Hoje Macau China / ÁsiaLi Keqiang de visita à Austrália e Nova Zelândia [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro da China, Li Keqiang, iniciou ontem uma visita oficial à Austrália, seguindo depois para a Nova Zelândia, com a missão de aumentar as relações bilaterais, em particular, as comerciais, com os dois países. A visita de Li Keqiang, que teve início ontem ao final do dia, figura como a primeira realizada por um primeiro-ministro chinês aos dois países oceânicos em 11 anos. Além disso, Li surge como o mais alto membro do Governo da China a visitar a Austrália desde 2014, quando o Presidente Xi Jinping fechou um acordo de comércio livre com Camberra, que teve início em 2015. O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, afirmou que os dois líderes vão anunciar a próxima fase do acordo durante os quatro dias da visita de Li. Em 2016, o comércio bilateral ascendeu a 103,5 mil milhões de dólares norte-americanos, fazendo com que a China se mantivesse, pelo oitavo ano consecutivo, como o maior parceiro comercial da Austrália, segundo dados publicados pela agência oficial chinesa Xinhua. A Austrália, por seu turno, figurou como o oitavo maior parceiro comercial da China no ano passado. A bem da região Naquela que é também a primeira viagem ao estrangeiro que realiza desde o início do ano, Li reunir-se-á com os chefes de Governo de ambos os países, o australiano Malcolm Turnbull e o neozelandês Bill English, que fazem parte, a par com a China e outras nações, de uma das iniciativas regionais que está a ser negociada: a Associação Económica Regional Integral (RCEP). Esta iniciativa “é uma das negociações mais importantes para o desenvolvimento do comércio livre na região”, afirmou na terça-feira, em conferência de imprensa, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zheng Zeguang, ao explicar os objectivos da viagem de Li. “Esperamos, a par com a Austrália e a Nova Zelândia, continuar a promover o RCEP e conseguir relações comerciais mais abertas e inclusivas que gerem benefícios mútuos na zona e promovam a economia mundial”, sublinhou o mesmo responsável. A China não figurava entre os 12 países que, no início de 2016, firmaram o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), formando antes parte da RCEP, que surgiu como bloco alternativo quando Washington anunciou a retirada dos Estados Unidos do TPP. Além da China, a RCEP agrupa outras três importantes economias da Ásia – o Japão, a Índia e a Coreia do Sul -, além dos dez membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e da Austrália e da Nova Zelândia.
Hoje Macau China / ÁsiaEx-Presidente sul-coreana regressa a casa após 21 horas de interrogatório [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ex-Presidente sul-coreana regressou ontem a casa, depois de passar mais de 21 horas na Procuradoria, onde esteve a ser interrogada sobre o papel no escândalo de corrupção “Rasputina” que levou à sua destituição. Park Geun-hye, que se submeteu pela primeira vez às perguntas do Ministério Público após ter perdido a imunidade, ao ser destituída a 10 de Março, foi interrogada durante 14 horas e passou outras sete a rever a declaração. Já tinha amanhecido quando Park, de 65 anos, abandonou a sede da procuradoria, em Seul, com um ar cansado e sem falar com os jornalistas concentrados no local. Durante o processo, a antiga Presidente negou as 13 acusações das quais é suspeita, incluindo suborno e abuso de poder, mas não foram facultadas mais informações. No exterior da sede da procuradoria, vários partidários de Park – que passaram toda a noite no local – saudaram a ex-Presidente à saída, agitando bandeiras. Outro grupo recebeu-a de forma idêntica quando chegou à residência privada, na luxuosa zona de Gangnam, em Seul, com parte da rua que dá acesso à casa coberta com cartazes e mensagens de apoio. A queda Park foi a primeira chefe de Estado a ser destituída desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas em 1987, algo que os defensores, quase todos nostálgicos da ditadura liderada pelo pai (Park Chung-hee), dizem ser uma conspiração da esquerda e dos meios de comunicação social sul-coreanos. A antiga chefe de Estado perdeu a imunidade em 10 de Março, após o Tribunal Constitucional ratificar a destituição, aprovada pelo parlamento, controlado pela oposição, em Dezembro. Após a destituição de Park, foram convocadas eleições presidenciais para 9 de Maio, as primeiras antecipadas na Coreia do Sul. O Ministério Público considerou, no início do processo, que Park terá actuado como cúmplice no caso de corrupção e tráfico de influências que tem como protagonista Choi Soon-sil, conhecida como a “Rasputina” sul-coreana por ser próxima da ex-chefe de Estado. Park é acusada de ter permitido a intervenção de Choi em assuntos de Estado, apesar de não deter qualquer cargo público. Já Choi Soon-sil foi acusada de ter extorquido aos principais conglomerados do país 77.400 milhões de won (cerca de 61 milhões de euros) a favor de em duas fundações que controlava, em troca de favores. Ao todo, 30 pessoas foram até agora indiciadas no escândalo, que também afectou 53 empresas, incluindo gigantes como a LG, Hyundai ou Samsung. Park Geun-hye foi a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado na Coreia do Sul.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activista aceita prisão por agredir polícias [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m activista dos protestos pró-democracia de 2014 em Hong Kong, que foi atacado por sete polícias condenados pela agressão, aceitou ontem a pena de cinco semanas de prisão por atacar as forças de segurança. Ken Tsang, que trabalha na área da assistência social, renunciou à possibilidade de recorrer da decisão – de Maio de 2016 – que o condena a cinco semanas de prisão por ter agredido a polícia e resistido à detenção durante as manifestações de finais de 2014 na antiga colónia britânica. O activista apresentou-se ontem diante de um tribunal de Hong Kong, à entrada do qual se concentraram duas dezenas de manifestantes para expressar o seu apoio com guarda-chuvas amarelos – símbolo dos protestos pró-democracia – e uma dezena de simpatizantes das forças de segurança da Região Administrativa Especial chinesa. Sete contra um https://www.youtube.com/watch?v=6PEa1cU6-lU O caso de Tsang voltou à actualidade em 14 de Fevereiro quando um juiz de Hong Kong condenou a dois anos de prisão os sete polícias que o agrediram por ter atacado antes outros agentes da autoridade. O incidente teve lugar durante uma das noites mais violentas dos quase três meses de ocupação nas ruas e foi tornado público pelo canal de televisão local TVB que transmitiu no dia seguinte as imagens. As imagens de vídeo mostravam os sete agentes a arrastar Tsang, algemado, para longe da multidão, para um canto escuro num parque público, onde foi agredido. Um homem estava por cima do activista infligindo-lhe golpes enquanto três outros o pontapeavam repetidamente. Na gravação também se via Ken Tsang, então membro do Partido Cívico, um dos principais grupos políticos pró-democracia, a atirar um líquido – que o activista insiste que era água – contra polícias antes de ser agredido. Tsang tornou ontem pública a sua decisão de não recorrer da sentença através de um comunicado no Facebook: “Sei que algumas das coisas que fiz infringem a lei e tenho de ser responsável por isso – nunca o neguei”. Com esta condenação encerra-se outro dos casos que correm na justiça sobre a fase de desobediência civil em que degenerou o movimento que levou inúmeros activistas a sentarem-se no banco dos réus nos meses que seguiram ao fim dos protestos populares que tomaram as ruas de Hong Kong durante 79 dias. Agora, Ken Tsang pode vir a tornar-se no primeiro recluso a votar na eleição para o chefe do Executivo de Hong Kong, marcada para domingo, dado que é um dos 1.194 membros do restrito colégio que vai escolher o líder do Governo entre os três actuais candidatos ao cargo. Tsang, que integra o colégio eleitoral como representante do sector da assistência social, afirmou, citado pelos ‘media’ locais, que espera que as autoridades competentes o ajudem a exercer o seu direito de voto na cadeia.
Hoje Macau China / ÁsiaLu-Olo eleito Presidente de Timor-Leste com 57,08% dos votos válidos [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]rancisco Guterres Lu-Olo foi eleito esta segunda-feira como Presidente da República em Timor-Leste, obtendo 57,08% dos votos válidos, à frente do segundo classificado, António da Conceição, com 32,47%, segundo dados finais provisórios. Quando estavam escrutinados 100% dos 696 centros de votação, Lu-Olo somou 294.938 votos, contra os 167.760 de António da Conceição, num sufrágio em que participaram 528.813 eleitores, ou 71,16% do total recenseado, segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Em terceiro, a grande distância dos dois primeiros, surge José Luís Guterres, que obteve 13.513 votos (2,62%), à frente de José Neves, que obteve 11.662 votos ou 2,26 por cento dos votos válidos (que totalizaram 516.727). Em quinto entre os oito candidatos surge Luís Tilman, que obteve 11.124 votos ou 2,15% do total, seguindo-se António Maher Lopes, com 9.098 votos ou 1,76% do total. Nas últimas duas posições surgem Ângela Freitas, que obteve 4.353 votos ou 0,84%, e Amorim Vieira que se ficou pelos 4.279 votos ou 0,83%. Os seis candidatos menos votados somaram entre si 54.029 votos, ou 10,46% do total. Dos números Lu-Olo venceu em nove dos 12 municípios (Aileu, Baucau, Bobonaro, Covalima, Díli, Lautem, Manatuto, Manufahi e Viqueque), com António da Conceição a vencer nos municípios de Ainaro, Ermera e Liquiçá e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA). O Presidente eleito, que tomará posse a 20 de Maio, obteve o seu melhor resultado em Viqueque, na ponta leste do país, onde conseguiu 82,79% dos votos e o seu pior em Liquiçá, onde se ficou pelos 41,35%. Já António da Conceição registou a sua maior percentagem de apoio em Liquiçá (49,82%) e a pior em Viqueque (9.67%). Lu-Olo venceu nos três centros de votação fora de Timor-Leste, obtendo 65,61% dos votos em Lisboa, 64% dos votos em Sydney e 47,88% em Darwin. Os dados provisórios, que têm agora de ser validados oficialmente, mostram que Lu-Olo ficou acima dos 50% em sete dos 12 municípios do país e que António da Conceição não conseguiu a maioria absoluta em nenhuma região do país. A maior taxa de participação registou-se em Aileu, a sul de Díli, onde votaram 81,49% e a menor ocorreu em Manufahi, também a sul da capital, onde votaram apenas 68,05% dos eleitores inscritos.
João Luz China / Ásia MancheteEleições | Presidência de Timor-Leste entre Guterres Lu-Olo e António da Conceição Fecharam as urnas em Timor-Leste para a eleição do próximo Presidente da República. A grande interrogação que se coloca, enquanto não chegam os resultados, é se Francisco Guterres Lu-Olo é eleito à primeira. A acontecer uma segunda volta, o candidato da Fretilin deve ter António da Conceição como adversário Com agência Lusa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s eleições presidenciais em Timor-Leste ocorreram sem incidentes, com toda a tranquilidade e transparência, com a sensatez a ser a imagem de marca do primeiro sufrágio sem a organização das Nações Unidas. Os elogios marcaram as reacções internacionais ao acto eleitoral que vai eleger o quarto Presidente da República timorense, sucessor do actual Taur Matan Ruak. O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Alcino de Araújo Baris, disse à Agência Lusa que “não houve nada de grave a registar e as coisas funcionaram normalmente em praticamente todo o lado”. Já a campanha eleitoral havia decorrido sem acidentes de maior, facto que, para o investigador Rui Flores, foi uma “mostra da maturidade democrática do país”. A contenda tem como nomes cimeiros nos boletins de voto Francisco Guterres Lu-Olo, apoiado pelos dois principais partidos, e António da Conceição, que concorre sob a égide do Partido Democrático, com o apoio do Presidente cessante Taur Matan Ruak. No sufrágio anterior, a afluência às urnas foi elevada, 78,2 por cento do eleitorado, com largas filas de eleitores a aguardar oportunidade para votar, já bem depois da hora prevista para o fecho das urnas. Ainda assim, Alcino de Araújo Baris espera que a taxa de participação seja ainda mais maior que a registada em 2012, apesar de, até à hora de fecho desta edição, ainda não terem sido apresentados dados concretos da participação eleitoral. Portanto, uma democracia vibrante em termos eleitorais, apesar de todas as dificuldades logísticas, mas ainda imune às maleitas da abstenção. “Os eleitores mostraram bastante ânimo, queriam participar neste processo e as coisas estão a funcionar em todo o território”, revelou o presidente da CNE à Lusa na altura em que as urnas eram encerradas. Pela primeira vez na história da jovem democracia timorense, foi dada a oportunidade à diáspora para participar no acto eleitoral, mas apenas em Lisboa, Sydney e Darwin. Assim sendo, os primeiros dados de participação vieram da Austrália, onde o entusiasmo eleitoral foi oposto ao verificado em Timor-Leste. Em Sydney, dos 658 eleitores registados, apenas 75 foram às urnas, sendo que o candidato mais votado foi Francisco Guterres Lu-Olo, com 48 votos, não tendo sido ainda apurados os resultados das restantes candidaturas. Em Darwin a afluência foi muito superior. Das 228 pessoas registadas para participarem no sufrágio votaram 168, tendo o candidato apoiado pela Fretilin obtido 79 votos, contra os 58 de António da Conceição, segundo os dados revelados pela Lusa. Os resultados referentes à votação de Lisboa ainda não tinham sido divulgados até ao fecho da edição. Apesar de ainda serem prematuros, uma vez que os resultados finais podem ser apurados apenas daqui a 48 horas, os votos contados na Austrália podem ser lidos politicamente, uma vez que dão vantagem ao candidato favorito. “A dúvida é se Francisco Guterres Lu-Olo ganha à primeira, se houver segunda volta há aqui uma surpresa, uma vez que a Fretilin e CNRT não chegarão aos 50 por cento”, projecta Rui Flores, investigador que viveu em Timor-Leste durante três anos. Observadores satisfeitos Timor votou ontem para eleger o quarto Presidente. Será uma segunda volta necessária? Durante a eleição registaram-se apenas pequenos problemas. O presidente da CNE relatou aos jornalistas um caso de atraso na abertura de uma mesa de voto em Dom Caileto, no município de Bobonaro, assim como a detenção de um eleitor que se tentou passar por outra pessoa para votar de novo. Ocorreram ainda alguns erros de impressão de boletins de voto e mesas de voto em más condições. Tirando isso, a quarta eleição presidencial de Timor-Leste correu bem – é essa a opinião generalizada dos observadores internacionais no local. A eurodeputada basca Izaskun Bilbao Barandica, que lidera a missão oficial de observadores da União Europeia, mostrou-se agradada com a correcção e transparência do processo. Numa primeira avaliação, a observadora descreveu que, “nos maiores centros urbanos, especialmente em Díli, os membros das mesas demoraram algum tempo a consultar os nomes dos eleitores nos cadernos”, o que resultou em algumas filas. Em declarações aos jornalistas, a eurodeputada realçou que o essencial é que tenha sido garantido o sigilo da votação e que o acto se tenha realizado sem impedimentos. Estiveram em Timor-Leste 15 equipas, compostas por 35 pessoas, a acompanhar o processo em 10 dos 13 municípios timorenses, que continua com a contagem dos votos. Ana Gomes e Marisa Matias estão entre os sete eurodeputados no terreno. “Onde estive a observar está tudo calmíssimo, tranquilíssimo, com muita afluência e sinais de que as pessoas, mesmo os jovens, são muito conhecedoras do processo e do que têm a fazer”, afirmou a eurodeputada do PS à agência Lusa em Díli. À primeira A presidência parece estar dividida entre Francisco Guterres Lu-Olo e António da Conceição. O primeiro candidato, apoiado pelos dois principais partidos timorenses, parece ter alguma vantagem. Lu-Olo chega às urnas com o aval político da Fretilin, liderada por Mari Alkatiri, e pelo Congresso Nacional de Reconstrução Timorense (CNRT), do histórico Xanana Gusmão. Ambos os partidos tinham nas últimas sondagens a preferência do eleitorado, granjeando, respectivamente, 29 por cento e 17 por cento. É, claramente, o candidato que encarna o sentido de unidade nacional expresso pelas elites políticas timorenses, segundo os dados recolhidos pela sondagem da Asia Foundation, realizada em Dezembro último. A candidatura de António da Conceição é apoiada pelo actual Presidente e pelo Partido Democrático. No total, as últimas sondagens sugerem que o candidato deverá reunir cerca de 10 por cento das intenções de voto. Apesar da tranquilidade na ida às urnas, esta eleição tem como pano de fundo alguma turbulência política e as futuras legislativas. Neste aspecto, Rui Flores adianta que “a grande questão é ver se a convergência de interesses da Fretilin e da CNRT se vai verificar nas legislativas”. O investigador considera improvável que haja uma coligação pré-eleitoral entre as duas grandes forças partidárias timorenses. Uma das maiores incógnitas é saber quem encabeçará as listas às eleições legislativas, sendo que a única certeza é que Taur Matan Ruak será candidato, através de um pequeno partido que criou mas que parece não descolar nas sondagens apuradas até agora. A ida às urnas para eleger o próximo Governo deverá ocorrer no mês de Julho. Neste contexto, é de salientar que o Presidente cessante, eleito com o apoio de Xanana Gusmão em 2012 depois de derrotar Francisco Guterres Lu-Olo, entrou em ruptura com o Executivo apoiado pela Fretilin e a CNRT. As desavenças políticas chegaram ao ponto de Taur Matan Ruak ter tentado chumbar o Orçamento de Estado de 2016, mas a frente política de unidade nacional dos dois maiores partidos timorenses forçaram a promulgação. O actual Presidente e antigo líder da resistência armada à ocupação indonésia, FALINTIL, lançou acusações ao Executivo que o modelo de desenvolvimento económico seguido é contraproducente. Matan Ruak insurge-se contra a política de aposta em megaprojectos e nas concessões a petrolíferas, em detrimento do investimento em áreas sociais, como a saúde, educação, agricultura e pescas. Dois caminhos A jovem democracia timorense parece separada em duas facções, sendo que os partidos históricos continuam a conseguir a simpatia da maioria do eleitorado. Porém, esse apoio popular já conheceu melhores dias. Segundo um estudo da Asia Foundation, em 2014, 73 por cento dos inquiridos mostraram contentamento com o rumo seguido pelo país. Esta margem de manobra da elite política timorense viu-se reduzida a 58 por cento em 2016. A discrepância é ainda maior entre o eleitorado com menos 25 anos, com uma redução de 80 por cento para 50. Um dos factores de descontentamento popular, que Taur Matan Ruak tenta capitalizar, é o fantasma da corrupção que paira sobre o bloco central timorense, num pequeno país muito dependente das rendas do petróleo. Outro ponto é o alegado investimento em grandes projectos, como o complexo petroquímico e de tratamento de gás natural de Tasi Mane e o terminal de contentores de Tibar, nos subúrbios de Díli. No ano passado, o complexo petroquímico recebeu um investimento de cerca de 193 milhões de dólares, um valor equivalente a todos os gastos do Estado com saúde, educação e agricultura. Isto num jovem país ainda com grandes dificuldades estruturais onde parece começar a fermentar algum ressentimento na população, criando uma atmosfera de crescente insatisfação social. A corrupção é assim um dos problemas latentes em Timor-Leste, algo que surge quase como uma consequência natural numa democracia recente e onde foram descobertos significantes jazigos de combustíveis fósseis. No início deste mês, o Departamento de Estado norte-americano divulgou um relatório onde alertou para a “corrupção endémica” no sector público. Estes são os cenários de fundo em Timor-Leste. Enquanto os resultados das presidenciais não chegam, os dados para as legislativas já rolam numa das mais jovens democracias mundiais.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim adverte Washington sobre venda de armas a Taiwan [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reiterou ontem a sua firme oposição à venda de armamento a Taiwan pelos Estados Unidos, face às informações de que Washington está a preparar um grande carregamento de armas para a ilha. “A China opõe-se firmemente à venda de armas a Taiwan pelos EUA. Isto é consistente e claro”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Hua Chunying, em conferência de imprensa. “Esperamos que o lado norte-americano reconheça plenamente a elevada sensibilidade e graves danos das suas vendas a Taiwan”, acrescentou. Hua apelou a Washington para que obedeça ao princípio “Uma só China” e “suspenda a venda de armas a Taiwan”, de forma a preservar as relações entre os dois países e a estabilidade no Estreito de Taiwan. Os comentários, feitos um dia após o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, concluir uma visita oficial a Pequim, são uma reacção às informações veiculadas pela imprensa norte-americana de que a administração de Donald Trump prepara uma venda de larga escala de armamento a Taiwan. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a reunificação pacífica, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência. As relações voltaram a deteriorar-se após a tomada de posse em Taipé da Presidente Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, que defende a independência do território. O amigo americano Os EUA são o aliado mais importante da ilha e o seu principal fornecedor de armas, apesar dos dois lados não terem relações diplomáticas, desde 1979. A vitória de Trump nas eleições norte-americanas suscitou a preocupação de que este utilize a questão de Taiwan como moeda de troca em disputas comerciais com Pequim. Trump chegou mesmo a aceitar uma chamada telefónica de Tsai, felicitando-o pela vitória nas eleições, e por várias vezes disse que poderia reconsiderar a política “Uma só China” – vista como uma garantia de que a ilha é parte da República Popular e não uma entidade política soberana. Após essa chamada, o Governo de São Tomé e Príncipe anunciou o corte das relações diplomáticas com Taipé e o reconhecimento da República Popular da China, numa decisão que a imprensa estatal chinesa disse ser um castigo para Tsai. Na semana passada, Taiwan reconheceu pela primeira vez publicamente que tem capacidade para lançar mísseis contra a China. Segundo Taipé, a China tem mais de 1.500 mísseis apontados para Taiwan.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Parceiros comerciais protestam contra novas medidas de inspecção de alimentos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s parceiros comerciais da China vão trazer a Pequim o responsável máximo da ONU pelas normas alimentares, numa tentativa de persuadir as autoridades a recuar com um plano que visa reforçar o controlo sobre as importações alimentares. Segundo as medidas anunciadas por Pequim, que devem entrar em efeito em Outubro, todos os produtos alimentares – incluindo de baixo risco, como vinhos e chocolates – vão precisar de um certificado que prove que satisfazem os padrões de qualidade chineses. Outros países exigem apenas aquele certificado para importações de carne, lacticínios e outras mercadorias perecíveis. Europa e Estados Unidos consideram que as novas regras visam proteger os produtores chineses, em detrimento das suas exportações. A medida pode ainda agravar as tensões entre Pequim e a administração norte-americana de Donald Trump, que prometeu subir os impostos sobre as importações chinesas. A China é ainda um mercado cada vez mais importante para os produtos alimentares europeus, incluindo portugueses. Em 2015, o sector dos alimentares português foi o que mais aumentou as vendas para a China: 161,1%, em termos homólogos. Diplomatas e empresários estão apreensivos face às novas medidas. “Pode reduzir as importações de forma dramática”, afirmou o embaixador da Alemanha em Pequim, Michael Clauss, citado pela Associated Press. “Parece mais uma forma de proteger os produtores chineses do que os padrões de segurança alimentar”, disse. As regras vão acrescentar “uma complexidade de regulamentos desnecessária”, num período em que Pequim prometeu reduzir os regulamentos, afirmou Jake Parker, vice-presidente do Conselho Empresarial EUA-China, citado pela AP. Os reguladores chineses consideram que é necessário um reforço do controlo, à medida que as importações aumentam. As autoridades chinesas argumentam que a inspecção está de acordo com o Codex Alimentarius, as “regras para produtos alimentares” definidas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e a Organização Mundial de Saúde. O presidente do Conselho, Awilo Ochieng Pernet, um advogado suíço, vai estar em Pequim, em Abril, num seminário com funcionários chineses para explicar as normas, segundo fonte não identificada citada pela AP. Peso desnecessário Em Janeiro passado, os embaixadores dos EUA e vários países da União Europeia (UE) expressaram a sua preocupação numa carta enviada a Wang Yang, o vice-primeiro-ministro chinês encarregue da agricultura e comércio. Em comunicado, a delegação da UE na China afirmou também que exigir certificados sanitários para todos os produtos “não é cientificamente necessário”. As regras seriam um peso para as empresas estrangeiras e um desperdício de “recursos preciosos de inspecção, que deviam focar-se em produtos de risco”, acrescenta a mesma nota. As medidas surgem após uma série de escândalos alimentares envolvendo fornecedores chineses apanhados a vender produtos alimentares contrafeitos. Funcionários ocidentais dizem ainda que as novas regras visam também desresponsabilizar a Administração para Inspecção de Qualidade, Supervisão e Quarentena, que os consumidores chineses culpam pelas falhas na segurança alimentar.
Hoje Macau China / ÁsiaDonos do grupo sul-coreano Lotte julgados por corrupção [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro membros da família que controla o gigante retalhista sul-coreano Lotte, incluindo o seu fundador, de 93 anos, foram presentes ontem a tribunal onde começaram a ser julgados por desvio de dinheiro, evasão fiscal e fraude. O processo contra o presidente da empresa, Shin Dong-Bin, de 61 anos, o seu irmão, irmã e pai – e também a amante do patriarca quase 40 anos mais nova – surge numa altura em que o quinto maior conglomerado da Coreia do Sul enfrenta boicotes por parte da China. A empresa facultou terrenos a Seul para acolher um sistema de defesa antimíssil norte-americano THAAD, e quase 90% das lojas Lotte Mart na China foram desde então obrigadas a fechar portas ou pelas autoridades ou devido a manifestações populares. O julgamento é o mais recente golpe na reputação de conglomerados controlados por famílias que nas últimas décadas impulsionaram o crescimento da quarta economia da Ásia. Mais recentemente tornaram-se num crescente foco de descontentamento popular contra a corrupção e desigualdade como ocorreu no escândalo que resultou, no início do mês, na destituição definitiva da Presidente sul-coreana, Park Guen-Hye. O presidente da Lotte, Shin Dong-Bin, é acusado de ter custado à firma 175 mil milhões de won (145 milhões de euros) através de uma série de evasões fiscais, esquemas financeiros e outras irregularidades. Foi ainda acusado de negligência por conceder lucrativos negócios ou pagar “salários” no valor de milhões de dólares a parentes que pouco contribuíram para a gestão. “Sinto muito ter causado preocupação. Vou cooperar sinceramente no julgamento”, afirmou Shin, aos jornalistas, antes de entrar ontem na sala de audiências. Tudo em família Idênticas acusações pendem contra o seu irmão mais velho, Shin Dong-Joo, a sua irmã mais velha, Shin Young-Ja, bem como contra o seu pai, Shin Kyuk-Ho. Não ficou claro se o fundador nonagenário compareceu em tribunal, mas não passou pelos jornalistas que se encontravam à entrada do edifício em Seul. A sua amante, de 57 anos, também foi acusada por desvio de dinheiro por ter encaixado avultadas somas em “salários” apesar de ter um pequeno papel na gestão da empresa. Os cinco foram formalmente indiciados pelo Ministério Público em Outubro. As acusações não estão directamente relacionadas com o escândalo de corrupção e tráfico de influências que levou à queda de Park. O grupo Lotte, sediado em Seul e fundado em Tóquio em 1948, tem uma vasta rede de negócios na Coreia do Sul e no Japão, com activos combinados avaliados em mais de 90 mil milhões de dólares norte-americanos. A decisão de Seul de destacar o sistema antimíssil norte-americano THAAD como forma de se proteger contra ameaças da Coreia do Norte desencadeou a ira da China, que receia que belisque as suas próprias capacidades militares. As primeiras partes do sistema THAAD chegaram à Coreia do Sul há duas semanas depois de a Lotte ter assinado um acordo de troca de terrenos oferecendo um campo de golfe no condado de Seongju, no sul, para a instalação do sistema. Desde então, as autoridades fecharam dezenas de lojas da Lotte, devido a “questões de segurança”, com manifestantes a realizar protestos em todo o país denunciando o grupo e outros negócios sul-coreanos. A Lotte, focada em alimentos, retalho e hotelaria, investiu mais de 8 milhões de dólares nas suas operações na China e tem mais de 120 estabelecimentos no país, empregando 26 mil funcionários locais. A família Shin tornou-se alvo de investigação estatal depois de 2015, quando uma azeda disputa pública entre os dois irmãos pelo controlo do grupo desencadeou a ira pública sobre como os conglomerados administrados por famílias conduzem os seus negócios.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Manifestantes condenados a três anos de prisão por motins de 2016 [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês jovens manifestantes de Hong Kong foram condenados sexta-feira a uma pena de três anos de prisão cada devido à sua participação nos tumultos que degeneraram em violentos confrontos em Fevereiro do ano passado. Os estudantes Hui Ka-ki, de 23 anos, e Mak Tsz-hei, de 20, e o cozinheiro Sit Tat-wing, de 33, foram os primeiros a serem condenados pelos motins ocorridos na zona comercial bastante movimentada de Mong Kok em Fevereiro do ano passado por ocasião do Ano Novo chinês. Os distúrbios, que surgiram na sequência de uma operação policial contra venda ambulante ilegal de comida, resvalaram em confrontos considerados os mais violentos dos últimos anos e a maior demonstração de descontentamento popular na antiga colónia britânica desde os protestos pró-democracia do final de 2014. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, incluindo polícias, manifestantes e jornalistas, e 65 foram detidas naquele que foi um raro surto de violência em Hong Kong. A defesa alegou que os três manifestantes agora condenados – e que incorriam numa pena máxima de dez anos de cadeia – estavam a expressar o seu descontentamento para com o governo de Hong Kong que activistas afirmam ser uma marioneta de Pequim. “Qualquer pessoa que participe nesse tipo de motins precisa de compreender que há um preço a pagar”, afirmou o juiz Sham Siu-man, apontando que “violência é violência”. A sentença tem lugar quando falta pouco mais de uma semana para as eleições para o chefe do Executivo de Hong Kong, marcadas para o próximo dia 26. O líder da Região Administrativa Especial de Hong Kong é escolhido por um comité eleitoral formado por 1.200 membros, representativos de diferentes sectores da sociedade, que é dominado por elites ou interesses pró-Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaHRW | China usa lei anti-terrorismo como instrumento político [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) culpou sexta-feira o Governo chinês por instrumentalizar a lei antiterrorista do país, visando “perseguir” actividades pacíficas incómodas para o regime. “Nenhuma informação pública disponível sobre as pessoas que foram punidas, em 2016, por crimes relacionados com terrorismo indica que estas perpetuaram, ou estiveram vinculadas a qualquer acção violenta”, afirmou a directora da HRW para a China, Sophie Richardson, em comunicado. “Enquanto os processos penais continuarem a ser opacos (…) as penas por terrorismo no país continuarão a gerar desconfiança”, lê-se na mesma nota. A HRW afirma que a luta antiterrorista na China, principalmente na região do Xinjiang, palco frequente de conflitos étnicos, permite abusos pela sua “ampla definição de terrorismo, falta de transparência e violações do direito a um julgamento justo”. Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, a região do Xinjiang, onde habita a minoria muçulmana uigur, faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão e Índia. Pequim vincula os conflitos que frequentemente ocorrem na região com grupos separatistas, como o Movimento do Turquestão Oriental, enquanto peritos e grupos de defesa dos direitos humanos consideram que a política repressiva das autoridades relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões. O Supremo Tribunal Popular da China revelou este mês, no seu relatório anual apresentado na Assembleia Nacional Popular, o legislativo chinês, que 1.419 pessoas foram condenadas, em 2015, por “ameaçar a segurança nacional, incitar ao separatismo e participar de actividades terroristas”. Acesso bloqueado “O Governo assegura estar a combater as ameaças terroristas, sobretudo na região do Xinjiang, mas oferece poucos detalhes, enquanto exerce um controlo severo sobre a imprensa e outros actores independentes”, lamentou a responsável da HRW. A organização denunciou que o Executivo chinês bloqueia o acesso a investigadores independentes, tanto chineses como estrangeiros, incluindo aqueles que integram as Nações Unidas. A HRW revela que “apenas” quatro sentenças por casos relacionados com o terrorismo foram tornadas públicas, em 2016. Segundo os dados difundidos, os quatro condenados foram acusados por posse, acesso ou distribuição de material audiovisual relacionado com o terrorismo, através da Internet, redes sociais ou correio electrónico. O Supremo Tribunal obriga a publicar os veredictos judiciais, mas exclui todos aqueles que envolvam segredos de Estado, violem a privacidade pessoal ou sejam “desadequados” a tornarem-se de domínio público. A HRW detalha que houve uma dezena de casos no ano passado que envolveram multas e detenções por assistir, descarregar ou armazenar conteúdo audiovisual relacionado com terrorismo, “algo que não é suficientemente grave para constituir um acto criminal”.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping e Rex Tillerson prometem fortalecer laços entre os países [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês Xi Jinping e o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson comprometeram-se este domingo, em Pequim, a trabalhar para fortalecer os laços entre os seus países. Xi e Tillerson encontraram-se horas depois de a Coreia do Norte ter lançado um ‘rocket’ e quando decorrem negociações para uma cimeira no próximo mês com Xi e Donald Trump, nos Estados Unidos. Xi disse a Tillerson que ele e Trump decidiram, num telefonema no mês passado, “fazer um esforço conjunto para desenvolver a cooperação China-Estados Unidos”. “Acreditamos que podemos garantir que a relação vai avançar de forma construtiva para uma nova era”, afirmou. “Estou confiante que, desde que consigamos fazer isto, a relação pode certamente avançar na direcção certa”, acrescentou o Presidente chinês. A caminho de Pequim, Tillerson visitou o Japão e a Coreia do Sul, onde declarou que Washington vai abandonar a estratégia “falhada” de paciência diplomática com Pyongyang, algo que pode desagradar à China. Na sexta-feira, Trump escreveu no Twitter que a China não está a fazer o suficiente para controlar o vizinho e aliado histórico norte-coreano. As relações com Pequim foram também postas à prova com a instalação de um sistema de defesa antimísseis na Coreia do Sul, a que a China se opõe. Ainda assim, Tillerson adoptou uma postura conciliatória: “Sabemos que através do diálogo chegaremos a uma melhor compreensão, que conduzirá a um reforço dos laços entre a China e os Estados Unidos e definirá o tom da nossa futura relação de cooperação”. Alta tensão Washington e Pequim concordaram ainda que a tensão na península coreana alcançou um nível “bastante perigoso” e comprometeram-se a fazer “todo o possível” para evitar um conflito, afirmou o secretário de Estado dos Estados unidos. “Penso que partilhamos a opinião de que as tensões na península são agora bastante elevadas e de que as coisas alcançaram um nível bastante perigoso”, afirmou Tillerson numa conferência de imprensa depois de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi. “Comprometemo-nos a fazer tudo o que possamos para prevenir o rebentamento de qualquer conflito”, adiantou. Tillerson disse ainda que Washington e Pequim iriam trabalhar para ver se conseguiam convencer Pyongyang a corrigir o percurso a afastar-se do desenvolvimento das armas nucleares. O secretário de Estado dos Estados Unidos debateu com o Governo chinês uma nova estratégia para lidar com a Coreia do Norte, naquela que é a primeira visita ao país asiático de um membro do gabinete de Trump. Rex Tillerson chegou este sábado a Pequim proveniente da Coreia do Sul e do Japão, onde lembrou a necessidade de mudar a estratégia de Washington em relação a Pyongyang e assegurou que todas as “opções estão abertas”. Em outras escalas desta viagem à Ásia, o secretário de Estado defendeu um novo plano para fazer frente aos avanços norte-coreanos após os seus últimos ensaios, mas não deu quaisquer detalhes. Na sexta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson disse que uma acção militar dos Estados Unidos contra o regime de Pyongyang era “uma opção que está em cima da mesa”, após visitar a zona desmilitarizada que divide a península coreana. “Nós não queremos que as coisas cheguem a um conflito militar”, disse Tillerson, acrescentando que se a Coreia do Norte incrementar “as ameaças”, as opções passam a ser militares. “Se eles [Coreia do Norte] elevarem a ameaça através do programa de armamento a um nível que, acreditamos, pode obrigar a uma acção [militar], então essa opção fica em cima da mesa”, afirmou o secretário de Estado norte-americano.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan pede à China que respeite a sua democracia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Taiwan para os Assuntos da China Continental apelou ontem a Pequim para que respeite a democracia de Taiwan, reconheça a sua existência e não exija condições políticas prévias para os contactos bilaterais. “Manter a paz e estabilidade no estreito da Formosa é a política estabelecida pelo governo desde que assumiu o poder, em 20 de Maio passado”, afirmou em comunicado o organismo de Taipé encarregue dos contactos com Pequim. O comunicado surgiu em resposta ao apelo do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, para que Taipé aceite o principio “Uma só China”, visto como uma garantia de que a ilha é parte da República Popular e não uma entidade política soberana. A nota emitida por Taipé refere ainda que a China continental deve aceitar as diferenças no desenvolvimento dos regimes políticos de cada lado do estreito de Taiwan e reconhecer e respeitar a existência da democracia e da sua opinião pública. “Só então as relações entre os dois lados do estreito [de Taiwan] poderão desenvolver-se de forma construtiva”, lê-se. Tempos difíceis As relações entre Pequim e Taipé atravessam um período de renovadas tensões, desde a eleição da Presidente de Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, que defende a independência do território. Uma conversa por telefone entre Tsai e o então presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que por várias vezes disse que poderia reconsiderar a política “Uma só China”, levou ao pico das tensões. Após essa chamada, o Governo são-tomense anunciou o corte das relações diplomáticas com Taipé e o reconhecimento da República Popular da China, numa decisão que a imprensa estatal chinesa disse tratar-se de um castigo para Tsai. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a reunificação pacífica, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Arábia Saudita com projectos até 60.500 milhões de euros [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e a Arábia Saudita acordaram ontem estudar projectos conjuntos, em diferentes áreas, num valor total de 60.500 milhões de euros, durante a vista do rei Salman bin Abdulaziz a Pequim. O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o monarca no Grande Palácio do Povo, numa visita em que ambos os lados estiveram acompanhados por uma larga comitiva empresarial e ministerial. Os dois líderes presidiram à assinatura de 14 memorandos de entendimento em várias áreas, desde o comércio, energia ou cultura, que poderão resultar em projectos no valor total de 60.500 milhões de euros, segundo o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Ming. Entre os acordos anunciados consta um memorando de entendimento entre a firma chinesa Norinco e a gigante da Arábia Saudita Aramco, a firma estatal que controla a indústria do petróleo no país. A petroquímica Sabic e a principal refinaria da China, a Sinopec, acordaram também estudar o desenvolvimento de projectos em ambos os países. “Xi e o rei Salman são velhos amigos. Têm uma relação muito boa”, destacou Zhang Ming. Alianças reforçadas A visita de três dias surge depois de Xi se ter deslocado no ano passado à Arábia Saudita, na primeira vista de Estado de um líder chinês ao Médio Oriente nos últimos sete anos. O rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, 81 anos, aterrou na quarta-feira em Pequim, com uma comitiva composta por 1.000 pessoas, e já depois de ter estado no Japão, Malásia e Indonésia, parte de um périplo de um mês pela Ásia. A China tem procurado aproximar-se do Médio Oriente, enquanto a Arábia Saudita reforça as suas alianças no leste asiático, face à incerteza quanto à política externa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pequim é um dos principais clientes do petróleo dos países do Médio Oriente, mas tradicionalmente opta por uma postura de não intervenção na região. Porém, desde que Xi ascendeu ao poder, em 2012, o país adoptou uma nova abordagem, que inclui mediar a discussão entre diferentes partes envolvidas no conflito sírio. O Presidente chinês lançou também a iniciativa Nova Rota da Seda, um plano que visa reforçar as rotas comerciais entre a China e a Europa, através da construção de estradas e linhas ferroviárias de alta-velocidades entre as duas regiões. “Esta visita irá impulsionar e continuar a melhorar a qualidade das nossas relações”, disse ontem Xi ao rei, no início do encontro entre os dois. A China é, desde 2015, o principal parceiro comercial da Arábia Saudita, que durante vários anos foi o principal fornecedor de petróleo do país asiático. É a primeira visita do monarca à China, desde que assumiu o trono, em 2015, após a morte do seu meio-irmão Abdullah.
Hoje Macau China / ÁsiaBanco do Japão mantém política monetária intacta [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco do Japão manteve ontem intacto o seu programa de flexibilização monetária, cuja meta é conseguir uma subida estável dos preços de cerca de 2% para pôr fim a uma década de deflação. A reunião mensal do banco japonês terminou um dia depois de a Reserva Federal norte-americana ter subido as taxas de juro em 0,25 pontos percentuais pela primeira vez desde Dezembro, exercendo uma pressão nas taxas de longo prazo nos Estados Unidos e no Japão. Ainda assim, o Banco do Japão não considerou necessário modificar o seu programa baseado na flexibilização “quantitativa e qualitativa” e no controlo da curva dos rendimentos. O banco vai continuar a adquirir dívida soberana japonesa no valor de 80 biliões de ienes por ano para que o rendimento dos títulos japoneses a dez anos permaneça perto dos 0%. No que toca às taxas a curto prazo, o organismo vai continuar a investir em depósitos dos bancos a uma taxa de referência de -0,1%. As compras massivas de activos vão continuar a centrar-se na aquisição de fundos cotados e imobiliários para que a sua carteira aumente a um ritmo anual de seis biliões e 90 mil milhões de ienes (49.314 milhões e 739 milhões de euros), respectivamente. Vai também continuar a aumentar o valor do seu portfólio no que toca a títulos corporativos a curto e longo prazo, a um ritmo anual de 2,2 e 3,2 biliões de ienes (18.083 e 26.303 milhões de euros). Boas tendências O Banco do Japão considera que a terceira economia mundial mantém a sua “tendência de recuperação moderada” e que o consumo, pilar do PIB nacional, se mantém sólido. As exportações e a produção industrial estão a recuperar, indica o comunicado divulgado no final da reunião. O investimento imobiliário e público mantém-se “mais ou menos plano”, enquanto a inflação continua perto de 0%, longe da meta de 2%. O Banco do Japão tenta desde 2013 promover a subida dos preços, mas a recente queda do preço do petróleo que reduziu os efeitos do seu programa e obrigou a adiar a data de conclusão dos seus objectivos para depois de 2018. Ainda assim, o IPC (Índice de Preços no Consumidor) subiu em Janeiro, pela primeira vez em 13 meses, o que pode indicar uma recuperação futura dos preços.
Hoje Macau China / ÁsiaKim Jong-Nam | ADN dos filhos ajuda a confirmar identidade [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Malásia utilizaram o ADN do filho de Kim Jong-Nam, residente em Macau, para confirmar a identidade do corpo do meio-irmão do líder da Coreia do Norte, disse hoje o vice-primeiro-ministro da Malásia. Os investigadores “confirmaram a identidade do corpo de Kim Jong-Nam, através da análise de ADN obtida ao filho”, da vítima, disse, Ahmad Zahid Hamidi. O vice-primeiro-ministro da Malásia não divulgou mais informações sobre as investigações que decorrem em Kuala Lumpur. O filho de Kim Jong-Nam, de 21 anos, e a família vivem na Região Administrativa Especial de Macau, na China. Segundo a AFP a família exilada em Macau, receia novos ataques. Kim Jong-Nam morreu depois de ter sido atingido na cara com veneno, supostamente agente VX, no momento em que se encontrava no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de fevereiro. A Coreia do Sul já responsabilizou o regime de Pyongyang pelo crime mas a Coreia do Norte rejeitou as acusações e nunca chegou a confirmar de forma oficial a identidade da vítima que no dia do ataque estava na posse de um passaporte com o nome de Kim Chol. Na sexta-feira, a Malásia confirmou oficialmente a identidade do corpo mas ainda não tinha especificado o processo de obtenção do ADN. O caso está a deteriorar as relações diplomáticas entre Kuala Lumpur e Pyongyang. O regime norte-coreano já afirmou que a investigação que decorre na Malásia pretende denegrir Pyongyang insistindo que se tratou de um ataque cardíaco. Até ao momento, duas mulheres, uma de nacionalidade vietnamita e a outra indonésia, foram presas na sequência do crime.
Hoje Macau China / ÁsiaLi Keqiang diz que Pequim não quer guerra comercial com Washington [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse ontem que os líderes chineses não querem travar uma guerra comercial com os Estados Unidos da América e manifestou optimismo numa melhoria das relações. “Não desejamos uma guerra comercial entre os dois países. Isso não tornará as nossas trocas comerciais mais justas”, disse Li, na conferência de imprensa de encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, afirmando que as duas potências devem “defender interesses estratégicos”. O Presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu subir os impostos sobre as importações oriundas da China, visando retaliar o que considera serem práticas comerciais injustas de Pequim. As afirmações do líder norte-americano suscitaram preocupações em relação a uma resposta por parte da China, que poderia destabilizar uma das relações comerciais mais importantes do mundo. “Independentemente dos choques que esta relação sofra, a China espera que continue a avançar na direcção certa”, afirmou Li Keqiang que revelou ainda que funcionários dos dois países estão a discutir um encontro entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping. O primeiro-ministro da China reafirmou o compromisso de Pequim com o comércio livre, numa reacção à postura proteccionista de Trump e em contraste com as denúncias de que a China permanece o país mais fechado entre as principais economias do mundo. A China vai abrir mais os seus mercados, apesar das “fricções no comércio e investimento”, disse Li. “Damos as boas-vindas aos nossos parceiros para partilhar connosco as oportunidades criadas pelo desenvolvimento da China”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Redução de poluição pode evitar três milhões de mortes prematuras [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pode evitar três milhões de mortes prematuras em cada ano, se reduzir a poluição atmosférica para o nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo um estudo publicado ontem na The British Medical Journal (BMJ). O estudo foi realizado por investigadores chineses, que estudaram os efeitos da poluição atmosférica sobre as mortes registadas em 38 grandes cidades do país, que têm uma população de 200 milhões de pessoas no total, entre Janeiro de 2010 e Junho de 2013. Durante este período, a concentração diária de partículas finas PM10, emitidas sobretudo pelo tráfego rodoviário, sistemas de aquecimento e agricultura) atingiu, em média os 92,9 microgramas (µg) por metro cúbico (m3) nas 38 cidades, com um máximo de 136 µg/m3 em Urumqi, situada no noroeste, e um mínimo de 66,9 µg/m3 em Qinhuangdao, 300 quilómetros a leste de Pequim. A OMS recomenda que o valor médio anual seja reduzido para os 20µg/m3, quando, na realidade, mais de 80% das pessoas que vivem nas cidades, à escala mundial, estão expostas a níveis de poluição que ultrapassam este limite. As partículas PM10 (cujo diâmetro é inferior a 10 microns) são particularmente perigosas, porque podem alojar-se nas vias respiratórias. Ao estudarem as 350 mil mortes ocorridas nas 38 cidades entre 2010 e 2013, os investigadores, dirigidos por Zhou Maigeng, do Centro de Controlo de Doenças de Pequim, descobriram que uma subida da concentração em PM10 de 10µg/m3 estava associada a um aumento do número diário de mortes na ordem dos 0,44%. Mais expostos A exposição às PM10 revelou-se particularmente mais nefasta para as mulheres e os adultos com mais de 60 anos, segundo o estudo. Teve também um impacto mais importante sobre as doenças cardiovasculares, com um aumento das mortes em 0,62% por cada aumento das PM10 em 10µg/m3, enquanto nas outras patologias a subida foi só de 0,26%. Os investigadores chegaram ao número de três milhões de mortes prematuras que se poderiam evitar cada ano na China fazendo um “cálculo básico”, baseado designadamente numa população chinesa de 1,33 mil milhões de habitantes. Mas sublinharam que este número está subestimado, “porque o efeito da poluição atmosférica pode ser mais importante nas zonas rurais (que não fruam estudadas) e porque as PM10 têm um efeito sobretudo no longo prazo”.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Vice-presidente ataca campanha contra as drogas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] vice-presidente das Filipinas exortou ontem os cidadãos do seu país a “desafiarem as gritantes violações dos seus direitos”, numa referência crítica à violenta campanha do Presidente Duterte contra as drogas, considerada “criminosa” por várias organizações. Numa declaração em vídeo a ser mostrada num fórum da ONU, Leni Robredo disse que o problema das drogas ilegais nas Filipinas não se pode resolver “só com balas”. O discurso de Robredo constitui uma das mais fortes críticas ao Presidente Duterte, que repetidamente atacou o fórum de direitos humanos. No discurso ao fórum da ONU sobre mortes extrajudiciais, em Viena, Robredo cita queixas específicas sobre abusos, incluindo a forma como familiares de suspeitos traficantes e consumidores de droga têm sido ameaçados quando a polícia não consegue encontrar os alvos principais. Robredo recorda que mais de 7.000 pessoas foram assassinadas em “execuções sumárias” em nome da guerra contra as drogas lançada por Duterte após ser eleito Presidente no Verão passado. Nas Filipinas, o vice-presidente é eleito numa eleição separada da presidencial e Robredo pertence a um partido político diferente do de Duterte. Relações difíceis Robredo é um dos poucos políticos de topo nas Filipinas que se tem manifestado contra a campanha de execuções em nome da luta contra as drogas promovida pelo Presidente. A relação entre ambos os políticos é muito difícil e Duterte não convida a vice-presidente para as reuniões do seu gabinete. Na mensagem agora divulgada, Robredo denuncia também que a pena de morte poderá regressar em breve às Filipinas, algo que considerou “um erro grave” porque viola as normas internacionais da ONU. Robredo conclui pedindo a Duterte que empreenda uma “guerra contra a pobreza” e não contra os consumidores de droga. Duterte tem sido alvo de críticas da comunidade internacional e de organizações humanitárias, que o acusam de, na sua operação para limpar os bairros das drogas, cometeram-se milhares de execuções extrajudiciais de traficantes e toxicodependentes. Num relatório divulgado no final de Janeiro, a Amnistia Internacional revelou que a polícia filipina, sob ordens directas do Presidente Rodrigo Duterte, tem vindo a assassinar cidadãos pobres com a desculpa de que está numa luta contra as drogas, forjando provas e chegando a contratar assassinos. “Agindo de acordo com instruções do mais alto nível do governo, a polícia das Filipinas matou e pagou a outros para matar milhares de alegados envolvidos em crimes com drogas, numa onda de execuções extrajudiciais que podem constituir crimes contra a Humanidade”, indicou a Amnistia Internacional no relatório “Se é pobre, é morto: Execuções Extrajudiciais nas Filipinas”.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Ex-Presidente acusado de fuga de informação secreta [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-presidente de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-16), próximo da China, foi ontem acusado formalmente de cumplicidade em fuga de informação confidencial num caso de escutas telefónicas em 2013. O caso das escutas desencadeou divisões dentro do Partido Kuomintang (KMT), então no Governo, entre Ma – que o dirigia – e o presidente do parlamento da altura, Wang Jing-pyng, próximo do independentista Partido Democrata Progressista (PDP). Durante o seu mandato, Ma promoveu uma aproximação à China que levou à assinatura de 23 acordos entre Taipé e Pequim, bem como a uma histórica reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, em Singapura, em Novembro de 2015. Ma, que há muito tinha diferenças políticas com Wang, foi informado pelo então procurador-geral Huang Shih-ming sobre um alegado uso indevido de influência, descoberto em conversas entre Wang e o porta-voz do PDP, na altura na oposição, Ker Chien-ming, sobre um caso contra este último. Huang, que foi condenado a 15 meses de prisão por divulgar informação confidencial, reconheceu no julgamento que tinha comunicado ao então Presidente detalhes sobre a investigação a Ker e Wang, a 31 de Agosto de 2013, e disse ter informado o primeiro-ministro Jiang Yi-hua quatro dias depois, por ordem de Ma. Após a fuga de informação para a imprensa sobre o possível recurso a influência indevida, Ma fez os possíveis para que o KMT expulsasse Wang, lhe retirasse o assento parlamentar e o cargo de presidente do parlamento, mas um recurso de Wang bloqueou legalmente as intenções do KMT. Divisões e fracassos O caso afectou a unidade do partido, e juntamente com o Movimento dos Girassóis de 2014 – protagonizado por estudantes e movimentos sociais preocupados com a aproximação à China – levou à derrota eleitoral do KMT nas eleições municipais de 2015 e nas presidenciais e legislativas de 2016. O deputado do PDP Ker Chien-ming apresentou uma queixa contra Ma em 2013 acusando o então Presidente de ceder informação sobre uma investigação criminal em curso. Ker afirmou que Ma divulgou informação obtida pelo então procurador-geral. No entanto, o ex-Presidente defendeu sempre que é inocente e os seus advogados negam que o procurador tenha recebido instruções presidenciais para divulgar informação confidencial sobre essas conversas.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão adverte contra proteccionismo dias antes da reunião do G20 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, manifestou ontem preocupação com o proteccionismo económico e afirmou que a economia global deve manter-se aberta, dias antes da reunião de ministros das Finanças do G20 desta semana. Taro Aso disse que a economia de um país não pode manter-se sozinha, e sublinhou que “não há dúvida de que foram feitos esforços para alcançar uma sociedade aberta”, segundo declarações citadas pela agência Kyodo. “É inevitável que tudo se torne mais global”, disse o ministro após uma reunião do governo japonês. Espera-se que a próxima reunião dos ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20, que vai decorrer na cidade alemã de Baden-Baden a 17 e 18 de Março, dê atenção especial às medidas proteccionistas do Presidente norte-americano, Donald Trump. Durante o encontro, Aso vai reunir com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que por sua vez poderá criticar a desvalorização do iene, que favorece os exportadores japoneses. Donald Trump já acusou o Japão de desvalorizar a sua moeda para tornar as suas exportações mais competitivas. Os ministros das Finanças na União Europeia (UE) acordaram recentemente uma posição comum nesta reunião, e reafirmaram o seu compromisso com a abertura dos mercados. Aso disse ontem também que a reunião vai focar-se nos impostos internacionais e a desregulação financeira. “Vamos explicar [a situação] da economia japonesa, mas também necessitamos de [outros] pontos de vista”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang ameaça responder a Seul e Washington com ataque “ultra preciso” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte voltou ontem a denunciar os exercícios militares da Coreia do Sul e Estados Unidos, que são um ensaio de um ataque preventivo a Pyongyang, e ameaçou lançar “ataques ultra precisos” perante violações da sua “soberania”. Se Seul e Washington atentarem contra a soberania, “os ataques ultra precisos” das tropas norte-coreanas “vão realizar-se sem piedade em terra, ar e mar”, alertou num comunicado publicado pela agência estatal de notícias norte-coreana KCNA. A nota avisa Seul e Washington, que actualmente levam a cabo as suas manobras anuais Foal Eagle e Key Resolve, de que os “porta-aviões de propulsão nuclear e o resto de activos estratégicos dos imperialistas sul-coreanos estão ao alcance dos ataques ultra precisos do Exército Popular da Coreia”. Em manobras O texto do regime de Pyongyang surge um dia depois de os aliados iniciarem os seus exercícios de combate simulado Key Resolve, que vão durar até dia 24, e que começaram a executar também, no passado dia 1, o Foal Eagle, manobras que serão concluídas no final de Abril. O destacamento de activos militares este ano para os exercícios é o maior até à data, já que Washington incluiu os seus caças F-35B e o porta-aviões nuclear Carl Vinson, depois de o regime norte-coreano ter realizado em 2016 um número recorde de testes nucleares e de mísseis. Pyongyang, que denuncia periodicamente a natureza não defensiva destas manobras, já lançou no passado dia 6 de Março, em jeito de resposta ao início do Foal Eagle, quatro mísseis balísticos de médio alcance que caíram em águas japonesas. Ao clima de especial tensão que se vive na península coreana junta-se a instalação, desde a semana passada, em solo sul-coreano do estado antimísseis THAAD. Este sistema norte-americano para travar projécteis norte-coreanos que ameacem cair na Coreia do Sul gerou críticas do regime de Kim Jong-un e da China, que considera que interfere nos seus sistemas de defesa.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping quer exército a modernizar-se tecnologicamente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, instou as Forças Armadas do país a aproveitar o desenvolvimento tecnológico da China para modernizar o seu equipamento e integrar-se mais com o sector civil. Segundo avançou ontem a imprensa oficial, o líder chinês fez estas declarações no domingo, ao reunir-se com delegados do exército na Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China. O exército deve aproveitar os êxitos alcançados pela China na ciência e tecnologia para actualizar as suas armas e equipamento e os militares devem melhorar a sua formação e treino para incluir estas matérias e serem mais profissionais, afirmou. Xi Jinping disse ainda que as tecnologias militares e civis estão cada vez mais conectadas. O Presidente chinês pediu aos militares que façam pleno uso das tecnologias civis, visando a modernização do exército, e que facilitem a transferência das inovações de origem militar para as empresas para que possam ter uma utilidade mais prática. Nesse sentido, o chefe de Estado chinês apelou à eliminação de barreiras institucionais e dos grupos de interesse que travam essa integração entre a sociedade e o exército. Processo em curso As Forças Armadas chinesas atravessam um processo de reforma, que arrancou há dois anos, e que visa modernizar a organização e reduzir o número de efectivos em 300.000, para dois milhões, até ao final deste ano. Parte dessa remodelação inclui uma maior integração entre os sectores civil e militar, para a qual foi criada uma comissão específica em Janeiro, presidida por Xi. A China vai aumentar em 7% os gastos com a Defesa este ano, para 151.000 milhões de dólares, o ritmo mais lento desde 1991, revelou o Governo na semana passada. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse que as defesas aérea e marítima serão reforçadas, assim como os controlos fronteiriços, visando salvaguardar o interesse e segurança nacionais. Segundo avança ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post, o exército chinês planeia quintuplicar o seu corpo de marinheiros, de 20.000 para 100.000 efectivos, para proteger os crescentes interesses do país além-fronteiras.
Hoje Macau China / ÁsiaApoiantes da ex-Presidente sul coreana em confrontos com a polícia [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de apoiantes de Park Geun-hye envolveu-se ontem em confrontos com a polícia e jornalistas que se encontravam frente à casa da ex-presidente da Coreia do Sul destituída na sexta-feira. Uma dezena de apoiantes de Park, que inicialmente se encontravam concentrados junto ao edifício da presidência sul-coreana, no sul de Seul, organizaram uma vigília frente à residência da ex-Presidente, agitando bandeiras e insultando os jornalistas presentes no local. Os manifestantes tentaram impedir os fotógrafos e os repórteres das televisões de captarem imagens do interior da casa de Park Geun-hye, situada no bairro de Gangnam, em Seul. O comportamento dos apoiantes da ex-Presidente obrigou a polícia a intervir. Por volta das 15:30 o número de jornalistas e de apoiantes de Park aumentou o que levou as autoridades a instalar barreiras para separar os dois grupos. Os apoiantes da ex-Presidente envolveram-se em violentos confrontos com a polícia no sábado e na sexta-feira, depois do Tribunal Constitucional ter anunciado a ratificação da destituição de Park, aprovada pelo Parlamento no passado mês de Dezembro, por ligações à rede “Rasputina”. Teoria da conspiração Nos confrontos dos últimos dias, três apoiantes de Park morreram e várias pessoas ficaram feridas. Segundo a agência Yonhap, muitos dos seguidores de Park declaram-se “nostálgicos” da ditadura de Park Chung-hee, pai da chefe de Estado destituída, e que governou o país entre 1961 e 1979. Para os apoiantes da família Park, o processo de destituição foi uma conspiração dos partidos de esquerda e dos meios de comunicação social. Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional considerou que a ex-Presidente infringiu a lei ao permitir que a amiga Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, se tivesse imiscuído em assuntos de Estado, sem ocupar qualquer cargo público e envolvendo-se em processos de extorsão de fundos a grandes empresas sul-coreanas. Após a decisão do Tribunal Constitucional, Park perdeu a imunidade e o Parlamento é obrigado a marcar eleições presidenciais nos próximos 60 dias. Segundo a Yonhap, que consultou especialistas, é provável que as eleições se realizem no próximo dia 9 de Maio.
Hoje Macau China / ÁsiaPartido Comunista Chinês endurece retórica contra Islão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Comunista Chinês (PCC) tem endurecido a retórica contra o Islão, com altos quadros da organização a advertir para a infiltração do extremismo religioso no país e a necessidade de proteger a identidade chinesa. Shaerheti Ahan, alto quadro do PCC em Xinjiang, advertiu os líderes políticos que estão reunidos em Pequim, para a sessão anual da Assembleia Nacional Popular, para os perigos da China ser destabilizada pela “situação internacional anti-terror”. No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, ordenou o partido para guiar as minorias étnicas e religiosas do país no sentido de as adaptar melhor à sociedade socialista. Entretanto, líderes regionais em Xinjiang, onde vivem os uigures, minoria étnica chinesa de religião muçulmana, elevaram as medidas de segurança e patrulhas policiais devido a um aumento da violência que as autoridades associam ao separatismo islâmico. Apesar de alguns académicos questionarem se as redes do extremismo islâmico estão a penetrar no país, os líderes chineses têm alertado para a necessidade de combater os perigos do fundamentalismo, em linha com o discurso internacional. Funcionários da região autónoma de Ningxia, no norte do país, onde vive outra minoria muçulmana, os Hui, mas que, ao contrário de Xinjiang, não regista violência associada à religião, advertiram também na semana passada para os perigos do extremismo islâmico. Extremas comparações O secretário do PCC em Ningxia Li Jianguo referiu-se mesmo às políticas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O que a [organização extremista] Estado Islâmico e extremistas instigam é a jihad, terror e violência”, disse Li. “Essa é a razão pela qual vemos Trump a proibir a entrada de muçulmanos. Não interessa se as políticas anti-muçulmanos é do interesse dos Estados Unidos ou promove a sua estabilidade. É sobre prevenir o extremismo religioso de penetrar em toda a cultura americana”, acrescentou. Wu Shimin, antigo funcionário para assuntos étnicos em Ningxia, disse que o trabalho ideológico deve ser reforçado na região para promover a identidade chinesa entre a população Hui, os descendentes de comerciantes muçulmanos que percorriam a Rota da Seda vários séculos antes. “As raízes dos Hui estão na China”, disse Wu. “Para discutir consciência religiosa, devemos primeiro discutir a consciência chinesa. Para falar dos sentimentos das minorias, temos primeiro de falar dos sentimentos do povo chinês”, afirmou. Da retórica Discursos e Mohammed al-Sudairi, estudante de doutoramento na Universidade de Hong Kong e especialista do Islão na China, afirmou que os comentários dos responsáveis de Ningxia reflectem a crescente retórica anti-islão entre a liderança chinesa. “Existe uma tendência crescente para ver o Islão como um problema na sociedade chinesa”, disse al-Sudairi, citado pela agência de not Associated Press. “Xi Jinping tem estado ansioso com o que considerou uma perda de controlo do partido sobre a esfera religiosa quando chegou ao poder, e precisava de uma intervenção”, indicou. Em Xinjiang, onde nos últimos anos centenas de pessoas morreram em ataques violentos, a crescente retórica do governo coincidiu com novas medidas de segurança, que activistas consideram ter exacerbado um ciclo de repressão, radicalização e violência. O Governo, entretanto, diz que a região enfrenta uma grave ameaça de separatistas uigures ligados a organizações extremistas como a al-Qaida e o EI, apesar de apresentar poucas provas nesse sentido. Na sexta-feira passada, Xi reuniu com funcionários de Xinjiang, segundo a imprensa estatal, e ordenou que estes protejam a estabilidade da região, propondo metaforicamente que ergam uma “grande muralha de ferro”. É uma referência com implicações históricas: o antigo líder chinês Deng Xiaoping elogiou as forças armadas do país como uma “grande muralha de ferro e aço”, em Junho de 1989, dias após a sangrenta repressão militar do movimento pró-democracia da praça Tiananmen.