, devemos seguir esta direcção, de forma a reduzir os recursos humanos em Macau. E para o Governo de Macau é a melhor maneira de matar dois coelhos de uma cajadada só, em linha com a política nacional”, justificou. Ainda assim, o ex-deputado não deixa de questionar o caminho: “Será que o que queremos é mesmo levar as pessoas de Macau a deixaram o território?”, pergunta.
Hoje Macau Grande Plano MancheteHong Kong | Partes do corpo da famosa modelo Abby Choi encontrados numa lixeira Trata-se de um crime que está a horrorizar Hong Kong. Partes do corpo de uma famosa modelo e influenciadora foram encontradas numa lixeira, mas outras cozinhadas e guardadas num frigorífico. A polícia de Hong Kong revelou detalhes importantes sobre o assassinato da modelo, socialite e influenciadora Abby Choi, dias depois de ela ter sido dada como desaparecida a 21 de Fevereiro. Os investigadores disseram à imprensa no domingo que localizaram o que se crê serem partes do corpo desmembrado da jovem de 28 anos, incluindo um crânio, costelas e cabelo, num dos dois grandes potes de sopa de aço inoxidável recuperados numa casa de aldeia em Lung Mei Tsuen, no distrito de Tai Po. Outras partes do corpo, incluindo pernas desmembradas, foram encontradas cozinhadas e armazenadas dentro de um frigorífico na casa, que aparentemente tinha sido montada como um talho equipado com uma serra eléctrica e um moedor de carne. Uma investigação adicional, que envolverá a descoberta de partes de corpo restantes, bem como testes de ADN, é necessária para confirmar se os restos mortais recuperados pertencem à suposta vítima. Choi, que partilhava uma filha e um filho com o seu ex-marido, Alex Kwong, foi envolvidaa numa disputa financeira com a família de Kwong sobre uma propriedade de luxo no monte Kadoorie em Hong Kong. Também conhecidaa como Cai Tianfeng, Choi foi dada como desaparecida na terça-feira e foi vista pela última vez através de imagens de CCTV no distrito de Tai Po, onde os seus restos mortais foram supostamente descobertos. Durante a audiência, Alex, 28, o seu irmão Anthony Kwong, 31, e o seu pai Kwong Kau, 65, foram acusados do assassinato, enquanto a mãe de Alex Kwong, Jenny Li, 63, foi acusada de perverter o curso da justiça. A todos os quatro arguidos foi negada a fiança pelo Tribunal de Kowloon. A audiência para o caso foi adiada até 8 de Maio para permitir que a investigação prosseguisse. Horror na lixeira Entretanto, a polícia de Hong Kong iniciou ontem buscas num aterro sanitário na investigação do homicídio da modelo Abby Choi, assassinada e desmembrada, com partes do corpo encontradas num frigorífico. Ontem, mais de uma centena de agentes da polícia, com equipamento de protecção, estiveram no aterro sanitário de Ta Kwu Ling, Novos Territórios, num local situado a cerca de 15 minutos de carro da fronteira com a Região Administrativa Especial de Shenzen. A operação policial teve como objetivo procurar “outras partes do cadáver” de Abby Choi. “Na manhã do dia 22 de Fevereiro, os suspeitos deitaram fora vários sacos contendo provas importantes. Podem ser algumas partes do corpo ou podem ser as roupas e o telefone da vítima, ou mesmo armas”, disse aos jornalistas o superintendente Alan Chung, da Polícia de Hong Kong. Chung disse ainda que ainda não foi encontrado “nenhum vestígio importante” até ao momento no aterro sanitário dos Novos Territórios. Membros da família de Abby Choi, vestidos de preto em sinal de luto, mantiveram-se hoje perto da casa onde as partes do corpo foram encontradas para renderem homenagem à modelo, declinando qualquer comentário sobre o caso que está a chocar Hong Kong desde a semana passada. O ex-marido, Alex Kwong, esteve num tribunal a responder por um caso de roubo ocorrido anteriormente, não lhe tendo sido concedida fiança. Razões de um crime horrendo Abby Choi, uma popular modelo de Hong Kong de 28 anos “com milhares de seguidores” nas redes sociais, desapareceu “oficialmente” no passado dia 21 de fevereiro, de acordo com um relatório da Polícia de Hong Kong. A última publicação na rede social Instagram tem a data de 19 de fevereiro: uma fotografia para a revista de moda L’Officiel Monaco. Segundo as autoridades, Choi enfrentou vários diferendos financeiros envolvendo dezenas de milhões de dólares de Hong Kong com o ex-marido, além de que “algumas pessoas” estavam descontentes com a forma como a modelo geria a fortuna. Bernard Cheng, amigo de Choi, disse à Associated Press que, na semana passada, pensava que a modelo tinha sido raptada. Cheng recordou ainda em entrevista à Associated Press que Choi tem quatro filhos com idades entre os três e os dez anos de idade. O ex-marido, Alex Kowng, é o pai das duas crianças mais velhas. Os outros são filhos de Chris Tam, com quem Choi casou depois de se divorciar de Kwong. A família da modelo Abby Choi Tin-fung identificou com lágrimas os restos mortais da menina de 28 anos na morgue pública de Fu Shan, pois cerca de 130 agentes da polícia continuaram ontem a procurar as partes do corpo desaparecidas no aterro de Ta Kwu Ling. Isto aconteceu quando uma quinta pessoa foi presa no horrível assassinato da jovem mãe de quatro filhos – a esposa de 47 anos do ex-pai de Choi – foi libertada sob fiança. A amante, Ng, foi detida no domingo por alegadamente ter ajudado a alugar uma casa na aldeia de Tai Po – onde Choi foi desmembrada – e um apartamento em Tsim Sha Tsui para abrigar o ex-marido de Choi, Alex Kwong Kong-chi. Ela é obrigada a apresentar-se à polícia no final do mês. A família de Choi – a sua mãe, marido Chris Tam e sogros – estiveram na morgue durante duas horas para identificar os seus restos mortais antes de irem ao local do crime na aldeia Lung Mei para um ritual para prestar os seus respeitos no sétimo dia da sua morte, uma vez que ela foi aparentemente morta na terça-feira passada. “Estou muito grato por a ter conhecido”, disse Tam. A mãe de Choi, apoiando-se no seu genro, chorou: “Nunca mais te poderei ver”. A mãe de Tam desabafou: “A tua bondade foi desperdiçada em pessoas que não valem a pena”. Ela acrescentou que a família tomará conta dos quatro filhos da modelo. Imagens fatais Entretanto, cerca de 130 polícias revistaram o Aterro de North East New Territories para procurar as mãos e o tronco desaparecidos de Choi, pois os quatro acusados – o seu ex-marido Kwong e três ex-parentes – são suspeitos de despejar as partes de corpo desaparecidas num ponto de recolha de lixo. Embora os oficiais tenham encontrado ossos no aterro, desconhecia-se se eram restos humanos ou animais. Foram enviados para laboratórios para testes. O superintendente Alan Chung Nga-lun da unidade de crime regional de Kowloon West espera que sejam necessários três dias para os oficiais completarem a busca, mas está confiante de que serão encontradas mais provas. As imagens das câmaras de vigilância mostram que os arguidos despejaram provas – incluindo partes do corpo de Choi, roupas, telefone e a arma do crime – num ponto de recolha de lixo na aldeia de Lung Mei, disse Chung. Após contactar o condutor que lá recolheu o lixo, a polícia localizou uma pequena área do aterro onde suspeitavam que as partes de corpo e os pertences de Choi tinham sido despejados. “Iremos procurar principalmente na encosta abaixo do aterro, que é do tamanho de um campo de futebol”, disse Chung, acrescentando que o lixo foi amontoado até cinco metros de profundidade. Na segunda-feira, os quatro ex-familiares de Choi foram detidos, enfrentando acusações de homicídio e perversão do curso da justiça. Kwong, 28 anos, desempregado, compareceu ontem no Tribunal Distrital para enfrentar sete acusações de roubo que alegadamente cometeu entre 2013 e 2015. O Juiz Justin Ko King-sau adiou o processo para 9 de Maio, uma vez que a acusação irá rever as provas e considerar a apresentação de acusações adicionais. Ko disse que Kwong se tinha declarado inocente das acusações em 2015 e que estava agendado um julgamento. Mas Kwong ignorou a fiança e o tribunal emitiu um mandado. Kwong parecia calmo no tribunal e disse que não tinha nada a dizer. O tribunal soube que Kwong roubou 39 colares, 32 pulseiras, mais de 13 barras de ouro, 102 paletes de ouro e seis pingentes de sete pessoas em Mong Kok, Yau Ma Tei e Hung Hom entre 12 de Maio de 2013 e 14 de Janeiro de 2015. De acordo com as autoridades, atualmente, o número de “crimes violentos” na região administrativa especial baixou mas o caso de Abby Choy recorda vários assassinatos que chocaram Hong Kong. Em 2013, um homem matou os pais e as cabeças foram mais tarde encontradas em frigoríficos. Num outro caso, em 1999, uma mulher foi raptada e torturada por três membros de grupos de crime organizado (tríades) que a mataram tendo decapitado o corpo. A cabeça da mulher foi encontrada dentro de um brinquedo de peluche. Director televisivo condenado a 10 meses de prisão por tentativa de extorsão Um famoso realizador de televisão de Hong Kong foi condenado a 10 meses atrás das grades por causa de uma tentada extorsão a partir de fotos eróticas, tiradas sem o conhecimento da vítima, pretendendo depois forçá-la a ser sua escrava sexual. Law Chun-wai, o realizador de 43 anos da TVB, recebeu a sua sentença no Tribunal de Kowloon na quarta-feira depois de se ter declarado culpado de uma acusação de ter ameaçado a publicação de imagens íntimas sem consentimento. De acordo com o tribunal, em Janeiro do ano passado, Law conheceu uma anfitriã de uma discoteca e teve sexo com ela duas vezes na sua casa. Law enviou-lhe então mensagens com as fotografias da vítima nua através do WhatsApp a 26 de Março e ameaçou-a que ou ela passava a ser sua escrava sexual ou ele publicaria as suas fotografias. Law pediu ainda à vítima para tirar mais fotos das suas partes privadas e obrigou-a a trazer outras mulheres para o servir, soube o tribunal, o que levou a vítima a apresentar-se à polícia e Law foi então detido. Durante o inquérito da polícia, Law alegou que estava bêbado quando efectuou a extorsão sobre a vítima e não tinha intenção de publicar as fotografias. No tribunal, a magistrada principal interina Peony Wong Nga-yan criticou as acções de Law como “sujas e sem vergonha”. Wong disse que Law estava aparentemente num estado consciente durante a chantagem da vítima, porque enumerou múltiplos requisitos e ameaçou-a, o que era totalmente contra a sua afirmação de que estava “bêbado”. Mas, dada a alegação de Law, o juiz decidiu que a sua pena de prisão fosse reduzida de 15 meses para 10 meses.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFunerais | Lançado serviço ecológico de enterro de cinzas em jardim Após o aumento da mortalidade desde Dezembro, o IAM anunciou o lançamento de uma forma mais ecológica de enterro de cinzas dos mortos. O serviço disponibilizado no Jardim Memorial do Cemitério Sá Kong da Taipa é gratuito A partir de hoje, as famílias vão poder depositar as cinzas dos entes queridos no Jardim Memorial do Cemitério Sá Kong da Taipa, na Taipa. A nova opção de serviço funerário foi anunciada pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e tem como objectivo de oferecer uma forma mais ecológica de tratamento dos falecidos. Segundo as explicações oficiais, as cinzas dos corpos cremados são colocadas, num primeiro momento, num saco biodegradável, que é enterrado numa cova no jardim. Essa cova é depois tapada com terra e as cinzas ao longo do tempo vão misturando-se com a natureza. No jardim, desenhado com forma de uma flor, as famílias têm ainda lápides onde podem colocar o nome dos familiares enterrados, para os poderem recordar sempre que desejarem. Em comunicado, o IAM explicou que o jardim tem disponíveis 400 covas. Após algum tempo, estas podem voltar a ser utilizadas com o depósito de mais sacos biológicos com cinzas de outros falecidos. Isento de despesas De forma a promover esta forma ecológica de enterro das cinzas, o IAM informou que o serviço está a ser oferecido de forma gratuita. Além disso, o organismo está a realizar visitas guiadas por parte dos interessados, que assim podem verificar no local o funcionamento da nova forma de enterro. Este novo serviço é apresentado depois de um ano em que a taxa de mortalidade em Macau sofreu um aumento muito significativo, devido à convivência com o vírus da covid-19. O modelo ecológico apresentado no início da semana é semelhante a outros serviços disponibilizados pelo IAM como a cremação de ossos e o enterro das cinzas junto de árvores, lançados em 2014 e 2015, respectivamente. Segundo o IAM, estas formas têm-se tornado mais populares ao longo dos anos e no que diz respeito ao enterro das cinzas junto de árvores houve mais de 400 serviços prestados em quase 10 anos, ou seja, uma média de 40 enterros junto a árvores por ano. O Jardim Memorial do Cemitério Sá Kong da Taipa fica situado junto ao cemitério com o mesmo nome, um dos mais utilizados no território.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMuseu de Macau | Estudo aponta falhas nos acessos para pessoas com deficiência Um museu muito focado nos acessos, mas que até nesse capítulo apresenta alguns problemas. Dois académicos da Universidade Cidade de Macau publicaram um artigo em que apresentam soluções para tornar o Museu de Macau mais acessível para toda a população O Museu de Macau apresenta vários desafios para as pessoas com deficiência que passam não só pelos acessos ao edifício, mas também pelos materiais informativos disponibilizados. Esta é a conclusão da “Pesquisa sobre o Design das Acessibilidades para Grupos com Deficiência no Museu de Macau”, artigo publicado a 15 de Fevereiro na revista científica Academic Journal of Environment & Earth Science. Segundo as conclusões do trabalho assinado pelos académicos Xu Man e Li Yan, da Universidade Cidade de Macau, um dos problemas passa pelo Museu de Macau ter uma abordagem muito focada nas questões de acesso a quem tem dificuldades motoras, desvalorizando outros aspectos. Se, por um lado, existem infra-estruturas para garantir o acesso de pessoas com dificuldades de mobilidade ao museu, por outro, faltam outras instalações de apoio, como casas-de-banho com barras metálicas ou equipamentos semelhantes. Os autores indicam também a ausência de uma sala de leitura para invisuais, que lhes permita ter acesso à informação sobre a história do território. Quanto aos acessos, a investigação conclui também que há elevadores para pessoas com dificuldades motoras que estão bloqueados por cadeiras, extintores e outros materiais relacionados com a gestão do espaço. No esquecimento Outra das críticas, passa por alguns dos materiais na exposição serem de impossível acesso por quem não tem todas as capacidades visuais ou auditivas. Um exemplo apontado, é o dos aparelhos auditivos, no segundo andar, que explicam os conteúdos em exposição. Quem sofre de algum tipo de deficiência auditiva dificilmente tira partido da experiência, sem ter outras alternativas. “São aparelhos que funcionam perfeitamente para quem está na posse de todas as capacidades, porém, para as pessoas com deficiências, a experiência de interacção com as exposições é praticamente inexistente”, é considerado sobre esta parte dos materiais em exibição. Como aspecto negativo é indicada a falta de visitas guiadas preparadas para pessoas portadoras de deficiência, ou de meios de comunicação com os responsáveis do museu. Caixa de sugestões Com algumas falhas apontadas, os autores consideram que o museu pode disponibilizar aos visitantes cadeiras de rodas electrónicas, capazes de circular nas imediações do museu, mesmo nos espaços de mais difícil acesso. Estes equipamentos seriam disponibilizados por aluguer. Além disso, é sugerido que sejam criadas casas-de-banho a pensar nas necessidades especiais das pessoas com dificuldades, ao contrário do que dizem ser a situação actual. Finalmente, os autores apelam ao museu para pensar em “preencher as falhas de comunicação” para que os materiais em exibição possam ser acedidos por pessoas invisuais e sem capacidade auditiva, com recurso às novas tecnologias. Outra alternativa apontada pelos académicos, como menos exigente financeiramente, é a criação de parcerias com associações locais, que dominem a linguagem gestual, de forma a oferecer este serviço.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPS Macau | Proposto novo estatuto para Clube Militar, APOMAC e CPM A secção do Partido Socialista em Macau propôs ao presidente da Assembleia da República portuguesa que seja concedido o estatuto de utilidade pública ao Clube Militar, Casa de Portugal em Macau e Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau pelo trabalho que desenvolvem em prol da comunidade Está a ser analisado pelas autoridades portuguesas o pedido apresentado pela secção do Partido Socialista (PS) em Macau para que o Clube Militar, a Casa de Portugal em Macau (CPM) e Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) possam receber a Ordem de Camões, atribuída pelo Presidente da República portuguesa e, com isso, sejam reconhecidas como entidades com estatuto de utilidade pública. A informação foi confirmada ao HM por Vítor Moutinho, actual secretário da secção, e o desejo é que estas associações sejam reconhecidas “pelo trabalho que têm feito em prol dos portugueses e da comunidade que vive em Macau”. Na carta enviada a Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República (AR), lê-se que o trabalho destas entidades “é único e tem em muito beneficiado a manutenção da cultura e da língua portuguesa em Macau”, além de contribuir “para a conservação dos laços das comunidades portuguesas com Portugal”. Outro ponto na extensa agenda da secção, é o pedido do aumento do prazo de validade do passaporte português pois, em alguns países e regiões, não se pode viajar quando o documento expira dentro de seis meses, o que, na prática, reduz o período de validade para cerca de quatro anos, em vez de cinco. Além disso, a secção “está a fazer pressão para que os cidadãos portugueses não residentes tenham a possibilidade, quando regressam a Portugal, de ter acesso mais rápido a médico de família”. Apesar de estar temporariamente em Portugal, Vítor Moutinho pretende regressar a Macau e mantém o trabalho activo na secção. Confessa “não ser difícil” manter a entidade a funcionar normalmente no território, que faz sobretudo um trabalho cívico em prol da comunidade e não político. O secretário da secção revelou também que “há um conjunto permanente de decisões que estão a ser trabalhadas” com as autoridades portuguesas, sendo que uma delas é a necessidade de “rápida valorização dos funcionários consulares na categoria profissional e remuneratória”. “É altura de dizer basta e começar a tratar dos funcionários consulares de forma digna, equiparando o salário deles à região onde estão afectos. No caso de Macau a situação é escandalosa. A secção tem feito um trabalho de bastidores para que, urgentemente, exista uma fórmula de cálculo que permita equilibrar os salários. Há neste momento conversações ao mais alto nível [para resolver a situação].” Críticas renovadas Outro ponto que se mantém, diz respeito às críticas sobre o trabalho dos conselheiros das comunidades portuguesas no terreno. “Há que redefinir funções e atribuições do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CPCP). Tivemos vários encontros com a conselheira, Rita Santos, e continuamos a dizer que o CPCP não serve para fazer negócios, desbloquear situações mais ou menos dúbias, promover egos ou acções que permitam reeleições. Isso não tem nada a ver com o estatuto dos representantes ou conselheiros das comunidades”, acusou Moutinho. Com os alertas da secção, Rita Santos passou a divulgar mais as acções que desenvolve como conselheira através de comunicados de imprensa. Mas Vítor Moutinho dá o exemplo recente de cartazes sobre actividades do CPCP no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong que tinha emails da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “São acções feitas através de uma associação financiada pelo Governo de Macau e que se confunde com o que é o CPCP. Se isso continua a acontecer reiteramos que se acabe com o CPCP da forma como está.” Vítor Moutinho assegura que as autoridades portuguesas já prometeram rever a situação, uma vez que o trabalho dos conselheiros locais continua a ser feito como antes. “Sempre manifestámos uma posição extremamente crítica e nada mudou nestes anos. Pontualmente dizem-nos que irá haver mudanças, mas não sabemos quando vai acontecer”, adiantou. O secretário da secção do PS em Macau acredita que a comunidade portuguesa no território poderá renovar-se depois da saída de muitas pessoas nos últimos três anos. “Há uma tentativa da parte das autoridades de saúde de renovarem alguns profissionais de saúde que saíram do território nos últimos dois ou três anos. Tem havido uma renovação do quadro de juristas e juízes que integram o Governo. Há, na área do ensino, o recrutamento via Escola Portuguesa de Macau, com intervenção do Instituto Português do Oriente, para a renovação do quadro de professores. Tenho conhecimento de professores que saíram e já manifestaram interesse em regressar. Estes movimentos migratórios em Macau são cíclicos”, concluiu.
João Santos Filipe Manchete PolíticaJinan | Ho Iat Seng quer universidade a formar mais quadros de Macau O Chefe do Executivo, em reunião com o secretário do Partido Comunista da Universidade de Jinan, manifestou o desejo de que a instituição desenvolva mais quadros locais, em áreas como a saúde e as ciências O Chefe do Executivo espera que a Universidade de Jinan forme mais quadros qualificados de Macau nos próximos anos. A expectativa foi deixada na segunda-feira, depois de Ho Iat Seng ter reunido com responsáveis da instituição de ensino que em 2016 foi financiada com 100 milhões de renminbis da Fundação Macau. O encontro entre Ho Iat Seng e Lin Rupeng, secretário do Partido Comunista da Universidade de Jinan, decorreu na segunda-feira, de acordo com um comunicado do Gabinete de Comunicação Social. Na ocasião, o Chefe do Executivo “agradeceu a atenção da Universidade de Jinan, ao longo dos tempos, no desenvolvimento sustentável da RAEM e no apoio da formação de um grande volume de quadros qualificados do território”. Ho Iat Seng terá ainda feito “votos para que a Universidade de Jinan continue a formar quadros qualificados das indústrias para o território, enquanto a RAEM irá continuar a apoiar o seu desenvolvimento”. Uma das áreas em que o líder do Governo considerou ser fundamental desenvolver mais quadros qualificados foi na saúde, a pensar na indústria de big health. Sobre os serviços de saúde locais, Ho afirmou que “têm um certo grau de qualidade”. A área das ciências também não foi esquecida, com o Chefe do Executivo a declarar que “o nível de investigação científica da Universidade de Jinan tem vindo a melhorar nos últimos anos” e que o “reforço da cooperação na área do ensino entre as duas partes” vai “colmatar a falta de quadros qualificados nos domínios da ciência e tecnologia de Macau […] e o desenvolvimento da indústria da ciência e tecnologia avançada”. Sempre a melhorar Por sua vez, o secretário do Partido Comunista da Universidade de Jinan, Lin Rupeng considerou que há cada vez mais faculdades e departamentos da instituição a alcançar o nível de excelência do estado, e que a expansão em curso do campus vai permitir “aperfeiçoar” as condições de ensino. Além disso, Lin deixou ainda a esperança de que “o planeamento da criação de um laboratório de referência do estado” em Jinan reforce “a capacidade e qualidade de investigação e pesquisa científica”. Apesar da doação de Macau nunca ter sido mencionada no comunicado do encontro, secretário do Partido Comunista da Universidade de Jinan prometeu que a instituição “vai colaborar, como sempre, com o governo da RAEM, na formação dos quadros qualificados que Macau precisa”. Lin Rupeng admitiu ainda a possibilidade de a instituição receber mais alunos do território nos programas de ciência e da tecnologia, depois de ter revelado que actualmente existem 2.500 alunos locais em Jinan.
Hoje Macau Grande Plano MancheteHong Kong | Fim da obrigatoriedade do uso da máscara a partir de hoje Hong Kong dá hoje por terminada a obrigatoriedade de uso da máscara. Mas as coisas não são simples. O regresso à normalidade traz consequências polémicas, incluindo o que se passa com as crianças. Vozes locais acusam John Lee de só agir depois de Macau ter eliminado a recomendação de uso de máscaras desde segunda-feira A partir de hoje, quarta-feira, após 3 anos de face tapada, as máscaras não serão mais necessárias em Hong Kong, tanto no interior como no exterior, incluindo nos transportes públicos, mas ainda terão de ser usadas em casas de repouso, hospitais. Cidadãos locais e turistas podem andar sem máscara a partir de hoje, já que a cidade finalmente levanta a sua última grande restrição após quase três anos. Numa conferência de imprensa antes da reunião do Conselho Executivo na terça-feira, o Chefe do Executivo John Lee Ka-chiu anunciou que os requisitos da cidade em matéria de máscaras interiores e exteriores, bem como de transportes públicos, seriam eliminados a partir de 1 de Março. “Mas será ainda necessário o uso de máscaras faciais em algumas instalações com funções administrativas, tais como lares para idosos e hospitais”, acrescentou. Lee também se esquivou repetidamente a perguntas sobre se o seu anúncio foi motivado pela decisão da cidade vizinha de Macau de levantar as suas regras gerais de uso de máscaras ao ar livre desde segunda-feira. “Foi devido à avaliação global e aos factores tidos em conta que tomei a decisão”, afirmou. “Disse às pessoas há dois meses que esta era uma questão que eu iria acompanhar activamente e também examinar quando seria o momento apropriado [para levantar o mandato]”. O líder da cidade disse que a mudança se baseava na situação do coronavírus local e no encerramento de um surto de gripe e outros vírus respiratórios. “Os dados mostraram que a situação da epidemia local estava sob controlo. Hong Kong já construiu uma barreira imunitária ampla e abrangente”, disse Lee, acrescentando que não tinha havido surtos entre populações de alto risco, tais como doentes e pessoal hospitalar, ou escolas e lares para idosos. Lee disse também que a situação epidémica de Hong Kong não se tinha agravado em resultado de quaisquer mutações do coronavírus. “O risco global está sob controlo. É agora um momento adequado para cancelar totalmente a encomenda da máscara”, concluiu. ‘Olá Hong Kong’ O ministro da Saúde Lo Chung-mau disse que o fim do mandato da máscara significava que Hong Kong estava a regressar a um estado de normalidade. “O levantamento do mandato de máscara significa o fim oficial de todas as medidas de distância social”. Esperamos que amanhã, 1 de Março, seja um dia melhor”. Todos podemos mostrar o nosso sorriso e dizer ‘Olá Hong Kong'”, disse Lo, referindo-se à recente campanha global do governo para atrair visitantes para a cidade. Lo explicou que as autoridades tinham decidido mudar a política de uma só vez em vez de gradualmente, devido ao efeito mínimo que tal abordagem traria. “O efeito anti-epidémico de manter a ordem das máscaras [em alguns locais] não é grande. Além disso, seria bastante complicado e difícil aplicar as regras, e inconveniente para o público”, disse ele. O ministro acrescentou que o Centro de Protecção da Saúde emitiria directrizes às pessoas com sintomas respiratórios ou doenças de longa duração sobre o uso de máscaras em locais mal ventilados. O mandato de máscaras de Hong Kong entrou em vigor em Julho de 2020 e tem sido regularmente renovado, com a última revisão a conceder uma prorrogação da política até 8 de Março. De acordo com a política que em breve será revogada, as pessoas que visitavam parques ou que realizavam actividades físicas extenuantes estavam isentas do uso de máscaras ao ar livre. Lee disse anteriormente que o mandato de máscara deveria permanecer em vigor até que a estação mais quente chegasse por receio de um ressurgimento de casos de gripe. Antes do anúncio oficial de Lee, o conselheiro governamental para a pandemia, Professor Lau Yu-lung, disse que o levantamento “há muito esperado” da política seria “bem recebido por toda a Hong Kong”. Manifestando o seu apoio à decisão do governo de suspender o mandato de uma só vez, argumentou que a medida seria mais fácil de implementar e de compreender pelo público do que uma flexibilização passo a passo. Lau acrescentou ainda que acreditava que as pessoas usariam máscaras nos transportes públicos sem serem incitadas pelas autoridades. “Deveríamos acreditar na capacidade dos residentes para gerir a sua saúde e avaliar a sua segurança”, disse. E as crianças? No entanto, o perito em saúde disse que se deveria dar mais atenção à ajuda às crianças para se adaptarem à mudança, uma vez que alguns jovens tinham crescido a usar máscaras. “É preciso tempo para lhes explicar que é realmente normal não usar máscaras”, disse ele. “Eles podem estar ansiosos e devemos deixá-los decidir se a usam ou não, em vez de os forçar”. Lau também apelou aos residentes para respeitarem as escolhas uns dos outros sobre se usavam ou não máscaras. Segundo estudos científicos, o uso de máscara reduz em absoluto a empatia entre as pessoas, criando muito mais tensão social até, eventualmente, provocar situações de violência e incompreensão entre as pessoas. “A face do outro é a coisa mais interessante para um ser humano”, disse um especialista ao Hoje Macau. “É na face que damos conta da humanidade do outro e isso é um grande empecilho à violência. Não ver a face dos outros causa, no mínimo, depressão. Ainda estamos para ver que consequências emergirão depois de três anos de caras tapadas”, concluiu. Tóquio e Seul levantam restrições a vôos de Hong Kong O Japão e a Coreia do Sul levantaram as restrições de voo que anteriormente tinham feito com que as companhias aéreas de Hong Kong eliminassem centenas de voos para os dois países do sudeste asiático. Desde o final de Dezembro, o governo japonês impôs um limite ao número de voos que cada companhia aérea podia operar de Hong Kong para o Japão. Mas o governo da RAEHK disse ontem que tais restrições serão levantadas a partir de hoje. O governo sul-coreano só autorizou voos de Hong Kong a aterrar no Aeroporto Internacional de Incheon desde 10 de Janeiro. O governo da RAEHK disse que esta restrição também será cancelada a partir de hoje. “Congratulamo-nos com a decisão tomada pelo governo japonês de retirar o número máximo de voos que cada transportadora pode operar de Hong Kong para o Japão”, disse um porta-voz da Cathay Pacific. “Planeamos operar 83 voos por semana para o Japão em Abril e 94 voos por semana em Maio – um aumento em relação aos 72 voos por semana em Março”, acrescentou a companhia aérea. A HK Express afirmou que “continuará a rever o seu horário de voos com base nas últimas medidas do governo japonês e nas condições de mercado”. O Japão a partir de amanhã também aliviará as suas restrições Covid aos viajantes provenientes da China, abandonando a exigência do teste Covid à chegada. Em vez de testes aos viajantes do continente, o Japão apenas testará amostras seleccionadas, embora os viajantes ainda tenham de apresentar um teste negativo antes de voarem para o país, disse ontem o Secretário Hirokazu Matsuno. Entretanto, os motoristas que se tenham candidatado a licenças de circulação internacional para veículos que atravessem para o continente ou Macau terão de esperar pelo menos sete dias úteis, pois o Departamento de Transportes tem um atraso de 6.000 candidaturas desde que a fronteira foi reaberta. O departamento disse que os pedidos de autorização de circulação internacional aumentaram significativamente, juntamente com o número de pedidos de Autorização de Circulação Internacional por veículos transfronteiriços locais que aumentaram de uma média diária de 300 pedidos em Janeiro para 800 pedidos recentemente, resultando numa acumulação de pedidos em atraso. Para facilitar as viagens dos cidadãos de Hong Kong entre o continente e Macau, o departamento disse que irá empregar mão-de-obra e recursos para acelerar o tempo de processamento dos pedidos de Licença de Circulação Internacional a partir de hoje para, pelo menos, sete dias úteis.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEconomia | Samuel Tong quer Macau a investir no fundo soberano da China O presidente do Instituto de Gestão de Macau considera que parte das reservas financeiras do território devia ser investida através do Interior, para que sejam reduzidos os riscos e custos administrativos O economista Samuel Tong defende que parte das reservas financeiras de Macau devem ser integradas no fundo de investimento soberano da China, para maximizar o investimento. A ideia foi defendida num artigo publicado ontem no Jornal do Cidadão. Segundo o presidente do Instituto de Gestão de Macau, como os investimentos feitos pelo território nos mercados financeiros são “relativamente pequenos”, a melhor opção passa por entregar o dinheiro ao fundo soberano do Interior. O economista argumenta que “ao participar nos investimentos do fundo soberano nacional seria possível obter apoio do Estado e procurar maiores oportunidades de investimento”, ao mesmo tempo que “seriam reduzidos os riscos e os custos administrativos”. O modelo defendido pelo economista prevê que Macau entregue parte da reserva ao fundo soberano que depois investe esse dinheiro. Face aos resultados obtidos pelo fundo soberano, Macau recebe os lucros obtidos ou fica sem parte do dinheiro investido. Além desta sugestão, Samuel Tong defende ainda que os investimentos da reserva financeira têm de servir para complementar o orçamento anual da RAEM, através de investimentos “com pouco risco”. O lado positivo No ano passado, os investimentos feitos com os fundos da reserva financeira resultaram em perdas de 20,75 mil milhões de patacas, ou seja, uma taxa de retorno negativo de 3,4 por cento. Em relação a estes resultados, o economista minimizou as perdas, e fez a comparação com as regiões vizinhas, que indicou terem resultados piores. Samuel Tong apontou o exemplo de Hong Kong, que teve uma taxa de retorno negativo de 3,3 por cento. No entanto, o presidente do Instituto de Gestão alertou também contra uma avaliação anual ou bianual dos retornos obtidos. Na opinião de Tong, os investimentos devem ser avaliados segundo prazos mais longos, para verdadeiramente se perceber os ganhos ou as perdas. Ainda em relação às perdas, Samuel Tong indicou que foram fruto do ambiente internacional nos mercados financeiros, prejudicados com as restrições na política monetária dos Estados Unidos. No último ano, a Reserva Federal dos EUA tem aumentado as taxas de juros, fazendo com que o dinheiro fique mais caro, de forma a controlar a inflação interna. Para o economista, os mercados financeiros estão igualmente a sentir os efeitos da invasão russa da Ucrânia, que é encarada como um factor de grande instabilidade.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAPN | Grande Baía será tema central nos trabalhos dos delegados de Macau Decorrem, entre sexta-feira e sábado, as sessões anuais da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Os delegados e membros de Macau levam na bagagem, para Pequim questões viradas para a Grande Baía e a integração regional de Macau, bem como a juventude e educação patriótica Começa, na sexta-feira, a habitual reunião anual da Assembleia Popular Nacional (APN), órgão legislativo do país, e que conta com delegados de todas as províncias e regiões administrativas especiais. Os trabalhos continuam no sábado, sendo que, ao mesmo tempo, acontece o encontro, também anual, do comité nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), órgão de cariz consultivo. Segundo o jornal Ou Mun, os delegados e membros de Macau levam para Pequim temas relacionados com a integração do território na Grande Baía e em Hengqin, as oportunidades de trabalho para os jovens e a área da educação. Chan Hong, ex-deputada e delegada de Macau à APN, promete falar do sistema educativo entre Macau e Hengqin, tendo em conta a integração da RAEM na Zona de Cooperação Aprofundada. Chan Hong disse que as duas regiões têm características e vantagens próprias que podem ajudar a ultrapassar as diferenças entre os dois sistemas de ensino, sendo necessário mais medidas que promovam o reconhecimento mútuo da carreira docente, cursos e critérios de admissão de alunos. Chan Hong pede também que seja criado um sistema que integre as normas do sistema de ensino de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada. Ho Ka Lon, também membro de Macau à APN, defende que os jovens locais devem aproveitar cada vez mais as oportunidades disponíveis na Grande Baía e Zona de Cooperação, a fim de se promover a diversificação da economia. Ho Ka Lon, que é dirigente da Associação dos Jovens Empresários de Macau, espera mais participantes activos na política e maior atenção no desenvolvimento social de Macau e do próprio país. Ideias na CCPPC No caso dos membros da CCPPC, as ideias discutidas em Pequim irão também focar-se nos jovens e nas oportunidades que podem encontrar nas cidades chinesas da Grande Baía. Lam Lon Wai, membro e deputado à Assembleia Legislativa, disse que a educação patriótica deve concretizar-se no território sob várias perspectivas, recorrendo a várias plataformas, para que os jovens de Macau tenham uma visão mais ampla sobre o país e um maior sentido de pertença. Já Kou Kam Fai, também deputado à AL, vai defender uma maior conexão entre as políticas locais de quadros qualificados e os planos do país, para que Macau possa ter um maior contributo nesta área. O Lam, vice-presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Municipais e membro da CCPPC, deseja que mais jovens de Macau possam integrar-se, em termos de residência, trabalho ou estudo, na zona da Grande Baía, a fim de conectar-se mais com o desenvolvimento do país. O Lam disse notar que há cada vez mais jovens atentos a este projecto político de Pequim, bem como com a Zona de Cooperação Aprofundada e o desenvolvimento da China. Para O Lam, a Grande Baía oferece maiores oportunidades de trabalho e de negócios para os jovens face a Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCartas de Condução | Secretário acredita na cooperação com o Interior Wong Sio Chak crê que a Justiça do Interior vai permitir aos residentes de Macau com problemas em matérias de trânsito obter as devidas compensações O secretário para a Segurança mostrou-se confiante na capacidade das autoridades para lidarem com os condutores do Interior que cometerem infracções de trânsito, após a entrada em vigor da medida de reconhecimento mútuo de cartas de condução. As declarações foram prestadas ontem pelo secretário para a Segurança na Assembleia Legislativa e citadas pelo canal chinês da TDM. Segundo a versão relatada, Wong Sio Chak reconheceu que ,apesar de não ter sido assinado um acordo de assistência mútua em relação a matérias criminais entre Macau e o Interior, existe um mecanismo de cooperação, visto como “eficaz”. O secretário apontou exemplos de pessoas do Interior que no passado cometeram crimes em Macau, como homicídios, e que foram entregues pelas polícias do Interior às autoridades do território, depois de fugirem. Por outro lado, Wong deu também uma prova de confiança à Justiça do Interior. Segundo o secretário, os residentes que enfrentem problemas no trânsito e precisem de exigir uma compensação podem sempre recorrer aos tribunais do Interior. A ocasião serviu ainda para o secretário alertar a sociedade para que a longo prazo deve ponderar aceitar o acordo de assistência mútua em relação a matérias criminais com o Interior. Segundo as explicações do responsável, desta forma haveria uma base legal para que as provas criminais no Interior pudessem mais facilmente ser aceites pelos tribunais de Macau. Preparados para o turismo Segundo as declarações citadas pelo canal chinês da TDM, Wong Sio Chak garantiu ainda que as polícias estão preparadas para lidar com o regresso dos turistas, principalmente durante o período do Dia do Trabalhador, em Maio, e na Semana Dourada, em Outubro. Além da expectável subida dos números da criminalidade, nestas alturas do ano as autoridades são chamadas a controlar o fluxo e pessoas nas ruas. Ontem, entrou também em vigor o alívio das medidas sobre a utilização da máscara. Ao contrário de Hong Kong, em que a utilização de máscara no exterior foi sempre obrigatória, em Macau esta apenas foi adoptada durante momentos de surto. Tal não impediu o Governo de emitir um comunicado a anunciar o fim de uma obrigação que legalmente não existia e nem tinha sido publicada em Boletim Oficial. Ainda assim, Wong Sio Chak comentou o “fim da obrigação” e deixou o desejo que as pessoas possam andar na rua sem máscaras, a não ser em períodos mais sensíveis, e que a vida regressa à normalidade.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSalário Mínimo | Deputado do sector empresarial opõe-se a aumentos Wang Sai Man, representante do sector empresarial, afastou a possibilidade de o patronato concordar com o aumento do salário mínimo, por considerar que as Pequenas e Médias Empresas ainda estão a recuperar da grave crise económica Numa altura em que o sector laboral discute cada vez mais a possibilidade de existir um aumento do salário mínimo, Wang Sai Man, deputado eleito para a Assembleia Legislativa pelo sector empresarial, recusa essa possibilidade. Segundo uma intervenção antes da ordem do dia do legislador, as empresas não aguentam após três anos de crise um aumento que pode chegar às 624 patacas por mês. “As micro, pequenas e médias empresas, que representam 90 por cento em Macau, tiveram de lutar pela sobrevivência devido à pandemia nos últimos três anos e, com a liberalização das restrições fronteiriças, conseguem finalmente ver a saída, pois a economia está a recuperar lentamente”, começou por explicar Wang. “Mas actualizar o salário mínimo enquanto a economia não recuperar plenamente vai provocar, necessariamente, uma reacção em cadeia”, atirou. Essa reacção, no entender do deputado, vai fazer com que se agrave “a pressão nos preços e custos”, “o recrutamento de pessoal por parte das PME” e contribuir para “pôr em causa o emprego dos grupos vulneráveis e a retoma económica”. Neste sentido, Wang apela ao Governo para pondere “numa perspectiva global, a taxa de desemprego, a retoma económica, a inflação, o índice de preços no consumidor, e também factores como a recuperação das empresas e o poder de compra dos residentes” e evite “o surgimento de efeitos colaterais a curto prazo, e o impacto negativo para a flexibilidade e a dinâmica do mercado de trabalho, e para a sociedade”. Mais apoios Na intervenção, o deputado e empresário abordou ainda o aumento da licença de maternidade, em 14 dias, quando em Novembro de 2020 passou de 56 dias para 70 dias. Na altura, o Governo comprometeu-se a subsidiar o aumento dos 14 dias aos patrões durante três anos. No entanto, o prazo está a chegar ao fim, e as empresas vão ter de suportar os custos. Wang Sai Man considera que as PME não vão conseguir lidar com esta realidade. “Aquando da aprovação da respectiva lei, referi que, no fim do prazo de três anos, se não fosse realizada uma avaliação conclusiva e o montante em causa passasse imediatamente a ser pago pelos empregadores, as empresas não se iriam adaptar bem a este tipo de oscilação de políticas”, recordou. “Se o Governo exigir aos empregadores que assumam o pagamento, espera-se que sejam concedidos benefícios ou isenções fiscais […], para evitar que as micro e PME sofram mais pressões, e garantir uma retoma suave da economia, e um desenvolvimento saudável e sustentável”, desejou. No início do mês, o presidente da Associação de Qualidade Verde Marca, Aeson Lei, defendeu a subido do salário mínimo de 32 patacas por hora para 35 patacas por hora. Esta alteração implica que o valor mensal mínimo sobe das actuais 6.656 patacas para 7.280 patacas, um aumento de 624 patacas por mês.
Hoje Macau Grande Plano MancheteUcrânia | Apesar do plano de paz chinês, o Kremlin não vê fim da guerra por agora Moscovo diz que não é momento para parar com o conflito e o Ocidente insiste na sua posição belicista, rumo a uma “vitória final” pela força das armas. Na qual poucos acreditam. A mortandade e a destruição são para continuar. O enriquecimento de alguns também O Kremlin afirmou ontem que ainda não existem as condições necessárias para uma solução pacífica, referindo-se ao plano proposto na semana passada pela China para resolver o conflito na Ucrânia. “Qualquer esforço que ajude a trazer este conflito para um caminho pacífico merece atenção. Nós consideramos o plano dos nossos amigos chineses com muita atenção (…). É um longo processo. No momento, não vemos as premissas para que esta questão possa tomar um caminho pacífico”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações à imprensa. “A operação militar especial (na Ucrânia) vai continuar”, acrescentou Peskov. Moscovo e Kiev não demonstraram ainda uma vontade forte de iniciar negociações de paz nesta fase, reagindo com cautela à proposta da China. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou necessário trabalhar com Pequim para alcançar a resolução do conflito. Zelensky também disse que planeia se encontrar em breve com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. A diplomacia russa declarou também que apreciava os esforços chineses, ao mesmo tempo que insistiu na necessidade do reconhecimento da anexação de quatro regiões ucranianas pela Rússia. Irão apoia pax sínica Entretanto, o Irão declarou no domingo à noite que apoia a proposta de paz da China para a Ucrânia, que aponta como prioridades o “diálogo e as negociações” e que foi recebida com cepticismo pelo Ocidente. “O Irão considera que os elementos reflectidos neste documento são suficientes para iniciar negociações com vista a encontrar um quadro operacional para o fim das actividades militares na Ucrânia”, indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano. O departamento da diplomacia de Teerão destacou a necessidade de pôr fim às “medidas unilaterais”, em referência às sanções aplicadas pela comunidade internacional a Moscovo, na sequência da invasão na Ucrânia, e a Teerão, pela entrega de drones à Rússia para uso no conflito. O Irão também mostrou vontade de “contribuir para uma resolução pacífica da crise”, lê-se na nota que faz referência à Rússia apenas uma vez. Visitas de líderes Mais líderes europeus estão a planear visitar a China na próxima semana ou meses, concentrando-se em retomar as conversações e procurando cooperação prática no meio da recuperação pós-pandémica do país, e mais importante ainda, na crise da Ucrânia. Embora a China e os países europeus não partilhem a mesma posição sobre a questão, funcionários e peritos chineses acreditam que as duas partes podem encontrar um terreno comum para melhorar a comunicação e a coordenação com o objectivo de fazer avançar as conversações de paz. A convite do presidente chinês Xi Jinping, o presidente da Bielorrússia Alexander Lukashenko fará uma visita de Estado à China de 28 de Fevereiro a 2 de Março. Entretanto, o Presidente francês Emmanuel Macron disse que visitaria a China no início de Abril e apelou a Pequim para “nos ajudar a pressionar a Rússia” a acabar com a guerra na Ucrânia, disse a AFP. Embora a natureza das duas visitas não seja a mesma, o conflito Rússia-Ucrânia será um dos principais focos. “A Bielorrússia é um aliado da Rússia e poderá aumentar o seu envolvimento no conflito. Dado o seu estatuto geopolítico e localização, a China pode apreender o papel que a Bielorrússia pode desempenhar no avanço das conversações de paz”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China. Um dia antes do anúncio da visita de Lukashenko, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang falou ao telefone com o Ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso Sergei Aleinik, afirmando que a China está disposta a implementar o importante consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e a aprofundar a confiança mútua política. Sobre a crise da Ucrânia, Qin apresentou o documento de posição da China com 12 pontos, a Posição da China sobre a Resolução Política da Crise da Ucrânia, que enfatiza que a China está sempre do lado da paz e insta ao reatamento das negociações o mais rapidamente possível, evitando ao mesmo tempo uma nova escalada. Aleinik disse que a Bielorrússia concorda completamente e apoia o documento de posição da China, observando que as propostas relevantes da China têm grande significado para a resolução da crise. “Para resolver a crise da Ucrânia, não podemos simplesmente exercer pressão sobre a Rússia ou Putin como o Ocidente quer. Precisamos de descobrir se a China e a Bielorrússia podem encontrar algum terreno comum e desempenhar em conjunto um certo papel, que será um dos principais focos desta visita”, disse Cui. Ursula antes, Michel depois Também a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Presidente do Conselho Europeu Charles Michel poderão visitar a China na primeira metade de 2023 com os preparativos já em curso, disse o Embaixador chinês no Fu Cong da UE. “Espera-se que a China e a UE iniciem em breve frequentes visitas mútuas de alto nível”, disse afirmou. “Esta tendência positiva de crescentes intercâmbios de alto nível entre a China e a Europa mostra que a Europa não quer ver um prolongado conflito Rússia-Ucrânia, uma vez que a economia e a competitividade do bloco foram enfraquecidas pelo mesmo”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin da China. “A Europa está gradualmente a sair de algum sentimento irracional em relação à China, uma vez que eles lentamente compreendem a posição da China e levantam mais suspeitas em relação aos EUA, especialmente após a sabotagem do Nord Stream”, disse Wang. Macron, questionado sobre se vai pedir a Pequim que ajude a pressionar a Rússia, foi citado como tendo afirmado em reportagens dos meios de comunicação social que a medida visa assegurar que o Kremlin nunca utilize armas químicas ou nucleares – os principais pontos mencionados no documento de posição da China – e “parar esta agressão antes das negociações”. “Há certamente grandes diferenças nas posições da China e da Europa sobre a crise da Ucrânia, principalmente devido a uma compreensão diferente da natureza do conflito. Como muitos países europeus são também membros da OTAN, não aceitam que o conflito se deve à expansão da OTAN para leste”, disse o perito. No entanto, peritos chineses acreditam que as divergências existentes não devem impedir a China e a Europa de trabalharem em conjunto e encontrarem uma solução prática. “A China valoriza a defesa da França para que a Europa seja estrategicamente independente, e a França tem uma tradição relativamente independente em matéria de política externa. Para evitar um confronto em bloco, é importante avançar com o desenvolvimento multipolar”, disse Cui. Um ano depois, já se sabe que as sanções não produzem na Rússia o efeito desejado Observadores chineses consideram que a última ronda de sanções contra a Rússia por parte dos países ocidentais “reduz ainda mais a perspectiva de conversações de paz, e apenas levará a mais derramamento de sangue, mais sacrifícios durante o conflito Rússia-Ucrânia, e mais perdas de propriedade em todo o mundo”. Para proporcionar uma solução para o actual impasse, a China revelou na sexta-feira um plano de paz para resolver a crise. Mas o plano foi classificado pelos EUA como “não racional”, o que levou comentadores chineses a concluir que “estas acusações infundadas expuseram o desejo egoísta dos EUA de não quererem que o conflito termine, e a sua tentativa de diminuir a influência da China na negociação de assuntos globais”. Entretanto, a União Europeia e alguns países ocidentais, incluindo os EUA e o Reino Unido, decidiram-se por uma nova ronda de sanções contra a Rússia, incluindo novas proibições de exportação no valor de mais de 11,6 mil milhões de dólares, sanções a cerca de 120 indivíduos e entidades russas e uma nova obrigação de informação sobre os activos do Banco Central russo, de acordo com um documento publicado pela UE. Efeito limitado Os media chineses, contudo, prevêem que a quantidade de sanções tenha um impacto muito limitado na Rússia. “São apenas gestos diplomáticos e simbólicos dos países ocidentais para desabafar as suas frustrações”, disse Li Ziguo, um investigador sénior do Instituto de Estudos Internacionais da China, ao Global Times, na medida em que “as nações ocidentais já esgotaram o seu repertório de sanções contra a Rússia, incluindo sanções sobre o petróleo e o gás natural da Rússia”. “A dissociação da energia e do comércio entre a Rússia e a Europa e os EUA foi formada há muito tempo após as primeiras rondas de sanções”, observou Li Ziguo. A Rússia, por outro lado, está também a trabalhar em formas de compensar o impacto das sanções do Ocidente, disse Li. A economia da Rússia contraiu-se em 2,1% em 2022, disse o serviço federal de estatísticas em 20 de Fevereiro, diminuindo menos do que o previsto apesar das sanções. “Isolar ainda mais a Rússia na cena internacional e aplicar sanções só tornaram mais difíceis as perspectivas de conversações de paz ou utilizar meios políticos para resolver o conflito”, disse Zhang Hong, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Tais acções impulsivas podem ajudar os países ocidentais a desabafar a sua frustração e a sentir-se melhor por um minuto, mas causarão mais derramamento de sangue, mais sacrifício e maior perda de propriedade à medida que alimentam ainda mais o conflito”, disse Zhang. Paz não satisfaz Entretanto, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy disse estar aberto a considerar alguns aspectos do plano de paz chinês e o presidente francês Emmanuel Macron também aplaudiu o plano no sábado. Foi citado pela AFP como tendo dito que “o facto de a China estar empenhada em esforços de paz é uma coisa boa”. O Presidente dos EUA Joe Biden parecia ser um dos raros sabotadores do plano de paz da China. Numa entrevista à ABC na sexta-feira, o presidente dos EUA disse que “a ideia de que a China vai negociar o resultado de uma guerra que é uma guerra totalmente injusta para a Ucrânia não é racional”. “O plano chinês defende a paz, enquanto que o que os EUA pretendem é que o conflito seja arrastado, uma vez que se enquadra no interesse de Washington, pelo que, naturalmente, Biden atira lama ao plano chinês”, disse Zhang. Outra razão, de acordo com Zhang, é que “os EUA querem diminuir a influência da China na negociação de assuntos internacionais importantes”. O Pentágono anunciou na sexta-feira um novo pacote de assistência de segurança a longo prazo para a Ucrânia, marcando o primeiro aniversário do conflito com um compromisso de 2 mil milhões de dólares para enviar mais munições e uma variedade de pequenos drones de alta tecnologia para a luta, informou a Associated Press. De acordo com um relatório publicado pela CNN em Janeiro de 2023, os EUA e os seus aliados já enviaram quase 50 mil milhões de dólares em ajuda e equipamento para as forças armadas da Ucrânia durante o ano passado, e que a Ucrânia está a queimar através de munições mais rapidamente do que os EUA e a OTAN a podem produzir. “A ajuda de armamento do Ocidente provou ser inútil para alterar o status quo do conflito durante o ano passado e, pelo contrário, apenas alimentou a crise”, disse Li Haidong, professor no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Negócios Estrangeiros da China. “O actual impasse provou que o plano da China de reunir as partes relevantes para conversações de paz é uma forma mais viável de sair do atoleiro”, disse.
Hoje Macau Manchete SociedadePandemia | Uso de máscara ao ar livre deixa de ser recomendado As autoridades de saúde ajustaram as regras para o uso de máscara. Assim, a partir de hoje, deixa de ser recomendado, “em circunstâncias normais”, usar máscara ao ar livre, caindo também o uso nas escolas. Esta continua a ser obrigatória em instituições de saúde, lares, táxis e nos tribunais, sendo que, no caso dos espaços fechados e transportes públicos, as “autoridades vão avaliar e decidir” Numa altura em que o território voltou à normalidade no que à covid-19 diz respeito, o Centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus decidiu ajustar as regras para o uso de máscara. Assim, a partir de hoje, determina-se que, “em circunstâncias normais, não é recomendado o uso de máscara para todas as pessoas em espaços ao ar livre”. Bebés e crianças com menos de três anos também deixam de ser obrigadas a usar máscara. Quanto ao uso em espaços fechados, como estabelecimentos, ou meios de transportes, caberá às “autoridades competentes avaliar e decidir” se é necessário ou não o uso de máscara. Tudo dependerá de factores como “a situação epidemiológica da altura, a ventilação do ar em estabelecimentos ou meios de transporte, o número e a densidade das pessoas, bem como a natureza e a duração das actividades”. Sempre que for necessário o uso de máscara nestes locais “as entidades competentes devem divulgar ou notificar as pessoas, de forma adequada”, aponta uma nota divulgada este fim-de-semana. No caso das escolas, tanto pais como alunos deixam de ter de usar máscara nas aulas e demais actividades lectivas. Num comunicado, a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEJ) esclarece que “o afrouxamento das medidas do uso de máscara beneficia o crescimento e o desenvolvimento físico e mental dos alunos e favorece, em particular, o melhoramento dos resultados no ensino e na aprendizagem das crianças, também ao nível das línguas”. Quando se usa? O Centro de coordenação definiu que a máscara tem de continuar a ser utilizada sempre que haja deslocações a instituições médicas, lares de idosos e de reabilitação, com excepção dos doentes internados ou dos utentes que residem nos lares, bem como os condutores e passageiros de transportes públicos, com excepção dos táxis. Além disso, o uso de máscara em espaços fechados será também obrigatório “em circunstâncias específicas”, como é o caso da “realização de actividades de grande aglomeração de pessoas, a ocorrência de casos de infecção colectiva em creches e instituições de ensino não superior, ou quando se verifica o período de pico epidémico em Macau”. Fica também determinado que as pessoas devem usar máscara sempre que apresentem sintomas de gripe ou febre. Docentes e alunos devem continuar a usar máscara “nos autocarros escolares e transportes públicos”, bem como na ocorrência de “situações de má disposição ou com sintomas de gripe” e outros locais onde o seu uso é obrigatório. A DSEDJ determina que “os docentes e alunos devem preparar máscaras para o uso diário” caso ocorra uma alteração da situação pandémica. No caso dos tribunais, determina-se a continuação da obrigatoriedade do uso de máscara para as pessoas “que pretendam apresentar documentos às diversas secretarias dos tribunais, entrar nas instalações dos tribunais das três instâncias, participar nas actividades processuais ou assistir às audiências de julgamento”. No caso do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) é recomendado o uso de máscara para entrar nas instalações deste serviço público, sendo o seu uso obrigatório sempre que as pessoas apresentem sintomas de gripe. Haverá sempre um ajustamento destas medidas “no caso de evolução epidémica”, pelo que se aconselha os cidadãos “a levarem as máscaras sempre que saírem, para eventual caso de necessidade, bem como a reservarem em casa uma quantia mínima de máscaras que possibilite o seu uso por duas semanas, para os casos de emergência”. Relativamente aos testes, sugere-se que cada pessoa se teste sempre que tiver algum sintoma da doença, anotando depois os resultados na plataforma de declaração do teste de antigénio dos Serviços de Saúde de Macau.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Taxa mensal atinge valor mais elevado em um ano Os preços ao consumidor em Macau subiram 0,24 por cento em Janeiro, em comparação com o mês anterior, o valor mais elevado em um ano, segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. A inflação foi empurrada, sobretudo, pela subida dos preços dos produtos alimentares Apesar de se manter abaixo de 1 por cento (0,77 por cento), a taxa de inflação registou em Janeiro o valor mensal mais elevado no período de um ano, com a subida de 0,24 por cento em relação a Dezembro do ano passado, segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) em comunicado. Os dados revelam que o aumento no custo dos produtos alimentares foi a principal razão para a subida da taxa de inflação em Janeiro, que coincidiu com as férias do Ano Novo Lunar. O preço das refeições adquiridas fora de casa subiu 0,59 por cento, enquanto o custo dos produtos hortícolas aumentou 5,13 por cento, no mês em que Macau recebeu mais de um milhão de turistas, graças ao fim das restrições contra a pandemia da covid-19. Em termos homólogos, a taxa de inflação manteve-se inalterada, em 0,77 por cento, sobretudo devido a aumentos de 3,05 por cento no preço da electricidade e de 13,97 por cento no custo dos combustíveis, assim como uma subida de 11,63 por cento no salário das empregadas domésticas. Rendas e combustíveis A DSEC anunciou na terça-feira que o custo dos combustíveis para veículos em Macau tinha aumentado 20,8 por cento em 2022, seguindo a subida verificada no mercado internacional, sobretudo devido à invasão russa da Ucrânia. Por outro lado, a DSEC estimou que as rendas das habitações em Macau diminuíram 2,35 por cento em Janeiro, em comparação com igual mês do ano passado, enquanto o custo dos serviços de telecomunicações caiu 10,46 por cento. As rendas das habitações em Macau caíram 12,8 por cento no ano passado, sobretudo devido ao desemprego, mas deverão voltar a subir, entre 5 por cento e 10 cento em 2023, avançou na semana passada a imobiliária JLL.
João Santos Filipe Manchete PolíticaApoios | Ron Lam pede detalhes sobre habitação para idosos Com as habitações para idosos na Areia Preta a ficarem concluídas até ao final deste ano, o deputado Ron Lam pede que o Governo explique como vai ser feito o arrendamento de fracções e quando começa o processo de candidaturas O deputado Ron Lam questionou o Governo sobre o calendário para o início das candidaturas à habitação para idosos. Este é um tipo de habitação que o Executivo está a construir para as pessoas independentes com mais de 65 anos, que vivem sozinhas, mas que não querem habitar em casas com poucas condições, principalmente ao nível de acessibilidades. Segundo as informações do Instituto de Acção Social (IAS), as casas para idosos estão em construção no Lote P da Avenida do Nordeste, na Areia Preta, e deverão ficar concluídas até ao final deste ano. A ocupação poderá assim começar no início do próximo ano. No entanto, a menos de um ano da conclusão das obras, os moldes do concurso para a atribuição destas habitações não são conhecidos, nem se sabe quando serão divulgados. “Quando vai abrir o processo de candidatura para a atribuição de habitações para idosos?”, questiona Ron Lam. O legislador recorda também que no passado, em resposta a interpelações de outros deputados, o Governo prometeu que o processo de candidatura teria um sistema de pontuação e seria anunciado através de regulamento administrativo. Porém, até agora não há mais informação. Ron Lam quer saber como estão a ser feitos estes trabalhos e quando haverá novidades. O preço certo Segundo o modelo implementado para a habitação para idosos, os ocupantes não serão proprietários, ao invés pagam uma renda mensal ao Governo pelo arrendamento dos imóveis. O valor não está definido, e o deputado pede algumas clarificações. “O IAS afirmou há poucos dias que está a estudar a implementação de um plano piloto para exploração da habitação para idosos de acordo com um modelo comercial, e que vai definir o preço de arrendamento tendo em conta o mercado, mas estabelecendo um valor mais baixo”, recordou Ron Lam. “Quando vai ser tomada uma decisão sobre o preço final?”, completou. Face ao previsto envelhecimento da população para os próximos anos, o deputado quer ainda saber se há mais planos para a construção de habitação para idosos nas outras zonas da cidade. “Será que o Governo tem mais planos para a construção deste tipo de habitação em outras zonas da cidade?”, pergunta. “Se sim, quais são os planos concretos? Será que vão oferecer opções mais seguras, diversas e de qualidade superior para outros seniores, de acordo com parcerias público privadas?”, interrogou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCovid-19 | Ho Iat Seng diz a família de morta para recorrer à justiça Nem mensagem condolências, nem pedido de desculpas. O Chefe do Executivo considera que os familiares de uma vítima mortal do surto de Dezembro podem recorrer aos tribunais, se estiverem desagradados com o tratamento hospitalar. A mensagem foi deixada nas celebrações do Dia Internacional da Mulher Se não estão satisfeitos podem recorrer aos tribunais. Foi esta a mensagem que o Chefe do Executivo deixou aos familiares de uma mulher grávida que morreu no Hospital Kiang Wu, durante o surto pandémico de Dezembro. “Se alguém se sente prejudicado pode seguir os trâmites legais para lidar com os litígios, a lei permite essa possibilidade”, respondeu Ho Iat Seng, de acordo com a imprensa em língua chinesa. As declarações foram prestadas na sexta-feira, quando o Chefe do Executivo marcou presença nas celebrações do Dia Internacional da Mulher, organizadas pela Associação das Mulheres de Macau. Ho Iat Seng também não terá deixado qualquer mensagem de condolências ou lamento pelo episódio sucedido, segundo os relatos da imprensa em língua chinesa. Além do marido, a mulher deixa duas filhas. No mesmo sentido, o Chefe do Executivo recusou ainda fazer um balanço sobre a transição para a convivência com o vírus, em Dezembro do ano passado. Este período coincidiu com o aumento da mortalidade praticamente para o triplo, em comparação com o ano anterior. Segundo os dados oficiais, em Dezembro de 2022 morreram 773 pessoas, quando em Dezembro de 2021 o número de mortos foi 203. Morte no hospital O caso com que Ho Iat Seng foi confrontado aconteceu a 23 de Dezembro, durante o pico de mortalidade da pandemia, no Hospital Kiang Wu, e foi relatado recentemente online, na página “Macau Elephant”. Em causa está uma residente de 36 anos que foi internada no hospital e que acabaria por perder a vida no dia seguinte, a 24 de Dezembro, durante uma operação relacionada com complicações de gravidez. A intervenção cirúrgica foi justificada com a instabilidade dos batimentos cardíacos do feto. A equipa médica decidiu assim remover o feto. Porém, durante o procedimento, a residente acabaria igualmente por morrer. Antes de ser internada tinha sido diagnosticada com covid-19, com dores agudas na garganta e muco no tracto respiratório. Apresentava ainda diabetes gestacionais, mas segundo o marido, citado no relato online, os níveis de açúcar no sangue estavam controlados. O vírus da covid-19 não é mencionado no relato da autópsia, e a morte foi justificada com embolia amniótica, uma situação que se regista quando o líquido no interior do útero entra na circulação sanguínea e causa a morte da grávida, através de paragem cardíaca.
João Luz Grande Plano MancheteCovid-19 | Infecção de variante ómicron BA.1 confere menor imunidade As infecções provocadas pelas variantes alfa, beta e delta do SARS-CoV-2 protegiam muito mais contra reinfecções do que a variante ómicron BA.1. A conclusão consta de um estudo, publicado na The Lancet, que analisa dados recolhidos em 65 outros estudos, referentes a 19 países, naquela que é a mais exaustiva investigação sobre imunidade natural Ao longo das sucessivas ondas pandémicas, um pouco por todo o mundo, a imunidade de grupo gerada pela infecção natural por covid-19 foi sendo apregoada como um mal que vinha para o bem. No entanto, a constante mutação do novo tipo de coronavírus, e outros factores como a vacinação em massa, entraram na equação. Na semana passada, a prestigiada revista científica The Lancet publicou um dos mais exaustivos estudos sobre a graduação da imunidade conferida por infecções das diversas variantes de SARS-CoV-2. O estudo resulta da análise a uma compilação de 65 estudos, realizados em 19 países, que compararam os riscos de contrair covid-19 entre pessoas que já foram infectadas previamente e entre quem nunca foi infectado. As investigações científicas que se debruçaram sobre a chamada imunidade híbrida (combinação de imunidade natural e vacinação) não foram tidas em consideração para este estudo, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates. Os cientistas procuraram respostas para várias questões, entre elas quanto tempo dura a protecção conferida por uma infecção de SARS-CoV-2, até que ponto somos susceptíveis a novas variantes e se a imunidade natural reduz as probabilidades de infecções severas. O estudo procurou ainda avaliar os diferentes graus de imunidade entre variantes e a forma como se vão desvanecendo com o tempo. O largo escopo da investigação analisou dados de estudos realizados desde o início da pandemia até Setembro do ano passado, incidindo principalmente sobre as variantes alfa, beta, delta e ómicron BA.1. Leis da gravidade O grupo de cientistas da COVID-19 Forecasting Team separou dados relativos a protecção contra reinfecções, das consequências sintomáticas da doença e dos casos severos de covid-19 (definidos pela necessidade de hospitalização ou morte). Um dos resultados mais relevantes indica que infecções produzidas pelas variantes alfa, beta e delta conferiam maior grau de imunidade natural, em comparação com a variante ómicron BA.1. Contrair covid-19 com as variantes pré-omicrónicas conferia uma protecção elevada para novas infecções sintomáticas (82 por cento), face à protecção moderada (45 por cento) resultante da infecção pela variante ómicron BA.1. Também a duração do período de elevada protecção imunológica difere. Nas primeiras variantes, os estudos indicam que as defesas contra novas infecções baixam para 78,6 por cento passados 10 meses, enquanto na variante ómicron BA.1 a protecção baixava mais rapidamente para 36,1 por cento passados 10 meses. No que diz respeito à severidade da doença, os dados indicam que as variantes pré-omicrónicas conferem 90 por cento de protecção nos 10 meses seguintes, e 88 por cento para a ómicron BA.1, apesar de diferentes graus de quebra imunológica após esse período. Os resultados revelaram também que a protecção contra doenças graves após infecção natural é comparável à imunidade recebida pela toma de duas doses de vacina, para todas as variantes da SARS-CoV-2. À procura de sentido A avaliação ao progresso de uma doença respiratória altamente contagiosa é uma tarefa complicada, ainda para mais quando esta doença atinge o patamar de transmissibilidade como a SARS-CoV-2, que se tornou progressivamente mais contagiosa e capaz de contornar a resposta imunológica gerada por infecções das primeiras variantes. Enquanto perspectiva de fundo, o estudo refere que os anticorpos neutralizantes gerados após uma infecção viral anterior são importantes para prevenir a entrada subsequente do vírus em células susceptíveis. Estas moléculas em Y reconhecem proteínas intactas do exterior do vírus e ligam-se a elas, impedindo que o vírus se agarre ao receptor celular necessário para a infecção. Mas, para persistirem e sobreviverem, vírus como o SARS-CoV-2 introduzem no seu genoma mutações aleatórias quando se replicam, procurando dessa forma alterar as suas proteínas de forma a escapar à detecção da resposta imunológica, numa luta pela sobrevivência que ocorre à dimensão microscópica. A especificidade das várias linhagens da variante ómicron resultam de muitas mutações tornando-as substancialmente diferentes das variantes anteriores, permitindo a evasão ao sistema imunológico. Não baixar a guarda “A vacinação é o modo mais seguro de conseguir imunidade, enquanto a obtenção da imunidade natural (através do contágio) deve ser ponderada face aos riscos de doença grave e morte associados à infecção inicial”, diz Stephen Lim, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês) na Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o autor principal da análise, citado no comunicado que divulga o estudo. Caroline Stein, também do IHME e co-autora do estudo, assinala que “as vacinas continuam a ser importantes para todos” para proteger quer as populações de alto risco, como os maiores de 60 anos e os que já têm outras doenças. “Isto também inclui populações que não foram infectadas anteriormente e grupos não vacinados, bem como os que foram infectados ou receberam a última dose da vacina há mais de seis meses”, adianta, defendendo que a imunidade natural e a situação em relação à vacinação devem ser tidas em conta para “obter uma imagem completa do perfil de imunidade de um indivíduo”. Segundo outro dos co-autores do estudo, Hasan Nassereldine, do IHME, a menor protecção das infecções com as estirpes ancestrais em relação à variante ómicron e às suas sub-linhagens reflecte as mutações que ocorreram e que lhes permitem “escapar da imunidade adquirida mais facilmente do que outras variantes”. “Os dados limitados que temos sobre a protecção da imunidade natural da variante ómicron e das suas sub-linhagens sublinham a importância de uma avaliação contínua, principalmente porque se calcula que tenham infectado 46 por cento da população em todo o mundo entre Novembro de 2021 e Junho de 2022”, diz o cientista, adiantando serem também necessárias mais investigações para “avaliar a imunidade natural de variantes emergentes e analisar a protecção fornecida por combinações de vacinação e infecção natural”. Buracos na estrada Os autores do estudo “Protecção da infecção com SARS-CoV-2 contra a reinfecção: uma revisão sistemática e meta-análise” observam que o trabalho tem algumas limitações, dado serem limitados os dados sobre a variante ómicron BA.1 e as suas sub-linhagens, bem como sobre situação em África. Os analistas adiantam também que os cálculos sobre a protecção podem ter sido influenciados por serem limitados os dados disponíveis além dos 10 meses após a infecção inicial, bem como por serem registadas de modo diferente ou incompleto informações, por exemplo, sobre uma infecção anterior ou internamentos hospitalares. Desde 1 de Junho de 2022, estima-se que a pandemia de covid-19 causou 17,2 milhões de mortes (6,88 milhões das quais foram registadas) e 7,63 mil milhões de infecções e reinfecções, segundo o estudo, que adianta que “uma grande proporção dessas infecções ocorreu após 14 de Novembro de 2022”. “A imunidade conferida por infecções deve ser ponderada juntamente com a protecção conseguida com a vacinação na avaliação dos encargos futuros com a covid-19, fornecendo indicações sobre quando os indivíduos devem ser vacinados e sobre políticas que tornem a vacinação obrigatória para trabalhadores ou restrinjam o acesso a locais onde o risco de transmissão é alto (…), com base no estado imunológico”. Com Lusa
João Luz Manchete SociedadeCinemateca Paixão | Actual gestora vai apresentar candidatura A empresa que tem gerido a Cinemateca Paixão nos últimos três anos vai a jogo e apresentará uma proposta ao concurso público para continuar a operar o espaço na Travessa da Paixão. Ao HM, a gestora de operações da cinemateca garantiu que se mantém a inspiração para oferecer ao público de Macau um programa diverso e de qualidade Quando a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada ganhou o concurso público para a gestão da Cinemateca Paixão em Junho de 2020, o sector local do audiovisual foi apanhado de surpresa em relação ao novo player que surgiu, aparentemente do nada. O repúdio pela decisão gerou mesmo a entrega de duas petições à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Leong U, por um grupo de cineastas autodenominado “Macau Cinematheque Matters”. Volvidos cerca de três anos, e face a um novo concurso público para gerir o espaço da Travessa da Paixão, os ânimos serenaram e voltam a preparar-se candidaturas. Em declarações ao HM, Jenny Ip, responsável pela gestão das operações da Cinemateca Paixão nos últimos três anos, confirma que a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada voltará a participar no concurso público. “Vamos ter uma discussão interna para analisar as condições do concurso público. Mas a nossa inspiração para o futuro continua a ser a mesma que tivemos nestes três anos, que é proporcionar ao público de Macau um programa diversificado e de qualidade. Mas uma coisa posso garantir, temos a certeza de que vamos apresentar uma nova proposta”, contou ao HM a gestora de operações da Cinemateca Paixão, Jenny Ip. Questão de milhões A direcção da Associação Audiovisual CUT, que esteve à frente da Cinemateca Paixão nos primeiros anos de existência do espaço, indicou ontem ao HM estar a analisar as condições do concurso público e a “considerar seriamente” apresentar uma candidatura. No concurso público anterior, as duas candidatas apresentaram propostas de orçamento para gerir a Cinemateca Paixão bem díspares. Enquanto o montante apresentado pela companhia In foi de 15,24 milhões de patacas, a Cut Limitada colocou em cima da mesa uma proposta de 34,8 milhões de patacas.