João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Número de visitantes bate recordes, mas consumo preocupa O novo recorde de visitantes por dia é visto como um sinal de alento para o comércio. No entanto, Paul Wong, presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, admite que em termos de lucros, a situação fica aquém dos melhores dias de 2019 O recorde no número de turistas durante o Verão está a surpreender as associações e os negócios ligados ao turismo. Apesar das boas notícias para o sector, o poder de compra dos novos visitantes fica aquém das expectativas, o que é encarado como um sinal de alarme para os comerciantes. No sábado passado, o número de turistas a entrar no território foi superior a 166 mil, o que representa um aumento de 7,5 por cento em comparação com o recorde anterior, de 155 mil visitantes num único dia, no Verão de 2019. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Paul Wong, presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, reagiu ao novo recorde e reconheceu que em termos de visitantes, o número de é “inesperadamente” alto, acima das melhores expectativas do sector. Paul Wong revelou também que em comparação com o passado recente existe um ambiente de maior optimismo entre os comerciantes, porque o turismo tem mostrado capacidade para atrair cada vez mais visitantes do Interior, numa altura de competição intensa com outros destinos. Wong explicou que há cada vez mais países do sudeste asiático a tentarem atrair turistas do Interior, com políticas de entrada sem necessidade de visto. Face ao contexto regional, o dirigente associativo afirma que o território tem mostrado ser muito competitivo, mantendo uma “reputação muito forte” no outro lado da fronteira. Problemas de ocasião Apesar dos números positivos, o presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau reconheceu que o poder de compra dos novos visitantes é uma preocupação, com impacto para o comércio local. Paul Wong explicou que nos pós-pandemia existe um novo tipo de visitantes, com um poder de compra mais fraco. Além disso, os comerciantes ainda estão a encontrar dificuldades para se adaptarem às “novas preferências” dos visitantes, que mudaram consideravelmente. O responsável associativo revelou também que face a todas as mudanças, os lucros estão longe dos resultados de 2019. Face ao problema, Paul Wong espera que o sector consiga adaptar-se melhor aos novos consumidores, para que as pessoas gastem mais dinheiro. Além disso, considera que o Governo tem de assumir um papel de liderança a melhorar os transportes em Macau, facilitar a circulação de pessoas e criar atracções nos bairros residenciais, para que mais pessoas sejam beneficiadas com o turismo. Em relação ao futuro mais próximo, com o ano lectivo a começar em Setembro, Paul Wong espera uma redução do número de turistas, para valores semelhantes aos do ano passado. Contudo, mostrou-se confiante que entre Outubro e Dezembro, devido aos vários eventos para celebrar o dia da implementação da República Popular da China e às outras festividades, que haja um crescimento em relação ao ano passado.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Morte duas vezes mais provável em não vacinados Um estudo de académicos da Universidade de Macau e de pessoal médico do Hospital Kiang Wu conclui que a vacinação foi eficaz na prevenção da morte por covid-19 em idosos. Entre 426 idosos vacinados internados com sintomas graves ou que morreram, 375 tinham sido inoculados com a vacina Sinopharm Após o fim da política de zero caso de covid-19, em Dezembro de 2022, os idosos não vacinados tinham duas vezes mais probabilidades de morrer na sequência de complicações surgidas por infecções do novo coronavírus do que os vacinados. A conclusão faz parte de um estudo com base nos dados do Hospital Kiang Wu, elaborado por académicos e médicos da Universidade de Macau e da instituição médica, com o título “Eficácia da Vacinação Contra a Covid-19 na Prevenção de Sintomas Graves e Morte entre Pacientes Geriátricos”. Para chegarem aos resultados publicados na revista Vaccines, os académicos tiveram em conta uma amostra de 848 idosos diagnosticados com covid-19, com mais de 60 anos que foram internados na instituição mais de 24 horas. Entre a amostra de 848 doentes, 426 estavam vacinados com pelo menos uma dose de qualquer umas das vacinadas disponíveis e 422 não tinham sido vacinados. Entre 12 de Dezembro de 2022 e 12 de Março de 2023, a instituição registou um total de 171 mortes por covid-19, e entre estes, 107 eram idosos não vacinados, uma proporção de 62,6 por cento, enquanto 64 mortes (37,4 por cento) ocorreram com pessoas vacinadas. “Os dados mostram que entre os não vacinados as probabilidades de morrer eram quase duas vezes mais elevadas, em comparação com o grupo de vacinados”, indicou os académicos. Durante a pandemia, Macau disponibilizou dois tipos de vacinas, a chinesa Sinopharm, que recorre à tecnologia tradicional de vírus inactivado, e a germano-americana Pfizer-BioNTech, com recurso à tecnologia mais moderna mRNA. Segundo os autores, feitas as contas aos pacientes do Kiang Wu, as duas vacinas não apresentaram diferenças. Também foi considerado que o número de doses não terá tido impacto na protecção dos pacientes. “Não houve diferenças estatisticamente relevantes nos resultados, tanto na redução dos sintomas ou das hipóteses de morte, quando se tem em conta o tipo de vacina ou o número de doses recebida”, foi indicado. Popularidade da Sinopharm Entre a amostra recolhida, a grande maioria dos hospitalizados recorreu à vacina da Sinopharm, num total de 375 pessoas entre os 426 vacinados. As mortes de pessoas vacinadas com a Sinopharm foram 57, uma proporção de 15,2 por cento. Os vacinados com a Pfizer-BioNTech eram 39, tendo sido registadas 7 mortes, uma proporção de 17,9 por cento. Houve ainda 12 pessoas a recorrerem às duas vacinas, não tendo ocorrido qualquer óbito entre estes. Mais relevante, indicam os investigadores, foi o facto de o programa de vacinação ter sido completo antes do fim da política de zero casos de covid-19. As pessoas que levaram duas doses de qualquer uma das vacinas mostraram maior resistência. “Quando se comparou o estado da vacinação, foi observada uma diferença significativa nos resultados […] As chances de ocorrência de morte no grupo de pessoas com a vacinação incompleta foram duas vezes maiores do que no grupo de pessoas com a vacinação completa”, foi indicado. Entre as 64 mortes em vacinados, 52 (81,3 por cento) aconteceram em pessoas com a vacinação incompleta, enquanto 12 (18,8 por cento) ocorreram em infectados que tinham sido vacinados com pelo menos duas doses. O estudo tem como autores Xiao Zhan Zhang, Phyllis Wong Hio Hong, Yang Bo, Song Menghuan, Li Junjun e Carolina Ung Oi Lam, que pertencem a instituições como a Universidade de Macau, Hospital Kiang Wu e o Laboratório de Referência de Investigação de Medicina Chinesa.
João Luz Manchete PolíticaChefe do Executivo | Sam Hou Fai apresenta demissão do TUI O presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, pediu a exoneração do cargo, abrindo caminho para uma possível candidatura a líder do Governo. A ordem executiva que oficializou a saída do magistrado do mais elevado cargo judicial da RAEM foi assinada por Ho Iat Seng Com Lusa “É exonerado, a seu pedido, o juiz Sam Hou Fai dos cargos de presidente e de juiz do Tribunal de Última Instância (TUI) e do cargo de membro da Comissão Independente responsável pela indigitação dos candidatos ao cargo de juiz da Região Administrativa Especial de Macau, a partir do dia 28 de Agosto de 2024.” Foi desta forma que Sam Hou Fai deu o primeiro passo oficial antes de apresentar a sua candidatura ao cargo de Chefe do Executivo, através de uma ordem executiva publicada ontem no Boletim Oficial assinada por Ho Iat Seng, culminando quase um quarto de século na presidência do TUI. À medida que se aproxima o início do período para a apresentação de candidaturas ao mais elevado cargo político da região, a exoneração de Sam Hou Fai à frente do TUI liberta-o de impedimentos de legais no caminho para liderar o próximo Governo. De acordo com a lei eleitoral, juízes ou funcionários judiciais só se podem candidatar a Chefe do Executivo após apresentarem a demissão ou caso já se tenham reformado. Entre os impedimentos à candidatura, a lei eleitoral inclui ainda titulares dos principais cargos, membros do Conselho Executivo e membros das comissões eleitorais. Passo rápido Sam Hou Fai admitiu na quinta-feira a possibilidade de se candidatar ao cargo de Chefe do Executivo, à margem de um evento para o qual apenas foram chamados órgãos de comunicação social chineses mais próximos do Governo. “Sempre tive o desejo de servir Macau e alguns amigos encorajaram-me a continuar a dar o meu contributo para o desenvolvimento da RAEM”, afirmou. Sam Hou Fai expressou também gratidão por quem se tem preocupado com a eleição para líder do Governo e afirmou que “o cargo de Chefe do Executivo é uma posição nobre para servir Macau e os residentes”. Um dia antes de Sam Hou Fai admitir a possibilidade de concorrer a Chefe do Executivo, Ho Iat Seng anunciou que não se vai candidatar a um novo mandato no cargo, marcando um momento histórico e inédito na vida política da RAEM por ser a primeira vez que um Chefe do Executivo não cumpre dois mandatos. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo”, afirmou, em comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social. A eleição do Chefe do Executivo está marcada para 13 de Outubro e os candidatos a líder do Governo de Macau vão ser conhecidos entre a próxima quinta-feira e 12 de Setembro. O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo – que integra 400 membros provenientes dos quatro sectores da sociedade, sendo depois nomeado pelo Governo Central chinês, de acordo com a Lei Básica, e a respectiva lei eleitoral.
Hoje Macau Grande Plano MancheteTimor-Leste/25 anos | Guterres condecorado com Grande Colar da Ordem António Guterres vai ser condecorado com a mais alta distinção de Timor-Leste pela intervenção que teve em 1999, após a realização do referendo que levou à independência, anunciou José Ramos-Horta. O chefe de Estado sugere que empresas lusas usem o país como ‘armazém’ para o sudeste asiático, mas alerta para a necessidade de condições e vontade dos governos “O secretário-geral António Guterres como primeiro-ministro de Portugal, em 1999, no ano crítico, teve uma intervenção que na altura chamou a atenção do Presidente Bill Clinton [antigo Presidente dos Estados Unidos]”, explicou José Ramos-Horta, em entrevista à agência Lusa por ocasião dos 25 anos de realização do referendo em Timor-Leste. “Quando estive com o Presidente Bill Clinton em Setembro de 1999 na cidade de Auckland, Nova Zelândia, onde ia se reunir-se a Cimeira da APEC [Fórum Económico dos Países da Ásia e do Pacífico], Bill Clinton disse-me: Quem mais me sensibilizou na questão de Timor-Leste foi António Guterres”, lembrou o prémio Nobel da Paz. Após o anúncio dos resultados do referendo de 30 de Agosto de 1999, em 4 de Setembro do mesmo ano, em que a grande maioria dos timorenses votou a favor da independência de Timor-Leste, uma onda de violência assolou o território perpetrada pelas milícias integracionistas, apoiadas pela Indonésia. Milhares de timorenses foram obrigados a fugir perante a onda de assassínios, deslocação forçada de pessoas para Timor Ocidental, ataques à igreja católica e outras organizações. “A intervenção de António Guterres foi uma intervenção que sensibilizou emocionalmente Bill Clinton e António Guterres deixou bem clara a mensagem de Portugal”, salientou o Presidente timorense. Segundo José Ramos-Horta, na altura havia a questão do Kosovo e da Bósnia, que obrigou a uma intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e Portugal foi um dos países que contribuiu para aquela missão. “Não vou citar textualmente o que António Guterres disse ao telefone com Bill Clinton, isso reservo para o meu livro, mas a mensagem foi clara. Não pode haver dois pesos e duas medidas e que Portugal podia repensar a sua participação nas forças da NATO nos Balcãs”, salientou. No livro “Por Timor – Memórias de dez Anos de Independência”, da antiga assessora de José Ramos-Horta, Sónia Neto, o antigo Presidente dos Estados Unidos recorda que, perante a “brutal campanha de violência”, decidiu suspender a cooperação militar com a Indonésia. Uma semana mais tarde, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, por unanimidade, uma resolução que autorizava a força multinacional Interfet, liderada pela Austrália a entrar em Timor-Leste. Reconhecimento da ordem Face ao exposto, é com naturalidade que António Guterres vai ser condecorado com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste. A Ordem de Timor-Leste, com quatro graus, foi criada em 2009 e visa reconhecer e agradecer a nacionais e estrangeiros que contribuíram para o benefício do país, dos timorenses e da humanidade. Além de António Guterres, os jornalistas portugueses Paulo Nogueira, Pedro Sousa Pereira e Fernando Peixeiro, da agência Lusa, Pedro Miguel Duarte Costa e Silvestre Bento Rodrigues, da SIC, António Valador, da RTP, e Pedro Manuel Mesquita e José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença, também vão se condecorados com a Ordem de Timor-Leste. “Muitos outros foram condecorados num grande evento em 2015, mas há tantas pessoas, tantos amigos espalhados pelo mundo”, disse José Ramos-Horta, explicando que são jornalistas que estiveram em Timor-Leste em 1999, mas que também fizeram a cobertura do país durante muitos anos. Ponto de encontro O Presidente timorense, José Ramos-Horta defendeu também que as empresas portuguesas podem usar Timor-Leste como ‘armazém’ para reexportarem para o sudeste asiático em áreas como as conservas, o calçado ou têxteis. O chefe de Estado timorense defendeu que o sudeste asiático é o melhor mercado para as empresas portuguesas que têm interesse em expandir-se. “O mercado é este, do sudeste asiático, com quase 700 milhões de pessoas, dos quais cerca de 200 milhões são já de classe média, com [rendimento] ‘per capita’ mais elevado, com gostos mais refinados”, disse. “Se eu fosse um empresário timorense ou português, fazia de Timor-Leste um armazém de conservas portuguesas porque o asiático gosta muito de conservas” e “a conserva portuguesa é a melhor do mundo”. Para José Ramos-Horta, há ainda outras áreas em que os empresários portugueses podem fazer a diferença, como o calçado ou confeção têxtil. “Há quase 30 anos conheci um senhor guineense, casado com uma timorense, ele vendia sapatos portugueses em casa. Hoje já tem lojas em toda a Austrália a vender calçado português”, exemplificou. O Presidente defendeu que Timor-Leste “pode ser um armazém como Singapura” que “reexporta tudo o que vem da Europa, do resto do mundo para a Ásia e vice-versa”. Ramos-Horta deu ainda outro exemplo de sucesso dos produtos portugueses na região referindo que os vizinhos de Timor ocidental, a parte indonésia da ilha, atravessam muitas vezes a fronteira “para virem comprar vinho português a Timor-Leste”. O país asiático lusófono podia ainda ser “um ‘hub’ para indústria farmacêutica portuguesa”, defendeu. Criar bases No entanto, para promover este tipo de investimento, o chefe de Estado considerou que os governos timorense e português devem fazer “acordos mais concretos, comerciais, mas com fortes apoios dos bancos portugueses, do banco central português e timorense”. É preciso que a nível político haja “incentivos a esses empresários para se estabelecerem em Timor”, em vez de andarem “a fazer juras de amor eterno”, como é comum na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Segundo o relatório semestral das perspectivas económicas do Banco Mundial, divulgado esta semana, a economia de Timor-Leste deverá acelerar para uma média de 3,7 por cento no período 2024-2026. Este ano, manteve a trajectória de crescimento próximo dos 3 por cento, mas a um ritmo mais lento devido à baixa execução orçamental, que foi de apenas 25 por cento do Orçamento do Estado e 6 por cento do orçamento de Capital e Desenvolvimento até Maio. “São necessárias taxas de execução substancialmente mais elevadas para alcançar níveis mais elevados de crescimento económico”, alertou o Banco Mundial. Desafios a ultrapassar Apesar das projecções económicas optimistas, Timor-Leste ainda enfrenta muitas dificuldades. O problema da má nutrição está relacionado com a “pobreza, mas também com a questão cultural e educacional”, explicou o chefe de Estado timorense. Dados do Programa Alimentar Mundial (PAM) indicam que cerca de 360.000 pessoas em Timor-Leste, com 1,3 milhões de habitantes, enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar. O Banco Mundial recomendou recentemente a Timor-Leste que aumente o investimento para reduzir a fome, a subnutrição e o atraso no crescimento infantil para melhorar o capital humano do país e consequente desenvolvimento económico. “Há muitas famílias com muitos animais domésticos, gado bovino, centenas de búfalos, de cabritos, porcos. Uma família mais educada, mais sensível planearia para dar de comer às crianças, à casa, regularmente com o que tem, mas muitos não o fazem”, disse José Ramos-Horta. Por outro lado, segundo o prémio Nobel da Paz, “matam cinco ou 10 búfalos num casamento ou num funeral e depois passam meses sem comer um bocado de carne”. José Ramos-Horta explicou que também há desconhecimento sobre nutrição e que no tempo da ocupação indonésia criaram o hábito de comer arroz, que é menos nutritivo que o milho, e as massas de 0,25 dólares que é só misturar água. O Presidente lamentou também a falta de água potável para a população e de condições de higiene. “Tudo isso leva a problemas de infecções nos intestinos e estômago”, disse. Lições externas Segundo o PAM, 47 por cento das crianças menores de cinco anos sofrem de atraso no crescimento. “É a minha campanha principal, porque é uma questão humana, ética e moral, mas não só, é o futuro do país, essas crianças são o futuro do país e têm de ser crianças sãs e bem-educadas”, salientou o chefe de Estado. Questionado sobre quais as maiores conquistas do país nos últimos 25 anos, José Ramos-Horta destacou a liberdade de imprensa e a democracia. “Estas são as melhores conquistas”, disse, mas enumerou também a electrificação do país, a construção de estradas, a formação de médicos e enfermeiros, a formação de quadros, bem como o aumento da esperança média de vida. Sobre a emigração dos jovens timorenses, o chefe de Estado disse que foi quem defendeu a saída daqueles jovens do país, numa primeira fase para a Coreia do Sul e para a Austrália. “Primeiro eu dizia, por favor ajudem-nos, não temos emprego, não temos economia, muita pobreza. Levou anos, mas lá consegui”, disse. Actualmente, os timorenses emigrados na Austrália, Coreia do Sul e Inglaterra enviaram 110 milhões de dólares para os seus familiares em Timor-Leste. “Mas não é só o dinheiro, estão a ganhar algo, novas experiências, novos hábitos de trabalho”, sublinhou o chefe de Estado. José Ramos-Horta considerou que “não há nada de negativo” na emigração e que o positivo é que os jovens que vão para fora mandam muito dinheiro para os seus familiares, afastando a possibilidade de défice de quadros. “Daqui a uns anos eles voltam, quando o nosso país está em construção e vamos precisar deles e alguns já voltaram”, salientou.
Hoje Macau Desporto MancheteFIFA exclui jogadores portugueses da selecção de Macau A FIFA confirmou a exclusão de cinco jogadores portugueses da equipa masculina de Macau por não possuírem o passaporte da RAEM, disse sexta-feira à Lusa o seleccionador Lázaro Oliveira. O luso-angolano disse que a Federação Internacional de Futebol (FIFA, na sigla em francês) já informou a Associação de Futebol de Macau da decisão de ratificar uma exclusão imposta pela Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês). A decisão irá, no imediato, afectar o capitão, o luso-sul-africano Nicholas Torrão, Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo, lamentou Lázaro Oliveira. O seleccionador disse que contava com os quatro jogadores para as duas mãos do ‘play-off’ de qualificação para a Taça Asiática 2027, contra o Brunei, que estão marcadas para 05 e 10 de Setembro. Apesar de admitir que a situação fica “mais difícil”, Oliveira garantiu que Macau não desiste de sonhar: “Agora é pôr o foco nos jogadores que estão presentes e tentar rentabilizá-los ao máximo para que possam fazer dois bons jogos e tentar passar”. A médio prazo, acrescentou o seleccionador, a exclusão afecta também David Kong Cardoso, jogador do Fabril do Barreiro, que disputa o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol português, mas que actualmente está lesionado. Vítor Almeida, de 33 anos e radicado em Macau há quase nove anos, disse à Lusa que a decisão “não faz sentido”. “Há sensivelmente oito meses, jogámos o apuramento para o Mundial, em que não houve problema nenhum”, recordou o defesa. Em Outubro, Macau foi eliminada por Myanmar (antiga Birmânia) da corrida ao Mundial2026 após uma derrota por 5-1 fora e um empate a zero em casa, partidas em que participaram Vítor Almeida, Nicholas Torrão, Filipe Duarte e o médio Nuno Pereira, que então jogava no Imortal, do Campeonato de Portugal. Vítor Almeida descreveu esta exclusão como injusta para jogadores nascidos no exterior como Nicholas Torrão, que “já representa a selecção há mais de 20 anos e representou nas camadas jovens”, mas sobretudo para Iuri Capelo. Capelo, que nasceu em Macau há 31 anos, disse à Lusa estar “desiludido e um bocado frustrado”. “Nós todos trabalhamos, não vivemos do futebol. Então requer algum esforço da nossa parte ir aos treinos e é sempre um orgulho para todas as pessoas poderem representar o local onde nasceram”, sublinhou. Sem excepções Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território. Filho de mãe tailandesa e pai português, Capelo disse que, de acordo com as autoridades de Macau, teria de renunciar ao passaporte português. “Como é uma decisão pessoal minha, não quero renunciar à minha nacionalidade”, explicou. O jogador do Benfica de Macau, actual campeão, disse que a decisão da FIFA “pode desmotivar os mais jovens”, mas alertou que actualmente já há poucos não chineses “a jogar pelas camadas mais jovens da seleção de Macau”. Vítor Almeida, que também lidera uma escola de futebol, sublinhou a importância de não “ficar resignado e desistir”, para que os jovens da região “tenham essa possibilidade de poder representar a selecção de Macau mesmo não sendo chineses”. Uma porta-voz da Associação de Futebol de Macau confirmou à Lusa a exclusão, de acordo com regulamentos da AFC aprovados já em 2021, e lamentou que não haja qualquer excepção para “jogadores que já representam Macau há muitos, muitos anos”.
João Luz Manchete SociedadeElevadores | Moradores queixam-se de preço de reparações Até 2026, a lei obriga a que todos os 10 mil elevadores da cidade sejam alvo de inspecção de segurança. A obrigação de substituir peças que custam centenas de milhares de patacas poderá gerar situações de falta de segurança, alerta o deputado Nick Lei que pede ao Governo que subsidie reparações e admita mais empresas de inspecção A nova lei de segurança dos ascensores, que entrou em vigor no dia 1 de Abril deste ano, estabelece que dentro de um período de três anos todos os 10 mil elevadores instalados em Macau sejam registados, inspeccionados e reparados, caso sejam encontradas falhas de segurança. Porém, as exigências legais podem esbarrar em problemas práticos, indicou Nick Lei, numa interpelação escrita divulgada no sábado. O deputado, ligado à comunidade de Fujian, começou por mencionar as recorrentes dificuldades de gerar consensos em administrações de condomínio, principalmente em relação a despesas avultadas, como a substituição de peças que podem custar centenas de milhares de patacas. Nick Lei indica ter ouvido administradores de condomínios que se queixaram da discórdia provocada pela necessidade legal de cobrir despesas avultadas, incapazes de atingir o consenso dos proprietários. Os responsáveis temem que esta inacção impeça o cumprimento do prazo legal para reparar os ascensores, e garantir a segurança dos moradores. “Que medidas serão adoptadas para garantir a segurança dos elevadores quando os condóminos não quiserem pagar reparações ou a instalação de peças caras? Será que o Governo irá lançar um plano de subsídio específico para acelerar o melhoramento dos elevadores”, questiona. Mãos a medir O deputado recorda que caso os elevadores inspeccionados não cumpram as regras de segurança e obriguem a reparações, estes devem ser supervisionados de oito em oito meses até os melhoramentos serem realizados. Esta situação obriga as administrações dos condomínios a encarregarem uma entidade supervisora para fazer a inspecção anual, mesmo que não se verifiquem problemas. Nick Lei considera haver aqui outro desfasamento entre a letra da lei e a realidade, uma vez que para os cerca de 10 mil elevadores instalados em Macau apenas existem quatro entidades supervisoras disponíveis até ao momento. Como tal, Nick Lei pergunta ao Governo como irá gerir os períodos de maior procura dos serviços de supervisão, em especial quando o prazo para as inspecções estiver a terminar, face à reduzida quantidade de empresas e tendo em conta que um técnico supervisor só pode inspeccionar, no máximo, seis elevadores por dia. O deputado afirmou ainda ter ouvido responsáveis de empresas que se queixaram do tempo excessivo que as autoridades demoram a aprovar inscrições de entidades supervisoras.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Aceleração em Julho após quatro meses lentos As refeições compradas fora de casa foram um dos factores que mais contribuiu para o aumento do ritmo de crescimento dos preços. Também o aumento das propinas fez com que a vida se tornasse mais cara no mês passado O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 0,82 por cento em Julho, em termos anuais, após quatro meses consecutivos de abrandamento, sobretudo devido às refeições adquiridas fora de casa, foi anunciado na sexta-feira. Em Junho, o IPC tinha aumentado 0,64 por cento em termos anuais. De acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a principal razão para a aceleração foi um aumento de 2,1 por cento no custo das refeições adquiridas fora de casa. Num comunicado, a DSEC justificou a aceleração com uma subida de 5 por cento nos custos da educação, com os dados a mostrarem que as propinas do ensino superior cresceram 8,5 por cento. Além disso, o preço da gasolina e gasóleo para automóveis aumentou 5,9 por cento e os gastos com gás natural e electricidade subiram 4,4 por cento e 0,7 por cento, respectivamente. Por outro lado, as despesas com hipotecas de apartamentos subiram 0,4 por cento. Isto depois da Assembleia Legislativa de Macau ter aprovado, a 18 de Abril, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O grande parceiro Com o aumento do número de visitantes, a região registou um acréscimo de 16,6 por cento no preço das joias, relógios e produtos feitos de ouro. Pelo contrário, os dados oficiais mostram uma queda de 15,6 por cento no preço da carne de porco, a mais popular entre os consumidores chineses. Com a progressiva retoma das ligações aéreas, Macau registou uma diminuição de 20,2 por cento no preço dos bilhetes de avião. Os voos directos regulares entre Macau e Xi’an, capital da província de Shaanxi, no noroeste da China, recomeçaram em 20 de Agosto, pela primeira vez desde o fim da pandemia da covid-19. O IPC da China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, subiu 0,5 por cento em Julho. Foi o sexto mês consecutivo em que a China registou inflação em termos anuais, depois de, entre o final de 2023 e o início deste ano, ter registado uma tendência deflacionária, durante quatro meses. A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravosa, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Macau registou deflação durante 10 meses consecutivos, entre Setembro de 2020 e Junho de 2021, no pico da crise económica causada pela pandemia.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Crescimento de 15,7% no primeiro semestre com retoma do jogo A economia de Macau cresceu 15,7 por cento na primeira metade de 2024, em comparação com igual período do ano passado, graças à retoma do jogo. Por outro lado, o fim dos apoios económicos à população ajudou à quebra de 14 por cento nas despesas do Governo O Produto Interno Bruto (PIB) da região administrativa especial chinesa atingiu 204,3 mil milhões de patacas entre Janeiro e Junho, adiantou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o que representou um crescimento anual de 15,7 por cento. A economia de Macau tinha voltado a crescer em 2023, com o PIB a subir 80,5 por cento, graças ao fim da política ‘zero covid’ e à retoma do turismo, invertendo uma contração de 21,4 por cento em 2022. A China levantou em 6 de Fevereiro de 2023 todas as restrições devido à pandemia de covid-19 nas deslocações para Hong Kong e Macau, permitindo o reinício das excursões organizadas para as duas cidades. Em resultado, o benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos aumentou 39,9 por cento em termos anuais na primeira metade de 2024, enquanto dos outros serviços turísticos subiu 2,8 por cento, sublinhou a DSEC, em comunicado. Macau recebeu no primeiro semestre mais de 16,7 milhões de visitantes, mais 43,6 por cento do que no mesmo período do ano passado, enquanto as receitas do jogo cresceram 41,9 por cento, para 113,8 mil milhões de patacas. A DSEC destacou ainda um aumento de 2,8 por cento na procura interna, em parte devido a uma subida de 9,8 por cento no investimento privado, incluindo acréscimos de 29,8 por cento no investimento em equipamento e de 14,7 por cento do investimento em construção. O comunicado apontou para “o crescimento contínuo dos investimentos em construção de edifícios habitacionais, para além do reforço constante dos investimentos em empreendimentos de grande envergadura” por parte das operadoras de casinos. Queda de obras O consumo privado aumentou 7,8 por cento, “devido à subida das receitas dos residentes, a qual foi impulsionada pela recuperação contínua da economia local e do mercado de trabalho”, referiu a DSEC. Pelo contrário, as despesas do Governo caíram 14 por cento, após o fim das medidas de apoio económico, que incluíram dar oito mil patacas a cada residente, montante que podia ser usado para efectuar pagamentos, sobretudo no comércio local. Também o investimento público em construção diminuiu 10,8 por cento, devido à conclusão de parte das obras públicas de grande envergadura, acrescentou o comunicado. A DSEC destacou que a economia de Macau representou 86,2 por cento do PIB registado na primeira metade de 2019, antes do início da pandemia. Macau, com cerca de 687 mil habitantes, tinha no ano passado o décimo PIB per capita mais elevado do mundo, de acordo com dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional. Em 8 de Março, a agência de notação financeira Fitch Ratings previu que a economia do território cresça 15 por cento este ano. Um dia antes, o Fundo Monetário Internacional tinha previsto um crescimento de 13,9 por cento este ano e um regresso, em 2025, aos níveis anteriores à pandemia.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDSF | Desmentido investimento de 40 mil milhões em empresa de Jason Ho Na semana passada voltou a circular o rumor que a empresa do filho de Ho Iat Seng teria recebido do Governo um investimento avultado para desenvolver plataformas no metaverso. As finanças vieram a público negar a informação A Direcção de Serviços de Finanças (DSF) negou o investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa do filho de Ho Iat Seng, sem nunca referir a empresa ou o nome do filho do Chefe do Executivo. O desmentido foi feito na sexta-feira, através de uma resposta enviada ao Canal Chinês da Rádio Macau. “Em resposta às perguntas dos média, a Direcção de Serviços de Finanças declara que o Governo da RAEM nunca realizou o chamado investimento público de 40 mil milhões de patacas no metaverso”, pode ler-se na resposta. A DSF defende ainda que este tipo de despesa, a ser realizado pelo Governo, teria de constar no orçamento da RAEM, o que não acontece. “Todos os orçamentos e despesas têm de cumprir rigorosamente as leis do orçamento e estão sujeitas à supervisão da Assembleia Legislativa”, foi acrescentado. O rumor sobre a realização de um investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa de Jason Ho Kin Tong para investir num projecto de metaverso não é novo, e terá começado a circular em 2022. Em plena pandemia, o conceito de metaverso entrou no discurso político do Governo e deputados, a reboque das alterações na empresa proprietária da rede social Facebook, que em Fevereiro desse ano adoptou a denominação Meta. No entanto, o rumor voltou a ganhar predominância online na semana passada, com as notícias da não recandidatura de Ho Iat Seng a Chefe do Executivo, e também da saída de Jason Ho Kin Tong do Conselho de Curadores do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT). Nas caixas de comentários de diferentes jornais, inclusive nos meios mais próximos do Governo, e ainda nos grupos de Facebook mais populares do território eram vários os utilizadores que ligavam as saídas ao facto de os dois terem ficado satisfeitos com o “investimento” de 40 mil milhões de patacas. Origem do número Segundo o jornal Cheng Pou, o rumor terá começado com as declarações de Ho Iat Seng, quando em Agosto de 2022, se deslocou à AL e mencionou terem sido feitos investimentos estatais por parte das autoridades do Interior na Ilha da Montanha. Os investimentos de 40 mil milhões teriam sido feitos em áreas como saúde ou novas tecnologias, como a produção em grande escala de semicondutores. Também nessa ocasião, Ho terá mencionado que havia projectos de metaverso a serem desenvolvidos em Hengqin, tendo o Chefe do Executivo expressado o desejo que os jovens de Macau pudessem “participar no desenvolvimento do país, através do metaverso”. O Cheng Pou indica igualmente que a partir dessa ocasião começam a circular rumores de um investimento de 40 mil milhões de patacas da RAEM em Hengqin, que no início não surgem ligados à empresa do filho do Chefe do Executivo. Todavia, em Setembro do ano passado, a ligação com a empresa do filho de Ho Iat Seng começou a ser feita.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGrupo Wai Hung | Investigação por fraude e falsificação enreda Rita Santos A Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong anunciou uma operação em Macau, pela Polícia Judiciária, relacionada com suspeitas de crimes. Rita Santos e o deputado Wu Chou Kit são directores independentes não-executivos do grupo. A conselheira afirma não estar envolvida nem ter sido contactada pelas autoridades O Grupo Wai Hung, cotado na Bolsa de Hong Kong e com representação em Macau, está a ser investigado pela Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong (ICAC, no acrónimo em inglês) por suspeitas de fraude e falsificação de documentos que se estendem a Macau. A investigação foi divulgada pela ICAC, e contou com uma operação simultânea da Polícia Judiciária (PJ) em Macau. No comunicado emitido na quarta-feira, o grupo não surge identificado. Contudo, a identidade foi revelada por vários órgãos de comunicação social de Hong Kong. Também desde segunda-feira, dia em que as rusgas terão começado, que a compra e venda de acções do Grupo Wai Hung está suspensa. No comunicado emitido na bolsa de Hong Kong a anunciar a suspensão da compra e venda de acções, o grupo prometia mais informações no futuro, sem mencionar a investigação. O Grupo Wai Hung tem ligações a Macau, onde terá sido responsável pelas renovações do interior de salas de junkets, lojas, restaurantes. Além disso, surgem identificados no portal do grupo como directores independentes não-executivos Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), e Wu Chou Kit, deputado nomeado por Ho Iat Seng e presidente da Associação dos Engenheiros de Macau. Rita Santos, no relatório com os resultados de 2020, surge ainda identificada como presidente da comissão de auditoria da empresa. Também Wu Chou Kit é membro da comissão. “Vou processar o jornal que escreveu que eu estou envolvida nisto. Já estou a arranjar um advogado […] Não tem a ver com os administradores não executivos, hoje [ontem] é que tive conhecimento disso […]. Não estou envolvida”, afirmou Rita Santos, quando foi contactada pelo HM sobre a investigação ao grupo. “Não fui contactada”, esclareceu, quando questionada se tinha sido abordada pela PJ. Posteriormente, a conselheira enviou um comunicado ao HM reafirmar a sua posição: “Sou meramente uma dos três directores independentes não executivos da referida empresa cotada na bolsa de Hong Kong e só hoje [ontem] tive conhecimento das notícias de investigação pelas autoridades de Macau e de Hong Kong através da reunião on-line do Board Meeting. Não tenho nada a ver com esta investigação”. Por sua vez, Wu Chou Kit manteve-se incontactável durante o dia de ontem, com o telemóvel aparentemente desligado. Transacções fictícias Segundo a informação do ICAC, os dirigentes do grupo presidido por Li Kam Hung, terão alegadamente relatado “transacções fictícias” e “falsificado a contabilidade”, num valor aproximado de 120 milhões de dólares de Hong Kong. Os alegados crimes terão acontecido na RAEHK e em Macau. A operação denominada “demarcação” resultou em sete detenções em Hong Kong, entre os quais o presidente do grupo, assim como vários administradores, que não surgiram identificados. “A investigação revelou que alegadamente o presidente da companhia cotada em bolsa e outros indivíduos falsificaram registos comerciais e de contabilidade ligados às sucursais em Hong Kong e Macau, ao mesmo tempo que as contas a receber pela empresa, superiores a 113 milhões de patacas, foram reduzidas”, indicou o ICAC. “Alegadamente os envolvidos falsificaram documentos e os registos da contabilidade para esconderem a apropriação de mais de 9 milhões e dólares de Hong Kong em fundos do grupo”, foi acrescentado. Operação em Macau O comunicado do ICAC revela também que na quarta-feira, devido aos crimes investigados, a Polícia Judiciária foi para o terreno, dado que se suspeita que parte dos factos aconteceram em Macau. O ICAC sublinha que esta foi a primeira operação simultânea deste género entre as duas regiões administrativas especiais. “A operação conjunta demonstra totalmente a colaboração estreita e a determinação das agências das duas cidades na luta contra a corrupção transfronteiriça e outros crimes, para manter um ambiente de negócios limpo, justo e um funcionamento eficaz dos mercados financeiros”, afirmou Ricky Yau Shu-chun, vice-comissário do ICAC e chefe das operações, em comunicado. “O ICAC vai continuar a trabalhar com outras agências de aplicação da lei para combater a corrupção e outras actividades ilegais, e trazer os criminosos locais e transfronteiros à justiça”, frisou. O HM contactou a PJ para confirmar a operação revelada pelo ICAC, mas as autoridades de Macau após afirmarem não ter, “de momento”, qualquer informação para divulgar, enviaram ao fim do dia um comunicado às redacções (ver caixa). De acordo com o relatório e contas de 2020 do Grupo Wai Hung, o mais recente disponível do website, a empresa apresenta cinco sucursais com sede em Macau e mais duas empresas a operar na RAEM. As empresas com sede na RAEM são a Companhia de Construção New Wai Hung, Keng Chuan, WHHE (Macau), WHHDD e Yiu Kwong Decoration Engineering (Macau). As duas outras empresas com actividade declarada em Macau, e com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, são Splendor Haze Limited e Loyal Auspicious Limited. PS exige saída de Rita Santos caso se confirmem suspeitas A secção do Partido Socialista (PS) emitiu ontem uma nota sobre o caso que envolve Rita Santos, pedindo a suspensão do mandato como conselheira das Comunidades Portuguesas caso as suspeitas se confirmem. “A comunidade portuguesa residente em Macau foi surpreendida por notícias graves que envolvem a Conselheira para as Comunidades Portuguesas, alegadamente associando-a a investigações de combate a fraude financeira dirigidas pelas autoridades de Hong Kong e Macau. Aliás, a notícia menciona que a Conselheira é uma das principais visadas.” Na mesma nota, é referido que este Conselho “é um órgão de consulta do Presidente da República Portuguesa e do Governo português devendo, por isso, ser intocável na sua honorabilidade e deve manter-se alheio a qualquer suspeita. A confirmar-se [a suspeita], a Conselheira das Comunidades Portuguesas para a região da Ásia e Oceânia deve de imediato pedir a suspensão do seu mandato até que estejam concluídas as investigações”, conclui-se. PJ sem detenções A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem uma nota onde refere, sobre o caso que envolve Rita Santos, que “já tinha aberto uma investigação sobre o caso”, tendo contactado “recentemente a Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong e o Comité de Supervisão dos Valores Mobiliários e Futuros”. Posteriormente foi lançada a operação conjunta com o nome “Demarcação”, sendo que, até à data, ninguém foi detido nem “foram divulgadas mais informações”, é referido.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCE | Governo Central dá sinal de confiança a futura liderança Apesar de ainda não haver candidatos a Chefe do Executivo, nem se saber a constituição do próximo Governo, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado acredita que os escolhidos vão “continuar a escrever um capítulo colorido” O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado acredita que o futuro Governo e Chefe do Executivo vão “continuar a escrever um capítulo colorido da implementação do princípio um país, dois sistemas com características de Macau”. Foi esta a mensagem deixada pelo órgão do Governo Central responsável pelos assuntos da RAEM, após ter sido tornado público que Ho Iat Seng não se vai candidatar a um novo mandato. “Ao longo dos últimos 25 anos, sob a forte liderança do Governo Central e a forte liderança dos sucessivos Chefes do Executivo e dos sucessivos governos da RAEM, todos os sectores da sociedade de Macau trabalharam unidos e lançaram as bases sólidas para alcançar um melhor desenvolvimento”, foi indicado. “Acreditamos que o futuro Chefe do Executivo e Governo que estão prestes a nascer vão com certeza continuar a trabalhar arduamente e continuar a escrever um capítulo colorido da implementação de um princípio um país, dois sistemas com característica de Macau, e a dar maiores contributos para a concretização do sonho chinês do grande rejuvenescimento da nação chinesa!”, foi acrescentado. A mensagem foi publicada na conta de WeChat do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado com o título “Paz em Hong Kong e Macau”, tendo sido divulgada integralmente nos principais jornais em língua chinesa do território. Visita ao passado Em relação à RAEM, o artigo menciona ainda as palavras de Xi Jinping, quando afirmou que apesar de Macau ser um território pequeno pode alcançar grandes feitos, se tiver a “abordagem correcta”. “O presidente Xi Jinping indicou que apesar de Macau ser pequeno, enquanto mantiver a abordagem correcta, com boas políticas, boas capacidades e uma população unida, também pode alcançar grandes feitos”, é recordado. No texto de quarta-feira, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado indicou ainda vários aspectos que considerou terem contribuído para os 25 anos de sucesso em Macau no pós-transição. Entre estes, foram apontados “a insistência no correcto entendimento da relação entre o poder de governação compreensivo do Governo Central e o elevado grau de autonomia”, “a eficiente salvaguarda da ordem constitucional estabelecida pela Constituição e a Lei Básica”, os “esforços para melhorar a consciencialização sobre o nacionalismo e o espírito patriota”, assim como o desenvolvimento económico ou a construção da cidade como “um centro, uma base, uma plataforma” e um “centro mundial de turismo”.
João Luz Manchete PolíticaChefe do Executivo | Sam Hou Fai está a ponderar candidatura A possibilidade de Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância, se candidatar ao cargo de Chefe do Executivo parece agora mais certa, confirmando notícias e rumores que apontavam nesse sentido. O responsável afirmou ontem estar a pensar se apresenta a candidatura e que sempre desejou servir Macau Ainda antes do anúncio de Ho Iat Seng de que não iria cumprir um segundo mandato como Chefe do Executivo, já o nome de Sam Hou Fai era mencionado como potencial candidato ao cargo político mais elevado da RAEM, inclusive nas publicações Jornal Tribuna de Macau, Macau Daily Times e Plataforma. A hipótese ganhou ontem alguma força com as declarações do presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), à margem de uma palestra sobre o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau, organizada pela Associação dos Antigos Alunos de Macau da Faculdade de Direito da Universidade Peking. Quando perguntado se iria apresentar uma candidatura às eleições que vão escolher o próximo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai disse que “está a considerar a possibilidade” e que em breve irá endereçar o assunto. “Sempre tive o desejo de servir Macau e alguns amigos encorajaram-me a continuar a dar o meu contributo para o desenvolvimento da RAEM”, afirmou o magistrado à margem de um evento para o qual apenas foram chamados órgãos de comunicação social chineses mais próximos do Governo. Sam Hou Fai expressou também gratidão por quem se tem preocupado com a eleição para líder do Governo e afirmou que “o cargo de Chefe do Executivo é uma posição nobre para servir Macau e os residentes”. Perfil às direitas Sam Hou Fai tem dedicado a vida ao Direito. Nascido em 1962 na cidade vizinha de Zhongshan, o actual presidente do TUI fez a licenciatura em Direito na Universidade de Pequim, e um curso de língua e cultura portuguesa na Universidade de Coimbra, em Portugal, tal como um curso de Direito. Em Macau, frequentou ainda o curso de Introdução ao Direito na Universidade de Macau, o curso inaugural de formação de magistrados, bem como os primeiros cursos de formação básica e avançada para juízes e Ministério Público promovidos pelo Centro de Formação Jurídica e Judiciária. O potencial candidato a Chefe do Executivo exerceu advocacia no Interior da China e quando regressou a Macau ocupou vários cargos de relevo na Administração, dirigindo o Secretariado para a Coordenação Económica entre 1995 e 1997. Desde a transição que preside o TUI, o mais elevado cargo da hierarquia judicial da RAEM.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEleições CE | Saída de Ho Iat Seng, por motivos de saúde, encarada com “surpresa” Com a saída de Ho Iat Seng da corrida às eleições para ser o próximo Chefe do Executivo, o presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, parece ser o senhor que se segue. Jorge Fão destaca o facto de, pela primeira vez, poder surgir um candidato que não é empresário, mas funcionário público Ao cair do dia desta quarta-feira a vida política de Macau sofreu um volte face. Ho Iat Seng, que todos esperavam ser novamente candidato ao cargo de Chefe do Executivo para um segundo mandato, renuncia por questões de saúde. É a primeira vez na história da RAEM que um Chefe do Executivo não cumpre o segundo mandato de cinco anos, ao contrário do que aconteceu com Edmund Ho e Chui Sai On. Sem Ho Iat Seng, os olhares estão depositados na possível candidatura de Sam Hou Fai (ver página 4). Ao HM, Jorge Fão, ex-membro da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE), destaca a importância de, pela primeira vez, não ser um empresário a subir ao mais elevado lugar no pódio político da RAEM. “Dos [candidatos] que se vão posicionar vejo que o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) tem mais hipóteses. Há dias perguntaram-me sobre esta possibilidade [de Sam Hou Fai concorrer], mas não acreditei. Porém, com Ho Iat Seng afastado, vejo que tem fortes possibilidades de avançar”, disse. Para Jorge Fão, “é altura de entrar um funcionário público e não um empresário. É o mesmo que está a acontecer em Hong Kong”, destacou. “Sam Hou Fai é um homem experiente, e deve ser uma pessoa da alta confiança do Governo Central, não tendo feito um mau trabalho no exercício das suas funções como juiz. Tem experiência de vida e profissional, mas falta-lhe experiência ao nível da Administração pública e nas áreas económica e política.” Porém, Jorge Fão acredita que, no que diz respeito a questões económicas, “o Governo Central vai ajudar, bastando conceder mais quotas de viagem da China para Macau”. “É sempre bom ser uma pessoa da área da justiça, o que dá a entender que o Governo será mais transparente e que haverá menos corrupção, embora seja importante que não se exagere nesse controlo com recurso à justiça, pois pode asfixiar tudo o resto, nomeadamente o trabalho de associações. Não pode ser uma governação apenas centrada no Direito.” Jorge Fão, que ficou de fora nestas novas eleições para a CECE, considera ter ficado surpreendido com o anúncio de Ho Iat Seng. “Foi uma surpresa para muitos e para mim também, porque todos os Chefes do Executivo fizeram dois mandatos desde a fundação da RAEM. Ele esteve fora cerca de 40 dias, tem problemas de saúde, e além disso já não é assim tão novo.” Cedo para balanços Na nota divulgada ao final da tarde de quarta-feira, Ho Iat Seng assumiu que as questões de saúde são a razão para não ser novamente candidato. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo.” Ho Iat Seng, que foi empresário e deputado, tendo presidido também à Assembleia Legislativa, garantiu que irá dar “todo o apoio ao Chefe do Executivo do sexto mandato e ao Governo da RAEM nas acções governativas em cumprimento da lei”, além de contribuir para a manutenção do princípio “Um País, Dois Sistemas” e o desenvolvimento de Macau. Ao HM, o economista José Sales Marques disse ser cedo para fazer balanços. “Desejo-lhe uma rápida e completa recuperação. O Dr. Ho Iat Seng, cujo mandato ainda não terminou, tem vindo a governar Macau durante o período mais difícil da RAEM, demonstrando grande dedicação à causa pública. Ainda é demasiado cedo para se fazer qualquer balanço.” Outra voz que já comentou o afastamento de Ho Iat Seng foi o deputado Pereira Coutinho. Na sua página oficial de Facebook, o deputado disse tratar-se de uma decisão “previsível”, com um “‘timing’ apropriado e adequado”, tendo em conta que “a actual situação económica é grave e muitos residentes estão desempregados ou a trabalhar em tempo parcial”. Há ainda “muitas questões sociais por resolver”, sendo que, para o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, “a moral dos trabalhadores da função pública é a mais baixa de sempre”. “O futuro Chefe do Executivo tem muitos desafios pela frente e tudo dependerá da sua capacidade de visão, competência, integridade, sentido de justiça e capacidade de liderar uma equipa de titulares dos principais cargos públicos com o objectivo de elevar a qualidade de vida dos cidadãos”, adiantou. Visão de jogo O ex-deputado Au Kam San adoptou uma posição mais crítica em relação a esta alteração no cenário eleitoral. Nas redes sociais, escreveu que a desistência de Ho Iat Seng pouco interessa à população, uma vez que o Chefe do Executivo é eleito por uma comissão com apenas 400 pessoas, no contexto de uma população com quase 700 mil. “Porém, como o Chefe do Executivo não será apenas Chefe do Executivo de um pequeno círculo de 400 conselheiros, é inevitável prestar atenção ao impacto social da eleição.” Segundo o portal GGRAsia, a correctora Seaport Research Partners adiantou que não se esperam “quaisquer alterações materiais” no sector do jogo com esta mudança de fundo nas eleições. Vitaly Umansky, analista da Seaport, disse numa nota divulgada ainda na quarta-feira que o anúncio não foi “surpreendente, uma vez que Ho tem manifestado preocupações de saúde há algum tempo e teve uma licença prolongada em Julho”. “Nesta fase, não existe um candidato óbvio para o cargo, mas esperamos que o eventual Chefe do Executivo venha de dentro da Administração governamental”, afirmou, dizendo ainda que “é muito certo que o status-quo será provavelmente o principal motor do novo Chefe do Executivo, com a continuação dos principais objectivos políticos”, incluindo “o apoio à indústria do jogo e da hotelaria”. Na mesma nota é referido que o próximo candidato e potencial vencedor “será totalmente examinado e aprovado pelo Governo Central”, chegando ao cargo “com uma forte experiência no Governo de Macau e uma compreensão da importância da indústria do jogo e da hotelaria para o bem-estar económico e o desenvolvimento futuro de Macau”. A correctora avançou com alguns nomes, tal como o actual secretário para a Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon; o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak; nomes que, de resto, também foram apontados por Jorge Fão ao HM como possibilidade. A Seaport previu ainda a candidatura de uma pessoa “mais recentemente mencionada nos meios de comunicação social locais”, Sam Hou Fai. Beco sem saída Na corrida ao cargo de Chefe do Executivo há ainda outro nome nas margens das elites políticas, Jorge Chiang que terá poucas possibilidades de obter o mínimo de 66 votos da comissão eleitoral para se qualificar como candidato. Jorge Chiang preside à Associação de Institucionalismo de Macau e Associação Comercial de Lotus de Macau, sendo, porém, pouco conhecido nos habituais meios políticos. “Nasci em Macau. A minha família vive cá há muitos anos, desde a década de 1940. Estudei áudio, iluminação e telecomunicações e trabalhei na área financeira tanto na China, como no exterior. Durante a juventude, trabalhei no Centro Diocesano dos Meios de Comunicação Social. Sou católico”, afirmou ao HM na altura em que divulgou nas redes sociais que seria candidato a líder do Governo. Em toda a história das eleições para Chefe do Executivo da RAEM só houve, no primeiro acto eleitoral da era RAEM, um segundo candidato, tendo Stanley Au perdido contra Edmund Ho. Tudo indica que está por dias a oficialização de candidatura de Sam Hou Fai, até porque o período de apresentação de candidaturas arranca na próxima quinta-feira, 29 de Agosto, terminando a 12 de Setembro. As eleições estão agendadas para 13 de Outubro, sendo que a tomada de posse do novo Chefe do Executivo acontece em Dezembro, por altura do 25º aniversário da transferência da administração portuguesa de Macau para a China.
Hoje Macau Manchete SociedadeMpox | Preço desencoraja vacinação entre migrantes Associações defenderam que o custo da vacina contra o vírus monkeypox (mpox) vai desencorajar a imunização dos trabalhadores estrangeiros que vivem em Macau sem estatuto de residente. Duas doses da vacina custam quase 3.500 patacas Os Serviços de Saúde de Macau aconselharam, na sexta-feira passada, a vacinação contra o mpox, com duas doses, aos profissionais de saúde e “às pessoas de alto risco”, incluindo as que praticam “actos sexuais arbitrários ou com parceiros sexuais múltiplos”. A vacinação contra o mpox é gratuita para os habitantes com estatuto de residente. Mas para a mão-de-obra vinda do exterior, incluindo da China continental, as duas doses da vacina custam 3.460 patacas,de acordo com o canal português da televisão pública TDM Macau. “Quem estaria disposto a receber a vacina?” questionou Benedicta Palcon, uma representante da união de trabalhadores migrantes filipinos Greens (Greens Philippines Migrant Workers Union). De acordo com dados oficiais, a mediana do rendimento mensal da população empregada em Macau era de 17.900 patacas no segundo trimestre deste ano. Mas tanto Palcon como a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Migrantes Indonésios em Macau, Yosa Wari Yanti, estimaram que os trabalhadores domésticos recebem actualmente entre quatro mil e seis mil patacas por mês em Macau. “É impossível gastar praticamente um salário inteiro numa vacina. Além dos nossos gastos com alimentação e alojamento, quase todas enviamos dinheiro para as nossas famílias”, sublinhou Yosa. Macau tinha 181.108 trabalhadores sem estatuto de residente no final de Junho, representando 26,4 por cento da população de Macau, de acordo com dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Yosa recordou que os não-residentes “também contribuem para a economia de Macau” e alertou que dificultar a vacinação pode facilitar um possível futuro surto de mpox. Em força Antes conhecida como “varíola dos macacos”, esta é uma doença viral que se propaga de animais para seres humanos, mas também é transmitida por contacto físico próximo com uma pessoa infectada com o vírus. A nova variante pode ser facilmente transmitida entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022. “As empregadas domésticas trabalham seis dias por semana nas casas de famílias locais e algumas até dormem lá. Se um membro da família ficar doente, ficamos todos doentes”, explicou Yosa. Em Setembro e Dezembro, Macau registou dois casos de mpox. Na sexta-feira, a China anunciou o reforço da vigilância nas fronteiras, obrigando todos os aviões e navios provenientes de zonas afectadas pela doença a cumprir medidas sanitárias, estabelecendo protocolos de rastreio para os viajantes provenientes de regiões com surtos ativos, num conjunto de medidas que vai estar em vigor nos próximos seis meses. Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em Maio do ano passado.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAviação civil | Pereira Coutinho alerta para atraso na proposta de lei Pereira Coutinho alerta para o atraso na aprovação da proposta de lei que irá regular a aviação civil, que promete acabar com o monopólio da Air Macau. Na sessão de balanço do último ano legislativo, Coutinho voltou a pedir apoios sociais para idosos e cartão de consumo e lamentou a tendência de rejeição de debates na AL Os deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang destacaram ontem a demora no avanço da proposta de lei de aviação civil, que continua a ser analisada na especialidade na terceira comissão permanente da Assembleia Legislativa desde Junho de 2023. Coutinho, que faz parte da comissão parlamentar, deixou o alerta para a necessidade de maior celeridade no processo, pois existe o risco de a proposta de lei expirar caso não seja votada na especialidade até final deste ano. A opinião foi partilhada durante a conferência de imprensa para apresentar o balanço da 3ª sessão legislativa da VII legistura, que se realizou ontem na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “Temos a [proposta] lei de aviação civil, que está em banho-maria, porque não querem acabar com o monopólio das rotas aéreas. O secretário estendeu [o período de concessão da Air Macau], de forma injustificada, por mais três anos, e aquilo vai continuar em banho-maria. Não sabemos qual é o ponto de situação. Faço um apelo porque o actual monopólio tem de acabar, porque há várias actividades económicas em regime de monopólio, como as cargas, os serviços ou estacionamento das avionetas”, disse. Ainda na área da aviação civil, o deputado referiu que o Aeroporto Internacional de Macau “praticamente só tem voos domésticos”. “Queremos que mais companhias aéreas voem directamente para Macau, e esperávamos melhorias com a segunda pista, o que, infelizmente, parece não estar a acontecer”, referiu. Ainda no que diz respeito ao trabalho das comissões permanentes da AL, Pereira Coutinho destacou que “há quatro propostas de lei extremamente importantes que ainda não foram aprovadas”, sendo que, na terceira comissão, há a revisão do Código Tributário, “que tem barbas brancas, pois há dois anos que está na comissão”. Em matéria da proposta de lei da contratação pública, na primeira comissão permanente, Coutinho acrescentou que “uma questão que se tem agravado são os ajustes directos, incluindo a realização de consultas públicas”. “Achamos que é uma actividade que deveria ser feita por concurso público. Mesmo em situações em que, de facto, há urgência de fazer certas obras em que apenas alguns empreiteiros têm capacidade técnica para as fazer, tem de se fundamentar melhor os ajustes directos, e isso não está a acontecer”, disse. AL não cumpre No último ano de trabalho legislativo, a dupla de deputados apresentou um total de 119 documentos, 84 interpelações escritas, 26 intervenções antes da ordem do dia nos debates, quatro perguntas ao Chefe do Executivo e ainda duas propostas de debate. Sobre este ponto, Pereira Coutinho admitiu sentir-se “sozinho”, por ser dos poucos deputados que faz pedidos de debate, os quais foram todos rejeitados nos últimos anos. “Posso dizer que tenho sido o campeão das propostas de debate ao longo dos últimos anos. E estas são rejeitadas por irresponsabilidade dos colegas deputados. Ultimamente, apresentei propostas de debate diferentes daquelas apresentadas pelos meus colegas deputados, optando pela não presença dos membros do Governo, a fim de haver um debate interno sobre questões essenciais que afectam Macau, como o emprego, carestia de vida ou problemas com as concessionárias de jogo.” Porém, lembrou, “as propostas foram rejeitadas, o que nos permite chegar à conclusão que a AL, na sua maioria, não gosta de debater assuntos públicos, e isto é lamentável”. Ainda sobre o trabalho no hemiciclo, o deputado lamenta que “não esteja a cumprir o seu dever de fiscalização da actividade governativa”. “Basta ver a reprovação da maioria dos debates que apresentámos, e depois nas interpelações não respondem como deve ser, e muitas questões que fazemos não são obtidas respostas directas. Isso acontece também com as interpelações escritas que apresentamos, cujas respostas nada têm a ver com as questões que foram feitas. Isso obriga-nos a repetir as interpelações escritas”, apontou. De resto, Pereira Coutinho apontou o dedo à “qualidade da governação pública”, pois existe “o problema de o Governo não gostar de ouvir os cidadãos”. “Veja-se que tivemos uma oportunidade, durante um ano, para expor os problemas e pedir ajuda para os resolver. Nunca fomos solicitados nem eles [membros do Governo] se interessaram por contar connosco ou aceitam encontros que propomos, nomeadamente com os secretários.” Além disso, foi referido que “a participação pública é fraca”. “Raramente somos convidados para participar em questões importantes, tirando as performances das consultas públicas. Damos a nossa opinião, mas não sabemos qual é o resultado disso. Se aceitam umas e não aceitam outras, e não justificam nem fundamentam”, acrescentou o legislador. O regresso do cartão Em matéria de apoios sociais, os deputados voltaram a pedir mais dinheiro para idosos, lamentando que estes tenham apenas como montante mensal garantido o da reforma, de apenas 3.740 patacas por mês, que “não chega para viver em Macau”. “Várias vezes pedimos para serem actualizadas as pensões e subsídios para idosos, pois neste momento as 3.740 patacas não chegam para se viver em Macau. O Governo responde que há a compensação pecuniária e subsídios, mas isso é discricionário, porque o único montante que está fixo é o da pensão. O exemplo mais paradigmático de que o Governo corta nos subsídios foi o caso da suspensão da injecção de sete mil patacas nas contas individuais de previdência nos três anos de pandemia.” Coutinho defendeu novamente o regresso do cartão de consumo no valor de oito mil patacas “para aliviar o sofrimento das famílias com mais dificuldades”. Ainda em matéria social, o deputado e presidente da ATFPM destacou que “é muito difícil encontrar trabalho em Macau”, pois “todos os empregos são a tempo parcial”. Neste contexto, Pereira Coutinho lembrou que muitos jovens optam por cursos do ensino superior que têm baixa taxa de empregabilidade no território, pedindo a intervenção do Governo nesta matéria. Além disso, o deputado salientou a ocorrência de muitos casos de suicídio no território, causados por bullying em escolas e empresas e ainda por dificuldades financeiras. No que diz respeito ao sector do jogo, Coutinho destacou os já anunciados investimentos na Ásia, nomeadamente a consulta pública sobre a nova lei do jogo na Tailândia, e a necessidade de Macau saber reagir. “Os cidadãos do Interior da China podem deslocar-se a Singapura sem necessidade de visto. Os próximos dez anos vão ser cruciais. Nos países árabes vão legislar o jogo, temos a presença da MGM no Japão e na Tailândia estão a legislar sobre o sector, com o interesse de duas operadoras que têm presença em Macau. Macau cada vez está pior e estão-nos a cortar os pés e as mãos. É referido que o segmento não-jogo vai resolver os nossos problemas, e pergunto: a indústria não-jogo, quantos impostos paga? As despesas públicas do Governo estão a aumentar ano após anos.” Outra matéria apontada por Coutinho prende-se com a legislação do artigo 42 da Lei Básica a fim de assegurar a não descriminação em relação à comunidade portuguesa. “Gostaria que, no futuro, o Chefe do Executivo cumprisse a promessa de regulamentar o artigo 42 da Lei Básica que tem a ver com os usos e costumes da comunidade portuguesa. Depois de 25 anos [da transição de Macau], é altura de existir uma lei que permita que não sejamos discriminados em vários aspectos, como nos pedidos de subsídios e na inscrição em locais para a realização de actividades das comunidades portuguesa e macaense.” O referido artigo da mini-constituição da RAEM determina que “os interesses dos residentes de ascendência portuguesa em Macau são protegidos, nos termos da lei, pela Região Administrativa Especial de Macau”, pelo que “os seus costumes e tradições culturais devem ser respeitados”.
Nunu Wu Manchete PolíticaTaiwan | Sugerida visita a Macau a residentes da Formosa Lao Ngai Leong, que tem chefiado a delegação de Macau na Assembleia Popular Nacional, deseja que residentes de Taiwan visitem a RAEM para testemunharem os progressos do território e apaziguar receios sobre ‘Um País, Dois Sistemas’. O responsável acusa William Lai de ser um soldado raso das forças anti-China Ver para crer. Este é o slogan de Lao Ngai Leong, que tem chefiado a delegação de Macau na Assembleia Popular Nacional (APN) nos últimos anos, em relação à reunificação de Taiwan com a República Popular da China. O responsável que preside ao Conselho Regional de Macau para a Promoção da Reunificação Pacífica da China, afirmou que gostaria que os residentes de Taiwan visitassem Macau para verem com os seus próprios olhos os progressos alcançados depois da transferência da soberania de Macau para a China. Testemunhar na primeira pessoa a prosperidade e harmonia do território poderia, na óptica de Lao Ngai Leong, corrigir mal-entendidos, apaziguar receios e desbloquear eventuais resistências em relação à eficácia do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’. A ideia foi partilhada pelo dirigente na última reunião da “Conferência Global dos Chineses Ultramarinos para Promover a Reunificação Pacífica da China”, que ocorreu na passada terça-feira em Hong Kong. Lao Ngai Leong concluiu perante os restantes membros do conselho que ao longo dos anos, Macau registou um notável desenvolvimento económico, a sociedade manteve-se estável e o bem-estar da população prossegue num crescendo. Além disso, o responsável destacou a projecção e prestígio internacional alcançado por Macau “devido às suas características multiculturais” e a ambiente urbano único. “Os residentes de Macau sabem que só uma pátria potente pode continuar a apoiar o território, como fez até agora, proporcionando um futuro brilhante para a região”, acrescentou Lao Ngai Leong, citado pelo jornal Ou Mun. Contra o separatismo Têm sido frequentes as intervenções do representante de Macau na APN sobre temas como a reunificação pacífica e a intransigência para com forças separatistas de Taiwan. A última reunião da “Conferência Global dos Chineses Ultramarinos para Promover a Reunificação Pacífica da China” não foi excepção. Lao Ngai Leong considera que os esforços dos independentistas de Taiwan para impedir a reunificação do país são em vão e estão votados ao insucesso. O responsável lançou também vários ataques pessoais ao dirigente da Formosa William Lai, referindo que este ignora o Consenso de 1992, insistindo na defesa da independência de Taiwan e “promovendo a falácia do separatismo”, e arrisca a segurança de 23 milhões de compatriotas. “William Lai serve como soldado raso das forças internacionais anti-China, que têm como objectivo travar o desenvolvimento da China”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFDCT | Filho de Ho Iat Seng sai de conselho de curadores Ao contrário de Ho, Karl Ma Chi Kong, sobrinho mais velho de Ma Man Kei, e Eric Ho King Fung, sobrinho do antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho, viram os respectivos mandatos prolongados por mais dois anos Jason Ho Kin Tong vai deixar de ser membro do Conselho de Curadores do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) no final do mês, dado que o mandato não foi renovado pelo pai, Ho Iat Seng. Esta é uma opção contrária à que foi tomada para os curadores cujos mandatos também chegavam ao fim. Além da renovação não constar no Boletim Oficial, a saída foi igualmente confirmada ao HM pelo FDCT, tendo sido explicado que Jason Ho apresentou “motivos pessoais” para não continuar na instituição. A nomeação de Jason Ho para o FDCT pelo pai, em Setembro de 2022, causou polémica, dado que poderia estar em causa uma situação de impedimento como chegou a ser argumentado pelo deputado José Pereira Coutinho. O dirigente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau chegou inclusive a comentar a nomeação de forma irónica. “Muitos Parabéns! Agora só falta nomear netos, sobrinhos, enteados, primos, amigos próximos, vizinhos, condutores, criados, jardineiros, etc.”, escreveu Coutinho, numa publicação nas redes sociais, em Setembro de 2022, tendo indicado que a nomeação contrariava o Código de Procedimento Administrativo. A ilegalidade da nomeação foi sempre recusada pelo FDCT. “O FDCT, tendo em consideração a competência do interessado, apresentou proposta ao presidente do Conselho de Curadores ao abrigo das disposições dos Estatutos do FDCT”, foi afirmado, nos esclarecimentos prestados em Setembro de 2022. “Relativamente à questão de a nomeação ser efectuada através de despacho do Chefe do Executivo, trata-se de uma forma de nomeação definida por lei, não havendo lugar a impedimento, assim sendo, os procedimentos de nomeação estão em conformidade com as leis e os regulamentos”, foi acrescentado. Clãs Ma e Ho continuam O despacho publicado ontem no Boletim Oficial confirma que as famílias Ma, ligada ao empresário Ma Man Kei, e Ho, do empresário Ho Yin, vão continuar representadas no FDCT. Karl Ma Chi Kong, sobrinho mais velho de Ma Man Kei, fundador do Grupo Pine Peak Capital, em Hong Kong, teve o mandato como curador do FDCT renovado. Eric Ho King Fung, sobrinho do antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho e irmão de Kevin Ho, também viu o seu mandato renovado. Os novos mandatos prolongam-se durante dois anos. Os outros membros com mandatos renovados foram Fong Man Keng, Yuen Ka Veng e Tong Ka Lok. O conselho de curadores é presidido pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Neng, e tem como competências a garantia da manutenção dos fins do FDCT e definição das orientações gerais sobre o funcionamento e política de investimentos. O conselho aprecia ainda as propostas relativas ao relatório anual de actividades e contas anuais, assim como as propostas de orçamento privativo.
Hoje Macau Manchete SociedadeReserva Financeira | Valor mais elevado dos últimos dois anos atingido em Junho A reserva financeira de Macau atingiu em Junho o valor mais elevado dos últimos dois anos, tendo aumentado 22,3 mil milhões de patacas na primeira metade de 2024. No final da primeira metade deste ano, a reserva financeira somava mais de 602 mil milhões de patacas De acordo com dados oficiais publicados ontem no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a reserva cifrou-se em 602,7 mil milhões de patacas no final de Junho, o valor mais alto desde Maio de 2022. Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,7 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19. O valor da reserva extraordinária no final de Junho era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas. A Assembleia Legislativa de Macau aprovou, em 7 de Novembro, o orçamento da região para este ano, que prevê uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 239,9 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 132,4 mil milhões de patacas e até 224,3 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. A reserva financeira de Macau ganhou 22,2 mil milhões de patacas no ano passado, depois de ter perdido quase quatro vezes mais no ano anterior. Isto apesar de, em 2023, o Executivo de Ho Iat Seng tere voltado a transferir quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público. Em terreno positivo No final de janeiro, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento. O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso dos excedentes nas contas públicas, depois de três anos de crise económica devido à pandemia da covid-19. O orçamento estima que Macau termine este ano com um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, “não havendo necessidade de recorrer à reserva financeira”. O território, cuja economia depende do turismo e jogo, cancelou em Janeiro de 2023 todas as medidas de prevenção e contenção da covid-19, depois de quase três anos de rigorosas restrições impostas pela política ‘zero covid’, que também vigorou na China.
João Luz Manchete PolíticaHo Iat Seng desiste de recandidatura a Chefe do Executivo por motivos de saúde “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta Região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo”. Foi desta forma que Ho Iat Seng anunciou ontem que não irá apresentar recandidatura ao cargo de Chefe do Executivo nas eleições marcadas para 13 de Outubro. A decisão, que surgiu através de um comunicado publicado pelo Gabinete de Comunicação Social, configura um momento histórico e inédito na vida política da RAEM por ser a primeira vez que um Chefe do Executivo não cumpre dois mandatos. O político, de 67 anos, acabou assim por confirmar os rumores sobre o seu estado de saúde, principalmente depois das longas férias que duraram quase quatro dezenas de dias. “O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, continua de férias entre 20 e 29 de Julho. Durante as suas férias, o Chefe do Executivo realizou o exame médico de rotina e recebeu cuidados de diagnóstico e terapêutica necessários, e está actualmente em bom estado de saúde”, indicou a 21 de Julho o Governo. Macau no coração Na mensagem publicada ontem, Ho Iat Seng começou por agradecer o apoio recebido enquanto ocupou o mais elevado cargo político do território, em particular o Governo Central. “Neste momento em que se está a aproximar o termo do quinto mandato do Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau, eu, Ho Iat Seng, gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos pela confiança total e apoio firme que me têm sido concedidos ao longo dos últimos cinco anos pelo Governo Central, pelos diversos sectores da sociedade de Macau e por toda a população. Também queria agradecer a estreita colaboração e cooperação de todos os trabalhadores dos serviços públicos”, afirmou. O governante fez também um balanço do seu mandato à frente do Executivo e comprometeu-se a continuar ligado aos destinos do território. “Eu e o quinto Governo da RAEM temos aderido ao conceito de ‘Sinergias e Avanço, Mudanças e Inovação’ no planeamento e impulsionamento do desenvolvimento diversificado de Macau, e temos dedicado esforços para a criação de uma nova conjuntura para o desenvolvimento de Macau e para a construção de novas vantagens competitivas de Macau. Guardo sentimentos profundos de Macau no meu coração e tenho dado o meu melhor para o seu desenvolvimento”, afirmou Ho Iat Seng. “Darei todo o meu apoio ao Chefe do Executivo do sexto mandato e ao Governo da RAEM nas acções governativas em cumprimento da lei, e irei continuar a dar o meu contributo para a causa do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e o desenvolvimento de Macau”, acrescentou ainda o governante.
Hoje Macau Manchete PolíticaChefe do Executivo de Macau não se candidata a novo mandato O chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, anunciou hoje que não se vai candidatar a um novo mandato no cargo. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta Região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo”, afirmou, em comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social. Na mesma declaração, Ho Iat Seng agradeceu a “confiança total e apoio firme”, nos últimos cinco anos de mandato, concedidos “pelo Governo Central, pelos diversos sectores da sociedade de Macau e por toda a população”, bem como “a estreita colaboração e cooperação de todos os trabalhadores dos serviços públicos”. “Eu e o quinto Governo da Região Administrativa Especial de Macau temos aderido ao conceito de ‘Sinergias e Avanço, Mudanças e Inovação’ no planeamento e impulsionamento do desenvolvimento diversificado de Macau, e temos dedicado esforços para a criação de uma nova conjuntura para o desenvolvimento de Macau e para a construção de novas vantagens competitivas de Macau”, afirmou. “Darei todo o meu apoio ao Chefe do Executivo do sexto mandato e ao Governo da Região Administrativa Especial de Macau nas ações governativas em cumprimento da lei, e irei continuar a dar o meu contributo para a causa do princípio ‘um país, dois sistemas’ e o desenvolvimento de Macau”, concluiu. Antigo presidente da Assembleia Legislativa de Macau, Ho Iat Seng, de 67 anos, foi o único candidato na eleição para o cargo em 2019, vindo a suceder nas funções a Fernando Chui Sai On, que depois de dois mandatos cumpridos não podia recandidatar-se. O empresário estreou-se como deputado em 2009, ano em que foi eleito para o cargo de vice-presidente da Assembleia Legislativa. Quatro anos depois, em 2013, Ho Iat Seng foi escolhido para presidente daquele órgão. A eleição do Chefe do Executivo está marcada para 13 de outubro e os candidatos a líder do Governo da região administrativa especial chinesa de Macau serão conhecidos entre 29 de agosto e 12 de setembro. O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE) – que integra 400 membros provenientes dos quatro setores da sociedade – sendo depois nomeado pelo Governo central chinês, de acordo com a ‘mini Constituição’ do território, a Lei Básica, e a respetiva lei eleitoral.
Hoje Macau Manchete SociedadeDSEC | Macau recebeu mais de 3 milhões de turistas em Julho No mês passado, Macau foi visitado por mais de três milhões de turistas, volume que representou um crescimento de 9,5 por cento face a Julho do ano passado e 85,6 por cento do registo de 2019. Mais de metade dos visitantes chegaram ao território em excursões e partiram no mesmo dia Macau recebeu em Julho mais de três milhões de visitantes, 9,5 por cento acima do que no mesmo mês de 2023 e um valor que representa 85,6 por cento do registado antes da pandemia, foi ontem anunciado. Mais de metade dos visitantes (1,6 milhões) chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia no território, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Desde o início do ano, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio a Macau, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China, que, estando em excursões, podem também, no prazo de sete dias, viajar várias vezes entre a região administrativa especial e Hengqin, através do Posto Fronteiriço de Hengqin. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a mais 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau. Os dados oficiais mostram ainda que 91,8 por cento dos turistas que entraram em Macau vieram do Interior da China ou Hong Kong, enquanto o território recebeu menos de 173 mil visitantes internacionais, 75,5 por cento do registado em 2019. Festival estival No início de Junho, a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Helena de Senna Fernandes, disse que iria usar a nomeação da região como Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025 “para promover Macau junto de uma audiência mais alargada”. Nos primeiros sete meses de 2024, Macau recebeu mais de 19,7 milhões de visitantes, mais 37 por cento do que em igual período do ano passado e 82,9 por cento do registado entre Janeiro e Julho de 2019. Em 8 de Agosto, os Serviços de Turismo anunciaram que Macau recebeu quase 843 mil visitantes, nos primeiros sete dias do mês, mais 14,3 por cento face a igual período do ano passado. A média diária foi, naquele período, de 120 mil visitantes, indicou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, em comunicado. O maior número diário, no período de férias de Verão, até agora registado ocorreu no dia 3 de Agosto, quando cerca de 152 mil visitantes entraram em Macau. “Em comparação com o pico diário das férias de Verão de 2019 (Julho a Agosto), registado no dia 27 de Julho (155 mil visitantes), significou uma recuperação de 97,8 por cento”, assinalou a DST.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEléctricos | Estudo sugere novos subsídios para incentivar compra O trabalho de três académicos da Universidade Politécnica de Macau (UPM) defende que os incentivos na compra de veículos eléctricos devem ser mais específicos e beneficiar quem adquire as viaturas menos poluentes O Governo devia lançar um novo subsídio para a aquisição de veículos eléctricos com maiores apoios para a compra de viaturas com maior eficiência energética, menos emissões ou para uso comercial. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado por Cai Rongjiang, Li Lue e Lei Wenchang, académicos da Universidade Politécnica de Macau (UPM), com o título “Estão os residentes dispostos a pagar por veículos eléctricos?”, publicado na revista World Electric Vehicle Journal. Actualmente, a compra de veículos eléctricos em Macau está isenta do Imposto sobre Veículos Motorizados. Os automóveis ligeiros, motociclos e ciclomotores eléctricos também não precisam de pagar o Imposto de Circulação Anual. No entanto, o estudo sugere que se fosse criado um modelo de subsídio com diferentes escalões e maiores benefícios para os veículos com maior eficiência energética e menos emissões, a redução do impacto ambiental dos veículos seria maior. Nas conclusões, sobre a disponibilidade para adquirir uma viatura eléctrica, é ainda indicado que nesta fase a criação de incentivos financeiros é “crucial para promover a adopção de veículos eléctricos”. Mais acesso As sugestões dos autores para aumentar o número de veículos eléctricos a circular em Macau passam também por investir em redes de carregamento nas “áreas mais densamente povoadas” e “nos grandes centros de infra-estruturas e transportes”. Em relação aos investimentos na rede de carregamentos no território, o estudo sugere a criação de mais parcerias com o sector privado para acelerar o processo de instalação, ao mesmo tempo que se reduzem os custos. De acordo com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, no final de 2023, havia cerca de 1200 postos de carregamento públicos para automóveis eléctricos ligeiros, disponíveis em auto-silos ou na via pública. Além disso, havia um total de 550 postos de carregamento para motociclos e ciclomotores. Até 2030, o Executivo definiu como meta a instalação de 4.000 postos de carregamento. Por último, é indicada a necessidade de promover mais activamente campanhas de consciencialização da população para os benefícios das viaturas eléctricas. Segundo as sugestões deixadas, as campanhas devem focar questões como “a redução das despesas com os veículos” ou o melhor “custo-benefício” e passar pela realização de mais test drivers.
Nunu Wu Manchete PolíticaEmpréstimos | Pedidos mais apoios para pagamentos só de juros Os planos de apoio a PME e indivíduos através de empréstimos com pagamentos de apenas juros vão terminar no fim do ano. O deputado Zheng Anting pede a continuação dos programas e argumenta que o “corte radical” irá colocar empresas e particulares à beira do colapso A recuperação assimétrica da economia, subidas da taxa de juros, depreciação imobiliária e quebras salariais são os ingredientes para uma autêntica bomba económica prestes a rebentar. Num artigo de opinião publicado no jornal Exmoo, o deputado Zheng Anting defende a continuidade do programa de apoio “pagamento de juros apenas com suspensão da amortização de capital”, para empréstimos contraídos por residentes e pequenas e médias empresas (PME) em dificuldades financeiras. Os planos de apoio foram anunciados em 2020, com o Governo a envolver o sector bancário no auxílio a residentes e empresas apanhadas na crise gerada pela pandemia. O deputado ligado à comunidade de Jiangmen deu voz à desilusão de residentes e donos de pequenos negócios que “pensavam que, depois de retiradas as restrições para as passagens fronteiriças no ano passado, as empresas podiam recuperar, gradualmente, o normal negócio, passando dos prejuízos para os lucros”. Porém, a adversidade financeira continuou a fazer parte do quotidiano, apesar da recuperação estatística dos números do turismo e da indústria do jogo. O deputado considera que as medidas de apoio do pagamento só de juros são o último sustento de “muitos residentes e PME” que enfrentaram dificuldades financeiras nos últimos quatro anos, em particular para quem perdeu o emprego durante a pandemia e quem trabalhava no sector do jogo VIP. Desmame cuidadoso No artigo de opinião, que fez eco dos argumentos apresentados pelo deputado numa intervenção antes da ordem do dia no último plenário da Assembleia Legislativa, Zheng Anting foca atenção também nos jovens que contraíram empréstimos para compra de casa antes da pandemia. “O preço das casas caiu quase 30 por em comparação com o período anterior à epidemia. Com a queda do preço dos imóveis, o montante inicial pago na altura ‘evaporou-se’”, indica. Além disso, o panorama é agravado pela quebra dos rendimentos, que “já não correspondem ao que auferiam”, aumentando a pressão na hora de pagar a prestação do crédito, ainda para mais num contexto de subida das taxas de juros. Face a este cenário, o ex-colega de bancada parlamentar de Mak Soi Kun não está surpreendido com o aumento do crédito malparado. Além da continuidade dos programas de empréstimos com pagamento apenas de juros e suspensão de amortizações, o deputado pede uma análise caso a caso para inverter a tendência de depressão económica. Tendo em conta a situação real caso a caso, Zheng Anting sugere que o Governo defina com base no “pagamento de juros” uma reduzida percentagem de capital a reembolsar, gradual e mensalmente, com vista a ajudar os residentes e as empresas a ultrapassarem as dificuldades e a estabilizar a situação geral da recuperação económica de Macau”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAMCM | Alerta para riscos monetários e tensões geopolíticas No relatório anual de 2023, a AMCM identifica os principais riscos para a economia de Macau e reconhece que o sector de seguros está a atravessar dificuldades, face à competição de Hong Kong na venda de seguros a residentes do Interior da China A “incerteza das políticas monetárias internacionais” e o “agravamento constante das tensões geopolíticas” são os riscos que a economia e o sector bancário local enfrentam este ano. O aviso consta do relatório sobre o ano de 2023 publicado ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), que regula o sector bancário local. “A incerteza das políticas monetárias internacionais juntamente com o agravamento constante das tensões geopolíticas constituem variáveis que afectam o desenvolvimento futuro da economia e do sector financeiro de Macau”, pode ler-se no documento publicado ontem. Neste sentido, o regulador pede aos bancos que aproveitem “activamente a recuperação económica e as oportunidades de desenvolvimento”, mas que também permaneçam “vigilantes quanto aos potenciais riscos do mercado financeiro”. A AMCM recomenda ainda o reforço da “flexibilidade das estratégias de gestão operacional” para “responder, de forma eficaz, às mudanças do mercado”. A AMCM promete também “empenhar-se na elevação da eficácia de supervisão e de prevenção de riscos financeiros” para garantir “o desenvolvimento estável e contínuo do mercado financeiro”. Sobre o ano em vigor, o organismo prevê que “Macau possa consolidar ainda mais as bases da recuperação económica” e a criação de “novas oportunidades para o desenvolvimento económico e financeiro de Macau, através da implementação da estratégia do desenvolvimento da diversificação adequada da economia”, promovida pelo Governo. Menor compra de seguros Numa altura em que o Governo se esforça para diversificar a economia além do jogo, a AMCM reconhece que 2023 foi um ano marcado por dificuldades acrescidas para as seguradoras locais, que estão a perder força no mercado do Interior da China para Hong Kong. “Com o retorno à normalidade da passagem fronteiriça entre o Interior da China e Hong Kong, uma parte dos residentes do Interior da China optou por subscrever um seguro de vida em Hong Kong, sendo que, a par da incerteza do ambiente económico externo, o sector segurador de Macau enfrentou muitos desafios, o que se reflecte em pressão sobre o crescimento dos negócios e a rentabilidade das seguradoras de Macau em 2023”, é reconhecido. Como soluções para o abrandamento da venda de seguros, a AMCM aponta como caminhos para o futuro a “inovação” nos produtos oferecidos e a criação de parcerias na área da saúde, com o Hospital das Ilhas. “Tendo em conta o eventual abrandamento na aquisição de seguros em Macau por parte de residentes do Interior da China […] a AMCM irá incentivar o sector segurador a procurar maiores inovações nas suas actividades e a construir relações cooperativas com o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital, de forma a aproveitar as oportunidades decorrentes dos esforços do Governo da RAEM, no que diz respeito ao desenvolvimento da indústria de big health, e de forma a incentivar os visitantes a comprar produtos de seguros em Macau”, foi indicado.