Song Pek Kei denuncia problemas nos funerais e tratamento de cadáveres

A deputada Song Pek Kei denunciou ontem a incapacidade dos Serviços de Saúde para lidarem com os cadáveres que se acumularam durante o pico da pandemia. Numa intervenção antes da ordem do dia, Song apontou que há famílias a sofrer com a situação, uma vez que só tiveram acesso ao corpo das vítimas, quando este estava num avançado estado de deterioração.

“Neste momento, as instalações são insuficientes, e até houve casos em que os cadáveres se deterioraram e apresentam mau cheiro, dificultando o tratamento ordenado por parte dos familiares dos falecidos”, revelou Song Pek Kei.

Segundo a deputada, a situação afectou gravemente as famílias, que sofreram um outro desgosto além da morte do familiar, uma vez que todos estes incidentes fizeram com que os falecidos fossem impedidos de “ter um último momento com dignidade”.

Para responder à situação, e sublinhando que desde Dezembro o número de mortos “cresceu dezenas de vezes” face aos registos históricos, Song pediu às autoridades para “aumentarem, provisoriamente, as câmaras frigoríficas para guardar os restos mortais dos falecidos”.

As declarações de Song Pek Kei foram feitas um dia depois de Alvis Lo ter recusado a perda de cadáveres por parte dos Serviços de Saúde.

Caos funerário

A legisladora ligada à comunidade de Fujian abordou igualmente o caos a nível dos funerais dos residentes, que actualmente sofrem com várias restrições. As pessoas têm agora um máximo de 15 minutos para se despedir dos familiares. “Com a recente morte de pessoas com doenças subjacentes à covid-19, a procura de serviços funerários aumentou significativamente, a procura é maior do que a oferta e, nos últimos tempos, as casas mortuárias têm estado sobrecarregadas, com problemas de funcionamento e de impossibilidade de tratamento dos restos mortais”, denunciou.

Também o deputado Che Sai Wang acompanhou a deputada nas críticas. “Segundo as políticas de combate à epidemia, os corpos dos que faleceram durante este período têm de ser embalados e selados, não podendo ser abertos para tratamento posterior, nem se podendo prestar a derradeira homenagem, o que, para as famílias, é incompreensível”, atirou Che. “Desde a linha da frente dos profissionais de saúde à indústria funerária, esta ‘linha de vida e de morte’ está a enfrentar uma pressão e confusão inimagináveis”, acrescentou.

Para Che, este cenário, além de outros problemas como a falta de medicamentos, indica que “o Governo da RAEM não preparou bem as medidas de liberalização do plano de contingência”. As críticas de Che foram igualmente indicadas por José Pereira Coutinho, colega de bancada,

A vitória de Wu

Apesar das críticas, o deputado Wu Chou Kit, nomeado por Ho Iat Seng, considerou que o Governo triunfou e protegeu eficazmente a vida da população de Macau.

“O Governo da RAEM, em cumprimento das políticas nacionais de prevenção e controlo da epidemia, tem-se empenhado, ao longo destes três anos, na sua prevenção e controlo, protegendo eficazmente a vida e a saúde dos mais de 600 mil cidadãos de Macau, na fase mais feroz do vírus!”, declarou o engenheiro de formação.

Wu Chou Kit considerou ainda que todas as medidas adoptadas ao longo dos três anos foram aplicados de forma “científica e precisa”. “À medida que a política nacional de prevenção da epidemia muda, Macau insiste em tratar a epidemia de forma científica e precisa!”, atirou.

17 Jan 2023

Sindicatos | Diploma aprovado sem consagração do direito à greve e negociação colectiva

Na discussão do direito dos trabalhadores consagrado na Lei Básica, os deputados ligados ao patronato pediram flexibilidade e houve até quem tivesse considerado que nada obrigava a que o direito fosse consagrado através de uma lei. Do lado laboral, pediu-se uma lei para regular o direito à greve e à negociação colectiva

 

Os deputados da Assembleia Legislativa aprovaram ontem a proposta do Governo para permitir a existência de sindicatos, uma obrigação que consta da Lei Básica, aprovada há quase 30 anos, mas que ainda não foi cumprida. No entanto, a discussão do diploma ficou marcada por pedidos, por parte de alguns deputados, para que se cumpra as outras obrigações do artigo 27.º da Lei Básica, como o reconhecimento do direito à greve.

José Pereira Coutinho foi um dos primeiros a intervir no debate, e acusou o Governo de nunca referir a obrigação de cumprir a Lei Básica na apresentação deste diploma. “Falamos sempre da Lei Básica, mas a nota justificativa não faz nenhuma referência ao artigo 27.º da Lei Básica. Não há uma única referencia à Lei Básica. Afinal qual é o rigor do Governo da RAEM no cumprimento da Lei Básica? Isto não reflecte a importância que atribuímos à Lei Básica”, começou por criticar o deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

“Também não vemos neste diploma um direito à greve. Quando é que vão assegurar este direito? É um direito nuclear da Lei Básica. Quando vão apresentar uma proposta de lei para consagrar o direito à greve?”, questionou.

A ausência do direito à greve foi igualmente mencionada por Leong Sun Iok, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), e por Ron Lam. Contudo, estes deixaram a esperança de que este seja um primeiro diploma, e que a sua revisão possa ser feita no futuro, a partir desta lei que definiram como “a primeira base” de trabalho.

Outra das críticas verbalizada pelos deputados, foi a ausência do direito à negociação colectiva, prevista nos acordos internacionais assinados por Macau, mas nunca aplicada.

E os direitos dos patrões?

Também os representantes do patronato na Assembleia Legislativa se mostraram insatisfeitos com algumas partes do diploma.

Ip Sio Kai, ligado aos empresários, desvalorizou o artigo 27.º da Lei Básica. “Não é só por haver um artigo na Lei Básica que temos de fazer uma lei sindical. Temos de discutir de forma prudente e ser pragmáticos”, afirmou durante a discussão. “Será que o facto de não haver uma lei sindical afecta a relação entre os patrões e os trabalhadores?”, perguntou e respondeu: “Não”, atirou.

Ip Sio Kai destacou também que a ausência de uma lei deste género permitiu que fossem estabelecidas na RAEM boas relações entre patrões e empregados. Este deputado mostrou-se ainda preocupado com a possibilidade de serem criados muitos sindicatos.

Por sua vez, Wang Sai Man, outro dos deputados eleitos de forma indirecta pelo sector empresarial, defendeu que a lei deveria proteger os direitos do patronato.

“Quando vimos que trabalhadores querem defender os seus direitos, estamos a falar de uma relação entre os trabalhadores e os empregadores. Mas não vemos os direitos dos empregadores, da parte patronal, a serem defendidos neste diploma”, afirmou.

Características de Macau

Face às questões e críticas dos deputados, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, não se comprometeu com qualquer lei para estipular a greve, nem o processo de negociação colectiva.

Pelo contrário, o secretário pareceu indicar que o Governo recusa seguir esse caminho e que esta lei foi feita a pensar nas especificidades do território. “Temos de criar uma lei sindical com características específicas de Macau”, defendeu. “É o nosso raciocínio”, acrescentou. “Esta é uma lei que resulta da nossa consulta pública de 40 dias e que cumpre com as exigências da Lei Básica”, atirou.

Lei Wai Nong destacou ainda o papel assumido pelo Governo, para manter a harmonia entre empregadores e trabalhadores. Por outro lado, elogiou o papel da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). “Ao longo dos anos, 93 por cento dos conflitos entre empregadores e trabalhadores foram resolvidos através da DSAL. Os restantes, cerca sete por cento, foram resolvidos pela via judicial”, indicou.

À 13.º tentativa, a proposta com vista à criação de sindicatos no território lei foi aprovada quase por unanimidade, com a excepção dos deputados da ATFPM, Pereira Coutinho e Che Sai Wang, que se abstiveram. “É uma lei muito insuficiente”, jutificou Che, em nome dos dois. Tradicionalmente, Kou Hoi In, presidente da AL, não vota a não ser que haja um empate, e ontem voltou a adoptar essa postura, pelo que não tomou uma posição.

17 Jan 2023

Milhões de chineses receosos no regresso a casa após fim de restrições

Por estrada ou por mar, de avião ou de comboio, milhões de chineses estão a caminho da terra natal para festejar a passagem do ano lunar com a família, na maior migração interna do planeta.

O ‘chunyun’, a temporada de viagens por ocasião do Ano Novo Lunar que arrancou no sábado passado, coincide este ano com o fim da política de ‘zero casos’ de covid-19, suscitando um aumento no fluxo de viajantes e desafios para as zonas rurais da China, com menos recursos de saúde.

“Estive com 40 graus de febre, mas estou feliz”, descreveu à Lusa um chinês residente em Pequim, que recuperou recentemente de uma infecção pela covid-19. “Finalmente posso movimentar-me”, disse.

Para a chinesa Xiaowang, que vai percorrer de comboio os mais de 2.000 quilómetros que separam Pequim e a sua terra natal, na província de Sichuan, esta é a primeira vez que vai a casa no espaço de dois anos. “É fatigante”, admitiu, sobre a jornada de 20 horas. “Mas esta data é muito importante para os chineses: é quando nos reunimos com a família”, contou.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, no total, foram realizadas 34,7 milhões de viagens no último sábado, o primeiro dia de um período de 40 dias em que centenas de milhões de chineses regressam às respetivas terras natais.

Aquele número representa um aumento de 38,2 por cento, em relação a 2022, depois de, nos últimos dois anos, a temporada de viagens ter sido afectada pelas medidas de prevenção contra a covid-19 que vigoraram na China.

Em Dezembro, no âmbito do fim da política de ‘zero covid’, o governo chinês retirou as restrições às viagens internas, que incluíam a exigência de testes PCR negativos para viajar de avião ou comboio e o registo das deslocações através de uma aplicação de localização.

Cada cidade ou província tinha também as suas próprias políticas: Pequim, por exemplo, não permitia a entrada de viajantes vindos de áreas onde tivessem sido registados casos de covid-19. Outros locais exigiam quarentena em instalações designadas ou em casa, para quem vinha de zonas com surtos activos.

Fluxo de receios

O fim das restrições suscitou uma vaga de infecções sem precedentes e o intenso período de viagens, que ocorre entre os dias 7 de Janeiro e 15 de Fevereiro, está também a suscitar preocupações. “É assustador”, resumiu à Lusa Zhao Yang, residente em Pequim. “Esperei com entusiasmo pelo fim dos bloqueios, mas face a este súbito fluxo de pessoas a viajar, sinto-me receoso”, frisou.

O Ministério dos Transportes chinês previu que o número de viagens durante a temporada do Ano Novo Lunar quase duplicará, face ao ano passado, para 2,095 mil milhões. Este número marcaria uma recuperação para 70 por cento do tráfego verificado em 2019, o último ano antes do início da pandemia.

A principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais, calha este ano entre os dias 21 e 27 de Janeiro, sob o signo do Coelho, um dos doze animais do milenar zodíaco chinês. Na China e em todas as ‘chinatown’ espalhadas pelo mundo, os edifícios são engalanados com lanternas vermelhas, enquanto nas ruas se lançam petardos e fogo-de-artifício para “afugentar os maus espíritos’.

Espera-se também que as viagens para o exterior subam, depois de o país ter reaberto as fronteiras, que estiveram fechadas durante quase três anos. Quem chegava à China era submetido a um período de quarentena em instalações designadas que, em algumas províncias, chegava aos 28 dias.

O número de reservas de viagens internacionais para a semana até 27 de Janeiro foi seis vezes superior, face ao feriado do Ano Novo Lunar de 2022, de acordo com o portal de reservas chinês Trip.com. O destino mais popular é a Austrália, seguida pela Tailândia e Japão.

“Este ano vou certamente viajar além-fronteiras”, explicou à Lusa Han Qing, um chinês natural de Pequim. “Está na altura de reconectar com o mundo”.

16 Jan 2023

Hong Kong | Combate ao contrabando de medicamentos para Macau

As autoridades de Hong Kong apertaram o controlo ao contrabando de medicamentos para combater sintomas de covid-19. Nos últimos tempos, mais de 10 milhões de dólares de Hong Kong em fármacos “ocidentais”, como Molnupiravir, Paxlovid e Primovir foram apreendidos. Os destinos do contrabando são Macau e o Interior da China

 

A explosão de casos de covid-19 em Macau e no Interior da China criou uma vaga de contrabando de medicamentos relacionados com o novo coronavírus das farmácias de Hong Kong. De acordo com as autoridades alfandegárias da região vizinha, nas últimas seis semanas foram apreendidos nos postos fronteiriços mais de 10 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em medicamentos, com particular incidência nos fármacos Molnupiravir, Paxlovid e Primovir (a versão genérica do Paxlovid, produzido na Índia), com destino a Macau e Interior da China.

Citada pelo South China Morning Post, uma fonte das autoridades alfandegárias, com jurisdição sobre a zona costeira de Hong Kong, revelou que parte do contrabando é feito através de lanchas rápidas, mas que medicamentos entram e saem da região disfarçados encomendas.

O jornal da região vizinha acrescenta que nas últimas semanas foram apreendidas mais de uma dúzia de encomendas vindas de países europeus, como França e Alemanha, onde foram encontradas embalagens de Paxlovid, apontou a comissária assistente do departamento, Ida Ng Kit-ching.

“Nas declarações, os conteúdos eram identificados como chocolates, produtos de madeira e calçado, mas cada encomenda tinha entre algumas centenas a um milhar de comprimidos”.

Entre segunda-feira e quarta-feira da semana passada, foram apreendidas duas encomendas vindas da Alemanha e Índia contendo quase 9.000 comprimidos de Paxlovid e Primovir, no valor de 480 mil HKD.

Mar, terra e ar

Segundo o South China Morning Post, entre 1 de Dezembro e 12 de Janeiro, foram apreendidos nos postos fronteiriços 56 pessoas transportando fármacos avaliados em mais de 660 mil HKD, e 9,5 milhões de HDK escondidos em encomendas.

Além dos medicamentos das farmacêuticas Merck e Pfizer, foram também encontradas embalagens de Lianhua Qingwen, o produto de medicina tradicional chinesa usado para tratar sintomas de febre e garganta dorida.

Para combater a tendência crescente de contrabando de fármacos, as autoridades de Hong Kong apertaram a fiscalização de pessoas e encomendas.

A principal via de saída de medicamentos é pelas fronteiras terrestres. Só nos dias entre 27 de Dezembro e 1 de Janeiro, as autoridades de Hong Kong identificaram cinco camiões que transportavam fármacos para sintomas de covid-19 no valor de 940 mil HKD. Os cinco condutores foram presos.

Quem for apanhado a transportar bens não declarados pode ser multado até 2 milhões de HKD e sete anos de prisão, se forem fármacos sem respectiva receita ou documentação que autorize importação, as penalizações podem chegar a mais 100 mil HKD de multa e até 2 anos de prisão.

16 Jan 2023

Covid-19 | Alvis Lo nega perda de cadáveres no hospital público

O director dos Serviços de Saúde negou o rumor de que teria sido perdido um cadáver no Hospital São Januário e garantiu que as agências funerárias têm capacidade para lidar com o crescente número de mortes registadas no território. No entanto, reconhece que houve desafios para organizar tantos funerais

 

Apesar da vaga de mortes gerada pela coexistência com a covid-19, o director dos Serviços de Saúde recusa a perda de cadáveres no hospital público. As declarações foram prestadas na sexta-feira, em resposta às várias informações que circulam sobre a desorganização no Centro Hospitalar Conde de São Januário face à falta de capacidade para lidar com o crescente número de mortos.

“Posso garantir que não houve qualquer perda de corpo, porque temos um sistema de armazenamento adequado para cada falecido, de acordo com as regras de higiene”, afirmou Alvis Lo, à margem da Cerimónia de Entrega de Medalhas e Títulos Honoríficos, citado pela TDM. “Não houve qualquer caso de perda do corpo”, sublinhou.

O director dos SSM, garantiu também que há capacidade para lidar o aumento a mortalidade e apelou à população para não se sentir preocupada. “De acordo com o nosso plano de contingência, os corpos são armazenados de forma adequada, nas diferentes instalações de saúde e agências funerárias”, justificou. “Vamos empenhar-nos ao máximo no tratamento adequado dos corpos. Os residentes não precisam de ficar muito preocupados”, vincou.

Limites reconhecidos

Confirmado foi o desafio causado pelo aumento das mortes nas últimas semanas, que coincidem com a estratégia de convivência com a covid-19. Alvis Lo admitiu que as funerárias enfrentaram problemas para lidar o elevado fluxo de trabalho, mas que a situação deve estar ultrapassada.

“Existia uma grande sobrecarga para o tratamento dos corpos. Comunicámos com as agências funerárias e, após um certo esforço dos funcionários do sector, sabemos que, neste momento, o processo de tratamento dos corpos foi melhorado e consegue responder às necessidades dos residentes”, indicou.

O director dos SSM considerou igualmente que os problemas foram causados pelo facto de as pessoas quererem realizar funerais de familiares antes do Ano Novo Lunar. “Podemos ver também que antes do Ano Novo Chinês a procura mantém-se elevada, porque muitos familiares querem tratar dos velórios dos falecidos antes deste período”, indicou.

Além disso, no início da coexistência, Alvis Lo indicou que vários trabalhadores do sector foram infectados com covid-19, pelo que não puderam trabalhar, e limitaram a capacidade de resposta. Porém, esta fase está ultrapassada.

Oito mortes no fim-de-semana

Entre sexta-feira e domingo houve mais oito mortes por covid-19, de acordo com os critérios dos Serviços de Saúde. Além disso, neste período, as autoridades admitiram que foram internadas nos hospitais locais mais 30 pessoas devido a covid-19. Segundo a estatística oficial, desde o surgimento da pandemia houve 3.425 casos de covid-19 em Macau.

16 Jan 2023

Lei sindical | Jurista alerta para omissão da negociação colectiva

É hoje votada na generalidade, no hemiciclo, a proposta de Lei Sindical. O jurista António Katchi alerta para o facto de o diploma “não regular, nem mencionar, o direito à greve ou direito de negociação colectiva”. Katchi fala ainda em discriminações em relação à ausência de não residentes nos órgãos de gestão dos futuros sindicatos

 

Os deputados votam hoje na generalidade a proposta de Lei Sindical na Assembleia Legislativa (AL) e o HM convidou o jurista António Katchi a comentar o conteúdo da proposta. O académico, ex-residente de Macau, começa por alertar para o facto de a proposta de lei “não regular, nem sequer mencionar, o direito à greve, não tão pouco o direito de negociação colectiva”. Declara-se, no diploma, que os sindicatos podem “tratar e negociar as matérias relativas aos conflitos laborais individuais”. Katchi frisa, aqui, o facto de ficarem de fora “os conflitos colectivos”.

“A proposta de lei não se limita a ignorar o direito à greve, mas vai mais longe: restringe-o claramente, ao afirmar que as actividades dos sindicatos não podem ‘afectar os serviços públicos necessários para o funcionamento básico da sociedade, bem como o funcionamento contínuo e eficaz dos serviços de emergência indispensáveis’.”

Neste sentido, Katchi considera que esta norma não obedece aos princípios constitucionais e internacionais que regem a restrição de direitos fundamentais, uma vez que não está demarcada “o âmbito da restrição, bastando-se com uma sucessão de conceitos indeterminados”. “É claro que essa demarcação poderia ser remetida para uma lei que especificamente regulasse o direito de greve; mas, então, urge que tal lei seja criada”, aponta.

Filhos e enteados

O jurista destaca também a “exclusão das pessoas condenadas por certos crimes”, sendo “questionável a gravidade que se atribui aos crimes ‘contra a segurança do Estado’, ao ponto de nem sequer se exigir como pressuposto para a aplicação da referida sanção a condenação do arguido a uma pena de prisão igual ou superior a três anos, como se exige no caso de ele ter sido condenado por outro tipo de crime”.

Desta forma, Katchi entende que, com esta proposta de lei, “o Governo encara a actividade sindical como uma fonte muito provável de perigo para a segurança do Estado”. Até porque “nenhuma norma semelhante se encontra legalmente estabelecida para as associações patronais”.

Por fim, merece atenção do jurista a questão da ausência dos trabalhadores não residentes (TNR) dos órgãos de gestão dos sindicatos, nomeadamente da assembleia-geral, órgão colegial de administração e conselho fiscal.

“A exclusão dos TNR, mesmo que seja apenas na direcção e no conselho fiscal, não se esteia em qualquer fundamento razoável e, por conseguinte, redunda em discriminação e consequente violação do princípio da igualdade. O que objectivamente importa não é o estatuto jurídico do trabalhador como residente, mas sim o facto de ele trabalhar em Macau”, conclui.

Ainda sobre a proposta de lei, o jurista aponta o facto de ser necessária autorização do Chefe do Executivo para que um sindicato se possa filiar numa organização ou associação criada no exterior que não possua a natureza de “organização ou associação de trabalhadores”.

Este é, para Katchi, uma “restrição excessiva ao exercício da liberdade sindical, injustificado”, pois dá-se poder de interferência da parte de um órgão político-administrativo nas relações externas dos sindicatos e na sua actividade, tendo em conta que são associações privadas. Isto porque “a lei nada diz sobre as razões em que se deverá fundamentar a recusa de autorização por parte do Chefe do Executivo”.

Acima de tudo, para Katchi, “não basta regulamentar a liberdade sindical”, sendo “imprescindível, também, assegurar-lhes a possibilidade efectiva de exercício de vários outros direitos envolvidos na actividade sindical: a montante, as liberdades de expressão, imprensa, reunião, manifestação e associação; a jusante, os direitos de negociação colectiva e de greve”.

16 Jan 2023

Condecorações | BNU realça oportunidades de servir comunidade

O Chefe do Executivo entregou na sexta-feira as medalhas de mérito a diversas personalidades e entidades de Macau cujos feitos, em várias áreas, se destacaram no ano passado. No caso do Banco Nacional Ultramarino, Carlos Cid Álvares, acredita que o futuro trará mais oportunidades para servir as populações

 

Personalidades das áreas da banca, gastronomia e serviços sociais receberam das mãos do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, na sexta-feira, as medalhas de mérito pelos serviços que prestaram em 2022. Uma das distinções foi atribuída ao Banco Nacional Ultramarino (BNU) enquanto entidade bancária histórica e marca que transitou do período da Administração portuguesa para a RAEM mantendo o papel na emissão da pataca.

À TDM, Carlos Cid Álvares, CEO da instituição bancária, disse que há muitas oportunidades a espreitar no futuro para o banco, tendo em conta o seu posicionamento na RAEM e no sul da China. “Vamos ver e aguardar as orientações do Governo e da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) sobre a matéria [papel a desempenhar no futuro]. Há muita coisa para fazer e temos um tema muito mais digital e vamos ter mais oportunidades de servir a comunidade com o tema da Grande Baía, de Hengqin e dos Serviços Financeiros Modernos.”

Carlos Cid Álvares declarou que a medalha é, sobretudo, “dos 500 colaboradores que estão a trabalhar no BNU e das centenas que estiveram a trabalhar no BNU ao longo de 120 anos”. “É a eles que se deve esta medalha. Gostava também de agradecer à Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) que se lembrou do BNU para atribuir esta medalha que nos orgulha tanto e nos responsabiliza para fazer mais e melhor no futuro”, acrescentou.

Sobre a continuação do papel do banco como emissor de moeda, Carlos Cid Álvares prefere esperar para ver. “O actual contrato diz que estamos no papel durante dez anos até 2030. Aguardamos com serenidade essa decisão, que só vai acontecer daqui a oito anos.”

Ho Iat Seng distinguiu também a Confraria da Gastronomia Macaense, que há vários anos se dedica a dar a conhecer a peculiar cozinha de Macau. À TDM, Carlos Anok Cabral, presidente da entidade, disse ter ficado surpreendido com a atribuição da medalha de mérito cultural.

“Em 2021, a gastronomia macaense foi incluída na lista de património imaterial da República Popular da China. Isto não quer dizer que a Confraria deixa [de fazer] o seu trabalho, vamos continuar e fazer o melhor possível para que todo o mundo possa conhecer a gastronomia macaense.”

Na cerimónia estiveram também presentes duas importantes chefes de gastronomia macaense, Florita Alves e Antonieta Manhão, que têm marcado presença em eventos de promoção feitos em parceria com o Governo. “Creio que há mais pessoas a querer aprender a gastronomia macaense”, disse Florita Alves. “Quando há uma oportunidade comercial há sempre interesse. É uma realidade”, adiantou. Por sua vez, Antonieta Manhão disse “estar orgulhosa” com o reconhecimento dado pelo Chefe do Executivo. “Temos o papel de ensinar e divulgar mais as nossas receitas de comida macaense.”

Entidades centenárias

Outra personalidade distinguida pelo Chefe do Executivo, com uma medalha de Mérito Industrial e Comercial, foi Humberto Carlos Rodrigues, que desde 1984 está à frente da histórica F. Rodrigues (Sucessores) Limitada, fundada em 1916. Humberto Carlos Rodrigues preside também à Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos e é ainda vice-presidente da Associação dos Exportadores e Importadores de Macau.

O membro da comunidade macaense obteve o reconhecimento graças ao trabalho feito na promoção das relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. “Mesmo depois de passar para a Administração chinesa, a firma sempre se manteve e é actualmente a empresa portuguesa mais antiga de Macau. É um orgulho receber este prémio. Não estava à espera desta condecoração, é o reconhecimento do Governo de Macau, que sabe que a firma é das mais antigas, eles sabem disso.”

A filha deverá continuar à frente dos destinos da F. Rodrigues, que durante a pandemia, tal como todas as empresas, passou por momentos complicados. “Os últimos três anos foram um período difícil, a firma continuou, batalhou e vamos ver se conseguimos colocar mais produtos no mercado na China, principalmente em Hengqin. Talvez consigamos alguma coisa.”

Humberto Carlos Rodrigues tem esperança no futuro, agora que Macau abriu portas ao mundo. “Têm de abrir a fronteira para que a comunidade lusófona possa entrar e sair livremente, sem barreiras alfandegárias. É o maior passo que tem de ser dado”, declarou à TDM.

José Chui Sai Peng, engenheiro civil, deputado e primo do anterior Chefe do Executivo, Chui Sai On, recebeu, em nome da Associação Tung Sin Tong, a principal distinção, a Medalha Lótus de Ouro, graças ao trabalho social realizado há várias décadas.

“A Tung Sin Tong tem vindo a optimizar os serviços nos últimos 130 anos de acordo com o desenvolvimento da sociedade. Assim como este ano descobrimos que as pessoas estão a prestar mais atenção à medicina tradicional chinesa devido à pandemia. Reforçámos o nosso serviço de medicina tradicional chinesa nas Ilhas e alargámos o nosso centro de serviços, e concluímos a clínica e farmácia de medicina tradicional chinesa na Taipa. Esperamos atender melhor as pessoas nas Ilhas”, frisou.

Tendo em conta que a sociedade de Macau está cada vez mais envelhecida, Chui Sai Peng referiu que a aposta é nos cuidados aos idosos. “Esperamos melhorar o nosso trabalho de respeito e cuidado para com os idosos. Assim, este ano, temos um novo centro de atendimento para idosos na zona de San Kiu, esperando atender melhor a geração mais velha, nos bairros antigos”, anunciou.

Também na área social destaque para a atribuição da Medalha de Mérito Altruístico a Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau e mentor de projectos de apoio a residentes e não-residentes nas mais variadas áreas, como é o caso do Banco Alimentar, a linha de apoio e prevenção do suicídio, entre outras. Recorde-se que Paul Pun chegou ainda a ser candidato a deputado à Assembleia Legislativa.

“Estou encantado por ter recebido esta medalha. É um reconhecimento, penso eu, ao Padre Ruiz e à Madre Maria (Goisis), às pessoas que criaram as bases do trabalho solidário da Caritas Macau.”
Paul Pun é uma figura que pela dedicação às causas sociais mantem algum protagonismo mediático e que, nos últimos anos, acorreu ao aumento considerável de pedidos de ajuda e comida na sequência da crise social desencadeada pela pandemia.

O sentido de missão permanece consigo, pelo que promete continuar a trabalhar até que as condições de saúde o permitam. “Melhor dizendo, se houver necessidade [retiro-me]. Há sempre pessoas que precisam de ajuda e, seja a que título for, vou continuar a trabalhar para melhorar a sociedade, ajudando como puder.”

Ainda assim, Paul Pun confessa que gostava de ser substituído no papel social que desempenha em Macau. “Espero que, mais cedo ou mais tarde, alguém possa assumir esta missão. Não só para dar seguimento ao bom trabalho, mas para assumir a responsabilidade de cuidar dos outros. Quer na Caritas, quer em outras posições que hoje ocupo. Mesmo que me reforme [da Caritas] estou envolvido em outros tipos de trabalho solidário. Por isso é que não faço planos”, admitiu.

16 Jan 2023

São Januário | Mães e recém-nascidos já podem estar juntos

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) voltaram atrás e decretaram que as mães e os filhos recém-nascidos já podem ficar juntos no mesmo quarto, isto depois de ter sido denunciada a situação dos bebés estarem separados das mães no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ).

Numa nota de imprensa, é dito que a mudança surge porque “face ao alívio da situação epidemiológica a pressão causada pela falta de camas no CHCSJ também foi aliviada”.

Desta forma, “com vista a poder ser retomada a organização da amamentação, com as mães amamentarem os recém-nascidos no quarto conjunto, com a maior brevidade possível, através da mobilização das camas”, começou a ser retomada, desde ontem, “a área de internamento das enfermarias de cuidados pós-parto”. Desta forma, as “puérperas podem amamentar o seu recém-nascido no quarto conjunto, à semelhança do que sucedia no passado”, apontam os SSM.

Sobre as críticas feitas e a “inconveniência causada pela gestão temporária das enfermarias”, o organismo pede “compreensão, tolerância e cooperação dos doentes e seus familiares”.

Cai o registo

Horas antes de decidirem juntar as mães e os seus filhos, os SSM anunciaram que as mulheres que quisessem amamentar no hospital público poderiam fazê-lo dez horas após o parto e mediante registo. Macau cancelou recentemente as medidas de prevenção e controlo da covid-19 e está a viver o maior surto desde o início da pandemia.

“A fim de responder eficazmente à situação epidémica”, as mães, que eram mantidas separadas dos filhos, tiravam leite e o “recém-nascido era alimentado por uma enfermeira especializada”, explicaram os SSM num outro comunicado.

A permissão da amamentação directa surgiu depois de Ana Jael Tavares, portuguesa a viver em Macau, denunciar ter sido impedida de ver a filha nas primeiras 30 horas após o parto.

Associação preocupada

Na sequência deste caso, a Associação Promotora de Aleitamento e Cuidados Infantis de Macau (APACIM) expressou preocupação com a separação à nascença de mães e bebés no único hospital público do território. “É difícil de acreditar”, reagiu à Lusa a presidente da APACIM, que se mostrou “bastante surpreendida com a notícia”.

Virginia Tam realçou que, mesmo que a mãe tenha covid-19 – o que não era o caso de Ana Jael Tavares – a medida “não está em conformidade com as directrizes da Organização Mundial de Saúde [OMS]” no que diz respeito à amamentação.

“Desde o início [da pandemia], o requisito é que as mães fiquem com o bebé e cumpram os requisitos de higiene, como o uso de máscara, a lavagem frequente de mãos, mas a preferência é que a mãe e o bebé sejam mantidos juntos”, realçou a responsável, notando ainda “os benefícios do contacto pele com pele” entre mãe e filhos logo após o nascimento para, entre outros, facilitar a amamentação.

13 Jan 2023

Rui Valente não planeia parar e já definiu a nova temporada

Os anos passam, mas a motivação não esmorece. Rui Valente já começou a alinhavar a temporada que aí se avizinha e que promete ser novamente bastante preenchida entre corridas no Interior da China e a preparação para o sempre especial Grande Prémio de Macau.

O mais antigo piloto português de Macau em actividade não pensa em atirar a toalha ao chão, bem pelo contrário. “A licença desportiva já está renovada para o corrente ano”, destaca Rui Valente, acrescentando: “Gosto muito do que faço e ainda não é desta que vou pendurar o capacete”.

Apesar de todas as restrições nas viagens e limitações de toda a ordem que atravessamos nos últimos três anos, Rui Valente manteve-se sempre activo do outro lado das Portas do Cerco, conjugando participações no GIC Challenge, a competição organizada pelo Circuito Internacional de Guangdong (GIC, na sigla inglesa), com a presença habitual de fim de ano no Grande Prémio de Macau.

Com um orçamento que não lhe permite excessos ou extravagâncias, o regresso ao circuito dos arredores de
Zhaoqing está novamente nos planos de Rui Valente para esta temporada. O piloto luso tem somado bons resultados no GIC Challenge, muitas das vezes contra uma concorrência com outros meios e equipada com viaturas mais modernas e apetrechadas.

“Para as corridas de uma hora de resistência vou novamente fazer com o ‘velhinho’ Honda para manter a forma”, revelou ao HM o veterano piloto luso, fazendo referência ao seu fiável Honda Integra DC5 que já o acompanha há mais de uma dezena de anos. “É só fazer umas pequenas trocas na bomba de gasolina e está pronto a acelerar”.

Mini de boa saúde

Na roleta do Circuito da Guia, Rui Valente não tem sido muito feliz. Na edição do passado mês de Novembro, o piloto que competiu pela primeira vez em Macau em 1988 foi o mais rápido dos carros da classe 1600ccTurbo na qualificação para a primeira das duas corridas da Macau Roadsport Challenge. Após ter terminado no terceiro lugar na primeira corrida, Rui Valente liderava a segunda corrida confortavelmente e a tão desejada vitória estava à sua mercê. Contudo, na derradeira volta da corrida, como se um golpe de água fria se tratasse, a caixa de velocidades do seu Mini Cooper S atraiçoava-o e atirava Rui Valente para fora dos lugares cimeiros.

“Quando pensava que era desta, foi quando o pior aconteceu”, contou na altura Rui Valente. “Quando o Safety-Car saiu da pista fiquei [com o carro engatado] em sexta velocidade antes do Mandarim sem poder reduzir. Fiz a volta toda em sexta velocidade sem poder fazer nada. Estava em primeiro da classe e foi um azar enorme. Não havia nada a fazer, simplesmente aceitar, as corridas são assim”.

O meticulosamente bem preparado Mini Cooper S deverá apenas sofrer uma pequena revisão no defeso e o seu futuro, que mais uma vez deverá passar pelo Circuito da Guia no mês de Novembro, será decidido.

“Só preciso de ver a situação da caixa de velocidades quando ele voltar para a China, de resto está pronto”, afirma o piloto-preparador. Quanto ao futuro do Mini nas pistas, tudo depende do que os órgãos decisores definirem para as corridas locais de carros de Turismo e por isso Rui Valente é prudente: “Vamos aguardar até março. Até lá já deveremos ter uma resposta da organização”.

13 Jan 2023

Turismo | Portas abertas aos turistas do Interior

Após três anos com apertadas restrições de circulação, os turistas do Interior podem finalmente viajar para Macau e aproveitar a gastronomia local. E os restaurantes e lojas locais não têm mãos a medir para a nova procura

 

As ruas de Macau voltaram a encher-se de turistas do interior da China que, pela primeira vez desde o início da pandemia, podem entrar no território sem qualquer restrição.

“A última vez que vim foi há um ano e as políticas de entrada eram bem mais rígidas nessa altura. A 8 de Janeiro, as restrições foram relaxadas e, desta vez, o processo correu sem percalços”, disse à Lusa Xue Yu Huan, que está em Macau pela terceira vez.

De máscara na rua, junto a uma fila perto de um Starbucks, Xue, que chegou há pouco de Changzhou, na província de Jiangsu, no leste chinês, realçou que o “turismo particularmente bem desenvolvido” é o “maior atractivo” de Macau.

Na Taipa velha, centro de uma das ilhas de Macau, são evidentes os sinais de movimento, com muitos turistas apressados, cheios de sacos de compras, um cenário que contraria o deserto que eram as ruas do território há poucos meses.

O governo local, seguindo as directivas de Pequim, diminuiu as restrições e o resultado foi o regresso dos turistas.
“Vim a Macau sobretudo pelo turismo e pela gastronomia, que é particularmente apelativa, como tripas de vaca, que gosto muito”, completou Xue, que falou à Lusa na rua do Cunha, uma das zonas mais movimentadas da Taipa velha.

Nesse mesmo local, à espera numa longa fila para comer tripas de vaca no estabelecimento Lao Day está Wong Yucheng, jovem de Nanjing, cidade da província de Jiangsu, no centro-leste do país.

Falando à Lusa ao lado de duas jovens que conversavam animadamente enquanto comiam uma sandes, Wong insistiu que a gastronomia de Macau é um dos motivos da viagem. “Gosto da comida característica”, salientou Wong, nomeando “barbatana de tubarão e bolos” como as iguarias locais mais tradicionais.

Sem mãos a medir

A poucos metros do Lao Day, Lo Jun Keng, proprietária da Casa de Bolos Man Kei não tem mãos a medir: “Há muito fluxo de pessoas, o negócio está a operar a 70 por cento ou 80 por cento do ano de 2019 durante o período de férias”.

Do outro lado do rio das Pérolas, no coração de Macau, Jing Liang, da cidade de Shenzhen, disse que esperou três anos para poder regressar a Macau e mostrar a cidade ao filho.

À Lusa, Jing notou que em Macau espera comer a tradicional costeleta no pão, que se encontra um pouco por toda a cidade, e visitar as Ruínas de São Paulo, ex-líbris do território, ou a Torre de Macau.

“Sinto que não há pandemia, já passou. Já deve ter voltado tudo ao normal, já passaram três anos”, disse.Neste sentido, Jason Zeng, que se encontrava na base da escadaria das Ruínas de São Paulo, admitiu concordar com a política de ‘zero covid’, porque “cada país tem um sistema diferente” e a China, “claro, preocupa-se com a população”.

O lugar de eleição em Macau deste natural de Chengdu, capital da província de Sichuan, é o Cotai, área onde estão localizados vários casinos do território. “Especialmente à noite, como a vista nocturna do Venetian, do Londoner, etc”.

13 Jan 2023

Justiça | AL veta testemunhos de Chui Sai Cheong, Chui Sai Peng e Vong Hin Fai

Depois do afastamento da possibilidade de Chui Sai On testemunhar no caso que julga os ex-directores das Obras Públicas e empresários de construção, foi a vez de Vong Hin Fai, Chui Sai Cheong e Chui Sai Peng não terem sido autorizados pela Assembleia Legislativa a contar o que sabem em tribunal

 

O trio de deputados Vong Hin Fai, Chui Sai Cheong e Chui Sai Peng não foram autorizados a testemunhar em tribunal no julgamento dos ex-directores das Obras Públicas Jaime Carion e Li Canfeng, assim como os empresários Sio Tak Hong, William Kuan e Ng Lap Seng.

Os legisladores foram chamados a depor perante o colectivo de juízes, porém, a Assembleia Legislativa não deu autorização para comparecerem em tribunal, segundo indicou ontem a TDM – Rádio Macau, que acrescenta que Vong Hin Fai teria sido arrolado para testemunhar na sessão de julgamento que decorreu ontem no Tribunal Judicial de Base.

Não é a primeira vez que elementos de órgãos de soberania da RAEM são afastados de testemunhar no caso que julga as ligações entre empresários de construção e altos cargos da Administração. No mês passado foi noticiado que Ho Iat Seng não autorizou que o seu antecessor, Chui Sai On, fosse arrolado como testemunha no julgamento, onde tem sido referência constante por parte de testemunhas enquanto elemento chave na aprovação de um dos projectos de construção que estão no cerne da acusação.

Recorde-se que também o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e o seu antecessor Lao Si Io foram chamados a testemunhar em tribunal, mas Ho Iat Seng rejeitou igualmente os pedidos.

Conceito de normal

Durante a sessão de ontem, o colectivo de juízes ouviu o testemunho de funcionários das Obras Públicas.
Uma das testemunhas que trabalhou na Administração enquanto Jaime Carion era director afirmou que a empresa de Sio Tak Hong apresentou duas propostas para o polémico projecto do Alto de Coloane e que, normalmente, estes projectos eram avaliados de acordo a razoabilidade da candidatura, no efeito que tem no ambiente da área onde está localizado.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a testemunha adiantou que normalmente é dada prioridade ao interesse público e são tidas em consideração os pareceres da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental e do Instituto Cultural.

Porém, em Dezembro de 2009, Jaime Carion ordenou que a altura de construção do projecto fosse aumentada, algo que a testemunha afirmou não ser prática comum.

Esta semana foi indicado no tribunal que para o mega-projecto Windsor Arch, promovido por William Kwan Wai Lam e Ng Lap Seng, havia uma lista com várias personalidades políticas de Macau que teriam acesso a preços especiais mais baratos para adquirir apartamentos.

13 Jan 2023

Cartão de Consumo | Ho Iat Seng afasta, para já, nova ronda

Apesar de se celebrar o Ano Novo Chinês, o Governo afasta a possibilidade de distribuir um “lai si” aos residentes. No entanto, se a crise económica permanecer, o Executivo pode voltar a atribuir apoios financeiros

 

O Chefe do Executivo afastou a possibilidade de lançar uma nova ronda do cartão de consumo. A posição foi tomada ontem por Ho Iat Seng, à margem da recepção da Festa da Primavera organizado pelo Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM.

Questionado sobre a hipótese de haver um novo cartão de consumo, Ho Iat Seng afirmou que não está prevista e que não consta do orçamento da RAEM para este ano. No entanto, prometeu que o Governo vai manter-se atento à situação da economia, para tomar as medidas que considere adequadas, ou seja, para haver uma nova ronda do cartão de consumo o orçamento da RAEM terá de ser alterado, um procedimento que tem de passar pela Assembleia Legislativa.

No entanto a alteração do orçamento não está no horizonte do Governo, e Ho Iat Seng afirmou que as previsões para as receitas brutas do jogo se mantêm em 130 mil milhões de patacas. Desde que Ho formou Governo, as previsões são sempre do mesmo valor, 130 mil milhões de patacas, apesar de terem ficado sempre muito aquém do valor estimado.

Sem data de regresso

Apesar dos repetidos agradecimentos do Executivo de Ho Iat Seng ao Governo Central pela retoma da emissão de vistos de grupo para excursões turísticas, que esteve prevista para Novembro do ano passado, até ontem ainda não tinham sido emitidos vistos para este tipo de turistas. Ho Iat Seng admitiu desconhecer a data efectiva do regresso das excursões do Interior. Segundo o Chefe do Executivo as visitas em excursão dependem da situação pandémica no outro lado da fronteira. “Acredito que as autoridades centrais vão aprovar o regresso das excursões o mais depressa possível”, afirmou Ho.

Quando à situação da covid-19, Ho afirmou que cerca de 70 por cento dos cidadãos em Macau foram infectados e que não se espera um novo pico de infecções durante o Ano Novo Lunar.

Apesar disso, Ho avisou que podem ocorrer picos no futuro, pelo que o Governo vai manter as restrições na compra de medicamentos nas farmácias. Por outro lado, explicou também que se espera um aumento dos recursos para tratamento de doentes com covid-19, com a abertura do Hospital das Ilhas.

Ho Iat Seng | “Névoa da epidemia vai dissipar-se”

Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, defendeu ontem que “a névoa da epidemia vai dissipar-se nesta nova fase de prevenção e controlo epidémicos”, ficando a promessa de que o Governo vai centrar o trabalho “nos cuidados de saúde e na prevenção de doenças graves, bem como na prevenção e controlo da epidemia nos grupos-chave, nomeadamente idosos e crianças, visando maximizar a garantia da segurança da vida e a saúde dos residentes”.

As declarações foram proferidas no discurso do almoço de primavera oferecido pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau.

Ho Iat Seng não esqueceu ainda que, no último ano, “Macau sofreu os repetidos choques da epidemia e um severo abrandamento da economia”, além de que “todos os sectores sociais se ajudaram mutuamente, demonstrando forte resiliência e coesão tenaz”. Ainda no contexto da pandemia, o governante defende que o Executivo “tem vindo a adoptar medidas proactivas para estabilizar a economia, aliviar as dificuldades dos cidadãos, garantir o emprego e assegurar o bem-estar da população, mantendo a estabilidade social”.

O Chefe do Executivo não esqueceu as esperanças depositadas no ano de 2023, sobretudo na concretização dos princípios declarados no XX Congresso do Partido Comunista Chinês e “Um País, Dois Sistemas”.

13 Jan 2023

Emigração | Os portugueses que chegaram quando muitos estavam a sair

João Veloso e Inês Lemos são o exemplo de portugueses que decidiram emigrar para Macau quando muitos estavam de saída. Mas só o conseguiram fazer no ano passado devido às restrições em vigor. Em plena pandemia, apostaram no desconhecido e numa nova vida deixando de lado as notícias negativas sobre a covid. Amélia António diz ser cedo para se falar de uma eventual renovação da comunidade com o fim das restrições

 

A normalidade começou a instalar-se na Europa a partir de meados de 2021. Os verões começaram a ser vividos por multidões descontraídas e a máscara foi, aos poucos, perdendo importância. Em Macau, pelo contrário, até há pouco tempo, as palavras surto, confinamento, máscara e distanciamento físico, faziam parte do léxico do quotidiano do território, fazendo com que muitos portugueses, há mais de dois anos sem verem as famílias, deixassem o território de vez.

Inês Lemos, designer, e João Veloso, director do departamento de português da Universidade de Macau (UM), contrariaram essa tendência. Ambos sabiam que iam passar pela quarentena de 14 dias, pelo tempo interminável de espera no Aeroporto Internacional de Macau à chegada sem perceberem muito bem porquê, engalfinhados numa burocracia de testes em catadupa e papeladas sem fim.

Ainda assim, por questões pessoais e profissionais, apostaram em emigrar para Macau e hoje não estão arrependidos. “Cheguei em Junho de 2022, na altura do surto e na antevéspera do semi- confinamento”, contou ao HM João Veloso, que, no entanto, nunca pensou em desistir do novo projecto profissional por causa das restrições.

A UM abriu o concurso público para a escolha de um novo director do departamento de português em finais de 2020, mas, na altura, não era permitida a entrada de estrangeiros em Macau. Dessa forma, João Veloso só pôde pisar o solo da RAEM no ano passado.

“Quando concorri sabia qual era a situação, mas tinha esperança de que, nos meses seguintes, as coisas melhorassem. Quando recebi instruções para vir, a meio do surto, confesso que fiquei um bocadinho receoso. Sou um optimista por natureza e um bocadinho lírico, mas sabia que a situação não seria fácil.”

Para João Veloso, vir para Macau e passar por todas as restrições da covid foi como um “regresso ao passado”, pois já em Portugal tinha vivido dois confinamentos e cumprido regras como o uso da máscara e a realização de testes.

“Passei por alguns momentos de desânimo depois de chegar a Macau, mas antes não. No embate com a realidade tive momentos de alguma ansiedade, na altura do isolamento. Cheguei a ter receio de que o território fechasse novamente.”

Ainda assim, como optimista que é, João Veloso faz “um balanço positivo” da vinda para Macau. “Nunca me arrependi de ter vindo. Acho que ter emigrado nesta altura é uma espécie de prova de resistência pessoal. Passei por alguns momentos de desânimo e angústia, mas graças ao apoio que recebi de pessoas aqui em Macau, e ao ver algum espírito de mobilização, faço um balanço positivo. Fico contente por ver que as medidas restritivas estão a ser abandonadas, o que oferece outras perspectivas de contactos e de viagem”, frisou.

Bruscamente no Verão passado

No caso de Inês Lemos, foi o coração que a trouxe a Macau. Chegou no Verão do ano passado, assim que as autoridades decretaram que todos os portadores de passaporte português podiam entrar na RAEM. Antes disso, tinha apresentado um pedido de acesso à residência pela via do casamento que foi recusado.

Inês recorda-se da quarentena de 14 dias que teve de cumprir e para a qual até já estava preparada. Mas as cerca de dez horas de espera no aeroporto, à chegada, foi, para si, “o pior”. “Foi muito sofrido, estive sentada numa sala fria depois de uma viagem longa à espera de coisas. Custou bastante.”

Inês Lemos nunca baixou os braços e, ao contrário da maior parte das pessoas que já desesperava com as restrições há bastante tempo, tinha o espírito mais leve para lutar. “Tinha perfeita noção do que estava a acontecer, mas eu estava super feliz porque ia finalmente ter com o meu companheiro. Foi o concretizar de um desejo passados mais de dois anos em que estivemos afastados. Apanhei com o confinamento mal cheguei a Macau, mas vinha com um ânimo diferente das pessoas que já cá estavam”, lembrou.

Sem ter termo de comparação em relação ao que Macau era antes da pandemia, Inês Lemos sentiu as “ruas vazias”. “Percebi pelos comentários de todos que antes era bem diferente, sempre com muita agitação e filas para tudo. Ouvi falar de Macau pelas lembranças e memórias antes da covid. Agora noto que, de facto, há muito mais movimento de pessoas que não são de Macau.”

Neste momento, Inês frequenta a pós-graduação em Educação da Universidade de São José (USJ) e prepara-se para fazer o estágio que depois lhe vai permitir dar aulas. A designer, a trabalhar remotamente para Portugal, pretende, por isso, entrar no mercado laboral local em breve.

Dados que importam

Divulgado esta quarta-feira pelo Governo português, o Relatório da Emigração relativo ao ano de 2021 dá conta do menor número de sempre de entradas de portugueses em Macau. Apenas 18 o fizeram desde 2000, sendo que esses eram residentes da RAEM, uma vez que não era permitida a entrada de estrangeiros.

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), revela estar mais preocupada com os números dos portugueses que saíram do que daqueles que entraram. E esses são mais difíceis de quantificar.

“Se não podiam entrar estrangeiros, só os residentes é que podiam entrar, até seria normal que os números fossem zero. Vivia-se uma situação complicada e depois tínhamos a própria impossibilidade legal. Obrigaria a uma reflexão maior se conseguíssemos ter os números de quem saiu efectivamente, porque há as pessoas que saíram para férias ou outras razões, mas que não o fizeram de forma definitiva.”

Amélia António traça vários cenários relativamente à saída de cidadãos portugueses. “Quem saiu com mais idade, ou reformado, ou a acompanhar filhos, faz parte de um movimento mais ou menos normal. Foi acelerado, talvez, pela força das circunstâncias, pelo facto de não se poder ver as famílias. Mas pessoas mais novas que saíram, que estavam a trabalhar, com a vida mais ou menos organizada, isso é que é mais assustador para mim, porque essas pessoas não vão voltar para Macau, a não ser que as suas vidas em Portugal não corram como o planeado.”

Nova comunidade?

Sem restrições, será que a comunidade portuguesa pode agora renascer e reinventar-se? Amélia António acredita que, a curto prazo, será difícil chegarem novas pessoas que não tenham contactos prévios com o território. “Pessoas que nunca estiveram em Macau e que venham de novo serão muito poucas, tendo em conta toda a propaganda negativa relativamente às condições de vida e de saúde. Não será fácil isso acontecer. Tal demorará muito tempo e depende da orientação que for dada ao território, caso haja interesse efectivo de que Macau continue a ter uma imagem multicultural e de abertura ao exterior, com a presença de quadros qualificados portugueses e da sua mais-valia.”

Para a dirigente associativa, não basta abrir as fronteiras. “Estes anos foram desmobilizadores e criaram uma imagem pouco atractiva de Macau. Veremos como é que a situação vai evoluir, porque vai depender de coisas que neste momento não conseguimos saber, como é o caso das questões laborais, das operadoras de jogo, em termos de necessidade de mão-de-obra. Haverá uma ligação com as dificuldades que poderão aumentar, ou não, na Europa. Há muita coisa desconhecida ainda. É o momento ainda muito difícil para fazer previsões.”

Para João Veloso os portugueses ainda fazem falta em alguns sectores, como é o caso da Função Pública ou na área da docência. “Neste momento começa a deixar de haver razões para as pessoas terem os receios ou reservas que tinham até agora. Se isso se vai traduzir numa vinda de mais portugueses, não sei. Há lugar para os portugueses ainda pois há certos serviços que precisam deles. As condições de vida e de entrada em Macau tendem a melhorar. Há motivos para a comunidade portuguesa voltar a aumentar. Há lugares para professores de português e funcionários públicos, por exemplo.”

Também Inês Lemos acredita que este “cantinho” na Ásia terá sempre espaço para os cidadãos portugueses. “Há sempre espaço para nos reinventarmos e fazermos coisas diferentes. Acredito que Macau ainda tem muitas coisas agradáveis e boas para oferecer aos portugueses, há uma ligação histórica e temos este cantinho na Ásia que é uma ponte para tantos sítios. Macau continua a ser um bom sítio para se apostar, mesmo com a distância.”

13 Jan 2023

Turismo | DST espera atrair 10 mil visitantes de Hong Kong por dia

Em três dias, Macau recebeu quase 110 mil visitantes, um aumento súbito que terá de ser acompanhado pela readaptação do sector que perdeu grande parte da mão-de-obra nos últimos três anos. O Governo espera atrair 10 mil turistas de Hong Kong diariamente

 

Entre domingo e terça-feira, entraram em Macau 109.386 visitantes, números a que o território já se vinha desabituando, apesar de contemplarem dois dias de semana.

De acordo com dados divulgados ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, atravessaram a fronteira para o território, numa média diária, cerca de 36.500 visitantes durante o período mencionado.

Prevendo que o fluxo de turistas continue a aumentar, Governo e representantes do sector dão sinais de necessidade de ajustes para dar resposta ao retorno do elevado número de visitantes. Grande parte das agências de viagens do território estão reduzidas a metade dos recursos humanos existentes antes da pandemia, mão-de-obra que não é suficiente para responder ao aumento do volume de trabalho, indicou ontem o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu.

Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Andy Wu acrescentou que para responder ao aumento súbito da procura, as agências turísticas terão de contratar a curto-prazo profissionais, em especial funcionários a tempo parcial. O responsável salientou também a necessidade de adaptação das próprias autoridades, dando como exemplo as dificuldades sentidas por algumas empresas de excursões cujos autocarros foram impedidos de estacionar no parque do Posto Fronteiriço de Hengqin.

Isco da pataca

Também algumas unidades hoteleiras necessitam de trabalhadores, não só devido a infecções de covid-19, mas devido a cortes no pessoal verificados nos últimos três anos, afirmou Cheng Wai Tong, vice-director dos Serviços de Turismo (DST). O responsável adiantou que poderá ser difícil recuperar a curto-prazo o volume de mão-de-obra suficiente.

Uma das críticas partilhadas por ouvintes do programa é a forma como o Governo procura atrair turistas, com ofertas de viagens e descontos, tendo sido pedido prudência no uso do erário público e desvio do foco para o enriquecimento da qualidade dos eventos, em vez de “dar dinheiro às cegas”.

O vice-director da DST negou que o Governo esteja a gastar fundos irracionalmente e argumentou que a crise trazida pela pandemia reduziu a vontade dos turistas em gastar dinheiro. Além disso, Cheng Wai Tong revelou que o sector turístico de Hong Kong também irá promover campanhas de descontos e ofertas semelhantes para atrair turistas de Macau.

O representante do Governo apontou como objectivo a meta de 10 mil turistas por dia vindos de Hong Kong, lembrando que antes da pandemia o número de visitantes diários oriundos da região vizinha rondava os 20 mil.

12 Jan 2023

Segurança | Polícia apanhado a verificar entradas e saídas sem autorização

Ao contrário do que acontece com outros crimes, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) omitiu vários factos na mensagem enviada aos média, como a utilização dada aos registos acedidos de forma ilegal

 

Um agente a Polícia de Segurança Pública foi apanhado a verificar vários registos de entradas e saídas sem autorização. O caso foi revelado pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), na terça-feira.
Ao contrário do que acontece na maior parte dos casos e com as informações divulgadas sobre os crimes praticados, o CPSP omitiu vários dados na comunicação normalmente disponibilizada à imprensa, como o apelido do suspeito e a sua idade.

Através da pouca informação divulgada, também não é possível saber como eram utilizados os dados recolhidos pelo agente, uma vez que o CPSP se limita a dizer que o agente “teve um comportamento impróprio”.

“Através de mecanismos de supervisão interno, o CPSP descobriu que uma pessoa do Departamento de Controlo de Migração acedeu aos registos de entradas e saídas várias vezes”, foi revelado. “Suspeita-se que essa pessoa utilizou a sua posição de forma indevida e que teve um comportamento impróprio”, foi acrescentado.

Abuso de poder

Quando interrogado sobre o acesso indevido aos dados das entradas e saídas do território, o agente terá confessado ter consultado os mesmos, sem qualquer autorização.

De acordo com a mensagem do CPSP, o caso foi enviado para o Ministério Público, e o indivíduo está indicado pela prática do crimes de abuso de poder, que acarreta uma pena que pode chegar a três anos de prisão.
“O CPSP reitera que tem sempre exigido aos agentes policiais que cumpram rigorosamente as regras de conduta disciplinar e os agentes que violarem a lei e a disciplinas serão indubitavelmente tratados com a maior seriedade nos termos da lei, efectivando-se as respectivas responsabilidades”, foi expresso no comunicado onde se foi revelou o alegado crime.

Além disso, o CPSP afirma ter instaurado ontem um processo disciplinar ao agente, com “suspensão preventiva de funções” enquanto se aguarda pelo desfecho deste procedimento.

Esta não é a primeira vez que crimes do género são registados dentro das polícias de Macau, tendo havido pelo menos mais duas ocorrências que foram tornadas públicas, em 2021 e 2019.

12 Jan 2023

Relatório | Emigração para Macau em 2021 foi a mais baixa desde 2000

Foi ontem divulgado em Lisboa o Relatório da Emigração de 2021, onde se revela que Macau recebeu o número mais baixo de portugueses emigrados desde a época da transição, apenas 18. Por comparação, em 2020, ano em que rebentou a pandemia, tinham entrado 67

 

O número de portugueses que emigraram para Macau em 2021 foi o mais baixo desde 2000, sendo esta a terceira maior emigração para o território, de acordo com o Relatório da Emigração. O documento, apresentado ontem no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, foi elaborado pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Segundo a informação recolhida e trabalhada por este centro, em 2021 registou-se a entrada de 18 portugueses em Macau, o valor mais baixo desde 2000, ano em que entraram apenas quatro portugueses. Em 2020, emigraram para Macau 67 portugueses e, um ano depois, apenas 18, sobretudo homens (61,1 por cento) e jovens, com 10,7 por cento a terem mais de 65 anos.

Desde o ano 2000 que o aumento de portugueses em Macau foi progressivo, até 2013, quando se registou uma diminuição até 2017, voltando a crescer pontualmente em 2018, e a decrescer em 2019 e 2020.

Os autores do documento, que se baseia nos dados recolhidos pelo Observatório da Emigração junto das instituições responsáveis pelas estatísticas da imigração, indicam que, em 2021, as entradas de portugueses representaram 3,8 por cento das entradas totais em Macau, o que fez desta emigração a terceira maior para aquela região.

Território representativo

No contexto da emigração portuguesa, Macau é o terceiro local do mundo com maior percentagem de entrada de portugueses, em comparação com o valor total de entradas de estrangeiros. Em 2021, o número de portugueses neste território sob administração chinesa totalizava 2.213, mais 10 por cento do que em 2016.

Segundo o relatório, “dada a posição particular de Macau na China, o acesso pleno à cidadania passa nesta Região Administrativa Especial pela aquisição do estatuto de residente permanente, não pelo da aquisição de nacionalidade”, não estando disponíveis estatísticas sobre a aquisição do estatuto de residente permanente.

Em termos gerais, cerca de 60.000 portugueses emigraram em 2021, mais 15.000 que no ano anterior, numa “recuperação assinalável” de saídas, após quebra brutal em 2020, com o Reino Unido a retomar a posição de principal destino, segundo o Relatório.

O documento refere que, entre 2019 e 2020, “a emigração teve uma quebra da ordem dos 44 por cento, em consequência dos efeitos conjugados da crise pandémica e do ‘Brexit’ [saída do Reino Unido da União Europeia]”.

“As políticas de confinamento colocaram obstáculos à mobilidade e produziram uma crise económica global de grandes proporções que explicam a travagem abrupta das migrações internacionais”, escrevem os autores do documento. Em 2021, emigraram metade dos portugueses que o fizeram em 2013. À excepção de 2020, só em 2003 se registaram valores tão baixos. Com um pico em 2013, desde esse ano que se tem registado uma tendência de descida na emigração. Em 2021, as migrações iniciaram “uma recuperação assinalável”, tendo crescido, em Portugal, cerca de 33 por cento em relação a 2020.

12 Jan 2023

Habitação intermédia | Deputados pedem esclarecimentos sobre preços

A utilização de expressões pouco claras na definição do preço da habitação “sanduíche” levantou muitas dúvidas aos deputados que estão a analisar a futura lei da habitação intermédia

 

Os deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa estão preocupados com o mecanismo para definir o preço da habitação intermédia. As preocupações foram divulgadas ontem por Vong Hin Fai, deputado e presidente da comissão, no final de mais um encontro entre os legisladores para analisar a proposta de lei que irá regular a matéria.

Segundo a proposta, o preço da habitação intermédia vai ser estipulado, depois de aprovada a lei, através de despacho do Chefe do Executivo. Apesar de não definir o valor de venda, o documento analisado pelos deputados tem a fórmula que será utilizada para definir os preços. No entanto, apresenta alguns elementos como o “valor de mercado avaliado pelo Instituto de Habitação com base no preço dos edifícios habitacionais privados das zonas adjacentes”, que não permite perceber o alcance total da proposta.

A fórmula levanta assim muitas dúvidas aos deputados que consideram que o “valor de mercado avaliado pelo Instituto de Habitação” e o “preço dos edifícios habitacionais privados das zonas adjacentes” são elementos altamente subjectivos.

O presidente da comissão explicou também que se pretende que o Executivo elabore a política de preços da habitação intermédia, principalmente em comparação com a habitação económica.

A habitação intermédia, também conhecida como sanduíche, destina-se à classe média que tem rendimentos superiores aos limites de candidatura à habitação económica, mas que não tem capacidade financeira para entrar no mercado privado.

O fim do papel

Ainda de acordo com a proposta, as candidaturas para a habitação intermédia só são aceites se forem feitas de forma electrónica. Não existe a possibilidade de ir aos serviços preencher papéis.

Na comissão teme-se que a exigência faça com que pessoas com deficiências ou os mais velhos fiquem afastados da compra deste tipo de habitação, por não terem capacidade de fazer o preenchimento electrónico. Neste sentido, os legisladores defendem que o Governo tem de criar mecanismos para ajudar tecnologicamente estes segmentos da população, exigência que será transmitida aos representantes do Executivo na próxima reunião conjunta.

Com a reunião de ontem, a terceira comissão terminou a primeira ronda de análise do diploma, ficando a aguardar os esclarecimentos do Executivo.

12 Jan 2023

Bernardo Mendia, membro da Câmara de Comércio e Índústria Luso-Chinesa: “Há, finalmente, entusiasmo”

Assim que Portugal respirou liberdade, em 1974, e as autoridades reconheceram a República Popular da China como nação, foi criada a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, que celebra 45 anos de vida no próximo mês. Bernardo Mendia, secretário-geral, joga todas as cartas na recuperação do comércio com a China. Sobre o investimento chinês em Portugal, menciona preconceitos que devem ser combatidos

 

Que balanço faz de mais de 46 anos de actividade da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) e que progressos destaca?

O balanço é extremamente positivo. Depois do 25 de Abril, logo em 1975, o Governo português faz uma declaração inicial a dizer que reconhecia a República Popular da China (RPC) como a única China e a representante do povo chinês, e depois na sequência disso, em 1976, surge o movimento que dá origem à CCLC, estabelecida em Fevereiro de 1978. Desde aí, temos acompanhado anos de bastante crescimento que nós próprios como país [Portugal], empresas e empresários temos todo o interesse em estarmos próximos, porque podemos vender e comprar muito para as nossas indústrias, com produtos mais competitivos. A nível de trocas comerciais foram anos muito ricos, mutuamente benéficos sempre com a vantagem de termos Macau, o que nos dá uma vantagem que, se calhar, outros países não têm, com mais de 500 anos de contactos. Passando à parte do investimento, também foi muito interessante para Portugal, se bem que apenas nos últimos 12 anos é que existe um verdadeiro movimento de investimento chinês em Portugal. O investimento português na China foi sempre muito residual, até aos dias de hoje. Houve uma série de circunstâncias para o crescimento do investimento chinês, nomeadamente as políticas chinesas que permitiram a expansão de muitas empresas, que coincidiu com as dificuldades financeiras das empresas em Portugal que obrigaram a abrir o capital de empresas públicas e privadas. Nessa altura, havia maior disponibilidade das empresas chinesas para investir em Portugal. Hoje em dia não se verifica o mesmo. Tivemos bastante sorte porque se tivéssemos dependentes dos investidores ocidentais, tradicionais, as nossas empresas não teriam sido tão valorizadas como foram. Respondendo a uma crítica que vem sendo feita, mas que não passa de um mito, de que existe um excesso de investimento chinês…

Não existe?

Na verdade, a maior parte do investimento chinês não controla na totalidade o capital das empresas portuguesas e onde controla mantém a gestão com quadros portugueses.

Esse mito, conforme diz, foi uma forma de descredibilizar o investimento chinês?

Sim, sem dúvida. É uma pena porque não corresponde à realidade e cria um preconceito que é injusto. Deveríamos valorizar [o investimento] e comunicar para ver onde há mais oportunidades. É verdade que hoje em dia há muito menos investimento chinês em empresas já constituídas, porque, de facto, ele aconteceu antes devido a circunstâncias históricas excepcionais e problemas financeiros ocorridos em Portugal. Mas existem ainda muitas oportunidades a nível de indústrias chinesas que podem ser desenvolvidas em países como Portugal, como é o caso da construção de fábricas, indústria automóvel. É esse o investimento que hoje em dia nos interessa. Temos interesse em sermos o país receptor desses investimentos onde depois pode ser feita a distribuição em toda a Europa.

Saiu uma notícia recente sobre o facto de empresas estatais e privadas chinesas serem das principais investidoras na Euronext Lisboa. É um sinal de que esse investimento tem vindo a solidificar-se?

Por um lado, mais uma vez, demonstra uma aposta em Portugal, e devemos mostrar isso a outros países que estão a ficar para trás. A nós interessa-nos colocar os países a competirem entre si para investirem mais em Portugal. A notícia fala de 8,5 mil milhões de euros em investimento, e esse valor é a esmagadora maioria do stock do investimento chinês em Portugal, que são cerca de dez mil milhões. O investimento chinês em Portugal é quase todo feito através de empresas cotadas em bolsa. É o investimento do mais regulado possível e isso é de salutar, desmistifica as origens do investimento.

Fala-se muito na questão dos vistos Gold, por exemplo. O perfil do investidor chinês por essa via também tem mudado?

Penso que nos últimos três anos não deixou de haver interesse, da parte dos chineses, nesse tipo de investimento. Mas nesse período houve imensa dificuldade em viajar. Estou convencido que vão voltar a investir bastante com a abertura das viagens. Não temos nada de criticar, no sentido em que tem sido um tipo de investidor que traz muito dinheiro para a economia portuguesa, pela via dos impostos, além de ter reactivado uma indústria e requalificado várias cidades em Portugal, nomeadamente Porto e Lisboa. Houve muita requalificação urbana que não teria acontecido se não houvesse a perspectiva destes investidores. Além disso falamos de investidores que acabam por criar uma ligação com o país, e muitas vezes criam negócios, de importação. Há quem venha viver para cá e traga os seus pais. Penso que há uma dinamização da economia com este investimento de qualidade.

Tantos anos após a criação da CCLC, o perfil das empresas que vos procuram mudou? A pandemia trouxe alterações maiores?

Nestes últimos três anos houve poucas delegações de empresas chinesas e portuguesas a deslocarem-se. Aqui na CCLC ajudámos empresas a obter vistos e a justificar perante as autoridades chinesas a necessidade de os ter. Os anos da pandemia foram terríveis porque tínhamos apenas o contacto online e isso não ajuda nada. Estamos com confiança para os próximos anos porque toda a gente está com vontade de fazer. Há uma série de eventos importantes para, que do ponto de vista económico, se possa re-activar a relação Portugal-China, como é o caso dos 510 anos da chegada de Jorge Álvares à China, entre outros. Teremos ainda a abertura de uma nova CCLC em Xangai, bem como a Câmara de Comércio e Indústria Hong Kong-Portugal. Apoiamos essa iniciativa que contará com o comendador Ambrose So e Gonçalo Frey-Ramos, que é vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong, entre outros.

A China abriu as fronteiras de forma repentina. O número de casos tem aumentado, mas é uma boa notícia para a economia.

Sem dúvida nenhuma. Quem está nos negócios esperava ardentemente que isso acontecesse e esperamos que não haja nenhum retrocesso, e que avancem sem hesitação na abertura.

Até que ponto será possível recuperar da estagnação e retrocesso destes anos de pandemia?

Temos de trabalhar na confiança. A dimensão do mercado e capacidade de compra são os incentivos que os empresários precisam. Isso não se foi embora e agora o potencial virá de forma redobrada. É importante realizar mais missões e visitar o mercado o quanto antes. Queremos estar na China Import-Export Fair, em Novembro.

Esteve há pouco tempo em Hong Kong, como está o ambiente de negócios?

Visitei Hong Kong três vezes durante a pandemia e nota-se uma grande diferença no ânimo das pessoas. Há, finalmente, entusiasmo.

Com a abertura poderemos esperar uma nova era das relações Portugal-China?

É importante que se continue onde estávamos em 2019. Temos de fazer as viagens, garantir que as nossas delegações estão presentes nas feiras na China. Agora será rápido. Temos um período mais desafiante, que são estes primeiros meses com muitas infecções e mortes, mas depois as coisas voltarão à normalidade.

A guerra na Ucrânia e a inflação tem afectado o comércio mundial. Isso tem influenciado as exportações para Macau e China?

Falamos de mercados que não são muito expressivos e que não se deixam afectar por esses factores externos. Ao contrário das narrativas que se têm tentado comunicar, o mundo é multipolar. Todos temos interesses, valores e necessidades. Temos de promover o respeito e compromisso. Em alguns momentos temos de ceder, outros a cedência é da outra parte. Devemos serenar os ânimos políticos para que a economia possa funcionar.

Muito se tem criticado a ausência de um pleno funcionamento de Macau como plataforma. Concorda?

Essa plataforma depende de vontade política. Acho que há ainda muito potencial que está subaproveitado e que podemos aproveitar muito melhor. Há instrumentos criados, mas ainda não são explorados dentro das suas potencialidades. Compreendo essas críticas e compete aos empresários e câmaras de comércio tirar maior proveito desse potencial.

Há um potencial acrescido com a criação de iniciativas como a Grande Baía e a Zona de Cooperação Aprofundada? Como é que a CCLC pretende responder a estes desígnios?

Neste momento, devemos aproveitar a vontade política para tirar proveitos económicos. Este ano, a delegação que for à China, incluindo a Macau, irá concentrar a viagem nas visitas à Grande Baía para mostrar aos empresários portugueses a escala do mercado, pois isso não é muito falado. Temos ainda de os educar quanto a essa iniciativa. Agora é preciso visitar, conhecer e trocar cartões para ver o que está a acontecer.

12 Jan 2023

Covid-19 | Governo admite separação de mães e recém-nascidos

O Governo não só admite separar mães de recém-nascidos, como se limita a justificar a medida com a “situação da pandemia” e a necessidade proteger a saúde de mães e filhos. Porém, as autoridades afirmam que pretendem reverter a situação actual

 

Uma associação de amamentação de Macau expressou preocupação com a separação à nascença de mães e bebés no único hospital público do território, que justificou a medida com “a situação da pandemia” de covid-19.

“É difícil de acreditar”, reagiu a presidente da Associação Promotora de Aleitamento e Cuidados Infantis de Macau (APACIM), em declarações à Lusa, que se mostrou “bastante surpreendida com a notícia”. Virginia Tam realçou que, mesmo que a mãe tenha covid-19, a medida “não está em conformidade com as directrizes da Organização Mundial de Saúde [OMS]” no que diz respeito à amamentação.

“Desde o início [da pandemia], o requisito é que as mães fiquem com o bebé e cumpram os requisitos de higiene, como o uso de máscara, a lavagem frequente de mãos, mas a preferência é que a mãe e o bebé sejam mantidos juntos”, realçou a responsável, notando ainda “os benefícios do contacto pele com pele” entre mãe e filhos logo após o nascimento para, entre outros, facilitar a amamentação.

Ana Jael Tavares, portuguesa a viver em Macau, fez uma cesariana no domingo no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) e foi impedida de ver a filha nas primeiras 30 horas após o parto. À Lusa, a mãe de 41 anos, que não tem covid-19, disse que só teve acesso a informações básicas, como o peso da bebé, quando o marido se deslocou ao andar onde se encontram os recém-nascidos para questionar os funcionários.

“O que me disseram é que estão a usar a ala de maternidade para os casos de covid-19 e, por isso, os bebés estão num piso e as mães noutro”, notou.

Após muita insistência para ver a criança, a portuguesa foi levada “para um cantinho do corredor da neonatologia que é onde estão neste momento todos os bebés, com ou sem problemas”.

“Mesmo quando me deixaram vê-la e pedi para amamentar fizeram uma pressão terrível para não amamentar. Eu estava numa ala que está resguardada, à qual só têm acesso médicos e enfermeiros. Uma pediatra e uma enfermeira estiveram ali imenso tempo para eu não amamentar”, salientou Ana, notando a “violência tremenda” da separação a que tem estado sujeita.

“Disseram que eu podia tirar leite e eu expliquei que não estava a conseguir, mas que se a colocasse no peito, ela podia agarrar e estimular e seria mais fácil”, acrescentou.

Leite em pó sem autorização

Não ter amamentado durante as primeiras 30 horas significa também que a recém-nascida foi alimentada sem permissão dos pais com leite em pó: “Ninguém me pediu absolutamente nada”, reforçou Ana Jael Tavares.

A portuguesa, que, entretanto, conseguiu voltar a ver ontem a filha, encontra-se num quarto com três pessoas, entre parturientes e mulheres que se submeteram a outras cirurgias, numa situação excepcional gerada pelas medidas de prevenção contra a covid-19.

“No meu quarto todas as mulheres são chinesas. Penso que há uma que também teve bebé, mas não vejo ninguém a queixar-se. Aliás, a questão é mesmo que até [entre] portuguesas que soube que tiveram bebé, nunca tinha ouvido ninguém falar sobre isto”, referiu.

Neste sentido, a presidente da APACIM, Virginia Tam, chama a atenção para a população de Macau “que geralmente é muito obediente”: “Em geral, permite o que as autoridades impõem”, disse.

À Lusa, o Governo confirmou a separação das mães e crianças, justificando a decisão com “a situação da pandemia”.
“É necessário atender às necessidades médicas urgentes para o tratamento de casos graves urgentes, mas também proteger a segurança e a saúde da mãe e recém-nascido. Portanto, ter um quarto conjunto com mãe e recém-nascido não pode ser feito por enquanto”, escreveram os Serviços de Saúde de Macau, num email enviado à Lusa, realçando que o CHCSJ vai tentar reverter a situação o “mais rápido possível”.

O departamento sublinhou, no entanto, que para as mães que pretendem amamentar, “o pessoal de enfermagem recolherá e armazenará o leite materno de acordo com as especificações previstas, e então o recém-nascido será alimentado, por uma enfermeira especializada, com o leite materno”, frisou.

11 Jan 2023

Casas Museu | Apenas uma das três propostas aceite no concurso público

A LUBUDS Macau tem a única proposta para o espaço onde o Instituto Cultural pretende “promover a cultura portuguesa com características de Macau”. A proposta do cozinheiro António Neves Coelho foi recusada

Apenas uma das três propostas apresentadas para explorar um restaurante nas Casas-Museu da Taipa foi aceite, de acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto Cultural (IC). A proposta da empresa LUBUDS Macau Limitada surge assim bem posicionada para assumir o futuro restaurante.

Segundo a informação oficial, a LUBUDS Macau apresentou uma proposta onde se dispõe a pagar uma renda mensal de 68.888 patacas pela Casa Museu. Esta é uma empresa ligada ao grupo de Hong Kong com o mesmo nome, que actualmente gere o restaurante Albergue 1601, no Albergue.

Além disso, o grupo fundado em 2006 pelo empresário Louie Chung, tem vários restaurantes em centros comerciais de Hong Kong, que oferecem gastronomia japonesa, tailandesa, francesa, vietnamita entre outras.
Caso o júri do concurso decida pela adjudicação LUBUDS Macau, o que se apresenta como o cenário mais provável, esta fica responsável pela exploração do espaço durante quatro anos, o que significa que o contrato vai ter um valor global de cerca de 3,3 milhões de patacas.

Contudo, o concurso prevê que o júri opte também por não avançar com a adjudicação, uma decisão que apenas é tomada, segundo o regulamento do concurso, “se assim convier ao interesse público”.

Cozinheiro de fora

António Neves Coelho, fundador do restaurante António, na Taipa, foi outro dos participantes do concurso. A proposta em nome individual do cozinheiro português foi recusada.

Segundo a justificação do júri, a recusa deveu-se ao facto de na proposta não constarem alguns documentos exigidos no regulamento do concurso como a certidão do registo comercial, o documento comprovativo do pagamento da caução provisória, o original da certidão de não existência de registo de dívidas por contribuição ou impostos emitida pela Direcção de Serviços de Finanças e ainda a fotocópia da Contribuição Industrial.

Também Mota Ho Ioc Lin, empresária do sector da restauração, participou no concurso, mas a proposta foi igualmente excluída por falta de documentos exigidos no regulamento. Segundo a justificação oficial, na proposta de

Ho Ioc Lin faltou a fotocópia do documento válido de identificação, o original da certidão de não existência do registo de dívidas por contribuição ou impostos emitida pela Direcção de Serviços de Finanças e ainda a prestação da caução provisória.

Quando anunciou a abertura do actual concurso público, o IC manifestou a intenção de criar um “restaurante que promova a cultura portuguesa com características próprias de Macau e que possua elementos do património cultural intangível de Macau, através de fornecimento de alimentos e bebidas gourmet macaenses”.

11 Jan 2023

Quem viaja de Macau para Portugal está isento de exame à covid-19

Na passada sexta-feira, Portugal juntou-se a um grupo crescente de países que passaram a exigir a apresentação de resultado negativo de um teste à covid-19 a pessoas vindas da China. A comunicação do Ministério da Saúde não especificou se a medida seria aplicada a pessoas oriundas das regiões administrativas especiais. O HM contactou o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong para esclarecer se quem viaja a partir da RAEM está incluído na medida.

“As restrições aplicadas por Portugal aos passageiros oriundos da China apenas se aplicam no caso de voos directos. Da informação que dispomos, neste momento, não existem voos directos entre Macau e Portugal pelo que tal não se aplicará”, indicou o consulado na sequência de esclarecimentos obtidos junto “das autoridades competentes”.
Recorde-se que desde o passado sábado, “os passageiros de voos provenientes da China serão sujeitos a testagem aleatória, mas de carácter obrigatório” e “terão de apresentar, no momento do embarque, um teste negativo, PCR ou TRAg, realizado no máximo até 48 horas antes do início do voo”, declarou o ministério liderado por Manuel Pizarro.

Na pista genómica

O Ministério da Saúde português acrescentou ainda que os aviões provenientes da China serão sujeitos a monitorização de águas residuais “com vista à identificação de vírus SARS-CoV-2 e posterior sequenciação genómica”. Além disso, os passageiros e tripulação nestes voos devem “usar máscara durante o voo” e reforçar medidas profilácticas como a lavagem e desinfecção das mãos.

Entretanto, a partir de amanhã, quem viajar de Macau para o Japão, em voos directos, terá de apresentar resultado negativo de teste à covid-19 realizado pelo menos 72 horas antes da chegada, e depois do desembarque já no Japão.
A medida anunciada na segunda-feira pelo Governo japonês foi justificada com a expectativa de que passageiros do Interior da China viajem para o Japão a partir de Macau durante o Ano Novo Chinês.

11 Jan 2023

Procriação assistida | Lei deixa de fora casais do mesmo sexo e solteiras

Os deputados que estão a analisar na especialidade a proposta de lei que irá regular a procriação medicamente assistida entendem que a legislação é demasiado fechada e devia incluir mulheres solteiras. Para já, a proposta de lei afasta da procriação assistida casais do mesmo sexo e quem está em processo de divórcio

 

A segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa voltou a reunir ontem para analisar a proposta de lei que irá regular as técnicas de procriação medicamente assistida. Em mais uma reunião de trabalho sem a participação de membros do Executivo, os deputados manifestaram o desejo de que o Governo seja menos conservador na abordagem ao tema e assuma uma posição de maior abertura.

O deputado Chan Chak Mo, que preside à comissão, afirmou que alguns colegas de comissão consideram que a lei deveria permitir o recurso a procriação medicamente assistida a mulheres solteiras, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau.

Para já, a proposta de lei estipula que os beneficiários “têm de ser casais ou unidos de facto de sexo diferente”, “não se encontrem em processo de divórcio, sendo potencialmente férteis, tenham pelo menos, 18 anos de idade e não se encontrem interditos ou inabilitados por anomalia psíquica”.

Com bênção do director

Os futuros pais que necessitem de recorrer à procriação assistida precisam de pedir autorização, “através de requerimento dirigido ao director dos Serviços de Saúde”. Chan Chak Mo indicou ainda que os deputados esperavam uma explicação mais concreta sobre os motivos para avançar com a legislação e que sublinharam a necessidade de a lei garantir “os direitos da próxima geração”.

O Governo na nota justificativa da proposta de lei explica que a legislação visa combater práticas ilegais de uso de técnicos de procriação medicamente assistida em estabelecimentos privados que não tinham condições para assegurar a protecção das mulheres. A proposta de lei visa também agravar as sanções para práticas ilegais acima referidas.

11 Jan 2023

Manuel Carmo Gomes, epidemiologista: “Abertura foi desnecessariamente abrupta”

O epidemiologista português encara o fim da política de zero covid na China com alguma apreensão e argumenta que a abertura faseada teria sido mais prudente. Manuel Carmo Gomes acredita que a possibilidade de surgir uma nova variante “é baixa”, mas que a incerteza é um factor incontornável e motivo de cautela

 

Como encara a abertura súbita da China em relação à covid-19, eliminando de uma assentada praticamente todas as restrições?

A abertura da China a 7 de Dezembro pareceu-me desnecessariamente abrupta. A China teve grande sucesso na contenção da circulação do vírus até Outubro, apostando nos confinamentos e na testagem em massa. Em consequência, relativamente poucas pessoas foram infectadas. Em 2021, também houve uma boa aposta na vacinação: mais de 90 por cento da população recebeu duas doses da vacina chinesa. Contudo, a segunda dose foi tomada há, pelo menos, seis a 12 meses e as pessoas já não têm proteção contra a infecção. Houve um descuido com o reforço (terceira dose) vacinal, pois a cobertura dos maiores de 65 anos rondava 65 por cento e a dos maiores de 80 anos apenas 40 por cento. Estas pessoas estão desprotegidas contra a infecção e também contra a doença moderada a grave. A abertura repentina coloca todas estas pessoas à mercê de um vírus que é altamente transmissível. Em centros urbanos com alta densidade populacional, o vírus propaga-se como fogo na pradaria. Não percebi a razão de uma abertura tão repentina, mesmo que as autoridades reconhecessem que o vírus já circulava demasiado em Novembro.

Defende, portanto, que a abertura deveria ter sido gradual.

Sim, faseada, iniciada há muitos meses atrás quando o mundo ficou a conhecer as características da Ómicron: muito contagiosa e com capacidade de evadir os nossos anticorpos, mas menos patogénica. Uma abertura gradual poderia ter sido feita reduzindo os períodos de quarentena, colocando menos pressão sobre os assintomáticos vacinados, incrementando os requisitos de vacinação, permitindo espaços comerciais funcionar com menos ocupação, permitindo as escolas dos mais jovens funcionar, mantendo os transportes públicos a funcionar com menos passageiros, por exemplo. Tudo isto e muito mais foi feito no Ocidente.

Isso teria decerto um impacto no número de casos.

Se a China tivesse relaxado gradualmente, o número total de infecções não teria sido menor, contudo, esse número ter-se-ia diluído ao longo de muito mais tempo. Com uma abertura repentina, a Ómicron origina uma onda monstruosa (li na imprensa que o CDC-Chinês estima 248 Milhões só em Dezembro) concentrada num curto espaço de tempo. Mesmo que apenas dois a três por cento dos infectados vão ao hospital (estimativas de Pequim), nenhum sistema de saúde consegue responder a uma tal vaga. Uma abertura gradual permitiria também ter reforçado a tempo a cobertura vacinal da população. A vacina chinesa confere protecção contra a infecção durante alguns meses após a toma e isso teria minorado o impacto da abertura.

O elevado número de casos pode, de facto, originar novas variantes do vírus?

A resposta curta é sim, mas é mais complexo que isso. A probabilidade de surgir uma variante nova é baixa. Contudo, é um acontecimento com características aleatórias, e quanto mais vezes ‘rolarmos os dados’, maior a probabilidade de sair a pontuação máxima. Sempre que o vírus se multiplica ocorrem mutações e, quanto mais infeções houver, mais ele se multiplica. Pior do que isso, as situações como a da China são muito propícias a originar situações de coinfecção. Isto ocorre quando uma pessoa infectada com a subvariante A é infectada simultaneamente com a subvariante B. Os coronavírus têm grande propensão para a recombinação, isto é, pode surgir uma variante que tem uma parte de A e uma parte de B. Se A for muito contagiosa e B mais patogénica, podemos ter uma versão do vírus que se propaga depressa e causa doença mais grave (a subvariante XBB surgida na India é um exemplo de uma recombinante). Felizmente, este fenómeno e outros igualmente perigosos são muito raros. Contudo, com tanta gente a ser infectada, aumenta o risco de poder ocorrer.

Considera científica a posição da União Europeia de exigir testes à chegada para os viajantes da China, Macau e Hong Kong?

Tem mais de político do que de científico. Alguns países deram a entender (pelo menos um disse explicitamente) que iriam instituir o controlo porque a China não está a fornecer informação mínima necessária sobre a situação epidemiológica e as variantes que estão em circulação. Deixem-me ser claro: sabemos que os controlos aeroportuários não impedem a importação de variantes muito transmissíveis. Se, repito, forem aplicados de forma rigorosa, podem atrasar três ou quatro semanas um surto causado por casos importados. Esse atraso deve ser usado para um país se preparar para a chegada de uma nova variante (testes em massa, rastreio de contactos, quarentena…). Contudo, que o controlo rigoroso requer muitos meios humanos e laboratoriais: é caro e logisticamente pesado. Não me parece que os países europeus pretendam isto.

Poderá haver alguma segunda intenção nesta exigência de testes à chegada?

A segunda utilidade dos controlos é conhecer melhor que subvariantes estão a circular na China. Para isso, pode-se por exemplo fazer uma amostragem aleatória dos passageiros e também analisar as águas residuais do avião. Contudo, se houver uma variante mais patogénica do vírus, é mais provável que ela esteja nos hospitais da China do que nos aviões. Nestes últimos, há principalmente pessoas com sintomas leves ou sem sintomas. A maioria dos países europeus inclinou-se para a exigência dos testes antes de embarcar e a análise das águas residuais. No que respeita aos testes, julgo que terá de haver colaboração das autoridades chinesas, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês deu sinal de discordância, por isso não sei como pretendem proceder. Além de tudo isto, a China, na última semana, disponibilizou 724 sequências do vírus que nos permitiu ter melhor ideia das variantes em circulação. Bem sei que 724 é uma gota de água, mas é um sinal de que muito mais pode estar para chegar. Até agora, não vemos nada de ameaçador nas variantes em circulação na China: estão já no resto do mundo também. Penso por isso que as medias de controlo só são justificáveis e úteis se surgir uma nova variante que se apresente muito transmissível e mais patogénica do que temos visto até aqui.

Como analisa o actual panorama da covid-19, tendo em conta a abertura tardia da China?

Se não surgir na China uma variante mais patogénica e muito transmissível, estou tranquilo. Vamos certamente ter casos importados. Contudo, na Europa e em particular em Portugal, temos uma barreira imunitária que nos deve salvaguardar de voltar a ter a montanha-russa de grandes picos e vales epidémicos. Vamos continuar a ter infecções todos os dias, provavelmente ao longo do Verão também, mas a pressão hospitalar não deve ser mais preocupante do que a que é causada por outras infeções respiratórias. Estou, portanto, num estado de cautela optimista. Não nos vamos ver livres deste vírus, mas a Ómicron tem tido uma evolução gradual, mais de acordo com o que sabemos dos coronavírus que infectam humanos. Os vírus estão a evoluir para fugir aos nossos anticorpos, mas não se têm tornado mais patogénicos. Na verdade, a maior patogenicidade, só por si, não lhe dá vantagem evolutiva. O que lhe dá vantagem é evoluir para nos reinfectar repetidamente e isso provavelmente vai acontecer nos próximos anos. Vamos manter-nos atentos, não só à China, mas a todo o mundo, acompanhando a evolução do vírus e o desenvolvimento de novas vacinas.

11 Jan 2023

Turismo | Quase 40 mil visitantes no primeiro dia sem testes nas fronteiras

No domingo, entraram em Macau 39.643 visitantes, a segunda maior afluência no espaço de um ano, no primeiro dia em que deixou de ser obrigatório apresentar teste à covid-19 para entrar no território vindo do Interior da China. Mais de metade das entradas foram registadas nas Portas do Cerco

Quem passou pela zona das Ruínas de São Paulo e pelo centro da cidade no domingo teve um vislumbre do passado de Macau antes da pandemia da covid-19 se alastrar pelo mundo. Multidões a arrastarem-se pelas ruas, a entrar e sair de lojas, empurrando malas e tirando selfies sem fim no primeiro dia em que deixou de ser obrigatório apresentar resultado negativo num teste de ácido nucleico para entrar em Macau vindo da China.

No primeiro dia sem restrições fronteiriças entraram em Macau 39.643 visitantes. Dados divulgados ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau (CPSP) mostram que mais de metade dos turistas (21.010) entraram no território pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco. A segunda fronteira mais concorrida foi a de Hengqin, por onde entraram 7.558 turistas.

Outro facto significativo que demonstra o retorno gradual à normalidade, foi a reposição das ligações marítimas entre Macau e a ilha de Hong Kong. No domingo entraram no território através do posto fronteiriço do Terminal Marítimo da Taipa 2.157 turistas.

No cômputo geral, domingo foi um dia de intensa actividade nas fronteiras de Macau, com o registo de 401.676 entradas e saídas de visitantes, residentes de Macau e portadores de blue card.

Lançar o anzol

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) sublinhou ontem o esforço de promoção de Macau enquanto destino turístico e relacionou o elevado número de visitantes que visitaram o território no domingo com o lançamento de promoções e descontos para turistas. O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes destaca que o número de turistas de domingo ficou perto do dia de maior fluxo turístico registado no ano passado (41.000 entradas).

Além disso, tendo em conta as actividades programadas para o Ano Novo Chinês, a DST prevê que “o número de turistas continue a aumentar”.

Em termos estatísticos, o número de turistas que entraram em Macau no domingo foi 153,5 por cento superior à média diária registada em 2022. Neste capítulo, destaque para o aumento de visitantes oriundos de Hong Kong, que subiram 298,6 por cento em relação à média diária de 2022.

10 Jan 2023