Hoje Macau China / ÁsiaÚnico museu do país dedicado à Revolução Cultural silenciado Em 2005, Pen Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, ao saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterrados na zona, construiu o museu. Ao reformar-se entregou a gestão ao governo. Agora foi tapado por cartazes de propaganda comunista e, no local, polícias à paisana disfarçados de turistas, impedem a imprensa de fotografar e filmar e interrogam os jornalistas que se aproximam [dropcap style=’circle’]S[/droopcap]ituado numa montanha nos arredores da cidade de Shantou está o único museu da China que presta homenagem às vítimas da Revolução Cultural (1966-1976), um local que neste ano, quando o início do movimento completa 50 anos, foi silenciado e passou a correr perigo. Não é tarefa simples chegar ao museu. Os guias de viagens poucas informações dão e não há placas indicativas ao longo da estrada que leva ao Tashan Park, um parque natural de espessa vegetação onde está o memorial. Para passar despercebido, o museu tem aspecto de templo tradicional, embora nem muros ou lápides mostrem imagens budistas, mas sim os nomes de mais de 300 pessoas acusadas de serem “contra-revolucionários” durante os anos 60 e 70. Logo na está uma estátua e um retrato, respectivamente, de Yu Xiqu, um prestigiado juiz local que sofreu, como outros aí mencionados, graves abusos por parte dos guardas vermelhos. A 16 de Maio deste ano foi comemorado, com quase total silêncio da imprensa oficial e das instituições, o 50º aniversário do início daquele período turbulento e, desde então, todo o museu foi tapado por cartazes de propaganda comunista. Na entrada, sobre o cartaz que indica que ali fica o museu é possível ler outro que diz “Acto de promoção dos valores nucleares do socialismo”. Alusões ao “Sonho Chinês”, o mantra ideológico do actual presidente Xi Jinping, repetem-se nas paredes forradas de cartazes, decoradas com foices e martelos e imagens da porta da Praça da Paz Celestial. Não é fácil observar outros detalhes, já que polícias à paisana, que se fazem passar por turistas, tentam impedir a imprensa de fotografar e filmar o lugar, e interrogam os jornalistas que se aproximam. Existir é milagre O museu foi construído em 2005 e é quase um milagre continuar de pé mais de dez anos depois, tendo em conta que, embora o governo chinês reconheça oficialmente, após a morte de Mao Tsé-tung, que a Revolução Cultural foi um erro, evite relembrá-lo publicamente e, menos ainda, citar as vítimas concretas. Neste caso, foi um líder comunista local que decidiu criar o museu. Peng Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, construiu o espaço e foi o que, possivelmente, salvou a estrutura de ser demolida. Contou Peng que decidiu criar um lugar para homenagear um assunto tão delicado na China, após ficar a saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterradas na Montanha Pagoda. Nos primeiros anos de funcionamento, o museu chegou a atrair uma certa atenção dos média, e até recebeu doações milionárias para a sua manutenção. Todavia, em 2014, pouco antes de se aposentar, Peng cedeu a gestão ao governo, o que fez com que este caísse no esquecimento e que, nas últimas semanas, viesse a ser presa da censura. É melhor esquecer Shantou, um dos principais portos do sul da China, está a mais de dois mil quilómetros de Pequim, o epicentro da Revolução Cultural, mas a distância não a livrou, como ao resto do país, dos excessos da época, na qual milhões de pessoas foram indiscriminadamente perseguidas. Embora a Revolução Cultural seja tema de livros e filmes na China – o facto de que quase toda a população do país naquela época tenha sofrido dificulta a censura total – o Museu de Shantou é o único dedicado integralmente a este período. Existe pelo menos outro museu no país que menciona o período de terror dos guardas vermelhos, o de Jianchuan (centro do país), mas não está dedicado de forma exclusiva a esta matéria, e dá uma imagem neutra ao facto histórico, sem mencionar as vítimas. Apesar do silêncio no aniversário de 16 de Maio, o jornal oficial do Partido Comunista, “Diário do Povo”, que possui uma versão online em português, publicou no dia seguinte um editorial admitindo que a Revolução Cultural foi “um caos interno que trouxe enormes catástrofes” e aventurou-se mesmo a dizer que nunca se repetirá.
Hoje Macau China / ÁsiaNavio militar chinês entrou em águas territoriais japonesas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m navio militar chinês entrou ontem em águas territoriais do Japão, no sudoeste do país, uma semana depois da aproximação de uma fragata da China às ilhas Diaoyu, disputadas pelos dois países. O navio entrou em águas territoriais japonesas pelas 03:30 de ontem perto da ilha de Kuchinoerabu, localizada a cerca de 70 quilómetros de Kyushu (sudoeste do Japão), disseram fontes do Ministério da Defesa de Tóquio à rádio e televisão pública japonesa NHK. O navio militar chinês, que foi detectado por aviões P-3 das Forças de Autodefesa (exército) do Japão, estava a navegar em direcção sudeste e deixou as águas japonesas pelas 05.00, de acordo com as mesmas fontes. Um porta-voz do Executivo japonês confirmou este incidente incomum, sublinhando que Tóquio solicitou uma explicação a Pequim, depois de na semana passada ter apresentado um protesto formal pela aproximação de um navio da marinha chinesa a águas japonesas junto às ilhas Diaoyu administradas de facto por Tóquio. Navios da guarda costeira chinesa navegaram no passado com frequência pela zona, mas esta foi a primeira vez que uma incursão envolveu um barco militar. A adensar desde 2012 O Ministério da Defesa japonês também informou na semana passada que foi detectada a presença de três navios militares russos numa área contígua às Diaoyu precisamente no momento em que o barco chinês navegava na zona. A disputa territorial entre a China e o Japão em torno das Diaoyu tem décadas, mas agravou-se em Setembro de 2012, depois de Tóquio ter anunciado a compra de três dos cinco ilhotes do pequeno arquipélago, de apenas sete quilómetros quadrados, administrado, de facto, pelo Governo japonês. O arquipélago desabitado, mas potencialmente rico em recursos minerais, fica no Mar da China Oriental, a cerca de 120 milhas náuticas de Taiwan, que também reclama a sua soberania, e a 200 milhas náuticas de Okinawa, no extremo sul do Japão.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos humanos | Pequim diz ter feito “progressos extraordinários” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China alcançou “progressos extraordinários” na implementação do seu segundo plano para os direitos humanos, incluindo avanços na liberdade religiosa e protecção social em regiões afectadas por “extremistas religiosos e separatistas”, considerou ontem Governo chinês. Quase todos os trabalhadores religiosos na China são abrangidos pelo sistema de segurança social, com 96,5% a beneficiar de seguro de saúde e 89,6% a descontar para o sistema de pensões, aponta um relatório difundido pelo Departamento de Informação do Conselho de Estado chinês sobre a evolução dos direitos humanos no país entre 2012 e 2015. “A liberdade de crença religiosa está completamente garantida e os direitos e interesses das minorias étnicas foram efectivamente protegidas na China”, proclama o documento. Ao contrário dos governos e opinião pública dos países mais ricos, que enfatizam a importância da liberdade e direitos políticos individuais, Pequim defende “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”. O mesmo relatório detalha que, entre 2011 e 2015, o Estado chinês gastou 200 milhões de yuan na renovação e ampliação de instalações religiosas no Tibete, uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo. Pobreza e conflitos Em Xinjiang, região do noroeste da China palco de frequentes conflitos étnicos entre chineses da minoria étnica muçulmana Uigur e a maioria Han, 70% dos gastos públicos foram destinados às áreas da educação, emprego, segurança social e ambiente, destaca. O documento revela ainda que, nos últimos três anos, o número de habitantes das zonas rurais que viviam abaixo da linha de pobreza – menos de 2.300 yuan por ano – diminuiu 43,1 milhões, para 55,8 milhões, o que corresponde a 4% da população. A questão dos direitos humanos continua a ser uma fonte de tensão entre a China e os governos dos países mais desenvolvidos, sobretudo na Europa e América do Norte. Segundo um relatório recente da organização de defesa dos direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD), o número de presos políticos no país quase triplicou desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013.
Hoje Macau China / ÁsiaHomossexual processa hospital por “tratamento” à orientação sexual [dropcap style=´circle´]U[/dropcap]m chinês homossexual processou um hospital após ter sido submetido a um tratamento de 19 dias por uma “desordem na orientação sexual”, em que foi atado à cama, sujeito a medicação e ameaçado com violência. Segundo a agência oficial Xinhua, o homem, identificado com o pseudónimo Yu Hu, foi forçado pela família a receber tratamento na cidade de Zhumadian, província central de Henan, no passado mês de Outubro, após se ter divorciado da sua esposa. O homem, de 32 anos, saiu do hospital depois de o seu companheiro ter contactado vários grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) e de estes terem advertido a polícia. Yu considera que a sua liberdade pessoal foi desrespeitada por ter sido obrigado a permanecer atado e ao receber ameaças de violência caso não cooperasse, pelo que apresentou queixa a um tribunal local no mês passado, que entretanto aceitou o caso. “Fizeram-no simplesmente porque sou homossexual. Não se fala de quantas pessoas mais terão sido sujeitas a isto. Têm de assumir responsabilidade”, apontou Yu. “A liberdade pessoal dos cidadãos chineses está protegida por lei e não pode ser infringida pelos hospitais ou por familiares. É contra a lei internar alguém contra vontade do próprio”, afirmou o advogado, Huang Rui. Este não é o primeiro caso de denúncia de tratamentos para “corrigir” a orientação sexual em unidades de saúde chinesas. Em 2014, um tribunal de Pequim obrigou um grupo de psicólogos da cidade de Chongqing, centro do país, a desculpar-se por tentar alterar a orientação sexual de um ‘gay’. Na China, a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença mental em 2001, ainda que casos de discriminação sejam recorrentes, segundo grupos que defendem os direitos dos LGBT.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping destaca relação “muito madura” com Alemanha A chanceler alemã Angela Merkel terminou ontem aquela que foi a sua nona visita à China. O reforço da cooperação económica esteve no centro da agenda com acordos assinados entre empresas das duas nações no valor de mais de 13.000 milhões de euros [dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as relações do país com a Alemanha estão numa fase “muito madura”, durante um encontro com a chanceler Angela Merkel, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa. A reunião, na segunda-feira, à porta fechada, em Pequim, fez parte da visita oficial de Merkel ao país asiático iniciada no domingo e que se concluiu ontem com uma passagem por um parque industrial com investimento alemão na cidade de Shenyang, nordeste da China. A responsável alemã reuniu-se também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com quem assistiu à assinatura de 24 acordos de cooperação, e participou num fórum empresarial, durante o qual empresas dos dois países subscreveram 96 contratos com um valor total de 13.200 milhões de euros. Mercado e modernidade Durante o encontro, Xi e Merkel frisaram as possibilidades de cooperação que oferecem as estratégias de modernização industrial de ambos os países, “Indústria 4.0” e “Made in China 2025”, destacou a imprensa local. Xi referiu ainda a preocupação de Pequim em que a União Europeia cumpra com o protocolo de adesão do seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevê o reconhecimento do estatuto de economia de mercado à China antes de Dezembro de 2016. Segundo os jornais locais, Merkel reconheceu a importância da implementação daquele acordo. Ambos abordaram ainda outras áreas de cooperação, nomeadamente no ensino, facilitação na concessão de vistos e na medicina tradicional chinesa. Além disso, comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para coordenar as cimeiras do G20, que este ano se realiza na cidade chinesa de Hangzhou e que a Alemanha acolherá em 2017. Esta visita de Merkel à China é a nona desde que foi eleita chanceler.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | FMI reitera alertas sobre riscos do aumento de crédito [dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem para os riscos na economia chinesa, a segunda maior do mundo, devido ao rápido aumento do crédito e endividamento, que tornam o seu “futuro incerto” a médio prazo. Num relatório apresentado ontem em Pequim, o FMI reconhece que as perspectivas imediatas do gigante asiático melhoraram, fruto de medidas de estímulo, mas que existe a necessidade de abordar os excessos de crédito e capacidade produtiva. O número dois da instituição, David Lipton, apontou em comunicado para os “progressos desiguais” nas reformas levadas a cabo pelo Governo chinês, que resultaram em que as ameaças se mantenham. O FMI assinalou que as perspectivas a médio prazo para a economia chinesa são afectadas pelo rápido aumento do crédito, os excessos de capacidade industrial e um sector financeiro “cada vez maior, opaco e interconectado”. Neste sentido, o organismo destacou o forte aumento do crédito, que em 2016 está a crescer a um ritmo recorde, e aconselhou a que este seja “substancialmente diminuído”, para que se ajuste ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Soluções obrigatórias O FMI advertiu que “é imperativo” para o país solucionar o problema de uma dívida corporativa que, “apesar de gerenciável, é alta e está a crescer rapidamente”. A instituição com sede em Washington também instou Pequim a fortalecer a capacidade de resistência dos bancos, e das instituições financeiras no geral, aos riscos, e a incentivar ao reconhecimento de potenciais perdas. No âmbito fiscal, o Fundo aconselhou ao aumento da responsabilidade dos governos locais nos gastos e receitas e à expansão do sistema de segurança social. “A China encontra-se numa fase crucial no seu caminho para o desenvolvimento”, afirmou Lipton, que elogiou os avanços realizados pelo país na transição de um modelo assente nas exportações para um voltado para os serviços e com um mercado de capitais aberto. Lipton assegurou que a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, tornou-se “mais flexível” desde as alterações introduzidas pelo banco central chinês no passado Verão e que as autoridades estão a melhorar a qualidade das suas estatísticas e a sua política de comunicação com os mercados.
Hoje Macau China / ÁsiaFundador do Alibaba aposta na recolha de dados [dropcap style=´circle´]O[/dropcap] fundador do gigante de comércio electrónico chinês Alibaba disse ontem que a sua estratégia para o futuro não passará por vender mais nos seus portais, mas sim arrecadar dados. Dos três pilares da sua estratégia, os dados são o mais importante, explicou Jack Ma durante um discurso perante centenas de investidores e executivos da empresa, reunidos na sede, em Xixi, nos arredores de Hangzhou, na província de Zhejiang. “Hoje em dia é possível ter um negócio com o maior rendimento [económico] do mundo”, no entanto a empresa já não é “um negócio baseado no rendimento, mas sim baseado em dados”, afirmou na sua intervenção transmitida em directo via internet o fundador de Alibaba, que em 2014 teve um entrada fulgurante na Bolsa de Nova Iorque. Três vectores Jack Ma sublinhou os três pilares que o grupo contempla para o seu desenvolvimento: a sua globalização (além da China, onde tem o seu negócio principal), a sua extensão às zonas rurais do país, com 700 milhões de potenciais usuários e, sobretudo, a adição de duas tecnologias que, em sua opinião, mudarão o sector. Trata-se da computação em nuvem (com enormes servidores virtuais) e de processamento, armazenamento e análises massivas de dados das transacções e actividades operadas em linha em tempo real (“Big Data”). Isto explica a sua estratégia de inversões desde 2014 em sectores tão díspares como as finanças, a logística, os media, o desporto e o cinema, para optar pela obtenção de dados, já que, para Ma são estes que determinam o futuro do sector. Relativamente à extensão das zonas rurais da China, disse que Alibaba deveria concentrar-se primeiro em estender-se pelo seu próprio país, graças à telefonia móvel com acesso à Internet, antes de abordar outros mercados rurais em países prometedores, como a Índia ou a Indonésia, onde o mercado e a cultura são diferentes do da China.
Hoje Macau China / ÁsiaLivreiro desaparecido volta a Hong Kong [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceu misteriosamente no ano passado, Lam Wing-kee, regressou ontem à antiga colónia britânica e pediu à polícia para deixar cair a investigação relativa ao seu caso. Lam Wing-kee é um dos cinco livreiros que publicaram obras críticas de Pequim e desapareceram no final do ano passado. Mais tarde, ficou a saber-se que todos eles, ligados à livraria Causeway Bay, estavam detidos na China e que quatro dos cinco – incluindo Lam – eram alvo de uma investigação oficial sobre a importação de livros proibidos a partir de Hong Kong. Lam Wing-kee é o quarto livreiro que volta a Hong Kong. Os outros três voltaram pouco tempo depois a cruzar a fronteira rumo à China. O livreiro Lam Wing-kee encontrou-se com a polícia na manhã de ontem e, à semelhança dos colegas, pediu o arquivamento do seu caso de desaparecimento e afirmou não precisar de qualquer tipo de assistência por parte da polícia ou do Governo de Hong Kong. As autoridades da antiga colónia britânica indicaram que vão continuar a investigar o caso dos livreiros. Histórias de desaparecidos Entre Outubro e Dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty Current e à livraria Causeway Bay Books – que publicava e vendia livros críticos de Pequim, – desapareceram em circunstâncias misteriosas. Gui Minhai, naturalizado sueco, desapareceu em Pattaya (Tailândia) em Outubro. Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior da China. Lee Bo, com passaporte britânico, desapareceu, em Dezembro, em Hong Kong. Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos suspeitam terem sido feitas sob coação, ou a afirmar estar voluntariamente a colaborar com investigações policiais na China. As autoridades chinesas acusam os livreiros de estarem envolvidos num caso de comércio de livros proibidos na China, uma actividade que alegadamente realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação. Há dias, a filha de Gui Minhai pediu ajuda às autoridades norte-americanas para pôr termo à detenção “não oficial e ilegal” do seu pai, num apelo feito perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China. Angela Gui disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal e que oito meses depois ainda não sabe onde o pai está, como está a ser tratado ou qual é a sua situação legal. Os misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para deter os livreiros, o que constituiria uma violação do princípio “um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual Macau e Hong Kong, que são regiões da China com administração especial, gozam de ampla autonomia.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping e líderes mundiais enviam condolências aos EUA por ataque em discoteca [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da China e de Israel e o primeiro-ministro do Japão condenaram ontem o massacre de domingo numa discoteca da cidade Orlando, nos EUA, e enviaram condolências ao chefe de Estado norte-americano, Barack Obama. O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou as suas condolências ao povo norte-americano, numa mensagem dirigida a Obama, informou ontem o Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista da China. As autoridades chinesas permanecem em estreito contacto com as congéneres norte-americanas, à espera de confirmar a identidade de todas as vítimas, clientes de uma discoteca ‘gay’, destacou a imprensa oficial. Também o Presidente israelita, Reuven Rivlin, lamentou ontem o massacre e apresentou condolências ao seu homólogo norte-americano. “Este ataque contra a comunidade LGTB [lésbicas, gays, bissexuais e transgénero] de Orlando é tão cobarde como aberrante”, considerou, numa declaração dirigida a Obama, na qual expressou a solidariedade do povo israelita. Rivlin enviou os seus pêsames às famílias das vítimas e disse esperar “uma rápida recuperação dos feridos”. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, condenou igualmente o ataque e manifestou a sua solidariedade para com os Estados Unidos “neste momento difícil”. “O terrorismo é um desafio contra os valores partilhados pelo Japão e Estados Unidos. Vamos continuar a trabalhar na luta contra o terrorismo em conjunto com a comunidade internacional”, disse Shinzo Abe, numa mensagem dirigida a Obama. Shinzo Abe mostrou-se “profundamente comovido e indignado” com o massacre. Na noite de sábado para domingo, um norte-americano identificado como Omar Mir Seddique Mateen, de origem afegã, entrou na discoteca Pulse, em Orlando (Florida) e abriu fogo contra os clientes, causando 50 mortos e 53 feridos. O tiroteio está a ser investigado pelas autoridades norte-americanas como um acto de terrorismo.
Hoje Macau China / ÁsiaRejeitado pedido de Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong O antigo Presidente da Formosa viu o seu pedido de participar numa cerimónia de entrega de prémios de editores em Hong Kong recusado pelas autoridades taiwanesas. Em causa estarão matérias relacionadas com a segurança nacional, dizem [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Taiwan rejeitaram um pedido do antigo Presidente Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong com o objectivo de participar num jantar de entrega de prémios da Sociedade de Editores na Ásia. Segundo o jornal South China Morning Post, o gabinete presidencial da ilha apresentou vários motivos para esta rejeição, incluindo o facto de Ma ter deixado o cargo muito recentemente, de o pedido não ter sido feito com a antecedência necessária, a “sensibilidade” de Hong Kong e a falta de cooperação em matérias de segurança com o território. O gabinete presidencial sugeriu que Ma participasse através de videoconferência. O ex-Presidente desejava participar num jantar na quarta-feira, onde deveria discursar sobre as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan e na Ásia Oriental. No entanto, no domingo, o porta-voz presidencial, Alex Huang, disse não ser apropriado que Ma visite Hong Kong nesta altura. “Como Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e completou os procedimentos” necessários, disse Huang. Segundo o porta-voz, não há precedentes de colaboração entre os gabinetes de segurança de Hong Kong e Taiwan, o que significa que é “difícil controlar os riscos”. De acordo com a lei de protecção de informação classificada de segurança nacional, antigos dirigentes do Governo com acesso a informação classificada ficam sujeitos a restrições nas viagens durante os três anos após a sua saída. Aplausos e lamentos Ma deixou o cargo a 20 de Maio após o Kuomintang perder as eleições presidenciais para Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático. Ma é o primeiro ex-presidente a pedir autorização para sair de Taiwan desde que a lei foi introduzida, em 2003. Se o pedido fosse autorizado, seria o primeiro ex-líder de Taiwan a visitar Hong Kong desde 1949. O gabinete de Ma reagiu com insatisfação, indicando que a decisão revela “não só desrespeito pelo antigo líder, mas prejudica também a imagem democrática de Taiwan perante o mundo”. Por outro lado, a decisão foi aplaudida pelo campo pró-independência e pelos deputados do Partido Progressista Democrático, que disseram que Ma planeava promover o “consenso de 1992” e o princípio de “uma China”. O “consenso” diz respeito a uma reunião em Hong Kong, em 1992, onde Pequim e Taipé acordaram que há apenas “uma China”, mas em que cada lado tem a sua interpretação do que “China” significa. No seu discurso de tomada de posse, Tsai não reconheceu o “consenso de 1992”, levando Pequim a questionar o seu compromisso em manter o ‘status quo’ entre os dois lados do Estreito. O Partido Nacionalista, de oposição em Taiwan e mais próximo de Pequim, criticou a decisão, que apelidou de “supressiva”, dizendo que nada fazia para apoiar a “reconciliação interna de Taiwan e a harmonia social”.
Hoje Macau China / ÁsiaCinema | China poderá ser em 2017 o maior mercado mundial [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] venda de bilhetes de cinema na China pode atingir, em 2017, os 10.300 milhões de dólares, superando pela primeira vez as dos Estados Unidos, actualmente o maior mercado mundial, prevê um relatório da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC). O relatório ontem publicado, aponta para um crescimento anual do sector cinematográfico na China, de quase 20%, registando ainda uma ampla margem de crescimento, podendo as receitas ultrapassar os 15.000 milhões de dólares no final desta década. Segundo o estudo de mercado, cerca de um terço das receitas de bilheteira mundiais virá das salas chinesas, já que a PwC, segundo a agência noticiosa Efe, calcula que o sector cresça em termos mundiais, até 2020, cerca de 49.300 milhões de dólares. Segundo o mesmo estudo os retornos publicitários na indústria cinematográfica chinesa poderão ultrapassar, em 2020, os 161 milhões de dólares. O cinema chinês cresceu, paralelamente, ao desenvolvimento do gigante do imobiliário e do entretenimento, Wanda Group, que é actualmente a maior cadeia de salas de cinema no mundo, depois de ter adquirido, em 2012, a sua principal rival norte-americana.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Investimento em activos fixos subiu 9,6% em cinco meses [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] investimento chinês em activos fixos aumentou 9,6% nos primeiros cinco meses do ano, comparativamente ao mesmo período de 2015, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. Trata-se de um aumento inferior ao previsto pelos economistas numa pesquisa feita pela agência noticiosa Bloomberg News e do ritmo de crescimento mais baixo desde 2000. O investimento em activos fixos é um indicador chave para medir a despesa do Governo em infra-estruturas no “gigante” asiático. Os dados surgem depois de no primeiro trimestre do ano o crédito concedido pelos bancos chineses ter atingido um valor recorde, numa tentativa de estimular a segunda maior economia do mundo. Em 2015, a economia da China cresceu 6,9%, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. Já a produção nas fábricas registou um crescimento homólogo de seis por cento em Maio, enquanto as vendas a retalho avançaram 10%. Sob pressão “A economia nacional continuou a registar uma tendência estável e progressiva, que se regista desde o início do ano”, afirmou Sheng Laiyun, porta-voz do GNE. “Mas temos de estar atentos ao ambiente internacional, que permanece complicado e difícil, enquanto ajustes estruturais domésticos duros estão a ser feitos e a economia continua sobre pressão negativa”, acrescentou. O avanço do investimento privado também abrandou para 3,9% nos primeiros cinco meses do ano. “O abrandamento no investimento privado mostra também que o motor intrínseco do crescimento económico da China continua por fortalecer”, comentou Sheng. O porta-voz justificou os dados com as dificuldades das empresas privadas em obter crédito, excesso da capacidade industrial e o acesso limitado do capital privado em alguns sectores. “Neste momento, o crescimento é estável”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e União Europeia em diálogo estratégico de alto nível [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China e a União Europeia (UE) realizaram neste final de semana a sexta ronda do diálogo estratégico de alto nível. Na ocasião ambos os lados comprometeram-se a aprofundar as relações em diversas áreas. A China vê a UE como um parceiro estratégico integral de benefício mútuo disse Yang Jiechi, Conselheiro de Estado chinês, sublinhando que o aprofundamento das relações sino-europeias vão, não apenas ao encontro à procura económica e social, mas também levam à paz e estabilidade global e à recuperação económica. Os dois lados concordaram em implementar o consenso alcançado na 17ª Conferência China-UE realizada em Junho do ano passado que busca fortalecer a sinergia entre estratégias de desenvolvimento e aprofundar a cooperação nas áreas de comércio, infra-estruturas, conectividade, direito e facilitação do intercâmbio de pessoas, disse Yang. Mais vitalidade As partes acordaram ainda acelerar as negociações nos investimentos bilaterais e injectar um novo vigor na cooperação em segurança política, inovação tecnológica, economia marítima, tecnologia oceânica e turismo cultural, sublinhou o conselheiro. A UE e a China vão fortalecer a coordenação e assegurar o sucesso da 18ª Conferência China-EU que se realizará em Pequim no próximo mês. Da mesma forma, ambas as partes concordaram em desenvolver esforços conjuntos para que a reunião do G20 gere resultados positivos. Para Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, os dois lados estabeleceram cooperações frutíferas em várias áreas, gerando benefícios práticos para os dois lados. Para a representante, o fortalecimento do diálogo China-UE gera resultados positivos e ajuda a solucionar questões regionais importantes. Na ocasião, Yang afirmou ainda que a China quer avançar na cooperação com a Bélgica nas áreas de microelectrónica, aeroespacial, energia nuclear, medicina biológica e protecção ambiental.
Hoje Macau China / ÁsiaChina |FMI alerta para riscos de escalada da dívida empresarial Segundo David Lipton, subdirector executivo do FMI, a dívida empresarial chinesa, aproximadamente 145% do PIB, é muito preocupante. As empresas públicas, com 55% da dívida, são as principais causadoras, estando muitas, diz, “já ligadas à máquina” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] crescimento da dívida empresarial é um problema sério que tem vindo a agravar-se na China e que precisa ser combatido se Pequim quiser evitar um risco sistémico para o país e para a economia global, alertou David Lipton, primeiro subdirector executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Enquanto a dívida total da China, de 225% do Produto Interno Bruto (PIB), não é particularmente alta para os padrões globais, a dívida empresarial é de aproximadamente 145% do PIB, alta sob qualquer perspectiva, avalia o FMI. “A escalada da dívida empresarial é um problema chave na economia chinesa”, afirmou Lipton durante uma conferência na cidade chinesa de Shenzhen no sábado. “A dívida empresarial permanece um problema sério e crescente o qual deve ser endereçado imediatamente com um compromisso de reformas”, concluiu. A experiência de países que viram uma elevação massiva da dívida no passado mostra a necessidade de agir rapidamente e lidar de forma eficaz tanto com credores como devedores, disse Lipton. O especialista considerou que é preciso atacar problemas de administração no sector bancário os quais levam ao surgimento desta queståo. O “cancro” do sector público Uma característica definidora da situação da China são as companhias estatais, as quais, segundo os cálculos do FMI, são responsáveis por 55% da dívida empresarial mas produzem apenas 22% do ganho económico. Num ambiente de desaceleração do crescimento económico, a queda nos lucros e a subida do endividamento limitam a capacidade das empresas de pagar a fornecedores e liquidar dívidas. Lipton destacou que isto leva ao não cumprimento de obrigações com os bancos, à inadimplência. Para o homem do FMI, uma “estimativa conservadora” seria a de que o nível de inadimplência da dívida empresarial chegue até aos 7% do PIB chinês. “O ‘boom’ do crédito do ano passado apenas aumenta o problema”, declarou Lipton. Na sua avaliação, muitas empresas públicas já estão “ligadas à máquina de respiração artificial”. Melhorar a gestão A conversão de dívida em acções pode ter um papel na redução do endividamento, mas os bancos precisam de estar preparados para conduzirem uma triagem e terem autoridade para discernir entre as companhias que podem ser salvas e as que devem falir, disse ainda. Lipton também questionou a proposta do governo chinês de fundir companhias estatais fortes com empresas frágeis. Para o representante do FMI, isto não só não resolve o problema como mina a rentabilidade das boas companhias. “A lição que a China precisa de interiorizar se quiser evitar um ciclo de expansão de crédito, inadimplência e reestruturação é melhorar a gestão empresarial”, afirmou Lipton que defendeu ainda o fortalecimento da lei e de sistemas de transparência e pediu o fim dos subsídios para empresas com ligações ao governo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Leite em pó sujeito a regras duras [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] órgão de supervisão de segurança alimentar da China emitiu um regulamento, que entrará em vigor a partir do dia 1 de Outubro deste ano, para realizar uma fiscalização rigorosa sobre o leite em pó para bebés. Os produtores nacionais e estrangeiros devem registar-se e obter a autorização da Administração Geral da Supervisão de Alimentos e Medicamentos se quiserem vender na China. No caso do uso de matérias-primas estrangeiras, devem especificar o lugar ou país e frases vagas como “leite importado”, “proveniente de pastos estrangeiros” ou “matérias-primas importadas” serão proibidas, de acordo com o Regulamento de Registo da Fórmula para Bebés divulgado na quarta-feira. Além disso, passará a ser proibido incluir afirmações, tais como “bom para o cérebro”, “melhora a imunidade” ou ” protege o intestino” em instruções ou embalagem, aponta ainda o regulamento. O leite em pó para bebés é uma questão sensível na China, após uma série de escândalos desde 2008, quando foi descoberta melamina nos produtos da marca chinesa Sanlu. Em Abril, a polícia prendeu nove pessoas envolvidas na produção e venda de leite em pó infantil falso sob as marcas “Similac” e “Beingmate”. Cerca de mil latas cheias, mais de 20 mil vazias e 65 mil marcas falsificadas foram apreendidas. Em 2015, a China produziu 700 mil toneladas de leite em pó infantil, 65% das vendas anuais do produto no país.
Hoje Macau China / ÁsiaContestado protesto do Japão a aproximação de vaso de guerra [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Ministério da Defesa da China contestou o protesto formal do Japão devido à recente incursão de uma fragata militar chinesa perto das águas das disputadas ilhas Diaoyu conforme informava ontem o jornal oficial China Daily. “As Diaoyu e as suas ilhas adjacentes são parte do território chinês e a navegação de navios de guerra na sua jurisdição é razoável e legítima”, assinalou a instituição militar em resposta aos protestos oficiais de Tóquio. A fragata ficou a cerca de 38 quilómetros das ilhas Diaoyu na madrugada de quinta-feira, mantendo-se nessas águas durante aproximadamente uma hora antes de regressar à costa chinesa. Imediatamente depois de o navio ter sido avistado pelo contratorpedeiro japonês Setogiri, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros nipónico, Alitaka Saiki, convocou o embaixador chinês em Tóquio, para lhe transmitir um protesto oficial. Navios da guarda costeira chinesa navegaram nos últimos anos com frequência pela zona, mas esta foi a primeira vez que uma incursão envolveu um barco militar. O Ministério da Defesa japonês também informou que foi detectada a presença de três navios militares russos numa área contígua às Diaoyu precisamente no momento em que o barco chinês navegava na zona. Histórias e discórdias A disputa territorial entre a China e o Japão em torno das Diaoyu tem décadas, mas agravou-se em Setembro de 2012, depois de Tóquio ter anunciado a compra de três dos cinco ilhotes do pequeno arquipélago, de apenas sete quilómetros quadrados, administrado, de facto, pelo Governo japonês. O arquipélago desabitado, mas potencialmente rico em recursos minerais, fica no Mar da China Oriental, a cerca de 120 milhas náuticas de Taiwan, que também reclama a sua soberania, e a 200 milhas náuticas de Okinawa, no extremo sul do Japão.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte garante não apoiar execuções extrajudiciais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, não apoia execuções extrajudiciais, disse ontem o seu porta-voz, em resposta a críticas de responsáveis e organismos das Nações Unidas. “O Presidente eleito não apoiou – não pode – e nunca vai apoiar execuções extrajudiciais, que são contrárias à lei”, disse Salvador Panelo. O porta-voz acrescentou que Duterte “não tolera” o assassínio de “jornalistas ou quaisquer outros cidadãos”. Salvador Panelo considerou que os responsáveis das Nações Unidas, incluindo o secretário-geral, Ban Ki-moon, estavam mal informados quando condenaram Duterte por, aparentemente, tolerar o homicídio de jornalistas e apoiar as execuções extrajudiciais. Num discurso em Nova Iorque na quarta-feira, Ban Ki-moon disse estar “extremamente perturbado” com as observações de Duterte, em especial, com os seus comentários para justificar o assassínio de jornalistas. Duterte, de 71 anos, venceu as eleições presidenciais em Maio, tendo seduzido o eleitorado com um discurso em torno de dois problemas centrais no país, a criminalidade e a pobreza, o primeiro dos quais prometeu resolver matando milhares de criminosos. Na semana passada, afirmou que os repórteres, “só porque são jornalistas, não estão isentos de serem assassinados”, citando o caso de Jun Pala, assassinado em 2003. “Não quero diminuir a sua memória, mas ele era um filho da mãe podre. Mereceu”, afirmou. Sete repórteres foram assassinados nas Filipinas em 2015, segundo a Federação Internacional de Jornalistas, que no seu último relatório refere ser este país asiático o segundo com mais jornalistas assassinados desde 1990, a seguir ao Iraque.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão protesta aproximação de navio de guerra chinês às Senkaku [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo japonês apresentou ontem um protesto formal junto do Executivo de Pequim após a aproximação de uma fragata da marinha chinesa às disputadas ilhas Senkaku, a primeira incursão do tipo. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros nipónico, Akitaka Saiki, convocou o embaixador chinês em Tóquio, Cheng Yonghua, ao qual apresentou o protesto e transmitiu a sua preocupação relativamente à aproximação do navio de águas territoriais que o Japão considera suas, informou a diplomacia japonesa. O diplomata Cheng Yonghua defendeu, por seu lado, que a navegação do barco é totalmente justificável dado que Pequim sustenta que as ilhas Senkaku – chamadas de Diaoyu pela China e administradas de facto por Tóquio – são parte do seu território, explicaram fontes próximas do assunto à agência Kyodo. O contratorpedeiro japonês Setogiri confirmou que na madrugada de ontem uma fragata da marinha chinesa penetrou em águas contíguas aos ilhotes e permaneceu na zona durante quase três horas sem chegar a entrar em águas que o Japão considera suas. Navios da guarda costeira chinesa navegaram no passado com frequência pela zona, mas esta é a primeira vez que uma incursão envolve um barco militar. O Ministério da Defesa japonês também informou ontem que foi detectada a presença de três navios militares russos numa área contígua às Senkaku precisamente no momento em que o barco chinês navegava na zona. A disputa territorial entre a China e o Japão em torno das Senkaku/Diaoyu tem décadas, mas agravou-se em Setembro de 2012, depois de Tóquio ter anunciado a compra de três dos cinco ilhotes do pequeno arquipélago, de apenas sete quilómetros quadrados, administrado, de facto, pelo Governo japonês. O arquipélago desabitado, mas potencialmente rico em recursos minerais, fica no Mar da China Oriental, a cerca de 120 milhas náuticas de Taiwan, que também reclama a sua soberania, e a 200 milhas náuticas de Okinawa, no extremo sul do Japão.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Investidores pedem ao Governo concessões a Pequim Os investidores de Taiwan com interesses na China querem que a nova presidente, Tsai Ing-wen, recupere o Consenso de 1992 para eliminar obstáculos nas relações com Pequim e permitir-lhes fazer negócios à vontade. Tsai Ing-wen respondeu garantindo que está a fomentar relações “robustas, sustentáveis e previsíveis” com a China [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s investidores taiwaneses na China instaram a nova Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, a eliminar qualquer tipo de obstáculo nos laços com Pequim e a encarar com seriedade as relações comerciais com a segunda economia mundial. Numa reunião realizada na quarta-feira, o presidente da Associação de Empresas Taiwanesas Investidoras na China, Kuo Shan-hui, pediu ao Governo concessões a Pequim. Kuo pediu que o Governo da Formosa aceite o “Consenso de 1992” – que constituiu a base do intercâmbio entre os dois lados do Estreito durante os mandatos do Presidente Ma Ying-jeou (2000-2008) e que foi abandonado por Tsai Ing-wen. “Sem o reconhecimento do Consenso de 1992 haverá grandes obstáculos para qualquer esforço em impulsionar novos intercâmbios entre Taiwan e a China”, disse Kuo. Este consenso é a fórmula pela qual ambas as partes aceitam o princípio de que há uma só China, embora o significado desse conceito seja diferente para cada uma delas. O empresário pediu ao Governo para impulsionar a ratificação de um acordo comercial no domínio dos serviços assinado em 2013, mas bloqueado pelo parlamento, e que complete as negociações do acordo de comércio de bens com a China. “Relações robustas” a caminho Tsai, líder do independentista Partido Democrata Progressista (PDP), bloqueou desde 2013 a ratificação do acordo de serviços com a China e advertiu que não apoiará nenhum acordo com o regime comunista até ser aprovada pelo parlamento uma lei de supervisão dos referidos tratados. Os laços institucionais com a China encontram-se bloqueados desde a ascensão de Tsai, apesar de a nova Presidente ter prometido, no discurso de posse, em Maio, manter o ‘status quo’ nos laços com a China e uma administração não independentista, o que Pequim entende ser insuficiente. Em resposta aos pedidos dos empresários, Tsai disse que o Governo está comprometido em ajudar as empresas taiwanesas na China a enfrentar os desafios atuais, mas que também promove a transferência das mesmas para Taiwan e a sua expansão no plano da internacionalização. A Presidente de Taiwan acrescentou que está a fomentar relações “robustas, sustentáveis e previsíveis” com a China, procurando a estabilidade e a paz no Estreito. Há mais mercados Taiwan tem vindo a acumular recursos para ajudar os seus empresários a desenvolverem os mercados do sudeste da Ásia e Índia, no que designa de “nova política rumo ao Sul”, a qual não pretende competir com os investimentos da China mas antes complementá-los. Há mais de 70 mil empresas taiwanesas com operações na China, onde a ilha tem investidos 133.700 milhões de dólares, segundo dados do investimento acumulado de 1991 até 2013. O valor pode ser substancialmente maior se forem tidos em conta os investimentos feitos a partir de terceiros países. A China tem pressionado Tsai a aceitar que a ilha é parte do país com medidas como a redução do número de turistas chineses, um eventual bloqueio do envio de estudantes para a ilha, a diminuição das compras de produtos agro-pecuários e um cerco diplomático internacional.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | China expressa preocupações sobre derramamento nuclear [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China está muito preocupada com as consequências do acidente nuclear ocorrido em 2011 em Fukushima e pediu que o governo japonês tome medidas de acompanhamento oportunas, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying. A China espera que o Japão tome medidas efectivas para proporcionar informações oportunas, completas e precisas à comunidade internacional e proteja o ambiente oceânico, disse Hua em conferência de imprensa. A operadora da central, a Tokyo Electric Power Co., admitiu pela primeira vez na última segunda-feira que a sua insistência em descrever a tragédia como “dano de um reactor nuclear” nos últimos cinco anos havia “escondido a verdade”. O radioquímico marinho Ken Buesseler do Instituto Oceanográfico Woods Hole dos Estados Unidos disse que as consequências do acidente nuclear de Fukushima foram sem precedentes pois mais de 80% das substâncias radioactivas derramadas escoaram para o mar. A porta-voz chinesa disse que seu país espera que o Japão mantenha um alto sentido de responsabilidade para seu próprio povo, os povos dos países vizinhos e a comunidade internacional, acrescentando que a China deseja se comunicar com as partes envolvidas, incluindo a República da Coreia. A China também pediu que a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) reforce o monitoramento e a avaliação da água radioactiva, disse Hua. Após um terramoto seguido de tsunami em 2011, o Ministério das Relações Exteriores chinês advertiu sua população que seja prudente sobre viagens às áreas do desastre, segundo a porta-voz, dizendo que a advertência continua vigente.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Lancôme reabre lojas após protestos Com medo dos protestos, fecharam-se a sete chaves na quarta mas ontem reabriram. Tudo por causa do cancelamento de um concerto de Denise Ho por, dizem, “motivos de segurança”. Denise acha que foi pelas suas convicções politicas. O Global Times, que iniciou a polémica ao criticar o evento, rejubilou por a Lancôme levar em consideração o público da China continental [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] empresa de cosméticos Lancôme reabriu ontem as suas lojas em Hong Kong, após ter fechado portas na véspera devido a protestos por a marca ter cancelado um concerto da cantora local, crítica da China, Denise Ho. Segundo o South China Morning Post, Denise Ho instou na sua página no Facebook toda a gente a erguer-se contra o que chamou de “terror branco que se tem vindo a espalhar” pela sociedade e a lutar pela liberdade de expressão. Na terça-feira, a cantora pediu explicações à marca francesa por a Lancôme, que pertence ao grupo L’Orèal, lhe ter cancelado um concerto, alegadamente devido às suas convicções políticas. Na quarta-feira, devido à marcação de protestos, as lojas e pontos de venda da marca estiveram fechados em Hong Kong, assim como os escritórios da L’Orèal. Entretanto, foi lançada uma petição na Internet para apelar ao boicote dos produtos Lancôme. O concerto promocional de Denise Ho, agendado para dia 19, foi cancelado após reacções negativas nas redes sociais da China continental ao apoio da artista ao Tibete e a movimentos pró-democracia como o Occupy Central (de Hong Kong). Em comunicado, a cantora considerou a situação “extremamente lamentável”, indicando estar a ser castigada por defender os seus direitos e afirmar as suas convicções. No domingo, a Lancôme disse que o evento tinha sido cancelado devido a “possíveis motivos de segurança”. O balcão de venda da marca no maior centro comercial de Times Square, em Hong Kong, foi encerrado, assim como o centro de beleza que a marca possui no mesmo edifício, depois de se saber que tinha sido convocado um protesto nas imediações. O organizadores do protesto, todavia, avisaram que poderão promover outras iniciativas se não houver resposta da marca. “O objectivo deste protesto é mostrar ao mundo que devemos manter-nos juntos e, através do boicote [aos seus produtos], mostrar à Lancôme e à L’Orèal que não se podem focar apenas no mercado chinês”, afirmou Avery Ng, da Liga dos Sociais-Democratas, um dos 12 grupos que participaram nos protestos na tarde de quarta-feira. Agitação na rede Entretanto, foi também lançada uma petição na internet para apelar ao boicote dos produtos da Lancôme que já reuniu mais de 4.000 assinaturas. A reacção dos internautas chineses surgiu em resposta a uma publicação do jornal de Pequim Global Times, no microblogue Weibo. O jornal questionou o evento, acusando a empresa de cooperar com “veneno de Hong Kong” e “veneno do Tibete”, ou seja, com uma apoiante da autonomia de Hong Kong e do Tibete. Alguns internautas chineses começaram, então, a apelar a um boicote à Lancôme. Após o anúncio do cancelamento do concerto, surgiram novas ameaças de boicote, desta feita do ‘outro lado da barricada’. O Global Times reagiu à notícia, dizendo que a marca francesa revelou “sabedoria” ao cancelar o concerto. Para o jornal, “os motivos são óbvios”: “Aparentemente, a Lancôme tomou mais em consideração os sentimentos do público da China continental, porque a China representa um mercado muito maior do que Hong Kong”. “Como empresa, deve procurar ganhos comerciais, uma sabedoria que deve revelar em situações complexas”, escreveu
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Primeiro país da Ásia a erradicar transmissão de VIH de mãe para filho A Tailândia fez jus à fama dos seus serviços de saúde erradicando a passagem do vírus VIH de mãe para filho. Além disso, os esforços concertados no país levaram também à redução do número de mulheres infectadas: passou de 15 mil casos em 2000 para 1.900 em 2014 – uma descida de 87% [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Tailândia tornou-se no primeiro país da região da Ásia-Pacífico a erradicar a transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e a sífilis de mãe para filho, informou ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS também reconheceu o país asiático como o primeiro com um grande número de afectados que consegue o que a organização qualificou como um “feito extraordinário” e “um passo crucial para reduzir a epidemia do VIH”. “A Tailândia mostrou ao mundo que o VIH pode ser derrotado”, disse o director regional para o sudeste da Ásia da OMS, Poonam Khetrapal Singh, em comunicado. Aproximadamente 21 mil crianças nascem anualmente com VIH na região da Ásia-Pacífico, onde existem cerca de 200 mil menores afectados. Segundo a OMS, mulheres infectadas com o VIH têm entre 15 e 45 por cento de probabilidade de transmitir o vírus aos seus filhos durante a gravidez, parto ou durante a amamentação, mas o risco diminui para 1% se durante estes períodos lhes forem administrados anti-retrovirais. De acordo com o Ministério da Saúde da Tailândia, 98% das mulheres com VIH tem acesso a anti-retrovirais e a transmissão do vírus de mãe para filho foi reduzida a menos de 2%. As autoridades tailandesas estimam que em 2000 aproximadamente mil crianças tenham sido infectadas com VIH, número que diminuiu cerca de 90% em 2015, até aos 85 casos em todo o país, onde um universo de 450 mil vivia com este vírus em 2014. Além de conter a transmissão do VIH entre mãe e filho, a Tailândia também conseguiu reduzir o número de mulheres infectadas: passou de 15 mil casos em 2000 para 1.900 em 2014 – uma descida de 87%. A OMS destacou que o sistema de saúde pública da Tailândia garante o acesso universal aos cuidados médicos e que o mesmo cobre o tratamento de VIH, tanto para tailandeses como para a população imigrante. “A Tailândia deu a volta à epidemia e transformou a vida de milhares de mulheres e crianças afectadas pelo VIH”, disse o director do programa da ONU contra a sida, Michel Sidibé, no mesmo comunicado. “O progresso da Tailândia mostra o que se pode alcançar quando a ciência e a medicina são apoiadas com um significativo compromisso político”, acrescentou. A OMS fez o reconhecimento antes de a ONU reunir ontem representantes de todo o mundo para tentar acelerar a luta contra a sida e de modo a que se atinja o objectivo de erradicar a epidemia antes de 2030. Essa meta – fixada em 2015 nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável adoptados pela ONU – chega depois de se ter conseguido, nos últimos anos, conter e reduzir a propagação da sida em todo o mundo.
Manuel Nunes China / ÁsiaPequim garante redução da produção de aço Com agências Reduzir, sim, mas o Ministro das Finanças vai avisando que a economia planeada é história. Por isso, as reduções têm de se submeter ao mercado pois, argumenta, “mais de metade dos fabricantes de aço são privados”. Mas, pelo sim, pelo não, lançou uma campanha de verificação de consumos energéticos das unidades fabris. Quem gastar demais pode vir a fechar a porta [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China quer reduzir ainda mais o excesso de capacidade de produção na indústria do aço mas com base nas forças do mercado e não nas metas estabelecidas pelo governo, declarou o Ministro das Finanças, Lou Jiwei, na segunda-feira, no início do diálogo anual de alto nível entre a China e os Estados Unidos. A China dá grande importância ao corte da capacidade industrial excessiva e tomou medidas para eliminar 90 milhões de toneladas de capacidade de produção de aço, disse Lou em uma conferência de imprensa. No entanto, descartou a possibilidade do governo estabelecer uma meta quantitativa. “A China tem dito adeus à economia planificada, por isso o governo não pode ditar às indústrias nada a esse respeito. Mais de metade dos fabricantes de aço do país são privados”, indicou. Quem gasta demais, fecha Na sequência das tentativas de redução de capacidade, Lou Jiwei anunciou ainda o lançamento de uma investigação para recolher informação sobre o consumo de energia nas siderúrgicas do país. Segundo o jornal oficial Shanghai Daily, a campanha, promovida pelo Ministério da Indústria e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, encarregada da planificação económica do país, requer a supervisão dos governos locais e uma auto-avaliação das próprias empresas. Pequim exige a todos os governos e siderúrgicas que recolham dados sobre o consumo de energia das empresas até finais de Junho, para serem entregues antes do dia 10 de Julho. As empresas que apresentem níveis de consumo energético superiores ao permitido oficialmente para o sector deverão corrigir esse problema ao longo dos próximos seis meses, com a possibilidade de o prazo ser prorrogado por três meses. As firmas que não cumprirem com aquela meta serão encerradas, informa o jornal. A culpa foi da crise Lou Jiwei contestou ainda as críticas dos Estados Unidos da América e União Europeia ao excesso de capacidade de produção da China, afirmando que há “muito exagero” sobre este tema. Durante a oitava ronda do Diálogo Estratégico e Económico China – EUA, que decorreu até ontem, em Pequim, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, afirmou que aquele problema “tem o efeito de distorcer e danificar os mercados globais”. Lou recordou que boa parte do excesso de capacidade de produção na indústria pesada chinesa se deve ao plano de estímulo massivo lançado por Pequim após a crise financeira global, em 2008, quando o país se tornou no motor da economia mundial, representando mais de 50% do crescimento. “Nessa altura, o mundo aplaudiu a decisão da China e louvou o seu contributo para impulsionar o crescimento económico global”, assegurou, enquanto “agora, o mundo aponta para a China e diz que o excesso de capacidade é um obstáculo para o planeta, mas não dizem o mesmo quando a China contribui para o crescimento global”. O ministro assegurou ainda que Pequim “está a abordar com seriedade o problema do excesso de capacidade”, com uma redução da sua capacidade produtiva de aço a rondar os 90 milhões de toneladas anuais, em 2015, e planos semelhantes para os próximos exercícios. O 8º Diálogo Estratégico e Económico China-EUA é realizado num momento em que o excesso de capacidade de aço se tornou um importante desafio global. Os produtores de aço dos Estados Unidos recorrem cada vez mais a medidas comerciais e à protecção tarifária para superar um mercado desacelerado, uma prática a que se opõem fortemente os exportadores chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activistas pró-democracia absolvidos [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uatro jovens activistas pró-democracia de Hong Kong, incluindo Joshua Wong, um dos líderes do movimento Occupy Central, foram ontem absolvidos da acusação de obstrução à polícia durante um protesto. Wong, de 19 anos, foi o rosto do que ficou conhecido como o Movimento dos Guarda-Chuvas, que levou à paralisação de zonas de Hong Kong durante mais de dois meses em 2014, com protestos nas ruas exigindo eleições totalmente livres para a escolha do chefe do Governo. “O resultado deste julgamento prova que se tratava de uma perseguição política”, disse Wong, após o veredicto do primeiro de muitos casos contra si. O jovem foi levado a tribunal devido a um protesto mais pequeno em Junho de 2014, antes das grandes manifestações, em que dezenas de pessoas se reuniram junto ao edifício da representação oficial de Pequim na cidade. Os manifestantes opunham-se ao “Livro Branco” da China que reafirmava o seu controlo sobre Hong Kong, chegando mesmo a queimar uma cópia do documento. Wong, o líder estudantil Nathan Law, e os activistas Raphael Wong e Albert Chan foram todos acusados de obstrução à polícia, que pode ser punida com penas de prisão de dois anos. Os quatro declararam-se inocentes e foram absolvidos pelo tribunal. Cerca de 20 apoiantes reuniram-se junto ao tribunal antes de a decisão ser conhecida, transportando guarda-chuvas amarelos, o símbolo do movimento pró-democracia de Hong Kong. “Não vamos baixar a cabeça perante as autoridades da China”, disse Law, antes de entrar no tribunal. Mas há mais… Num caso distinto, Wong foi julgado por uma manifestação em que os estudantes entraram dentro do recinto do complexo governamental, a 26 de Setembro de 2014, impulsionando protestos maiores que, dois dias depois, resultaram no lançamento, pela polícia, de gás lacrimogéneo contra a multidão. A decisão deverá ser conhecida no final deste mês. Wong enfrenta também acusações relacionadas com um protesto em Mong Kok, onde aconteceram os confrontos mais violentos do Occupy. Wong e Law foram ainda detidos no mês passado após tentarem parar, em plena estrada, a caravana onde seguia Zhang Dejiang, que preside à Assembleia Nacional Popular. Os dois foram libertados sob fiança.