Hoje Macau EventosFestival Fringe arranca esta sexta-feira com espectáculos para todos os gostos [dropcap]O[/dropcap] 18º Festival Fringe da Cidade de Macau, organizado pelo Instituto Cultural, arranca já esta sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 27 deste mês. A inauguração terá lugar no pelas 19:30 horas, no Edifício do Antigo Tribunal. Na altura, será apresentado o “18.º supermercado do Fringe”, sendo que à noite o espectáculo Sigma, produzido pelo grupo Gandini Juggling e pela coreógrafa premiada Seeta Patel, ambos do Reino Unido sobe ao palco mostrando, segundo o comunicado da organização, geometrias virtuosas através de circo e dança clássica indiana. Os bilhetes disponíveis para alguns espectáculos do festival já são limitados, adverte ainda a organização. Da mescla de espectáculos constam também Conjunto de Música Urbana Interactiva com instalações artísticas e orquestra ao ar livre que mostra uma instalação com desenhos de diferentes instrumentos musicais para o público tocar. Janelas Efémeras – Arte Urbana nos Terraços usa papel de arroz para mostrar a arte de rua não agressiva, convidando as pessoas a trocar pontos de vista e a participar, mudando a fisionomia da cidade através da arte. Flash Mob – Phubber Drama irá apanhar phubbers em paragens de autocarro numa actividade interactiva com o público. O programa do Fringe apresenta ainda outros espectáculos, como The Icebook, apresentado por artistas também provenientes do Reino Unido, Davy e Kristin McGuire, com o primeiro livro pop-up do mundo em vídeo mapping. Em Sê Meu Velho Amigo, produzido pela companhia local Dream Theater Association, através de objectos de estimação, velhos amigos contam-nos histórias pessoais, lembrando os dias de Macau do antigamente; na leitura de teatro ao ar livre Sonia, escrita pelo dramaturgo local Ma Wai In e encenada por Ku Ieng Un, o público vai ouvir uma história que, dando vida a personagens não-humanas, reproduz a realidade; já o espectáculo Peixe-dourado, apresentado por Four Dimension Spatial de Macau e pela Companhia de Dança Moderna de Changde, revela as memórias ocultas de tabus emocionais sob a lógica do sonho, informa a organização. O Festival Fringe realiza ainda 10 actividades de extensão, incluindo workshops, palestras, crítica artística e sessões de partilha. Os bilhetes para os espectáculos estão disponíveis na Bilheteira Online de Macau.
Sofia Margarida Mota EventosPintura | “A state of bliss”, de Zhao Qian, é inaugurada hoje na Fundação Rui Cunha É inaugurada hoje a exposição “A state of bliss” de Zhao Qian na Fundação Rui Cunha. A mostra traz à galeria da Praia Grande pinturas chinesas que pretendem transmitir paz e calma a quem as vê [dropcap]A[/dropcap] exposição “A state of bliss” de Zhao Qian tem inauguração marcada para hoje pelas 18h30 a e traz à galeria da Fundação Rui Cunha um conjunto de 17 obras de pintura chinesa. Mas, adverte a curadora, Laurentina da Silva, não é a pintura tradicional a que o público está habituado que vai estar patente. “É diferente da pintura chinesa normal, diferente do que estamos habituados a ver”, conta, até porque “normalmente quando se fala de pintura chinesa pensa-se mais no jogo de sombras em que os pretos e cinzentos são cores muito comuns”, acrescenta. Em “A state of bliss”, a artista Zhao Qian optou pelo uso de cores suaves com o objectivo de projectar nas suas obras “mais calma” e a “sensação de paz, do zen”, aponta Laurentina da Silva. Para obter as tonalidades pretendidas e uma maior veracidade no seu trabalho a artista optou pelo uso de tinta japonesa. “As mais recentes produções de tinta na China não têm a mesma qualidade das mais antigas. Mas no Japão ainda se consegue encontrar tinta idêntica à que antigamente se fazia no continente porque eles fazem questão de manter a qualidade da tinta” aponta a curadora, “sendo mais original”, acrescenta. Inspirações transcendentes A inspiração para esta mostra veio de uma série de viagens que a artista realizou e a sua pintura é “o reflexo da imaginação misturado com as diversas experiências de vida”. Depois de passar por Xinjiang, Tibete, Nepal e Tailândia e de ter estado em contacto com as diferentes manifestações religiosas destas regiões, Zhao decidiu passar para a tela o que delas tinha colhido, ou seja, o sentimento de tranquilidade que encontrou e que era comum às diferentes manifestações de fé. Por estes sítios foi absorvendo “o espírito que as religiões transmitem às pessoas mas, além do aspecto da fé, há mais: há um convite à calma e à paz”, refere a curadora. Por outro lado, a artista juntou ainda aspectos ligados ao seu dia-a-dia. As 17 obras são o resultado desta mistura e concretizam “um conceito artístico além da natureza e tranquilidade, um estado entre o sonho e realidade, quer sejam cenários da vida diária ou de montanhas distantes, estas obras apresentam uma imagem de leveza, como um sonho”, aponta a apresentação do evento. Em “A state of bliss” o público é convidado, na observação de cada uma das obras, a interpretar e a reflectir acerca de si e das suas aspirações. O objectivo é permitir ao observador que tenha ali também o seu momento de paz, em que possa interpretar as imagens que vê, avança Laurentina da Silva. Zhao Qian, nasceu em 1983 na província de Anhui, na China. Concluiu o seu mestrado na Universidade de Xiamen em 2007, e foi oradora da universidade de Finanças e Economia de Anhui. É neste momento candidata ao doutoramento da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Nos últimos anos, realizou várias exposições em Taiwan e na China Continental. A exposição pode ser vista até 21 de Janeiro.
Hoje Macau EventosFilme “Bohemian Rhapsody” sobre Freddy Mercury é o grande vencedor dos Globos de Ouro [dropcap]E[/dropcap]m noite de surpresas, “Bohemian Rhapsody”, filme biográfico centrado na vida do músico Freddie Mercury, foi o grande vencedor da 76.ª edição dos Globos de Ouro, ao arrecadar dois dos mais importantes prémios, incluindo melhor filme. Numa cerimónia marcada por poucos comentários políticos, “Roma”, o drama semi-autobiográfico de Alfonso Cuarón, foi eleito melhor filme estrangeiro. A obra filmada a preto e branco na cidade do México valeu a Cuarón o prémio de melhor realizador. Rami Malek, que dá vida à lenda dos “Queen”, foi eleito melhor actor, categoria para a qual estava nomeado Bradley Cooper, realizador e protagonista de “Assim Nasce Uma Estrela”, um dos filmes derrotados da noite. “Obrigado a Freddie Mercury por me dar a alegria de uma vida” disse Rami Malek, ao agarrar a estatueta que o distinguiu num filme do produtor e realizador norte-americano Bryan Singer. Outra das surpresas aconteceu no prémio de melhor actriz: venceu a veterana Glenn Close, em “The Wife”, no papel de mulher de um Nobel da Literatura. A também cantora Lady Gaga era apontada como favorita ao galardão, pela sua actuação em “Assim Nasce Uma Estrela”. Regina King venceu o prémio de melhor actriz secundária em “A Favorita” e Mahershala Ali o prémio de melhor actor secundário em “Green Book: Um Guia para a Vida”, do realizador Peter Farrelly, filme distinguido nas categorias de melhor comédia ou musical e de melhor argumento. Um ano depois do discurso de Oprah Winfrey contra “os homens poderosos e brutais”, em pleno desenvolvimento do movimento #MeToo, esta edição não ficou marcada por comentários políticos, pelo menos até Christian Bale subir ao palco para receber o prémio de melhor actor em comédia ou musical, pela sua performance em “Vice”, de Adam McKay. “O que acham? Mitch McConnell a seguir?” brincou o actor nascido no País de Gales, referindo-se ao líder da maioria do Senado norte-americano. “Obrigado a Satanás por me dar inspiração para este papel”, acrescentou. Olivia Colman foi distinguida como melhor actriz na mesma categoria. No campo televisivo, “The Americans”, que retrata a vida de dois espiões russos nos EUA dos anos 1980, foi eleita a melhor série dramática, na sexta e última temporada, enquanto a melhor série de comédia foi “O Método Kominsky”.
Hoje Macau EventosMais de uma dezena de filmes portugueses estreiam-se nos próximos meses [dropcap]O[/dropcap]s premiados “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” e “Diamantino”, as histórias biográficas sobre Snu Abecassis e António Variações e o documentário “Debaixo do céu” são alguns dos filmes portugueses a estrearem-se este ano nos cinemas portugueses. De acordo com dados compilados pela agência Lusa junto de exibidoras e produtoras, pelo menos uma dezena de produções portuguesas vão chegar ao circuito comercial nos próximos meses, entre as quais “Terra Franca”, a primeira longa-metragem de Leonor Teles, já no dia 10 de Janeiro. Distinguido em quase uma dezena de festivais, “Terra Franca” é um documentário sobre a vida de Albertino, pescador em Vila Franca de Xira, e a sua ligação ao rio Tejo e à família, tendo sido rodado ao longo de quase dois anos. Em Janeiro vai estrear-se ainda outro documentário, “Debaixo do céu”, de Nicholas Oulman, com histórias de judeus que passaram por Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Nicholas Oulman, filho de uma família francesa judia fixada em Portugal desde 1920 e que ajudou outros refugiados, quis encontrar e ouvir os relatos pessoais de alguns dos judeus que procuraram refúgio temporário em Portugal, porta de saída para o Ocidente, em fuga desde a Alemanha, onde foram perseguidos pelo regime Nazi. No trabalho de pesquisa, foram encontrados cerca de 20 sobreviventes, todos com mais de 80 anos e a maioria a residir nos Estados Unidos. No filme entram sete, que à época eram crianças, que vão relatando histórias, ilustradas com imagens de arquivo. Neste mês estão previstas ainda as estreias da comédia “Tiro & Queda”, de Ramon de los Santos, com Manuel Marques e Eduardo Madeira, e de “Os dois irmãos”, de Francisco Manso, a partir de uma história verídica e do romance homónimo do autor cabo-verdiano Germano Almeida. Em Março, no dia 7, é esperada a estreia de “Snu”, filme de Patrícia Sequeira sobre a relação entre a editora Snu Abecassis e o político Francisco Sá-Carneiro. No papel do casal estão Inês Castel-Branco e Pedro Almendra. A 14 de Março, quase um ano depois de ter recebido o prémio especial do júri “Un certain regard” de Cannes, chegará às salas de cinema portuguesa o filme “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora. O filme foi rodado durante nove meses numa aldeia brasileira no estado de Tocatins e é protagonizado por Ihjãc, um adolescente indígena dos Krahô. Março será ainda o mês de estreia de “Gabriel”, filme de Nuno Bernardo, protagonizado por Igor Regalla, no papel de um jovem cabo-verdiano que descobre o pugilismo quando ruma a Portugal à procura do pai. Em abril, estrear-se-ão “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, “Hotel Império”, de Ivo M. Ferreira, e “Quero-te tanto”, de Vicente Alves do Ó. “Diamantino”, com estreia para 4 de Abril, é a primeira longa-metragem daqueles dois realizadores e cruza comédia, drama, policial e ficção científica, a partir da história de um futebolista, tendo sido distinguido no ano passado na Semana da Crítica, em Cannes. “Hotel Império”, em exibição a partir de 18 de Abril, foi rodado em Macau, e conta a história de uma portuguesa nascida na cidade – interpretada por Margarida Vila-Nova – que, juntamente com outras pessoas, habita um antigo hotel em vias de ser destruído para dar lugar a um edifício moderno. Vicente Alves do Ó estreará em Abril a comédia “Quero-te tanto”, protagonizada por Benedita Pereira e Pedro Teixeira, e depois no outono vai ter nos cinemas “Golpe de Sol”. Sem data de estreia, mas aprazada para o verão, está a longa-metragem “Variações”, de João Maia, sobre o músico António Variações, que morreu em Junho de 1984. Com Sérgio Praia no papel principal, “Variações” foca-se sobretudo na transformação de António Ribeiro em António Variações, num período de vida entre 1977 e 1981, a época em que um barbeiro ambicionava viver da música. Este ano é esperada ainda a estreia de “A Portuguesa”, de Rita Azevedo Gomes, a partir de “Die Portugiesin”, de Robert Musil, e deverá estrear-se também “O homem que matou D. Quixote”, de Terry Gilliam, ambos sem data. Em 2018, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, estrearam-se 38 filmes portugueses e de co-produção portuguesa, com “Pedro & Inês”, de António Ferreira, a ser o mais visto, com 46.717 espectadores.
Sofia Margarida Mota Eventos“Reencarnação” de Allen Wong inaugura dia 10 no espaço Creative Macau A exposição “Reencarnação” reúne 21 trabalhos de Allen Wong que exploram o ciclo da vida numa metáfora com a própria arte ancestral da pintura chinesa e a sua evolução no mundo contemporâneo. A mostra é inaugurada na próxima quinta-feira na Creative Macau [dropcap]“R[/dropcap]eencarnação” é o nome da exposição do artista local Allen Wong com inauguração marcada para a próxima quinta-feira na galeria da Creative Macau. O evento está marcado para as 18h30 e vai apresentar 21 obras, sendo que duas são instalações. Os restantes trabalhos são pinturas em que o artista utiliza de forma experimental a tinta num regresso às origens da arte chinesa e em forma de metáfora com o ciclo da vida na sociedade contemporânea. A escolha da arte chinesa, mesmo que utilizada em representações abstractas, foi uma opção de Wong tendo em conta a sua origem. De acordo com o artista, “a pintura chinesa é profunda e apresenta uma atmosfera que procura o espaço espiritual mantendo o seu balanço através da prática,” afirma Allen Wong na apresentação do evento. No entanto, também a pintura chinesa tem passado por várias formas. “A caneta e a tinta são como a poesia que tem vindo a ficar pior com o passar de gerações e tal como a água fervente, fica sem sabor à medida que o tempo passa”, refere. Com o declínio evidente, o artista local questiona a razão que mantém a arte chinesa ainda em uso. Para Wong, este tipo de questão possibilita ao artista a reflexão “tendo por base o paradoxo filosófico do navio de Teseu”, aponta. O resultado é uma viagem pela história da pintura chinesa através de uma linha do tempo em que se passa pela época em que era uma arte criadora de estilos próprios tendo passado a ser uma herança e mesmo uma forma de imitação em que os métodos tradicionais vão sendo substituídos pela utilização de outros meios, mais contemporâneos. A vida em conceitos Por outro lado, o artista teve em conta, na concepção de “Reencarnação”, a exploração de dois conceitos: o de Topos e o de Concreto. No primeiro, Allen Wong aborda “a extração da inércia da tinta tradicional e converte o resultado numa sequência de substâncias”. São estas substâncias que, sendo simulações de uma vida natural, resultam na conversão de elementos inanimados em formas de vida, acrescenta. Já no escopo do Concreto, estão os aspectos mecânicos que conduzem a própria vida. Para a sua operacionalização, Wong utiliza as estruturas que simulam o sistema circular da vida dos animais e das plantas e que é representado pela tinta na caneta. Para o artista, “as memórias das emoções são fontes de energia e é nesta energia natural, governada pelo ritmo mecânico das estruturas regularizadoras, que ‘Reencarnação” se desenvolve seguindo o ciclo da vida”, remata.
Hoje Macau EventosPortuguesa grava música em clarinete para novo filme co-produzido por Brad Pitt [dropcap]O[/dropcap] novo filme coproduzido pelo norte-americano Brad Pitt, “The Last Black Man in San Francisco”, tem a participação musical da portuguesa Virginia Costa Figueiredo, disse à Lusa a clarinetista radicada em Los Angeles. A professora doutorada em clarinete gravou a música para o filme, que será apresentado no festival Sundance a 26 de Janeiro. A oportunidade surgiu como fruto do “networking com músicos e compositores” que é fomentado pela forte presença da indústria cinematográfica em Los Angeles, explicou Virginia Costa Figueiredo, que reside na cidade californiana há 16 anos. Com realização de Joe Talbot, “The Last Black Man in San Francisco” é produzido por Brad Pitt, Jeremy Kleiner e Dede Gardner, voltando a reunir os produtores responsáveis por “Moonlight”, vencedor do Óscar para Melhor Filme em 2017. É inspirado na história verdadeira de Jimmie Fails e conta ainda com os actores Jonathan Majors, Danny Glover, Thora Birch e Mike Epps. “Los Angeles é uma cidade com uma indústria muito ativa para músicos freelancers”, afirmou a portuguesa, referindo que “há muito trabalho que não se encontra noutros sítios” e isso tem-se refletido nas oportunidades. A clarinetista trabalha com empresas que “empregam músicos especificamente para fazer esse tipo de trabalho” e pretende aumentar esta componente da sua carreira. No ano passado, gravou música para outros filmes, incluindo “Hator” de Ziyi Zheng e o filme ‘anime’ japonês “Circus Sam”, além de várias séries documentais. O dinamismo da indústria também a levou a participar no novo álbum de Alan Parsons, o primeiro desde 2004 e que será lançado no início deste ano. Em 2018, Virginia Figueiredo trabalhou ainda num álbum de Chance the Rapper. A artista prepara-se para lançar um álbum próprio no final de Janeiro, “Intuición”, executado em clarinete e piano e inspirado em música folclórica da América Latina. Outro projecto que está em curso é a criação de um livro de instrução para alunos do ensino básico baseado em música popular portuguesa, “que é uma coisa que nunca foi feita”. Neste momento, Virginia Figueiredo está a recolher as músicas “para depois transcrever como exercícios de aprendizagem de clarinete”, tendo como alvo alunos nas escolas de Portugal e do Brasil. Aos 39 anos, a artista portuguesa é professora na Pierce College, Cerritos College e Moorpark College e toca com a companhia Pacific Opera Project, cuja temporada vai começar em Fevereiro. Virginia Figueiredo é presença regular nos eventos da comunidade portuguesa na Califórnia, em especial quando há performances musicais envolvidas, mas refere que existe pouco “networking de portugueses”, comparado com o que é feito noutras comunidades de imigrantes. É um problema que deriva do menor número de portugueses e luso-descendentes e que agudiza as diferenças entre a sociedade americana e a portuguesa, que assume “uma atitude muito diferente em relação a família e amigos”, já que os americanos “são muito independentes” e têm “uma existência um bocado solitária”. A clarinetista, que chegou a Los Angeles em 2003 como bolseira de Mestrado pela Gulbenkian, não põe de parte um regresso a Portugal “com a oportunidade certa”, mas refere que até agora “não surgiu nada que tivesse funcionado”. Virginia Figueiredo acabou por ser “a primeira pessoa portuguesa a obter um doutoramento em clarinete”, na UCLA (University of California, Los Angeles), e ficou porque “há mais oportunidades, definitivamente”.
Hoje Macau EventosAcademia Portuguesa da História recebe 12 novos membros na próxima semana [dropcap]A[/dropcap] Academia Portuguesa de História (APH) recebe na próxima quarta-feira, em sessão solene, 12 novos académicos, entre eles, Pedro Santana Lopes, como “académico honorário”, divulgou ontem a instituição. À sessão, no Palácio dos Lilases em Lisboa, assiste a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e além do ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Pedro Santana Lopes, como “académicos honorários” passam também a fazer parte António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros, José Alarcão Troni, José Bouza Serrano e Fernando Baptista. António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros é autor, entre outras obras, de “A Viagem das Insígnias (a história inédita da Real Ordem da Torre e Espada de Dom João VI)”, José Augusto Perestrello de Alarcão Troni dirige a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o embaixador José de Bouza Serrano editou no ano passado “As Famílias Reais dos Nossos Dias”, e Fernando Paulo do Carmo Baptista é professor e investigador do Instituto Piaget, em Viseu. Entre os 12 novos membros da APH estão também, como “académicos de mérito”, o bispo de Leiria-Fátima, António dos Santos Marto, o catedrático jubilado da Universidade de Évora Manuel Ferreira Patrício e o investigador Vasco da Cruz Soares Mantas. Como “académicos correspondentes” passam a fazer parte da APH João Eurípedes Franklin Leal, da Universidade Federal de Espírito Santo, no Brasil, e Emanuel d’Able do Amaral, abade-presidente do Capítulo Geral da Congregação Beneditina do Brasil e membro da Academia de Letras da Bahia. Também como “académicos correspondentes” entram a escritora italiana Rosa Nicloletta Tomasone, que preside ao Centro Culturale L. Einaudi, e o diplomata espanhol Jaime de Ferrá y Gisbert. Nesta mesma cerimónia os académicos correspondentes Sérgio Campos Matos e Fernando Taveira da Fonseca passam, respetivamente, a “académico de número” e a “académico de mérito”. Até Abril próximo a APH prevê a realização 11 sessões, a iniciar no próximo dia 16, e uma de recepção ao académico honorário Juan Rodríguez Ibarra, no dia 30 de Março. Juan Rodríguez Ibarra foi presidente do governo da região autónoma espanhola da Extremadura, de 1983 a 2007. As sessões da APH abrem com o historiador José Eduardo Franco, que fez parte da equipa coordenadora da publicação da Obra Completa do padre António Vieira, e que falará sobre “Fernando Augusto da Silva, um pioneiro da construção de um saber enciclopédico regionalizante. Nos 600 anos do descobrimento oficial do arquipélago da Madeira”. Dos palestrantes do primeiro quadriénio deste ano, entre outros, fazem ainda parte, Luís Manuel Araújo, que falará sobre “O ‘Livro dos Mortos’ do Antigo Egipto e a sua presença em objectos de colecções portuguesas”, no dia 14 de Fevereiro, Maria Manuela Tavares Ribeiro, que apresentará a conferência “1919 – A Questão das nacionalidades”, e Fernando Taveira da Fonseca, que, no dia 3 de Abril, abordará as origens da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. A APH foi fundada em 1720 por João V e restaurada em 1936, sendo actualmente presidida pela historiadora Manuela Mendonça. Até Dezembro último contava com 447 académicos, dos quais, 93 de mérito, 79 honorários, 30 portugueses de número e 11 académicos de número brasileiros, para além de quatro “académicos beneméritos” e 230 “académicos correspondentes”. Com a entrada destes novos académicos a APH passa a contabilizar 459 académicos.
Hoje Macau EventosLançadas biografias de figuras portuguesas escritas por romancistas [dropcap]A[/dropcap] editora Contraponto apresentou na sexta-feira uma nova colecção de biografias de “Grandes Figuras da Cultura Portuguesa” contemporâneas, que começa com Amália Rodrigues, Manoel de Oliveira, Natália Correia, Agustina Bessa-Luís, Herberto Helder e José Cardoso Pires. Trata-se de um projecto extenso no tempo, que arranca agora com as primeiras seis biografias, a serem apresentadas numa cerimónia na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, com a presença dos autores, quase todos ficcionistas, e da ministra da Cultura, anunciou a editora. Este projecto editorial irá permitir “conhecer em profundidade personalidades extraordinárias dos séculos XX e XXI”, como Agustina Bessa-Luís, Herberto Helder, José Cardoso Pires, Natália Correia, Manoel de Oliveira e Amália Rodrigues, as seis primeiras “grandes figuras” da coleção, que se estenderá a outras personalidades, ao longo dos próximos anos. Para escrever estas biografias, o editor da Contraponto convidou maioritariamente escritores, pois não quer que estas obras “sejam meros repositórios de factos por ordem cronológica”, mas sim obras que os leitores tenham “prazer ao lê-las”. A excepção é o sociólogo João Pedro George, autor da biografia de Luiz Pacheco, que agora assina o volume dedicado ao poeta Herberto Helder (1930-2015). A primeira biografia é dedicada a Agustina Bessa-Luís (nascida em 1922) e é de autoria de Isabel Rio Novo, enquanto Filipa Melo ficou com a responsabilidade de biografar a fadista Amália Rodrigues (1920-1999). Bruno Vieira Amaral escreve a biografia do escritor José Cardoso Pires (1925-1998), Paulo José Miranda, colaborador do HM, vai ser responsável pela biografia do cineasta Manoel de Oliveira (1908-2015) e Filipa Martins a da poetisa Natália Correia (1923-1993).
Sofia Margarida Mota EventosGravura | 3.ª edição da Trienal inaugurada hoje É hoje oficialmente inaugurada a 3.ª edição da Trienal de Gravura de Macau. O evento coincide com a entrega de prémios aos vencedores e tem lugar às 18h30 no Centro de Arte Contemporânea – Pavilhão n.º 1 das Oficinas Navais. Na mostra vão estar patentes 175 trabalhos de artistas de todo o mundo [dropcap]A[/dropcap] cerimónia de inauguração e a entrega de prémios da 3.ª edição da Trienal de Gravura de Macau tem lugar hoje pelas 18h30, no Centro de Arte Contemporânea – Pavilhão n.º 1 das Oficinas Navais. A exposição das 175 obras seleccionadas e com assinatura de autores de todo o mundo vai também ter trabalhos na Galeria Tap Seac, na Galeria de Exposições Temporárias do IACM, na Galeria de Exposições e na Casa Nostalgia das Casas da Taipa. De acordo com a organização, o evento que teve a sua primeira edição em 2012, “pretende promover a criação e pesquisa de obras de gravura”. O objectivo passa pela oferta de uma plataforma de “intercâmbio aprofundado entre artistas internacionais” de modo a promover o desenvolvimento desta arte no território, “promovendo assim a criatividade, a apreciação, os estudos e o progresso da arte da gravura”, aponta o Instituto Cultural (IC). Os 175 trabalhos que vão ser exibidos vieram um pouco de todo o mundo, Da Tailândia ao Irão, da Estónia à Austrália, a organização procura, mais uma vez, a inovação sem esquecer as tradições artísticas. “As obras não reflectem apenas os estudos aprofundados de técnicas pelos artistas, mas também a combinação das novas produções, média, impressão e técnicas integradas”, aponta. No total vão ser apresentada abras vindas de 39 países e regiões, sendo que de Macau estão presentes os trabalhos de Wong Wai I e Loi Chi Fong. A selecção foi também feita por um júri internacional composto por artistas e académicos de renome como Walter Jule, Zhang Minjie, Luckana Kunavichayanont, Kwak Namsin, Sou Pui Kun, Lin Ping e Maurice Pasternak. Os premiados O IC já apresentou os vencedores desta terceira edição. Segundo a página oficial do evento, o prémio de ouro foi dado ao polaco Lukasz Koniuszy com a obra “Estrutura habitável”, enquanto a prata e o bronze foram para a Tailândia com as obras “Vestígios das coisas dolorosas 6” de Warranutchai Kajaree e “Método das ceifeiras N.º 2” de Rattana Sudjarit, respectivamente. Foram ainda atribuídas sete menções honrosas distribuídas pelo italiano Alberto Balletti, a tailandesa Chalita Tantiwitkosol, os chineses Cao Jianhong, Lee Wen-Jye, Zuo Wei e Li Can, e a britânica Bianca Cork. Além da exposição o evento conta ainda com a realização de um apalestra temática, amanhã entre as 10h e as 12h30, no Centro de Arte Contemporânea – Pavilhão n.º 1 das Oficinas Navais, a cargo do Professor Adjunto da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau, Sou Pui Kun e do Vice-Director do Comité de Arte de Gravura da Associação de Artistas da China e Professor da Academia de Arte da China, Zhang Mingjie. Para a palestra estão disponíveis 40 lugares e a entrada é livre.
Hoje Macau EventosEUA e Israel saem da UNESCO [dropcap]A[/dropcap] saída dos Estados Unidos e de Israel da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tornou-se efectiva ontem, culminando um processo desencadeado em Outubro de 2017. A saída dos dois países assenta no suposto sentimento anti-Israel da organização, alegado pelas respetivas representações diplomáticas. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída da organização em 12 Outubro de 2017, poucas horas antes de anúncio similar feito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Os Estados Unidos invocaram “preocupações com os atrasos crescentes na UNESCO, a necessidade de uma reforma fundamental da organização e o permanente preconceito anti-Israel”. O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse hoje que o seu país “não será membro de uma organização cujo objectivo seja deliberadamente agir contra Israel”, dando argumentos aos seus “inimigos”. A organização com sede em Paris foi acusada de criticar a ocupação israelita de Jerusalém Oriental, em particular por identificar locais reivindicados por Israel, como herança palestiniana, além de ter aprovado a plena adesão da Palestina à organização, em 2011, facto que levou os Estados Unidos a suspender, desde então, as contribuições financeiras. Nos últimos anos, a UNESCO aprovou várias resoluções muito criticadas por Israel, nomeadamente textos que omitem a vinculação judaica à denominada Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. No verão de 2017, a Cidade Velha de Hebron (Palestina) foi incluída na Lista de Património Mundial, decisão que levou Israel a anunciar que iria retirar um milhão de dólares na sua contribuição para as Nações Unidas. Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os EUA retiraram-se da UNESCO, cortaram vários financiamentos a órgãos da ONU e anunciaram a sua saída do Acordo de Paris de combate às alterações climáticas, do acordo nuclear com o Irão, apoiado pela ONU, e do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Em 1984, durante a administração de Ronald Reagan, os Estados Unidos romperam igualmente com a UNESCO, por suposta cedência a interesses soviéticos, em plena Guerra Fria, tendo regressado à organização em 2003.
Hoje Macau EventosMuseu de Florença pede devolução de quadro roubado pelos nazis [dropcap]O[/dropcap] director da Galeria dos Ofícios, Eike Schmidt, o maior museu de Florença, pediu na terça-feira à Alemanha a devolução de um quadro do pintor Jan van Huysum, do século XVIII, roubado pelos nazis durante a II Guerra Mundial. “Um apelo à Alemanha para 2019: fazemos votos para que este possa finalmente ser o ano em que será restituído à Galeria dos Ofícios o célebre ‘Vaso de Flores’, roubado pelos soldados nazis”, escreveu num comunicado, o director do museu, ele próprio de nacionalidade alemã. De acordo com o responsável, o quadro está actualmente na posse de uma família alemã, que ainda não o devolveu, apesar dos vários pedidos do Estado italiano. Trata-se de um óleo sobre tela de 47×35 centímetros, assinado por Jan van Huysum (1682-1749), um pintor holandês de renome, especializado em naturezas mortas, e que pertenceu, após 1824, às colecções do Palais Pitti, outro grande museu florentino. Levado pelos alemães durante a guerra, o quadro foi transferido dentro da Alemanha e o seu paradeiro perdeu-se durante muito tempo, antes de ser redescoberto, em 1991, após a reunificação alemã, segundo Eike Schmidt. Enquanto aguarda a devolução da obra original, o museu expõe a partir de hoje uma reprodução a preto e branco do “Vaso de Flores”, com a inscrição “Roubado”, em italiano, inglês e alemão, e uma curta legenda explicativa que recorda aos visitantes que “foi roubada por soldados do exército nazi, em 1944, e encontra-se hoje numa coleção alemã privada”.
Sofia Margarida Mota EventosEspecial 2018 | Cultura: Um oásis no deserto [dropcap]S[/dropcap]e por um lado há muito a apontar à cultura ou à falta dela no território, por outro é pertinente salientar o que consegue vingar, tratando-se de um lugar que por princípio lhe é hostil. Onde param as demonstrações culturais, sejam elas de que origem forem, num pequeno território governado por casinos e turistas consumidores de cosméticos? A cultura é uma espécie de oásis que consegue, quase despercebida, emergir, lutando contra as forças de um deserto de gente poderosa que não quer saber dela. Apesar das dificuldades, há áreas que são de destaque e que, gradualmente, assumem um lugar digno, apesar de muitas vezes negado. Neste ano que chega ao fim, a sétima arte ocupa o pódio no que respeita a cartazes, e mais importante, na sua capacidade de chamar as pessoas às salas da cidade. Mas vejamos. Macau conseguiu levar avante um festival internacional de cinema, que mais parecia ter nascido morto. O que parecia impossível, acabou por acontecer. Depois de uma primeira edição que nada tinha de auspicioso, o evento não só se manteve como, dois anos depois, nesta terceira edição, se conseguiu afirmar. Mais: conseguiu mostrar que não era mais um. Conseguiu garantir que podia ser bom. Mike Goodrige e Helena de Senna Fernandes estão de parabéns. O cartaz não desiludiu. Filmes como “Roma”, “Diamantino”, “A favorita” ou “The green book” foram exibidos por cá depois de passarem em ecrãs como Cannes, Berlim ou Veneza e antes de serem nomeados para os melhores dos óscares ou do ano. Festival com público Além do que está na tela, parece que o evento está a conquistar o público. Se na estreia, em 2016, as salas estavam tristemente vazias, com o andar das edições os auditórios do Centro Cultural de Macau, da Paixão e da Torre esgotam, ou se isso não acontece, estão pelo menos bem compostos por públicos diversos, reflexo de quem cá mora. O festival é pontual, mas a cinemateca Paixão é presença permanente e nome a considerar para quem gosta da sétima arte. Apostada e convicta em manter uma programação que nem sempre é para todos os gostos, mas que sem duvida inclui os filmes de referência a nível internacional, a Paixão aqui salta poros fora e mostra-se. O grande ecrã é acarinhado regularmente com uma programação de luxo, não só para Macau, mas que poderia estar em qualquer cartaz de uma cidade internacional. Ali, na Travessa homónima, aquela sala pequenina peca por não ser a dobrar ou a triplicar. Celebrado o primeiro ano de actividade da Cinemateca em 2018, a dupla de programadores Rita Wong e Albert Chu merece os parabéns. Por ali passaram filmes de animação, documentários, curtas e independentes. Houve espaço para o mundo com ciclos dedicados ao cinema do Estados Unidos ou de Portugal. Deu-se destaque a alguns dos melhores realizadores da praça como David Lynch e Kore-eda. Macau e o seu ainda embrionário cinema também teve direito a uma programação própria. Até a gastronomia fez parte de um cartaz na celebração do primeiro aniversário da cinemateca, e não foi preciso andar por aí a falar de capitais de tudo e de nada para juntar sabores e imagens. Filmes à parte, as demonstrações culturais continuaram a passar obrigatoriamente pelas iniciativas de matriz portuguesa. Acontecem todos os anos e há mesmo quem diga, com ar aborrecido: “Lusofonia outra vez? São João?”. Pois sim, é isso mesmo e é lá que se junta muito do que é a identidade local. As casas da Taipa e a zona de São Lázaro voltaram este ano a ser palco de encontros, os do costume e outros, com as comunidades que partilham desta terra. Trazem o sabor da sardinha, trazem música do mundo ou do arraial. Trazem o que Macau é: esta mescla de gentes, que deve ser respeitada e recordada. Música para si E como estamos a falar de oásis no deserto, é tempo de falar de música. O festival de música de Macau é uma referência que se mantém, já faz parte do protocolo. É bom, mas não chega. Apesar das queixas dos vizinhos, a Live Music Association (LMA) continuou a ser a alternativa para quem quer marcar o quotidiano com uma ida a um concerto. Num deserto de opções, o 11º andar da Coronel Mesquita conseguiu, durante mais um ano, abrir portas e arriscar. Entre uma programação semanal, Vincent Cheang consegue ter ali espaço para a diversidade, consegue ter “O gajo” a tocar viola campaniça, os “Re-Tros” com as sonoridades pós-punk de Pequim, as bandas dos países nórdicos europeus com minimalismos tecnológicos, o punk dos “Lonely Leary”, o rock, o jazz e até o cabaret. Bem-haja. Por outro lado, e com agenda marcada uma vez por ano, o “This is My City” (TIMC) também fez a sua parte nisto de trazer música aos de cá. O evento usou efectivamente o território como um local onde a cultura musical do continente se apresentou a par com sons de Portugal e locais. Sem utilizar a palavra bem-amada dos governantes – plataforma – o TIMC concretiza de alguma forma este objectivo. Não é preciso dizer nada, é preciso fazer. O TIMC fez. Também sem precisar de etiquetas e chavões, destacou-se mais uma vez o Festival Literário Rota das Letras, um espaço em que convergem as literaturas do mundo e que na edição deste ano acabou por ser assombrado pela impossibilidade da presença de alguns autores “controversos” – Jung Chang, James Church e Suki Kim – o que valeu a demissão do seu director artístico Hélder Beja. Ainda assim, o Rota das Letras foi o evento literário do ano – e único – que junta géneros e autores, e isso ninguém lhe tira. O teatro, por seu lado, manteve-se escondido nas vicissitudes linguísticas. A culpa não é dele. Não é de ninguém. Mas além do que vem de fora, o que se fez por cá continua a carecer de uma divulgação multilingue capaz de levar outras comunidades a ver as peças do Teatro experimental ou a assistir a uma encenação da Comuna de Pedra. As faltas são ainda muitas no que respeita a iniciativas culturais neste pequeno território, é um facto. Mas no final de mais um ano em que houve tantos a fazerem o que podiam, é necessário o devido reconhecimento. Não é fácil ser terreno fértil em solo contaminado.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Início de 2019 celebrado com tributo à actriz japonesa Kirin Kiki Kirin Kiki, a actriz japonesa que morreu no passado mês de Setembro, aos 75 anos, vítima de cancro, é homenageada pela Cinemateca Paixão no ciclo de cinema que vai abrir 2019. Já a partir de dia 1 vão ser exibidos quatro filmes em que Kiki é protagonista e entre eles está o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, “Larápios” [dropcap]O[/dropcap] ano de 2019 abre na cinemateca paixão com um programa especial de dicado à actriz japonesa Kirin Kiki, falecida no passado mês de Setembro e uma das protagonistas do grande vencedor de Cannes deste ano “Larápios” A homenagem tem início logo no dia 1, pelas 19h30 com a exibição de “An”, um filme de 2015 realizado por Naomi Kawase. Uma presença assídua em Cannes, Naomi Kawase abriu o evento “Un Certain Regard” em 2015 com este drama gastronómico que conta a história de Sentaro. O protagonista vive uma vida tranquila cozinhando dorayaki – um pastel com recheio doce de pasta de feijão vermelho – de qualidade medíocre numa pequena pastelaria suburbana. Um dia, uma simpática idosa chamada Tokue (Kirin Kiki) começa a trabalhar na loja de Sentaro. Consigo, Tokue traz uma receita caseira do mesmo pastel. A dupla improvável acaba por estabelecer uma parceria de sucesso e por dar um novo sentido à vida de cada um. De acordo com a apresentação da Cinemateca Paixão “An” “é um gentil drama humanista, apresentando poeticamente as visões de Naomi sobre a vida e o mundo”. A An segue-se, no dia 4 pelas 19h30, um dos filmes de referência de Hirokazu Kore-eda, “Depois de tempestade”. Nomeado para o Prémio “Un Certain Regard” no Festival de Cannes 2016, para o Melhor Cinematógrafo no Prémios de Cinema Asiático 2017 e para Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Chicago 2016, a película traz a Macau mais um drama familiar. Ryota, um escritor de renome e falido que se sustenta a ele e ao filho com um trabalho paralelo enquanto detective privado, após a morte do pai, consegue reconciliar-se com a sua mãe e com a ex-mulher. No apartamento onde vivia em criança, redescobre o passado da família e procura as suas origens. Kirin Kiki, é a matriarca Yoshiko, uma mulher idosa conhecida pelas tiradas sarcásticas e pelo olhar crítico ao mundo. Ladrões premiados O dia seguinte é o momento para ver o filme galardoado em Cannes este ano com a Palma de ouro e a última obra do realizador Hirokazu Kore-eda “Larápios”. Mais um drama familiar de Kore-eda que conta a história de uma família que sobrevive à conta de pequenos roubos. No entanto, após uma das suas sessões de furto, Osamu e o filho encontram uma menina, abandonada ao frio. De início relutante em dar abrigo à rapariga, a esposa de Osamu e matriarca da família concorda em tomar conta dela. Apesar de pobres, mal conseguindo o sustento com os furtos que fazem, parecem viver felizes e com a nova presença em casa começam a ser desvendados os elos que podem unir as pessoas, sendo ou não de sangue. De acordo com o realizador quando recebeu o prémio em Cannes, “existem formas variadas de formação familiar que não passam por laços de sangue, mas que envolvem algum ideal de honra”, disse Kore-eda. “Existe intolerância demais neste mundo. Eu quis filmar a caridade”, apontou. A fechar a homenagem à actriz japonesa, fica a exibição de “Crónica da minha mãe” de Masto Harada. Em 1975, o escritor Inoue Yasushi compilou três contos autobiográficos num único romance que segue a sua relação, por vezes tensa, com a mãe que sofre de demência, durante os últimos anos da sua vida. O filme é uma adaptação do romance que traz temas como o abandono, o ressentimento e o declínio, e em que Kirin Kiki interpreta a idosa que se debate com a lenta perda das memórias que amava.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Cinemateca Paixão apresenta três destaques de Cannes 2018 A Cinemateca Paixão assinala a época natalícia com a projecção de três filmes destacados no Festival de Cannes deste ano. “Girl”, “Sorry Angel” e “Asako I & II” são as propostas para ver até ao próximo dia 30 [dropcap]A[/dropcap] época natalícia está a ser assinalada na Cinemateca Paixão com a exibição de três filmes de referência. O vencedor da Queer Palm e do Prémio FIPRESCI no Festival de Cinema de Cannes 2018, “Girl” pode ser visto no grande ecrã diariamente até ao próximo dia 30 nas sessões das 19h30, à excepção de sábado que conta com uma projecção às 16h30. “Girl” traz a história de Lara, uma adolescente de 15 anos determinada em tornar-se bailarina profissional. Com o apoio do pai, lança-se nesta demanda mas as frustrações e impaciência próprias da idade aumentam quando percebe que o seu corpo não se adapta com facilidade à severa disciplina a que é sujeita por ter nascido rapaz. O drama é realizado por Lukas Dhont, um jovem cineasta formado na academia artística KASK. As suas curtas “Corps Perdu” e “L’Infini” ganharam vários prémios, no festival de Cinema de Ghent e no Festival Internacional de Curtas Metragens de Lovaina. Em 2016, “Girl” foi escolhido para projecto de realização da Cinéfondation de Cannes, tendo sido premiado. Paris revisitado Hoje, às 19h30 e domingo às 16h30 é a vez de “Sorry Angel” do francês Christophe Honoré ser apresentado em Macau. Nomeado para a Palma d’Ouro e Queer Palm em Cannes, este ano, “Sorry Angel” conta com as interpretações de Pierre Deladonchamps, Vincent Lacoste e Denis Podalydès num argumento que recorda a França dos anos 90 em que um encontro inesperado muda drasticamente a vida de Arthur, um jovem intelectual estudante de cinema vindo da província e de Jacques, um escritor mais ou menos famoso baseado em Paris. O filme semiautobiográfico, recria uma França da década de 1990 e “ilustra ternamente como, naquele tempo, se aprendia a viver e amar no momento, mas também a dizer adeus e enfrentar a perda daqueles que se amava”, refere a Cinemateca Paixão na apresentação da película. Por outro lado, “’Sorry Angel’ equilibra a esperança no futuro e a agonia do passado num drama inesquecível sobre uma busca pela coragem de amar no momento”, acrescenta a mesma fonte. O realizador Christophe Honoré é um romancista francês que acabou por se tornar realizador e argumentista. Após os estudos universitários em Rennes, combinou várias actividades ao mesmo tempo: crítico de cinema (para Les cahiers du cinéma) e foi argumentista e escritor de livros para crianças e adultos. O seu primeiro filme, “Dezassete Vezes Cécile Cassard”, tornou-o num autor de cinema francês em ascensão. As obras de Honoré inspiram-se sobretudo em Paris, no cinema francês e na política LGBTQ, na representação da morte e do desejo sexual e nas próprias ligações entre os seus filmes. “Sorry Angel” marca o regresso do realizador à competição em Cannes, 11 anos depois de “Canções de Amor”. Japão contemporâneo “Asako I & II” é a proposta da programação “especial Natal”, com apresentação marcada para sábado às 21h30. O filme do japonês Ryusuke Hamaguchi é a adaptação do romance homónimo de Tomoka Shibasaki, vencedor do Prémio Akutagawa e traz ao ecrã um drama romântico que segue as desventuras de Asako, uma estudante de Osaka que se apaixona à primeira vista por Baku, um rapaz misterioso e temerário. Dois anos após o súbito desaparecimento de Baku, Asako muda-se para Tóquio de coração desfeito. Lá, conhece Ryuhei, um gentil e fiável empregado de uma empresa que se parece exactamente com Baku, mas sem qualquer semelhança com a sua personalidade desenfreada. De repente, Asako encontra-se apanhada entre dois amores. Ryusuke Hamaguchi nasceu em Kanagawa em 1978. Formou-se na Escola Superior de Cinema e Novos Media da Universidade das Artes de Tóquio. Em 2013 realizou “Touching the Skin of Eeriness” e, em 2015, “Happy Hour” com uma duração de mais de cinco horas em que conta a vida de quatro raparigas ligadas por uma frágil amizade no momento em que uma delas desaparece. O filme foi premiado duas vezes no Festival de Locarno. A sua mais recente película “Asako I & II” competiu pela Palma d’Ouro 2018. É conhecido como o mais contemporâneo dos realizadores japoneses depois de Koreeda Hirokazu e de Naomi Kawasaki.
Hoje Macau EventosFreixo de Espada à Cinta, em Portugal, dedica museu aos missionários [dropcap]O[/dropcap] município de Freixo de Espada à Cinta vai criar um museu dedicado aos missionários transmontanos, a instalar no convento de São Francisco de Néri, anunciou a presidente da Câmara local. “Já se está a fazer a recolha dos materiais expositivos. Enviámos cartas para várias pessoas a solicitar que se tiverem em sua posse objectos que tenham vindo para Portugal através dos missionários que os cedam para serem expostos no futuro museu, e as respostas têm sido muito positivas”, avançou Maria do Céu Quintas. Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, segundo os investigadores, foi terra de muitos missionários que percorreram vários países orientais e não só “com a missão de evangelizar”. “Não queremos que o museu seja nada demais, apenas aquilo que retrate o que os missionários trouxeram por onde passaram. Já temos bastantes indicações de pessoas que têm em sua posse vários itens, tais como imagens e outros objectos para serem expostos no museu”, salientou a autarca. Maria do Céu Quintas frisou que esta é uma ideia que vem de há alguns anos e o projecto está agora a andar. “Já houve várias tentativas para avançar com o museu dedicado aos missionários, mas não passaram de intenções. Agora estou certa que o equipamento vai avançar, até porque já dialogámos com a diocese e com a comissão fabriqueira, responsáveis pelo Convento”, indicou a autarca social-democrata. Países como a China, Macau, Japão são alguns dos destinos dos missionários que ao longo dos séculos partiram de Freixo de Espada à Cinta em direcção ao Oriente. “Não vamos fazer um investimento de grande monta financeira, mas estou certa que o equipamento terá uma importância relevante sociocultural no território”, enfatizou a responsável. O convento de São Francisco de Néri, de acordo com dados históricos fornecidos pela autarquia, pertencia à Congregação do Oratório e foi fundado em 1673. Da herança cultural com o Oriente feita através dos missionários ficou o trabalho da seda, que ainda hoje mantém a vila de Freixo de Espada à Cinta nos roteiros internacionais dedicados a esta matéria-prima e aos seus produtos. Antes de 1999, o historiador de Macau Monsenhor Manuel Teixeira mudou-se para a sua terra natal, precisamente Freixo de Espada à Cinta, levando consigo o seu arquivo pessoal, considerado de valor inestimável.
Sofia Margarida Mota EventosFim de Ano | Concertos e festas vão animar o território [dropcap]O[/dropcap]rganizados pelo Instituto Cultural e pelos Serviços de Turismo o “Concerto da Passagem de Ano – Macau 2018” e a “Festa da Passagem de Ano – Taipa 2018” terão lugar na noite de 31 de Dezembro, na Praça do Lago Sai Van e nas Casas da Taipa, respectivamente. Os eventos contam ainda com a tradicional contagem decrescente sendo que à meia noite, na Torre de Macau, o fogo de artifício tem lugar como habitualmente para assinalar a chegada do novo ano. Este ano, o o concerto de passagem de ano em tem lugar no dia 31 de Dezembro, das 22h horas às 00h10 horas do dia seguinte, na Praça do Lago Sai Van, e conta com a actuação do grupo de Rap de Hong Kong, FAMA, do cantor Phil Lam, do grupo local MFM e dos cantores Filipe António da Silva Baptista Tou, Alex Ao Ieong, Kylamary, Lino e Elise Lei. Para levar o momento a todos os pontos da cidade serão instalados ecrãs gigantes no Largo do Senado e no Centro Náutico da Praia Grande. Já a festa de passagem de ano da Taipa vai decorrer a partir das 21h30 do último dia de 2018. O evento conta com a presença do cantor de Hong Kong, Christopher Wong. O espectáculo inclui ainda actuações de vários artistas de Macau como Cass Lai, Bill Leong Kin Pong, EXPERIENCE, Mágico Van, Grupo de Dança Indiana Victor Kumar & Bollywood Dreams Group, Palhaços Tru & Tru, Grupo de Dança Indonesia Returned Oversea Chinese Culture and Art Friendship Association of Macao, Macau Cheerleader, Grupo de Dança da Associação dos Conterrâneos do Vietname de Macau e a Banda filipina Dreamcast. A entrada para ambos os eventos é livre.
Sofia Margarida Mota EventosFestival Fringe apresenta grafites em papel de arroz no Porto Interior Uma exposição de intervenção urbana não evasiva é a proposta de “Janelas Efémeras”, um projecto que pretende por as famílias locais a produzir grafites em papel de arroz, acompanhadas pelo conhecido artista Barlo. O objectivo é expor, na Ponte 9, um conjunto de “janelas” que contenham a expressão do imaginário de cada um [dropcap]“J[/dropcap]anelas Efémeras – Arte Urbana nos Terraços” é o projecto de arte de rua que reúne o famoso artista Barlo e residentes de todas as idades para criarem uma série de ilustrações em papel de arroz que representem o seu imaginário. O evento itegra a programação do Festival Fringe de 2019 e tem lugar entre os dias 12 de Janeiro e 9 de Fevereiro, sendo constituido por dois momentos: a produção das obras e a sua exposição. O objectivo é, de acordo com a curadora Filipa Simões, “divulgar o papel de arroz como técnica de arte urbana não agressiva”, ao mesmo tempo que proporciona “um momento de partilha e de relacionamento entre diferentes camadas da sociedade, promovendo uma transformação cívica através da arte”. A ideia é “criar janelas”, refere ao HM, inicialmente produzidas num workshop que vai ter lugar a 12 e 13 de Janeiro na Ponte 9. A iniciativa é fomentar a intervenção feita em família, “trazer as crianças porque são as gerações futuras e são responsáveis muitas vezes por puxar os adultos para outros campos”. O workshop que pretende ser uma plataforma de partilha que reúne o artista de rua Barlo, a curadora Filipa Simões e todos os participantes e onde serão criadas ilustrações em papel de arroz que retratam pessoas e as suas histórias vai dar origem às obras que integram a exposição homónima. No final, são os “artistas” que vão montar a mostra, no terraço da Ponte 9, para que tenham acesso a todos os passos de uma exposição, aponta Filipa Simões. A iniciativa aceita até dez pares de participantes – pais e filhos – e tem o valor de inscrição de 100 patacas. A exposição vai estar patente de 13 de Janeiro a 9 de Fevereiro. As “janelas” são o meio para colocar no papel o imaginário de cada um dos participantes, adianta a curadora. “A ideia é criar janelas de um prédio que mostram as pessoas. São janelas para o imaginário em que cada um vai mostrar um bocadinho do seu mundo, colocando o que lhes vai na imaginação no papel e transformando as ideias em imagens”, acrescenta. Suporte delicado Já a escolha do papel de arroz enquanto suporte destes trabalhos tem que ver não só com a sua origem chinesa mas também por proporcionar uma base “não invasiva”. “Já tínhamos vistos este material pelas ruas de Macua, até porque de vez em quando aparecem uns grafites feitos em papel de arroz”, recorda Filipa Simões. Mas o mais importante, considera “é o facto de se tratar de um material não invasivo e que pode ser tirado em qualquer altura”. A actividade que conta com o apoio da CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, já faz parte do interessa da entidade na promoção da arte de rua. “A street art é um tema pelo qual nos interessamos há muito tempo e com o Fringe tivemos esta oportunidade”, explica Filipa Simões. O interesse nesta demonstração artística tem que ver com o seu potencial, nomeadamente quando se fala de reabilitação urbana, até porque “pode reactivar zonas da cidade que já estão um bocado decadentes e pode trazer artistas para uma zona da cidade que tende a ficar esquecida, o que já é uma coisa que acontece internacionalmente”, refere a curadora de “Janelas Efémeras”. É neste sentido que o projecto ganha forma na zona do Porto Interior que “tem estado um pouco esquecido e em que as preocupações são só com as inundações. Mas é uma zona que tem vindo a decair com a redução da pesca e de toda a indústria relacionada”, remata.
Hoje Macau EventosA música de António Pinho Vargas em guitarra no novo álbum de Pedro Rodrigues [dropcap]O[/dropcap] guitarrista clássico Pedro Rodrigues deu “largas à sua criatividade” e transcreveu para guitarra clássica peças de António Pinho Vargas, que constituem em exclusivo o alinhamento do seu novo CD, “Guitarra e outras histórias”, que foi editado ontem. No ‘booklet’ que acompanha o CD, António Pinho Vargas revela que, no texto que escreveu nos dois volumes para piano editados pela Notação XXI, em 2008 e 2009, “Dinky Toys” e “Twins’ Peak e outras histórias”, respectivamente, sugeriu “que os músicos poderiam usar as partituras dando largas à sua criatividade a partir das peças publicadas”. Conta o compositor que, “com grande rapidez, a primeira resposta desse tipo partiu de Pedro Rodrigues, guitarrista de créditos firmados”, que lhe enviou uma gravação da sua transcrição de “Tom Waits”, acompanhada de um pedido de autorização para eventualmente fazer transcrições de outras peças. “Não apenas autorizei como mesmo incentivei; de facto a qualidade da transcrição e da execução era tal que surpreendera o próprio autor, merecendo por isso o meu apoio e a minha expectativa”, afirma Pinho Vargas. Surgiu assim o CD “Guitarra e outras histórias”, constituído por onze composições, além de “Tom Waits”, também “Vilas Morenas”, “Brinquedos” e “A Dança dos Pássaros”, entre outras, todas de autoria de António Pinho Vargas, transcritas para guitarra clássica por Pedro Rodrigues, vencedor, entre outros, do Artists International Auditions, de Nova Iorque. O álbum inclui ainda as composições “As Mãos”, “Lindo Ramo, Verde Escuro”, “Quatro Mulheres”, “Fado Negro”, “Uma Já Antiga”, “June” e “O Sentimento De Um Ocidental”. Para Pinho Vargas, “neste disco Pedro Rodrigues, tendo como base as suas transcrições e depois de alguns anos nos quais foi tocando algumas destas peças em muitos concertos em vários países, apresenta-nos uma gama de variações e improvisações muito idiomáticas, próprias da guitarra, e fá-lo com enorme eficácia e qualidade instrumental, só ao alcance dos grandes músicos”. Pedro Rodrigues, por seu turno, afirma que, através das composições de António Pinho Vargas, encontrou algo que há muito procurava, “uma obra portuguesa, universalmente acarinhada”. O músico, de 38 anos, refere que desde os 20 se tem apresentado em concertos, “pelo mundo fora”, e sentiu “sempre por parte do público, muita curiosidade em torno daquilo que seria a cultura musical portuguesa”. “Da nossa cultura musical, a referência primeira foi e será o fado, estilo que nunca me foi possível realizar, apesar dos recorrentes pedidos”, confessa o músico, até que lhe surgiu na memória “o início de ‘Tom Waits’”, música que ouviu “inúmeras vezes num disco de vinil”. “Após uma primeira transcrição e após ter a possibilidade de tocar essa peça para colegas, foi imediatamente perceptível o encantamento por ela produzido. Tinha encontrado uma obra portuguesa, universalmente acarinhada por onde passasse”. O músico assinala a sua admiração pela música de Pinho Vargas, e agradece o seu “entusiasmo e estímulo”, neste trabalho. Sobre António Pinho Vargas, realça o guitarrista clássico, o “seu poder de síntese do belo, pela riqueza e diversidade que, sem fronteiras, aportou à cultura musical”. Pedro Rodrigues é professor no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e, recentemente, criou e apresentou o programa “Seis Cordas Para Um País”, na RTP-Antena 2. As suas transcrições e edições estão editadas pela Mel Bay Publications, AVA Editions e Notação XXI. Como investigador, proferiu conferências em Inglaterra, Brasil e Portugal, dedicadas às temáticas da transcrição e da música contemporânea. Vencedor do Artists International Auditions, de Nova Iorque, do Concorso Sor, de Roma, e do Prémio Jovens Músicos, entre outros galardões, Pedro Rodrigues iniciou o seu percurso musical aos cinco anos, com José Mesquita Lopes, na Escola de Música do Orfeão de Leiria, onde terminou os estudos com a classificação máxima como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em ‘masterclasses’ com David Russell, Leo Brouwer, Joaquin Clerch e Darko Petrinjiak, tendo posteriormente estudado com Alberto Ponce na École Normale de Musique de Paris, onde recebe os Diplomas Superiores de Concertista em Música de Câmara e Guitarra, este último com a classificação máxima, por unanimidade e felicitações do júri. Sob a orientação de Paulo Vaz de Carvalho e Alberto Ponce concluiu, em 2011, o Doutoramento na Universidade de Aveiro, como bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Entre outras salas, apresentou-se a solo no Carnegie Hall, em Nova Iorque, na Salle Cortot, em Paris, no Ateneo e na Sala Manuel de Falla, em Madrid, Endler Hall, na Cidade do Cabo, na África do Sul, no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música e no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, além de festivais como Mikulov, Paris, Santo Tirso, Música Viva, Sernancelhe, Caruso e Forfest Kromeriz, entre outros. Segundo dados do músico, já estreou “mais de 60 obras dos mais importantes compositores portugueses”, como João Pedro Oliveira, Cândido Lima, Isabel Soveral, Sara Carvalho, Sérgio Azevedo, José Luís Ferreira, António Sousa Dias e Carlos Caires entre outros. Como solista, tocou, entre outras, com a Orquestra Gulbenkian, a Filarmonia das Beiras, a Orquestra do Algarve e a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, entre outras. O seu primeiro disco data de 2002, “L’histoire du tango”, tendo já editado doze CD. O mais recente, “Màchina Lirica”, data de 2015, ao qual sucede “Guitarra e outras histórias”.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | “Caminhos Longos” de António Lemos Ferreira recorda Macau dos nos 50 O realizador António Lemos Ferreira esteve no território para apresentar o documentário “Caminhos Longos” no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge. O filme traz ao ecrã as imagens feitas no território pelo seu pai em 1957, numa narrativa que se cruza com o regresso do cineasta a Macau, quase 60 anos depois de ter partido [dropcap]“C[/dropcap]aminhos Longos” é o filme realizado por António Lemos Ferreira que traz ao ecrã a Macau dos final dos anos cinquenta numa história que cruza o passado familiar do cineasta. A película esteve em exibição no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge e, de acordo com o realizador, o objectivo agora e que seja um presente para os moradores, tendo distribuido várias cópias por associações locais. O filme tem origem em 1955, altura em que o pai de António Lemos Ferreira realizou a película homónima que veio a desaparecer anos depois. “Durante muitos anos foi o primeiro e único filme que existia acerca do território, mas acabou por desaparecer”, conta António Ferreira ao HM. Mas, as imagens recolhidas pelo pai do realizador não se limitaram ao filme. “Dois anos mais tarde, em 1957, filmou-me a mim, filmou a cidade, principalmente a vista da torre da Guia, filmou a família e mesmo alguns dos seus alunos do tempo em que dava aulas no Colégio Dom Bosco”, refere. “Lembro-me que o meu pai foi comprar a bobine de 8mm a Honk Kong que na altura custaria meio ordenado. Depois o padre António Giacomino é que lhe emprestou a câmara para que pudesse filmar”, recorda. Do baú As bobines de 8mm permaneceram guardadas até ao ano passado, altura em que António Lemos Ferreira achou que “era altura de trazer aquelas imagens a público para mostrar sobretudo aos macaenses o território de outros tempos” e ao mesmo tempo explorar com um contraponto com a realidade. Foi quando surgiu a ideia de fazer um documentário, aponta. Para o efeito o realizador regressou a Macau, após quase 60 anos de ausência. “O objectivo era inicialmente visitar os locais filmados pelo meu pai e procurar fazer as filmagens nos mesmos ângulos, mas Macau mudou. Sofreu muitas alterações”, refere. De acordo com o cineasta, estas mudanças são normais e podem mesmo ser construtivas. Neste caso, um imprevisto acabou por se tornar o fio condutor de toda a narrativa. “Ía filmar só as pessoas a saírem da igreja e calhou naquela altura começar a decorrer uma procissão. Aproveitei, filmei, correu bem e acabei por aproveitar a música de toda a procissão. Era uma música fúnebre mas que fazia uma boa ligação filosófica entre o casamento dos meus pais e a visita que fiz ao cemitério”, conta ao HM. Com o confronto com a realidade também a ideia inicial para “Caminhos Longos” se foi transformando. “Acabei por fazer uma adaptação dos locais, numa abordagem em que contei com a minha parte da família mais velha e que ainda está cá”, comenta. O resultado foi uma produção luso macaense em que “a família mais nova, mais virada para as novas tecnologias e para a música tratou dos arranjos e edição em Portugal, enquanto a família de Macau contou as histórias”. Regresso a casa “Caminhos Longos” acabou por representar o percurso do próprio realizador no seu regresso a Macau, aponta, e foi feito como se se tratasse de um diário pessoal onde estão as memórias mais antigas e o caminho até à actualidade. Por outro lado, o filme “representa um reencontro com as origens e também com o que a minha infância em que vinha de uma família macaense tradicional, de um português que veio cá fazer a tropa, conhece uma chinesa, casam-se e têm filhos”, acrescenta o realizador ao mesmo tempo que recorda os anos em que cresceu no território. “Vivi cá os primeiros sete anos de vida e andava sempre dividido. Era educado no seio de uma família chinesa, convivia com ela e falava chinês e depois ía para a escola portuguesa e sentia-me atrapalhado, o que na altura era muito comum nas famílias macaenses”, recorda. Mas, acima de tudo “Caminhos Longos” é um filme que pretende ser uma oferta ao território. “Fiz o filme para que seja oferecido ao povo de Macau porque todas as sociedade são o que são dada o seu passado”, sublinha. No regresso a Macau, no ano passado, apesar de ter conhecimento das alterações que a cidade sofreu nos últimos anos, António Lemos ferreira não deixou de se surpreender. Mas no geral, “Macau é agora uma cidade muito internacional com muita variedade arquitectónica em que se conseguiu manter as características portuguesas de alguns edifícios, o que torna o território muito interessante”, remata.
Hoje Macau EventosEd Sheeran foi o artista mais lucrativo ao vivo em 2018 [dropcap]O[/dropcap] músico britânico Ed Sheeran foi o artista com a digressão internacional mais lucrativa de 2018, com 379 milhões de euros de receitas e 4,8 milhões de bilhetes vendidos, foi ontem anunciado. De acordo com a Pollstar, além de liderar o ‘top’ das digressões mais lucrativas de 2018, Ed Sheeran bateu o recorde do mais bem-sucedido artista em 30 anos, desde que esta empresa norte-americana começou a compilar dados de actuações ao vivo. Nesta tabela, Ed Sheeran, que dará dois concertos no próximo ano em Lisboa, é seguido pela cantora norte-americana Taylor Swift, com 302 milhões de euros e 2,8 milhões de bilhetes vendidos na “Reputation tour”. Em terceiro lugar figuram Jay-Z e Beyoncé, na digressão conjunta “On the run II” que gerou 223 milhões de euros de receitas da venda de 2,1 milhões de bilhetes. A tabela dos dez artistas mais lucrativos inclui ainda Pink, Bruno Mars, The Eagles, Justin Timberlake, Roger Waters, U2 e Rolling Stones.
Hoje Macau EventosJoão Cutileiro recebe medalha de mérito cultural [dropcap]O[/dropcap] escultor João Cutileiro recebe hoje a medalha de mérito cultural, no dia em que é assinado o protocolo que formaliza a doação do espólio e casa-atelier, revelou ontem a ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca. A homenagem ao escultor, de 81 anos, acontecerá no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, onde será assinado o protocolo que envolverá o Ministério da Cultura, o município e a Universidade de Évora. “Foi desbloqueado. Finalmente conseguimos chegar aos termos de entendimento. Vai ser aceite a doação, vamos ficar com a casa-atelier e vai ser atribuída a medalha de mérito ao João Cutileiro”, disse Graça Fonseca. Em causa está um processo que remonta a 2014, ano em que João Cutileiro manifestou interesse em doar a casa-atelier e parte do espólio. “Isto tem estado para ser concretizado. Era um dos ‘dossiers’ que tínhamos cá e ao qual demos prioridade por várias razões”, referiu a ministra da Cultura. Sem adiantar ainda os termos concretos da doação, Graça Fonseca referiu que a tutela ficará com a responsabilidade de fazer “a dinamização e programação da casa-atelier” do escultor. O artista pretende que a casa-atelier seja utilizada “para fins culturais/académicos relacionados com a sua produção artística, nomeadamente para o estudo e formação na área da escultura em pedra, onde se incluem atividades relacionadas com a realização de exposições, residências artísticas, visita e fruição pública”.
Hoje Macau EventosIC volta a lançar programa de subsídios para edição de álbuns [dropcap]O[/dropcap] “Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais 2018”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC), começa a aceitar candidaturas a partir de hoje, aponta um comunicado. Cada álbum seleccionado pode receber até ao montante máximo de 150 mil patacas, bem como “opiniões e conselhos de um júri profissional”. O IC irá escolher o máximo de oito candidatos, sendo que as candidaturas terminam no próximo dia 31 de Janeiro. O dinheiro atribuído cobre as “despesas de produção musical, design da capa, bem como de impressão dos álbuns em suporte físico”. O objectivo deste programa de subsídios “tem como objectivo cultivar mais talentos musicais locais nas áreas da criação e da produção musicais, apoiar a produção de álbuns de canções originais e o respectivo esforço promocional, incentivando os músicos a produzirem e publicarem mais trabalhos de qualidade, preparando-se para a expansão do mercado”. O IC, além de conceder subsídios, pretende “oferecer mais oportunidades de actuação aos candidatos seleccionados, de modo a promover os frutos criativos resultantes dos subsídios e melhorar a compreensão do público de Macau em relação à música original local”. Os subsídios serão atribuídos tendo em conta os critérios de racionalidade de orçamento, grau de perfeição das propostas de produção de álbum, grau de compatibilidade entre o álbum, a respectiva imagem e o mercado-alvo e criatividade da composição e das letras, entre outros.
Hoje Macau EventosPun-Leung Kwan é o próximo cineasta residente da Cinemateca Paixão [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão realiza entre 12 e 19 de Janeiro a terceira edição do programa cineasta residente, sendo que desta vez o convidado é Pun-Leung Kwan, de Hong Kong. De acordo com um comunicado da própria cinemateca, esta iniciativa inclui a realização de workshops de cinematografia e palestras com a presença de Pun-Leung Kwan. O cineasta de Hong Kong colaborou com outros realizadores aclamados da região vizinha como Wong Kar-Wai, Stanley Kwan Kam-Pang e Ann Hui. Kwan trabalha não só em produções cinematográficas premiadas, mas o seu entusiasmo também se estende à fotografia, curtas metragens e realização de documentários. A palestra de Pun-Leung Kwan acontece a 13 de Janeiro, entre as 15h00 e 17h00, e intitula-se “Os Meus Encontros Cinematográficos”. A ideia é partilhar as inspirações que a aprendizagem da cinematografia lhe proporcionaram em diferentes fases da sua carreira, contando com Nicole Chan como oradora convidada. Para participar nesta actividade, será necessária a inscrição, gratuita, até ao próximo dia 10 de Janeiro, por email. O workshop, por sua vez, acontece entre os dias 18 e 20 de Janeiro, e também acontece mediante inscrição e pagamento de 600 patacas. Serão aceites apenas cinco pessoas para esta actividade. Filmes e documentários O leque de actividades fica completo com a exibição de vários filmes da autoria de Pun-Leung Kwan ou que contaram com a sua colaboração. Incluem-se os documentários premiados como “Solto no Vento”, co-realizado com Hsiu-Chiung Chiang, e “2046”, no qual trabalhou como director de fotografia com Christopher Doyle. Nesta película, ambos ganharam o prémio de melhor cinematografia na 24ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Os filmes “Miao Miao” e “Mais Que Azul”, nos quais Kwan trabalhou como director de fotografia, também serão exibidos na cinemateca.
Andreia Sofia Silva EventosAniversário da RAEM | Clube Militar recebe obras de 34 artistas A terceira edição da exposição “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, 20, para celebrar os 19 anos de transferência de soberania de Macau para a China. José Duarte, ligado à curadoria da mostra, afirma que o objectivo é mostrar o que de melhor e de novo se tem feito no ano que agora finda [dropcap]A[/dropcap] agenda da Associação de Promoção de Eventos Culturais (APAC) encerra este ano com uma exposição que marca, ao mesmo tempo, os 19 anos de existência da RAEM. A terceira edição da mostra “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, contando com obras de 34 artistas, entre eles Alexandre Marreiros, Ana Jacinto Nunes, Gu Yue, Luna Cheong e José Dores, entre outros. José Duarte, ligado à curadoria do evento, revelou ao HM que o objectivo é mostrar os trabalhos de artistas mais consagrados, e com mais tempo de carreira, e outros que estão a dar os primeiros passos. “Temos uma espécie de amostra daquilo que os artistas de Macau estão a fazer hoje, não só em termos de utilização de técnicas mais tradicionais, como os óleos, acrílicos ou desenho, mas também de algumas obras em meios mais contemporâneos. Temos trabalhos digitais e com outros instrumentos de desenho e pintura além dos tradicionais.” Num comunicado, a APAC considera que o conteúdo da exposição “transmite uma forte mensagem sobre a diversidade e vitalidade das artes em Macau”, uma vez que “ela floresce ao longo de vários caminhos”. “Pontes de Encontro” apresenta, portanto, semelhanças às anteriores edições, não se organizando “em torno de um tema, técnica ou estilo específico”. “Ela procura proporcionar um reflexo da actividade dos artistas, através de obras que são representativas das suas preocupações criativas, estéticas ou temáticas actuais”, defende a APAC. Mais mulheres José Duarte, economista que está também ligado à APAC, denota que, nos últimos anos, apareceram não só mais artistas como mulheres no mundo das artes. “Há um grande número de artistas novos, de jovens que estão a tentar ter a sua vida ligada às artes, e há também um grande número de mulheres. Estas têm aparecido nas duas últimas gerações e há um peso muito significativo se compararmos com gerações anteriores”, contou. “Pontes de Encontro” tenta, assim, “criar espaço para um diálogo visual entre artistas de diferentes gerações e estilos”. Neste sentido, este ano a exposição conta “com um maior número maior de trabalhos baseados em novos media”, sendo “um local de encontro para múltiplas ideias e formas de expressão”. A iniciativa acontece até ao dia 6 de Janeiro e conta com o apoio da Fundação Macau, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), do Grupo Sam Lei, e do Comendador Ng Fok. José Duarte espera “um número de visitantes significativo”. “A localização do Clube Militar é bastante boa, por ser central e próximo dos circuitos dos turistas. Temos sempre um número elevado de turistas e espero que as pessoas apreciem a exposição”, concluiu.