Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP Macau | Luca Engstler ainda recupera do acidente Apesar de todos os anos a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau colocar vários recursos e muita energia na segurança dos pilotos, o Circuito da Guia continua, e continuará, a ser um dos mais perigosos e arriscados do mundo. Este ano, o jovem alemão Luca Engstler, que participou pela primeira vez num carro GT3, sentiu na pele a velha máxima deste circuito: “os erros pagam-se caro” Passadas oito semanas após o acidente mais grave da sua carreira, o piloto de 24 anos ainda está a recuperar do aparatoso infortúnio na sessão de qualificação da Taça do Mundo de GT da FIA do 71.º Grande Prémio de Macau. Na tarde de sexta-feira, com o cronómetro a contar e quando tentava melhorar a sua marca, Luca Engstler perdeu o controlo do seu Lamborghini Huracán GT3 EVO na temida Curva do Mandarim, batendo a mais de 230 km/h nas barreiras de protecção. O carro inscrito pela Liqui Moly Team Engstler, mas preparado e colocado a correr pela Grasser Racing Team, ficou completamente destruído e o piloto germânico chegou mesmo a ficar inconsciente após o impacto. “Este é um evento único, o andamento dos Lamborghini não estava muito bom e para estarmos à frente tínhamos que arriscar mais que os outros. Basicamente, fui completamente a fundo e não tive sucesso”, explicou assim Luca Engstler, na altura, o acidente que sofreu. Dois meses depois daquele que foi “o dia mais horrível da minha vida até hoje”, o ex-campeão alemão de Turismo (TCR) ainda se encontra em processo de recuperação. “Foi realmente um grande impacto”, recordou Luca Engstler, em conversa com o portal especializado Motorsport-Total.com, que precisou de uma cadeira de rodas após o acidente. “O grande problema foi que o meu tornozelo direito sofreu bastante. Rasguei os ligamentos laterais e tive bastantes hemorragias na tíbia e na fíbula, o que causou alguma preocupação”, relembrou. Voltar a caminhar normalmente foi também um grande desafio para o jovem piloto da Lamborghini, que na temporada de 2024 venceu de forma impressionante duas corridas da DTM e participou pela primeira vez num carro GT3 em Macau. “Demorei bastante tempo para conseguir andar”, recordou. “Nos primeiros dois ou três dias, estive mesmo de cadeira de rodas, porque simplesmente não conseguia fazer nada e todos os ossos me doíam”, descreveu Engstler à publicação do seu país, referindo que “tinha hematomas por todo o lado e tudo estava difícil”. A recuperar Ainda assim, Lucas Engstler, no final do dia do acidente, já no Centro Hospitalar Conde de São Januário, fez uma publicação nas redes sociais a afirmar que estava tudo bem. O piloto, que se encontrava em Macau acompanhado pelo seu pai, Franz Engstler — também piloto e uma figura bem conhecida do automobilismo asiático —, quis tranquilizar os mais próximos. Dois dias após o acidente, apareceu na grelha de partida da Taça do Mundo de GT da FIA, no domingo, sem muletas, apenas ligeiramente apoiado por um guarda-chuva. “O que era importante para mim era não querer fazer um grande alarido sobre isto”, explicou ao portal germânico. “No final, o acidente parecia muito grave, mas isso só demonstra o quão seguros são os carros”, realçou. O piloto continua a recuperar das sequelas do forte impacto. Aproveitou a pausa de Inverno para fazer uma viagem de autocaravana até à Suécia com o seu melhor amigo. “Está tudo a correr bem”, afirmou, esclarecendo que já consegue correr. “Diria que estou a 95 por cento e não tenho danos permanentes.” Após o acidente, o alemão trabalhou na sua recuperação na região do Allgäu, na sua terra Natal, “com alguns conhecidos, que são fisioterapeutas e médicos. Recebi uma excelente assistência”. Regresso para breve Luca Engstler admite que se tornou impaciente durante o processo de recuperação. “Disseram-me que só poderia voltar a fazer desporto no início de Fevereiro, mas claro que isso não consegui aceitar”, reconhecendo que começou a treinar mais cedo do que o recomendado. Felizmente para Luca Engstler, o DTM só começa no último fim de semana de Abril. Nos próximos tempos, o piloto planeia voltar a sentar-se novamente ao volante, possivelmente num kart de aluguer para começar. O objectivo é estar em forma para o início da pré-temporada e dos testes de preparação do popular campeonato alemão, agendados para meados de Fevereiro e início de Março. Quanto ao Grande Prémio de Macau, dois dias depois do acidente, Luca Engstler foi bastante claro: “Disse a todos que o meu objectivo é regressar e tentar lutar pela vitória nesta grande corrida.”
Hoje Macau China / Ásia ManchetePortugal | Vinho, azeite ou cortiça cruzam Nova Rota da Seda O transporte ferroviário assume-se cada vez mais como uma alternativa eficaz ao comércio por via marítima entre Portugal e a China Reportagem de João Pimenta, agência Lusa No centro do vasto território chinês, a mais de mil quilómetros do litoral, centenas de produtos portugueses chegam semanalmente em comboios de carga, reflectindo a crescente importância do transporte ferroviário no comércio China – Europa. Carregados com vinho, azeite, flor de sal, produtos de cortiça ou os tradicionais sabonetes Ach Brito, os contentores partem de Tilburg, nos Países Baixos, e percorrem quase 11.000 quilómetros, atravessando a Alemanha, Polónia, Bielorrússia, Rússia e Cazaquistão, até chegar a Chengdu, a capital da província de Sichuan. “É muito vantajoso: permitiu que a posição de Chengdu no interior da China se convertesse de periférica para central e reduziu o tempo de transporte, que foi afectado pela instabilidade no Mar Vermelho”, explicou à agência Lusa Ni Xiaozhen, co-fundadora do Pavilhão de Portugal, um espaço destinado à exposição e venda a grosso de produtos portugueses, situado no Porto Ferroviário Internacional de Chengdu. A crise no Mar Vermelho, suscitada pelos ataques dos rebeldes Houthis, forçou as empresas de transportes a desviar navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, o que triplicou os preços dos fretes e aumentou o tempo de viagem em 15 dias. “O transporte naval demora, pelo menos, quatro meses. A ligação ferroviária permite reduzir o tempo para apenas 13 dias”, explicou Ni, que emigrou para Portugal em 1998. O custo é também apenas um quinto do frete aéreo. Ainda antes da crise no Mar Vermelho, o transporte ferroviário de mercadorias pela Eurásia foi impulsionado pela pandemia da covid-19, beneficiando das interrupções nas vias aérea e marítima. Pequim construiu na última década alguns dos maiores portos secos do mundo nos países da Ásia Central, capazes de descarregar um comboio de contentores em menos de 50 minutos. A primeira ligação ferroviária foi inaugurada em 2013, com destino final em Almati, a maior cidade do Cazaquistão. Nos últimos anos, novas vias passaram a incluir o resto da Ásia Central, Médio Oriente e a região do Cáucaso, com paragem final na Alemanha, Países Baixos, Polónia, Bélgica ou Espanha. Bem público No ano passado, o valor das mercadorias transportadas por comboios representou mais de 7 por cento do comércio total entre a China e a Europa, segundo dados das alfândegas chinesas. O transporte ferroviário insere-se na Iniciativa Faixa e Rota, ou Nova Rota da Seda, um gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado por Pequim e inspirado nas milenares rotas comerciais que outrora ligaram a China Antiga ao mediterrâneo. “O serviço de comboios de mercadorias China – Europa é um importante vector de cooperação aberta e de benefício mútuo entre os países envolvidos na Iniciativa Faixa e Rota e uma nova rota de transporte, para todas as condições meteorológicas, de elevada capacidade e com baixas emissões de carbono, que se tornou num bem público internacional”, descreveu à Lusa um funcionário da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico da China. A iniciativa aproximou Pequim da Ásia Central, região historicamente sob a órbita de Moscovo, composta por cinco repúblicas ex-soviéticas (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão). Na semana passada, o Presidente do Quirguizistão, Sadyr Japarov, deu início à construção da linha ferroviária China – Quirguizistão – Uzbequistão, que terá uma extensão total de 522,94 quilómetros. Presença regular Com uma área de 500 metros quadrados, o Pavilhão de Portugal foi inaugurado em 2021, resultado de uma parceria entre empresários portugueses e chineses. O espaço reúne dezenas de marcas portuguesas, incluindo vinhos, azeite, cortiça ou têxtil. Além do espaço de exposição e venda em Chengdu, o Pavilhão de Portugal tem uma presença regular em feiras especializadas de produtos internacionais na China. Situados em pontos opostos na vasta massa terrestre da Eurásia, Portugal e China distinguem-se também pela dimensão. Com cerca de 1,4 mil milhões de habitantes, o país asiático é a segunda maior economia do mundo e o principal mercado para diversos produtos, desde matérias-primas ou produtos alimentares a bens acabados. Esta escala, no entanto, nem sempre é compatível com a reduzida capacidade de produção das empresas portuguesas, alertou Ni Xiaozhen. “Existe mercado na China para os produtos portugueses, mas falta volume a Portugal para responder à dimensão das encomendas”, explicou. “Mas julgo que, desde que haja trabalho sério, será possível definir estratégias que fomentem o comércio”, vincou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Livre pede solução para contratação de docentes O partido liderado por Rui Tavares questiona o fim da atribuição dos bilhetes de identidade de residente e insiste na necessidade de negociar com a RAEM condições mais favoráveis para os docentes que vêm de Portugal para Macau O Partido Livre pretende saber como é que Governo de Portugal vai criar condições para a contratação de professores pela Escola Portuguesa de Macau, o que diz ser uma das suas obrigações. A questão do partido liderado por Rui Tavares consta de uma missiva enviada pelo grupo parlamentar ao Governo, através da Assembleia da República. Segundo o grupo parlamentar, “em 25 anos de existência, com excepção do período da pandemia, a Escola Portuguesa de Macau sempre recrutou grande parte do seu corpo docente em Portugal, sem grandes constrangimentos”. Contudo, os deputados lamentam que tal não se verifique actualmente, o que dizem causar “graves prejuízos ao ensino e aprendizagem dos alunos, bem como grande apreensão às suas famílias”. O partido defende também que a recusa anterior da emissão de novas licenças especiais para leccionar em Macau, apesar das autorizações dos estabelecimentos de ensino, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, “veio prejudicar todo o processo de análise e selecção e provocar atrasos no recrutamento de docentes que são essenciais ao bom funcionamento da escola”. “Sabendo-se que a falta de professores afecta o território nacional, como pensa o Governo cumprir as suas obrigações com a Escola Portuguesa de Macau e a comunidade portuguesa que ali reside?”, questionam os deputados. “A decisão tomada teve em conta as obrigações legais do Estado português?”, insistem. Facilitar as regras No documento, o Livre indica que a contratação de professores portugueses em Macau ficou mais difícil devido ao fim da medida preferencial de atribuição do estatuto de residente aos cidadãos portugueses. Os deputados querem agora saber se o Governo de Portugal vai negociar com o da RAEM uma forma de voltar a facilitar as contratações. “Em 1997 a Escola Portuguesa de Macau foi criada por despacho conjunto dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação, o que testemunha a importância da iniciativa, não restrita aliás à questão da língua. Pensa o Governo português, estes anos passados e este contexto criado, desenvolver esforços junto do Governo da RAEM em ordem a agilizar as apertadas regras com que a EPM se confronta na contratação de professores em Portugal?”, é perguntado. Por último, o grupo parlamentar pretende saber quais são “as orientações” do Ministério da Educação, Ciência e Inovação para que a escola continue a ensinar português, e a forma como pretende resolver um cenário que causa “danos” aos alunos, a nível do ensino e da preparação para os exames nacionais.
João Luz Manchete SociedadeMPay | App cobra mais de 70 tarifas de autocarro em cinco minutos Uma residente publicou uma fotografia da sua conta de MPay a mostrar a cobrança de mais de 70 viagens de autocarros públicos durante escassos minutos. A empresa afirmou que as tarifas eram relativas a viagens feitas em 2021. A Autoridade Monetária afirma não terem sido encontrados problemas ou vulnerabilidades na segurança da aplicação Uma internauta publicou na noite de quarta-feira uma captura de ecrã da aplicação MPay com a dedução de mais de setenta cobranças de tarifas de viagens de autocarros públicos em cerca de 5 minutos, por volta das 04h da madrugada de quarta-feira. No total, a conta de MPay ficou com menos 220 patacas. Surpreendida com a rápida avalanche de tarifas, a utente ligou para a empresa Macau Pass, responsável pela aplicação móvel, a apresentar queixa. A resposta que obteve foi que as cobranças diziam respeito a tarifas que estavam por pagar. “O responsável do Departamento do Apoio ao Cliente afirmou que eu tinha dívidas em atraso referentes a tarifas de viagens feitas em 2021. Como recentemente, o sistema do MPay foi actualizado, disseram-me que foi por isso que foram cobradas todas as tarifas”, pode ler-se na publicação. A chamada telefónica deixou a internauta enfurecida, confessando também perplexidade por nunca ter recebido uma notificação sobre pagamentos em atraso, e que a sua conta de MPay sempre teve saldo suficiente. Além disso, achou suspeito o facto de as tarifas demorarem tantos anos a serem cobradas. Importa referir que a aplicação tem um sistema de segurança que impede a criação de novos códigos QR para pagar autocarros depois de duas tarifas não pagas por falta de saldo. Ou seja, o MPay permite a geração de dois códigos mesmo que a aplicação não tenha saldo suficiente. Situação que aumentou a confusão da utente. “O dirigente não conseguiu dar uma resposta completa, só confirmou um reembolso de 220 patacas e oferece-me uma versão especial do cartão da Macau Pass. Em raiva, perguntei porque a empresa não admitiu o problema, desviando a responsabilidade para o cliente,” criticou. Está tudo bem Na sequência da publicação viral, onde a utente questiona a confiança que a população deve depositar no MPay, a Autoridade Monetária de Macau emitiu ontem um comunicado a revelar ter solicitado “de imediato à instituição que realizasse uma investigação completa e apresentasse um relatório de investigação”. “Após uma investigação preliminar, a organização informou que o incidente não envolveu quaisquer problemas de segurança da rede, como a utilização não autorizada de contas ou a vulnerabilidade do sistema em termos de segurança, nem afectou o serviço normal do sistema. O incidente esteve principalmente relacionado com o processo de dedução das tarifas de autocarro, ou seja, quando a tarifa de um utilizador não é deduzida no momento do pagamento do serviço de autocarro, o sistema processa a dedução mais tarde,” lê-se no comunicado. A AMCM solicitou à organização que contactasse os utilizadores afectados o mais rapidamente possível para explicar a situação e melhorar o mecanismo de dedução suplementar, de modo a minimizar o impacto nos utilizadores. Na quarta-feira, a Macau Pass já publicou um anúncio na sua página a dizer que vai melhorar o mecanismo de dedução suplementar.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEconomia | Leong Sun Iok defende modelo do cartão de consumo Com o Interior da China a adoptar incentivos para a compra de novos electrodomésticos e produtos digitais, como forma de promover o consumo, Leong Sun Iok considera que Macau pode seguir o exemplo. Porém, o deputado prefere uma nova ronda de cartão de consumo Leong Sun Iok defende que se o Chefe do Executivo lançar medidas de apoio à economia deve optar por uma nova ronda do cartão de consumo. A opinião do deputado que integra a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foi partilhada em declarações ao jornal Exmoo. A criação de mais uma ronda do cartão do consumo, uma medida adoptada durante a pandemia, através da qual o Governo distribuiu montantes entre 3 mil e 8 mil patacas aos residentes, foi defendida, depois de o Governo Central ter lançado várias medidas de subsídio à compra de electrodomésticos e equipamentos digitais. Segundo a mais recente medida revelada na quarta-feira pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e pelo Ministério das Finanças do Interior, a compra de electrodomésticos e produtos digitais vai ser comparticipada, tal como acontece igualmente no Interior da China com a compra de veículos eléctricos. Neste contexto, o legislador considerou plausível que seja lançada mais uma ronda do cartão de consumo em Macau, até porque o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, admitiu a hipótese de estudar medidas de incentivo ao consumo. Olhar para dentro No entanto, Leong Sun Iok considera que as medidas de incentivo ao consumo precisam ter em conta o contexto de Macau, que é diferente daquele do Interior, porque o tecido económico é diferente. O deputado explicou que o subsídio para aquisição de novos electrodomésticos e equipamentos digitais teriam um impacto mais limitado em Macau, porque não ajudaria alguns sectores importantes económicos, como acontece a restauração. “Para o sector da restauração, o modelo de incentivo à compra de novos produtos não tem utilidade”, afirmou. A restauração no norte da península tem atravessado maiores dificuldades nos últimos meses, devido à maior concorrência do Interior, onde os preços são mais baratos. Em termos da economia local e das medidas implementadas, o deputado fez uma avaliação crítica do Grande Prémio para o Consumo em Macau, uma iniciativa de incentivo ao comércio local que terminou no final do ano passado. Ao abrigo do Grande Prémio para o Consumo, os clientes que utilizassem meios de pagamento electrónicos no comércio local durante a semana ficavam habilitados a participar num sorteio imediato que distribuía cupões com descontos. Esses descontos só podiam ser utilizados no fim-de-semana seguinte, para evitar que as pessoas apenas consumissem no Interior.
João Luz Manchete PolíticaSeminário | Xia Baolong diz que Macau tem de se adaptar aos tempos Num seminário para estudar a implementação dos “importantes discursos” de Xi Jinping durante a última visita a Macau, o director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado afirmou que é preciso reconhecer e adaptação aos novos tempos. Xia Baolong sublinhou as elevadas expectativas de Governo Central para Macau e Hong Kong Realizou-se ontem em Pequim o seminário para estudar a implementação dos “importantes discursos” proferidos por Xi Jinping durante a visita a Macau para a celebração dos 25 anos da RAEM. No evento, organizado pela Associação Nacional dos Estudos sobre Hong Kong e Macau, o director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong, vincou a expectativa de que as regiões administrativas especiais reconheçam os novos tempos que se vivem e saibam adaptar-se às mudanças. Num discurso pautado por citações do Presidente Xi Jinping, Xia Baolong vincou que Macau e Hong Kong devem seguir as importantes missões práticas do princípio “Um País, Dois Sistemas”, na nova era, contribuindo para a construção de um país forte e para o rejuvenescimento nacional. O responsável salientou que este é o caminho, “claramente indicado nos importantes discursos do Presidente Xi Jinping”, para atingir “um melhor desenvolvimento”. O director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau referiu a importância de cumprir as “três expectativas” apontadas pelo Presidente chinês para Macau, e que estas também se devem aplicar a Hong Kong. Estas expectativas são: o alargamento da visão e do posicionamento da RAEM no desenvolvimento nacional e no plano internacional; persistindo no amor patriótico, ter a abertura para atrair talentos; aproveitar as vantagens institucionais do princípio “Um País, Dois Sistemas”. Para tal, Xia Baolong vincou a necessidade de todos os sectores sociais de Macau e Hong Kong, não só os seus governos, seguirem “a tendência de desenvolvimento dos tempos, reconhecer e responder proactivamente às mudanças, reforçar a aprendizagem mútua, os intercâmbios e a cooperação entre Hong Kong e Macau” e continuar a abertura ao novo mundo. Todos juntos Xia Baolong afirmou ainda que os “importantes discursos” de Xi Jinping sobre “Um País, Dois Sistemas” claramente propõem os valores da paz, tolerância, abertura e partilha, demonstrando o seu “grande significado contemporâneo e importância global”. O director salientou a importância de compreender a “essência espiritual e rica conotação” da aderência de longo prazo ao princípio que concilia os dois sistemas. Como tal, concluiu que o princípio “Um País, Dois Sistemas” está em conformidade com os “interesses fundamentais de Macau e Hong Kong, conta com o sincero apoio dos seus residentes e das mais de 1,4 mil milhões de cidadãos chineses”. “É do interesse dos investidores de todo o mundo e tem recebido apoio internacional”, acrescentou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePolítica | Macau retrocede em termos de representação feminina As deputadas lutam mais por temas relacionados com mulheres do que os seus colegas. A representação feminina na política local, nomeadamente no hemiciclo, continua “abaixo das médias globais e asiáticas”. Esta é uma das conclusões da dissertação de mestrado de Chan Wong Kuan “Participação política das mulheres em Macau: Do ponto de vista de género e de políticas públicas” Macau está ainda aquém em termos de igualdade de géneros na política. Esta é a principal conclusão da dissertação de mestrado de Chan Wong Kuan defendida em Novembro de 2023 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, no ramo da Sociologia, e intitulada “Participação política das mulheres em Macau: Do ponto de vista de género e de políticas públicas”. Da análise da académica retira-se a ideia de que em Macau prevalece “uma representação feminina abaixo das médias globais e asiáticas” e, para esta conclusão, foram analisadas 95 interpelações escritas dos deputados na Assembleia Legislativa (AL) “relacionadas com os interesses das mulheres” entre os anos de 1999 e 2022, entre a primeira à sétima legislatura. Assim, “os resultados revelam que o número de deputadas permanece consistentemente num patamar relativamente baixo, mantendo-se em cinco desde 1999 até ao presente”. Segundo a autora do estudo, “embora se tenham registado flutuações ao longo desse período, com um máximo de sete e um mínimo de quatro deputadas, em termos gerais a evolução no número de deputadas tem sido muito limitada”. Salienta-se também que, com o aumento do número de assentos de deputados na AL (33), “a proporção de deputadas em relação ao total tem diminuído”, pelo que “em Macau, as mulheres que constituem metade da população não alcançam um ‘reflexo exacto’ no órgão legislativo”. Constata-se ainda que tem existido uma diminuição, nos últimos anos, da presença feminina no hemiciclo, ao contrário do que se verifica a nível regional e até mundial. “Constatámos que o número de mulheres em órgãos legislativos em muitas regiões está a aumentar, enquanto Macau está a experienciar uma tendência oposta. No caso da AL, o número de lugares ocupados por deputadas não é optimista. Em 1999, com 23 lugares, apenas 5 eram ocupados por mulheres, e quando o número de lugares aumentou para 33 lugares, em 2023, as mulheres continuaram a ocupar apenas 5 lugares.” “Este número pessimista lembra-nos a baixa percentagem de representação descritiva das mulheres no órgão legislativo de Macau, com os homens a ocupar consistentemente o papel predominante neste espaço político”, pode ler-se. Saúde e violência No que diz respeito às interpelações analisadas, abordam “temas como violência doméstica, crimes sexuais, saúde das mulheres e promoção da igualdade de género”, sendo que, “em termos quantitativos, as deputadas adoptam uma posição mais activa em relação a estas questões quando comparadas com os seus colegas do sexo masculino”. Das 95 interpelações, 61 foram apresentadas por deputadas e as restantes por deputados, o que mostram que são elas que “tomam mais acção para as mulheres”. É referido também na dissertação que “nas discussões de políticas, as deputadas abordam estas questões com uma perspectiva de género, destacando as situações específicas enfrentadas pelas mulheres em vários contextos”. É, assim, “mais provável que demonstrem a vida, as perspectivas e as necessidades das mulheres de uma forma específica e multidimensional”. Desta forma, a autora do trabalho académico entende que “são as deputadas que melhor representam os interesses das mulheres”. Em termos do volume de interpelações escritas com questões colocadas ao Governo, a autora conclui que “os deputados masculinos e as deputadas femininas empreendem acções para promover os interesses das mulheres”, mas persistem “nuances relevantes que apoiam a conclusão de que são as deputadas quem melhor representa os interesses das mulheres”. A maioria dos temas das interpelações sobre “questões femininas” incidem sobre “maternidade, violência doméstica, crimes sexuais, saúde das mulheres e promoção da igualdade de género”. Destes, “os três primeiros temas representam aproximadamente quatro quintos de todas as interpelações”. Para a autora, “esse foco reflete a preocupação dos deputados em garantir a protecção dos direitos das gestantes e das mães, bem como a prevenção e o combate à violência e aos crimes sexuais”. O facto de os deputados colocarem estas questões “reflecte uma relativa negligência em relação às questões de saúde das mulheres e promoção da igualdade de género”. Desta forma, verifica-se um “desequilíbrio na atenção dada a diferentes aspectos das questões das mulheres”, algo que se pode relacionar “com estereótipos de género comuns na sociedade”. Falta de perspectiva O estudo analisa também a forma como os temas relacionados com a vida das mulheres são tratados consoante o género dos deputados. Assim, refere-se que “o único campo que não apresenta diferenças significativas é o da violência doméstica”, pois “os deputados e deputadas concentram as suas interpelações em medidas práticas para mitigar os danos causados às vítimas de violência doméstica e contribuem para a formulação de leis para combater e prevenir a violência doméstica”. Porém, “no que diz respeito aos demais temas, as interpelações das deputadas revelam maior diversidade, abordando questões a partir de diversas perspectivas e enfatizando as necessidades e desafios das mulheres em contextos pertinentes”. Um dos exemplos apontados diz respeito às interpelações sobre crimes sexuais, onde “as deputadas salientam a situação das mulheres enquanto vítimas, destacam a existência oculta do assédio sexual e do assédio verbal no local de trabalho, assim como com a ausência de respeito pelas mulheres no discurso das redes sociais em resposta a casos de assédio sexual em espaços públicos”. As diferentes visões dos deputados consoante o género verificam-se no tema da relação da mulher com a maternidade e o mercado de trabalho. Neste caso, “os deputados sublinham a relação entre as mulheres e a reprodução, com foco na maternidade das mulheres”, enquanto “as deputadas destacam as pressões enfrentadas por grávidas no equilíbrio do trabalho e parentalidade, juntamente com as possíveis injustiças no ambiente de trabalho que podem surgir durante esse processo”. As deputadas são ainda “as únicas a demonstrar preocupação com os serviços médicos e a saúde das grávidas”. Mulheres como vítimas Outro tema que a autora procurou analisar foi a forma como as mulheres de Macau são representadas tendo em conta as questões colocadas pelos deputados nas interpelações escritas. Assim, “devido ao destaque conferido aos temas mais discutidos, como maternidade, violência doméstica e crimes sexuais, torna-se evidente que nas discussões de políticas na AL as mulheres são predominantemente associadas à identidade de mães e ao papel de grupos vulneráveis, tais como vítimas de violência doméstica e de crimes sexuais”. Neste contexto, “as mulheres são frequentemente retratadas como vítimas, que precisam de auxílio, geradoras da reprodução humana e mães trabalhadoras que necessitam de equilibrar a vida familiar e profissional”. Chan Wong Kuan diz ter encontrado apenas um exemplo de uma interpelação que encara as mulheres de outra perspectiva, “como tomadoras de decisões, desvinculadas de papéis maternos e laços familiares, representando-as como promotoras do desenvolvimento harmonioso e estável da sociedade”. A interpelação assinada por Iong Weng Ian, a 30 de Dezembro de 2005. Desta forma, a académica entende que “as mulheres são predominantemente retratadas como figuras associadas à maternidade e vulnerabilidade, com poucas representações de outras possibilidades”. “A diversidade das mulheres está negligenciada, uma vez que as declarações dos deputados enfatizam a vulnerabilidade e as necessidades das mulheres em contextos específicos, ao mesmo tempo que negligenciam a multiplicidade de papéis que as mulheres podem desempenhar. As mulheres não se limitam a ser apenas vítimas ou mães; elas também podem actuar como profissionais, líderes, participantes da comunidade, entre outros”, é referido. Assim, a dissertação diz mesmo que os deputados, ao “ignorar essa diversidade” podem contribuir para a “simplificação e perpetuação de estereótipos em relação ao papel das mulheres, o que pode afectar a atenção aos seus direitos integrais”. Destaque ainda para o facto de, em 95 interpelações, a autora ter encontrado apenas uma apresentada por um deputado cuja temática versava sobre a promoção da igualdade de género. Já a deputada Wong Kit Cheng é referida como o exemplo a seguir, pois não só foi “a deputada mais activa” como apresentou interpelações sobre todos os temas acima descritos relacionados com as mulheres. Assim, é destacado “o papel crucial desempenhado pela deputada Wong Kit Cheng como uma protagonista fundamental na promoção dos interesses das mulheres”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFim de ano | Sugerido fogo-de-artifício na zona de Nam Van Face à desilusão com a falta de fogo-de-artifício na península de Macau no fim de ano, António Monteiro sugere um espectáculo pirotécnico ou de drones com foco na paisagem urbana de Macau. O membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários lamenta que no réveillon a imagem de Macau no exterior seja a Torre Eiffel do Parisian Macau poderia oferecer mais nas noites de fim de ano, nomeadamente um espectáculo de fogo-de-artifício ou de drones que ilumine a paisagem urbana da península, nomeadamente da zona de Nam Van, ao invés de remeter essa tarefa para as concessionárias de jogo. Este é o entendimento de António Monteiro, expresso ontem na reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários. O responsável realça a desilusão sentida por vários residentes e turistas que esperavam um espectáculo pirotécnico na zona do Nam Van na península de Macau na altura da passagem do ano. Aliás, o desapontamento colectivo correu as redes sociais com a partilha de vídeos de uma pequena multidão a aguardar, de telemóvel em riste, para filmar o fogo-de-artifício. O próprio Instituto Cultural, veio a publicar dar explicações e afirmar que esta não era uma tradição local. Porém, António Monteiro questiona porque se fazem ao longo do ano “várias celebrações, com fogos de artifício, desde o concurso de fogo-de-artifício, o Ano Novo Chinês, celebrações festivas dos dias 1 de Outubro e do dia 20 de Dezembro, mas quando chega o fim do ano, tem-se mostrado alguma hesitação nos últimos anos no lado de Macau”. O conselheiro acrescenta que tal não acontecia antes da pandemia. Copiar e colar António Monteiro, também secretário-geral do Instituto Internacional de Macau, refere ainda que as festividades deste ano não favorecem a reputação do território a nível internacional. “A imagem de Macau no exterior é vista apenas com a Torre Eiffel do Parisian, ao invés da paisagem urbana de Macau ou da sua baía, quando comparamos com as celebrações de contagem do ano em Hong Kong, Dubai, Londres, e a verdadeira Torre Eiffel de Paris, na França”. António Monteiro recorda também a posição de Macau enquanto Centro Mundial de Turismo e Lazer e de “Pérola da Pátria”, como referiu o Presidente Xi Jinping durante a sua última visita à RAEM, algo que não sobressai nas celebrações de fim de ano. A beleza e singularidade da baía e marginal da península, a Torre de Macau e os edifícios distintos como o Grand Lisboa, Hotel Lisboa e outros hotéis, até chegar ao Centro Cultural de Macau e o Centro de Ciência e a Sands Macao, são paisagens que o responsável destaca como possíveis locais a abrilhantar com um fogo-de-artifício de fim de ano. Como tal, António Monteiro sugere um “concurso pirotécnico ou de espectáculo de Drones, com foco na paisagem urbana de Macau e até de Hengqin, incluindo as celebrações habituais na Taipa e no Cotai”.
João Luz Manchete SociedadeUniversidade | Lançadas orientações para verificar habilitações de candidatos Na sequência do caso de falsificação de documentos para ingresso na MUST, que resultou na detenção de quatro pessoas, o Governo publicou orientações para a verificação de habilitações académicas e as universidades passaram a verificar a veracidade dos documentos “junto das instituições emissoras” No final de Outubro do ano passado, a Polícia Judiciária deteve quatro alunos candidatos a entrar na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (na sigla em inglês MUST), depois de ter sido descoberto que 24 alunos do Interior da China entregaram diplomas falsos de conclusão do ensino secundário em Hong Kong. Depois do caso ser revelado, o foco incidiu sobre o rigor na verificação de documentos para admissão em instituições de ensino superior de Macau. Nesse sentido, após questões colocadas pelo deputado Lam Lon Wai, o director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) revelou ter emitido “orientações sobre o reforço dos trabalhos de admissão de alunos, que incluem conteúdos relativos à verificação de habilitações académicas” destinadas a instituições de ensino superior de Macau. O Governo organizou também reuniões com dirigentes das instituições de ensino superior locais e sessões de intercâmbio com o intuito de implementar uma “verificação mais rigorosa das habilitações académicas dos estudantes”. Na resposta assinada pelo director da DSEDJ, Kong Chi Meng, a 12 de Dezembro, é revelado que “actualmente, as instituições desenvolvem os seus trabalhos de acordo com as respectivas orientações e vão proceder à verificação das habilitações académicas, através de meios directos, junto das instituições emissoras”. Quem te avisa Kong Chi Meng indicou ainda que “três instituições de ensino superior públicas de Macau criaram um sistema externo de consulta por terceiros” para facilitar a consulta de documentos comprovativos das habilitações académicas emitidos nestas instituições. O responsável acrescenta que as restantes instituições de ensino superior de Macau dispõem igualmente de meios de consulta de informações relativas a habilitações académicas. Endereçada a parte institucional, Kong Chi Meng realçou que durante o processo de candidatura de estudantes do exterior, é-lhes recordado para não “encarregarem nenhuma instituição intermediária ou indivíduo de tratar dos trabalhos de admissão, devendo os interessados tratar, directamente, das formalidades de inscrição, com a respectiva instituição”. O director da DSEDJ vincou que se os documentos ou dados submetidos por um aluno aquando da candidatura não passarem no crivo da verificação de autenticidade, “a sua matrícula ou grau académico obtido será anulada pela respectiva instituição de ensino superior local”. Além disso, ser-lhe-á imputada responsabilidade legal.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTibete | Chefe do Executivo promete o apoio necessário após tragédia Sam Hou Fai demonstrou total confiança nas “instruções essenciais” de Xi Jinping e na capacidade do Governo Central para liderar as operações de salvamento e reconstrução. O sismo da madrugada de terça-feira causou, pelo menos, 126 mortos na Região Autónoma do Tibete O Chefe do Executivo enviou uma mensagem às autoridades do Tibete a prometer todo o “apoio necessário” para ajudar nas operações de salvamento e reconstrução, após a região ter sido abalada por um sismo de 6,8 graus na escala de Richter que causou, pelo menos, 126 mortos, além de ter deixado um rasto de destruição. “Ocorreu esta madrugada (7 de Janeiro) um forte sismo no condado de Dingri da cidade de Xigaze, na Região Autónoma do Tibete, causando mortos, feridos e o colapso de casas nas áreas mais afligidas. Gostaria de expressar, em nome do governo da Região Administrativa Especial de Macau e de todos os residentes da RAEM, as mais profundas condolências aos compatriotas que sofrem com esta tragédia”, pode ler-se na mensagem de Sam Hou Fai. “Nós estamos de luto convosco pelas vítimas e preocupamo-nos com todos os compatriotas afectados”, foi acrescentado. De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, a mensagem foi enviada ao secretário do Comité Regional do Partido Comunista da China na Região Autónoma do Tibete, Wang Junzheng e ao presidente do Governo Popular da Região Autónoma do Tibete, Karma Tsedan. Sam Hou Fai destacou também que a população de Macau está atenta e solidária, e que vai colaborar “proactivamente em todas as operações de resgate”. “Os compatriotas de Macau estão atentos à situação na região e disponíveis para enfrentar este desastre natural em conjunto com os compatriotas do Interior da China. Estamos prontos para fornecer todo o apoio necessário e colaborar proactivamente em todas as operações de resgate”, prometeu. Recuperação rápida O líder do Governo deixou igualmente desejos que a vida na região possa regressar à normalidade, o mais depressa possível. “Desejo que as operações de resgate decorram com sucesso, a vida do povo na zona atingida retome à normalidade o mais breve possível, e assim possam passar o Inverno de forma segura e tranquila”, escreveu. Sam Hou Fai refere também que Xi Jinping mencionou o incidente, e que as suas “instruções essenciais” devem ser seguidas. “O secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, atribuiu grande importância ao recente sismo e emitiu instruções essenciais”, pode ler-se. Sam destacou ainda a constituição de uma equipa de resgate e reconstrução liderada por Zhang Guoqing, que foi nomeada por Li Qiang, membro do Comité Permanente do Politburo do Comité Central do PCC e o primeiro-ministro. “A Região Autónoma do Tibete empenha todos os meios possíveis nas operações de resgate e salvamento. Acreditamos que sob a liderança do Governo Central e a união de esforços dos governantes e dos residentes da área afectada, as dificuldades serão superadas”, frisou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteGastronomia | “Receita di Casa”, de Antonieta Manhão, lançado amanhã Antonieta Manhão, figura incontornável da gastronomia macaense, lança amanhã um livro de receitas, estreando-se nas lides editoriais. “Receita di Casa – Homemade Macanese Cuisine” é uma obra trilingue feita para as bancadas da cozinha e para tornar mais prática uma gastronomia única Chama-se “Receita di Casa – Homemade Macanese Cuisine” e, tal como o nome indica, é o livro que quer ensinar qualquer pessoa, com pouca ou muita experiência na cozinha, a fazer pratos macaenses. A obra, lançada amanhã com o apoio do Instituto Internacional de Macau (IIM), é a primeira incursão da chef Antonieta Manhão, a “Chef Neta”, nas lides editoriais na área da gastronomia. A obra contém 19 receitas da casa da “Chef Neta”, nomeadamente o tradicional “Minchi”, talvez o mais conhecido de todos os pratos macaenses, o “Tacho”, a “Capela”, petiscos variados, como o pão recheado ou chamuças, e ainda o “Balichão Tamarindo”. Ao HM, Antonieta Manhão explicou que a escolha destas receitas recaiu no facto de serem as “mais conhecidas dentro e fora de Macau”, além de estarem bastante presentes nos cursos que ministra na Universidade de Turismo de Macau (UTM) aos alunos de cozinha e hotelaria. Para a chef, “era necessário lançar mais um livro de comida macaense”, sendo que este lançamento foi adiado devido à pandemia. “Trata-se de uma obra para ser utilizada e para não ter apenas na estante, é mesmo um livro para ficar sujo e para que se veja como se faz a comida macaense, não é como outros livros de culinária que se colocam na estante e não são usados. Contém as informações que dou nas aulas e serve para as pessoas apreciarem verdadeiramente as receitas. Não são receitas fáceis, mas a preparação é razoável em termos de grau de dificuldade”, explicou. A obra está à venda a partir de sábado. “Espero que as pessoas comprem o livro e possam aprender a comida macaense aos poucos. É uma obra para qualquer pessoa, coloco as horas de preparação e todas as instruções para se fazer a receita.” No meio de tantos pratos, cheiros e paladares variados, uma receita sobressai como a preferida de Antonieta Manhão, que lhe foi transmitida por um tio, que já faleceu. O prato, que denominou como “Bacalhau à Zeca”, é um autêntico legado à mesa. “É uma receita de bacalhau ligeiramente diferente. Sempre que há festas em casa, como no Natal, faço este bacalhau.” Apesar de estar há muito tempo ligada a tachos e panelas, e na promoção da comida macaense, a “Chef Neta” entrou tarde numa cozinha. “Na minha infância nunca entrei na cozinha, porque a minha avó não deixava, achava que era perigoso deixar entrar as crianças na cozinha. Quando cresci, após o falecimento de várias pessoas, sempre tive tias que queriam manter as receitas e recordar a preparação dessas comidas. Havia certos pratos que tinham de estar sempre na mesa, e no Natal sempre preparámos todos estes pratos.” A autora estreante referiu ainda que outro dos motivos para editar o “Receitas di Casa” é o facto de “em Macau os pratos que estão no livro estarem a desaparecer aos poucos”. “Quero que as pessoas consigam manter as memórias antigas que têm destes pratos”, acrescentou. Aulas para turistas Tendo em conta o risco que existe do desaparecimento, ou diluição noutras gastronomias, da comida macaense, Antonieta Manhão lamenta que “há cada vez menos restaurantes em Macau onde se consegue comer comida verdadeiramente macaense, porque não há chefes ou macaenses que consigam dar aulas ou apoio na cozinha”. “Temos pessoas com idade que não conseguem estar mais de 10 horas numa cozinha. Temos de ensinar os jovens para que aprendam mais sobre a gastronomia macaense, para que possam ser chefes deste tipo de cozinha”, disse. Para evitar o total desaparecimento deste tipo de gastronomia, a chef sugere a criação de aulas culinárias para turistas. “Tanto o Governo como nós, chefes, temos de promover mais a nossa gastronomia fora de Macau, para que as pessoas saibam o que se come cá. São necessárias mais aulas para os turistas, como se faz na Tailândia. As pessoas gostam de aprender dessa forma. Também podemos dar formações nas escolas secundárias e ensino superior, para que os alunos saibam que Macau teve administração portuguesa e que a comunidade macaense tem este tipo de gastronomia. Nas promoções lá fora, deve-se levar mais a comida macaense para que as pessoas provem.” No caso das aulas que dá na UTM, há cinco anos, Antonieta Manhão diz que “há muita procura” pela aprendizagem da comida macaense. “As minhas aulas de comida macaense estão sempre cheias, não tenho falta de alunos. Penso que os alunos querem muito aprender sobre a nossa comida macaense, por um único motivo. Antes os jovens comiam pratos uma ou duas vezes porque ainda tinham familiares que cozinhavam, e agora querem aprender por uma questão de memória, para se recordar desses momentos em família.” “Iron Chef” foi uma “aventura” Desde que participou no programa de culinária “Iron Chef”, na Tailândia, que a carreira de Antonieta Manhão deu um grande salto, dedicando-se não só a ensinar como se fazem pratos macaenses, mas também a promover este tipo de gastronomia no estrangeiro, muitas vezes com o apoio da Direcção dos Serviços de Turismo. Uma das últimas iniciativas decorreu em Novembro do ano passado numa escola de hotelaria e turismo em Guangzhou, onde ensinou alguns pratos de comida macaense a 43 alunos. Há cinco anos, a “Chef Neta” foi mesmo uma das convidadas do programa matinal da TVI, “Você na TV”, transmitido em Portugal, onde deu a conhecer ao público de Portugal as receitas de “Pão Recheado” e “Capela”, feitos com carne de porco. “Há pessoas que conhecem Macau com ligação ao jogo, mas quase ninguém conhece a comida macaense e foi por isso que fui ao ‘Iron Chef’. Foi uma aventura, porque a gastronomia macaense nunca tinha estado neste tipo de competições. Fiz um prato de bacalhau, e muitos outros, mesmo para as pessoas ficarem a conhecer”, contou. Antonieta Manhão, que está também ligada à Confraria da Gastronomia Macaense, participou no programa por convite, competindo com outro chef residente do concurso. Tendo em conta que cada chef tinha de introduzir um ingrediente secreto, a “Chef Neta” levou ostras, que juntou à receita de bacalhau. Porém, hoje em dia, a chef diz ser difícil criar novos pratos macaenses, por haver o risco de se desviar daquilo que é verdadeiramente tradicional neste tipo de cozinha de fusão, onde a comida portuguesa casa com a chinesa e, muitas vezes, com iguarias do Sudeste Asiático. Muitas vezes os molhos e temperos são semelhantes, mas combinados de forma diferente. A chef explica que há ingredientes como o louro ou açafrão usados na comida portuguesa e macaense, por exemplo. “É difícil modificar as receitas existentes e criar novas, pois assim deixa de ser a comida macaense. A única coisa que se pode fazer é adaptar e melhorar alguns pratos com novos ingredientes, usando carne de porco preto, por exemplo. Muitos desses ingredientes não se usavam antes porque não havia”, rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau proíbe importação de frango de Lisboa após casos de gripe aviária Macau proibiu esta terça-feira a importação de carne de frango e derivados, incluindo ovos, do distrito de Lisboa, na sequência da deteção de casos de gripe aviária. “Os pedidos de importação de carne de frango e produtos derivados provenientes de zonas com surtos de gripe aviária não serão aprovados”, disse o Instituto de Assuntos Municipais (IAM) de Macau. Num comunicado, o IAM disse estar preocupado com os surtos de gripe aviária registados não só em Portugal como na Hungria e na Coreia do Sul. O instituto prometeu “continuar a controlar rigorosamente os alimentos frescos importados e vendidos em Macau através de um mecanismo eficaz de inspeção de importação e de quarentena”. Horas antes, também a região vizinha de Hong Kong tinha anunciado uma proibição “para proteger a saúde pública”, na sequência de uma notificação da Organização Mundial de Saúde Animal. O território importou cerca de 110 toneladas de carne de frango congelada de Portugal nos primeiros nove meses de 2024, de acordo com dados oficiais citados num comunicado do Centro para a Segurança Alimentar (CFS, na sigla em inglês). O CFS disse já ter contactado as autoridades portuguesas e que vai acompanhar “de perto” a situação e as informações emitidas pela Organização Mundial de Saúde Animal. “Serão tomadas as medidas adequadas em resposta ao desenvolvimento da situação”, referiu o comunicado. A gripe das aves foi detetada numa exploração de galinhas poedeiras em Sintra, Lisboa, tendo sido aplicadas medidas de controlo e erradicação, anunciou na segunda-feira a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). “A 03 de janeiro, foi confirmado um foco de infeção por vírus da gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP) numa exploração de galinhas poedeiras, no concelho de Sintra, distrito de Lisboa”, lê-se numa nota da DGAV. As medidas de controlo e erradicação já foram implementadas e incluem a inspeção do local onde a doença foi detetada, o abate dos animais infetados e a limpeza das instalações. Foram ainda impostas restrições à movimentação e as explorações com aves nas zonas de restrição (num raio de 10 quilómetros em redor do foco) estão a ser vigiadas. A DGAV pediu ainda a todos os operadores que comuniquem qualquer suspeita de doença, sublinhando que a deteção precoce dos focos “é essencial para a implementação célere de medidas de controlo”. Já hoje, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou que não há registo de pessoas com sintomas ou sinais sugestivos de infeção humana pelo vírus H5N1, detetado naquela exploração de galinhas no concelho de Sintra. Num comunicado, a DGS sublinhou que a transmissão deste vírus para humanos “é um evento raro”, com casos esporádicos registados a nível global, e que “o vírus não se transmite através do consumo de carne”.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Esperado aumento de receitas no primeiro mês de 2025 Analistas da Seaport Research Partners estimam que Janeiro traga uma subida anual das receitas dos casinos de 6,6 por cento e de 13,3 por cento face a Dezembro. O facto de o início do Ano Novo Chinês calhar no fim do mês é determinante. Também a confiança gerada pelos estímulos económicos na China pode beneficiar as receitas do jogo O ano de 2025 pode ter um bom arranque ou começar numa tónica mais optimista em relação ao fim de 2024, pelo menos no que diz respeito às receitas brutas da indústria do jogo de Macau, de acordo com a mais recente nota dos analistas da Seaport Research Partners. A previsão aponta para um aumento de 6,6 por cento das receitas em Janeiro, em relação ao mesmo mês de 2024, e uma subida de 13,3 por cento face ao mês passado. Uma razão óbvia para a melhoria dos resultados é o facto de este ano os primeiros quatro dias dos feriados do Ano Novo Chinês calharem em Janeiro. O período de feriados decorre entre 28 de Janeiro e 3 Fevereiro. “Actualmente, prevemos que as receitas brutas do primeiro trimestre de 2025 cresçam 4,2 por cento em termos anuais e 4 por cento em relação ao trimestre anterior”, prevê Vitaly Umansky, citado pelo portal GGR Asia. O analista realça que o aumento anual de 4,2 por cento nos primeiros três meses de 2025 é mais fraco do que o registo de mais 6,1 por cento verificado no último trimestre de 2024. Apesar da desaceleração do crescimento das receitas brutas, os analistas da Seaport Research Partners continuam a estimar um crescimento anual de 8 por cento no final de 2025. Trunfos da época Além da coincidência de calendário do Ano Novo Chinês deste ano, os especialistas realçam o efeito dos sucessivos estímulos económicos lançados pelo Governo Central como boas notícias para a indústria do jogo, se estes tiverem eficácia em injectar confiança nos consumidores chineses, invertendo o conservadorismo actual. “O estímulo orçamental, por exemplo, o aumento da despesa pública e as medidas de flexibilização regulamentar serão importantes para reforçar a confiança dos consumidores e das empresas”, é indicado por Vitaly Umansky. Na perspectiva dos analistas, o aumento da confiança dos consumidores chineses poderá conduzir a uma recuperação mais robusta do segmento de massas, que aliado ao crescimento do segmento de massas premium constituem ingredientes para a subida anual de 8 por cento das receitas em 2025. É ainda indicado que, se a economia chinesa crescer a um ritmo mais acelerado do que o esperado, as estimativas para a performance da indústria do jogo podem ser revistas para fasquias mais elevadas. Por outro lado, a Seaport Research Partners sublinha a má performance de Dezembro, quando as receitas brutas dos casinos se fixaram em cerca de 18,2 mil milhões de patacas, em parte impactada pela visita de três dias de Xi Jinping a Macau para as celebrações do 25.º aniversário da RAEM e dar posse ao Governo de Sam Hou Fai.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAAM | Vong Hin Fai diz que suspensão de Ho Kam Meng é temporária O presidente da Associação dos Advogados de Macau confirmou a suspensão do advogado que está a ser acusado pelos crimes de associação criminosa e corrupção, devido às ligações com Ho Chio Meng e Kong Chi Uma medida temporária devido a um despacho do tribunal. Foi desta forma que Vong Hin Fai, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), se pronunciou sobre a suspensão de Ho Kam Meng e a notícia do Canal Macau de que o advogado está em prisão preventiva e a ser acusado dos crimes de corrupção e associação criminosa. Apesar das informações sobre a suspensão do advogado terem começado a circular em Setembro, esta foi a primeira vez que um representante da associação se pronunciou sobre o assunto. As declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau foram prestadas à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa, em que Vong Hin Fai participou como presidente da 3.ª Comissão Permanente. O presidente da AAM afirmou ainda que, por enquanto, a suspensão não está relacionada com nenhum processo disciplinar, que estará sempre dependente das decisões dos tribunais e que terá de ser decidido pelo Conselho Superior de Advocacia. Contudo, Vong Hin Fai destacou que a associação está atenta ao caso e que qualquer decisão vai ter tomada tendo em conta a Lei Básica, a presunção de inocência e o princípio do segredo de justiça. Vong Hin Fai comentou ainda que esta não é a primeira vez que advogados são suspensos, mas o número tende a ser relativo. Por outro lado, o presidente da Associação dos Advogados sublinhou que a ética profissional é uma das prioridades da associação e que no curso de formação de estagiários há sempre módulos sobre o assunto. Ligações antigas De acordo com o Canal Macau, Ho Kam Meng está a ser acusado de ter criado uma associação secreta em conjunto com o ex-Procurador da RAEM, Ho Chio Meng, e o Procurador-Adjunto, Kong Chi. O advogado está em prisão preventiva há cerca de dois meses. De acordo com a mesma fonte, as suspeitas sobre o advogado estão relacionadas com o exercício de funções no Ministério Público, ainda antes de se tornar advogado. Além da acusação de associação secreta, a TDM indica que Ho Kam Meng está igualmente acusado de crimes de corrupção, o que terá levado a que fossem realizadas buscas no seu escritório, com a apreensão de computadores e processos. Ho Chio Meng foi condenado em 2017 a uma pena de prisão de 21 anos pela prática de 1092 crimes no Tribunal de Última Instância, que tinha como principal juiz Sam Hou Fai, actualmente Chefe do Executivo. Kong Chi, de quem Ho Kam Meng é amigo de infância, foi condenado no ano passado a uma pena de prisão de 17 anos, pela prática de 22 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 19 crimes de prevaricação, 7 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de abuso de poder, 1 crime de favorecimento pessoal e 1 crime de riqueza injustificada.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Governo português aprovou quatro licenças especiais desde Novembro Após ter sido acusado pelo Partido Socialista de desinteresse na comunidade portuguesa de Macau, o Governo de Luís Montenegro revelou que desde Novembro autorizou a vinda de quatro professores para a Escola Portuguesa de Macau Desde Novembro, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) aprovou quatro licenças especiais para docentes de Portugal virem leccionar na Escola Portuguesa de Macau (EPM). A informação consta da resposta ao grupo parlamentar do Partido Socialista, que havia questionado o Governo sobre o assunto, no início de Dezembro. Numa resposta com a data de 20 de Dezembro, e divulgada no portal da Assembleia da República a 26 de Dezembro, é tornado público que os pedidos apresentados a 11 e 12 de Novembro por um docente ensino básico – 1.º ciclo, José Miguel Lobo, e outro de educação física, Nuno Dinis Marques, foram aprovados. Em Dezembro, o MECI autorizou mais duas licenças especiais. No primeiro caso para a professora de informática Helena Maria Pinto, cujo primeiro pedido, feito em Setembro, tinha sido recusado. Aquando da avaliação do pedido inicial foi considerado que o Agrupamento de Escolas que a professora ia deixar não tinha substituto. Contudo, de acordo com a resposta, a docente terá tomado a iniciativa de contactar telefonicamente o ministério para indicar que a escola poderia fazer uma reorganização interna da distribuição do serviço lectivo semanal, com outros docentes a assumirem as suas aulas. Este motivo levou a que em Dezembro, após um novo pedido, a licença especial fosse concedida. A outra licença destina-se a uma professora de ensino especial Mariana Neto Nunes. Também neste caso houve um primeiro pedido recusado. O requerimento de 14 de Setembro foi indeferido, segundo o ministério, porque a docente se encontrava com atestado médico desde 1 de Setembro de 2024 pelo que foi considerado que não tinha “condições para a docência”. No entanto, a 25 de Novembro a docente apresentou-se novamente ao serviço e a 2 de Dezembro fez um novo pedido, que acabou por ser aprovado, por ser considerado que o substituto de Mariana Neto Nunes na escola inicial tinha condições para continuar no cargo. A estes pedidos junta-se a aprovação do requerimento de Anabela de Lemos, professora de Matemática, que data de Setembro. Garantir as aulas Na resposta aos deputados do PS, o MECI ressalva que a aprovação das licenças especiais para leccionar em Macau cumpre a legislação em vigor e que não pode aprovar pedidos que façam com que os alunos das escolas originais fiquem sem professores. “Por último, cumpre informar que a Direção-Geral da Administração Escolar desenvolve os procedimentos para autorização das licenças especiais em conformidade com os pedidos dos docentes, no quadro da lei vigente, articuladamente com a Escola Portuguesa de Macau e com as escolas onde estão providos os docentes em Portugal, não podendo autorizar as referidas licenças a docentes que deixem os alunos sem aulas”, foi justificado. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista tinha acusado o Governo de Portugal, constituído pelos Partido Social Democrata (PSD) e Partido do Centro Democrático e Social (CDS), de desinteresse por Macau e pela comunidade portuguesa no território.
João Luz Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Pedido fim de residências para especialistas Um membro do Conselho de Serviços Comunitários das Ilhas defende que o Governo deve abandonar o projecto de habitação em Seac Pai Van para médicos e funcionários do Hospital das Ilhas e, no seu lugar, criar instalações recreativas e desportivas. O conselheiro justifica a posição com o facto de a maioria dos médicos e funcionários serem residentes de Macau O Governo planeia construir edifícios habitacionais em Seac Pai Van para alojar médicos especialistas e funcionários do Hospital Macau Union, também conhecido como Hospital das Ilhas. Porém, o membro do Conselho de Serviços Comunitários das Ilhas Ho Chong Chun defende que o Executivo de Sam Hou Fai deve abandonar o projecto e usar o terreno para acrescentar instalações recreativas e desportivas de Seac Pai Van, um apelo que os moradores da zona têm repetido ao longo dos anos. Em declarações ao jornal Ou Mun, o conselheiro, que até há pouco tempo foi vice-presidente dos Kaifong, justificou a sua posição com o facto de a maioria dos funcionários e médicos do novo hospital serem residentes de Macau e que apenas uma pequena parte do quadro da instituição, médicos clínicos seniores ou médicos instrutores, foram enviados da capital pelo Hospital Peking Union. Ho Chong Chun reforça a ideia, indicando que as exigências profissionais da cerca de meia centena de médicos destacados para Macau obriga a que passem pouco tempo no território. Além disso, tempo em conta a permanência intermitente dos profissionais em Macau, o conselheiro acrescentou que o Hospital das Ilhas tem um dormitório, com uma área de19,5 mil metros quadrados, que oferece cerca de 250 quartos. Outro indicador que o responsável apontou foi a baixa taxa de utilização do dormitório, depois de ter sido muito usado durante a pandemia. Alertas para despesismo Recorde-se que o edifício residencial para médicos especialistas em Seac Pai Van irá ocupar o lote em frente do edifício de habitação pública Ip Heng, um dos blocos afectados pela queda de azulejos das paredes exteriores na zona, e tem um custo estimado de 500 milhões de patacas. O deputado Ron Lam foi uma das pessoas que alertou para o eventual despesismo do projecto, mostrando-se relutante face à necessidade de construir um bloco de edifícios para médicos especialistas, que vão auferir salários elevados. Daí as críticas recentes de Ho Chong Chun, que pediu também uma alteração das prioridades do Governo. O conselheiro refere que desde a construção dos complexos de habitação pública em Seac Pai Van, as estimativas do Governo apontavam para a criação de uma comunidade com cerca de 60 mil moradores. Desde que os prédios começaram a receber residentes, em 2013, uma das queixas mais frequentes, além dos problemas relativos à qualidade da construção e escassez de transportes, prendeu-se com a falta de instalações ao ar livre, sobretudo de espaços desportivos. Em 2022, o Governo de Ho Iat Seng apresentou um plano para construir um campo de futebol, um parque e zonas para desporto e recreação infantil, porém os projectos foram suspensos depois da divulgação do Plano Director da RAEM.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Ho Kam Meng detido e acusado de associação criminosa Em prisão preventiva há cerca de dois meses e com a inscrição na Associação dos Advogados suspensa, o advogado Ho Kam Meng está detido acusado do crime de associação criminosa e corrupção Ho Kam Meng está a ser acusado de ter criado uma associação secreta em conjunto com o ex-Procurador da RAEM, Ho Chio Meng, e o Procurador-Adjunto, Kong Chi. A informação foi revelada pelo Canal Macau, que adianta que o advogado está em prisão preventiva há cerca de dois meses. De acordo com a mesma fonte, as suspeitas sobre o advogado estão relacionadas com o exercício de funções no Ministério Público (MP), ainda antes de se tornar advogado. Desde Setembro que era público que Ho Kam Meng estava suspenso enquanto advogado, embora a associação nunca se tenha expressado publicamente sobre o assunto. Nessa altura, o perfil do advogado deixou de estar acessível no portal da associação. A emissora recorda também que em 2017 o nome de Ho Kam Meng surgiu durante o julgamento de Ho Chio Meng, como uma das pessoas que chefiava um dos grupos responsáveis pela aquisição de património, por nomeação do antigo Procurador. Além da acusação de associação secreta, a TDM indica que o advogado está igualmente acusado de crimes de corrupção, o que terá levado a que fossem realizadas buscas no seu escritório, com a apreensão de computadores e processos. Más companhias A associação entre Ho Kam Meng, Ho Chio Meng e Kong Chi deixa antever problemas para o advogado, dado que no passado os magistrados foram condenados com penas pesadas. Ho Chio Meng foi condenado em 2017 a uma pena de prisão de 21 anos pela prática de 1092 crimes no Tribunal de Última Instância, que tinha como principal juiz Sam Hou Fai, actualmente Chefe do Executivo. O ex-Procurador foi dado como culpado da prática de 490 crimes de participação económica em negócio, 450 crimes de burla simples, 65 crimes de burla qualificada de valor elevado, 49 crimes de branqueamento de capitais agravado, 23 crimes de burla qualificada de valor consideravelmente elevado, dois crimes de inexactidão dos elementos de declaração de rendimentos, um crime de peculato de uso, um crime de peculato, um crime de destruição de objectos colocados sob o poder público, um crime de promoção ou fundação de associação criminosa e um crime de riqueza injustificada. Kong Chi, de quem Ho Kam Meng é amigo de infância, foi condenado no ano passado a uma pena de prisão de 17 anos, pela prática de 22 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 19 crimes de prevaricação, 7 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de abuso de poder, 1 crime de favorecimento pessoal e 1 crime de riqueza injustificada.
João Santos Filipe Manchete SociedadeComércio | Negócios continuam aquém das expectativas A quebra do volume das vendas no ano passado levou a Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau a marcar uma reunião para discutir estratégias e ajudar as PME a encararem o novo cenário económico Apesar de o número de entradas e saídas em 2024 ter atingido um novo recorde histórico, com um registo de 210 milhões de entradas e saídas, muitas pequenas e médias empresas (PME) não sentiram os benefícios da maior circulação de pessoas. O cenário foi traçado pelo o vice-presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau, Lo Wang Chun, num programa da Radio Television Hong Kong (RTHK). Face ao facto de os negócios em áreas de luxo, como a venda relógios, joias, artigos de couro ou equipamento de telecomunicações terem inclusive registado uma perda de 20 por cento entre Janeiro e Setembro de 2024, a Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau realizou um encontro para discutir o problema. Na visão de Lo Wang Chun o menor consumo deve-se ao facto de Macau ter perdido as vantagens comerciais face a outros destinos, como o Japão ou a Tailândia. “O Japão e Tailândia aplicaram medidas de isenção de visto para os turistas da China, enquanto os turistas da China ainda precisam de pedir visto de entrada em Macau. Este aspecto significa que Macau perdeu uma vantagem”, afirmou Lo. “Também temos de ter em conta a taxa de câmbio nestes países. Viajei para a Tailândia e troquei uma pataca por 4,2 Baht, se estivesse a trocar renminbis até recebia mais Baht”, apontou. No programa, foram ouvidos outros comerciantes que se mostraram preocupados por terem registado uma redução nas vendas durante as festividades recentes, em comparação com o que aconteceu no final de 2023. Pensar diferente Lo Wang Chun recusou ainda a ideia de que Macau seja um destino para turistas do Interior com pouco dinheiro: “Eles consumem em Macau, têm vontade e capacidade para pagar três mil patacas para um bilhete de concerto, por isso não acredito que a redução do consumo esteja ligada à falta de poder de compra dos visitantes”, argumentou. Apesar das dificuldades, Lo Wang Chun mostrou confiança de que a recente medida de permissão de entradas múltiplas para os turistas de Zhuhai possa ajudar a indústria. “Esta medida de múltiplas entradas para os residentes de Zhuhai vai permitir que eles sejam como nós, quando nos deslocamos frequentemente para Hong Kong. A cidade de Zhuhai tem uma população de 1,7 milhões de pessoas, não é um número pequeno, por isso devemos pensar em como atrair estes clientes e como fazer com que gastem mais dinheiro”, considerou. Lo Wang Chun apelou ainda às PME para evitarem pessimismos e que adoptem uma nova mentalidade, com novas estratégias de comércio. A título de exemplo, Lo sugeriu uma maior ligação entre as PME e outros fornecedores, para melhor promover os produtos locais, ao mesmo tempo que se deve apostar numa maior diferenciação da oferta para os turistas face às regiões vizinhas de Hong Kong e do Interior.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde | Governo alerta para aumento de casos de gripe O território enfrenta o pico de epidemia de gripe, com aumentos registados em adultos e crianças. A grande maioria dos casos, 75 por cento, diz respeito ao vírus AH1. Os Serviços de Saúde apelam à vacinação para prevenir mais ocorrências Os Serviços de Saúde (SS) alertaram ontem para a chegada do pico de epidemia do vírus influenza, que causa gripe, e que “ultrapassou o nível de alerta”. Dados divulgados mostram que a partir da segunda quinzena do último mês o número de doentes com gripe que procuraram tratamento médico “começou a aumentar, especialmente entre os adultos”. Na semana do Natal, a “proporção de consultas no Serviço de Urgência de Adultos por doenças semelhantes à gripe, em relação ao número total de consultas, foi de 5,2 por cada 100 consultas”. No caso da urgência pediátrica, a proporção foi de 15,6 casos de gripe por cada 100 consultas, o que “representou um aumento significativo em relação” à semana anterior, sendo que, nos adultos, o aumento dos casos de gripe foi de 39 por cento, e nas crianças 23,1 por cento. Destaque ainda para o aumento de 2,6 por cento da taxa de positividade do vírus da gripe na semana que começou a 16 de Dezembro, sendo que essa mesma taxa foi de 15 por cento na semana do Natal, superior ao nível de alerta sobre o vírus, de 14,5 por cento. Os SS explicam, assim, que “Macau entrou no pico da epidemia, prevendo-se que continue activo nas próximas semanas”. Relativamente aos tipos de vírus, são “principalmente o vírus influenza A H1”, em 75 por cento dos casos, sendo que os restantes são vírus influenza A H3, com 12,3 por cento; vírus influenza A (não tipificado), com 6,3 por cento, percentagem semelhante aos casos de vírus gripal B. 21 casos em 2024 Os SS fazem ainda o balanço dos casos detectados no ano que ainda agora terminou, ocorrendo 21 casos graves de gripe. Só em Dezembro último ocorreram quatro casos de infecção colectiva de gripe envolvendo 41 pessoas, principalmente em jardins de infância e escolas primárias e secundárias. Destaque ainda para a ocorrência, na última sexta-feira, de um caso de infecção colectiva de gripe numa turma da Escola de Aplicação Anexa à Universidade de Macau, com seis rapazes a registar sintomas de gripe desde o dia 29 de Dezembro. Esses sintomas eram febre e tosse e obrigaram a tratamento médico. A mesma nota dos SS dá conta que “as condições clínicas dos doentes são consideradas ligeiras, não tendo sido registados casos graves ou internamento”. A fim de travar este aumento, os SS apelam à vacinação da população. “Os residentes que ainda não foram vacinados contra a gripe, especialmente as grávidas, as crianças, os idosos e os portadores de doenças crónicas que são mais susceptíveis a complicações graves ou a morte após a infecção pelo vírus influenza, devem recorrer com a maior brevidade possível à vacinação antigripal”, é referido.
João Luz Manchete PolíticaConsumo | Ella Lei pede nova ronda optimizada de cupões Ella Lei quer saber se o Governo irá lançar uma nova ronda de cupões de desconto para estimular o comércio nos bairros residenciais, alargando o tipo de lojas beneficiárias e o período para usar os cupões. A deputada também sugeriu que o público de espectáculos de grande dimensão receba cupões para gastar nos bairros A popularidade do programa de cupões de desconto para estimular o comércio local e aliviar as pressões financeiras da população foi reconhecida pela deputada Ella Lei. A legisladora da bancada parlamentar dos Operários divulgou ontem uma interpelação escrita a perguntar ao Governo se irá lançar uma nova ronda do programa de cupões de desconto, sugerindo algumas alterações, como o alargamento do período para usar os descontos, além dos fins-de-semana, e a revisão do tipo de estabelecimentos beneficiários do programa. Recorde-se que o Governo indicou que iria analisar os efeitos do programa, que terminou no dia 29 de Dezembro, avaliando a sua eficácia e as perspectivas de crescimento económico. Como tal, Ella Lei pergunta que lições o Executivo tirou do programa e da popularidade que ganhou e se irá lançar uma nova ronda ou um programa semelhante. Grande espectáculo Após a realização “com sucesso” dos concertos que inauguraram o novo recinto para espectáculos ao ar livre, Ella Lei considera que o conceito de Macau como “Cidade do Espectáculo” oferece uma oportunidade para fomentar a economia dos bairros comunitários. Assim sendo, a deputada entende que o Governo deve implementar ou encorajar os organizadores de eventos a distribuir cupões de descontos para quem compra bilhetes, turistas e residentes, para usar em lojas e restaurantes dos bairros residenciais. Ella Lei considera que a medida poderia redireccionar o fluxo de turistas para os bairros comunitários, aumentar a estadia dos visitantes em Macau, promover os elementos não-jogo e a diversificação da economia. Além disso, a deputada pede ao Executivo de Sam Hou Fai que tenha em consideração os idosos, pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldades em usar pagamentos electrónicos, impedindo-os de beneficiar dos apoios. Para tal, Ella Lei pediu o lançamento de um programa semelhante para estes segmentos da população, que não implique o uso de aplicações de telemóvel.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePME | Estudo diz que tecnologia foi essencial para sobreviver à pandemia Durante a pandemia, as pequenas e médias empresas de Macau foram obrigadas a procurar formas de sobrevivência e a aposta nas novas tecnologias e redes sociais ajudou a manter negócios. Uma dissertação de mestrado de Lai Ieng Chio, defendida no Instituto Superior de Economia e Gestão, apresenta quatro casos de resiliência e adaptação Chama-se “A adaptação das PME à covid-19 em Macau: O foco na Informação Tecnológica” e revela a forma como algumas pequenas e médias empresas de Macau se adaptaram às novas tecnologias, alterando modelos de negócio e inovando, para responder à crise económica que o território enfrentou durante os anos de combate à pandemia da covid-19. Este estudo constitui a dissertação de mestrado em Gestão de Sistemas de Informação defendida por Lai Ieng Chio no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa. Contendo entrevistas a quatro empresários locais, o estudo conclui que “as atitudes dos empresários e a adopção das tecnologias da informação foram essenciais para apoiar as pequenas e médias empresas (PME) de Macau a sobreviver à crise, melhorando a capacidade de resiliência e a eficiência das empresas”. Além disso, a aposta em formatos online ou nas vendas através das redes sociais, entre outras ferramentas digitais, trouxe a possibilidade de adaptação “às condições do negócio em constante mudança”. As quatro empresas versadas no estudo operam nas áreas da educação, propriedade intelectual; desporto e saúde, no caso concreto um estúdio de Yoga fundado em 2019; e uma empresa de marketing. A empresa mais antiga foi fundada em 2013 e, à data das entrevistas, empregava 20 pessoas a tempo inteiro, tendo 400 trabalhadores ocasionais e em regime freelancer. O responsável pela empresa de marketing lembrou que “antes de 2019, (as empresas locais em Macau) faziam principalmente marketing tradicional offline… A covid-19 obrigou-os a transformarem-se e a começarem a fazer marketing em linha… agora viram as vantagens disso e continuam a fazê-lo”. Desta forma, Lai Ieng Chio aponta que o empresário “enquanto profissional da indústria das tecnologias da informação, apresentou uma perspectiva mais ampla, salientando a mudança significativa nas estratégias de marketing no panorama empresarial local em Macau”. Neste contexto, a pandemia “funcionou como um catalisador, obrigando-as a fazer a transição para o marketing online”, sendo que “as empresas continuaram a fazer marketing online mesmo após a pandemia, reconhecendo as suas vantagens”. O empresário acrescentou que a pandemia trouxe lições e modos de trabalhar diferentes. “Foi uma grande oportunidade porque o nosso principal negócio era online. As restrições obrigaram as pessoas a mudar para o online pois viram que os resultados eram satisfatórios, existindo agora uma maior percepção quanto a isso. Cada vez há mais pessoas a pedirem-nos ajuda para a transformação [do seu negócio]”, apontou. No caso desta empresa, o estudo salienta que “o negócio beneficiou com a mudança” ocorrida com a passagem do marketing offline para online, tendo em conta que “mais empresas procuraram ajuda para a transformação digital”. Adaptações online No caso da empresa ligada à educação, em formato de franchising, foi fundada em 2020, tendo apenas dois funcionários a tempo inteiro. Aqui a transição para o online foi bastante desafiante, com o encerramento das escolas e demais instituições de ensino em diferentes fases e períodos. Porém, o entrevistado destacou que a empresa começou também a apostar no marketing online. “Utilizámos de forma oficial as redes sociais este ano [2023] e começámos a utilizar os sistemas de informação para encomendar e organizar materiais didácticos.” Desta forma, o estudo destaca que a maioria dos entrevistados adoptou “o marketing online e sistemas de informação” digitais, sendo que o caso da empresa ligada à educação demonstrou “uma abordagem proactiva à adopção de ferramentas digitais, tanto para marketing como para eficiência operacional”. O uso de ferramentas digitais foi também útil para manter o estúdio de Yoga operacional. “Fazemos algumas coisas online (…) utilizando o FaceBook, o Instagram, o Wechat (…) principalmente por ser conveniente para a promoção e o marketing (…) e começámos a utilizar sistemas de informação para o registo dos alunos”, foi dito na entrevista para o estudo. No que diz respeito à empresa da área da propriedade intelectual, houve também a necessidade de adaptação, sendo que os anos de pandemia até levaram o entrevistado a perceber onde estava a errar no negócio. “Graças à covid-19 consegui ver mais claramente os pontos fracos [da empresa], pelo que desenvolvemos uma nova forma de funcionamento e começámos a utilizar grandes volumes de dados e algoritmos para nos ajudar a navegar. Por exemplo, devido à pandemia, cada vez mais pessoas começaram a ter gatos como animais de estimação. Foi uma boa oportunidade para seguir esta tendência que os grandes dados me mostraram e lançar produtos relacionados”, foi referido. Digital foi a resposta Tendo em conta os quatro exemplos analisados, o estudo denota que “os empresários de Macau se depararam com uma miríade de dificuldades, que vão desde as dificuldades financeiras à exaustão emocional”. No caso do centro de explicações, a empresa do ramo da propriedade intelectual e do estúdio de Yoga houve “rendimentos nulos, despesas contínuas e um futuro incerto”, embora todos os empresários tenham demonstrado capacidade de “resiliência e adaptação”. Desta forma, o recurso às plataformas online e meios digitais “foram identificadas como estratégias-chave não só para sobreviver, mas também para prosperar no panorama empresarial transformado”, tendo-se verificado, nos anos de pandemia, “numa resposta dinâmica e adaptativa dos empresários de Macau na sequência das perturbações sem precedentes provocadas pela crise sanitária mundial”. O estudo denota ainda que “a capacidade de se adaptar e de adoptar novas tecnologias e abordagens revelou-se essencial para as PME de Macau sobreviverem e prosperarem num ambiente difícil”. Verificou-se ainda “a importância crescente das tecnologias da informação, particularmente do marketing online através de plataformas de redes sociais e da aplicação de sistemas de informação no panorama empresarial de Macau”. O estudo destaca também a continuidade do uso destas ferramentas por parte das PME locais. “Mesmo após a pandemia, as empresas continuaram a reconhecer as vantagens das tecnologias da informação para alcançar um público mais vasto, estabelecer contacto com potenciais clientes e melhorar a eficiência operacional. À medida que as PME continuam a navegar no ambiente empresarial em constante mudança, espera-se que a sua capacidade de adaptação e inovação continue a ser crucial para o sucesso a longo prazo.” Lai Ieng Chio denota que a actual situação empresarial “é dinâmica e que o impacto da covid-19 nas PME de Macau vai continuar a evoluir”, apelando à realização de estudos com maior abrangência e actualização de dados. Apesar destas conclusões, a verdade é que muitos deputados e analistas têm apontado as dificuldades que as PME continuam a enfrentar em Macau, não só porque estão ainda a recuperar dos anos da pandemia, como têm de se adaptar a novos formatos de consumo por parte dos residentes, que viajam mais para o Interior da China, e dos próprios turistas.
João Luz Manchete SociedadeMorreu Afonso Carrão Pereira, empresário da restauração Afonso Carrão Pereira, empresário da área da restauração, morreu na sexta-feira com 79 anos. Mais de quarenta anos de Macau, tornaram Afonso Pereira num homem da terra, a que chegou em 1984, e uma figura incontornável da restauração portuguesa no território. Natural de Paialvo, Tomar, Afonso Pereira chegou a Macau para abrir o “Afonso’s” no Hotel Hyatt, na Taipa, cabendo-lhe igualmente tomar as rédeas do restaurante “1999” em Coloane. No Verão de 1990 abriu o “Afonso III”, que foi um dos pontos nevrálgicos da Rua Central durante mais de duas décadas, e ponto de encontro da comunidade portuguesa e de quem não dispensava uma faustosa e bem regada refeição, sem aditivos supérfluos. Após, a mudança para a Rua de Tomás Vieira, o restaurante de Afonso Pereira passou a chamar-se Café Xina, nas traseiras do Hospital Kiang Wu. Aberto em Julho de 2014, trinta anos depois de Afonso Pereira ter chegado a Macau, o Café Xina formou uma dupla de peso nas noitadas de Macau com o bar Che Che, hoje em dia Mico. Após fechar o Café Xina, Afonso Pereira ainda arranjou forças para ter um balcão de comida para fora na Avenida Sidónio Pais, negócio que abriu em colaboração com o filho. Amor à mesa A imagem do chef que transforma a cozinha num local de batalha, com berros e gestos de irascibilidade, tornou-se num cliché propagado pela televisão. Afonso Pereira tornou-se uma figura que gerou alguma controvérsia, especialmente em críticas em sites como o Tripadvisor para clientes habituados a “paninhos quentes”. Na versão em inglês, as críticas dividem entre o fantástico e as estórias de terror, incluindo uma crítica em que o internauta se queixava de ter sido ameaçado com uma barra de ferro pelo dono do restaurante. Quem privou com Afonso Pereira conheceu-lhe o temperamento especial, como um teste de carácter de primeiros encontros. Passado pouco tempo e atingido um conhecimento mútuo, vinha ao de cima a enorme ternura que dava tanto prazer conquistar. A partir daí, já não se estava num restaurante, estava-se em casa de um amigo. Afonso Carrão Pereira foi durante cerca de quatro décadas um embaixador da boa gastronomia portuguesa, das porções generosas e da comida feita sem efeitos especiais para publicar nas redes sociais. Homem de um coração imenso, irá deixar muitas saudades. Paz à sua alma. Até sempre, Afonso.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Direcção justifica saídas de docentes com “algumas dificuldades” Numa mensagem publicada nas redes sociais, a direcção da Escola Portuguesa de Macau explica as mudanças no quadro de professores com “algumas dificuldades” e com o “feedback” de encarregados de educação. Gonçalo Alvim, que leccionava físico-química e matemática, nega ter sido despedido A Escola Portuguesa de Macau (EPM) justificou a saída de dois docentes contratados localmente com a existência de “algumas dificuldades”. A posição foi tomada na sexta-feira, através de um comunicado publicado nas redes sociais, em resposta à notícias do despedimento de uma professora de economia e da saída de um professor que ensinava matemática e físico-química. “Dado o atraso da vinda e a ausência de determinados docentes de Portugal, foram temporariamente contratados dois docentes locais e a título experimental para colmatar algumas dessas lacunas”, justificou a EPM, sobre as duas contratações. “Não obstante o currículo profissional e o mérito desses contratados locais, a escola durante este período apercebeu-se de algumas dificuldades, recebeu feedback de pais, encarregados de educação e alunos e concluiu que seria melhor encontrar outra solução”, foi acrescentado. No comunicado em que são confirmados oficialmente as saídas, a Direcção da EPM indica também que “tem plena consciência que leccionar a alunos do 3º ciclo e do secundário é uma tarefa complexa e pedagogicamente desafiante”. O comunicado apresenta também um agradecimento aos dois docentes: “A Direcção da EPM não quer deixar esta oportunidade de publicamente agradecer a disponibilidade, dedicação e empenho desses docentes”, pode ler-se na mensagem deixada nas redes sociais. A fazer esforços Na mensagem para “informar” os “pais, Encarregados de Educação e órgãos de comunicação social”, a direcção garante também ter presente que parte dos alunos afectados pelos despedimentos tem de fazer exames nacionais, que contam para a entrada nas instituições de ensino superior em Portugal. “A Direção da EPM vem por este meio informar os pais e Encarregados de Educação dos alunos da EPM que a escola está a envidar todos os esforços para assegurar o normal funcionamento das aulas e respectivo currículo escolar, em particular aos alunos que vão ter exames de aferição e exames nacionais”, foi garantido. Ao longo do comunicado e nas tentativas de contactos que foram feitas antes das notícias iniciais, a EPM nunca negou a existência de despedimentos. No entanto, em declarações ao HM, o arquitecto Gonçalo Alvim, que leccionava físico-química e matemática, afirmou não ter sido despedido, e que tinha informado o coordenador das disciplinas que ensinava que não pretendia continuar a leccionar após o primeiro trimestre. Gonçalo Alvim disse ainda que o director da escola, Acácio Brito, depois da atribuição das notas do primeiro semestre, se mostrou solidário com a sua decisão e que o informou que a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) tinha recusado a sua inscrição como docente. “Portanto, e quero frisar isto, a minha não-continuação como professor não teve a ver com nenhum despedimento da Direcção, como foi referido erradamente neste jornal […]. Partiu, de mim, antes de mais, e foi selada por um despacho da DSEDJ. Quanto a outros casos da EPM, não sei, não têm a ver com o meu”, destacou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIAM | Ratos levam a encerramento de três supermercados Royal O Instituto para os Assuntos Municipais obrigou a Royal a suspender o funcionamento de três supermercados, devido à existência de ratos, após uma inspecção a todas as lojas da cadeia. A empresa pediu desculpas e prometeu melhorar as condições de higiene O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou ter encerrado na sexta-feira três supermercados da cadeia Royal, por motivos de segurança alimentar, devido à existência de ratos nas superfícies. O anúncio foi feito num comunicado apenas com versão chinesa, e surge depois de ter circulado, na quinta-feira à noite, um vídeo nas redes sociais em que se vê um rato numa prateleira de produtos refrigerados. De acordo com as explicações do IAM, após a publicação do vídeo foram enviados inspectores para todos os supermercados da cadeia Royal, resultando no encerramento de três estabelecimentos, um localizado na Rua de Pequim, na Península de Macau, outro na Avenida Dr. Sun Yat-Sen na Taipa e um terceiro em Seac Pai Van, em Coloane. O IAM anunciou ter igualmente pedido à empresa que “destruísse todos os produtos alimentares vivos e frescos nos estabelecimentos” e que “procedesse a uma limpeza e desinfecção exaustivas”. Nos espaços encerrados temporariamente, os inspectores encontraram sinais da existência de ratos, consideraram que “as condições de higiene” eram “médias”, as medidas de prevenção e controlo de roedores “insuficientes”, tal como os equipamentos contra infestações de ratos. “A campanha contra as infestações por roedores são um esforço a longo prazo que requer prevenção na fonte, e a sua eficácia depende da cooperação activa do comércio e da população na melhoria da higiene ambiental”, foi considerado pelo IAM. Desculpas públicas Horas depois de o IAM ter revelado o encerramento temporário, a empresa emitiu um comunicado a pedir desculpas pelo sucedido. “Gostaríamos de pedir as mais honestas desculpas pela experiência desagradável causada pela recente descoberta de infestações por roedores nos supermercados. Atribuímos sempre a maior importância às questões da segurança alimentar e da higiene”, foi comunicado. “A infestações por roedores expuseram a negligência e as deficiências na gestão dos nossos supermercados. Após este incidente, procedemos rapidamente a uma limpeza e desinfecção através de serviços profissionais, em todos os estabelecimentos encerrados para resolver os problemas. Simultaneamente, serão efectuadas inspecções pormenorizadas a todos os bens e instalações e os alimentos relevantes serão imediatamente eliminados, a fim de garantir um ambiente de compras higiénico, arrumado e seguro para os clientes”, foi acrescentado. A empresa referiu ainda que o caso é uma lição e que vai ser utilizada para melhorar os serviços aos clientes. De acordo com a informação no portal oficial do grupo, a Royal explora actualmente 17 supermercados no território.