Exposição | Cidade Desfocada hoje à tarde na Casa Garden

Cidade Desfocada é o resultado da residência artística de Nuno Cera em Macau. A visão do fotógrafo sobre a região vai poder ser conhecida, a partir de hoje à tarde na Fundação Oriente, numa instalação de imagens em vídeo, fotografia e outras experiências visuais

 

Por Raquel Moz 

[dropcap]O[/dropcap] fotógrafo e vídeo-artista Nuno Cera aterrou em Macau para uma residência artística de um mês, entre Setembro e Outubro de 2018, a convite da Associação Cultural Babel. O resultado dos trabalhos chega agora ao espaço da Casa Garden, onde vão estar expostas as impressões das “paisagens urbanas, arquitecturas, infra-estruturas, passagens, rupturas quotidianas e destroços urbanos, numa reflexão contínua sobre o tempo, o espaço e as suas transformações”, nas palavras da curadora Margarida Saraiva.

“A exposição inicia-se com uma tela gigante num cavalete de madeira, que é a mesma imagem do convite”, começou por descrever a responsável. Nos salões principais da galeria vão ser apresentados dois vídeos e dezassete fotografias, onde o artista oferece uma perspectiva sobre as “três grandes cidades da região do Delta do Rio das Pérolas, sem artifícios ou qualquer tipo de julgamento” e, “ao fazê-lo, abre um novo espaço à reflexão”.

A “Cidade Desfocada” são essas três cidades – Macau, Hong Kong e Cantão – e é também o título do vídeo principal. O segundo trabalho videográfico dá pelo nome de “Vertical Hong Kong”, e “fala-nos contemplativamente de arte, do espaço global da existência contemporânea e das ameaças à nossa sobrevivência hoje”, adiantou Margarida Saraiva. A exposição reúne ainda um conjunto de seis “ready-mades”, “que são feitos a partir de néons antigos, recolhidos em antiquários de Macau, que têm pedaços da cidade antiga, descontextualizada, e que aqui adquirem todo um novo simbolismo”.

Terra do futuro

No último salão está uma reinterpretação do projecto Futureland, que Nuno Cera desenvolveu entre 2008 e 2010, composto por trinta e seis fotografias, “originalmente concebido como um atlas visual, subjectivo, mas também narrativo e documental, de cidades como Istambul, Cairo, Dubai, Los Angeles, Cidade do México, Xangai, Jacarta e Bombaim”. A retrospectiva, originalmente em vídeo, aqui vai poder ser revisitada como uma instalação fotográfica.

Para Margarida Saraiva, este projecto foi uma das razões pelas quais a Babel convidou o artista a vir criar no território. “Tínhamos o desejo de ver a cidade fotografada pelo Nuno, e também de posicionar Macau em relação a esse trabalho mais antigo” que, de acordo com uma entrevista feita em 2018 pela curadora ao fotógrafo, “foi um projecto que tinha como conceito inicial ser uma investigação artística sobre o impacto do crescimento urbano nas pessoas e no ambiente, assim como retratar a ligação entre arquitectura, espaço público e sociedade”.

O trabalho do artista, segundo o comunicado de imprensa, “aborda questões espaciais, de arquitectura e situações urbanas, através de formas ficcionais, poéticas e documentais”. Nuno Cera foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Berlim, em 2001; publicou o livro “Cimêncio” com o arquitecto Diogo Seixas Lopes, em 2002; foi nomeado para o prémio Besphoto 2004; fez uma residência artística no ISCP de Nova Iorque, em 2006; realizou o vídeo Sans, Souci e o projecto Futureland, em 2007 e 2008; foi seleccionado na XX edição da Bolsa Fundación Botin, Santander, com o projecto A Sinfonia do Desconhecido, em 2012; e nova residência artística na International Artist Residency Récollets, Paris, em 2013.

Foi o artista convidado pela A+A Books para fotografar a série de Guias de Arquitectura: Álvaro Siza, 2017, Eduardo Souto de Moura, 2018 e João Luís Carrilho da Graça, 2019. Em 2018, foi convidado para representar Portugal na 16ª Bienal de Arquitectura de Veneza e, actualmente, expõe “El Futuro ya ha Comenzado – Álvaro Siza Vieira, Manuel Marques de Aguiar e Nuno Cera, XIII Havana Biennial”, em Lisboa, de 12 de Abril a 25 de Maio.

26 Abr 2019

25 de Abril | Portugueses assinalam 45 anos de liberdade à mesa

A celebração de mais um aniversário do 25 de Abril volta a estar na agenda de hoje. Um jantar independente que se realiza há mais de 30 anos para celebrar a liberdade vai ter lugar no restaurante Galo e conta com a organização de Fernando Sales Lopes. O habitual convívio organizado pela Casa de Portugal tem assento reservado na Torre de Macau

 

[dropcap]A[/dropcap]contece há mais de 30 anos. É um jantar convívio que reúne amigos e desconhecidos à mesa. O objectivo é comemorar o 25 de Abril e a liberdade. Organizado por Fernando Sales Lopes, o assinalar dos 45 anos da data do fim da ditadura em Portugal tem lugar no restaurante O Galo, no NAPE. A partir das 20h, é tempo de comer, beber, conversar e recordar poemas e canções da revolução, numa actividade que, sem ser programada, também se pretende livre, como a data que se assinala. “Acontecem umas cantorias mais ou menos bem cantadas conforme os artistas presentes, mas o mais importante é que seja um evento livre, uma coisa de liberdade como o 25 de Abril é”, apontou Sales Lopes ao HM.

O organizador recordou ainda outros tempos deste convívio, tempos de “mais esplendor” em que havia meios e pessoas para participar em peças de teatro e outros apontamentos musicais. “Agora já não é assim”, mas o importante é que o 25 de Abril não seja esquecido, sublinhou. “Trata-se de uma data que não pode entrar no esquecimento” até porque a celebração do 25 de Abril é um acto que “faz sempre sentido”. “Temos que comemorar o fim da ditadura, temos que comemorar a liberdade e tudo aquilo que nos trouxe, é uma obrigação, pelo menos das pessoas que são pela democracia”, apontou.

Interesse de todos

A necessidade de manter vivo o momento que marca a liberdade em Portugal é válida para todos, independentemente da geração a que pertencem e inclui especialmente os mais novos que muitas vezes desconhecem este dia por culpa do próprio ensino que “se esquece de falar destas coisas”.

“Nota-se que nestas últimas gerações há pessoas que felizmente nem sabem o que foi o 25 de Abril, como se isso não tivesse importância nenhuma. Quando no fim de contas, tudo aquilo que vivemos hoje em Portugal tem tudo que ver com este acontecimento”, advertiu.

Além das falhas do ensino que têm este capítulo da história já no final dos currículos escolares e por isso, não é devidamente apresentado, Sales Lopes alerta ainda para pouca atractividade dos programas de divulgação da revolução para serem capazes de chegar a um público mais jovem.

“A televisão dá frequentemente entrevistas das pessoas que viveram o acontecimento na altura, ou seja, a ignorância dos jovens não acontece por falta de informação mas porque a informação dada é mal conduzida ou, dito de outra forma, é um prato fabricado de maneira que não oferece grande vontade de comer”, disse.

O organizador recordou ainda a origem deste convívio. “Nasceu há mais de 30 anos porque na altura eram raras as comemorações que existiam em Macau do 25 de Abril e achámos que isso fazia falta”. Por outro lado, no território esta data assume características particulares. “Aqui em Macau é ainda mais interessante”, disse. Sales Lopes que assistiu à transferência de administração considera que “a forma correcta como foi feita, sem interrupções sem aleijar ninguém e com respeito mútuo”, não seria possível sem o 25 de Abril . “Se não houvesse o 25 de Abril não teríamos relações com a China, como é que se conseguiria negociar uma coisa com um país sem se ter relações diplomáticas com ele?”, apontou.

Liberdade na Torre

“A necessidade de celebrar o 25 de Abril é cada vez maior”, referiu ao HM a presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, que organiza o jantar desta noite na Torre de Macau.

“Com tudo o que vemos a acontecer pelo mundo e na Europa, é importante recordar que aquilo que as pessoas hoje têm não é um dado adquirido, foi uma coisa pela qual se lutou muito, e portanto não é uma coisa que não seja reversível com tudo o que vemos acontecer”, justificou.

Daí, “a necessidade de que as pessoas estejam conscientes, mais ainda quando vemos o aparecimento de movimentos muito estranhos”, acrescentou.

Para combater o perigo futuro é preciso não esquecer, “manter a memória do que vivemos e do que não queremos ver regressar”. “As pessoas têm que estar atentas e ter a noção do que era o nosso país, de tudo o que o 25 de Abril trouxe: a liberdade das pessoas estudarem e abrir horizontes”.

“O habitual jantar de confraternização “vai ter lugar na Torre de Macau, a partir das 19h30. A animar as celebrações vai estar o agrupamento musical “Os Vocalistas”. Este ano a banda aparece numa versão diferente da que apresentou no ano passado na mesma data, e vai ser responsável por diferentes momentos musicais. Além do tradicional tributo ao 25 de Abril, com a interpretação de temas emblemáticos  que marcaram a luta contra a ditadura, “Os Vocalistas” vão ainda apresentar temas do seu último trabalho discográfico. A organização espera a participação de cerca de 200 pessoas, o “habitual”.

Os interessados ainda se podem inscrever ao longo do dia de hoje, através da Casa de Portugal. O valor de inscrição varia entre as 350 patacas para os sócios e as 450 para os não sócios e conta com a oferta de vinho.

25 Abr 2019

Politécnico de Macau acolheu concurso de declamação de poesia em português

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) acolheu, na semana passada, mais um concurso de declamação de poesia em português, que reúne anualmente alunos de universidades macaenses e do interior da China, anunciou hoje organização.

Em 2019, a iniciativa que se realiza há 14 anos contou com a participação de 25 jovens provenientes de dez instituições. Além de quatro universidades de Macau, estiveram representadas seis faculdades do interior da China.

A organização distinguiu este ano três alunos de Macau: o primeiro prémio foi atribuído a um aluno da Universidade de São José, Carlos Angelo de Guzmán, o segundo foi conquistado por Lu Yuhan, do IPM, e o terceiro por Xie Hanuy, da Universidade de Ciência e Tecnologia.

“A competição é hoje um evento muito importante na promoção das culturas e literaturas de língua portuguesa, constituindo um estímulo e um incentivo à leitura”, além de ser uma oportunidade “para apresentar o talento dos alunos que escolheram estudar português”, destacou o IPM, em comunicado.

A iniciativa é co-organizada pelo IPM e pela Direcção dos Serviços de Ensino Superior de Macau, com apoio da Fundação Rui Cunha e da Fundação Oriente. Desde 2005, o IPM já convidou a participar no concurso mais de 30 instituições, sediadas em Macau e em vários pontos da China.

No ano lectivo 2018/2019, o número de estudantes de português no IPM ronda os 500, de acordo com dados disponibilizados à Lusa no final do ano passado.

O IPM recebe ainda, todos os anos, 25 alunos do curso de licenciatura em tradução e interpretação chinês-português do Instituto Politécnico de Leiria.

24 Abr 2019

Livro | “Pássaros de Ferro”, de Maria Helena do Carmo, apresentado em Lisboa

Maria Helena do Carmo apresentou recentemente, na Fundação Casa de Macau, em Lisboa, o seu novo livro, intitulado “Pássaros de Ferro”, que aborda o período da Guerra Sino-Japonesa e do Pacífico. Em entrevista, a autora revela que a obra será também apresentada em Macau em Outubro e explica a sua ligação ao romance histórico

 

[dropcap]”P[/dropcap]ássaros de Ferro” é o mais recente livro de Maria Helena do Carmo, escritora que foi docente em Macau. Lançado em Março em Lisboa, com o apoio da Fundação Casa de Macau, a autora tenciona trazer o novo romance para Macau, em Outubro.

Em 2017 a autora publicou “Estórias de Amor em Macau”, uma edição do Instituto Internacional de Macau (IIM), que acabaria por ser fundamental para “Pássaros de Ferro”. Isto porque a obra de 2017 é composta por “doze contos sobre mulheres de diferentes etnias, que se destacaram das suas contemporâneas durante a ocupação portuguesa, do século XVI ao século XX, e foi aí que encontrei o tema para o este novo livro”.

“Como já havia escrito sobre o séc. XVII – “Nhónha Catarina de Noronha” -, do séc. XVIII o romance “Mercadores do Ópio” e “Bambu Quebrado”, referente ao séc. XIX, decidi investigar o período das Guerras Sino-Japonesa e do Pacífico”, adiantou ainda ao HM.

“Pássaros de Ferro” mantém, assim, o mesmo estilo dos livros anteriores, onde a História assume o protagonismo. “Este livro tem ainda mais investigação, por haver muita matéria publicada desse período em arquivos e uma vasta bibliografia.”

Macau surge neste livro retratada, de acordo com a autora, “com a maior fidelidade possível, de acordo com testemunhos da época, escritos e orais”. É também um livro “cronologicamente correcto, com relatos de factos verídicos, então ocorridos, dando às personagens os seus nomes verdadeiros”. “A ficção intromete-se apenas para dar corpo ao conteúdo do romance”, frisou.

Por contar

Formada em História e depois de ter dado aulas em Macau durante vários anos, Maria Helena do Carmo assegura que nunca abandonou as duas carreiras que abraçou. “Ainda não saí da investigação e do ensino. Não se pode escrever de uma época sem a investigar, e ainda lecciono História na Academia Cultural Sénior de Lagoa. Portanto, acho que sim, que os processos se complementam.”

A autora assegura que ainda não teve vontade de se aposentar. “A atracção pela escrita é antiga, só que nunca arranjei tempo para tal antes de me aposentar. A ideia do romance histórico surgiu quando investigava para a minha dissertação, ao encontrar inúmeros casos dignos de relevo, e de verificar que muitos documentos se contradiziam, ou pecavam por falta de fidelidade. Talvez de propósito, por uma política de sigilo do Governo, ou por desconhecimento da realidade, comecei a duvidar que fossem fidedignos, o que prejudicaria qualquer trabalho histórico. Porém, um trabalho de ficção dá toda a liberdade ao autor.”

A autora defende também que o território continua a ser fértil em temas para a escrita de novos romances. “Não faz ideia de quantas sugestões me são feitas por amigos, para explorar este ou aquele tema. Assim tivesse eu tempo para me deslocar a Lisboa e me entregar aos arquivos.”

Neste sentido, e numa altura em que se celebram os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, Maria Helena do Carmo não tem dúvidas de que há ainda “muitas histórias” por escrever.

“Umas que vivi nos anos em que residi na cidade, outras de amigos que lá moraram, ou ainda por lá estão, histórias que os textos deixam nas entrelinhas, figuras do passado que merecem destaque, enfim… Não penso parar, porque parar é morrer. Enquanto Deus me der vida, saúde, vista e esta vontade de trabalhar, continuarei a escrever no meu canto, onde me sinto tranquila”, concluiu.

24 Abr 2019

“Alma”, de Manuel Alegre, regressa às livrarias com prefácio de Mário Soares

[dropcap]U[/dropcap]ma nova edição do romance “Alma”, de Manuel Alegre, é publicada hoje, terça-feira, com um prefácio do ex-Presidente da República Mário Soares, que o aponta com “um grande romance de genuína ficção, criativo, original, transfigurado”.

Esta 16.ª edição de “Alma”, além da novidade do prefácio, inclui, no final, um curto texto do escritor Luiz Pacheco, sobre o romance, retirado do seu livro “Isto de Estar Vivo” (2000), no qual afirma que Manuel Alegre consegue nesta narrativa “uma emotiva incursão na sua infância, ao mesmo tempo que nos vai desdobrando o panorama de uma povoação provincial com o seu dia-a-dia marcado pela repressão e medo salazarista”.

Mário Soares, por seu turno, adverte: “‘Alma’ é um grande romance: é a história de uma terra de província, num dado momento histórico, com as suas personagens, o seu ritmo, as paisagens, o rio, os animais, especialmente os peixes e os pássaros, e um certo halo nostálgico da infância, recriada por uma memória intacta, límpida, selectiva, precisa nos mais ínfimos pormenores. Haverá a tentação de identificar ‘Alma’ com Águeda: erro grave, julgo”.

“‘Alma’ é um grande romance de genuína ficção, criativo, original, transfigurado”, escreveu Soares.
O texto agora recuperado como prefácio foi o da apresentação crítica do romance, lido em 21 de Dezembro de 1995, em Lisboa. Tanto Soares como Luiz Pacheco consideraram que Manuel Alegre devia dar continuidade ao romance.

Pacheco, dirigindo-se ao autor, afirmou: “Este seu romance pede, e exige, continuação. Trata-se de um testemunho precioso numa prosa tão directa e certeira como impregnada de emoção e sageza”.

Soares, por seu turno disse: “Não nos deixe com água na boca. Meta mãos ao trabalho. Conte-nos, depressa, o resto da história. Ou será que, ao contrário do que nos quiseram fazer crer há alguns anos, não estamos a viver o fim da História? E teremos de persistir nos nossos velhos combates?”.

Alma, como explica Mário Soares, é uma vila à beira rio, “num tempo parado, onde os ecos da Europa em guerra repercutiam esbatidos, mas provocavam nas famílias divisões insistentes, e onde Maria do Ó [uma das personagens], da mesma idade e vestida de anjinho, ‘só olha p’ró Duarte’ [outra personagem] e em cujos ‘olhos muito azuis começava [para ele] o sul'”. “Uma vila onde ficava a casa, ‘um castelo, um sítio sagrado, o último reduto’, onde reinava a avó Beatriz, detentora, por seu marido, da legitimidade republicana e oposicionista de Alma”.

Pacheco nota-lhe “um testemunho precioso” apresentado o escritor, em forma de metáfora, “uma povoação provincial com o seu dia-a-dia, marcado pela repressão e medo salazarista”.

Mário Soares, que dez anos mais teria o escritor como adversário para as eleições Presidenciais de 2006, recorda a cumplicidade com Alegre, de quem afirma: “Admiro o homem, na sua integridade, como um todo, nas suas qualidades e defeitos. Sou seu companheiro de ideal e de caminho, amigo fraterno, nas boas e nas más horas, com percursos políticos muito semelhantes, provados em tantas batalhas memoráveis, travadas em comum, cúmplices na maneira de estar e de sentir e num certo modo romântico ou, se preferirem, afectivo, de encarar os acontecimentos e de conviver com os outros”.

23 Abr 2019

Falta muito para conhecer a diversidade de vozes que vêm de África, diz Mia Couto

[dropcap]O[/dropcap] escritor e jornalista Mia Couto considera que “falta muito para a Europa conhecer a diversidade de vozes que vêm de África” e lamentou que, no contexto mundial, a África lusófona seja um “subúrbio do subúrbio”.

As declarações do escritor moçambicano foram feitas numa entrevista à agência Efe, no âmbito da festa literária de Saint Jordi, em Barcelona, na qual irá participar.

“A Europa não conhece a literatura africana e, embora a situação já tenha melhorado muito, continuam a ser alguns nomes, em boa parte nigerianos da diáspora, que contam uma certa visão do seu mundo, que é um mundo de mestiçagem, mas creio que ainda falta muito para conhecer o continente linguisticamente mais rico do mundo”, afirmou, em vésperas do Dia Mundial do Livro.
África – acrescentou – herdou algo que não é próprio, “um peso da Europa” que se traduziu em três Áfricas: a francófona, a anglófona e a lusófona. “Se África já é um subúrbio no contexto do mundo, a lusófona é um subúrbio do subúrbio, porque não tem o peso cultural do inglês e do francês”.

A herança linguística que Moçambique recebeu foi “uma conquista mútua, que compartilhamos” e, hoje, o português enriqueceu-se pelo Brasil e pelos cinco países africanos, e acabou aceitando contribuições de outras culturas, considerou.

O autor, que abordou a guerra civil moçambicana e o colonialismo português na sua obra literária, considera que “a paz, no sentido formal, é um processo ainda em curso” que durará enquanto continuar a existir uma força militar da RENAMO que reactive a violência sempre que não consiga no parlamento uma vitória política.

A contribuição da literatura para esse processo de paz é, na opinião do escritor, “ter feito uma incursão num território proibido: a memória da guerra”.

Mia Couto comentou que, se alguém visita hoje Moçambique, parece que não houve guerra e isso acontece porque “as pessoas optaram por esquecer, não foi uma coisa das forças políticas, mas sim das pessoas, pois as raízes da guerra continuam vivas e ninguém quer reabrir essa caixa de Pandora”.

A literatura ajudou a “visitar esse tempo cruel, a guerra, e tentou reumanizá-la através de histórias contadas às pessoas que nela intervieram”, disse.

Sobre o dia do livro, Mia Couto confessa que lhe falaram tanto de Sant Jordi que é como se já conhecesse a festa: “É algo estranho no mundo e isto é motivo de esperança nos tempos que correm”, comentou.

Os seus inícios na poesia foram resultado “mais de incompetência do que de competência” e, como filho de um poeta, cresceu com a poesia em casa.

“O meu pai vivia poeticamente e dava importância a coisas que não eram visíveis, que eram inúteis e isso ajudou-nos a ter uma visão do mundo. E foi ele quem me roubou os versos que saíram no jornal e que publicou sem a minha autorização; e embora na altura me tenha chateado muito com ele, agora estou-lhe eternamente agradecido”.

Apesar de posteriormente se ter dedicado à narrativa, Mia Couto continua a considerar-se “um poeta que conta histórias” e acrescenta que “em Moçambique é difícil não ser poeta, porque este encontro entre diferentes visões do mundo só se pode resolver através da poesia” e a África que conhece “é poética”.

O lirismo africano que se produz de norte a sul está intimamente ligado a uma cultura dominada pela “oralidade”, num continente em que as tradições orais estão muito vivas.

Sobre a questão do rigor, o escritor relatou: “Uma vez um macaco viu um peixe num rio e pensou pobre animal, está-se a afogar. Pegou nele e verificando que se mexia, pensou que era de felicidade, mas acabou por morrer. Pensou que se tivesse chegado antes, teria conseguido salvá-lo. O mundo está cheio de salvadores, e esta história foi o melhor combate à demagogia do político”.

Depois de ter recentemente publicado “Trilogia de Moçambique”/ “As Areias do Imperador” (“Mulheres de Cinzas”, “A Espada e a Azagaia” e “O Bebedor de Horizontes”), Mia Couto já tem escritos doze capítulos do seu novo livro, um romance sobre a infância na sua cidade natal da Beira.

“Ia visitar a minha cidade, para reactivar memórias, mas nessa semana ocorreu o furacão e não pude, e esse facto mudará profundamente esta história. Ia em busca das minhas recordações e alguns desses lugares já não existem”, assinalou Mia Couto, que se sente “perdido neste momento”, um pouco órfão da sua própria infância.

O escritor revela ainda a sua ligação à poesia de Lorca e de Miguel Hernández, como herança poética do pai, mas também por “empatia política com a história que encarnaram ambos”, um vínculo que perdurou no tempo, graças às versões musicadas de Joan Manuel Serrat.

23 Abr 2019

Investigação | Cinematografia da Ásia lusitana ao serviço do regime

[dropcap]F[/dropcap]ilmar em Goa, Timor e Macau representava viagens longas e custos elevados, o que explica o facto da “Ásia portuguesa” ter sido menos retratada no cinema do que as antigas colónias de África. Maria do Carmo Piçarra garantiu ao HM que o que se fez foram, essencialmente, filmes de propaganda.

“Durante muito tempo filmou-se pouco nas colónias da chamada Ásia portuguesa. Fizeram-se sobretudo filmes de propaganda políticos e filmes científicos onde os sinais de propaganda são muito fortes.”À época, não havia “uma produção própria, apesar de terem sido feitas tentativas em Goa”.

“No geral, Portugal não criou em nenhum dos sítios onde era potência colonial condições para se fazer cinema. Nem sequer havia televisão até à independência africana. Em Goa, a partir dos anos 50, arranca uma maneira muito ligeira de fazer cinema. Em Macau há depois uma produção internacional.”Em Timor, Maria do Carmo Piçarra destaca o trabalho de António Almeida.

“Nos anos 40 há uma tentativa de fazer filmes não apenas de propaganda política, mas também económica. É contratado um senhor para fazer três filmes para uma grande empresa que detinha a exploração de cacau em Timor. Nos anos 50 António Almeida, um antropólogo em missão, faz vários filmes que se confundem com os filmes de propaganda ao regime.”

Quem também retratou Timor foi o poeta português Ruy Cinatti. “Enquanto estava a fazer o seu doutoramento, Ruy Cinatti foi a Macau e comprou uma câmara de filmar. Depois pediu ajuda a Lisboa ao Instituto de Investigação Científica e Tropical e consegue que lhe enviem o operador que já tinha filmado para o António Almeida, chamado Nascimento Rodrigues.

Ambos registaram cerca de 13 horas de materiais que nunca foram montados, sem som. ”Por entre museus, o arquivo da RTP e espólios privados, a investigadora portuguesa denota uma grande dispersão do que se filmou na Ásia na altura, pelo facto dos territórios “terem histórias muito diferentes”.

23 Abr 2019

Manuel Antunes Amor, o primeiro realizador a retratar Macau

Em 1919 Manuel Antunes Amor foi para Macau trabalhar como inspector escolar, mas a sua paixão pelo cinema fez dele o primeiro realizador a filmar, ainda que de forma amadora, o território. A investigadora Maria do Carmo Piçarra fala hoje, em Lisboa, deste realizador e das formas como Macau, Goa e Timor foram retratados no cinema nos tempos do Império colonial português

 

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Macau, Cidade Progressiva e Monumental” e é provavelmente o primeiro filme feito sobre Macau. Datado de 1923, a autoria pertence a Manuel Antunes Amor, um homem que nunca fez do cinema a sua profissão, mas cujo trabalho amador acabaria por contribuir para uma representação de Macau do início do século XX.

O filme, que retrata o quotidiano da Baía da Praia Grande, das principais avenidas, dos riquexós e do jogo do “Clu-Clu”, entre outros pedaços da vida da população da altura, foi digitalizado em 2015 e pode ser visto hoje no website da Cinemateca Portuguesa.

O trabalho de Manuel Antunes Amor tem vindo a ser analisado por Maria do Carmo Piçarra, investigadora que apresenta hoje, na Universidade de Lisboa, a palestra “Cinema Império – Projecções dos arquivos e uma constelação de perguntas”, inserida no ciclo de conferências “Representações Visuais da ‘Ásia Portuguesa’ – Perspectivas críticas”.

Maria do Carmo Piçarra não tem dúvidas de que Manuel Antunes Amor “foi, de alguma forma, a primeira pessoa a fazer filmes em Goa e em Macau”.

A chegada do realizador amador ao território aconteceu em 1919, depois de uma passagem por Goa. “Ele foi convidado para ir para Macau fazer uma reconversão do ensino público. Aí passa três anos. Compra uma câmara de filmar e um projector portátil e começa a usar as suas sessões de cinema para ensinar os alunos do ensino primário.”

“Macau, Cidade Progressiva e Monumental” é, nas palavras de Maria do Carmo Piçarra, “um dos filmes mais antigos sobre as colónias e esteve, durante muitos anos, mal datado”. “Em 1922 está de regresso a Goa e faz uma série de filmes sobre as escolas locais que estão desaparecidos”, acrescentou.

Ainda em Goa, e antes do regresso a Macau, Manuel Antunes Amor já revelava uma predisposição para a sétima arte. “No final da primeira década do século XX estudou pedagogia na Alemanha e em 1915 ganhou o concurso público para ser inspector do ensino primário em Goa, para onde levou ideias muito avançadas para a época em termos de pedagogia.”

Além disso, Manuel Antunes Amor “era pintor e fotógrafo, e acompanhava a linguagem cinematográfica e tudo o que se passava no mundo nessa altura”.

Da propaganda

Com o passar dos anos, e após o regresso a Portugal ditado por motivos de saúde, em 1928, o trabalho amador de Manuel Antunes Amor acaba por ser usado pelos regimes políticos que se foram estabelecendo. Primeiro pela Ditadura Militar de 1926, depois pelo Estado Novo, em 1933.

“Ele começa a apresentar alguns filmes que fez em sessões privadas e que acabam por ser usados pelo regime português. O agente geral das colónias, Armando Cortesão, determina, com o apoio de Salazar, que Portugal deve participar nas grandes exposições coloniais da altura, e os filmes que Manuel Antunes Amor fez de Goa passam na exposição de Antuérpia, enquanto que as filmagens de Macau passam na exposição de Paris.”

O trabalho de investigação de Maria do Carmo Piçarra sobre o realizador está longe de estar terminado. “Um dos objectivos da minha pesquisa é tentar identificar materiais existentes de Manuel Antunes Amor. Desde que vim de Goa consegui encontrar o contacto de uma sobrinha, e tenho expectativas de que ela possa ter documentação ou um outro filme.”

A investigadora portuguesa regressa a Macau em Novembro para procurar mais informação sobre uma outra realizadora das primeiras décadas do século XX, de nome Lucrécia Borges, que geria uma produtora com o marido.

“Em 1925 há uma grande exposição em Macau e nesse período uma senhora, Lucrécia Borges, obtém a exclusividade para fazer filmagens no território durante um determinado período de tempo. Sobre essa senhora nunca se escreveu nada em Portugal. Tenho muita curiosidade”, frisou. Já sobre Manuel Antunes Amor, “tem-se escrito pouco e mal”.

O trabalho de Miguel Spiegel

Macau foi também retratada por Miguel Spiegel que, apesar de não ter nacionalidade portuguesa, residiu no país durante muitos anos. Este era “um grande apaixonado por Macau e fez vários filmes nas décadas de 50 e 70”.

“Alguns desses filmes eram de propaganda para o Estado português, mas também fez obras de propaganda turística e para a Polícia Judiciária sobre o consumo de ópio”, disse a investigadora. Além disso, Miguel Spiegel realizou “uma trilogia com elementos ficcionais”.

Maria do Carmo Piçarra tem vindo a deparar-se com uma quantidade de materiais dispersos que não ajudam ao seu trabalho de investigação sobre o cinema feito no antigo império português na Ásia (ver texto secundário). Macau, um território bastante retratado no cinema norte-americano e europeu a partir dos anos 50, é o território onde há uma maior organização.

“Há documentação mais bem organizada, mas não quer dizer que o acervo fílmico esteja muito bem tratado. Já percebi que não há cópias de filmes de realizadores portugueses e era importante que existissem. O último filme de António Lopes Ribeiro foi feito em Macau e não o consegui ver até hoje”, rematou.

23 Abr 2019

Filmes de Ira Sachs, Almodóvar e Ken Loach na competição do Festival de Cannes

[dropcap]O[/dropcap] filme “Frankie”, de Ira Sachs, rodado em Portugal, estreia-se em maio no Festival de Cinema de Cannes, cuja selecção oficial foi hoje anunciada com obras ainda de Pedro Almodóvar, Ken Loach e Kleber Mendonça Filho.

O Festival de Cinema de Cannes, que cumprirá a 72.ª edição de 14 a 25 de Maio, contará com quase uma vintena de filmes em competição pela Palma de Ouro, entre os quais “Frankie”, que o realizador norte-americano Ira Sachs rodou em Portugal, com co-produção, equipas técnicas e actores nacionais.

Rodado em Sintra, com co-produção de Luís Urbano e direcção de fotografia de Rui Poças, “Frankie” é interpretado por Isabelle Huppert, Brendan Gleeson e Marisa Tomei, num elenco que integra também Carloto Cotta, Ana Brandão e Márcia Breia. Estreia-se em Portugal em Outubro.

Da competição oficial fazem parte, entre outros, “Bacurau”, dos realizadores brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, “Dolor y Gloria”, de Pedro Almodóvar, “Sorry We Missed You”, de Ken Loach, “A Hidden Life”, de Terrence Malick, “Les Misérables”, primeira obra do realizador maliano Ladj Ly, e “Il Traditore”, de Marco Bellocchio.

A eles juntam-se ainda “The Dead Don’t Die”, filme de Jim Jarmusch que abrirá Cannes, e “Parasite”, que assinala o regresso do realizador sul-coreano Bong Joon Ho ao festival, depois de, em 2017, ter causado polémica – e aberto discussão – com “Okja”, produzido pela plataforma de ‘streamming’ Netflix.

Destaque ainda, na secção “Um certain regard”, para a inclusão de “Vida Invisível”, do realizador brasileiro Karim Ainouz, e “Liberté”, do espanhol Albert Serra, rodado em 2018 no Alentejo, com produção da Rosa Filmes.

Fora da competição oficial, Cannes escolheu, por exemplo, “Rocketman”, de Dexter Fletcher sobre Elton John, “Diego Maradona”, de Asif Kapadia, “Too Old To Die Young – North of Hollywood, West of Hell”, de Nicolas Winding Refn, e “Tommaso”, de Abel Ferrara.

Ainda com programação por anunciar, nomeadamente nos programas paralelos Quinzena dos Realizadores e Semana da Crítica, a direcção de Cannes revelou nas últimas semanas que o realizador mexicano Aejandro González Iñárritu presidirá ao júri da competição oficial.

O actor francês Alain Delon, 83 anos, receberá a Palma de Ouro de Honra e é feita ainda homenagem à cineasta Agnès Varda, recentemente falecida, a quem é dedicado o cartaz oficial do festival.

18 Abr 2019

Yo La Tengo ao vivo em Hong Kong a 10 de Julho

Os veteranos Yo La Tengo voltam aos palcos de Hong Kong a 10 de Julho no espaço This Town Needs, em Yau Tong – Kowloon. A celebrar 35 anos de carreira, os norte-americanos são uma referência incontornável da cena indie rock

 

[dropcap]E[/dropcap]les estão aí, outra vez. Yo La Tengo regressam a Hong Kong, depois da actuação no Clockenflap de 2016 e em 2014 no Music Zone – KITEC, para um concerto em nome individual. O espectáculo está marcado para o dia 10 de Julho no espaço This Town Needs, em Yau Tong na ponta sudeste de Kowloon.

A fazer 35 anos de carreira, a banda formada em New Jersey pelo casal Ira Kaplan e Georgia Hubley, um dos mais prolíferos casamentos dentro da instável cena do rock ‘n’ roll, regressa à região vizinha com 15 discos na bagagem e a reputação de banda ao vivo.

Com um vasto repertório, que compreende experimentações art-rock, explosões electrónicas, noise e baladas acústicas, a banda de New Jersey tem uma legião de fãs fiéis conquistados com actuações ao vivo que levam os espectadores entre os limites da experimentação eufórica até momentos de contemplação melancólica.

Aquando da participação no Clockenflap 2016, os Yo La Tengo deram uma masterclass sobre a mudança de géneros musicais, o que atesta bem a versatilidade musical da banda.

Gema dos 90

Apesar da discografia longa e da qualidade a que habituaram os fãs, há dois discos na carreira dos Yo La Tengo que são essenciais na história do indie rock dos anos 90, o sétimo e oitavo registo da carreira da banda de Ira Kaplan e Georgia Hubley. Em 1995, lançaram “Electr-O-Pura”, o segundo registo com o selo da Matador, um disco que firmou a reputação da banda em termos de influência. Deste disco é impossível não destacar malhas como “Decora”, “Tom Courtenay” e “Blue Line Swinger”.

No entanto, o ponto mais alto da discografia dos norte-americanos é “I Can Hear the Heart Beating as One”, de onde se retira uma das músicas mais emblemáticas da banda: “Autumn Sweater”.

Apesar de desde sempre ocuparem um lugar relativamente discreto, principalmente face à rebeldia de bandas como Sonic Youth, Dinosaur Jr, Pavement e Mudhoney, os Yo La Tengo foram trilhando o seu caminho como uma das bandas do indie rock com maior longevidade e qualidade consistente.

O concerto marcado para o This Town Needs não deve fugir à regra de habitual entrega em palco dos veteranos. Para os interessados, os bilhetes custam 490 dólares de Hong Kong.

18 Abr 2019

Associação Cultural da Vila da Taipa abre a porta às “fanzines”

Por Raquel Moz 

O tempo das fanzines está de volta. A exposição que hoje é inaugurada, no Taipa Village Art Space, traz ao público o movimento artístico que ressurgiu em Hong Kong nos últimos anos, de livre criação e produção artesanal de publicações culturais alternativas

[dropcap]A[/dropcap] primeira exposição colectiva da associação ZineCoop de Hong Kong, que reúne um conjunto de artistas e designers que se dedicam à publicação de “fanzines” – revistas e brochuras de nicho sobre temas diversos, com meios manuais de baixo custo e técnicas de impressão tradicionais –, vem, a convite da Associação Cultural da Vila da Taipa, mostrar em Macau a diversidade do que está a ser feito nesta área no território vizinho.

“See.Saw.Zine? Publish Yourself!” é o título e, também, o conceito do evento. São cerca de 200 publicações em exibição, organizadas por temas e conteúdos variados, que vão poder ser vistas e manuseadas pelos interessados, a partir de hoje e até 2 de Julho, na pequena galeria da Rua dos Clérigos na ilha da Taipa. Este acervo, produzido na íntegra por artistas oriundos de Hong Kong, faz parte da colecção permanente da ZineCoop, fundada por Beatrix Pang e Forrest Lau. Haverá também lugar à apresentação de alguns trabalhos de artistas macaenses, conversas e oficinas várias, espaço para leituras e venda de publicações.

“A ideia é tornar esta galeria numa plataforma cultural entre Hong Kong e Macau”, explicou ao Hoje Macau o curador da exposição, João Ó, “que servirá para abrir o diálogo entre os artistas interessados, muitos dos quais até já se conhecem entre si, no complexo mundo que é o da fanzine”. Mas o apelo deste formato de publicação interessa a um público bem mais generalizado, fora do âmbito do design e das artes gráficas, segundo o responsável, pelo que a descoberta destes trabalhos é uma proposta que deixa como sugestão, já para o próximo fim-de-semana alargado.

Há toda uma conjuntura sócio-cultural relacionada com o surgimento da fanzine, que tem “um potencial criativo fora dos mercados da publicação comercial, digamos que é uma forma manual de publicar um manifesto individual, de dar voz a um pensamento criativo. Eu também já fiz as minhas fanzines, em Lisboa, na altura da faculdade, com colagens e com escritos, com pensamentos soltos. Acho que é uma necessidade de dar voz a esse tipo de pensamento criativo, em que a arte não é só estabelecida nos parâmetros das esferas artísticas mais assumidas, como a pintura, escultura, serigrafia, etc.”. E são muitos os exemplos de “movimentos artísticos e políticos que surgem com o manifesto da fanzine”, comentou.

Nas tuas mãos

Para o curador da mostra, numa época em que as comunicações electrónicas dominam o espaço de intervenção cultural, nomeadamente através do poder das redes sociais, ressurgem agora as fanzines – combinação das palavras “fan” e “magazine” inglesas – como fenómenos diferenciados que recuperam o faça-você-mesmo artesanal, disseminados entre grupos com os mesmos interesses culturais (de subcultura e de contracultura). Os conteúdos vão das artes plásticas à música, do cinema à política, da vida quotidiana à intervenção social, com técnicas tão diversas como a escrita, a ilustração, a colagem ou a fotografia, adiantou ainda João Ó.

Os fundadores e membros da ZineCoop vão passar pelo Art Space em variados momentos, ao longo destes dois meses e meio, para participar em conversas e workshops. A partilha de experiências e técnicas de produção são o mote das oficinas, que se encontram agendadas para quatro sábados, nos meses de Maio (dias 4 e 18) e de Junho (dias 15 e 29). Os temas serão, respectivamente, “Chit-Chat ZINE with Graphic Designers”, “Risograph and ZINE Explosion in Hong Kong”, “Make ZINE, We Connect!” e “Risograph Mini ZINE Workshop”.

17 Abr 2019

Exposição | Artistas de Macau apresentam a sua visão do Mercado Vermelho

O Albergue SCM e a Associação Cultural d’As Entranhas lançaram o repto a 15 artistas locais: pensar o Mercado Vermelho fora do quadrado, mas dentro da caixa. A ideia era juntar diferentes propostas, com base em formações e técnicas diversas, num formato de 40X40 centímetros. A inauguração é a 24 de Abril

“MERCADO VERMELHO” é o título da mostra colectiva que no próximo dia 24 de Abril, quarta-feira, inaugura pelas 18h30 na galeria D1 do Albergue SCM. Quinze artistas locais foram convidados a interpretar o tema, criando as suas versões do icónico edifício em formato de caixas de luz, através das quais o público vai poder conhecer as diferentes leituras que resultaram da proposta inicial. As reflexões exprimem as técnicas artísticas e as formações dos participantes – pintores, designers, arquitectos, fotógrafos e outros entusiastas da cultura local – que tiveram cerca de três meses para apresentar a sua ideia.

“A proposta que fiz aos artistas, creio que, mais do que os orientar, desorientou-os… Disse-lhes que gostava de fazer uma exposição sobre o Mercado Vermelho e que tinham uma caixa de luz, cada um, para trabalhar. Porque a exposição não vai ser na parede, é uma exposição para ser apresentada do ponto de vista de quem vê, na vertical, como se fossem as bancas do mercado. Dei-lhes então um quadrado de 40 por 40 para eles trabalharem”, explica a curadora da exposição, e produtora cultural do Albergue SCM, Vera Paz.

As obras originais têm a assinatura de Carlos Marreiros, Guilherme Ung Vai Meng, António Leong, Adalberto Tenreiro, Bernardo Amorim, Chan Hin Io, Henrique Silva, João Palla, Alexandre Marreiros, António Salas Sanmarful, Pedro Paz, António Mil-Homens, Cai Guo Jie, Chan Chi Lek e Vera Paz. “Todas as abordagens são diferentes, as peças são muito díspares”, confidencia a responsável, para quem começa agora a colocação em cena dos trabalhos.

“O repto foi lançado no início deste ano”, conta Vera Paz, mas era já uma vontade antiga. “O Mercado Vermelho faz parte das minhas memórias de infância. Em 1984, quando cheguei a Macau, lembro-me de ir com a minha mãe ao mercado e de aquilo me impressionar bastante. Tinha 10 anos e era tão diferente do que estávamos habituados em Portugal: a luz vermelha, os peixes cortados ao meio, tudo aquilo vivo, o cheiro… nunca mais me esqueço da impressão que me causou. E a água, sempre a correr, parecia-me sempre um cenário um pouco aterrorizador. De modo que, quando voltei, 35 anos depois, fiquei com vontade de fazer um fresco, uma reflexão, sobre estes ambientes e essas impressões que ainda eram tão presentes para mim”. A demanda individual passou a trabalho colectivo, buscando com outros artistas, residentes de longa data no território, variações sobre a mesma ideia de base.

Enquanto edifício de carácter público, [o Mercado Vermelho] é talvez “o melhor embaixador do período do ArtDeco ou Tropical-Deco em Macau dos anos trinta”.

Embaixador do ArtDeco

Concebido pelo arquitecto macaense Júlio Alberto Basto em 1934, o Mercado Vermelho foi inaugurado em Junho de 1936, e classificado como “edifício de interesse arquitectónico” em 1992. Enquanto edifício de carácter público, é talvez “o melhor embaixador do período do ArtDeco ou Tropical-Deco em Macau dos anos trinta”, conforme descrevia Carlos Marreiros – um dos artistas da exposição colectiva –, num artigo de 1985 da Revista Nam Van.

“De todos os bairros existentes em Macau, nenhum há que ofereça melhores condições de desenvolvimento urbano, em linhas modernas, que a Flora e o Mong Há, situados como se encontram, na zona mais plana da Colónia”, começava a memória descritiva do projecto de arquitectura de Júlio Alberto Basto, com data de 09.11.34, para a construção de um mercado, mais tarde nomeado Mercado Municipal Almirante Lacerda, hoje vulgarizado como Mercado Vermelho, segundo o mesmo artigo do arquitecto Carlos Marreiros.

Situado ao fundo da Avenida Almirante Lacerda, a obra foi, à época, alvo de forte oposição pelos negociantes e proprietários de comércio do mercado adjacente, de San Kio, que temiam perder a sua fonte de rendimento e clientela. Segundo documentação do Arquivo de Macau, o Leal Senado avançou, assim mesmo, com a intenção de construir uma infra-estrutura de maior dimensão, correspondente à estandardização moderna de higiene para aquela altura, que iria satisfazer a necessidade de crescimento contínuo da população de San Kio e de Sa Kong, o que aconteceu em dobro e em triplo, de acordo com a mesma fonte.

Saídos de uma nova geração de arquitectos, Júlio Alberto Basto, juntamente com Bernardino de Senna Fernandes e Canavarro Nolasco, entre outros, viriam a introduzir elementos de modernidade à instalada corrente neo-classizante que até aí predominava, pode ler-se ainda no antigo texto de Carlos Marreiros.E hoje, 82 anos depois da sua edificação, o que evoca o Mercado Vermelho para todos estes artistas? É ir ver às bancas de luz do mercado improvisado do Albergue, de amanhã a uma semana.

Albergue | Season Lao e Haguri Sato mostram trabalhos

É inaugurada esta quarta-feira uma nova exposição no espaço do Albergue SCM, com trabalhos de Season Lao e Haguri Sato. Vão estar expostos 36 trabalhos marcados pelo design gráfico de Season Lao, que, apesar de ter nascido em Macau, mudou-se para o Japão, mais precisamente para Hokkaido. Será também mostrado o trabalho de Haguri Sato, natural do Japão e que trabalha essencialmente com escultura. Season Lao licenciou-se no Instituto Politécnico de Macau e tem estado envolvido em inúmeros projectos de design. Desde o tremor de terra de grandes dimensões que assolou o Japão, em 2011, o artista sentiu necessidade de enfatizar, no seu trabalho, a forma como seres humanos e o meio ambiente coexistem no mesmo espaço. A sua obra mantém não só uma ligação à arte oriental como também reflecte os problemas contemporâneos da globalização. A exposição conta com o apoio da Fundação Macau e estará patente até ao dia 8 de Maio, com entrada gratuita.


IC | Abertas candidaturas para Exposição de Artistas de Macau 2019

O Instituto Cultural (IC) está a aceitar candidaturas de trabalhos para integrar na Exposição de Artistas de Macau 2019. As propostas podem ser entregues até ao próximo dia 20 de Maio. Esta iniciativa conta com organização do Museu de Arte de Macau (MAM) e do Museu Nacional de Arte da China (NAMOC) e tem como objectivo “promover a interacção entre as comunidades artísticas de Macau e do Interior da China e reforçar a transmissão de tradições e a inovação no desenvolvimento das artes visuais de Macau”. Os candidatos devem ter idade igual ou superior a 18 anos e possuir Bilhete de Identidade de Residente permanente ou não permanente de Macau, e concorrer individualmente. Os trabalhos apresentados devem ser originais concluídos nos últimos dois anos e nunca terem sido exibidos publicamente. As categorias de meios de expressão artística são: pintura e caligrafia chinesas, pintura ocidental e artes tridimensionais ou cross media.


Concerto | LMA recebe banda de tributo a Foo Fighters a 27 de Abril

Os Faux Fighters, banda de tributo ao conjunto liderado por Dave Grohl, actuam no LMA no próximo dia 27 de Abril às 21h. Formados em 2012 por S. Chelsea Scott, que por coincidência é muito parecido com o líder dos Foo Fighters e ex-baterista de Nirvana, a banda de covers é conhecida pelos concertos intensos e divertidos, captando na perfeição a essência dos Foo Fighters. Quem quiser ouvir “Everlong” e “Learn to Fly” tem de desembolsar 100 patacas, se comprar o ingresso antecipadamente, ou 120 patacas à porta da sala da Coronel Mesquita.

17 Abr 2019

Creative Macau mostra Crónicas Imaginárias

[dropcap]O[/dropcap] Centro de Indústrias Criativas – Creative Macau – inaugurou ontem a exposição “Crónicas Imaginárias”, com novos trabalhos de Tong Chong e Noah Ng Fong Chao que podem ser vistos até ao dia 18 de Abril. Os dois artistas assinam uma mostra conjunta de obras, que compõem as Blossom Series e The Pleasure, respectivamente, patente ao público entre as 14h e as 19h.

A primeira explora a definição de beleza através das nuances da vida diária da população, uma proposta de Tong Chong que questiona o impacto da informação e da tecnologia nos hábitos e nas tradições das pessoas, influenciando novas formas de entendimento do conceito de beleza, pode ler-se no comunicado de imprensa da organização.

A arte de Noah Ng Fong Chao explora as diferenças culturais e o potencial de conflito cognitivo, entre perspectivas orientais e ocidentais, como base da criação artística. Esta proposta tem como ponto de partida a “Peregrinação a Lingnan” de Ye Quan, autor de referência da Escola de Pintura de Lingnan, na província de Guangdong, que se especializou na pintura de elementos da natureza – sobretudo flores e pássaros – incorporando técnicas de pintura ocidental, acrescenta o comunicado.

Tong Chong estudou Artes Modernas no Instituto de Artes Visuais de Macau, fez o bacharelato de Artes Visuais no Instituto Politécnico de Macau e obteve um mestrado em Artes na Academia de Belas Artes de Guangzhou, contando com mais de 190 exposições colectivas e 10 individuais no currículo.

Noah Ng Fong Chao, natural da província de Zhejiang, vive em Macau desde 1984, onde estudou gravura, pintura moderna, fotografia e outros meios no Instituto de Artes Visuais de Macau.

Licenciou-se em Artes Visuais (pintura a óleo), tirou o mestrado de Artes em Investigação e Criação Artística Moderna e Contemporânea na Academia de Belas Artes de Guangzhou e é hoje programador de exposições no Museu de Artes de Macau. Participou, desde 1990, em mais de 100 exposições colectivas na China e no estrangeiro.

15 Abr 2019

Editora “Mandarina Books” aposta na literatura e conteúdos infantis

Catarina Mesquita, jornalista portuguesa radicada em Macau, decidiu lançar a “Mandarina Books”, uma editora de livros para a infância e pretende também produzir conteúdos para um público mais jovem. Na agenda para este ano está uma exposição de ilustração a acontecer no território

[dropcap]N[/dropcap]um mercado editorial de pequena dimensão como é o de Macau, a jornalista Catarina Mesquita decidiu explorar o nicho da literatura para a infância e abrir uma nova editora. Chama-se “Mandarina Books”, tem alguns meses de existência e pretende trabalhar com os dois idiomas oficiais do território e o inglês, conforme contou a fundadora ao HM.

“Somos uma editora e produtora de conteúdos para a infância, mas somos, na nossa essência, apaixonados pela cultura para os mais novos. Temos alguns planos que não passam só pela edição de livros, mas também por trazer a Macau projectos tanto para as crianças, como para os pais. Momentos que os levem a pensar, a estar juntos e a transformar sonhos em realidade.”

Catarina Mesquita pretende, com a “Mandarina Books”, publicar “não só conteúdos originais como obras que já existam e não estejam disponíveis no mercado em outras línguas”.

Apesar de ser um projecto muito recente, já existem eventos em carteira. “Estivemos recentemente na Feira Internacional do Livro Infantil a fechar alguns contratos com outras editoras nossas parceiras para que possamos editar ainda este ano algumas colecções de livros de histórias já editadas no estrangeiro.

O primeiro livro original sairá para as bancas a 1 de Junho, Dia Internacional da Criança, e será “mais interactivo” do que as obras comuns para os mais pequenos. “Estamos a olear a máquina para que assim que ela comece a trabalhar a todo o gás possamos pôr conteúdos de qualidade cá fora”, adiantou Catarina Mesquita.

Como a aposta da “Mandarina Books” passa também pela ilustração, Macau poderá esperar uma iniciativa nesta área. “Uma exposição de ilustração está também na agenda deste ano ainda com data a definir, para que seja um momento em família e de forma a que as crianças possam também cada vez mais ir a exposições e se liguem ao mundo ‘offline’”.

Isto porque quem faz a “Mandarina Books” assume que a ilustração é “uma paixão”. “Queremos também dar especial importância a quem dá cor ao mundo infantil reunindo assim um portfólio de ilustradores de Macau ou residentes em Macau que possam ver os seus trabalhos publicados em outros lugares”, frisou.

A sorte das mandarinas

O nome da editora vem do famoso fruto que se diz dar boa sorte, e que na época do Ano Novo Chinês se encontra à porta de vários estabelecimentos. “O nome surge da necessidade de criar uma pequena mascote. Foi inspirado nas mandarinas da China, um fruto tradicional desta região e cujo significado de prosperidade e sorte se quer ver associado a este projecto.”

Catarina Mesquita ansiava pela criação da editora há cinco anos, data em que se mudou de Portugal para Macau. “A Mandarina tem sido um trabalho de paciência quase como que plantar uma árvore (lá está, de mandarinas). Lancei as sementes e com o tempo elas foram crescendo, furaram a terra e estão agora a começar a dar os primeiros frutos. Queremos que esta árvore seja resistente ao ponto de muitos quererem construir uma casa nesta árvore – colaborando connosco seja com os seus textos há muito guardados na gaveta, seja com ilustrações.”

A jornalista já tinha trabalhado na área da literatura para a infância, uma experiência que nunca esqueceu. “Percebi que não era apenas uma área em que eu gostava de trabalhar mas também uma área que tem muito para dar a Macau.”

Catarina Mesquita percepcionou “a necessidade do mercado de conteúdos nas três línguas”, além do facto de que “existem muitas crianças em Macau e muitos pais que querem que as crianças aprendam línguas através do contacto com os livros”.

A “Mandarina Books” entra no mercado editorial numa altura em que os mais pequenos não passam sem o recurso às novas tecnologias. “É um desafio interessante vingar numa fase em que os estímulos para as crianças são brutais como os tablets, os telefones e as televisões. Sou duma geração em que recebíamos sempre um livro desde que éramos bebés até terem surgido os telefones.”

“Sinto que há muitos pais a quererem combater isto com a força de um livro e é aí que a Mandarina quer estar: ao lado dos pais que ainda querem que os seus filhos alimentem a imaginação com histórias e das crianças que podem perceber que um livro pode mesmo ser um amigo”, concluiu.

Pela qualidade

Para os próximos meses, Catarina Mesquita assume querer investir mais na qualidade do que na quantidade. “Já há algumas ofertas no mercado e não queremos encher prateleiras de livros. Há quem caia no erro de achar que um livro infantil, por si só é um projecto fácil: juntamos ilustração a um texto e já está. Costumo dizer que o mercado para a infância é o mais exigente: o olhar das crianças é crítico, inteligente e não tem filtros”, apontou.

Apesar da editora pretender trabalhar com as três línguas, Catarina Mesquita pretende chegar ao público falante de chinês. “Temos a ambição de chegar aos leitores chineses essencialmente para também nós aprendermos com ele. A nossa equipa é essencialmente estrangeira e conhecemos a realidade dos nossos países que estão habituados a lidar com o livro infantil desde pequenos”, rematou.

15 Abr 2019

Fotografia do ano do World Press Photo 2019 é do norte-americano John Moore

[dropcap]A[/dropcap] fotografia do ano do World Press Photo 2019 é da autoria do norte-americano John Moore, anunciou ontem a organização dos prémios em Amesterdão, na Holanda.

A foto, captada em 12 de Junho de 2018, mostra uma menina hondurenha a chorar quando a mãe é revistada e detida próximo da fronteira dos Estados Unidos com o México, em McAllen, no Texas.

A imagem, que valeu ao fotógrafo norte-americano um prémio de 10 mil euros, foi capa da revista Time e gerou a contestação ao programa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de separação das famílias de imigrantes.

Em declarações posteriores ao jornal britânico Daily Mail, o pai da menina disse que a filha não foi retirada à mãe e que ambas foram detidas juntas.

Para John Moore, a “imagem tocou os corações de muitas pessoas”, como o seu, porque “humaniza uma história maior”.

Segundo um dos membros do júri da competição, a fotojornalista brasileira Alice Martins, a fotografia de Moore mostra “uma violência diferente, que é psicológica”.

Ao World Press Photo 2019 concorreram 78.801 trabalhos de 4.738 fotógrafos.

O fotojornalista português Mário Cruz, que trabalha na agência Lusa mas que concorreu com um trabalho independente, ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo a flutuar num rio filipino.

12 Abr 2019

Fotografia tirada nas Filipinas dá a Mário Cruz o terceiro lugar no World Press Photo

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, no World Press Photo 2019, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo, a flutuar num rio filipino, foi ontem anunciado.

Os vencedores do World Press Photo deste ano foram anunciados numa cerimónia em Amesterdão, na Holanda.

Na mesma categoria de Ambiente, em imagem ‘single’, o primeiro lugar foi atribuído ao fotógrafo sul-africano Brent Stirton, com uma foto do treino no Zimbabué de uma mulher que pertence ao Akashinga, grupo formado por mulheres que luta contra a caça ilegal nas reservas naturais.

No segundo lugar ficou o fotógrafo norte-americano Wally Skalij, do jornal Los Angeles Times, com a fotografia de dois cavalos amarrados a um poste e que foram salvos das chamas num violento incêndio que atingiu em Novembro a Califórnia, nos Estados Unidos.

A imagem premiada de Mário Cruz mostra uma criança a recolher materiais recicláveis, para obter algum tipo de rendimento que lhe permita ajudar a família, deitada num colchão rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990.

Para o fotojornalista, esta imagem “é um apelo que merece reacção rápida”.

“Nós vemos imagens de praias com lixo no areal e ficamos incomodados, mas estas pessoas em Manila [capital das Filipinas] estão rodeadas de lixo diariamente, já há muitos anos, e isto merece a nossa reacção rápida”, afirmou Mário Cruz em declarações à Lusa, aquando do anúncio da nomeação para o World Press Photo.

A fotografia vencedora foi captada nesse sentido: “No fundo é um apelo para que não se ignore o que não pode ser ignorado”, disse.

Os habitantes daquelas comunidades tentaram, sem sucesso, ir viver para a capital das Filipinas e acabaram por criar construções ilegais junto ao rio, onde vivem, sem saneamento, e muitos deles da reciclagem do lixo que é atirado fora.

“É um problema que se arrastou, e está a agravar-se tomando dimensões preocupantes”, alertou o fotojornalista, acrescentando que viu estuários, criados para impedir as cheias, cheios de lixo.

“Neste momento só se vê lixo. É dramático olhar para um canal de água e não ver a água, só plástico, e isso merece sem dúvida uma reacção”, reiterou Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal.

Além de Mário Cruz, outros dois fotógrafos foram premiados na categoria Ambiente em imagem ‘single’: o sul africano Brent Stirton (que ficou em primeiro lugar) e o norte-americano Wally Skalij (em segundo).

A fotografia premiada faz parte de um trabalho que Mário Cruz desenvolveu nas Filipnas, baptizado “Living Among What’s Left Behind” (“Vivendo entre o que é deixado para trás”, em português), que reúne imagens que o fotojornalista captou durante um mês nas Filipinas, onde visitou comunidades que vivem ao longo do rio Pasig, testemunhando uma situação extrema de poluição ambiental que os habitantes enfrentam há décadas.

Esse trabalho deu origem a uma exposição, patente até 26 de maio no Palácio Anjos em Algés, concelho de Oeiras, onde é possível ver-se 40 imagens, das milhares captadas pelo fotógrafo nas Filipinas.

No dia da inauguração da mostra, no passado sábado, foi apresentado um livro, editado pela Nomad e desenvolvido pelo Estúdio Degrau, com “70 fotografias, entre o preto e branco e as cores, que retratam, de forma crua, a realidade que Mário Cruz encontrou em Manila”, de acordo com a equipa editorial da Nomad.

A capa do livro foi produzida “através do processamento de 160 quilogramas de resíduos industriais e desperdícios de uso doméstico”, sendo cada uma “criada individualmente e à mão, resultando em exemplares com capas únicas, que simbolizam a abundância de lixo deixado para trás”.

Esta é a segunda vez que Mário Cruz, de 31 anos, é premiado no World Press Photo.
Em 2016, o fotojornalista português conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos do World Press Photo, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças.

12 Abr 2019

Obras de Leonardo da Vinci e outros mestres renascentistas expostas em Macau

[dropcap]D[/dropcap]esenhos de Leonardo da Vinci, Michelangelo e outros mestres renascentistas italianos estão a partir de ontem patentes no Museu de Arte de Macau (MAM), numa exposição que assinala a primeira colaboração com o British Museum.

No ano em que se cumprem os 500 anos da morte de Da Vinci, o Museu de Arte de Macau, com 20 anos de existência, concretizou por fim o “desejo antigo” de trabalhar com o “primeiro museu público do mundo”, disse à agência Lusa a curadora do MAM, Margarida Saraiva.

“Era um desejo antigo trabalharmos com o British Museu, que tem uma das maiores colecções de arte do mundo. Nesta ocasião juntou-se a celebração do 20.º aniversário do MAM e os 500 anos da morte” do autor de Mona Lisa, explicou à margem da inauguração.

A mostra apresenta 52 desenhos originais de 42 mestres da Renascença italiana – entre da Vinci, Michelangelo, Ticiano, Rafael, Rosso Fiorentino, Mantegna e Correggio – e explora a importância do desenho no processo criativo dos artistas entre 1470 e 1580.

Em Macau, uma terra que “sempre foi uma plataforma de arte” e onde o missionário renascentista italiano Matteo Ricci esteve “durante alguns anos”, a exposição serve também para falar deste antigo enclave português como “um lugar de encontros”, sublinhou a curadora.

“O papel, a base de qualquer desenho, é uma invenção chinesa. É a grande disponibilidade de desenho de papel na Itália da Renascença que faz com que o desenho tenha a importância que tem”, recordou.

Mas se Itália deve à China o papel, a China deve aos italianos a “perspectiva”, introduzida na corte chinesa por Matteo Ricci em 1601, através de um mapa-mundo que já descrevia “todas as descobertas geográficas que acompanham o período da Renascença”.

Impresso na China um ano depois, o mapa fez com que a perspectiva passasse a ter, desde então, um “impacto na arte produzida na China”, salientou.

A exposição, intitulada “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum” e que pretende ser inclusiva – foram usadas técnicas de impressão 3D para criar experiências tácteis de algumas das obras de arte apresentadas -, está patente no MAM até 30 de Junho.

12 Abr 2019

“Photometragens” de João Miguel Barros é inaugurada hoje nas Oficinas Navais, nº1

“Photometragens” traz a partir de hoje, pelas 18h30, aos Estaleiros Navais nº 1, doze histórias independentes e aleatórias de João Miguel Barros. As narrativas são contadas através de mais de 100 fotografias, acompanhadas por palavras, como se de um “livro de contos” se tratasse

 

[dropcap]V[/dropcap]inha da direita, seguro do caminho a seguir, mas foi forçado a parar. Estava, sem dúvida, numa encruzilhada e obrigado a fazer opções. E logo agora, de novo, depois de um processo doloroso que o obrigara a fazer escolhas próprias de quem não tem escolha…”. Este é um excerto do texto que acompanha a história do primeiro capítulo de “Photometragens”, a exposição do João Miguel Barros que tem inauguração marcada para hoje, pelas 18h30, nos Estaleiros Navais, nº1.

Na parede da nova estrutura situada na Barra, está uma instalação com 30 imagens que mostram fragmentos desordenados de um viaduto. “A composição desta instalação é a mistura dos muitos sentidos possíveis que uma pessoa pode escolher. É um bocadinho caótico, mas o título acaba por ser ‘Sentido único’”, explica o fotógrafo ao HM.

Este é o primeiro dos doze capítulos da mostra onde o artista junta palavras à imagem para conseguir “uma síntese de uma reflexão sobre aquilo que se vê e se sente”. “Nós olhamos muito mas vemos pouco e isto é uma tentativa de cristalizar em imagens muito simples”, revela.

Por outro lado, trata-se de uma exposição para ser vista como quem “lê um livro de contos porque são narrativas independentes entre si em que não existe uma unicidade temática”.

Ao “Sentido único”, seguem-se as “As árvores”, um segundo capítulo que “acaba por ser um bocadinho a síntese de dois mundos”, aponta, referindo-se ao oriente e ocidente, regiões entre as quais o autor se move. Aqui, e do lado esquerdo da parede está uma imagem que apresenta árvores de bambu. A história continua com outras espécies e termina com duas fotografias de oliveiras “uma coisa muito portuguesa”. No texto que acompanha a narrativa lê-se: “A vida levou-o a outras paragens. Ficou sem a imensidão desses descampados, mas conseguiu conquistar o direito a ter meia dúzia de oliveiras no seu quintal, que admirava pela sua eterna juventude”.

É com as fotografias das oliveiras como referência que João Miguel Barros fala da sua predilecção pela imagem a preto e branco como sendo uma opção pessoal para “recriar a realidade”. “As cores são normalmente o que se vê. Quanto queremos recriar temos que partir para outras formas de representar a realidade”, refere.

Mar em movimento

“Ainda miúdo perguntava ao avô, no meio de muitas histórias de bravos marinheiros e gigantes marinhos por descobrir: ‘quantas marés cabem neste mar?’. E recordava que invariavelmente ele lhe respondia: ‘todas as que conseguires contar’”, é com base neste excerto que João Miguel Barros convida o público para um capítulo interactivo, o das “Marés vivas”.

Neste terceiro momento, as imagens além das palavras, vão ser acompanhadas por um vídeo em que as pessoas são convidadas a sentar-se e olhar para o mar em movimento. “Na experiência que tive quando este vídeo passou no Museu Berardo as pessoas sentavam-se e começavam a contar as marés. O mar tem este sentido hipnótico”, diz o fotógrafo. Para João Miguel Barros trata-se da série “mais completa, apresentando ainda um conjunto de nove fotografias que mostram a evolução da água que vai avançando na areia ao longo de maré”.

“Visões Nocturnas III” marca o quarto capítulo de “Photometragens” e reflecte o fascínio do fotógrafo pela imagem nocturna. “Esta é uma das séries das ‘Visões Nocturnas’ que são centradas na noite ou nas escuridões”, aponta. Esta obscuridade permite várias interpretações.

Ao passar por esta parte da mostra o autor comenta que “a maioria destes capítulos são contemplativos, mas em todos eles há uma preocupação fundamental que tem que ver com o contar uma história”. A ideia torna-se tão mais importante quando se vive uma altura em que a fotografia está acessível a todos. “Toda a gente faz fotografais fantásticas com um telemóvel mas o que distingue o nível a seguir da fotografia é a história e a capacidade de a contar, e aquilo que ainda está acima disso é a capacidade de contar histórias com uma dimensão humana. Ainda não estou nesse patamar”, sublinha.

À noite sucede-se “O precipício” que nasceu “de uma experiência em que há um corpo que se tenta equilibrar em cima de uma corda”. Aqui o fotógrafo tenta captar o movimento em contra luz. Mais uma vez João Miguel Barros destaca o seu gosto especial pelos pretos e brancos e explica agora que as edições que faz não vão além de meros ajustes. “Nunca coloco numa imagem o que não existe nem tiro o que lá está. Não faço manipulação de imagens nesse sentido.

O que é feito é apenas um ajustamento àquilo que é o padrão estético escolhido para o trabalho em causa”, aponta.

O mar regressa na série que integra o sexto capítulo, “Salgados II”. A história resulta das idas do autor à praia homónima que frequenta todos os anos, conhecida não só pela sua beleza, mas também enquanto ponto privilegiado de observação de pássaros. É o contacto com a natureza e com quem nela habita que João Miguel Barros traz nesta série feita numa madrugada.

Factor surpresa

“Entre o olhar e a alucinação” já é um trabalho conhecido no território. As três imagens de “Photometragens” foram expostas em 2017 fazendo parte da primeira exposição individual do autor. A série traz ao público “a ambiguidade daquilo que vemos à nossa frente quando não há nada, aquilo que realmente estamos a ver e o que de repente pode acontecer sem sabermos o que vamos ver”, explica o fotógrafo.

Uma característica que sobressai em grande parte desta mostra é a presença de imagens em grande formato . A ideia é que as imagens comuniquem com quem as vê numa escala semelhante. “As fotografias em grande formato falam para o público por igual, ou seja , a dimensão da fotografia faz com que a imagem fale com as pessoas à mesma escala. Quando quisermos comunicar de forma intimista podemos escolher uma fotografia de pequeno formato. Têm que se escolher fotografias pequenas até para obrigar à aproximação necessária”, explica o fotógrafo.

Depois da alucinação, o público é convidado a ver o “Teatro Vazio”. Este capítulo composto por duas imagens, as mais antigas de todo o projecto, registadas em 2013, é uma homenagem às pessoas invisuais, adianta João Miguel Barros. Trata-se de uma história “um bocadinho emocional”, de uma bailarina que tinha tido naquele palco os seus momentos de glória e que agora ali regressa para recordar o que já não existe. É uma homenagem secreta aos invisuais, às pessoas que não conseguem ver”, revela. Nas palavras que acompanham as imagens o autor destaca o excerto: “Com o bastão a varrer o espaço à sua frente, caminhando amparada pela linha contínua das bordas das cadeiras da coxia, saiu dali, de um lugar onde tantas vezes fora feliz, mas onde sempre voltava nos momentos em que queria perturbar o silêncio castigador”.

Homenagem reconhecida

“Com o tempo, e sem tempo, passou a viver enclausurado nas cordas do ringue. Batendo. Levando. Chorando. Rangendo os dentes protegidos. E ocasionalmente sorrindo de raiva. Sim, sorrindo. No seu último combate perdeu os sonhos da sua vida. Mas saiu inteiro, pelo seu pé, continuando a sorrir” é um excerto do texto que acompanha o capítulo nono, “Homenagem”, talvez o trabalho mais conhecido do artista e reúne uma selecção de imagens do projecto premiado internacionalmente que documenta um combate de boxe em Macau, em 2017. “Não gosto de boxe, aliás nem percebo as regras do boxe e confesso que quando o combate acabou pensei que o pugilista ganês tinha ganho mas afinal o outro é que levantou o braço”, recorda. Este projecto não ficou por ali e depois do combate João Miguel Barros continuou a seguir o pugilista do Gana. Aliás, este projecto chama-se “Homenagem” justamente por causa do pugilista Emmanuel Danso. Daqui vai surgir um novo projecto, “Blood, sweat and tears”, que já reúne cerca de 150 imagens e que pretende prestar reconhecimento ao atleta.

Regresso nocturno

A noite regressa com “Visões nocturnas I” em que João Miguel Barros se aventurou a invadir as traseiras das lojas de luxo de Hong Kong, por onde se estendem pequenas ruelas, escuras e quase proibidas. “As ruelas têm um mundo de clandestinidade e de gente a viver numa escravatura que é absolutamente estranha”, recorda. “Acaba também por ser uma homenagem às pessoas que na sua invisibilidade dão força àquela economia pujante que é Hong Kong” acrescenta.

Depois da noite, a ponte velha de Macau torna-se mágica. O penúltimo capítulo de “Photometragens” traz a ponte de Macau envolta em neblina. “Naquele dia caía na cidade uma neblina branca que escondia as margens do rio de todos os olhares. Naquele dia a ponte tinha algo de mágico”, conta. Segundo o autor, é o nevoeiro que “paira sempre sobre Macau ainda que às vezes esteja sol”.

A fechar este “livro de contos” está uma imagem isolada, “A caminho do outro lado”. “Acaba por ser um fechar de ciclo e o texto acaba por ser uma ironia porque a perspectiva que dei à fotografia dá a entender que se trata de uma construção a caminho do céu. No texto que a acompanha digo: ‘foi por isso que o novo chefe da cidade, querendo a paz com os deuses, mandou construir aquela estrada gigantesca, para lhe permitir sussurrar à porta divina os seus desejos de eternidade’”, remata.

12 Abr 2019

Hong Kong | The Jesus and Mary Chain a 28 de Maio

Demasiado grandes para categorizações de estilo, os The Jesus and Mary Chain regressam a Hong Kong para um concerto que promete rebentar com tímpanos mais frágeis. Fãs dos irmãos Reid: anotem o dia 28 de Maio nas agendas. O local de peregrinação será o espaço KITEC Music Zone em Kowloon Bay

 

[dropcap]A[/dropcap]deptos de post-punk, noise e shoegaze regozijem! The Jesus and Mary Chain têm concerto marcado em Hong Kong, no próximo dia 28 de Maio, no espaço KITEC Music Zone em Kowloon Bay. A banda de culto escocesa regressa à região vizinha depois da actuação ao vivo em Maio de 2012.

À altura, Jim Reid, vocalista da banda confessou que olhava a hipótese de tocar na China como uma “oportunidade para uma nova experiência”. Em declarações à Agência France-Presse, o homem que canta “Just Like Honey” declarou que “hoje em dia a banda teria muito mais sucesso”, comparando com o início dos anos 80, quando se formaram.

A Internet foi a razão apontada por Jim Reid, uma vez que “apesar das rádios poderem estar mais viradas para a pop, e ainda preferirem passar Lady Gaga, graças à Internet, bandas com guitarras têm um sítio para ser ouvidas”.

Inspirados pela revolução cultural trazida pelo punk dos The Sex Pistols, e por bandas como The Velvet Underground, The Stooges e The Shangri-Las, os irmãos Jim e William Reid decidiram aventurar-se numa carreira musical cheia de altos e baixos. Desde cedo, as simples melodias pop dos The Jesus and Mary Chain viveram marcadas pela desafinação dos instrumentos, o noise e feedback das guitarras e pela voz tranquila de Jim Reid.

Os inícios e os fins

Formados em East Kilbride, na Escócia, em 1983, os irmãos Reid decidiram que para a banda chegar a algum lado teriam de se mudar para Londres, não sem antes Bobbie Gillespie ter sido recrutado para a bateria. Gillespie, em contas de outro rosário rock, viria mais tarde a ser a fundar os Primal Scream.

Em pouco tempo, os The Jesus and Mary Chain ganharam a reputação de arruaceiros de palco, com os concertos a degenerarem, com alguma frequência, em sessões de pugilato embriagado e datas canceladas devido ao receio de motins. A violência parecia vinda de um sítio angustiante, com a banda a debitar acordes distorcidos do seu primeiro disco, o histórico “Psychocandy”, repleto de barulho mas onde se escondiam belas melodias servidas com letras obscuras.

Com um arrebatador disco de estreia na bagagem, a banda escocesa lançou em 1987 “Darklands”, um registo que aperfeiçoaria o som que os notabilizou desde o início numa direcção mais madura. “Happy When it Rains” e “April Skies” tornaram-se e autênticos hinos de rock alternativo.

Com cinco registos na discografia, onde se inclui “Honey’s Dead”, a banda seguiu por uma sucessiva vaga fins e reinícios. Em 2017, regressaram aos discos com “Damage and Joy”, quase 20 anos depois do álbum antecessor.

A influência dos The Jesus and Mary Chain no panorama musical é incalculável, mas a sua personalidade sonora pode-se ouvir em bandas tão importantes como My Bloody Valentine, Dinosaur Jr., Spiritualized, The Horrors e todas as bandas indie que aliam o barulho estridente do feedback a melodias de pop melancólico.

Quem estiver interessado em assistir ao concerto, deve apressar-se a comprar bilhete, que custa 540 dólares de Hong Kong, uma vez que a lotação do KITEC Music zone promete esgotar. Mas há que ter uma coisa em atenção: não esperem muita simpatia de Jim Reid e companheiros, nem esfuziantes mensagens de carinho, porque a postura em palco da banda não é das mais calorosas.

A ver vamos se Jim Reid canta mais de metade do alinhamento virado para o público.

11 Abr 2019

Casino Lisboa soma 13 anos e “mais de 22 milhões de visitantes”

[dropcap]O[/dropcap] Casino Lisboa, que celebra 13 anos no próximo dia 19, recebeu “mais de 22 milhões de visitantes” ao longo deste período, o que corresponde a cerca de dois milhões por ano, divulgou ontem a Estoril Sol, cujo presidente do conselho de administração é Stanley Ho. Os empresários Ambrose So e Pansy Ho, ligados às concessionárias de jogo Sociedade de Jogos de Macau e MGM China, respectivamente, também fazem parte do conselho de administração.

“A elevada afluência de público – uma média diária de cerca de 5.000 entradas – reflecte, de forma inequívoca, o êxito do Casino Lisboa”, que surgiu da reconversão do Pavilhão do Futuro da Expo’98.

As celebrações deste ano são protagonizadas, no dia 19, pelos Orelha Negra, que actuam, com entrada livre, a partir das 22:00, no palco central do Arena Lounge, seguindo-se o DJ João Afonso.
Samuel Mira a.k.a. Sam the Kid, Dj Cruzfader, Francisco Rebelo, João Gomes e Fred, formam a banda Orelha Negra, banda que se deu a conhecer em 2010.

O Auditório dos Oceanos, uma das valências do casino no Parque das Nações, teve em cartaz, ao longo destes 13 anos, 147 espectáculos diferentes, num total de 2.561 sessões, aos quais assistiram “mais de 1,25 milhões de espectadores”.

“STOMP”, “Momix”, “Crazy Horse”, “Os Melhores Sketches dos Monty Python”, “A Verdadeira Treta”, “Apanhados na Rede”, “Slava Snow Show”, “40 e Então?”, “Nome Próprio”, “God”, “Filho da Treta”, “Mais Respeito que Sou Tua Mãe” e “Raul” foram alguns dos espectáculos deste palco, inaugurado em 2006 pela cantora lírica Natalie Choquette.

No ano passado, este palco recebeu sete produções. A peça protagonizada por Maria Rueff, “Zé Manel Taxista”, foi a que mais sessões registou (42). Este ano já subiram ao palco quatro produções, entre as quais “Lusitânia Comedy Club – O Porquê da Coisa”, que lidera o numero de sessões deste ano (11).

O Arena Lounge, o espaço central do Casino Lisboa, foi palco de espectáculos musicais e actuações de novo circo. Acolheu “mais de 650 bandas, além da música ambiente, da rubrica Juke Box” e 180 artistas circenses, de vários países.

A Orquestra Bamba Social & Tiago Nacarato foi a única que este ano esteve em cartaz, no Arena Lounge que, no ano passado, somou dez espectáculos, entre os quais concertos de Sérgio Godinho & Capicua e dos The Gift, que protagonizaram a passagem do ano.

A Galeria de Arte do Casino Lisboa recebeu 125 exposições de arte contemporânea, desde 2006. Foi inaugurada com uma mostra do colombiano Fernando Botero.

No ano passado foram apresentadas sete exposições, entre as quais “Raul”, dedicada ao actor Raul Solnado (1929-2009), concebida por Patrícia Reis, do ateliê 004, e por José Poeira, da produtora de espectáculos UAU.

Este ano já se realizaram as exposições de pintura “Percursos II – Variações”, de José Cardoso, e “Otros Mundos II”, de Sílvia Zang.

10 Abr 2019

Obra de José Saramago ganha nova urgência com o regresso dos populismos, diz João Botelho

[dropcap]A[/dropcap] obra de José Saramago “O Ano da Morte de Ricardo Reis” ganha uma nova urgência com o regresso dos populismos, afirma o realizador João Botelho, que decidiu adaptar o romance para o cinema face à sua actualidade.

Depois de pegar noutros autores importantes da literatura portuguesa, como Agustina Bessa-Luís, Fernando Pessoa ou Eça de Queirós, o realizador João Botelho queria adaptar José Saramago, acabando a actualidade por o ‘empurrar’ para “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, que tem como pano de fundo a afirmação do Estado Novo e o surgimento da extrema direita na Europa.

Na obra de José Saramago, Ricardo Reis regressa do Brasil, um mês depois de o seu ‘criador’ Fernando Pessoa morrer. A Lisboa que encontra, em 1935/1936, é cinzenta e triste, onde quase sempre chove.

Os mais pobres juntam-se para o bodo, assiste-se à escolha das cores do fascismo português num comício no Campo Pequeno, um gerente de hotel sempre à procura de saber tudo simboliza os bufos, ao mesmo tempo que o heterónimo de Pessoa lê notícias que vêm do resto da Europa, de Mussolini, de Hitler, do arranque da Guerra Civil espanhola.

“Eu acho que, nos tempos que correm, estamos a viver umas épocas muito parecidas, muito estranhas, com o regresso dos populismos, nacionalismos, guerras religiosas em que parece que estamos na Idade Média e este texto é actual”, disse João Botelho, que falava à agência Lusa durante as rodagens do filme, em Coimbra.

Luís Lima Barreto, que interpreta Fernando Pessoa na longa-metragem de Botelho, também salienta “uma maior urgência” em adaptar esta obra.

“Este filme há dez anos ainda se podia perguntar o porquê de se o fazer. Neste momento, as pequenas referências que há no filme são tão parecidas com o que se está a passar no mundo que até faz impressão”, diz.

O actor conta que, a estudar o texto, prendeu-se com uma frase de Pessoa a Ricardo Reis: “O mundo ainda está pior do que quando o deixei”. “Neste momento, as coisas estão absurdamente perigosas”, constata.

Também o actor brasileiro Chico Diaz, que interpreta Ricardo Reis, considera “extremamente oportuno” o momento de adaptação da obra.

“Vem com muita força para tornar clara a discussão que estamos a viver no mundo inteiro. O filme veio para tornar essa discussão bem fértil”, acrescenta, apontando para o seu próprio país que está a viver “um momento ímpar, que chega a ser surreal”, onde “a razão se perdeu”.

Nesse sentido, acredita que também é oportuno que a discussão se faça “através da poesia”, porque “eles não suportam poesia, não suportam a arte”.

Pilar del Río, que preside à Fundação José Saramago e que esteve presente em Coimbra, durante as rodagens, evoca o “Ensaio sobre a Lucidez” e a sua epígrafe – “Uivemos, disse o cão” -, para salientar que se está num momento em que “qualquer ser humano com consciência tem de uivar”.

Quando soube que João Botelho ia adaptar o filme, a tradutora, jornalista e companheira de Saramago desejou “ser um Estado com capacidade de condecorá-lo”, notando o risco de se atrever “com uma obra tão grande”, depois de Saramago também ter tido a coragem de enfrentar um símbolo de Portugal, com uma carga “de sabedoria, de humor de ironia, com uma perspectiva contemporânea, que destroça toda essa mitologia dos anos 30”.

“A História é importante neste momento, porque estamos a incorrer, novamente, alegremente, cantando e dançando – como dizia o outro – nas mesmas atrocidades, a cair na perversão, no desprezo do outro e no elogio da ditadura”, afirma.

Nesse sentido, Pilar del Río defende que é preciso ler, não precisa de ser Saramago ou sequer literatura, mas “ler pensamento, filosofia, história”.

“Ao ler, somos mais fortes. Se somos mais fortes, não seremos tão facilmente empurrados pelos ventos”, realça.

Além de um filme, a adaptação de João Botelho vai originar uma série de cinco episódios a ser emitida na RTP, informou o produtor Alexandre Oliveira, acrescentando que o orçamento é de cerca de dois milhões de euros e que a estreia comercial está prevista para 2020. As filmagens vão decorrer até final de maio, sendo grande parte do filme rodado em Lisboa.

10 Abr 2019

Escritora Olga Tokarczuk venceu Booker Internacional há um ano e regressa aos finalistas

[dropcap]A[/dropcap] escritora polaca Olga Tokarczuk, vencedora no ano passado do Prémio Man Booker Internacional de literatura, regressa este ano aos seis finalistas, ontem anunciados pela organização, dos quais será conhecido o vencedor no dia 21 de Maio.

Numa lista dominada por mulheres, o escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez é o único homem nomeado, com “A Forma das Ruínas”, também o único romance, entre os finalistas deste ano, até agora editado em Portugal, distinguido no Correntes d’Escritas, no ano passado.

A francesa Annie Ernaux, a alemã Marion Poschmann, a chilena Alia Trabucco Zeran e a omanita Jokha Alharthi são as outras quatro autoras candidatas ao prémio Man Booker Internacional, com os seus respectivos tradutores. O prémio tem o valor de 50 mil libras e é repartido igualmente por escritor e tradutor.

Os seis finalistas foram seleccionados da “lista longa” conhecida há cerca de um mês, apurada entre os 108 títulos em 25 idiomas, apresentados a concurso este ano. Os seis livros finalistas deste ano foram escritos originalmente em cinco idiomas: árabe, francês, espanhol, alemão e polaco.

O livro “Drive your plow over the bones of the dead”, de Olga Tokarczuk, com tradução de Antónia Lloyd-Jones, colocou novamente a autora na corrida ao prémio Man Booker Internacional, depois de há um ano ter vencido com “Flights”/”Viagens”, obra editada em Portugal pela Cavalo de Ferro.

Da mesma lista de finalistas consta o colombiano Juan Gabriel Vásquez, com “The Shape of the ruins”, traduzido por Anne McLean, e que se encontra publicado em Portugal desde 2017, pela Alfaguara, como “A Forma das Ruínas”, romance vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, em 2018, no festival Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim.

Também traduzido para inglês, do espanhol, outro finalista é o romance “The Remainder”, da chilena Alia Trabucco Zerán. A tradução é assinada por Sophie Hughes.

Outros finalistas são “The Pine Island”, da alemã Marion Poschmann, com tradução de Jen Caleja, “The Years”, da francesa Annie Ernaux, traduzido para o inglês por Alison L. Strayer, e “Celestial Bodies”, de Jokha Alharthi, de Omã, traduzido por Marilyn Booth.

A lista foi seleccionada por um painel de cinco jurados: a autora e premiada historiadora Bettany Hughes (Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural 2018), a tradutora e presidente do grupo PEN do Reino Unido, Maureen Freely, a filósofa Angie Hobbs, o escritor e comediante Elnathan John e o ensaísta e romancista Pankaj Mishra.

Bettany Hughes, que preside o júri do Man Booker Internacional 2019 afirmou: “Aqui está a sabedoria em todas as suas formas. Obras inesperadas e imprevisíveis levaram-nos a escolher esta vigorosa lista [de finalistas]. Subversivos e intelectualmente ambiciosos, com ‘golpes’ bem-vindos de inteligência, cada um destes livros sustenta um diálogo criativo. Fomos apanhados pela lucidez e a força subtil de todas as traduções”, lê-se no comunicado divulgado esta noite pelo prémio Man Booker Internacional.

O jornal The Guardian destaca o facto de os finalistas apresentarem este ano o maior número de sempre de mulheres escritoras – cinco, em seis.

Tendo em conta a lista de vencedores do prémio, desde a sua criação, se Olga Tokarczuk repetir a vitória, verificar-se-á então, pela primeira vez, a entrega do prémio a um mesmo autor, e em dois anos sucessivos.

O escritor albanês Ismail Kadare, o húngaro László Krasznahorkai, o coreano Han Kang e o israelita David Grossman foram outros autores distinguidos com o Man Booker Internacional, incluindo os de língua inglesa Chinua Achebe, da Nigéria, Alice Munro, do Canadá, e os norte-americanos Philip Roth e Lydia Davis.

O prémio é atribuído todos os anos a um único livro, traduzido para inglês e publicado no Reino Unido, sendo elegíveis tanto romances, como antologias de contos.

Este é o último prémio atribuído sob o patrocínio do Man Group, multinacional que, desde 2002, manteve uma parceria com a Fundação Booker Prize.

No dia 1 de Junho, dez dias após o anúncio do vencedor do Prémio Man Booker Internacional de 2019, passa a vigorar um novo acordo de financiamento dos prémios, com a Fundação Crankstart, pondo fim a 18 anos daquele patrocínio.

Posteriormente, o prémio original será novamente conhecido como Prémio Booker e o prémio que distingue os melhores trabalhos de ficção traduzidas para língua inglesa passará a chamar-se Prémio Booker Internacional.

10 Abr 2019

Associação assinala centenário de Fernando Namora

A Associação dos Amigos do livro em Macau vai assinalar o centésimo aniversário do escritor português Fernando Namora, no próximo dia 15, com a realização de uma tertúlia. O evento tem lugar na Livraria Portuguesa, pelas 18h e é acompanhado por duas exposições: uma com as obras de Namora, e outra com as capas de livros desenhadas por Victor Palla

 

[dropcap]O[/dropcap] médico e escritor português Fernando Namora comemoraria 100 anos no próximo dia 15. A data não é esquecida pela Associação dos Amigos do Livro em Macau que agendou para esse dia o primeiro de três eventos de celebração da efeméride.

Para o efeito, a Livraria Portuguesa vai receber os membros da associação e os seus convidados para uma tertúlia. O objectivo é recordar os textos e poemas de Namora. “Além de ser um escritor português muito conhecido nos anos 70 e 80 e traduzido para várias lingas acho que está um pouco esquecido”, começa por dizer o também escritor e médico membro da associação, Shee Va, ao HM para explicar a pertinência em recordar o autor português. “Nas escolas não se fala dele, as pessoas não falam dele”, acrescenta.

No entanto, o “esquecimento” de Fernando Namora não tira o mérito ao trabalho que deixou, até porque “é um escritor que marca uma época e está muito ligado ao neo-realismo apesar de no final da vida ter passado para uma fase muito mais individual”.

Por outro lado, foi um homem de liberdade, apesar de ter vivido “numa época em que se vivia o fascismo e em que existiam todas as restrições em relação à escrita”. “Ele manifestou-se como um homem livre. Expressava o seu pensamento nos livros e por essa qualidade acho que temos que o enaltecer”, sublinha Shee Va.

Exposições paralelas

A acompanhar as leituras, o organização vai promover a exposição de algumas das obras de Fernando Namora. “Vamos ter uma exposição bibliográfica com os livros que se encontram em Macau”, aponta o membro da Associação dos Amigos do Livro. A exposição conta com uma tradução para chinês dos “Retalhos da vida de um médico”, uma crítica literária das obras reeditadas de Fernando Namora que Shee Va encontrou num jornal de 1958 e uma crítica do “O homem disfarçado”.

Uma segunda exposição, desta feita dedicada às capas de livros do escritor produzidas pelo arquitecto Victor Palla, vai ainda integrar a celebração. Shee Va aproveita para recordar que Fernando Namora também foi pintor. “Ele queria seguir arquitectura mas por imposição da mãe acabou por seguir medicina. O primeiro livro que publicou, um livro de poemas chamado “Relevos” tem uma capa desenhada por ele”, conta.

A efeméride vai ainda ser assinalada com um outro encontro no dia 23 de Abril em associação com o IPOR. Os detalhes ainda estão por definir até porque, sendo o dia mundial do livro, a associação gostaria de trazer “as palavras de Fernando Namora para a rua”. “Seria uma forma de juntar a celebração com as comemorações do dia mundial do livro e de tentar promover a leitura na rua. Seria uma forma de não ficar-mos retidos num espaço interior e de trazer a literatura em português à população”, acrescenta.

Para finalizar a celebração do centenário do nascimento de Fernando Namora, a Associação dos amigos do Livro em Macau vai estar,  no dia 17 de Maio, na Escola Portuguesa numa acção que junta convidados alunos e professores.

Futuro planeado

Com o objectivo de aproximar a literatura do público local, a Associação dos Amigos do Livro em Macau quer promover mais actividades, sobretudo aquelas que possam aproximar as palavras das pessoas. Na calha, está a produção de peças de teatro de rua e “o contar histórias”. O desafio maior é “ver como se consegue atrair o público”.

Entretanto, e para Novembro, está agendada a celebração do centésimo aniversário do poeta Jorge de Sena.

Para juntar o público chinês e português Shee Va adianta que vai trazer ao território a poesia, pintura e caligrafia chinesa de modo a mostrar a complementaridade entre estas formas de arte.

“Consegui encontrar uma poetisa chinesa que viveu há 700 anos e a poesia chinesa está também muito ligada às artes gráficas porque é passada para a tela e pela caligrafia. Por isso vou juntar caligrafia, pintura e literatura num evento”. A ideia é dar aos leitores lusófonos uma maior compreensão da própria pintura chinesa, recorrendo à poesia, e à caligrafia.

10 Abr 2019

FRC | Jornalista Alexandre Afonso discute importância da voz esta quinta-feira

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha acolhe esta quinta-feira, às 18h30, uma conferência intitulada “A importância da voz: cuidados, treino e descanso fundamentais ao jornalista”.

A iniciativa está integrada no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Voz 2019, e conta com a organização do Centro de Ensino e Formação Bilíngue Chinês-Português e do Centro de Investigação de Estudos Luso-Asiáticos do Departamento de Português da Universidade de Macau.

Alexandre Afonso trabalha há 21 anos na Antena1, tendo assumido funções de Coordenação em 2005. Desde Novembro de 2012 que é coordenador geral do desporto da Antena 1.

Agraciado com vários prémios, do Sindicato dos treinadores a outras entidades privadas, destaque para o prémio Artur Agostinho, após ter acompanhado a selecção portuguesa no Europeu de 2016, quando relatou o inesquecível golo marcado por Éder que daria o título a Portugal.

Actualmente, está também ligado a dois projectos televisivos, na narração de jogos da Liga espanhola para o canal Zap – LaLiga, para Angola, e na narração de futebol internacional nos canais de desporto da ElevenSports.

9 Abr 2019