PIB | Associação prevê crescimento de 2,8% no primeiro semestre

O Produto Interno Bruto (PIB) da RAEM poderá crescer 2,8 por cento, em termos anuais, no primeiro semestre de 2025 e cerca de 7 por cento na segunda metade do ano. Esta é a perspectiva da Associação Económica de Macau, que lançou ontem o Índice de Prosperidade Económica.
A análise da associação presidida por Joey Lao destaca o papel fundamental da organização de concertos, que terá impulsionado a performance dos casinos.
“Graças à forte organização de concertos, as receitas brutas do jogo continuaram a recuperar de forma constante, com as receitas médias diárias a situarem-se entre 684 milhões e 702 milhões de patacas em Maio e Junho”, contextualizam os analistas. As receitas apuradas superaram mesmo as expectativas do mercado, acompanhando também o aumento do volume de turistas que visitou Macau. No passado mês de Maio, uma média diária de cerca de 109 mil pessoas visitou o território, dos quais quase 40 mil ficaram hospedados em hotéis de Macau, elevando a taxa de ocupação dos quartos para 87,8 por cento.
Porém, apesar de mencionar o aumento da massa monetária e a abundância de fundos, os analistas da associação destacam a contínua queda do índice de preços do mercado imobiliário para habitação, assim como o rácio empréstimos/depósitos do banco dos residentes locais que desceu ainda mais para 49,3 por cento, atingindo ambos um novo mínimo na última década. Este desequilíbrio é interpretado pelos analistas como um reflexo da dificuldade de transformar eficazmente os fundos em dinamismo económico real.

Confiança e sentimento
Apesar do poderia económico do Cotai, o organismo liderado por Joey Lao volta a realçar a situação externa complexa e imprevisível, e a fraca confiança dos consumidores e baixa procura, lançado incertezas em relação à saúde da economia da cidade.
“A economia de Macau está numa fase crítica de transformação e desenvolvimento. É necessário um esforço conjunto do Governo e do mercado para optimizar o ambiente empresarial e promover o desenvolvimento diversificado das indústrias, a fim de melhorar a competitividade global e alcançar um desenvolvimento sustentável”, é referido no Índice de Prosperidade. A estabilidade da taxa de desemprego é também mencionada como uma prova da capacidade de resiliência da economia local.

16 Jul 2025

Taipa Village | Leques pintados por Chao Iok Leng em exposição

A exposição “Chinese Foldable Fan Paintings por Chao Iok Leng” é inaugurada hoje na Taipa Village Art Space, apresentando ao público a expressão estética da artista baseada em Macau, que nesta mostra saiu do confinamento restrito da tela para um objecto do dia-a-dia: o leque dobrável.
Numa altura em que as ventoinhas portáteis se tornaram num objecto omnipresente, a expressão artística de Chao Iok Leng é uma abordagem refrescante à tradição das pinturas de leques dobráveis chineses com uma técnica inegavelmente hábil utilizando tinta da China.
A colecção de leques pintados representa uma “rara intersecção de função e beleza, em que a função de arrefecimento é acentuada pela impressão artística no seu delicado papel”, refere a organização da mostra. “Esta exposição procura reabastecer o nosso quotidiano com um objecto exótico enraizado na cultura chinesa antiga e na apreciação do sublime”, é acrescentado pela organização da exposição.
Nesta mostra, Chao Iok Leng adornou a folha dos leques com imagens inspiradas em motivos florais (com hostas, glicínias, peónias, magnólia, ameixas e lótus), frutos (romã e líchia) e legumes (couve, pimento, lenteinhas). Também aparecem representações de animais, com insectos e algumas aves, realça o curador da mostra João Ó.
Cada pintura é acompanhada por uma inscrição ou um pequeno poema que acrescenta um contexto adicional, revelando a visão emocional da artista durante a criação.
No comunicado da organização que apresenta a exposição, a artista é citada explicando que “estes não são géneros de ‘naturezas mortas’, mas retratam elementos vivos que vemos no nosso quotidiano, mas que raramente apreciamos”.

Retrato da artista
Chao Iok Leng, originária de Nanhai, Guangdong, viveu em Macau durante a maior parte da sua vida e, desde a infância, tem um profundo e vasto interesse pela arte. No início dos anos 70, estudou com Guan Wanli, aprendendo a pintura meticulosa de flores e pássaros, e mais tarde estudou pintura ocidental com Li Lun, misturando os estilos oriental e ocidental.
No final da década de 1970, mudou-se para Hong Kong, onde estudou pintura de flores e pássaros e pintura de paisagem com Luo Zuishan e aprendeu caligrafia com Liang Zijiang.
Depois de regressar a Macau, estudou pintura chinesa e ocidental com Zhao Weifu e saía frequentemente para desenhar com os seus pares. Na década de 1980, estudou técnicas de pintura Lingnan com Zhao Shaoang e viajou para Pequim para aprender a pintura meticulosa de flores e pássaros com Xu Junxiu.
Chao Iok Leng é vice-presidente da Associação de Caligrafia e Pintura Yi Un de Macau, conselheira académica da Associação de Cultura e Artes Chinesas de Macau, conselheira artística da Associação de Cultura e Arte de Macau, conselheira honorária da Associação Internacional de Mulheres Artistas de Macau e membro da Sociedade de Artistas de Macau.
Em 1987, realizou a sua primeira exposição individual no Museu Luís de Camões de Macau, com obras coleccionadas pelo museu. Em 1996, foi convidada pela Direcção dos Serviços de Turismo para realizar uma exposição de pinturas chinesas intituladas “O Encanto do Lazer”, e participou em inúmeras exposições conjuntas tanto a nível local como internacional.
A exposição “Chinese Foldable Fan Paintings por Chao Iok Leng” estará patente ao público até 17 de Setembro e é patrocinada pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura.

16 Jul 2025

Eleições | Listas de Ron Lam e Alberto Wong excluídas

A Comissão de Defesa da Segurança do Estado excluiu das próximas eleições legislativas as listas Poder da Sinergia, liderada pelo deputado Ron Lam, e a lista Macau Creative People’s Livelihood Force, que tinha Alberto Wong como cabeça de lista. A novidade foi anunciada ontem numa conferência de imprensa pelo presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), o juiz Seng Ioi Man, em que as expressões “de acordo com a lei” e “confidencial por motivos de segurança do Estado” foram as mais usadas.
“Atendendo ao parecer da Comissão de Defesa da Segurança do Estado de que os candidatos não defendem a Lei Básica ou não são fiéis à RAEM, a CAEAL decidiu que os candidatos não possuem capacidade para serem candidatos”, afirmou ontem Seng Ioi Man.
Após mais uma onda de exclusões, as opiniões de concordância à decisão não se fizeram esperar (ver texto híbrido), com o Governo e o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM a demonstrarem total apoio à decisão da CAEAL.
Também Ron Lam reagiu após a revelação de que não iria poder renovar o seu mandato como deputado, numa publicação nas redes sociais. “Obrigado pelas vossas preocupações e resposta unida. Não recebi nenhuma notificação, apenas vi as notícias em directo como todos vós. Foi muito repentino. Estou muito calmo e de consciência tranquila, a minha dedicação a Macau não vai mudar, mas acredito que o sol brilha sempre depois da tempestade”, comentou. “Só posso pedir desculpas a todos por não poder continuar a servir-vos. Quero sinceramente agradecer a toda a equipa que me acompanhou no serviço a Macau, todos vós”, concluiu Ron Lam.

Testes de pureza
Recorde-se que nas eleições legislativas de 2021, em que foram excluídos 21 candidatos pela CAEAL, a análise ao patriotismo das listas deixou de fora o Poder da Sinergia e Ron Lam, que foi considerado patriota e fiel à RAEM e à Lei Básica.
Entre os dois sufrágios, a lei eleitoral foi alterada para garantir que só podem ser deputados patriotas e pessoas fiéis à RAEM e à Lei Básica, uma avaliação feita pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado. Ron Lam foi um dos deputados que ajudou a aprovar a lei que acabaria por justificar a sua exclusão das eleições cerca de um ano e meio depois da aprovação por unanimidade.
A aprovação unânime das alterações à lei eleitoral foi mencionada ontem pela CAEAL num comunicado publicado pelo Gabinete de Comunicação Social após a conferência de imprensa: “A proposta da lei foi votada e aprovada na especialidade na Assembleia Legislativa por unanimidade dos deputados presentes. A CAEAL confia plenamente na determinação da Comissão da Defesa da Segurança do Estado a qual foi efectuada nos termos da lei e possui autoridade e alto nível de especialização.”
O organismo é presidido pelo Chefe do Executivo e constituído pelos secretários para a Administração e Justiça e para a Segurança, o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, os directores dos Serviços de Assuntos de Justiça e da Polícia Judiciária, assim como os chefes dos gabinetes do Chefe do Executivo e do secretário para a Segurança.
Além disso, o Governo Central criou, junto da comissão, um lugar de assessor para os assuntos de segurança nacional, a quem cabe a supervisão, orientação, coordenação e apoio à RAEM no desenvolvimento dos trabalhos de defesa da segurança do Estado, e outros três assessores técnicos.

Não se pode
Quando foi questionado sobre os critérios usados para determinar o grau de fidelidade dos candidatos a deputados, Seng Ioi Man recusou revelar os factos que levaram à exclusão, defendendo que “os trabalhos e documentos da Comissão da Defesa da Segurança do Estado são confidenciais”.
O magistrado que preside à CAEAL sublinhou ainda que os pareceres vinculativos da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, dos quais não é possível recorrer, “têm um fundamento legal claro e suficiente” e foram elaborados “tendo em conta os factos”, que não pode revelar.
Seng Ioi Man afirmou que a sua divulgação “pode representar certos riscos para a segurança nacional, não devendo nem podendo ser publicado o seu conteúdo”.
Pressionado pelos jornalistas a divulgar qual ou quais dos sete critérios incluídos na nova lei eleitoral, em vigor desde Abril de 2024, levaram a esta decisão, Seng disse apenas que a CAEAL “não tem mais informações a providenciar”.
Pouco depois do anúncio da comissão eleitoral, a Comissão de Defesa da Segurança do Estado sublinhou, num comunicado, que quando um candidato é excluído por falta de patriotismo, todos os outros candidatos da mesma linha são também afastados.
Com a decisão divulgada ontem, vão concorrer às eleições, marcadas para 14 de Setembro, seis listas pelo sufrágio directo, menos oito do que há quatro anos. A lista de Pereira Coutinho e todas as listas de associações tradicionais estão aptas a concorrer.
Questionado pelos jornalistas sobre um eventual novo aumento da abstenção, Seng sublinhou que “o direito de voto é também um dever” e prometeu estar atento a eventuais apelos ao boicote das eleições. A nova lei eleitoral estabelece que “quem, publicamente, incitar os eleitores a não votar, votar em branco ou nulo, é punido com pena de prisão até três anos”.

16 Jul 2025

Bombeiros | Redução no número de intervenções em incêndios

Entre Janeiro e Junho, o número intervenções do Corpo de Bombeiros em incêndios teve uma redução de 49 ocorrências, ou 10,77 por cento, face ao período homólogo. Os números foram apresentados ontem pelo Corpo de Bombeiros através de uma conferência de imprensa.
Nos primeiros seis meses do ano, o Corpo de Bombeiros foi chamado a intervir em 406 fogos, quando no mesmo período do ano passado tinham actuado em 455 ocasiões. Entre os 406 incêndios, os bombeiros tiveram de recorrer a mangueiras para extinguir as chamas em 85 ocasiões. Nos restantes 321 incêndios, as chamas foram extintas sem utilização de mangueira.
A informação oficial mostra ainda que 78 dos 406 incêndios tiveram origem em comida queimada. “As principais causas dos incêndios deveram-se ao esquecimento de desligar os fogões, ao esquecimento de chamas não extintas, queixa de incensos e velas/papéis votivos, curtos-circuitos em instalações eléctricas e a falhas mecânicas/equipamentos”, pode ler-se no comunicado distribuído durante a conferência de imprensa.

Menos saídas
Em relação ao número de saídas de ambulâncias em serviço, nos primeiros meses do ano registaram-se 22.388 casos, que implicaram a deslocação de 23.983 veículos. Estes números significam uma redução de 3,53 por cento no número de casos com veículos de emergência, dado que no período homólogo tinham sido registados 23.207 casos, mais 819 do que no período mais recente. Quanto ao número de veículos chamados, houve uma redução de 4 por cento para 24.982 veículos, havendo menos 999 saídas.
A redução do número intervenções de veículos de emergência foi explicada com um menor número de casos de indisposições leves, febres ou dificuldades respiratórias. Ainda assim, os principais casos de intervenção das ambulâncias prenderam-se com tonturas, dores abdominais, dificuldades respiratórias, vómitos, febres e ferimentos.
Ao nível das operações de salvamento, verificou-se uma redução de 9,06 por cento para 833 casos, quando no período homólogo 916 casos justificaram intervenções. Uma tendência negativa foi igualmente registada nos serviços especiais, com uma redução de 23,96 por cento para 2.339 casos, quando antes o registo foi de 3.07 situações.
A nível geral, contabilizaram-se assim um total de 25.966 eventos com intervenção do Corpo de Bombeiros, uma redução de 6,1 por cento ou de 1.688 ocasiões, face ao período homólogo, quando se verificaram 27.654 casos.

16 Jul 2025

Entretenimento | Actrizes e actores do Japão vão animar o Cotai em Setembro

A actriz e cantora Sora Aoi foi escolhida como a embaixatriz da Expo do Entretenimento PinkD! – Macau, que traz ao Lisboeta alguns dos nomes mais conhecidos da indústria para adultos do Japão. O evento, que vai decorrer entre 26 e 28 de Setembro, no espaço H853 no hotel Lisboeta, traz a Macau cerca e 40 actrizes e actores, e pretende mostrar na Grande Baía as tendências mais recentes da indústria para adultos.
Ao longo dos três dias, os admiradores e curiosos vão poder participar em actividades como encontros um-a-um com as suas actrizes favoritas, visitar cenários utilizados em gravações de filmes e assistir a danças e outras demonstrações ao vivo. Além disso, haverá leilões e venda de produtos especiais lançados apenas para o evento.
Este ano o grande destaque dos organizadores é Sora Aoi, de 44 anos, actriz que no início dos anos 2000 era um dos nomes mais populares na indústria para adultos no Japão e com uma grande legião de fãs no Interior, capaz de até ultrapassar as tensões nacionalistas. A grande aceitação da actriz entre o público do Interior ficou demonstrada em Maio de 2012, durante um momento maior tensão entre a China e o Japão devido à chegada de actividades de Hong Kong às ilhas Diaoyu/Senkuku. Com a tensão em alta entre os dois países, e a internet inflamada com discursos nacionalistas, os internautas chineses não deixaram de tornar célebre a frase: “As ilhas Diaoyu pertencem à China, mas a Sora Aoi pertence ao mundo”.
A grande popularidade da actriz ficou também demonstrada pelo facto de em 2014 Aoi ter mais de 15 milhões de seguidores da rede social Weibo, apesar deste tipo de filmes serem proibidos.
A carreira activa de Aoi na indústria para adultos teve menos de 10 anos, mas trouxe-lhe o reconhecimento necessário para ao mesmo tempo conseguir papéis em séries de televisão no Japão e na Coreia do Sul e para se lançar no mundo da música. Aoi gravou o último filme para adultos em 2011, e deixou de licenciar produtos par adultos com a sua fisionomia em 2019, altura em que foi mãe pela primeira vez e decidiu dedicar-se à vida familiar.

Companhia de luxo
Outro dos nomes conhecidos do público masculino que vai estar presente no Cotai, é a modelo e actriz Shouko Takahashi, de 32 anos. Numa primeira fase, Takahashi começou por cimentar a carreira como capa em várias revistas orientadas para um público masculino, mas em que não aparecia totalmente nua, antes em bikini ou apenas com poses mais sensuais.
Em 2016, a roupa saiu das fotografias e nesse mesmo ano aconteceu a estreia no cinema pornográfico, depois de não ter conseguido o sucesso desejado como guitarrista na banda Camouflage. Apesar dos diferentes caminhos, em 2018 Shouko foi distinguida com quatro prémios Fanza Adult Awards, incluindo o de melhor actriz.
Habituada a constar na lista de nomeadas para os prémios Fanza Adult Awards está também Ayaka Yamagishi, outra das presenças confirmadas no Cotai. Igualmente com 32 anos, à imagem de Shouko Takahashi, Ayaka Yamagishi vai estar no Hotel Lisboeta quando atravessa uma segunda fase na carreira.
Inicialmente conhecida como Aika Yamagishi, a actriz estreou-se nesta área em 2017, depois de ter trabalhado durante alguns meses como apresentadora para um canal de televisão local na região de Tokai, na Prefeitura de Aichi. Com os 30 anos, chegou a vontade de mudança. O nome artístico passou assim de Aika para Ayaka, com a actriz a justificar que procurava fazer um novo tipo de trabalhos, com uma nova imagem, ainda que dentro da mesma indústria.

Companhia masculina
Outro dos grandes nomes que vai participar no evento é Mana Sakura, que também tem 32 anos. Natural da prefeitura de Chiba, Mana terminou os estudos em Engenharia Civil antes de decidir que pretendia ser actriz pornográfica. É a imagens de marca da agência SOD Create, com quem tem um contrato exclusivo de 2012. Além disso, é considerada pela agência como uma grande mais-valia por ser capaz de cativar uma grande audiência feminina.
Em contraste com as grandes actrizes, os nomes dos actores masculinos são menos conhecidos. Entre estes encontram-se Chitose Komei, Taichi Lin e Kazuo Kaden.
Os bilhetes para o evento encontram-se à venda desde o mês passado, e o evento só aceita a entrada a pessoas com mais de 18 anos. Os interessados precisam de fazer-se acompanhar pelo documento de identificação com fotografia. A entrada tem um custo de 280 patacas. O bilhete com encontros personalizados com as actrizes custa 480 patacas.

15 Jul 2025

Terras raras | Exportações sobem 32% após flexibilização de licenças

As exportações chinesas de terras raras aumentaram 32 por cento, entre Maio e Junho, após Pequim ter prometido “rever e aprovar” os pedidos para vender ao exterior este grupo de minerais críticos para indústrias como semicondutores, aeronáutica, automóvel e defesa.
Segundo os dados divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas da China, o volume exportado de terras raras aumentou 32,02 por cento em Junho, face a Maio, e cresceu 60,34 por cento, em termos homólogos.
No primeiro semestre de 2025, as exportações aumentaram 11,9 por cento face ao mesmo período de 2024, apesar de o valor dessas vendas ter recuado 24,4 por cento, de acordo com os relatórios alfandegários.
Os dados preliminares ontem divulgados não detalham as exportações por elemento nem indicam os países de destino, apresentando apenas o total agregado.

Dá licença?
Desde 02 de Abril, no contexto da guerra comercial com os Estados Unidos, a China implementou um novo regime de licenças que obriga empresas estrangeiras a solicitar autorização para exportar sete dos 17 minerais que compõem o grupo das terras raras – nomeadamente samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio –, bem como ímanes derivados, invocando razões de segurança nacional.
A introdução destas restrições provocou uma queda acentuada das exportações em Abril
(-15,56 por cento), mas em Maio as vendas recuperaram com um aumento mensal de 22,57 por cento, superando inclusive os níveis de Março.
Os controlos têm impacto significativo em sectores altamente dependentes destes materiais, uma vez que a China foi responsável por 99 por cento do processamento global de terras raras pesadas em 2024 e detém cerca de 49 por cento das reservas mundiais.
A promessa de acelerar a emissão de licenças faz parte dos compromissos assumidos por Pequim no âmbito do acordo alcançado durante a mais recente ronda de negociações comerciais com os Estados Unidos, realizada há pouco mais de um mês em Londres.
Na altura, as autoridades chinesas comprometeram-se a “rever e aprovar” os pedidos de exportação de bens restritos, numa aparente referência às terras raras – um dos principais focos de tensão entre as duas potências e que chegou a ameaçar a continuidade da trégua comercial de 90 dias iniciada em meados de Maio.

15 Jul 2025

Reparação Predial | Distribuídos apoios de 8,3 milhões

No segundo trimestre do ano, o Fundo de Reparação Predial distribuiu 8,3 milhões de patacas em apoios públicos, de acordo com os dados oficiais publicados ontem. Os 183 apoios distribuídos variaram entre os valores de 455 patacas e 1,3 milhões de patacas, e em alguns casos são atribuídos a título de empréstimos sem juros.
Os edifícios Lei Hong e Lei Tou, no Complexo Habitacional Fa Seng, foram os que receberam o apoio mais elevado, de 1,3 milhões de patacas, com o objectivo de “suportar as despesas emergentes do pagamento de obras de conservação ou reparação, nas partes comuns do condomínio”. De acordo com a informação oficial, o apoio foi distribuído ao abrigo do Plano de Apoio Financeiro e de Crédito sem Juros para Reparação de Edifícios (Apoio Financeiro para Reparação).
O segundo apoio mais elevado, teve como destinatário o Edifício Industrial Kek Seng, com um montante de 526 mil patacas. Também neste caso, o apoio foi distribuído devido ao Plano de Apoio Financeiro e de Crédito sem Juros para Reparação de Edifícios e serve para auxiliar na reparação de partes comuns.
Além dos apoios para obras, o Fundo de Reparação Predial subsidiou o início das operações de administração de vários edifícios, devido ao Plano de Apoio Financeiro para a Administração de Edifícios. Neste capítulo, os apoios tendem a envolver montantes mais baixos, que vão de valores como 455 patacas, como aconteceu com o edifício M. Residences a 5 mil patacas, como se verificou com o complexo habitacional Kam Keng Fa Un, constituído pelos edifícios Kam Hoi e Ngan Hoi.
Menos é mais
Em comparação com o primeiro trimestre do ano, os números mais recentes mostram uma diminuição de 4,9 milhões nos apoios distribuídos.
Entre Janeiro e Março deste ano, o Fundo de Reparação tinha distribuído entre subsídios e empréstimos sem juros 13,2 milhões de patacas, embora tenha havido um menor número de apoios, um total de 152, o que significa uma média mais elevada dos apoios e subsídios.
Quando a comparação é feita com o segundo semestre do ano passado, os dados mais recentes também apresentam uma redução do montante dos apoios. Entre Abril e Junho de 2024, o Fundo de Reparação Predial entregou 9,2 milhões de patacas entre empréstimos sem juros e subsídios. Este valor significa uma queda de aproximadamente 900 mil patacas em comparação com os dados mais recentes. No segundo trimestre de 2024, o número de apoios aprovados foi de 223.

15 Jul 2025

Jogos Nacionais | Espectadores chineses com visto alargado

Os espectadores chineses que venham a Macau assistir a competições dos Jogos Nacionais vão beneficiar de uma extensão do visto para permanecer na RAEM. A novidade foi revelada no domingo pelo coordenador do gabinete preparatório para a organização dos jogos, Pun Weng Kun, que confirmou negociações com as autoridades de Guangdong no sentido de alargar os vistos para cidadãos chineses que tenham bilhetes para competições em Macau. Pun Weng Kun indicou que a extensão poderá incluir o dia antes e depois da competição.
Para beneficiar da medida, os visitantes precisam apenas de mostrar os ingressos para provas em Macau nos departamentos que tratam dos vistos.
No sentido de tornar mais conveniente as travessias fronteiriças, segundo Pun Weng Kun, as autoridades de Guangdong pretendem tornar o processo de inspecção alfandegária mais fácil, nomeadamente através do uso de tecnologia de reconhecimento facial.
O coordenador do organismo encarregue da preparação logística para a competição espera que as novas medidas permitam aos espectadores ficar mais tempo em Macau, possibilitando ver um espectáculo e apreciar a gastronomia e a cidade.

A bom ritmo
A menos de quatro meses da cerimónia de abertura dos Jogos Nacionais, marcada para 9 de Novembro, é esperado que as três regiões envolvidas (Guangdong, Macau e Hong Kong) coloquem bilhetes à venda no próximo mês de Agosto.
Além da venda online, serão colocados à venda bilhetes em locais específicos para facilitar a compra de ingressos por residentes de Macau.
Para já, Pun Weng Kun afirma que o processo de testes e preparação para o início do evento desportivo está a decorrer com suavidade, com as instruções das autoridades nacionais. Aliás, apesar de existirem situações a corrigir, o feedback das autoridades chinesas sobre os testes feitos em Macau foi elogioso.
Porém, além da boa organização das competições, Pun Weng Kun afirmou que o objectivo é proporcionar aos espectadores uma boa experiência em Macau. Uma das apostas passa pela colaboração com associações locais para angariar voluntários que estarão espalhados pela cidade como “embaixadores da boa vontade”, para ajudar as equipas desportivas e fãs do desporto no que for preciso.
Macau irá acolher competições de cinco modalidades: Ténis de mesa (todos os grupos), basquetebol de três (todos os grupos), basquetebol de cinco (masculino sub-18), voleibol (feminino adultos) e karaté́ (todos os grupos).
Além disso, a prova individual masculina de ciclismo irá atravessar as três regiões.

15 Jul 2025

Aviação | Deputado quer subsídio para voos entre Macau e Lisboa

O deputado Ip Sio Kai defende a necessidade de o Governo subsidiar a exploração inicial de um voo directo entre Macau e Lisboa. A posição foi tomada ontem na Assembleia Legislativa, com o deputado a alertar para que a falta de ligações directas para a Europa compromete o papel da RAEM como plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Na intervenção antes da ordem do dia, Ip apontou os dados oficiais de Outubro do ano passado, indicando que o “Aeroporto Internacional de Macau contava com 40 rotas directas regulares para o Interior da China e outras regiões da Ásia”. Contudo, apontou a ausência de “voos directos de médio e longo curso para a Europa e os países de língua portuguesa”.
O legislador considerou que esta falha “compromete, em certa medida, o papel de ligação de Macau na rede internacional”, e “a contribuição e a influência de Macau, enquanto plataforma entre estes países”.
Ao mesmo tempo, Ip afirmou que a ligação directa entre Macau e Portugal pode funcionar como centro de ligação com os outros países da plataforma: “Julgo que a abertura de voos directos entre Macau e Lisboa é a base de uma plataforma, que serve para ligar, através da companhia aérea portuguesa, o Brasil e os países de língua portuguesa em África, o que contribuirá para promover ainda mais o comércio, o turismo e o fluxo de pessoas entre Macau e os países europeus”, justificou.
Além disso, para Ip a falta de ligações torna as deslocações mais inconvenientes: “Devido à falta de voos directos para Lisboa, os residentes e os visitantes de Macau têm de viajar por Hong Kong, Dubai, Istambul, Xangai, etc., o que representa uma longa viagem de ida, tendo de mudar de aeroporto ou esperar por voos de ligação, o que torna o tráfego aéreo consideravelmente inconveniente e não favorece a promoção da normalização das actividades comerciais e empresariais sino-portuguesas, nem a atracção de mais turistas internacionais para Macau”, justificou.

Abrir os cordões
Apesar da sugestão, Ip Sio Kai reconheceu que “este tipo de rotas de longa distância tem custos operacionais elevados e desafios como o longo período de desenvolvimento da clientela”. Como principais custos apontou o preço do combustível, os salários do pessoal de voo e de manutenção, a manutenção do avião, a despesas de descolagem e aterragem no aeroporto ou as tarifas de utilização da rota.
Dado que os custos e a dificuldade inicial de rentabilidade tendem a afastar os interessados da exploração das ligações directas, o deputado considera que o Executivo pode assumir parte dos custos. “O Governo deve estudar a criação de um subsídio específico para apoiar os elevados custos da exploração inicial das rotas aéreas, por exemplo, as despesas com os direitos de tráfego, as tarifas do aeroporto, bem como os custos do pessoal e do combustível, atribuindo subsídios financeiros faseados”, sugeriu. Esses subsídios podem ser atribuídos através de um montante fixo de acordo com o número de voos ou, mais flexível, através da redução gradual e faseada de um montante inicialmente atribuído consoante o número de anos de exploração das rotas, a fim de ajudar as companhias aéreas a reduzir os riscos iniciais e promover a entrada em funcionamento dessas rotas”, acrescentou.
Ip pediu também que se negoceie com as autoridades de Portugal com vista a tentar reduzir parte dos custos de voar para a Europa, em aspectos como as tarifas cobradas no aeroporto.

15 Jul 2025

UNESCO | Governo garante que vai responder a preocupações

Macau vai dar “seguimento às resoluções relevantes” da UNESCO. Em questão está a exigência de avaliação de impacto ambiental à construção do viaduto entre as zonas A e B dos Novos Aterros e informações sobre a Linha Leste do Metro Ligeiro. Especialistas salientam que o reconhecimento da UNESCO impulsionou o turismo cultural no território

 

Amanhã, celebram-se os 20 anos da entrada do centro histórico de Macau na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO na sigla em inglês). Decorre até à próxima quinta-feira, em Paris, a 47.ª convenção do Comité do Património Mundial, onde a RAEM está representada pelo Instituto Cultural.

No final da semana passada, durante a convenção da UNESCO, o comité emitiu uma resolução de acompanhamento ao estado da conservação patrimonial de Macau. Além de alguns elogios, a instituição internacional pede a avaliação de impacto ambiental abrangente em relação à construção do viaduto que irá ligar as zonas A e B dos Novos Aterros, em especial uma parte que poderá violar as restrições de altura em torno do Farol da Guia.

A questão dos prédios por acabar na Calçada da Guia e a construção da Linha Leste do Metro Ligeiros foram também temas sobre os quais o Comité do Património Mundial pediu informações adicionais, apontando como prazo de entrega de toda a documentação o dia 1 de Dezembro de 2026, noticiou o Jornal Tribuna de Macau (JTM).

Num comunicado divulgado na noite de sexta-feira, o Instituto Cultural indica que “dará seguimento às resoluções relevantes e submeterá ao Comité do Património Mundial da UNESCO os documentos relativos ao acompanhamento dos projectos relevantes para análise, de acordo com o mecanismo geral de comunicação existente no passado”.

A entrega da documentação será feita através da Administração Estatal do Património Cultural da China.

Sem dar cavaco

O JTM indicou também que o comité da UNESCO realça os compromissos e esforços assumidos no Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico, com vista a implementar os pedidos anteriores da organização internacional. Porém, lamenta não ter sido ouvido, como fora solicitado, antes de ter entrado em vigor, no início de Junho do ano passado.

No comunicado na sexta-feira, o IC não menciona o reparo do comité da UNESCO, mas que este congratulou as autoridades da RAEM pela entrada em vigor formal e a implementação do plano de salvaguarda e gestão e pelo trabalho de conservação, monitorização, interpretação e exposição do património de Macau.

História e jogo

Especialistas consideram que a classificação do centro histórico de Macau pela UNESCO impulsionou o turismo cultural no território, apoiando a diversificação de uma economia tradicionalmente dependente dos casinos, mas alertam para desafios na promoção do património.

O templo de Na Tcha e as Ruínas de São Paulo encontram-se lado a lado no centro histórico de Macau. Logo pela manhã, famílias posam para a câmara, na parte inferior da emblemática escadaria de pedra das ruínas.

“Gosto da calçada [portuguesa], é especial”, diz à Lusa Alina Wang, turista de Xangai. O filho, de oito anos, York Xiong, complementa: “Os edifícios são bonitos”. Nem todos na família, porém, conhecem a história por detrás do ‘ex-líbris’ de Macau, reduzido à fachada após incêndios. O patriarca, Li Zijian, ia jurar que tinha sido destruído durante a II Guerra Mundial. Ao lado, outra família, esta de Xi’an, associa a imagem das ruínas a um bombardeamento japonês na Grande Guerra.

Há 20 anos, no dia 15 de Julho de 2005, o centro histórico de Macau, um conjunto de 22 monumentos que combina arquitectura portuguesa e chinesa, entrou para a lista do património mundial da UNESCO.

Esse marco para o património da cidade, refere à Lusa a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), trouxe mais turistas a Macau, alterando o perfil do visitante, que deixou de cruzar a fronteira apenas para jogar.

“Isto mudou a imagem de Macau de uma ‘cidade do jogo’ para um destino cultural, diferenciando-o na região Ásia-Pacífico”, sublinhou a DST.

Um estudo aos visitantes conduzido pela DST este ano revela que 53,3 por cento dos turistas chegam ao território para visitar o património, ultrapassando aqueles que querem fazer compras (33,7 por cento) e os que estão mais interessados na gastronomia (18,5 por cento).

Para Lei Ip Fei, historiador e ex-membro do conselho do Património Cultural de Macau, o estatuto UNESCO elevou o perfil global de Macau. “O jogo impulsionou a economia a curto prazo, a cultura deve impulsionar o crescimento a longo prazo”, disse à Lusa.

Parque de diversões

Mas se, por um lado, a inscrição do património veio ajudar a diversificar o perfil do turista, há que pensar naqueles que vivem na cidade diariamente, notou Ka Nok Lo, vice-presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau.

Em entrevista à Lusa, o responsável alertou para a necessidade de não transformar Macau “numa Disneylândia”, defendendo o equilíbrio entre turismo e as necessidades dos residentes. “Os museus devem servir a comunidade, assim como as bibliotecas, as livrarias, e não apenas os turistas”, considerou.

Ka sublinhou, por outro lado, que ainda falta entregar aos visitantes a narrativa que une os vários locais distinguidos pela UNESCO. “Não há uma história que ligue estes monumentos”, disse.

O Governo de Macau tem como um dos principais objectivos procurar a diversificação económica, com a finalidade de reduzir a sua dependência em relação à indústria do jogo através do desenvolvimento de novos sectores.

Mas o apelo dos casinos é incontornável, como as famílias de Xangai e Xi’an deixaram em evidência. No dia seguinte ao passeio pela zona histórica de Macau, a visita à região iria continuar nas estâncias modernas do jogo concentradas no Cotai, realçando o duplo papel de Macau como destino de jogo e património cultural. Lusa / JL

14 Jul 2025

ICBC | Banqueiro desaparecido com vínculos a Ng Lap Seng

Jiang Yisheng foi presidente da representação de Macau do Banco Industrial e Comercial da China entre 2018 e 2023, altura em que a instituição foi distinguida com a Medalha de Mérito Industrial e Comercial. O banqueiro está a ser investigado por relações com o projecto de imobiliário Windsor Arch

 

O ex-presidente da representação de Macau do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês), Jiang Yisheng, está a ser investigado pelas autoridades do Interior, encontrando-se em paradeiro incerto, devido a factos praticados em Macau e às ligações com o empresário Ng Lap Seng. A notícia foi adiantada na sexta-feira pelo jornal Caixin Global, uma publicação do Interior.

Horas depois da informação, que inicialmente indicava que Jiang estava incontactável e desaparecido, a Comissão Central de Inspecção Disciplinar confirmou que Jiang Yisheng está ser investigado por “violação grave da disciplina e da lei”, um termo normalmente utilizado em investigações relacionadas com corrupção. Além da Comissão Central de Inspecção Disciplinar, a investigação envolve igualmente a Comissão de Supervisão Municipal de Zhuhai.

Segundo o Caixi Global, a investigação que visa Jiang Yisheng prende-se com empréstimos imobiliários aprovados pelo ICBC de Macau, principalmente o projecto de luxo Windsor Arch, construído à frente do Jockey Club e no qual participaram vários empresários locais.

Este foi um projecto desenvolvido por Ng Lag Seng, então presidente do Grupo Sun Kian Ip, e que também foi parte da investigação no âmbito do caso judicial que resultou no julgamento dos ex-directores das Obras Públicas, Jaime Carion e Li Canfeng. Também Ng Kei Nin, filho de Ng Lap Seng, um dos directores da empresa, foi implicado no caso. Ambos foram condenados em Macau ao cumprimento de penas de prisão.

Malparado a crescer

O Caixin Global indica que a investigação surge numa altura em que o ICBC Macau apresenta um aumento do crédito malparado, ou seja, dos empréstimos que foram aprovados a devedores que depois não têm capacidade para pagar as dívidas.

O ICBC de Macau terá igualmente movido acções contra os bens de Ng Lap Seng e Ng Kei Nin devido a dinheiro emprestado ao grupo empresarial que não foi devolvido. Entre os bens que são alvo de arresto encontram-se cerca de 80 parques de estacionamento, 40 escritórios e depósitos bancários e acções na bolsa de valores avaliados em mais de 1,7 milhões de patacas.

Jiang Yisheng, que foi presidente do ICBC de Macau entre 2018 e 2023, foi ainda visado por um processo disciplinar interno do banco, que começou no início de 2024, devido à aprovação de empréstimos, sem as garantias necessárias.

Em 2019, durante a presidência de Jiang Yisheng o ICBC de Macau foi distinguido por Fernando Chui Sai On com a Medalha de Mérito Industrial e Comercial. Jiang Yisheng recebeu a distinção do então Chefe do Executivo.

A par do Banco da China, Banco de Construção da China e do Banco Agrícola da China, o Banco Industrial e Comercial da China integra o grupo dos quatro grandes bancos do Interior, considerados como os principais do país. Além disso, o ICBC é um banco estatal.

14 Jul 2025

Água | Pedida supervisão apertada após escândalos recentes

Os quatro episódios de águas engarrafadas localmente que falharam os testes de qualidade e segurança levaram a deputada a pedir um maior controlo dos produtos em Macau e a pedir novas formas de testar as águas

 

A deputada Song Pek Kei apela às autoridades para reforçarem as medidas de controlo de qualidade da água engarrafada no território. Foi desta forma que a legisladora ligada à comunidade de Fujian reagiu aos recentes episódios das águas engarrafadas localmente que não cumprem os padrões de qualidade nem de segurança.

Na interpelação, a deputada escreveu esperar que as autoridades contribuam para assegurar a qualidade da água engarrafada em Macau e corrigir as falhas de inspecção existentes.

E um dos problemas identificados pela deputada passa pela forma como o controlo da qualidade da água é feito: “Apesar de o Instituto para os Assuntos Municipais fazer regularmente inspecções aleatórias, a maioria destas inspecções é feita através das análises às amostras de água, pelo que a segurança da linha de produção e dos garrafões reciclados pelas águas não é controlada”, escreveu Song.

Desde o início de Maio que as autoridades revelaram pelo menos quatro casos em que diferentes marcas de água engarrafadas e distribuídas em Macau não cumpriam os padrões e qualidade. As marcas visadas são a água Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou, marca Ieong Iat Tat, da fábrica com o mesmo nome, a água O Sun, do Miram Grupo, e ainda a água NK, da Fábrica de Água Potável NK.

Sobre estes casos, que foram detectados pelo IAM, Song Pek Kei reconheceu que foram tomadas medidas para lidar com as diferentes situações. Todavia, criticou a falta de um mecanismo mais abrangente de controlo de qualidade e segurança.

Casos que se repetem

A deputada ligada à comunidade de Fujian mostrou-se preocupada com o facto de terem sido identificados “tantos casos” num curto espaço de tempo, o que contribui para uma “preocupação social” face à água fornecida.

Song Pek Kei escreve que outra das preocupações da população visa a água disponibilizada em espaços públicos, em que muitas vezes os garrafões não identificam o fornecedor da água, não apresentam os resultados dos testes mais recente à qualidade da água, nem a data recomendada do consumo da água.

Além disso, Song pretende que o Governo passe a disponibilizar nos espaços públicos a data da última limpeza das máquinas que fornecem a água dos garrafões.

Por esta razão, a legisladora espera que o Governo peça aos fornecedores de água para fixarem as etiquetas com informações nos garrafões de água. Além disso, a deputada pede que as máquinas sejam limpas e mantidas regularmente, principalmente nos espaços e serviços públicos, como escolas, hospitais e lares para idosos.

Uma das águas visadas pelos problemas de qualidade viu ser suspensa a certificação M-Mark, um selo de qualidade da Administração. Sobre este aspecto, Song Pek Kei considerou que este tipo de certificação deve estar sempre dependente de testes de qualidade, para que os produtos em Macau possam desenvolver uma reputação mais forte.

14 Jul 2025

Finanças | Contas públicas com prejuízo antes do reforço de apoios sociais

As contas públicas apresentaram em Junho perdas de 289,4 milhões de patacas, um registo contrário à tendência verificada desde o início do ano. Entre Janeiro e Junho, a RAEM apresenta um excedente de 11,4 mil milhões de patacas

 

As contas públicas mostram uma perda de 289,4 milhões de patacas em Junho, ainda antes de uma revisão do orçamento para reforçar os apoios sociais. No entanto, quando é considerado o período entre Janeiro e Julho, os dados da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) mostram um excedente nas contas públicas de 11,4 mil milhões de patacas. Este valor representa uma queda de 2,5 por cento em comparação com o final de Maio, quando Macau tinha um excedente de 11,7 mil milhões de patacas.

Ainda assim, o excedente da cidade entre Janeiro e Junho foi 40,3 por cento maior do que no mesmo período do ano passado e já é maior do que a previsão do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas.

Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior.

A despesa pública de Macau caiu 8,2 por cento na primeira metade do ano, em comparação com o mesmo período de 2024, para 41,4 mil milhões de patacas. A única razão para a queda foram os gastos em apoios e subsídios sociais, que diminuíram 17,7 por cento para 20,7 mil milhões de patacas.

Mas a Assembleia Legislativa aprovou na quarta-feira uma proposta do Governo para aumentar em 2,86 mil milhões de patacas as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para as crianças até 3 anos, para elevar a mais baixa natalidade do mundo.

Menor receitas

A receita corrente de Macau também caiu 0,95 por cento na primeira metade do ano, para 52,3 mil milhões de patacas. A principal razão para a diminuição foi uma queda de 62,3 por cento, para 520 milhões de patacas, nos “rendimentos da propriedade”, rubrica que inclui a receita das concessões de terrenos.

Pelo contrário, as receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86,4 por cento do total – subiram 1 por cento, para 45,3 mil milhões de patacas.

As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos.

As receitas totais dos casinos de Macau atingiram 118,8 mil milhões de patacas na primeira metade do ano, mais 4,4 por cento do que no mesmo período de 2024. Em 15 de Abril, Sam Hou Fai admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração nas receitas do jogo.

14 Jul 2025

São Tomé e Príncipe | Relação com China é discreta, mas estratégica

Celebraram-se no sábado 50 anos da independência de São Tomé e Príncipe. O futuro avança ao ritmo das relações diplomáticas com os outros países falantes de português. Para a académica Cátia Miriam Costa, o país africano e a China são parceiros estratégicos, apesar da descrição pautar as relações entre ambos

 

A investigadora Cátia Miriam Costa considera que a relação entre São Tomé e Príncipe e a China mantém-se discreta, apesar de estar quase a celebrar uma década, com crescente interesse estratégico de Pequim na posição do arquipélago no Atlântico Sul.

“Como nem um país nem outro fala muito sobre o assunto, acabamos por não perceber bem a profundidade da relação. Mas creio que não é ainda uma relação muito profunda”, observou à agência Lusa a investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

A posição geoestratégica do arquipélago, situado no Golfo da Guiné, alimenta, no entanto, o interesse de Pequim, nomeadamente no contexto da aposta chinesa na expansão de corredores logísticos e marítimos no Atlântico Sul.

“São Tomé, se não é um porto muito importante em termos logísticos, é um porto relevante para controlo, por exemplo, de pirataria, de ameaças. Portanto, essa posição também de certeza que foi reflectida por Pequim”, explicou.

O restabelecimento de laços formais em 2016, após duas décadas de reconhecimento de Taiwan por parte de São Tomé, foi uma decisão “pragmática” do país africano, e um trunfo para a diplomacia de Pequim, que manteve sempre “canais abertos”, mesmo durante o período de afastamento, explicou Cátia Miriam Costa.

“A relação com a China é mais frutífera porque traz outras contrapartidas”, explicou a investigadora. “Também foi por essas contrapartidas, que [em 1997] São Tomé trocou a República Popular da China por Taiwan, porque nessa altura a República Popular da China era um país em desenvolvimento. Portanto, não tinha para oferecer aquilo que Taiwan tinha, que estava perfeitamente integrado no mercado internacional”, contou.

Um volte-face

Em Dezembro de 2016, São Tomé anunciou oficialmente o estabelecimento de relações com a República Popular da China, pondo fim ao reconhecimento de Taiwan.

A decisão provocou o cancelamento imediato das bolsas de estudo oferecidas por Taiwan a estudantes são-tomenses, muitos dos quais acabaram por ser integrados nas restantes universidades chinesas. A China tornou-se rapidamente um dos principais parceiros de cooperação de São Tomé, com promessas de investimento e apoio em áreas como a educação, formação técnica, agricultura e infra-estruturas.

A investigadora recordou que, mesmo antes de haver relações formais, Pequim nunca rompeu completamente com São Tomé, mantendo o país envolvido nas actividades do Fórum de Macau, ainda que apenas como observador, estratégia que considera “típica da diplomacia chinesa”. “A China não fecha totalmente as portas. Pode suspender relações, mas se for algo do interesse nacional, normalmente volta a ser renegociado”, afirmou.

“Resultados limitados”

Apesar disso, Cátia Miriam Costa reconheceu que os resultados concretos da cooperação ainda são limitados. “Há mais projectos no papel do que propriamente obras em curso”, apontou, atribuindo parte da responsabilidade à fraca capacidade institucional de São Tomé, que só recentemente começou a criar estruturas para atrair e negociar investimento externo.

Entre os sectores com potencial para o aprofundamento da cooperação, a investigadora destacou as pescas, os recursos marinhos e, eventualmente, o cacau. Já a exploração petrolífera levanta “riscos elevados”, tanto pela complexidade técnica como pelas limitações ambientais.

“A China tem interesse na região, mas não é por São Tomé ser um mercado atractivo – porque não é -, é, sim, pela sua localização, estabilidade e capacidade de integração num projecto regional mais amplo”, afirmou.

A investigadora salientou ainda o investimento chinês no ensino da língua chinesa em São Tomé, que visa também “criar uma rede de pessoas com domínio da língua, familiarizadas com a cultura e potencialmente úteis para o futuro das relações bilaterais”. “A China mantém um interesse estratégico na relação, mesmo que não o expresse com grande visibilidade. E para um país como São Tomé, qualquer pequena ajuda pode ter um impacto significativo”, concluiu.

Relatos de quatro são-tomenses que seguiram cursos na China

Denise, Lucineidy, Reginaldo e Aithysa cresceram sob o signo de uma aliança com Taiwan, até que a vida e o trajecto académico acabaram redefinidos pela ruptura dos laços diplomáticos entre São Tomé e Taipé, em 2016.

Denise Aragão Fortes ainda se lembra de apertar a mão a Tsai Ing-wen. Era Novembro de 2016, celebrava-se, com meses de atraso, o dia de África em Taiwan, e a responsável marcava presença na ocasião.

É muito provável que nos bastidores se esboçasse já o fim da diplomacia entre Taiwan e São Tomé e Príncipe, mas para esta estudante de Relações Internacionais da Universidade de Ming Chuan, em Taoyuan, norte taiwanês, a notícia, que chegou um mês depois dessas celebrações, em 21 de Dezembro, foi uma surpresa.

“Não havia rumores, nada”, recorda à agência Lusa Denise, hoje com 29 anos, a trabalhar em marketing e a viver em Almada, Portugal.

Quando terminou o secundário, também os laços entre a ilha e a nação africana, acordados em 1997, tinham alcançado há pouco a maioridade. Havia “muita proximidade” entre as partes, com amizades taiwanesas no seio familiar.

Normalidade abalada nesse Dezembro de 2016. A estudarem com uma bolsa concedida por Taipé, a Denise e a outros alunos são-tomenses em Taiwan foi dada a opção de aí prosseguirem os estudos, sem assistência financeira, ou serem transferidos para a China como bolseiros. Por se encontrar no final do percurso académico, Denise permaneceu em Taoyuan. A maioria, porém, mudou de geografia, de universidade e de vida.

País “cheio de oportunidades”

Lucineidy Almeida, hoje com 28, viu a chegada a Tianjin, norte da China, como “um novo recomeço” num “país cheio de oportunidades”. A frequentar o segundo ano de Biotecnologia em Taichung, esta natural de Santo António sentia alguma dificuldade em acompanhar a licenciatura em mandarim. Uma limitação que eventualmente ultrapassaria, avalia hoje, mas, na China, teve a possibilidade de estudar em inglês Ciências Farmacêuticas.

Diz que soube da ruptura diplomática através das redes sociais e, à semelhança de todos os estudantes que falaram à Lusa, deixou críticas à condução do processo, com “muitas incertezas”, informações dadas “em cima da hora”, “um sentimento de desrespeito”, e, pelo meio, a suspensão das bolsas.

Dois meses após o anúncio, aterrou em Hong Kong, onde tratou do visto, embora ainda sem saber qual o destino final. Só à chegada a Pequim foi-lhe dito que ia para Tianjin, recorda Lucineidy, a viver hoje também em Portugal, no Cacém, e a trabalhar como intérprete de inglês e português na área médica.

Sobre a interrupção diplomática, nota que “pelo que se percebeu na altura”, tratou-se de “uma questão monetária”: “No sentido em que a China ofereceu mais [a São Tomé] do que Taiwan na altura poderia proporcionar”.

O primeiro-ministro são-tomense de então, Patrice Trovoada, considerou a ruptura unilateral das relações como “a mais acertada”, tendo em conta a visão das autoridades para o desenvolvimento do país. “Decidimos o princípio de aderir a uma só China e ao aderir implica o corte das relações com Taiwan. O cenário internacional, há 20 anos, não é o mesmo de hoje”, acrescentou.

Mas a nova ordem política não demoveu os estudantes de avançarem na carreira académica. Aithysa Ramos, 32 anos, ainda hoje está em Pequim, onde, após deixar Taiwan, concluiu o mestrado em Gestão de Empresas.

Se naquela manhã de 2016, a história não tivesse tomado este rumo, provavelmente teria ficado em Taiwan, onde já vivia há sete anos. Na altura, lembra agora a professora de inglês do ensino infantil, ficou “devastada e revoltada”: “Era como se fosse a minha segunda casa, passei aí [parte da] minha adolescência, fases de crescimento”.

Reginaldo encontrava-se no segundo ano de Gestão de Empresas, na Universidade de Yuan Ze, em Taoyuan, quando ficou ao corrente das notícias. Percebeu que “não tinha poder” para alterar o curso da história.

O choque inicial, assume hoje, foi mesmo o frio. Apesar de admitir ter “sido um processo sempre de dúvidas”, a China, para onde se mudou dois meses após o corte de relações, “foi uma surpresa para melhor”. “Pelo facto de ainda estar aqui, de não ter voltado, posso dizer que sim, foi a melhor coisa que aconteceu”, diz.

14 Jul 2025

Jogo | Citigroup avisa que aumento de receitas terá pouco impacto nos lucros

O banco de investimento mostra grande confiança no mercado do jogo de Macau e afirma que merece maior reconhecimento dos investidores, dado que o “apetite” pelos casinos está longe de diminuir

 

Apesar das receitas brutas do jogo apresentarem um crescimento de 8 por cento no segundo trimestre do ano, o banco de investimento Citigroup estima que a repercussão nos resultados das concessionárias vai ser moderada. A posição foi deixada no relatório do banco de investimento, citado pelo portal GGR Asia, que, apesar da conclusão mostra muita confiança no futuro do jogo.

“As nossas estimativas apontam para que o crescimento de 8 por cento das receitas brutas do jogo no segundo trimestre se traduza no aumento de 3 por cento ao nível dos resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações [EBITDA, em inglês]”, consta no relatório assinado por George Choi e Timothy Chau. “Acreditamos que o menor crescimento do EBITDA do sector em relação ao GGR tem mais que ver com uma combinação ligeiramente desfavorável de receitas – uma vez que os concertos bem publicitados apelaram não só aos jogadores de massas premium, mas também directamente aos jogadores VIP”, foi acrescentado.

O Citigroup explica também que a combinação ligeiramente desfavorável de receitas se prende com o facto de os jogadores VIP que jogaram em Macau apostarem menos dinheiro dentro do segmento de mercado com maior poderio financeiro.

No segundo trimestre do ano, as receitas atingiram 61,115 mil milhões de patacas, mais 8 por cento face ao período homólogo, quando as receitas tinham sido de 56,427 mil milhões de patacas.

Sinal de confiança

Em relação aos grandes investimentos das concessionárias em concertos no Cotai, os analistas do Citigroup não consideram que estejam a desviar dinheiro dos ganhos. “Acreditamos que [o desfasamento entre receitas e ganhos] tem pouco a ver com as actividades promocionais entre as seis operadoras, que acreditamos permanecerem em grande parte estáveis”, escreveram.

Além disso, o banco de investimento traça um cenário positivo da indústria: “É encorajador ver o mercado do jogo de Macau gerar um crescimento positivo tanto das receias brutas do jogo como potencialmente do EBITDA”, foi destacado. “O ‘apetite’ dos jogadores manteve-se forte apesar das tensões geopolíticas e das incertezas económicas e, na nossa opinião, o sector do jogo de Macau merece mais crédito dos investidores”, foi acrescentado.

Os analistas destacaram ainda que o segundo trimestre do ano foi o que atingiu as maiores receitas, com uma média de 672 milhões de patacas por dia, desde o fim das políticas da covid-19, no início de 2023.

11 Jul 2025

PME | Apontada maior aposta no comércio online

Face à quebra das vendas e ao mercado limitado da RAEM, a Associação de Transmissão ao Vivo de Macau defende que o comércio local deve apostar nas grandes plataformas online do Interior para expandir as receitas

 

A Associação de Transmissão ao Vivo de Macau defende que as Pequenas e Médias Empresas (PME) têm de apostar mais no comércio online dos seus produtos, para fazerem face à crise económica. A posição da associação liderada por Chui Kei Pui surge num artigo publicado ontem no jornal Ou Mun.

De acordo com os argumentos da associação, é um facto que a economia tanto em Macau como no Interior atravessa um período com uma forte pressão negativa. No entanto, no Interior, os números mostram que as vendas de retalho online continuam em expansão, com um aumento anual de 7 por cento.

Face aos números a Associação de Transmissão ao Vivo de Macau tomou posição para defender que o caminho para comércio de Macau tem de passar pelas vendas online, principalmente para o Interior. A associação argumentou que actualmente as plataformas, tal como Taobao, Tmall, Douyin (Tik Tok chinês), JD, Xiaohongshu (Little Red Book), Wechat Shop, têm cerca de 600 milhões de consumidores e que esse é um mercado a ser explorado.

Além disso, foi defendido que as PME têm de apostar mais nas plataformas online e nos portais, para contrariar a tendência actual. Na lógica da associação, as PME precisam de pensar mais no mercado do Interior, porque apesar de o território ser visitado por milhões de pessoas, o desenvolvimento do mercado do retalho “é limitado”, assim como a “capacidade” das lojas físicas, sendo imperativo procurar alternativas.

Eles estão online

A Associação de Transmissão ao Vivo de Macau defende ainda que as PME têm de pensar em promover-se melhor entre os consumidores das novas gerações, que fazem compras principalmente online.

Segundo a visão da associação, estes consumidores não conhecem as marcas e os produtos que não estão nas grandes plataformas de comércio online e não ligam às reputações e grandes marcas tradicionais. Por isso, a associação argumentou que quase todas as grandes empresas no Interior não tiveram outra alternativa senão começar a comercializar os seus produtos online.

Na tomada de posição, a Associação de Transmissão ao Vivo de Macau elogiou ainda o trabalho de algumas lojas locais, embora sem indicar nomes, que afirmou terem conseguido estabelecer-se no mercado do Interior com receitas anuais que ultrapassam 200 milhões de renminbis.

Por isso, a associação considerou que o desenvolvimento de comércio electrónico não se limita a apoiar na transformação digital, reforçar a concorrência nos mercados interior e exterior, mas também permite as empresas explorarem novos mercados e criar espaço para o desenvolvimento profissional dos jovens.

11 Jul 2025

Pagamentos | 70 a 80% das transacções são electrónicas

De todas as contas e compras pagas em restauração e comércio a retalho, entre 70 a 80 por cento são feitas através de aplicações de pagamento electrónico. Nos primeiros cinco meses de 2025, nos dois sectores de actividade, os pagamentos electrónicos totalizaram 31,75 mil milhões de patacas

 

Ler um código QR para pagar uma conta tornou-se o novo normal, num mundo em que o telemóvel é omnipresente. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicou que “o volume de transacções com pagamento electrónico tanto do ramo da restauração como do ramo do comércio a retalho representa cerca de 70 a 80 por cento das receitas de cada ramo”.

A informação consta das “estatísticas do volume de transacções com pagamento electrónico – restauração e comércio a retalho referente a Maio de 2025”, divulgada ontem.

No total, foram pagos, entre Janeiro e o fim de Maio, 31,75 mil milhões de patacas através de pagamentos electrónicos nos dois sectores em análise. Olhando apenas para Maio, os pagamentos totalizaram 5,25 mil milhões de patacas.

As maiores variações verificaram-se no sector do comércio a retalho. Nos primeiros cinco meses do ano, o uso de meios electrónicos caiu 13,6 por cento, face ao mesmo período de 2024. A queda foi menos acentuada na variação homóloga, com uma descida de 3,1 por cento. Porém, os resultados de Maio mostram uma subida mensal de 14,1 por cento do uso de aplicações para pagar compras. As maiores subidas anuais verificaram-se em farmácias (+18,6 por cento) e produtos cosméticos e de higiene (19,4 por cento).

A variação acumulada, que tem em conta o somatório dos primeiros cinco meses do ano, registou decréscimos em todos os tipos de negócios, excepto nos supermercados.

Noodles e bitoques

No ramo da restauração, o volume de contas pagas com aplicações móveis nos primeiros cinco meses do ano ascendeu a 5,69 mil milhões de patacas, mais 3,2 por cento no que no mesmo período do ano passado.

Em termos mensais, nos restaurantes de Macau o volume de transacções pagas electronicamente ascendeu a 1,15 mil milhões de patacas, mais 9,5 por cento face a Abril, e mais 7,7 por cento em relação a Maio de 2024.

A DSEC aponta que o volume de transacções dos proprietários de todos os sub-ramos da restauração subiu face a Maio de 2024, nomeadamente, nos restaurantes de comida rápida (fast food), nos restaurantes ocidentais e nos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas, com acréscimos de 16,2, 13,2 e 9,8 por cento, respectivamente.

11 Jul 2025

Trânsito | Pedidas mais barreiras na Av.Artur Tamagnini Barbosa

Leong Hong Sai considera que é necessário combater o fenómeno dos residentes e turistas que atravessam a estrada fora das passadeiras. Uma das soluções passa por instalar mais barreiras nos passeios

 

O deputado dos Moradores, Leong Hong Sai, quer que o Governe instale mais barreiras ao longo da Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, para impedir os peões de atravessar fora das passadeiras. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita, divulgada ontem no portal da Assembleia Legislativa, em que o legislador culpa os residentes e os turistas pelo fenómeno.

No documento escrito, Leong define a Avenida de Artur Tamagnini Barbosa como um dos “pontos negros” do trânsito da cidade, devido ao facto de ser uma avenida estreita, o que faz com que haja mais pessoas a atravessar a estrada fora das passadeiras.

Além disso, o membro da Assembleia Legislativa indica que as pontes pedonais naquela zona são vistas como “inconvenientes”, pelo que a população considera “mais prático e mais rápido atravessar a estrada directamente”.

Face a estes problemas, Leong Hong Sai quer a instalação de grades para manter as pessoas nos passeios: “Para combater a situação caótica dos peões que atravessam a estrada da Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, tenciona a Administração colocar grades de ambos os lados da estrada e sinais de trânsito que recordem aos peões o cumprimento das regras de trânsito?”, perguntou.

Leong indica também que as infracções tendem a ocorrer mais junto à paragem de autocarro: “Como vai a Administração implementar medidas eficazes para erradicar esta situação caótica sem afectar o ambiente para os transportes públicos?”, questionou. “Além disso, tenciona a Administração melhorar a localização e o tempo dos semáforos existentes nas imediações da zona?”, acrescentou.

Ligações aéreas

Como forma de melhorar o trânsito na zona, e de fazer com que os residentes e os turistas deixem de atravessar a avenida fora das passadeiras, Leong defende o desenvolvimento das pontes aéreas, inclusive com ligações às Portas do Cerco: “Existem quatro passadeiras aéreas na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, mas estão relativamente longe entre si, o que desincentiva a sua utilização pelos peões. Tenciona a Administração melhorar a ligação das passadeiras de modo a aumentar o desejo dos peões de os utilizarem?”, questionou. “O Governo vai estender as ligações aéreas a destinos mais adequados, por exemplo, às imediações da Praça das Portas, de modo a atingir o objectivo de separar os peões dos veículos através de um corredor aéreo?” perguntou.

O legislador ligado à Associação dos Moradores pede ainda que seja apresentado um calendário para os trabalhos e que o Governo revele se vai instalar novos equipamentos, como elevadores, para facilitar a utilização das pontes aéreas pelos idosos e pessoas com dificuldades motoras.

11 Jul 2025

Coloane | Governo cancelou projecto do museu das palafitas há 9 anos

Muito antes de as autoridades integrarem na jurisdição da RAEM os 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas, havia a ideia de erguer um museu das palafitas a fim de consagrar no tempo este tipo de habitações existentes em Coloane. Porém, anos depois, a Direcção dos Serviços de Turismo diz que o projecto não vai mesmo avançar, tendo sido suspenso logo em 2016

 

Entre 2016 e 2017, o Governo planeou erguer um museu sobre as palafitas de Coloane, para contar a história destas casas tão peculiares de Macau. Porém, depois de terem sido publicadas notícias na imprensa a veicular a inauguração do projecto em 2017, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) confirmou ao HM que não vai nascer nenhum museu. Mais: não só não vai ser construído, como o plano foi abortado há nove anos.

“Devido à inclusão da área onde se localizam as casas de palafitas no plano de ordenamento urbano do Governo para a zona ribeirinha de Coloane, os estaleiros de Lai Chi Vun e a Rua dos Navegantes, a DST encerrou o plano de desenvolvimento do ‘Projecto Museu da Casa Palafita’ em 2016, e, subsequentemente, concluiu o procedimento de devolução do imóvel. Por conseguinte, o ‘Projecto Museu da Casa Palafita’ foi cancelado”, foi referido na resposta.

O cancelamento logo em 2016 não deixa de surpreender, tendo em conta que a 14 de Junho do mesmo ano o Jornal Tribuna de Macau (JTM) noticiava que a inauguração do museu iria acontecer em 2017. Nesse artigo foram citadas declarações da directora da DST, Helena de Senna Fernandes, feitas ao jornal Ou Mun, explicando que o “projecto estava na fase de [concepção] do design”. Já teriam sido realizadas, inclusivamente, “várias consultas para recolher opiniões dos moradores daquela zona, na expectativa de aperfeiçoar a proposta de construção”.

Segundo citou o JTM, o projecto deveria “estar concluído até ao final do ano” de 2016, para que a obra fosse “iniciada logo no princípio de 2017”, sendo que a DST esperava “que a construção estivesse concluída no mesmo ano”.

Depois da promessa, em 2018 faltavam ainda “fundamentos legais” para erguer o museu em Coloane, conforme noticiou também o JTM. A justificação dada pela DST era de que Macau não dispunha ainda dos 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas sob sua jurisdição, algo que está legislado, precisamente, desde 2018.

Uma questão de prioridades

O HM procurou saber o estado do projecto do museu das palafitas na sequência do lançamento recente de um livro sobre as palafitas de Coloane, da autoria de Filipe Afonso, coordenador da licenciatura em Arquitectura da Universidade de São José. Confrontado agora com o cancelamento oficial do projecto de museu, o responsável lamentou a decisão das autoridades.

“O cancelamento do Projeto Museu das Palafitas não é apenas uma notícia sobre um projecto que não avançou, mas sim um ponto de partida para equacionar as prioridades de desenvolvimento de Macau, a forma como o património é gerido e o que significa para a memória colectiva, neste caso de Coloane”, começou por dizer. Na opinião do autor de “The Coloane Grammar”, “o plano para a marginal da Rua dos Navegantes deveria incluir propostas de novas edificações que utilizem e reinterpretem a madeira como elemento principal e essencial de construção”, sendo que a conexão dessa rua com os estaleiros de Lai Chi Vun, “especialmente no que diz respeito à frente marítima, é uma oportunidade única para criar um corredor costeiro que celebre a história marítima e cultural de Coloane”.

Assim, e “dada a riqueza do contexto e o cancelamento do museu das palafitas, o foco deve ser em integrar a memória dessas estruturas no novo plano”, pelo que se deveria restaurar as estruturas existentes dos estaleiros, das palafitas, mantendo as suas características originais e materiais, mas adaptando-as para novos usos”.

Ainda sobre o valor patrimonial, Filipe Afonso descreveu, na entrevista ao HM, a proposta de “classificação das palafitas como património para lhes conferir protecção legal”.

“Ao catalogar as palafitas existentes, o livro contribui para preservar a memória deste tipo de arquitectura e para uma discussão mais vasta sobre a sua possível protecção”, defendeu, acrescentando que as habitações, muitas delas deixadas ao abandono, “poderiam ser reaproveitadas para turismo de experiência, ou centros de interpretação cultural, valorizando a história local”.

Poderiam ainda “ser transformadas em espaços criativos e artísticos ou na realidade propor novas construções em madeira ao longo da linha de água, com diversos usos e que possam gerar valor para a comunidade de Coloane, contribuindo para a diversificação cultural e económica de Macau”.

Esperanças à beira-mar

Filipe Afonso destaca o processo de revitalização e recuperação da zona dos estaleiros de Lai Chi Vun como uma “iniciativa com valor histórico e cultural imenso, e que remete para a rica tradição da construção naval da região”. Na verdade, a zona dos estaleiros de Lai Chi Vun é uma das “seis zonas” antigas a recuperar pelo Governo e operadoras de jogo, e que incluem também locais como os cais no Porto Interior ou Avenida Almeida Ribeiro, entre outros.

Na zona de Lai Chi Vun já existe uma zona de lazer onde se têm realizado iniciativas culturais, com uma área museológica que conta a história da indústria de construção de juncos no território.

Neste sentido, Filipe Afonso pede que “o Governo de Macau não limite o desenho destes projectos a um leque restrito de ‘short-listed companies'”, ou seja, um grupo restrito de empresas.

Até porque, na sua opinião, “Macau tem uma nova geração de arquitectos e criativos talentosos prontos para dar a sua contribuição”. “Acredito que através de mais concursos de ideias, abertos, estes profissionais poderiam oferecer perspectivas inovadoras para os desafios urbanos e culturais da cidade. Excluí-los de processos tão cruciais para o desenvolvimento urbano e cultural de Macau é um desperdício”, acrescentou.

O HM contactou outros arquitectos no sentido de obter reacções ao cancelamento do projecto do museu, mas não obteve respostas.

O que diz a lei

Entre a suspensão do projecto e os dias de hoje muita coisa mudou. Em 2018, Macau passou a dispor da Lei de Bases de Gestão das Áreas Marítimas, que inclui 85 quilómetros quadrados de área, e cujos princípios prevê a preservação ambiental de espaços como aqueles que as palafitas se inserem.

A legislação introduziu conceitos como “zoneamento marítimo funcional”, no sentido da delimitação de zonas “com funções marítimas fundamentais e específicas de acordo com a localização, recursos naturais, condições ambientais e necessidades de exploração e aproveitamento”.

Na lista de princípios a cumprir, a legislação fala de algo como a “protecção do ambiente das áreas marítimas”, no sentido de se dever “proteger os recursos naturais e o meio ambiente do mar, concretizando o planeamento de protecção e de fomento do ecossistema marinho, devendo as áreas marítimas ter em consideração a protecção do meio marinho”.

Deve-se ainda “conservar a sustentabilidade do aproveitamento e desenvolvimento” dessas áreas, além de que a sua utilização deve ser feita “de forma científica”, segundo o zoneamento marítimo funcional”.

Além da legislação concreta que empatava a concretização do museu das palafitas em 2016, faltava também um Plano Director à RAEM, algo que foi implementado em 2022 e que traz também novas directivas para a exploração das zonas marítimas.

Coloane tem agora a sua própria UOPG – Unidade Operativa de Planeamento e Gestão, onde se deve aplicar uma “organização racional das infra-estruturas públicas e dos equipamentos de utilização colectiva”, bem como “um aproveitamento apropriado dos solos”, a fim de criar uma “estrutura espacial coordenada”.

A UOPG de Coloane integra-se na “Zona de Conservação Ecológica”, que visa “a protecção das áreas com valor ecológico” e ainda “contribuir para a maior protecção dos recursos naturais com valor ecológico”. Aqui não será permitido “destinar solos para usos habitacional, comercial, industrial, turístico e de diversões”, lê-se no Plano Director da RAEM.

A UOPG de Coloane está também integrada na “Zona verde ou de espaços públicos abertos”, devendo aqui “manter-se o actual uso para espaços verdes e actividades ao ar livre, integrando-o [a UOPG de Coloane] na zona verde ou de espaços públicos abertos”.

Concretamente, a UOPG de Coloane deve “promover o desenvolvimento do ecoturismo e do turismo cultural, com a criação de uma zona de passeios pela natureza e da ‘Cintura Verde e Resiliente’, com base na conjugação dos recursos naturais, designadamente colinas, mar e linhas costeiras”. Deve também “conservar e optimizar as zonas industriais existentes, construir a ‘Cintura de Conhecimento – Indústria – Ciência’ e a ‘Cintura de Cooperação de Um Rio, Duas Margens’ e, simultaneamente, planear de forma racional as zonas habitacionais em localização adequada, de acordo com o princípio do equilíbrio entre as funções profissional e residencial”, sendo que estes pontos se interligam com a zona das palafitas, Rua dos Navegantes e estaleiros de Lai Chi Vun.

O Plano Director explica também que “o uso predominante dos solos na UOPG Coloane é zona de conservação ecológica”.

11 Jul 2025

Areia Preta | Apartamentos prontos para usar

O complexo de habitação para troca destinado a lesados do Pearl Horizon está prestes a receber os primeiros moradores. A Macau Renovação Urbana anunciou que os seis blocos de apartamentos já foram licenciados para o uso e que o próximo passo será entregar as fracções aos compradores

 

Quase 10 anos depois, está à vista parte da solução para uma das mais intensas polémicas relacionadas com imobiliário em Macau, que envolveu processos em tribunal, manifestações e até candidaturas à Assembleia Legislativa. Os compradores lesados do complexo Pearl Horizon estão prestes a poder ocupar as fracções nos edifícios construídos no mesmo terreno, desta vez sob a égide da Macau Renovação Urbana (MRU).

A empresa de capitais públicos anunciou que o projecto de habitação para troca no lote P dos novos aterros da Areia Preta, chamada Pearl Metropolitan, completou a fase de inspecções e de licenciamento para uso. Segundo a MRU, o próximo passo será avançar com os procedimentos de entrega das casas aos compradores.

O “Pearl Metropolitan é composto por seis blocos de apartamentos com 50 andares, fornecendo 2.064 fracções autónomas. No final de Março, a MRU indicava que de um total de 1.923 requerentes qualificados a comprar apartamentos no complexo, 1.880 já tinham escolhido apartamentos.

A empresa destaca a “localização geográfica superior” do complexo habitacional que, além de ficar junto ao rio, está perto do acesso à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, a Ponte Macau, os postos fronteiriços de Qingmao e Portas do Cerco, assim como o Aeroporto de Macau e o Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior.

Com tudo incluído

Cada bloco de apartamentos está equipado com quatro elevadores. O parque de estacionamento tem 1.873 lugares para automóveis e 490 lugares para motociclos, equipados com pontos de recarga para veículos eléctricos. Além disso, o “Pearl Metropolitan” tem clubhouse, piscina, ginásio e parque ao ar livre, ao longo de uma área com mais de 16 mil metros quadrados. A zona de recreação tem também um parque infantil e percurso de corrida com cerca de 700 metros.

Os apartamentos são daa tipologia T1, T2 e T3, com áreas entre 57 e 135 metros quadrados, todos têm varandas e possuem todos os equipamentos de cozinha e casa de banho.

Recorde-se que no mesmo lote estão as Residências para Idosos do Governo, assim como a habitação temporária para moradores dos seis edifícios de habitação pública degradados do Iao Hon que serão alvo de renovação. O prédio reservado à habitação temporária, o Edifício Ut Koi, irá também albergar os médicos especialistas do Hospital das Ilhas que não tenham moradia no território.

A construção do Pearl Metropolitan começou em 2021, e o complexo habitacional foi apresentado como uma resposta às necessidades dos compradores lesados depois de um processo litigioso em que o Governo levou a melhor nos tribunais ao promotor Polytec. A concessão do terreno foi declarada inválida em Janeiro de 2016, por ter sido ultrapassado o prazo para concluir a construção, pelo Chefe do Executivo Chui Sai On. No fim da batalha judicial, o Tribunal de Última Instância, na altura presidido por Sam Hou Fai, deu razão ao Governo.

10 Jul 2025

Imobiliário | Governo acusado de deixar sector “moribundo”

O presidente da Associação dos Agentes Imobiliários de Macau lamenta que o Governo tenha ignorado a situação dos proprietários face à desvalorização dos imóveis e que tenha deixado o sector à beira da extinção. Franky Fong sugere a eliminação de taxas notariais e impostos sobre transacções imobiliárias

 

O presidente da Associação dos Agentes Imobiliários do Sector Imobiliário de Macau (nome oficial), Franky Fong, não está satisfeito com a forma como o Governo tem lidado com a crise do sector. Em declarações ao jornal Ou Mun, o representante lamentou que, apesar dos “excelentes resultados” da indústria do jogo e do aumento do volume de turistas, “o Governo tem ignorado o sector imobiliário, que se encontra num estado moribundo, assim como os proprietários afectados pela desvalorização dos imóveis, que os tornou mais pobres”.

Na óptica do dirigente e empresário do ramo, o Governo poderia tomar várias medidas para inverter a situação. Para começar, o Executivo de Sam Hou Fai poderia alterar a lei que regula a actividade de mediação imobiliária, actualizando ou eliminando penalizações excessivas e regulamentos onerosos. Franky Fong defende que a lei deve ter um mecanismo de penalização que aplique multas e outras penalizações conforme a gravidade das infracções, para que os agentes tenham mais oportunidades para corrigir falhas leves.

Abrir caminho

Outra via para estimular o sector imobiliário, pode passar pela redução de impostos, como o de selo sobre a transmissão de bens e contribuição predial, e o peso de despesas, como os encargos notariais, associadas à compra e venda de imóveis.

Franky Fong não concorda que os encargos notariais sejam calculados segundo o valor da transacção do imóvel, em vez de terem uma taxa fixa, como se verifica em Hong Kong onde os custos notariais e de registo podem variar entre algumas centenas de dólares de Hong Kong, indicou.

Em relação à política fiscal, o responsável defende que apenas as fracções habitadas ao abrigo de um contrato de arrendamento sejam sujeitas à cobrança de contribuição predial.

Por outro lado, o dirigente associativo defende a facilitação dos empréstimos bancários para a compra de casa, nomeadamente através da redução do rácio de entrada, ou através de planos de crédito com juros bonificados.

Actualmente, o rácio máximo de empréstimo hipotecário é 70 por cento e o valor da entrada de 30 por cento do preço da casa. Franky Fong salienta que tanto em Hong Kong, como no Interior da China, foram aplicadas medidas de flexibilidade que permitem a aquisição de habitação sem uma entrada de capital tão elevada.

Para o dirigente associativo, o retorno da política de fixação de residência em Macau por investimento seria outra medida com capacidade para injectar uma nova energia e capital no mercado e na economia local.

10 Jul 2025

Fundação Macau | André Ritchie no Conselho de Curadores

O Chefe do Executivo vai manter Wu Zhiliang como presidente da Fundação Macau, um cargo que desempenha desde 2010. A posição tem um salário mensal 103.400 patacas. No entanto, Sam Hou Fai promoveu alguns ajustes no Conselho de Curadores, destacando-se a saída de Lok Po

 

O mandato de Wu Zhiliang como presidente da Fundação Macau (FM) foi renovado pelo período de um ano, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. A nível do Conselho de Curadores, Sam Hou Fai promove algumas alterações, como a entrada de André Ritchie, ao mesmo tempo que a sua mãe, Anabela Ritchie, deixa de fazer parte do grupo de curadores.

O presidente da FM vai manter um salário de cerca de 103.400 patacas por mês, estando à frente do organismo desde 2010. Também a vice-presidente Zhong Yi Seabra de Mascarenhas vê a confiança renovada, apesar da mudança do Chefe do Executivo desde a nomeação do ano passado, e vai auferir um salário de cerca de 90.240 patacas mensais.

Sam Hou Fai apostou também na continuidade do Conselho Fiscal, ao renovar a nomeação de Vong Hin Fai como presidente. O também presidente da Associação dos Advogados de Macau vai auferir 19.740 patacas por mês pelo desempenho das funções na Fundação Macau. As renovações aplicam-se igualmente a Ho Mei Va e Lau Veng Lin, que vão ter salários de 16.450 patacas mensais.

Novas caras

Apesar do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal não sofrerem alterações, o mesmo não aconteceu com o Conselho de Curadores da Fundação Macau.

De acordo com a informação revelada ontem, passam a integrar este conselho, o arquitecto e ex-coordenador Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, André Ritchie. Em sentido contrário está a sua mãe, Anabela Ritchie, primeira mulher a presidir à Assembleia Legislativa, cujo mandato não foi renovado.

Ainda ao nível das saídas, destaque para Lei Pui Lam, ex-presidente da Associação de Educação de Macau, que foi substituído por Cheang Hong Kuong, que actualmente preside à associação. Também Lok Po, proprietário do Jornal Ou Mun e ex-deputado da Assembleia Popular Nacional, está fora do conselho de curadores. Lok Pou é substituído por Choi Chi Tou, chefe de redacção do mesmo jornal. A este grupo, junta-se também Lok Wai Kin, académico e constitucionalista na Universidade de Macau.

Dar continuidade

À margem das mudanças, os mandatos do arquitecto de Carlos Marreiros e da advogada Cristina Neto Valente foram renovados por um ano. O mesmo aconteceu com os outros membros do conselho de curadores, como Ng Siu Lai, presidente da Associações dos Moradores de Macau, Iong Weng Ian, ligada à Associação das Mulheres, a empresária Angela Leong, os ex-deputados Chan Meng Kam, igualmente ex-membro do Conselho Executivo, Chan Hong e Chan Wa Keong.

Também os mandados de Mok Chi Wai, presidente da Federação da Juventude de Macau, Ma Chi Wa, empresário e Liu Cai Seng, administrador do Banco de Desenvolvimento de Macau, assim como Lao Ion Fai, vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, foram renovados pelo prazo de um ano.

O Conselho de Curadores da FM tem como objectivos garantir a manutenção dos fins da fundação, apreciar o plano de actividades, o relatório de exercício, o orçamento para o ano seguinte e o relatório financeiro relativo ao ano anterior. Além destas funções, tem ainda competência para aprovar a concessão de apoios financeiros de valor superior a um milhão de patacas.

10 Jul 2025

Economia | Pequim vai emitir 6 mil milhões de dívida em Macau

A utilização de Macau como plataforma para se financiar tem sido uma das estratégias do Governo Central para apoiar a diversificação da economia local e promover o desenvolvimento da área das finanças

 

A China vai emitir obrigações nacionais em Macau, no valor de 6 mil milhões de yuan, para “apoiar o desenvolvimento do mercado obrigacionista” da RAEM, foi anunciado ontem.

“O Ministério das Finanças do Governo da República Popular da China e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau anunciaram hoje [ontem] que o Governo Central vai emitir obrigações nacionais em Macau, no valor de seis mil milhões de RMB [renminbis]”, pode ler-se num comunicado do Gabinete de Comunicação Social. A emissão, destinada a investidores institucionais, será feita a 16 de Julho, acrescenta o gabinete.

“A emissão contínua de obrigações nacionais em Macau demonstra a importância e o apoio do Governo Central em relação ao cultivo das novas áreas de actividades financeiras em Macau, como o mercado obrigacionista, e a promoção do desenvolvimento diversificado da economia de Macau”, considera o Governo da RAEM, que saudou a decisão das Finanças em Pequim.

A emissão “ajudará a atrair investidores internacionais para participarem no mercado obrigacionista de Macau, promoverá o desenvolvimento do mercado ‘offshore’ de RMB em Macau e aprofundará a cooperação financeira entre o Interior da China e Macau”, foi acrescentado.

Actos repetidos

Em Outubro, a China já tinha emitido em Macau títulos de dívida no valor de 5 mil milhões de yuan. O Governo de Macau tem mencionado a possível criação de uma bolsa de valores ‘offshore’, denominada em renminbi, ligada ao papel que a região tem assumido enquanto plataforma de serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa.

Em Janeiro, o regulador financeiro de Macau disse que os bancos centrais de Angola e Timor–Leste estão interessados em emitir dívida pública na RAEM, para atrair investidores da China continental.

Henrietta Lau Hang Kun, membro da direcção da Autoridade Monetária de Macau, disse que a instituição tem tentado promover o território como “uma plataforma de serviços financeiros junto dos países lusófonos”.

“Para já, ainda estamos a negociar com os países lusófonos” para que a emissão de dívida “passe aqui, através de Macau, para o mercado [da China] continental”, acrescentou Henrietta Lau. Em Maio de 2019, Portugal tornou-se o primeiro país da zona euro a emitir dívida na moeda chinesa, no valor de 2 mil milhões de renminbis.

9 Jul 2025

AL | Novo regimento proíbe deputados de divulgar conteúdos das comissões

Com o novo Regimento do hemiciclo aprovado ontem, os deputados passam a estar proibidos de divulgar os assuntos discutidos nas reuniões das comissões permanentes, à excepção dos seus presidentes e secretários. O assunto gerou debate ontem na Assembleia quanto aos limites do que pode ou não ser dito. Pereira Coutinho votou contra este artigo

 

Os deputados da Assembleia Legislativa (AL) passam agora a estar proibidos de divulgar o que é discutido nas reuniões de comissão do hemiciclo, “seja por que meio for”, com a excepção do seu presidente e secretário. Estes divulgam habitualmente o conteúdo das reuniões em conferência de imprensa após a realização das mesmas, e isso irá manter-se.

Esta nova regulamentação surge depois da votação e discussão, na generalidade e especialidade, da alteração ao Regimento da AL. Foi um dos temas mais discutidos no debate de ontem, com os deputados a argumentarem sobre o que pode ou não ser dito, tendo José Pereira Coutinho votado contra este artigo em concreto.

A divulgação de informações das reuniões, que servem para analisar na especialidade propostas de lei e que decorrem sempre à porta fechada, era algo que não estava ainda regulamentado.

Coutinho começou por perguntar se podia divulgar as informações “durante a reunião plenária”, por exemplo, tendo dito que “nunca ouviu falar de algum deputado que tenha violado esse dever”. “Houve reuniões no passado em que os secretários avisaram quanto às informações que não deveriam ser divulgadas e nada foi dito. Somos apenas 33 deputados e devemos pensar na possibilidade de revelar aquilo que foi discutido, pois é difícil definir as fronteiras sobre o que pode ou não ser revelado e isso dará origem a muitas discussões depois”, adiantou.

O legislador destacou também que “pode ser difícil executar esta norma” e que deveria ser seguido “o princípio da transparência”.

Ho Ion Sang, que presidiu à comissão que analisou o novo Regimento da AL, explicou que “o conteúdo das reuniões está sujeito ao dever de sigilo e esta matéria foi clarificada”. “O conteúdo pode ser dito pelo presidente das comissões depois das reuniões, nas conferências de imprensa, e os jornalistas podem colocar questões. Na prática mantém-se como sempre aconteceu e que tem dado bons resultados”, adiantou.

Abrir as reuniões

Outro ponto abordado, prendeu-se com a realização, ou não, das comissões permanentes à porta fechada, tendo Pereira Coutinho defendido a abertura ao público à semelhança do que acontece em Hong Kong. O Regimento da AL não proíbe reuniões abertas, mas tal depende sempre de uma deliberação prévia.

Mas Iau Teng Pio, deputado, desaconselhou a abertura das reuniões. “O objectivo das reuniões à porta fechada é para que os membros do Governo, assessores e deputados possam discutir à vontade mesmo que não haja uma decisão final. Se calhar as reuniões à porta aberta não ajudam e não é benéfico para a proposta de lei.”

Kou Hoi In, presidente da AL, lembrou que “o espírito da norma não foi alterado” e que vai tudo manter-se na mesma, apenas fica registada a proibição daquilo que os deputados não podem referir fora das comissões.

“O carácter reservado das comissões permanentes é para que todos possam falar à vontade e se algum deputado disser isto ou aquilo isso pode espoletar sensações de injustiça na sociedade para com os deputados e isso não pode acontecer. Temos de proteger os deputados e assegurar a confidencialidade.”

No encontro de ontem, teve também lugar a discussão do dever do deputado de participar em todas as comissões permanentes, mesmo naquelas a que não pertence. Vários deputados falaram da necessidade de uma melhor coordenação das agendas das reuniões.

“No futuro poderá haver uma coordenação mais prática porque existem muitas reuniões e propostas de lei. Podemos programar as reuniões para que haja mais deputados”, disse.

De resto, o novo Regimento da AL passa a proibir, por parte dos deputados, “roupa ou placas, estandartes, letreiros ou demais objectos que tenham conteúdo ofensivo ou de provocação política, ou que ponham em causa a dignidade da AL”.

9 Jul 2025