Jogo | Citigroup faz revisão em baixa de crescimento

Com muitos dos maiores apostadores a serem proprietários de empresas que exportam para os Estados Unidos, o banco de investimento acredita que as tarifas de Donald Trump vão ter um impacto indirecto em Macau

 

O banco de investimento Citigroup reduziu em mais de metade as previsões de crescimento do sector do jogo para este ano. A diminuição foi explicada pelo que foi considerado o fraco desempenho dos casinos durante os dias do Ano Novo Lunar, tradicionalmente uma das épocas mais altas do turismo, assim como o impacto das tarifas impostas por Donald Trump às exportações chinesas para os Estados Unidos.

De acordo com o banco de investimento, citado pelo portal GGR Asia, grande parte dos jogadores VIP nos casinos de Macau são proprietários de fábricas no Interior, muitas vezes com negócios virados para as exportações, inclusive para os Estados Unidos. Por isso, o banco considera que há o risco destes jogadores verem os seus rendimentos afectados, com as tarifas de 10 por cento sobre as importações no Estados Unidos para os produtos chineses, o que terá consequências no montante disponível para jogar, assim como na vontade de virem até Macau.

Segundo a nova previsão, o Citigroup estima que as receitas brutas do jogo registem um crescimento de 3 por cento, o que contrasta com a previsão anterior, que indicava um crescimento de 7 por cento. E na primeira metade do ano, o banco de investimento admite que as receitas brutas registem mesmo uma redução de cerca de 1 por cento.

Abaixo do previsto

Na perspectiva do Citigroup, a indústria do jogo gerou receitas de médias de 589 milhões de patacas por dia em Janeiro e de “cerca de 900 milhões de patacas” por dia nos primeiros dias de Fevereiro, o que representa um valor abaixo do esperado. Os primeiros quatro dias de Fevereiro já abrangeram o período das celebrações do ano Ano Novo Lunar.

O banco atribuiu os níveis de receitas decepcionantes a “alguns cancelamentos de última hora de viagens a Macau por parte dos jogadores”, que aconteceram nos últimos dias das festividades.

“Estes dois dados tornam-nos mais cautelosos em relação às tendências a curto prazo das receitas do jogo”, escreveram os analistas George Choi e Timothy Chau, no relatório citado pelo portal GGR Asia. “Acreditamos que a implementação das tarifas dos Estados Unidos contra a China a 1 de Fevereiro reduziu a procura pelo jogo no final do Ano Novo Lunar e antecipamos que esse impacto vai continuar durante a maior parte do primeiro semestre de 2025 “, foi justificado. “Segundo a tendência actual, se juntarmos as receitas de Janeiro e de Fevereiro, podemos observar uma tendência negativa”, foi acrescentado.

Histórias distintas

Apesar do pessimismo para a primeira metade do ano, a situação deverá melhorar na segunda fase, com o Citi a indicar que espera um “quadro mais risonho em Junho”. “Esperamos que o sentimento dos jogadores comece a recuperar no segundo semestre de 2025, à medida que o impacto das tarifas [norte-americanas] for sendo digerido”, foi apontado.

Como um dos factores de optimismo para a segunda metade do ano, o Citi aponta que a procura pelas mesas de jogo deverá “acelerar à medida que os grandes eventos regressam a Macau”, indicando como exemplo o espectáculo do actor e cantor Jacky Cheung, programado para Junho, na Galaxy Arena.

11 Fev 2025

Mercados | Leong Sun Iok pede planos de desenvolvimento

Com as bancas de rua a enfrentarem dificuldades no mercado de São Domingos, o deputado dos Operários pede ao IAM que autorize a venda de produtos mais diferenciados e que crie uma zona cultural no piso subterrâneo do edifício, para as indústrias culturais

 

Leong Sun Iok pediu que o Instituto para os Assuntos Municipais revele os planos de desenvolvimento dos mercados locais, principalmente no que diz respeito às bancas nas ruas. O pedido faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), divulgada ontem.
De acordo com o deputado, nos últimos anos o IAM tem renovado vários mercados locais e actualizado as leis, o que veio permitir que a nível da restauração a oferta nestes espaços esteja em maior consonância com as tendências recentes.

No entanto, Leong Sun Iok defende que o IAM deve apresentar projectos para a situação das bancas no exterior, que estão a desaparecer, mesmo em alguns dos mercados mais populares, como acontece no mercado de São Domingos ou no mercado da Taipa.

“Os mercados de São Domingos e da Taipa estão situados em zonas muito movimentadas da cidade, muito frequentadas por residentes e turistas. Mas, apesar do IAM ter optimizado os mercados nos últimos anos, com a redefinição das zonas interiores, melhoria das casas-de-banho e disponibilizado uma melhor experiência de consumo, o grande problema está relacionado com os novos hábitos de consumo a nível das bancas”, escreveu o deputado. “Há cada vez menos pessoas a comprar nas bancas de rua dos mercados, o que faz com que os comerciantes estejam a desaparecer”, acrescentou.

Por isso, o deputado quer saber como é que o IAM vai permitir que as bancas de venda se possam adaptar aos novos tempos: “Em 2023, o IAM afirmou que estava a considerar optimizar as bancas de rua do mercado de São Domingos, com base nos hábitos de consumo dos residentes e turistas. Qual é o ponto de situação destes trabalhos?”, questiona.

Aposta no consumo

No mesmo sentido, o deputado pretende saber se o IAM vai realizar um estudo sobre os produtos com maior procura nas bancas exteriores do mercado, para depois tentar lançar novos concursos de distribuição das bancas para a venda dos mesmos.

Por outro lado, Leong Sun Iok sugere que o mercado de São Domingos também pode ser utilizado como um lugar cultural: “Em termos do mercado de São Domingos, o piso subterrâneo está actualmente a ser utilizado como arrecadação. Será que o IAM vai considerar libertar este espaço e utilizá-lo para outros fins, nomeadamente para actividades culturais e para o desenvolvimento deste tipo de indústrias?”, perguntou.

Na interpelação, o deputado pretende ainda que o IAM faça um ponto de situação sobre o andamento dos trabalhos de renovação do mercado da Taipa, nomeadamente sobre a possibilidade de se realizar um concurso para empresários inovadores, com vista a distribuir as bancas de venda.

11 Fev 2025

AL | Chan Iek Lap admite deixar hemiciclo

Eleito pela via indirecta, o deputado Chan Iek Lap admitiu ontem aos jornalistas que está a cumprir aquele que será o seu último mandato no hemiciclo. O médico entrou no hemiciclo pela primeira vez em 2013, mantendo-se até este ano.

Aos jornalistas, o médico de 68 anos explicou que com o final do mandato, vai dedicar mais tempo para as suas actividades. Em 2021, na última vez que foi eleito pela via indirecta, Chan Iek Lap integrou, no terceiro lugar, a lista “União dos Interesses Profissionais de Macau”, que contava também com os deputados e empresários Chui Sai Cheong e Vong Hin Fai.

Eleições | Wong Kit Cheng quer mais mulheres na AL

Wong Kit Cheng espera que a composição da próxima legislatura traga mais deputadas para a Assembleia Legislativa para defender os direitos das mulheres e trabalhar para o desenvolvimento da RAEM, chamando para a discussão política mais jovens e mulheres.

A deputada que representa a Associação Geral das Mulheres de Macau, em conjunto com o deputado Ma Io Fong, voltou a referir a baixa taxa de natalidade como um problema a resolver, nomeadamente através do aumento da licença de maternidade e do subsídio de nascimento. Porém, para alterar a licença de maternidade será preciso mexer na lei das relações de trabalho, rumo que a deputada lamenta não conhece avanços, nem sequer ao nível de consultas públicas.

11 Fev 2025

AL | Kou Hoi In realça 2024 como o ano com a agenda mais preenchida

O ano passado obrigou a esforços extra dos deputados da Assembleia Legislativa (AL). Esta foi uma das tónicas do discurso de ontem do presidente do órgão legislativo, Kou Hoi In, a propósito do Almoço de Primavera dos membros da AL e representantes da comunicação social. Apesar da “agenda sobrecarregada”, Kou Hoi In elogiou a “atitude activa e programática” e “sentido de missão e de responsabilidade” dos deputados.

Com a entrada na recta final da presente legislatura, o presidente da AL previu que o início do sexto mandato do Governo, “faz antever que os trabalhos nos próximos tempos sejam ainda mais intensos”.

Para já, nesta última sessão legislativa, foram aprovadas na generalidade nove propostas de lei que estão em apreciação na especialidade nas comissões permanentes, assim como um projecto de resolução. Mas, para já, a agenda legislativa será marcada pela primeira apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa do novo Executivo liderado por Sam Hou Fai.

Em retrospectiva sobre o ano passado, Kou Hoi In salientou as efemérides do duplo aniversário da RAEM e da implantação da República Popular da China, assim como o terceiro aniversário da criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Porém, para o presidente da AL, o momento mais alto foi a visita de Estado de Xi Jinping a Macau, que “reforçou a confiança nas vantagens inerentes à fórmula ‘Um País, Dois Sistemas’ e no panorama de desenvolvimento por ela proporcionado”.

O elogio do nacionalismo, amor patriótico e segurança nacional foram os primeiros destaques elencados por Kou Hoi In em termos de trabalho legislativo. “Sempre tomámos a defesa da soberania nacional, e da segurança e dos interesses do desenvolvimento do Estado como princípios orientadores do trabalho legislativo desenvolvido pelo Hemiciclo”, garantiu. Para esse propósito, o deputado salientou a lei do controlo de armas e coisas conexas, aprovada no ano passado, como “uma sólida garantia jurídica para a construção de uma linha de defesa da segurança nacional”.

Mãos firmes

A implementação do princípio “Macau governado por patriotas” foi o segundo ponto do discurso do presidente da AL, que assegura que “o poder da governação de Macau esteja firmemente nas mãos daqueles que amam a pátria e Macau”. Neste capítulo, Kou Hoi In enumerou as leis eleitorais para Chefe do Executivo e para a Assembleia Legislativa, assim como a lei dos juramentos por ocasião de acto de posse. “A aprovação destas três iniciativas legislativas foi essencial para garantir, por um lado, que a eleição do sexto Chefe do Executivo tivesse sido concluída com sucesso”, oferecendo “garantias de um quadro disciplinar aplicável às próximas eleições para a 8.ª Assembleia Legislativa, a ter lugar no corrente ano”.

Por último, Kou Hoi In mencionou os trabalhos referentes à reforma da gestão administrativa e governo electrónico, optimização do ambiente de negócios, elevação da eficiência da governação e dos serviços públicos.

11 Fev 2025

Inteligência Artificial | Estudo destaca meta de liderança da China

A China pretende liderar o mercado global da inteligência artificial, “tanto em termos de teoria, como de aplicações”, procurando auto-suficiência neste domínio. Esta é uma das conclusões da tese de doutoramento de Muhammed Can, “A inteligência artificial como recurso: Uma Avaliação das Estratégias de Mobilização e Extração da China”, defendida na Universidade do Minho

 

Poucos meses antes do lançamento da plataforma “DeepSeek” na China, que revolucionou o mercado da Inteligência Artificial (IA) em concorrência com o “ChatGPT”, foi defendida na Universidade do Minho (UM) uma tese de doutoramento que conclui, precisamente, os passos que Pequim está a dar para buscar a liderança global nessa área. O trabalho, de Muhammed Can, intitula-se “Artificial Intelligence as a Resource: An Appraisal of China’s Mobilization and Extraction Strategies” [A inteligência artificial como recurso: Uma Avaliação das Estratégias de Mobilização e Extração da China], e analisa a conexão da IA às relações internacionais, bem como a estratégia que o país tem adoptado neste domínio nos últimos anos. A tese, na área da ciência política e relações internacionais, foi defendida na Escola de Economia e Gestão da UM.

Assim, conclui-se que o Partido Comunista Chinês (PCC) “tem como objectivo tornar-se líder mundial tanto em termos de teoria como de aplicações de IA”, tendo sido delineados alguns objectivos principais para “o processo de mobilização de recursos e desenvolvimento da IA”. Segundo o autor, estes passam pela “busca da auto-suficiência, uma visão concretizada na estratégia de 2015, ‘Made in China 2025′”, assim como “a transformação económica, com vista a integrar perfeitamente a IA e a automatização na economia nacional”.

De resto, o autor considera que Pequim procura tornar-se um concorrente e líder na área da IA com vista a combater os avanços noutros mercados, nomeadamente nos Estados Unidos, recorrendo a iniciativas como a “Rota da Seda Digital da China e esforços de definição de padrões como caminho para a validação externa”.

Desta forma, “as estratégias de extração de recursos externos da China são facilitadas pelos vários mecanismos económicos, visando a transferência de conhecimento e aquisição de talentos, com o objectivo de preencher a lacuna de recursos com os Estados Unidos”.

O “tecno-nacionalismo”

A tese fala ainda da noção de “tecno-nacionalismo”, ligada à área das relações internacionais, como “a variável mais importante no quadro da política de IA da China”, podendo também “ser visto como uma continuação e manifestação da estratégia de ‘dois mercados, dois recursos’ do PCC”.

Com esta abordagem, a China pretende “proteger o mercado interno e, simultaneamente, expandir-se para o estrangeiro, promover a venda de produtos fabricados na China e extrair recursos como dados, talento, ‘know-how’ e muitos outros”.

Além disso, “as implicações do tecno-nacionalismo também se estendem às empresas tecnológicas estrangeiras que operam na China”, uma vez que, “no contexto das empresas comuns, a China utiliza várias barreiras e tira partido do seu quadro jurídico nacional como instrumento para a transferência estratégica de tecnologia e conhecimentos especializados”.

O trabalho académico tem em conta as políticas e leis implementadas entre 2012 e 2023, concluindo que após o lançamento do “Plano de Desenvolvimento da Nova Geração de Inteligência Artificial” [NAIDP, na sigla inglesa], em 2017, a estratégia chinesa para a IA ganhou um novo rumo. “A tese demonstra que o ritmo a que os recursos foram mobilizados aumentou acentuadamente após o anúncio do NAIDP em 2017”, tendo sido revelado um conjunto “de iniciativas e planos relacionados com a IA, destinados à mobilização sistemática de recursos essenciais para o desenvolvimento da IA”.

Nos anos a que se refere o estudo, “o PCC promulgou uma série de políticas e legislações relacionadas com os dados, incluindo leis relativas à privacidade dos dados individuais”, introduzindo “quadros jurídicos especificamente relacionados com segurança nacional, que têm implicações directas na governação e regulamentação dos dados”.

O autor descreve ainda a forma que Pequim tem adoptado para mobilizar todos os recursos disponíveis em torno da política da IA, com o Conselho de Estado “a promulgar planos estratégicos abrangentes pertinentes para a IA ou assuntos relacionados com a IA – como o Plano de Acção Trienal Internet + Inteligência Artificial”. São estes documentos que vão “articular objectivos e normas a curto e longo prazo, servindo de percurso para um desenvolvimento coordenado neste domínio”. Os recursos essenciais no desenvolvimento de projectos e políticas de IA são “dados, algoritmos e capacidade de computação”.

De frisar que existe uma “estratégia de mobilização de recursos do PCC” que tem a “abordagem de ‘toda a sociedade’ e ‘todo o Governo'”. Tal “implica que todos os segmentos da sociedade, incluindo instituições governamentais, empresas privadas e indivíduos, podem ser envolvidos no esforço de desenvolvimento da IA, se tal for considerado necessário”. Trata-se, segundo a tese, de “uma abordagem integrada que permite uma estratégia mais coesa e abrangente para a mobilização de recursos no contexto do desenvolvimento da IA”.

Após “a introdução de estratégias globais”, o PCC “inicia o processo de mobilização de recursos através de instituições governamentais designadas”, nomeadamente ministérios, o Gabinete de Promoção da IA e a Administração do Ciberespaço da China”.

“Para melhorar a sua estratégia de mobilização de recursos, o PCC incorpora activamente actores privados no ecossistema de desenvolvimento da IA. Ao designar certas grandes empresas tecnológicas como campeãs nacionais da IA, o Governo não só mobiliza estas empresas, como também as incentiva a mobilizar mais recursos de acordo com os objectivos estratégicos do Estado”, lê-se ainda.

Importância dos governos locais

Tal como noutros campos, a China percebeu desde cedo que a IA constituía uma área importante para investir e que teria de fazer parte das estratégias económicas e políticas. Assim, a tese de Muhammed Can “demonstra que as mudanças do PCC na política tecnológica alinham-se de forma estreita com o ambiente estratégico”, pois o partido “percebeu as oportunidades e ameaças em desenvolvimentos globais significativos”.

Ainda no tocante à mobilização de recursos para o desenvolvimento da IA, o autor fala de um processo “complexo e distribuído em vez de uma abordagem singular, de cima para baixo, liderada apenas pelo PCC ou pelo Conselho de Estado”.

“Embora o PCC estabeleça as normas e directrizes gerais, envolve activamente um vasto leque de partes interessadas – incluindo empresas, universidades e organismos ministeriais – no processo de mobilização. Essa estratégia distribuída pode ser entendida no contexto do tamanho da China, tanto em termos de população quanto de extensão geográfica, que exige uma abordagem mais dispersa.”

O autor destaca o “papel preponderante que os governos locais desempenham no desenvolvimento da IA”, pois “funcionam como extensões da autoridade central, e o seu envolvimento activo implica a mobilização directa de recursos”, nomeadamente ao nível de algoritmos e capacidade de computação.

“A tese conclui que os governos locais também instituíram diversas estratégias para melhorar as políticas associadas a dados, algoritmos e capacidade de computação”, pode ler-se. “Alguns governos locais tomaram a iniciativa de formular as suas próprias estratégias de IA antes das autoridades centrais terem emitido directrizes oficiais. Posteriormente, estas estratégias locais foram revistas para se conformarem com as directivas centrais”. Para analisar as políticas locais de IA, o autor analisou os casos de Xangai e Shenzhen.

De resto, a ideia de mobilização em torno da área da IA prende-se com questões históricas, pois Pequim sempre buscou a vanguarda na área da tecnologia, nomeadamente desde os tempos da Guerra Fria. Conforme se lê na tese, “a China começou por confiar fortemente na tecnologia exportados da União Soviética após a criação da República Popular da China”, mas “o ambiente estratégico restritivo começou a evoluir com a visita histórica do Presidente norte-americano, Richard Nixon, em 1972”, tendo representado “uma oportunidade inestimável para a China e os EUA contrabalançarem a ameaça soviética”.

Graças a pesquisa de arquivo, o autor conclui que “o ambiente estratégico da China transitou para um estado parcialmente permissivo por volta de 1978, coincidindo com o início das políticas de reforma e abertura do líder Deng Xiaoping”. A partir desse ano decorreu “uma expansão dramática das oportunidades para o PCC no domínio do desenvolvimento tecnológico”. Em termos gerais, “o conceito de mobilização está intrinsecamente ligado ao papel de vanguarda de longa data do PCC, um papel que facilitou a rápida mobilização de recursos durante momentos-chave de sua história”.

Nem de propósito, a China participa desde ontem na cimeira sobre IA que decorre em Paris, a Cimeira de Acção sobre IA, tendo enviado o vice-primeiro-ministro Zhang Quoqing. Nesta cimeira, que termina hoje, estão presentes “chefes de Estado, investigadores e líderes de empresas tecnológicas que vão debater a forma como os governos devem responder aos rápidos avanços neste domínio”, segundo a Lusa.

11 Fev 2025

Eléctricos | Joe Chan diz ser impossível atingir metas do Interior

Apesar de no ano passado 31,4 por cento dos novos veículos registados no território serem eléctricos, o presidente da Macau Green Student Union não acredita que a renovação do parque automóvel em Macau consiga atingir os objectivos propostos pelo Interior

 

O ambientalista Joe Chan Chon Meng disse à Lusa que é “absolutamente impossível” Macau atingir a meta para os veículos eléctricos na China continental, de 45 por cento das novas vendas até 2027. No início de Janeiro, o Governo chinês divulgou uma lista de objectivos ambientais, que inclui uma revisão em alta da anterior meta para os veículos eléctricos, que era de 20 por cento até 2025.

Na segunda metade do ano passado, os eléctricos representaram mais de metade das vendas de novos veículos, segundo dados da Associação de Automóveis de Passageiros da China. Em Macau, 31,4 por cento dos novos veículos registados em 2024 eram eléctricos, de acordo com dados oficiais. Mas o presidente da Macau Green Student Union sublinhou que os veículos movidos a combustíveis fósseis “continuam a representar uma grande proporção” do parque automóvel do território.

No final de Dezembro, Macau tinha um total de 253.182 veículos, dos quais 12.302 veículos (4,8 por cento) eram eléctricos existentes, de acordo com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Ainda assim, Joe Chan sublinhou que, nos últimos anos, o governo implementou várias medidas para promover o transporte menos poluente, incluindo a criação de mais espaços de carregamento para veículos eléctricos.

Mais atrás

No final de 2023, Macau dispunha de 2.100 lugares de carregamento eléctricos para automóveis ligeiros e 500 para motociclos, indicou a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) no seu portal.

As autoridades lançaram em 2023 um plano de apoio financeiro ao abate de motociclos obsoletos e substituição por motociclos eléctricos novos, no valor máximo de oito mil patacas. De acordo com a DSAT, em 2024 Macau tinha 128.542 motociclos, sendo que apenas 3,5 por cento eram eléctricos, um aumento de 1,4 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Joe Chan sugeriu que as autoridades comecem por restringir os veículos pesados de mercadorias, nomeadamente os usados na construção civil, e os transportes públicos, “uma vez que Zhuhai [a cidade vizinha a Macau] e as zonas limítrofes utilizam gás natural e electricidade”. Na quarta-feira, responsáveis da DSAT disseram ao canal chinês da Rádio Macau que existem 929 autocarros de nova energia em operação, representando mais de 92 por cento do total, enquanto a proporção de autocarros mais poluentes desceu para cerca de 3 por cento.

Quanto aos táxis, existem 210 unicamente eléctricos em circulação, representando cerca de 11,9 por cento do número total, enquanto os táxis híbridos representam cerca de 86,2 por cento do total. “No entanto, no que se refere aos veículos altamente poluentes, como os camiões e os motociclos pesados, as autoridades ainda não definiram um calendário e um prazo muito claros para a sua eliminação progressiva, pelo que a poluição [que causam] é elevada”, lamentou o ambientalista.

10 Fev 2025

Coloane | Antiga prisão vai ser devolvida ao Governo

As instalações e o parque de estacionamento da antiga prisão de Coloane estão a ser limpos e serão devolvidos ao Governo da RAEM. Apesar de ainda não haver plano para o reaproveitamento do local, o Governo indica que lhe será atribuída uma finalidade em consonância com as “necessidades de desenvolvimento social”

 

A mudança das instalações do Estabelecimento Prisional de Coloane da vila para Ká Hó irá acrescentar novos espaços numa zona do território que as autoridades apelidam como “o jardim da RAEM”.

Em resposta a uma interpelação escrita de Leong Hong Sai, o director dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), deu conta do progresso dos trabalhos, sem revelar o que está a ser planeado para reaproveitar a zona. “A Direcção dos Serviços Correccionais está actualmente a proceder à remoção e transferência dos materiais úteis existentes no antigo estabelecimento prisional, localizado em Coloane, na Estrada de Cheoc Van, Rua de S. Francisco Xavier”, indicou Lai Weng Leong. O director da DSSCU acrescentou que após a remoção de materiais, “as antigas instalações do estabelecimento prisional e os parques de estacionamento para trabalhadores a ele anexos serão devolvidos ao Governo da RAEM”.

Para já, Lai Weng Leong afirmou que ainda não foi definida uma finalidade para o terreno da antiga prisão, mas que o Governo “atribuirá a correspondente finalidade, provisória e definitiva, em consonância com o Plano Director e as necessidades do desenvolvimento social, devendo os respectivos procedimentos de concessão cumprir o disposto na Lei de Terras”.

Chegar aos estaleiros

Com aposta turística nos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, o Governo enfrenta um problema de transportes e estacionamento para Coloane, com as viagens de transportes públicos da península a demorar quase o mesmo que uma viagem para Hong Kong.

Em resposta ao deputado da bancada parlamentar dos Kaifong, o Governo salientou a existência de seis carreiras diurnas e uma nocturna que servem as paragens do Mercado de Coloane, Vila de Coloane e Estrada do Campo/PSP -2. Em relação aos problemas de estacionamento, o Executivo recorda que o “Auto-Silo da Rotunda da Concórdia disponibiliza actualmente 198 lugares para automóveis ligeiros e 104 lugares para motociclos e ciclomotores”, que fica a cerca de meio quilómetro dos estaleiros.

Porém, é indicado que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e a DSSCU “estudará, em tempo oportuno, a viabilidade de criar um parque de estacionamento provisório”, sem indicar uma possível localização para o efeito. É ainda referido que, “segundo o Plano Director da RAEM (2020-2040), Coloane destina-se a promover o desenvolvimento do ecoturismo e do turismo cultural, com a criação de uma zona de passeios pela natureza e da Cintura Verde e Resiliente, com base na conjugação dos recursos naturais, designadamente colinas, mar e linhas costeiras”.

10 Fev 2025

Dia de Portugal | Marcelo nas celebrações em Macau

A passagem de Marcelo Rebelo de Sousa ainda não tem data definida, mas vai enquadrar-se na comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, num ano em que as celebrações oficias vão decorrer em Lagos, no Algarve, e depois em Macau

 

O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, vai assinalar em Macau o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, 10 de Junho, embora as datas da visita ainda não estejam definidas. A informação foi adiantada durante o fim-de-semana pela Rádio Macau, e confirmada posteriormente por Alexandre Leitão, cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong.

“É a confirmação de uma informação que no consulado muitos nos honra e penso que honra a comunidade portuguesa. É um gesto de reconhecimento por parte do senhor Presidente da República da relevância e da dimensão da comunidade portuguesa, dimensão essa que como sabemos não se restringe aos portugueses imigrantes, expatriados, portugueses de Portugal, mas todos aqueles que têm nacionalidade portuguesa e vivem em Macau e que são muitos. São muitas dezenas de milhares”, afirmou Alexandre Leitão, em declarações à emissora. “Estou certo que a comunidade portuguesa está irmanada na mesma alegria e satisfação e que juntos saberemos receber o senhor Presidente da República com a gratidão que este gesto nos merece”, acrescentou.

Também ao Canal Macau, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução Macaense mostrou-se satisfeito com a notícia. “Obviamente não é apenas uma mera vista, é uma visita do Presidente da República, ligada a um dia especial que é o 10 de Junho. Não é todos os dias que Macau recebe a visita do Presidente da República, embora também não seja a primeira vez”, começou por destacar Senna Fernandes. “É sempre bom saber o que o Estado português pensa em relação a Macau, a presença da cultura portuguesa […] além dos discursos que estamos habituados a ouvir, é importante saber como o Estado português vê a presença da comunidade portuguesa em Macau. São estas as questões que vou colocar se tiver oportunidade de o fazer”, admitiu.

Miguel de Senna Fernandes considerou ainda que os políticos de Portugal tendem a não saber o que se passa no território. “O político diz sempre que está a par do que se passa, mas não estão nada a par do que se passa em Macau”, vincou. “Era bom que nos elucidasse sobre a posição do Estado português face à presença desta comunidade, da comunidade radicada, autóctone de Macau”, frisou.

Designado por Marcelo

A informação de que Macau tinha sido designado como um dos locais onde vão decorrer as celebrações do 10 de Junho foi divulgada no portal da presidência da República de Portugal, através de uma nota de imprensa.

“O Presidente da República designou a cidade de Lagos como sede das comemorações, em 2025, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, estendendo-se as celebrações à comunidade portuguesa em Macau”, foi escrito no comunicado. “Para a organização das comemorações é constituída uma Comissão presidida pela Dr.ª Lídia Jorge, escritora, e que integra o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Secretária-Geral da Presidência da República e o Chefe do Protocolo do Estado”, foi acrescentado

Em Dezembro do ano passado, Marcelo tinha afirmado que havia a possibilidade de celebrar o último 10 de Junho do seu mandato junto das comunidades emigrantes portuguesas de locais como a Ásia-Pacífico, Austrália, Macau ou em Goa. Esta vai ser a segunda visita do de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente, a Macau, depois de uma primeira passagem, em 2019.

10 Fev 2025

Hengqin | Xia Baolong visitou a Zona de Cooperação Aprofundada

O director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho do Estado, Xia Baolong, pediu ao Governo da RAEM para estudar os discursos de Xi Jinping e utilizá-los como referência para o desenvolvimento e diversificação da economia

 

O director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China e do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho do Estado, Xia Baolong, esteve na Ilha da Montanha de sexta-feira a sábado, no âmbito de uma visita “de inspecção e investigação” à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau. Durante a deslocação a Hengqin, o dirigente chinês indicou ao Governo da RAEM que deve utilizar como orientação política os discursos proferidos por Xi Jinping, aquando das celebrações do 25.º aniversário da transferência.

Após visitar diferentes parques industriais e de medicina tradicional chinesa, Xia Baolong presidiu, na manhã de sábado, a uma palestra. Nesta ocasião, Xia Baolong destacou “que os importantes discursos do Presidente Xi Jinping definem o rumo para o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin” e que “o Governo da RAEM deve compreender de forma aprofundada o espírito dos importantes discursos do Presidente Xi Jinping e concretizá-las da melhor forma”.

Por sua vez, o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, fez uma apresentação sobre a organização dos trabalhos do Governo da RAEM para este ano na vertente económica. Os comunicados oficiais indicam ainda que houve uma troca de opiniões sobre “a aceleração do desenvolvimento adequado e diversificado da economia de Macau, a promoção da construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin e a uma melhor integração de Macau na Grande Baía”.

As promessas de Tai

Tai Kin Ip prometeu que a equipa da área da Economia e Finanças vai “promover efectivamente o desenvolvimento adequado e diversificado da economia de Macau e melhorar a eficácia da governação económica, com uma mentalidade mais aberta, uma maior responsabilidade e medidas mais realistas”.

O secretário afirmou também que a “área da Economia e Finanças continuará a aperfeiçoar os trabalhos relativos à definição de medidas políticas sobre o desenvolvimento industrial, a implementar a coordenação geral, a optimizar o ambiente de negócios e a empenhar-se na captação de investimento e na prestação de serviços empresariais”.

Tai Kin Ip garantiu que Macau vai aumentar o investimento em Hengqin, apoiando “o desenvolvimento de indústrias diversificadas através do aumento do investimento de recursos financeiros e do reforço das garantias de recursos humanos”.

O secretário destacou igualmente que Macau vai reforçar “a proactividade no alinhamento com as importantes estratégias nacionais”, inclusive desempenhar o papel de ‘agente de contacto infalível’ na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, e na implementação simultânea das iniciativas ‘expandir para o exterior’ e ‘atrair investimento estrangeiro’”.

10 Fev 2025

Turismo | Análise diz que Macau é cada vez mais um destino de lazer

Os académicos Pedro Steenhagen e Sofia Xiaoying Hou analisaram a indústria do turismo de Macau, concluindo que, cada vez mais, o território é encarado como um destino de lazer e não tanto como uma terra de jogo. Os autores alertam para o “longo caminho a percorrer no que respeita à promoção do turismo sustentável”

 

O sector do turismo em Macau tem mudado nos últimos anos e as visões dos próprios turistas também, encarando cada vez mais o território como um local onde se pode passear e desfrutar de zonas de lazer, e não tanto como uma terra de jogo. Esta é uma das conclusões da análise “Tourism as a Driver of China’s Cultural Soft Power: The Role of Macau and the Convergences Between the New Silk Road and the Greater Bay Area” [O Turismo como Motor do Soft Power Cultural da China: O Papel de Macau e as Convergências entre a Nova Rota da Seda e a Área da Grande Baía], da autoria de Pedro Steenhagen, da Universidade de Fudan, e Sofia Xiaoying Hou, ligada à Universidade de Estudos Internacionais de Xi’an. A análise à indústria do turismo na RAEM é um dos capítulos do livro “The Palgrave Handbook on China-Europe-Africa Relations”, recentemente editado.

Desta forma, conclui-se que “a percepção da imagem de Macau por parte dos turistas tem vindo a mudar nos últimos 10 anos, sendo a RAEM cada vez mais vista como um local de lazer e férias em geral, e não especificamente ou puramente como um centro de jogo”. Acrescenta-se ainda que “a imagem da RAEM como destino turístico está em transição, e as pessoas que visitam Macau têm valorizado muito as suas atracções culturais únicas, incluindo a sua arquitectura e gastronomia, resultado da mistura das culturas e heranças chinesa e portuguesa”.

Porém, os autores consideram que “Macau tem ainda um longo caminho a percorrer no que respeita à promoção de um turismo sustentável efectivo”. Entende-se que o turismo sustentável “deve ter plenamente em conta os seus impactos económicos, sociais e ambientais, abordando as necessidades dos visitantes, do sector, do ambiente e das comunidades relacionadas”.

Neste campo, os autores destacam, citando outro autor, que “Macau tem feito esforços para alcançar boas notas nestas e noutras matérias, pois a indústria do turismo da RAEM tem vindo a passar por uma ‘revolução silenciosa’ desde o início da pandemia”.

Destaca-se também que, a nível mundial, a Organização Internacional do Turismo criou algumas directrizes sobre sustentabilidade, criando “um importante quadro de turismo sustentável”. Para tal foram propostos “cinco pilares fundamentais para avaliar a sustentabilidade do sector turístico de um Estado”, tais como “política e governação do turismo; comércio, investimento, dados e competitividade; emprego, trabalho digno e capacitação; redução da pobreza e inclusão social; e sustentabilidade dos ambientes naturais e culturais”.

A Rota da Seda

Os académicos analisam também o papel do sector turístico de Macau na estratégia de “Uma Faixa, Uma Rota”, destacando que o território “tem vindo a ganhar um papel de destaque nas políticas locais, regionais e externas, sendo um actor capaz de melhorar a Rota da Seda do Turismo e dinamizar o turismo na região da Grande Baía”.

Entende-se que Macau traz novos contributos à forma como a China apresenta a sua cultura, pois “devido ao património e produtos turísticos existentes, apresenta a cultura chinesa aos visitantes estrangeiros através de uma nova lente, mais diversificada, que vai além da tradicional”. Desta forma, permite-se que os turistas, “em especial do mundo lusófono, [criem] uma melhor ligação e compreensão do país através de laços históricos e culturais comuns”.

No que diz respeito ao projecto da Grande Baía, considera-se também que tanto essa região como o próprio território de Macau têm “integrado activamente as estratégias de desenvolvimento turístico no quadro da BRI”, ou seja, a “Belt and Road Initiative”, designação inglesa para “Uma Faixa, Uma Rota”.

Macau possui “um leque diversificado e distinto de recursos turísticos, tais como as artes, a história, as construções e tradições religiosas, a gastronomia, o desporto, os museus, entre outros”, e as autoridades locais têm procurado, segundo os autores, “marcar a sua indústria turística, promovendo o ‘Turismo+’ com a cooperação transfronteiriça no âmbito da BRI”. A ideia é “criar uma imagem de Macau como uma cidade com culturas diversificadas, integrando os sectores do turismo, entretenimento, cultura, desporto, negócios, convenções e exposições, cuidados de saúde, recreação, tecnologia e grandes eventos”.

Melhorias em curso

Pedro Steenhagen e Sofia Xiaoying Hou entendem que o Governo de Macau “tem tentado melhorar o soft power cultural e aumentar a atractividade turística através do desenvolvimento de produtos, da melhoria das instalações e de propaganda”, além de que têm sido realizados “projectos para melhorar as instalações, como hotéis, restaurantes, transportes e passeios digitais”.

Dá-se o exemplo de dois percursos em formato digital criados pelo Instituto Cultural, nomeadamente, em 2021, “A Casa da Família de Zheng Guanying” e também “Fortaleza da Guia”. De resto, as autoridades têm criado diversas plataformas interactivas com recurso à realidade virtual aumentada.

Apesar de todos os esforços apontados às autoridades locais, entende-se que “a RAEM tem ainda um potencial inexplorado para reforçar os laços culturais entre a China e os países de língua portuguesa, podendo esta década apresentar grandes oportunidades nesse sentido”.

A aposta turística

Neste capítulo, os autores olham também para o posicionamento do turismo na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” por parte de Pequim, tendo em conta que “a China tem vindo a prestar cada vez mais atenção à necessidade de expandir o seu soft power cultural, tanto a nível regional como global”. Desta forma, o país “tem formulado vários planos de desenvolvimento cultural associados a “Uma Faixa, Uma Rota” e à área da Grande Baía, e o turismo tem aparecido constantemente como um elemento essencial da sua estratégia global”.

No próprio país “o turismo ganhou relevância, quer como meio de melhorar a imagem internacional, quer como fonte de receitas”. Só em 2018 “cerca de 159 milhões de visitantes viajaram para o país, que investiu 155 mil milhões de dólares em infra-estruturas turísticas – um valor que só fica atrás do dos Estados Unidos, mas que deverá tornar-se o primeiro até 2028 -, uma vez que viu o sector representar 11 por cento do seu produto interno bruto total”.

Os autores defendem que “ao ligar e aumentar a dinâmica entre a BRI [Belt and Road Initiative] e a área da Grande Baía, com um esforço interessante na diversificação da economia de Macau e no fortalecimento do seu sector turístico, bem como entre os objectivos nacionais e regionais, a China parece estar a encontrar uma forma de impulsionar o turismo e colher os frutos em termos de soft power cultural”.

Assim, e a longo prazo, considera-se que o país “poderá não só fazer crescer o poder das suas narrativas e da sua cultura, mas também melhorar o poder normativo e o posicionamento institucional na cena mundial, sobretudo no que diz respeito às questões de governação”.

De referir que o livro “The Palgrave Handbook on China-Europe-Africa Relations” é editado por Yichao Li, Jorge Tavares da Silva, Carlos Rodrigues e Francisco José Leandro, da Universidade de Macau. A edição está a cargo da Palgrave Macmillan.

10 Fev 2025

Turismo | Preocupações com quebra de visitantes de Hong Kong

Andy Wu salienta a necessidade de entender a quebra de turistas vindos de Hong Kong durante os feriados do Ano Novo Lunar, que terão optado por viajar para o Interior da China. Por outro lado, o Governo realça o aumento de 10 por cento de visitantes internacionais, com uma média diária de 7.300 entradas

 

Os feriados do Ano Novo Lunar, um período de época alta do turismo, não foram tão auspiciosos quanto o esperado a nível do número de visitantes. Apesar das enchentes nas ruas, durante os feriados, visitaram Macau quase 1,31 milhões de pessoas, total que representou uma quebra anual de 3,5 por cento. Também as expectativas do Governo saíram goradas, com a média de entradas diárias a ficar aquém dos 185 mil visitantes estimados e a fixar-se em 163,7 mil.

No rescaldo dos feriados, num número destaca-se. A quebra de 8,9 por cento dos visitantes oriundos de Hong Kong face aos feriados do Ano Novo Lunar de 2024, para um total de 230 mil pessoas (quase 29 mil por dia).

O presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu, garante estar optimista em relação à performance do sector em 2025, que estima recuperar até aos níveis de 2019, mas alerta para a necessidade de consolidar os mercados tradicionais, como o Interior da China e Hong Kong.

Em declarações ao jornal Exmoo, o representante e empresário do sector explica a diminuição de turistas vindos de Hong Kong com vários factores, como os eventos de grande dimensão organizados na região vizinha nos primeiros dois dias do Ano Novo Lunar, mas, sobretudo com a preferência por destinos no Interior da China. Andy Wu, salienta a facilidade em viajar de comboio para a China a partir da Estação de Kowloon Oeste e a possível propensão dos residentes de Hong Kong em visitar Macau na época baixa.

Face a este panorama, o representante do sector indica que as campanhas de promoção do Governo para atrair turistas se focaram no exterior, esforço que deve continuar este ano, sem descurar os mercados tradicionais da China e Hong Kong.

Reverso da medalha

Apesar da performance aquém das expectativas, Andy Wu entende que não há razões para grandes preocupações e que Macau continua a ser um destino turístico muito apetecível.

A Direcção dos Serviços de Turismo destacou ontem o aumento de 10,2 por cento dos visitantes internacionais durante os feriados do Ano Novo Lunar, que chegaram a 58 mil, perto de 7.300 por dia. Importa referir, que apesar do aumento, em termos proporcionais, os turistas internacionais representaram apenas 4,4 por cento do volume total de visitantes.

O Governo indica também que, de acordo com os dados fornecidos pelos operadores do sector hoteleiro, durante os feriados, a taxa média de ocupação dos estabelecimentos hoteleiros de Macau foi de 95 por cento, resultado idêntico ao ano passado. O valor mais elevado da taxa de ocupação foi atingido no quarto dia do Ano Novo Lunar (1 de Fevereiro) com 97,8 por cento.

7 Fev 2025

FCP | Cheias obrigam Casa a pedir donativos para garantir actividades

Uma inundação na sede do clube levou a que o serviço de cantina esteja encerrado desde 19 de Janeiro. A associação fala de “enormes prejuízos” que colocam em causa a “capacidade de cumprir com os compromissos financeiros”, como o pagamento de salários

 

A Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China está a apelar à entrega de donativos por parte de sócios e da população, depois da sede da associação ter sido afectada por cheias causadas por problemas numa fracção vizinha. O apelo foi deixado ontem, através das redes sociais, assinado pela presidente da associação, Diana Massada, onde é reconhecido que a Casa luta para manter as actividades vivas.

De acordo com a publicação online, a primeira inundação a afectar a sede da associação aconteceu a 19 de Janeiro. Contudo, os problemas na fracção não foram resolvidos na totalidade, o que originou uma segunda inundação e mais prejuízos. “Infelizmente, os responsáveis pelas obras não efectuaram correctamente as reparações necessárias e após já termos a sede quase pronta para a reabertura sofremos nova inundação no sábado passado”, foi relatado. “Por esta razão, temos a sede fechada e o nosso serviço de cantina suspenso desde dia 19 de Janeiro. Esta situação provocou enormes prejuízos, porque não só afectou as nossas receitas, como originou enormes perdas de comida, gastos extraordinários para tentar reabrir, e colocou em risco a nossa capacidade de cumprir com os compromissos financeiros, nomeadamente o pagamento de salários”, foi acrescentado.

A direcção da Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China apela assim aos sócios que efectuem o pagamento das quotas de um ou dois anos, porque este montante serviria “fazer face a algumas despesas correntes urgentes”. Além disso são pedidos donativos e auxílio na captação de patrocinadores que estejam interessados em colaborar com a Casa do FCP. “A angariação de patrocinadores será crucial para a nossa recuperação e manutenção das nossas actividades ao longo do corrente ano de 2025”, foi indicado.

Actividades múltiplas

Actualmente, a associação tem várias equipas de futebol que disputam campeonatos como a 3.ª divisão do campeonato oficial de Macau, ou o campeonato Bolinha, competições oficiais de veteranos, além de uma escola academia de futebol. A nível do voleibol feminino, a associação participa na segunda liga B das competições oficiais, e tem uma equipa de formação. Quanto ao hóquei em patins, a Casa do FCP de Macau tem equipas em todas as categorias jovens e seniores.

“Todas estas actividades são integralmente financiadas pela nossa Casa, incluindo alguns dos nossos alunos da escola de futebol. Isto implica investimento em uniformes, campos, material, treinadores, inscrições nas competições, e outros necessários ao seu funcionamento”, foi explicado. “Não queremos que este momento menos bom coloque em causa a manutenção da nossa associação e de todas as nossas actividades. A nossa associação sempre se pautou pelo espírito de comunidade e pela paixão pelo desporto. Juntos, acreditamos que podemos superar este desafio. Agradecemos desde já a vossa atenção e apoio, e esperamos contar convosco para reerguer a nossa associação”, foi apelado.

7 Fev 2025

Obras | Ella Lei pede coordenação para reduzir impacto na população

A deputada dos Operários antecipa o aumento de grandes obras nas principais vias das cidades ao longo deste ano, e pede ao Governo que tome medidas para reduzir o impacto no trânsito, no comércio local e na vida dos residentes

 

A deputada Ella Lei defende que o Governo deve promover uma melhor coordenação das obras rodoviárias, para evitar constrangimentos no trânsito que afectem residentes, assim como os negócios nas áreas dos trabalhos. O assunto foi abordado pela legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) através de uma interpelação escrita.

De acordo com os números apresentados pela deputada, o grupo de coordenação das obras nas estradas de Macau recebeu 69 propostas de projectos de construção relacionados com o Governo ou com as companhias de água, telecomunicações ou electricidade, total que representa um aumento anual de 15 por cento. Entre estes projectos, 39 vão decorrer durante mais de 30 dias nas principais artérias da cidade, proporção que Ella Lei indicou tratra-se de um aumento de 39 por cento no número de projectos com grande impacto no trânsito.

“Muitos grupos de cidadãos estão preocupados com a situação actual dos projectos rodoviários e esperam que o Governo continue a melhorar o mecanismo de coordenação e monitorização dos projectos”, afirma a deputada. “Por exemplo, as informações sobre os desvios de trânsito devem ser divulgadas o mais cedo possível, ainda antes do início dos projectos rodoviários, e as opiniões dos residentes devem ser continuamente ouvidas, de forma a minimizar o impacto a nível dos negócios e na deslocação das pessoas”, acrescentou.

Mais informação

Neste contexto de constrangimentos em crescendo, a deputada pergunta: “Será que as autoridades vão tomar mais medidas no processo de coordenação de projectos rodoviários de grande escala, como a optimização do planeamento global e do trabalho de supervisão, para resolver os problemas a longo prazo causados pelos projectos rodoviários aos residentes?”, questionou.

Entre as sugestões apresentadas, a deputada quer saber se o Governo vai criar uma plataforma online para receber as opiniões dos cidadãos, sobre melhorias que podem ser implementadas enquanto os projectos estiverem a decorrer. Por outro lado, Ella Lei defende que deve ser criada outra plataforma de fácil acesso com informações sobre as obras actualizadas regularmente.

Ella Lei apelou igualmente ao Governo para controlar a qualidade dos materiais utilizados nas obras, e indicou que é frequente a utilização de materiais pouco adequados, que acabam por danificar as estradas.

7 Fev 2025

SAFP | Ng Wai Han garante legalidade de juntas de saúde

A directora dos SAFP considera existir base legal para ordenar que os funcionários públicos sejam avaliados por juntas de saúde, quando faltam de forma consecutivo ou intercalada a mais de 30 dias de trabalho num ano

 

A directora dos Serviços de Administração Pública, Ng Wai Han, defende que os trabalhadores da função pública há mais de 30 dias de baixa médica podem ser submetidos à apresentação diante de uma junta de saúde, de acordo com a legislação em vigor. A posição foi tomada na resposta a uma interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Na interpelação escrita, José Pereira Coutinho denunciava queixas de trabalhadores, sobre o facto de terem de se submeter à avaliação de uma junta médica, ao abrigo de suspeitas de “comportamento fraudulento”.

No entanto, Ng Wai Han assegura que os serviços estão a actuar de acordo com a legislação existente. “O Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau determina expressamente os direitos e deveres relativos às faltas por doença dos trabalhadores dos serviços públicos”, começa por destacar a responsável.

“Cada serviço público deve executar, nos termos da lei, essas normas de acordo com a situação dos trabalhadores, incluindo a submissão à junta de saúde de trabalhadores para avaliação médica profissional da sua situação clínica e, com efeito, a emissão pela mesma junta do seu parecer profissional sobre a aptidão para regressar ao serviço, a existência de doença e a impossibilidade de continuação em funções devido a perturbação física ou psíquica dos trabalhadores”, foi acrescentado.

Ng Wai Han indica também que o “Governo da RAEM tem atribuído grande importância e garantido os direitos dos trabalhadores dos serviços públicos no âmbito das faltas por doença, tratando dos casos de forma prudente e através do mecanismo de avaliação em vigor”.

Segredos dos deuses

Outra das questões levantada pelo deputado, prendia-se com o pedido de explicações sobre os critérios adoptados pelos serviços públicos para considerarem haver indícios de “comportamento fraudulento” e justificar os pedidos de análise por uma junta médica.

Contudo, na resposta divulgada ontem pelo deputado, a directora dos SAFP não aborda os critérios sobre os quais foi questionada.

Outra das perguntas de Pereira Coutinho, visava ainda a “justiça” dos funcionários públicos terem de pagar por novos exames médicos realizados junto da clínica responsável pelos exames iniciais que fundamentaram a baixa. No entanto, Ng Wai Han defendeu esta prática.

7 Fev 2025

Português | Estudo aponta falta de foco do Brasil em Macau e na China

“Brazilian foreign policy and the quest to promote portuguese: building bridges through Macau”, estudo da autoria de João Simões, da Universidade Cidade de Macau, e de Daniel Veras, chama a atenção para a necessidade de o Brasil apostar mais nas vantagens de Macau na promoção do português, assim como na China

 

Um estudo publicado recentemente na revista Janus, da Universidade Autónoma de Lisboa, chama a atenção para o facto de o Brasil não estar a aproveitar devidamente as vantagens que Macau pode oferecer na promoção da língua portuguesa, integrada na política externa do país. “Brazilian foreign policy and the quest to promote portuguese: building bridges through Macau” [A política externa brasileira e a questão da promoção do português: construir pontes através de Macau] tem autoria de João Simões, professor assistente da Universidade Cidade de Macau (UCM) e Daniel Veras, docente na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no Brasil.

“É tempo de o Brasil ter uma presença mais significativa em Macau, não só através dos canais diplomáticos, mas também estimulando o envolvimento de vários actores não estatais, como câmaras de comércio e investimento, associações profissionais, centros culturais brasileiros, órgãos de comunicação social, fundações artísticas e culturais, entre outros”, lê-se no artigo.

Desta forma, os autores consideram que este conjunto de parceiros poderia ajudar o Brasil “a alavancar o papel de Macau como gerador de oportunidades, algo que o Brasil ainda não aproveitou plenamente”, uma vez que essa “presença reforçada em Macau permitiria a consolidação das parcerias existentes entre universidades brasileiras e da China continental”.

Além disso, ao nível dos alunos, uma presença mais robusta do Brasil na RAEM poderia “aproximar os estudantes chineses que aprendem português das empresas brasileiras, reforçando a ligação entre a educação e o ecossistema empresarial da Grande Baía”, bem como potenciar a produção de “materiais didácticos adaptados localmente ao contexto chinês e, em última análise, aproximando o Brasil e a China através do ambiente único que Macau oferece”.

Baseando-se em documentos oficiais e demais estudos sobre esta temática, os autores consideram que, em termos gerais, existe “a necessidade de o Brasil aproveitar efectivamente a posição estratégica de Macau para capitalizar estas oportunidades”. Destaca-se entre os pontos principais desta posição o facto de, em Macau, vigorar a política de “Um País, Dois Sistemas”, ser “um porto franco internacional, uma zona aduaneira autónoma” e possuir “um regime fiscal simples e reduzido”, sem esquecer o papel de plataforma comercial.

Os académicos referem também o “Plano de Desenvolvimento para a Diversificação Económica Adequada da RAEM (2024-2028)” que “também oferece oportunidades, com destaque para a promoção do desenvolvimento de indústrias-chave como a medicina tradicional chinesa, a indústria financeira moderna, a tecnologia de ponta e os sectores MICE (reuniões, incentivos, conferências e exposições) e da cultura e desporto”.

Uma fraca aposta

Em relação à China, o Brasil também não está a explorar todas as oportunidades, destacam João Simões e Daniel Veras. “A política externa do Brasil tem promovido activamente a língua portuguesa em determinadas geografias, mas não tem dado prioridade à China, apesar da importância da relação bilateral entre os dois países”.

É referido que “a língua portuguesa está a expandir-se na China, mas a participação do Brasil não está à altura da sua magnitude enquanto maior país de língua portuguesa do mundo”. Defende-se que essa “discrepância é ainda mais surpreendente se considerarmos que a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009”.

O estudo destaca a posição de Victoria Almeida sobre a origem dos professores de português na China, que “historicamente o ensino de português na China teve como referência professores de Portugal”. Assim, “só recentemente os professores do Brasil se tornaram mais predominantes”, e uma das explicações apontadas para esse facto é a criação do Programa de Leitorado, que envia docentes para ensinar português em todo o mundo.

É referida a situação desse programa em 2010, quando “foram selecionados 13 leitores, dois dos quais colocados na China: um no BISU e outro na Guangdong University of Foreign Studies”.

Ainda assim, “os materiais didácticos do Brasil são escassos e, embora haja estudantes chineses que queiram ir para o Brasil, essas oportunidades são limitadas e os custos são elevados”.

Entende-se que o Brasil “poderia tirar partido do que está a acontecer com o ensino do português na China continental”, pois “após anos de rápido crescimento do número de aprendizes de português, estamos agora numa fase de investimento nos chamados estudos de área ou regionais”. Assim, “as instituições de ensino superior e de investigação brasileiras podem contribuir para o reforço dos estudos de área da China sobre os países lusófonos e a América Latina, através da investigação e análise das dinâmicas sociais, económicas, políticas e culturais das regiões-alvo”, sobretudo tendo em conta a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, é salientado pelos autores.

Portugal faz melhor

O estudo denota que, apesar dos diversos intercâmbios entre o ensino superior brasileiro e chinês, a verdade é que “muito mais estudantes chineses retornam de intercâmbios em Portugal, cujas melhores universidades oferecem intercâmbios com estudantes chineses”, considerando-se que “demorará muito até que o Brasil construa uma cultura de ensino na China”.

Desta forma, “em comparação com o Brasil, Portugal tem um maior enquadramento no ensino do português no estrangeiro”, disponibilizando “programas de ensino e bolsas de estudo para estudantes chineses”, de nível de mestrado e doutoramento, sem esquecer “a parceria com o Instituto Camões”. “Portugal também facilita a aquisição de títulos, além de promover a tradução de romances portugueses na China. Em contrapartida, o Brasil não faz um esforço tão estruturado. Como resultado, actualmente, a maioria dos estudantes chineses de língua portuguesa tende a usar o português europeu como base ou, pelo menos, como referência”, destaca-se.

Assim, João Simões e Daniel Veras consideram que “o Brasil pode capitalizar o contexto actual, que engloba vários factores favoráveis, para adoptar uma abordagem mais colaborativa na promoção da língua portuguesa na China”.

O estudo refere que, actualmente, o português é falado por mais de 264 milhões de pessoas nos cinco continentes, prevendo-se que este número suba para quase 400 milhões de pessoas em 2050, com “o continente africano responsável pelo maior aumento”, reforçando a preponderância do português como uma das línguas mais faladas no hemisfério sul. Além disso, o português é uma língua oficial ou de trabalho em 32 organizações internacionais.

Com a chegada de Lula da Silva à Presidência do Brasil pela segunda vez, os autores consideram que este “tem tentado uma aproximação à China”, nomeadamente no compromisso de adesão à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e na nomeação “de um representante permanente no Fórum Macau”. Os académicos citam a ideia de outro autor quanto à existência de “desconfiança e reserva que o Brasil tem demonstrado ao longo dos anos em relação ao Fórum Macau”.

Um maior envolvimento “pode ajudar a garantir à China o acesso a recursos e mercados vitais no Brasil e em África, contribuindo potencialmente para a segurança alimentar e energética interna da China”, bem como potenciar Macau enquanto “canal cultural entre a China e o mundo lusófono”.

Porém, “embora exista vontade política e um ambiente favorável em Macau, serão necessários esforços mais concertados por parte do Brasil para materializar estas oportunidades”, é referido.

7 Fev 2025

CTT | Macau retalia e suspende encomendas dos EUA

Os CTT de Macau suspenderam temporariamente os serviços de encomenda entre o território e os Estados Unidos da América (EUA). De acordo com um comunicado emitido ontem pelos CTT, os serviços postais como cartas, envio de documentos e correio aéreo não foram incluídos. A suspensão aplica-se a serviços de entrega de encomendas e pacotes por via marítima e correio expresso.

O presidente da Associação de Logística e Transportes Internacionais de Macau, Lei Kuok Fai, acredita que o sector logístico local vai evitar os efeitos negativos do bloqueio imposto ontem pelo Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS).

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o dirigente da associação reconheceu que algumas empresas com capital americano, como as empresas ligadas ao jogo, precisam de enviar com alguma regularidade equipamentos para ser alvo de manutenção nos Estados Unidos. Contudo, Lei indicou que o volume destas encomendas é “pouco”.

Lei Kuok Fai apontou igualmente que o sector começou a ponderar outros meios para enviar esses materiais para os EUA, ou, como alternativa, que também podem optar por fazer a manutenção dos equipamentos em fábricas em Singapura ou na Austrália.

Sobre os impactos para a manutenção dos aviões em Macau, Lei Kuok Fai desvalorizou o assunto, porque a maioria dos aviões em Macau são da marca Airbus, indicando que para estes aparelhos existem várias fábricas de peças não só no Interior, como também no Sudeste Asiático.

Choques matinais

As notícias sobre o bloqueio “temporário” pela USPS às encomendas vindas do Interior e de Hong Kong foram divulgadas na manhã de ontem, e surgem no âmbito da mais recente guerra comercial entre os EUA e a China. A duração do bloqueio não foi divulgada, mas por decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, os produtos importados da China passam a estar sujeitos a uma nova taxa de 10 por cento.

Num comunicado, a USPS esclareceu que a medida não vai afectar “o fluxo de cartas e correio normal”, mas apenas encomendas de produtos de baixo valor que anteriormente beneficiavam de isenção de taxas.

A medida da USPS pode bloquear ou atrasar as encomendas feitas através das plataformas de comércio electrónico chinesas Shein, de venda de roupas, e Temu, de vários produtos com preços baixos, mas também da norte-americana Amazon, dado que muitos produtos vêm do Interior ou por Hong Kong.

De acordo com os números citados pela Agência Lusa, a isenção das taxas na compra de artigos de pouco valor beneficiou muito as duas plataformas chinesas e a Amazon: o número de envios isentos de taxas aumentou 600 por cento nos últimos dez anos, atingindo 1,36 mil milhões de encomendas no ano passado, contra quase 140 milhões em 2015.

Afinal havia outra

Numa reviravolta de última hora, a USPS anunciou que afinal vai aceitar os serviços de encomendas postais da China e de Hong Kong, contradizendo totalmente o que até aí tinha anunciado. Com o anúncio a chegar em cima da hora do fecho desta edição não foi possível aferir de qualquer reacção dos serviços chineses e dos CTT locais.

6 Fev 2025

Banca | Lucros com valor mais baixo dos últimos 14 anos

Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas no ano passado, no que representou uma redução de 21,3 por cento em comparação com 2023. Os dados foram divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM)

 

Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas em 2024, uma queda de 21,3 por cento e o valor mais baixo desde 2010.

De acordo com dados oficiais da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 18,3 por cento, para 16,1 mil milhões de patacas, na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.

Isto após a AMCM ter aprovado três descidas da principal taxa de juro de referência nos últimos três meses de 2024, a última das quais um corte de 0,25 pontos percentuais, introduzida em 19 de Dezembro, seguindo a Reserva Federal norte-americana.

Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 7,2 por cento em comparação com o final de Dezembro de 2023, fixando-se em 1,01 biliões de patacas. Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 4 por cento, para 1,27 biliões de patacas no final de 2024, disse a AMCM na segunda-feira.

A banca tinha terminado 2023 com um lucro de 6,14 mil milhões de patacas, menos 53,5 por cento do que no ano anterior. Macau tem dois bancos emissores de moeda: a sucursal local do banco estatal chinês Banco da China e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos.

BNU com lucros

O BNU anunciou em Novembro lucros líquidos de 444,2 milhões de patacas nos três primeiros trimestres do ano, uma diminuição homóloga de 3,4 por cento, em parte devido ao “ambiente prevalecente das taxas de juro”.

O crédito malparado aumentou 30,3 por cento em 2024 para 56,1 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde que a AMCM começou a compilar estes dados, em 1990, ainda durante a administração portuguesa do território.

Os empréstimos vencidos representavam 5,5 por cento dos empréstimos dos bancos de Macau, mais 1,6 pontos percentuais do que no final de 2023. Uma percentagem que atinge 6,9 por cento no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa.

A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, por exemplo, considera que os bancos com pelo menos 5 por cento dos empréstimos malparados têm “elevada exposição” ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema.

Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3 por cento alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.

6 Fev 2025

Ano Novo Lunar | Número de turistas aquém das expectativas

Durante as festividades do Ano Novo Lunar quase 1,31 milhões de pessoas visitaram Macau, no entanto, a média de 163.700 turistas por dia ficou abaixo das expectativas do Governo. Em Janeiro, também as receitas do jogo não corresponderam às previsões dos analistas

 

Quase 1,31 milhões de pessoas visitaram Macau durante a chamada ‘semana dourada’ do Ano Novo Lunar, menos 3,5 por cento do que no mesmo período de feriados de 2024, foi ontem anunciado.

De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Macau, entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro entraram no território, em média, mais de 163.700 turistas por dia. Em 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, disse que esperava uma média diária de 185 mil visitantes durante a ‘semana dourada’.

O período do Ano Novo Lunar, o maior movimento de massas do mundo, é a principal festa tradicional das famílias chinesas e acontece em Janeiro ou Fevereiro, consoante o calendário lunar, e o número de dias depende da decisão do Conselho de Estado. Este ano, o primeiro dia do ano celebrou-se a 28 de Janeiro, uma terça-feira.

De acordo com dados da PSP que abrangem também o fim de semana anterior, Macau recebeu quase 1,7 milhões de visitantes num período de 11 dias, entre 25 de Janeiro e 4 de Fevereiro. Os dados divulgados pela PSP não indicaram a origem dos turistas, mas referiram que 38,8 por cento entraram pelas Portas do Cerco, a principal fronteira com o Interior.

Caminhos alternativos

Outros 23,2 por cento, chegaram ao território pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (29,8 por cento), uma infra-estrutura de 55,5 quilómetros que liga Macau e a cidade chinesa adjacente, Zhuhai, à região vizinha de Hong Kong.

Aliás, a ponte inaugurada em Outubro de 2018 registou na sexta-feira a passagem de mais de 156 mil pessoas no terminal de Zhuhai, um novo recorde máximo, de acordo com o jornal estatal China Daily. O Ano Novo Lunar é uma das três épocas altas para o turismo e os casinos de Macau, juntamente com as ‘semanas douradas’ do Dia do Trabalhador (1 de Maio) e do Dia Nacional da China (1 de Outubro).

As receitas do jogo na caíram 5,6 por cento em Janeiro, em comparação com o mesmo mês de 2024, para menos de 18,3 mil milhões de patacas, abaixo das expectativas dos analistas. Macau recebeu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas ainda longe do recorde de 39,4 milhões fixado em 2019, antes da pandemia.

O número superou as previsões iniciais da DST, que eram de 33 milhões, assim como a previsão revista em alta em 4 de Dezembro: 34 milhões.

6 Fev 2025

Trabalho | Número de trabalhadores não-residentes subiu quase 5.900

No final de Dezembro estavam registados no território mais de 182.500 mil trabalhadores não-residentes, o que representa um aumento de quase 5.900 no ano passado

 

Macau empregava no final de Dezembro mais de 182.500 mil trabalhadores não-residentes, um aumento de quase 5.900 durante o ano de 2024. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), este número representa um aumento de quase 30.700 desde o fim da política ‘zero covid’, em Janeiro de 2023.

Nesse mês, a mão-de-obra vinda de fora de Macau, incluindo do Interior da China, tinha caído para menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014.

Desde o pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, no início da pandemia, e até Janeiro de 2023, a cidade perdeu quase 45 mil trabalhadores não-residentes, que correspondiam a 11,3 por cento da população activa.

O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou em 2024, ganhando 4.561 trabalhadores não-residentes, seguido dos empregados domésticos (mais 1.678) e das actividades culturais e recreativas, incluindo os casinos (mais 1.418), de acordo com os dados divulgados na segunda-feira.

A área da hotelaria e restauração tinha sido precisamente a mais atingida pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, tendo despedido mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019.

Taxa de desemprego baixa

Macau acolheu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, e os hotéis receberam mais de 14,4 milhões de hóspedes em 2024, estabelecendo um novo recorde histórico.

A crise económica criada pela pandemia levou a taxa de desemprego a atingir 4 por cento no terceiro trimestre de 2022, o valor mais alto desde 2006. Mas, e apesar da subida do número de trabalhadores não-residentes, a taxa de desemprego está há sete meses seguidos em 1,7 por cento, igualando o mínimo histórico atingido antes do início da pandemia.

A economia de Macau cresceu 11,5 por cento nos primeiros três trimestres de 2024, em comparação com igual período do ano anterior, graças à retoma do jogo, de acordo com dados oficiais. O produto interno bruto (PIB) representou 86,3 por cento do valor registado no mesmo período de 2019, antes do início da pandemia.

6 Fev 2025

Autocarros | Quase toda a frota movida a electricidade

No final de Janeiro, mais de 92 por cento dos autocarros públicos eram movidos a “novas energias”, enquanto que mais de 86 por cento dos táxis são veículos híbridos eléctricos. A deputada Lo Choi In sugere subsídios para renovar frotas de empresas de takeaway com scooters eléctricas

 

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) indicou ontem que no final do passado mês de Janeiro as frotas da Transmac e TCM eram compostas por mais de 92 por cento de autocarros movidos a novas energias. A percentagem já havia sido avançada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), mas foi ontem actualizada com o aumento de quase 30 autocarros eléctricos adicionais, para um total de 929 autocarros.

A proporção cumpre as metas estabelecidas pelo planeamento de protecção ambiental 2021-2025, que há sensivelmente três anos atrás fixava o objectivo de mais de 90 por cento da frota de autocarros no território serem autocarros “movidos com novas energias” até 2025. Segundo o panorama traçado no planeamento de protecção ambiental 2021-2025, o Governo indicava que em 2020 apenas 8 por cento de autocarros no território eram movidos com novas energias.

A actualização foi feita no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, onde foi também revelado que actualmente apenas cerca de 3 por cento dos autocarros públicos não cumprem os padrões de protecção ambiental previstos no Padrão Euro 4, que entrou em vigor em 2005.

Silêncio em movimento

Em relação às frotas de táxis, operam em Macau 210 veículos “puramente eléctricos”, o que representa uma proporção de quase 12 por cento de todos os táxis, enquanto os táxis híbridos são 1.526, cerca de 86,2 por cento.

A DSPA afirmou ainda que continua a acompanhar a evolução do sector dos transportes e promover o uso de autocarros de energia nova mais ecológicos pelas duas empresas de autocarros e incentivar o sector dos táxis a utilizar mais veículos eléctricos ou veículos de energia nova.

Porém, a deputada Lo Choi In gostaria de ver o alargamento do uso de energias amigas do ambiente a todos os transportes, incluindo motociclos de empresas de take-away e outros veículos comerciais. “O Governo pode subsidiar os distribuidores de take-away para promover o uso de motociclos eléctricos”, afirmou a deputada aos microfones da emissora pública.

6 Fev 2025

Gripe | Uma morte e dois doentes em estado crítico

Durante o mês passado, os Serviços de Saúde registaram cinco casos graves de gripe, que resultaram numa morte e em dois doentes ainda a necessitar de ventilador. As autoridades esperam um aumento de doentes a recorrer às urgências esta semana

 

Com o pico da época da gripe a continuar até ao fim de Fevereiro, as autoridades de saúde esperam um aumento de doentes nas urgências hospitalares e centros de saúde ao longo desta semana. Em declarações ontem à comunicação social a chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, afirmou que durante a semana passada, com os feriados do Ano Novo Lunar, o número de pacientes que procuraram tratamento médico desceu ligeiramente para cerca de 1.200, em relação à semana anterior.

Durante o mês de Janeiro, os Serviços de Saúde registaram cinco casos severos de gripe que obrigaram ao uso de ventilador, quatro dos quais com um historial clínico de doenças crónicas e um fumador.

Destes cinco casos, dois continuam em estado grave ainda a necessitar de auxílio respiratório através de ventilador e houve o registo de um morto, um idoso de 86 anos que faleceu na segunda-feira. Entre os cinco pacientes, três não eram vacinados.

Depois de uma semana marcada por muitas viagens, ajuntamentos e multidões, as autoridades alertaram a população para prestar atenção à gripe, continuar a usar máscara e a não descurar a higiene pessoal. Caso os sintomas, como dificuldades respiratórias e febre, se agravarem os Serviços de Saúde recomendam o recurso imediato às urgências hospitalares.

As autoridades alertaram novamente para a especial atenção de pessoas que pertençam a grupos de risco, como crianças, idosos e doentes crónicos, por correrem o risco de sofrer sintomas mais severos.

Picas e Hong Kong

A chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, indicou ainda que o Governo comprou 214 mil doses da vacina contra a influenza para a época da gripe 2024/2025. Até ontem, tinham sido administradas mais de 186 mil doses da vacina, o que representa um crescimento de cerca de 13 por cento face ao mesmo período do ano passado.

Com a situação da gripe dentro do controlo em Macau, em Hong Kong as autoridades de saúde enfrentam um panorama diferente.

O Centro de Protecção da Saúde da região vizinha divulgou na semana passada dados alarmantes. Numa semana, entre 19 e 25 de Janeiro, morreram 46 pessoas e em dois dias (26 e 27 de Janeiro) morreram mais 10 pessoas. Desde 9 de Janeiro até ao fim desse mês, 88 pessoas morreram em Hong Kong na sequência complicações com gripe, o pior registo dos últimos cinco anos.

5 Fev 2025

Habitação | Custo por metro quadrado cai 17 por cento

Pela primeira vez, desde Setembro de 2024, o custo médio das habitações ficou abaixo das 70 mil patacas por metro quadrado. Os preços na Taipa ultrapassaram os praticados em Coloane

 

Na primeira metade do mês de Janeiro, o preço médio das transacções de habitações sofreu uma redução de 17 por cento face ao ano anterior, de acordo com os dados mais recentes na Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).

Segundo a informação oficial, no início de Janeiro o preço médio da compra e venda de habitação foi de 69.882 patacas por metro quadrado, uma redução de 17 por cento, em comparação com o preço da primeira metade de Janeiro de 2024. Nessa quinzena, a média do metro quadrado atingiu as 84.325 patacas.

Pela primeira vez, desde Setembro do ano passado, o preço médio da habitação por metro quadrado ficou abaixo das 70.000 patacas.

Em comparação com os preços da primeira metade de Dezembro do ano passado, quando o metro quadrado era comercializado a uma média de 82.383 patacas, Janeiro representa uma redução de 15,17 por cento do valor das casas.

Na primeira metade de Janeiro deste ano, o preço médio por metro quadrado mais elevado foi registado na Taipa, com uma média de 79.474 patacas por metro quadrado. Em Coloane, o local onde tradicionalmente o preço atinge os valores mais altos, o valor médio não foi além das 72.252 por metro quadrado. Na Península de Macau, o preço médio foi de 66.753 patacas por metro quadrado.

Aumento reduzido

Ao mesmo tempo que os preços do imobiliário ficaram mais baratos, registaram-se mais transacções de habitação. Na primeira quinzena deste ano, houve 125 compras e vendas, o que representou um aumento de 20 transacções, ou 19,05 por cento, em comparação com o período homólogo, quando tinha sido contabilizadas 105 compras e vendas de habitação.

Quando a comparação é feita tendo em conta a primeira metade de Dezembro de 2024, houve mais 31 transacções, dado que nesse período tinha havido um total de 94 compras e vendas de habitação.

Em termos de transacções, o maior número de compras e vendas de habitações aconteceu na Península de Macau, com 96 transacções, seguido pela Taipa onde tiveram lugar 20 negócios. Finamente, em Coloane registaram-se nove transacções. O início de Janeiro confirmou as tendências do final de Dezembro, quando também na Península tinha ocorrido o maior número de transacções, com 53 compras e vendas, seguido pela Taipa, com 37 transacções, e por Coloane, onde aconteceram seis operações.

5 Fev 2025

Concertos | Chan Iek Lap quer mais segurança na venda de bilhetes

Chan Iek Lap está preocupado com o mercado negro e pede o reforço da fiscalização e do combate ao fenómeno. O deputado sugere que o Governo solicite às redes sociais a remoção de publicações a vender bilhetes

 

O deputado Chan Iek Lap defende a necessidade de implementar sistemas de segurança contra fraudes na venda de bilhetes para concertos. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, em que o membro da Assembleia Legislativa se mostra preocupado com o aumento das burlas e vendas de ingressos no mercado negro.

De acordo com os dados apresentados pelo deputado, só nos tempos mais recentes, as autoridades policiais receberam queixas de vários residentes e cidadãos do Interior da China que foram enganados, quando tentavam comprar bilhetes para concertos no território. Os valores das burlas mais recentes ultrapassaram 110 mil patacas.

Em Macau, à imagem do que acontece em Hong Kong, os bilhetes disponibilizados para venda ao público são em número reduzido e esgotam rapidamente, por estarem antecipadamente reservados, ou devido à utilização de software por parte de vendedores do mercado negro que inundam os sites de venda.

Como consequência, os interessados acabam por comprar os bilhetes no mercado negro, onde pagam preços mais elevados ou são alvos de burlas, o que acontece quando pagam por bilhetes que nunca recebem.

“Esta situação tornou-se numa preocupação generalizada da população, em especial o problema do cada vez maior mercado negro”, escreve Chan Iek Lap. “Face ao número crescente de fraudes na venda de bilhetes, o Governo tem intenção de fazer uma revisão do sistema de gestão de bilhetes e reforçar o sistema jurídico da compra e venda de bilhetes de concertos, de modo a evitar a ocorrência de mais fraudes semelhantes?”, questiona o deputado.

Actualmente, segundo o deputado, a venda ilegal de bilhetes pode ser punida com uma pena de prisão até três anos ou multa não inferior a 120 dias.

Linha para denúncias

Como parte do esforço de combate ao mercado negro, o deputado quer ainda saber se a polícia vai criar pontos de contacto exclusivamente para receber denúncias sobre o mercado negro.

Por outro, Chan Iek Lap questiona se existe a possibilidade de o Governo interceder junto das empresas donas das redes sociais para impedir a venda no mercado negro. “O Governo tem a intenção de reforçar a cooperação com as plataformas de redes sociais e exigir-lhes que examinem informações sobre bilhetes e apaguem mensagens ilegais?”, pergunta.

O deputado também pergunta se o Governo está a planear medidas para evitar o recurso ao mercado negro, onde os consumidores ficam fragilizadas, e organizar campanhas de sensibilização para alertar o público.

5 Fev 2025

Cheques | Ron Lam pede cortes para quem não vive em Macau

A natureza, objectivos e limites à distribuição de cheques pecuniários voltaram à ordem do dia. Duas semanas depois de Lo Choi In ter sugerido o fim da atribuição dos cheques a quem está fora de Macau, Ron Lam partilha a mesma opinião e questiona se a medida é um apoio ou uma repartição de dividendos

 

Menos de um mês e meio depois da tomada de posse de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo, voltou à ordem do dia a questão do corte na distribuição de cheques pecuniários. Ron Lam entende que o Governo deve explicar qual a intenção original e definição do programa de comparticipação, esclarecendo se a medida é um apoio financeiro ou distribuição de dividendos. As declarações de Ron Lam a pedir esclarecimentos conceptuais, publicadas ontem no jornal Ou Mun, foram prestadas tendo em conta possíveis “ajustes posteriores” à medida.

O deputado defende que, à semelhança do apoio aos beneficiários do regime de previdência central não obrigatório, a distribuição dos cheques pecuniários deve ficar limitada a quem permanece no território, pelo menos, 183 dias num ano.

Recorde-se que o “Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico” tem sido apresentado pelo Governo como uma forma de “partilhar com a população os frutos do desenvolvimento económico”.

Independentemente do objectivo referido todos os anos pelos sucessivos Executivos, desde 2008, Ron Lam afirma que as políticas públicas precisam ter objectivos e direcções concretas para assegurar a sua execução eficiente e ajustes com precisão científica. Estas são as prioridades apontadas pelo deputado, antes de se decidir alterações ao montante atribuído e se a distribuição é cortada aos residentes que vivem fora de Macau. Porém, sublinha que o cancelamento do programa não é realista.

A idade dos porquês

Se o cheque pecuniário diz respeito à partilha dos frutos do desenvolvimento económico, o que explica a sua distribuição durante a pandemia quando o território mergulhou numa crise económico e em défice orçamental? O deputado salienta que durante os três anos de pandemia, o Governo não fez as habituais injecções de capital nas contas individuais do regime de previdência central não obrigatórios. Apesar de dizer que não concordou com a suspensão das injecções de capital, Ron Lam indicou que o Governo deve esclarecer claramente a natureza das suas políticas.

Ron Lam recordou que cerca de 100 mil residentes que não moram em Macau beneficiam do cheque pecuniário.

Segundo os dados das propostas orçamentais para o ano económico de 2025, citados pelo deputado, o erário público poupou 79,32 milhões de patacas com cheques que não foram depositados dentro do prazo de três anos. Ron Lam apontou que o Governo deve verificar se os destinatários que não trocaram o cheque ainda estão vivos.

5 Fev 2025