Crise | Pyongyang e Estados Unidos trocam novas ameaças. Trump muda de retórica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a pensar num ataque às bases norte-americanas em Guam. Kim Jong-un irritou-se com Donald Trump que, em declarações feitas a partir do seu campo de golfe, disse que Pyongyang terá de enfrentar uma “fúria e fogo jamais vistos no mundo” se não deixar de ameaçar os Estados Unidos. O mundo já teve mais razões para estar sossegado

O Departamento de Segurança Nacional de Guam descartou ontem um hipotético ataque com mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, depois de Pyongyang ter ameaçado bombardear as bases militares dos Estados Unidos naquela ilha do Pacífico.

“Quero tranquilizar o povo de Guam de que actualmente não há ameaças à nossa ilha ou à das Marianas”, afirmou Eddie Calvo, governador de Guam, ao diário Pacific Daily News.

Não obstante, Eddie Calvo assinalou ter falado sobre o desafio bélico com responsáveis da Casa Branca e militares. “Um ataque ou ameaça contra Guam é um ataque ou uma ameaça contra os Estados Unidos”, frisou o governador. Guam, um dos territórios “não incorporados” dos Estados Unidos, localiza-se a 3430 quilómetros a sudeste da Coreia do Norte.

Um porta-voz do Exército Popular da Coreia do Norte afirmou ontem que Pyongyang “analisa meticulosamente um plano operacional” para um ataque em torno de Guam com mísseis de médio/longo alcance Hwasong-12 para “conter as principais bases estratégicas dos Estados Unidos na ilha, incluindo a de Andersen”, segundo um despacho da agência oficial norte-coreana KCNA.

A base aérea de Andersen, situada no nordeste da ilha, acolhe bombardeiros B-1B com capacidade nuclear que, na terça-feira, chegaram a ser enviados pelos Estados Unidos para a península coreana, de acordo com fontes militares sul-coreanas citadas pela agência de notícias da Coreia do Sul, a Yonhap.

O conselheiro de Segurança Nacional de Guam, George Charfauros, afirmou que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos está a “monitorizar de perto a situação”, garantindo que confia no sistema de defesa destacado para este tipo de ameaças, em declarações proferidas ao jornal Pacific Daily News.

A ameaça da Coreia do Norte teve lugar horas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter advertido o regime de Kim Jong-un que “é melhor não fazer mais ameaças aos Estados Unidos”, dado que terão como resposta “fogo e fúria jamais vistos no mundo”.

Retórica de fim do mundo

O apocalíptico aviso deixado por Donald Trump – feito a partir do seu campo de golfe em Nova Jérsia – também foi uma reacção, horas depois de a imprensa norte-americana ter noticiado que Pyongyang conseguiu fazer, com sucesso, uma ogiva nuclear em miniatura.

O Washington Post citou um analista dos serviços de inteligência que diz que as autoridades acreditam que a Coreia do Norte tem armas nucleares para serem usadas através de mísseis – incluindo os intercontinentais –, o que representa que a ameaça aos vizinhos e aos Estados Unidos se encontra agora num novo patamar.

O Pentágono não teceu qualquer comentário sobre esta matéria, mas o Washington Post garantiu que duas fontes oficiais conhecedoras da análise feita ao armamento norte-coreano confirmam as conclusões. Também a CNN confirmou a existência de um relatório nesse sentido.

Até ao mês passado, os peritos na matéria pensavam que o regime de Kim Jong-un ainda precisaria de mais dois ou três anos para desenvolver um míssil intercontinental. Estas contas tiveram de ser revistas depois de, em Julho, Pyongyang ter testado dois mísseis do género, numa demonstração das novas capacidades bélicas do regime. O primeiro teste – que Kim Jong-un descreveu como sendo um presente para os Estados Unidos – permitiu perceber que o míssil poderá chegar ao Alasca. O segundo tem ainda um maior alcance, com alguns peritos a não afastarem a hipótese de Nova Iorque estar também vulnerável.

Nas declarações feitas a partir do campo de golfe, Donald Trump defendeu que Kim Jong-un “tem estado muito mais ameaçador do que é no seu estado normal”, vincando que não estará com meias medidas perante novas ameaças.

Apesar do estilo que tem vindo a ser adoptado pelo Presidente norte-americano em relação à Coreia do Norte, estas declarações marcam uma mudança de discurso, uma vez que Washington tem, nas últimas semanas, optado por defender uma solução que não passe pelo recurso ao armamento.

Um para o outro

A ameaçada deixada pelo Presidente dos Estados Unidos não foi bem recebida interinamente. Ontem, em editorial, o Washington Post classificou o aviso como sendo “desnecessário e imprudente”, comparando a linguagem usada por Donald Trump ao tipo de discurso que Kim Jong-un costuma ter. “Porque é que o Presidente do país mais poderoso do mundo quer descer a esse nível?”, lança o jornal.

Num texto em que recorda as consequências da utilização das bombas atómicas e em que defende que a força militar norte-americana deverá ter um efeito dissuasor, o jornal sublinha que a questão norte-coreana só poderá ser resolvida com diplomacia e com elevadas capacidades diplomáticas, “talvez durante anos”. “Em vez disso, Trump pavoneou-se na arena com uma surpreendente granada retórica”, remata o Washington Post.

Já congressista democrata Eliot Engel afirmou que o comentário do líder norte-americano “soa a loucura”, condenando-o por estar a traçar uma “absurda” linha vermelha que Kim Jong-un inevitavelmente pisará.

“Não há ilusões: a Coreia do Norte é uma ameaça real, mas a reacção louca do Presidente sugere que está a ponderar a utilização do armamento nuclear americano em resposta a um comentário abominável de um déspota norte-coreano”, escreveu Engel num comunicado.

Já o porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Chris Logan, tentou pôr água na fervura, ao vincar que os Estados Unidos procuram uma solução pacífica para a desnuclearização da Península Coreana. Acrescentou, porém, que a possibilidade de uma acção militar não pode ser deixada de lado.

“Continuamos preparados para nos defendermos e protegermos os nossos aliados, e para usar todas as capacidades que temos ao nosso dispor face a crescente ameaça que representa a Coreia do Norte”, disse Logan.

Já o vice-secretário de Estado John Sullivan garantiu que Washington está a trabalhar para garantir que a China e outros países aplicam as novas sanções determinadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Coreia do Norte considera que os Estados Unidos têm uma grande responsabilidade no novo pacote de sanções da ONU, que procuram reduzir as receitas das exportações do regime em mil milhões de dólares por ano e figuram como as mais duras até à data. Foram aplicadas em resposta ao lançamento, em Julho, de dois mísseis balísticos intercontinentais por Pyongyang, com capacidade para alcançar solo norte-americano.

Coreia do Sul quer reformar forças armadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, instou ontem a uma “reforma completa” das forças armadas do país, considerando o reforço da defesa sul-coreana uma “tarefa urgente” perante os avanços da Coreia do Norte. “Creio que poderemos necessitar de uma reforma completa, em vez de realizar apenas melhorias ou alterações”, afirmou o chefe de Estado sul-coreano durante uma reunião com novos comandantes da Marinha, Força Aérea e Exército, disse um porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano. “Um acto pendente para nós é a tarefa urgente de reforçar as nossas capacidades defensivas para travar as provocações realizadas pela Coreia do Norte com mísseis e armas nucleares”, sublinhou Moon.

As palavras do Presidente da Coreia do Sul foram deixadas já depois de a Coreia do Norte ter ameaçado atacar com mísseis as bases norte-americanas de Guam, no Pacífico, como resposta ao envio de dois bombardeiros estratégicos para a península coreana e às advertências lançadas por Donald Trump.

10 Ago 2017

HRW | Apelo para evitar deportação de desertores norte-coreanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou ontem  à China para que não deporte um grupo de 15 desertores norte-coreanos, entre os quais três crianças, face ao perigo de serem presos, torturados e até executados.

A organização de defesa dos Direitos Humanos, que soube da situação do grupo através do pai de um dos desertores, pede a Pequim que os acolha como refugiados.

O filho deste homem e outros quatro norte-coreanos foram detidos no início de Julho, próximo da fronteira da China com o Laos.

Os cinco permaneceram detidos em Xishuangbanna, na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, junto a outros dez norte-coreanos que já estavam detidos, entre os quais três crianças.

No início de Agosto, o grupo foi transferido para o centro de detenção para imigrantes, em Tumen, próximo da fronteira com a Coreia do Norte, e considerada a última paragem antes da repatriação.

Campos de terror

Em comunicado, a HRW refere que os “repatriados pela China enfrentam prisão em campos de trabalhos forçados (designados “kyohwaso”), campos de prisioneiros políticos (“kwanliso”) ou até a execução.

A organização sublinha que nos “kwanliso” as condições de vida são sub-humanas, com “maus tratos contínuos, inclusive abusos sexuais, torturas por guardas e execuções sumárias”.

“A taxa de mortalidade nestes campos é extremamente alta, segundo relataram ex-prisioneiros e guardas”, detalha.

A maioria dos desertores norte-coreanos atravessa os rios Amnok ou Tumen para chegar à China, de onde tentam alcançar um terceiro país, principalmente a Tailândia e a Mongólia, para pedir asilo através das embaixadas e consulados sul-coreanos.

A China, que quer evitar migrações em massa de norte-coreanos, não os considera refugiados, mas “migrantes económicos”, forçando assim a sua repatriação se forem apanhados pelas autoridades.

Um relatório de 2014 da Comissão de Investigação da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte indicou que “quase todos os repatriados são objecto de actos inumanos”, por serem considerados “uma ameaça para o sistema político e a cúpula” do regime, que quer evitar que o país “tenha contacto com o mundo exterior”.

Inflação subiu 1,4 por cento em Julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, a segunda economia mundial, registou um aumento de 1,4 por cento em Julho, face ao mesmo mês do ano passado, revelam dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. Os preços dos alimentos caíram 1,1 por cento, no mês passado, enquanto os produtos não alimentares subiram dois por cento, afastando o receio de uma entrada em deflação. Destaca-se a queda do preço da carne de porco, de 15,5 por cento, em Julho, face ao período homólogo de 2016, e dos vegetais, de 9,1 por cento, enquanto na categoria não alimentar destaca-se a subida de 5,5 por cento nos gastos com a saúde. Segundo a consultora Capital Economics, os números reflectem as políticas económicas mais restritivas adoptadas por Pequim, que estão a abrandar a actividade económica. O índice de preços na produção, que indica a inflação no sector grossista, registou uma subida homóloga de 5,5 por cento no mês passado, a mesma percentagem que nos dois meses anteriores. À semelhança de anos anteriores, o Governo chinês fixou como meta que a inflação não supere os três por cento.

Pelo menos 25 mortos em deslizamento de terras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas de resgate encontraram ontem sem vida o último dos desaparecidos num deslizamento de terras, ocorrido na terça-feira no sudoeste da China, elevando para 25 o número de mortos, informou a imprensa local. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, na província de Sichuan, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Outras cinco pessoas ficaram feridas na sequência do deslizamento. Um terramoto ocorrido no mesmo dia em Sichuan fez pelo menos 19 mortos e 247 feridos. O deslizamento ocorreu devido às fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias.

Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.

10 Ago 2017

Importações sobem 14,7% e exportações 11,2% em Julho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s importações chinesas registaram um crescimento homólogo de 14,7%, em Julho, enquanto as exportações aumentaram 11,2%, no mesmo período, segundo dados ontem difundidos pela Administração-geral das Alfândegas da China.

O país alcançou um excedente comercial de 321.200 milhões de yuan em Julho, uma subida de 1,4%, relativamente ao mesmo mês de 2016.

Os dados ficaram aquém das previsões dos analistas, que apontavam para um aumento de 15% das importações, e de entre 18% e 22% das exportações.

Julian Evans-Pritchard, analista da unidade de pesquisa Capital Economics, afirmou num relatório que “o crescimento do comércio [chinês] parece agora estar numa tendência descendente”.

O Fundo Monetário Internacional previu que o ritmo de crescimento da economia chinesa, a segunda maior do mundo, abrande para 6,6%, este ano, e se fixe em 6,2%, no próximo ano.

Em 2016, a economia chinesa cresceu 6,7%.

O aumento das exportações superou as expectativas no primeiro semestre do ano, num sinal positivo para a liderança chinesa, que quer evitar a perda de empregos em indústrias exportadoras.

A China tem sido o motor da recuperação global, desde a crise financeira de 2008, e um abrandamento nas importações chinesas pode ter repercussões para vários de países.

Nos primeiros seis meses de 2017, por exemplo, a China comprou 25% do conjunto das exportações brasileiras. O país é também o principal cliente do petróleo angolano.

O excedente da China com a UE, o principal parceiro comercial do país, aumentou 3,4%, para 12,2 mil milhões de dólares.

Deslizamento de terras faz oito mortos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ito pessoas morreram e 17 encontram-se desaparecidas, na sequência de um deslizamento de terras, ocorrido ontem na província de Sichuan, sudoeste da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Cinco pessoas ficaram feridas. O deslizamento ocorreu devido ás fortes chuvas que atingiram a região durante os últimos dias. Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.

9 Ago 2017

Hong Kong | Praias interditas após derrame de óleo de palma

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong interditaram ontem mais duas praias, na sequência de um derrame de óleo de palma, elevando a proibição a mais de uma dúzia, após a colisão entre dois navios na semana passada.

A Deep Water Bay Beach e a Turtle Cove Beach, no sul Hong Kong, foram as praias agora encerradas, noticiou o jornal South China Morning Post (SCMP).

Actualmente são 13 as praias interditadas desde domingo, na sequência da colisão, entre dois navios, um dos quais transportava nove mil toneladas de óleo de palma, no estuário do Rio das Pérolas na quinta-feira passada.

Depois de inspeccionar a situação e o progresso dos trabalhos de limpeza na ilha de Lama, ontem de manhã, o subsecretário para o Ambiente, Tse Chin-wan, disse que a colisão ocorreu a “algumas dezenas de quilómetros” a sudoeste de Hong Kong e que um recipiente do navio de carga foi perfurado, levando à fuga de cerca de 1.000 toneladas de óleo de palma.

Cerca de 90 toneladas de óleo foram retiradas pelas autoridades do interior da China e de Hong Kong, segundo a imprensa.

Embora os departamentos do governo de Hong Kong tenham recolhido mais de 50 toneladas de pedaços brancos e gelatinosos do óleo cristalizado, muito mais está a dar às costas do sudoeste da cidade e agora a espalhar-se para leste. As autoridades de Guangdong limparam 38 toneladas de óleo de palma até segunda-feira.

Tse Chin-wan estimou que cerca de 200 toneladas do produto ainda estavam nas praias e costa da cidade e que levariam mais tempo para limpar.

Alerta tardio

O derrame ocorreu em águas territoriais chinesas na quinta-feira, mas o governo de Hong Kong só foi alertado dois dias depois.

O vice-director do departamento da proteção ambiental, Elvis Au Wai-kwong, disse num programa de rádio que os maiores pedaços de óleo derramado já tinham sido limpos e que “a situação, comparando com há dois dias, está maioritariamente sob controlo”, escreveu o SCMP.

À semelhança de Tse, o vice-director da protecção ambiental desvalorizou as 48 horas que passaram entre o derrame e o alerta dado pelas autoridades do interior da China.

“Isto é um não-problema. A meu ver, eles activaram a sua resposta de emergência… e notificaram Hong Kong no sábado, dando informações muito importante para nós, que o navio envolvido estava a transportar óleo de palma”, afirmou, indicando que isso permitiu aos respectivos departamentos governamentais de Hong Kong “procurar as respostas adequadas”.

“Podemos ver que o mecanismo (de notificação) está a funcionar”, acrescentou.

Também garantiu que o óleo de palma – que apenas derrete a 59 graus celsius – era não tóxico e que os residentes “não precisavam de se preocupar”, afirmando que à semelhança de outro lixo no mar era preciso limpá-lo.

9 Ago 2017

Tillerson deixa Tailândia com apelo ao reforço das relações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, procurou ontem estabilizar as relações com a Tailândia, tensas desde a tomada do poder pelos militares, em 2014.

A Tailândia tem sido um dos aliados dos Estados Unidos na região, mas o golpe, a repressão de opositores e o fracasso em restaurar a democracia azedaram as relações com a administração de Barack Obama (2008-2016).

Mas, segundo a imprensa norte-americana, o novo Presidente norte-americano, Donald Trump, não incluiu a questão dos direitos humanos nas principais prioridades diplomáticas e o assunto, segundo a diplomacia tailandesa, não foi abordado nesta visita de Tillerson.

“Não falámos de nada em matéria de direitos humanos”, disse à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, Don Pramudwinai, sobre o encontro com o secretário de Estado norte-americano.

“Foi uma visita abrangente para construir entendimentos sobre uma série de questões importantes”, acrescentou, precisando que Tillerson suscitou a questão da cibersegurança, que discutiram brevemente.

A questão norte-coreana

Don Pramudwinai disse ainda que discutiu com Tillerson os esforços dos Estados Unidos para garantir a pressão sobre a Coreia do Norte para que abandone o programa de armas nucleares.

O ministro disse que a Tailândia, como membro da ONU, cumpriu as sanções decididas contra Pyongyang, o que teve como resultado uma quebra de 94% nas trocas comerciais com a Coreia do Norte no primeiro semestre desde ano, quando comparado com o primeiro semestre de 2016.

Os Estados Unidos estão preocupados com a existência de um crescente número de empresas norte-coreanas de exportação e importação que utilizam Banguecoque como centro regional, mudando frequentemente as suas designações, explicou aos jornalistas um diplomata que viaja com Tillerson, citado pela agência noticiosa France-Presse.

Aliado tradicional de Washington, a Tailândia é um dos raros países do sudeste asiático que acolhe uma embaixada da Coreia do Norte e mantêm relações comerciais importantes com Pyongyang.

Os Estados Unidos querem persuadir os militares tailandeses a encerrar essas empresas para fechar esse canal comercial utilizado até ao momento sem restrições pela Coreia do Norte, acrescentou o diplomata.

A visita de Tillerson a Banguecoque, a primeira de um secretário de Estado norte-americano desde o golpe de Estado de 2014, incluiu também uma reunião com o chefe da junta militar, o general Prayut Chan-O-Cha, e uma audiência com o novo rei, Maha Vajiralongkorn.

Tillerson viajou de Banguecoque para a Malásia, última etapa da viagem ao sudeste asiático.

China | Condenado gangue de “avós” que coagia devedores a saldar dívidas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]Um tribunal chinês condenou 14 membros de um gangue “de avós”, que coagiam as vítimas a saldar dívidas através de insultos e perseguições públicas, com penas de dois até 11 anos de prisão.

As mulheres foram condenadas por “organizarem, liderarem e participarem em grupos de tipo mafioso” e “comportamento provocatório e perturbador”, noticiou o jornal Beijing News.

O grupo era composto por cerca de 30 mulheres, com uma idade média de 50 anos, da cidade de Shangqiu, província de Henan, que ficaram desempregadas e estavam envolvidas em várias disputas relacionadas com dívidas, escreveu o jornal.

As mulheres berravam insultos aos devedores, através de altifalantes, até que estes se fartavam e pagavam a dívida, de acordo com a edição de segunda-feira do Beijing News. O jornal acrescentou que, por vezes, também cuspiam nas vítimas.

Uma das vítimas, perseguida pelas “avós”, disse que uma vez estas despiram-se e tentaram agredi-lo.

Gao Yun, uma das mulheres que integrou o gangue e é cega, contou ao Beijing News que cobrar dívidas era “muito divertido”, acrescentando não terem existido agressões, mas apenas “guerras de palavras”.

Cada “avó” ganhava cerca de 200 yuan (25 euros) por dia, mais refeições, para coagir os devedores.

Xangai vai criar cidade da ciência à imagem de Silicon Valley

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]angai, a “capital” económica da China, vai criar uma “cidade da ciência”, com cerca de 700.000 residentes, entre cientistas, empresários e profissionais, que trabalharão em centros de investigação, informou ontem o jornal Shanghai Daily.

Com 94 quilómetros quadrados, o projecto, designado Zhangjiang Science City, incluirá o já existente Zhangjiang Hi-Tech de Pudong, e vai-se situar na região sudeste da cidade.

Segundo o plano aprovado ontem pelo governo local, vai gerar 880.000 empregos.

A cidade da ciência pretende estar a par da norte-americana Silicon Valley, o Parque Científico One North, de Singapura, ou a cidade japonesa da ciência Tsukuba, e deverá estar concluída em 2020.

“Para atingir esse objectivo, serão reunidos os melhores profissionais inovadores do mundo, centros científicos nacionais, universidades líderes, institutos de investigação e centros I+D de empresas multinacionais”, aponta o jornal.

A cidade de Zhangjiang vai incluir dezenas de laboratórios para projectos científicos e centros de investigação de universidades de renome.

Segundo um estudo recente publicado pela consultora KPMG, Xangai vai converter-se nos próximos anos no líder mundial do desenvolvimento tecnológico e superar a Silicon Valley.

A zona metropolitana de Xangai tem mais de 30 milhões de habitantes.

9 Ago 2017

Myanmar | Autocarros geram polémica na governação de Aung San Suu Kyi

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram mais baratos, chegaram mais depressa e são um sinal das boas relações que se pretende ter com Pequim. O Governo de Yangon comprou a três empresas chinesas os autocarros que circulam na cidade. O processo de aquisição, por sugestão da embaixada da China, está a causar desconforto dentro e fora do Myanmar. Mas Aung San Suu Kyi prepara-se já para outros negócios

Dificilmente poderia ser mais visível o primeiro grande projecto da liderança de Aung San Suu Kyi ligado às infra-estruturas: centenas de autocarros amarelos circulam pelas ruas de Yangon. O partido da Nobel da Paz, no poder, tem nas novas viaturas a expectativa de que sirvam como símbolo do quanto pretende transformar a vida de quem vive no Myanmar.

Mas os dois negócios feitos para a importação de dois mil autocarros de fabrico chinês, com um orçamento estimado em mais de 100 milhões de dólares norte-americanos, estão a causar uma invulgar perturbação dentro do partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND). Há deputados regionais que questionam o custo do projecto e acusam o ministro-chefe de Yangon, Phyo Min Thein, de falta de responsabilização. Phyo Min Thein é tido como sendo um protegido de Aung San Suu Kyi, explica a agência Reuters.

“O Governo de Phyo Min Thein sofre de falta de transparência”, afirma um deputado de Yangon da LND, Kyaw Zay Ya. “A imagem do Governo sairá manchada se ele não mudar de atitude.”

O negócio, feito com fabricantes chineses e com um empresário com ligações à junta militar que governou o Myanmar ao longo de várias décadas, contribuiu também para azedar as relações com o Ocidente, de acordo com diplomatas.

Não há qualquer indício de que tenham sido violadas leis na celebração dos contratos, mas o embaixador da União Europeia no país, Roland Kobia, queixou-se numa carta enviada ao ministro do Comércio, Than Myint, de falta de transparência nos processos públicos de adjudicação de serviços e obras.

“Neste momento, a economia interna continua a ser dominada por um pequeno número de agentes domésticos e regionais, com velhas práticas que inviabilizam a competição justa”, escreveu Kobi numa carta datada de Junho, citada pela Reuters. O diplomata não fez referência específica ao negócio dos autocarros.

Os veículos chineses custaram cerca de metade do preço praticado pela concorrência internacional. Engenheiros que os inspeccionaram no Myanmar acreditam que terão uma vida mais curta do que aqueles que seguem padrões internacionais.

Phyo Min Thein não fala do assunto às agências internacionais. Mas tanto ele, como outros ministros têm vindo a público defender o negócio, argumentando que o entendimento entre o Myanmar e a China fez com que tivesse sido possível adquirir os autocarros a um preço de desconto, tendo sido rapidamente entregues.

Em resposta à Reuters, o embaixador da União Europeia sublinhou que “muitos actores europeus estão prontos para trabalhar no Myanmar, mas é preciso fazer mais para que possam ter uma hipótese justa de competirem por contratos”.

Roland Kobia referia-se, em termos gerais, a maior transparência nos concursos públicos. O Ministério do Comércio não comenta as observações do diplomata europeu.

Quando Aung San Suu Kyi subiu ao poder, em 2015, os analistas acreditaram que as empresas de países europeus teriam oportunidades na antiga Birmânia. Afinal, tinham sido os governos ocidentais os grandes entusiastas das mudanças de regime no país do Sudeste Asiático, aqueles que mais aplaudiram a transição para a democracia, iniciada em 2011. A aquisição dos autocarros vem apenas realçar por que razão os apoiantes de Aung San Suu Kyi no Ocidente estão cada vez mais desiludidos com a Administração do Myanmar, que tem um interesse crescente pelos negócios com a China.

Fazer depressa

Phyo Min Thein, um político carismático de 48 anos que passou quase 15 deles atrás das grades por se opor à junta militar, costuma dizer que não tem tempo a perder. Propôs-se remodelar o antiquado sistema de trânsito de Yangon, oferecendo ao partido de Aung San Suu Kyi uma das primeiras oportunidades de melhorar, de forma tangível, as vidas de mais de dois milhões de passageiros, numa cidade que votou na LND de forma esmagadora.

No ano passado, as autoridades de Yangon rejeitaram uma proposta da Corporação Financeira Internacional, ligada ao Banco Mundial, para melhorar a rede de tráfego. A recusa teve que ver com detalhes no plano, que exigia uma monitorização detalhada do trânsito e a realização de um concurso público.

De acordo com fontes da Reuters, para o negócio dos autocarros chegou a haver conversações com fornecedores franceses e holandeses, que não deram em nada, uma vez que não eram capazes de responder à rapidez exigida por Phyo Min Thein.

Assim, a Yangon Bus Public Company (YBPC), uma parceria público-privada que tem o Governo da cidade como accionista principal, decidiu comprar mil autocarros de dois fornecedores chineses escolhidos pelo embaixador de Pequim no Myanmar, Hong Liang.

Mais mil viaturas foram adquiridas a uma terceira empresa, num negócio privado celebrado com o empresário Kyaw Ne Win, neto de Ne Win, um antigo líder da junta militar.

Nas duas aquisições, não houve concurso público. A assembleia regional também não debateu o assunto.

“Sim, as pessoas podem dizer que não existe transparência”, assume o presidente da YBPC, Maung Aung. “Mas abrir um concurso não é necessariamente melhor. O negócio foi feito para manter as boas relações entre os dois países.”

Amigos como nunca

Desde que Aung San Suu Kyi subiu ao poder, o Myanmar tem tentado aproximar-se da China. Em 2011, o Governo birmanês bloqueou um negócio financiado por Pequim. A Nobel da Paz quer acabar com o azedume que ficou dessa altura. A aproximação à China e, sobretudo, a postura em relação à minoria muçulmana Rohingya têm provocado alterações no estatuto de Aung San Suu Kyi a Ocidente.

Numa viagem feita há quase um ano, em Setembro de 2016, Aung San Suu Kyie e o Presidente Xi Jinping discutiram como é que o Myanmar pode tirar partido da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. A líder birmanesa admitiu, na altura, reticências da população do país em relação à qualidade dos produtos chineses, tendo proposto a Xi Jinping que a embaixada chinesa ajudasse a encontrar os melhores fornecedores, indicou à Reuters fonte envolvida no negócio dos autocarros.

O primeiro acordo para a aquisição dos veículos foi assinado em meados de Abril. Dois meses depois, as empresas escolhidas – a estatal Anhui Ankai Automobil e a privada Zhengzhou Yutong Bus – entregaram, cada uma, 500 autocarros amarelos. A Zhengzhou Yutong é liderada por Yuxiang Tang, membro da Assembleia Popular Nacional.

Desconhece-se qual foi o critério para a escolha dos dois fornecedores. O presidente da Yangon Bus Public Company limitou-se a dizer que os governos das províncias onde estão localizadas as empresas deram “garantias de qualidade”.

Fonte não identificada de uma das construtoras chinesas disse à Reuters que acordos feitos nestes moldes “são muito raros” porque, “noutros países, existem por norma concursos e é necessário seguir as regras estabelecidas”.

A embaixada chinesa em Yangon não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pela agência de notícias.

8 Ago 2017

China e ASEAN concordam em aumentar parcerias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e as nações integrantes da ASEAN demonstraram no domingo a sua satisfação com os objetivos alcançados na sua parceria estratégica ao longo dos últimos 15 anos, tendo concordado em dar seguimento à expansão da cooperação multilateral.

O chanceler chinês, Wang Yi, juntamente com os seus homólogos da ASEAN firmaram o compromisso durante um encontro em Manila.

Wang congratulou a ASEAN pelo seu 50º aniversário, dizendo que a China está satisfeita com os desenvolvimentos e feitos alcançados pela instituição, tendo expressado o seu desejo para que estes ocorram de forma melhor e mais rápida nos próximos 50 anos.

Enquanto importante organização regional, a ASEAN tornou-se um catalisador incontornável na promoção da integração e manutenção da paz e estabilidade regionais, frisou Wang.

A China sempre elegeu a ASEAN como uma prioridade na sua diplomacia externa, tendo, desde o ponto de partida, apoiado o grupo para que este adopte um papel central na cooperação regional, assim como detenha uma maior autoridade em questões internacionais e regionais, sublinhou o chanceler chinês.

Olhar em frente

No advento do 15º aniversário da parceria estratégica China-ASEAN, celebrado no próximo ano, ambas as partes enfrentam um ponto crítico de aproximação mútua, destacou Wang, deixando o apelo a que acções futuras possam construir uma parceria estratégica bilateral mais profunda, bem como uma comunidade de destino comum para a China e para a ASEAN.

Wang Yi anunciou uma proposta chinesa de sete alíneas para delinear o futuro da cooperação China-ASEAN.

No que diz respeito às disputas no Mar do Sul da China, os ministros dos Negócios Estrangeiros destacaram os avanços positivos obtidos no ano passado. Foi aprovado o enquadramento do Código de Conduta, e expressada a vontade de incrementar as consultas, através da completa implementação da Declaração de Conduta das Partes no Mar do Sul da China.

Antes do encontro, os ministros assinaram a versão revista do Memorando de Entendimento para o Estabelecimento do Centro China-ASEAN.

Corrupção | Funcionário afastado por não combater terrorismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) numa cidade de Xinjiang, região habitada pela minoria muçulmana chinesa uigure, foi afastado por acusações que incluem ter falhado em fazer o suficiente para combater o extremismo.

Zhang Jinbiao, chefe do PCC na cidade de Hotan, é acusado de “infrações graves”, que incluem falhar no combate ao terrorismo e aceitar prendas, afirmou o órgão máximo anticorrupção do partido, em comunicado.

Sem avançar detalhes, a mesma nota apontou que as falhas de Zhang em combater o extremismo tiveram “consequências graves”.

Milhares de funcionários chineses acusados de crimes económicos foram afastados pela campanha anticorrupção do Presidente chinês, Xi Jinping. Acusações de falhar deveres políticos, como o combate ao terrorismo, são raras.

As autoridades chinesas têm aumentado a vigilância em Xinjiang, onde afirmam que o pensamento extremista se tem infiltrado, oriundo da Ásia Central.

Líderes comunistas, incluindo Xi, têm apelado aos funcionários locais para que trabalhem no sentido de integrar os uigures na cultura da maioria chinesa han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, a região de Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão e Índia.

8 Ago 2017

Pyongyang diz que sanções da ONU “violam” a sua soberania

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte condenou ontem as recentes sanções impostas pela ONU, falando de uma violação à sua soberania, e declarou que não irá negociar os seus programas nuclear e balístico enquanto continuar sob a ameaça dos Estados Unidos.

As sanções adoptadas, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança da ONU, no passado sábado, constituem “uma violenta violação da nossa soberania”, declarou Pyongyang, através de um comunicado publicado pela agência noticiosa oficial KCNA.

“Pyongyang não recuará um único passo no reforço do [seu] poderio nuclear”, refere o texto.

A Coreia do Norte promete ainda represálias: “Cobraremos o preço devido aos Estados Unidos pelo seu hediondo crime contra a nossa nação e o nosso povo”.

“Levaremos a cabo uma ação justa e decisiva tal como já advertimos”, refere o mesmo despacho, sem facultar mais detalhes.

“Se os Estados Unidos acreditam que estão em segurança, porque há um oceano que nos separa, estão redondamente enganados”, afirmou Pyongyang, advertindo que os países que colaboraram com Washington apoiando a resolução também deverão prestar contas.

Proposta pelos Estados Unidos, a resolução 2371 adoptada pelo Conselho de Segurança da ONU tem como objetivo interditar as exportações norte-coreanas para pressionar Pyongyang a negociar, após o lançamento de dois mísseis intercontinentais em Julho.

Se for respeitada deverá privar a Coreia do Norte de receitas anuais na ordem dos mil milhões de dólares.

Sudeste asiático | Pelo menos 56 mortos em inundações

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos 28 pessoas morreram na Tailândia, 26 no Vietname e duas no Laos, devido às inundações registadas nos três países, informaram ontem fontes oficiais. Equipas de socorro vietnamitas estão a tentar localizar 15 desaparecidos, tendo advertido as populações para o risco de deslizamento de terras no país, onde os prejuízos do desastre natural foram estimados pelas autoridades em 940 milhões de dong (35 milhões de euros). Na Tailândia, dez províncias continuam afectadas pela subida das águas ocorrida na sequência de um forte temporal que atingiu a zona durante o mês passado. As autoridades tailandesas disseram que 1,8 milhões de pessoas foram afectadas em 44 províncias, mas não facultaram estimativas dos prejuízos causados pelas inundações. No Laos, duas pessoas morreram no sábado, também devido à subida repentina dos rios, na sequência do forte temporal que se abateu sobre a região do norte do país no fim de semana.

Tufão “Noru” | Oeste do Japão sob alerta

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] agência meteorológica do Japão activou ontem o alerta de fortes chuvas e eventuais inundações e deslizamentos de terras no oeste do arquipélago devido à passagem do tufão “Noru”, que deixou pelo menos dois mortos e 15 feridos. As autoridades recomendaram a retirada de 70 mil pessoas nas prefeituras de Kochi, Kagawa e Tokushima, situadas na ilha homónima de Tokushima (sudoeste), e advertiram mais de 200 mil para estarem preparadas para abandonar as suas casas a qualquer momento. Às 10:00 de ontem, o “Noru” encontrava-se a sul da ilha, onde provocou precipitações de 52 milímetros por hora na localidade de Higashi Kagawa e de 33 milímetros por hora em Mie, de acordo com a emissora pública NHK. O “Noru” transporta fortes ventos, com rajadas de até 162 quilómetros por hora, e precipitações que devem intensificar-se ainda mais nas próximas 24 horas. O tufão obrigou ao cancelamento de pelo menos 228 voos e cortes em algumas estradas da prefeitura de Kagawa.

8 Ago 2017

SEAN | Estados Unidos e Coreia do Norte juntos em reunião ministerial

As divergências no Mar do Sul da China e os testes de mísseis balísticos norte-coreanos dominam a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático que se realiza em Manila até amanhã. Esta é a primeira vez que o ministro dos Negócios Estrangeiros Norte-Coreano se pode encontrar com o homólogo norte-americano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que reúne ministros dos Negócios Estrangeiros da região com outros representantes mundiais, tem tido a Coreia do Norte como assunto dominante. O encontro realiza-se pouco depois das Nações Unidas terem acordado unanimemente impor novas e duras sanções ao país. A tomada de posição veio na sequência de testes de mísseis balísticos realizados no final do mês passado que, segundo informações veiculadas por Pyongyang, têm agora capacidade para atingir os Estados Unidos.

As sanções aprofundam a crise económica do regime de Kim Jong-un limitando investimentos e as exportações do país mais isolado da comunidade internacional. A embaixatriz norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley considera que “este é o mais incisivo conjunto de sanções a que um país foi submetido numa geração”.

O embaixador britânico, Matthew Rychoft, ressalva que “não tem de ser assim”, acrescentando que “a Coreia do Norte é responsável pelas sanções aprovadas devido ao caminho de provocação e escalada de tensões” que tem levado a cabo.

Em declarações à imprensa, o ministro dos Negócios Estrangeiros Chinês, Wang Yi, explica que as “sanções são necessárias”, mas que não encerram um propósito derradeiro. “A nossa intenção é trazer todas as partes envolvidas para a mesa negocial para se encontrar as acções diplomáticas necessárias para proceder ao desarmamento nuclear da península coreana”, releva.

A Coreia do Norte respondeu preventivamente ao anúncio das sanções da forma que melhor conhece – com ameaças. O jornal oficial norte-coreano, Rodong Sinmun, publicou um artigo onde diz que “acções nucleares ou sanções impostas por Washington vão resultar num inimaginável mar de fogo” engolindo dos Estados Unidos.

A retórica dura de Pyongyang é acompanhada por Donald Trump, que tem repetido a frustração em relação a Pequim devido à falta de posições claras das autoridades chinesas na resposta às provocações norte-coreanas.

As sanções aprovadas são o terceiro conjunto de represálias diplomáticas impostas à Coreia do Norte. Apesar do fortalecimento da réplica diplomática, a Casa Branca não afasta a possibilidade de partir para a guerra preventiva. A ameaça foi feita este fim-de-semana pelo Conselheiro para a Segurança Nacional, H. R. McMaster. “Se eles tiverem armamento nuclear que possa ameaçar os Estados Unidos isso representa uma perspectiva intolerável para o Presidente”, referiu o norte-americano. Ainda assim, McMaster tem consciência de que esta seria “uma guerra com custos muito elevados em termos de sofrimento, em especial para o povo sul-coreano”.

Xadrez marítimo

Estava prevista para ontem a assinatura de um acordo-quadro de código de conduta no Mar do Sul da China entre os homólogos da ASEAN, de forma a que as negociações avancem sobre as disputas naquele mar entre Pequim e vários Estados-membros. Até ao fecho da edição não houve indicações de que este acordo tivesse sido assinado.

Filipinas, Brunei, Malásia e Vietname disputam com Taiwan e China a soberania de várias ilhas no Mar do Sul da China, um espaço marítimo estratégico e rico em recursos naturais, que Pequim reclama na quase totalidade.

Os diferendos com a China, que incluem as ilhas Spratly, entre outros enclaves marítimos, puseram à prova, nos últimos anos, a coesão interna da ASEAN, depois de o Camboja e o Laos terem defendido os interesses de Pequim.

Nos últimos anos, o Governo chinês construiu instalações, que podem ter uma utilização militar, em ilhas artificiais, o que preocupa os países vizinhos e também os Estados Unidos, que mantêm interesses na região.

Em declarações à Associated Press, um diplomata que não se identificou disse que o tópico sobre o Mar do Sul da China deverá conhecer uma resolução mais rapidamente do que a questão norte-coreana uma vez que os diferentes membros estão conscientes do papel crucial que Pequim desempenha nas relações económicas com os países membros. A opinião muito colada à posição chinesa pode denunciar a sua proveniência.

Questões diferentes

O dinheiro fala sempre mais alto. Numa entrevista ao South China Morning Post, o secretário das Finanças filipino, Carlos Dominguez, adiantou que Manila estava a tentar proteger os seus interesses separando as disputas marítimas dos esforços para captar investimento chinês.

As tensões que se vinham a acumular entre Pequim e Manila sobre o banco de areia de Scarborough e a ilha de Huangyan, foram aliviadas depois da visita de Rodrigo Duterte a Pequim em Outubro último.

Em primeiro lugar, a China voltou a abrir as suas portas à importação de frutos exóticos filipinos. Por outro lado, Xi Jinping comprometeu-se a fornecer nove mil milhões de dólares em assistência financeira, assim como empréstimos comerciais para um conjunto de projectos. O Governo chinês conseguiu convencer a contraparte filipina com o financiamento de duas pontes, um projecto de irrigação no norte das Filipinas e uma barragem de grandes dimensões que promete expandir as reservas de água da área metropolitana de Manila.

Está também em cima da mesa a construção de uma linha ferroviária financiada pelo Governo chinês que liga a capital filipina a Bicol, uma das áreas mais pobres da região sul do país. Espera-se que o investimento avaliado em três mil milhões de dólares tenha capacidade para incentivar o mercado de trabalho e tornar Manila mais acessível. “Estes projectos serão fundados pelo Governo chinês, estamos a negociar os termos do financiamento, mas as condições são muito atractivas”, comenta Carlos Dominguez.

De acordo com informações veiculadas pela Reuters, os atrasos para a assinatura do acordo devem-se à posição firme do Vietname, um dos quatro países que mantém disputas territoriais com Pequim. As autoridades vietnamitas querem que o documento mencione a necessidade de evitar reclamações de terra e acções militares. As negociações já duram há mais de 15 anos, tempo que tem sido usado pela China para consolidar a sua posição estratégica nas áreas disputadas. Três das sete ilhas de coral que a China reclama já têm pistas de aterragem, instalações de radares e infra-estruturas de armazenamento de mísseis e caças.

7 Ago 2017

Himalaias | Pequim intensifica advertências à índia

Pequim está a intensificar as advertências à Índia para que retire as tropas de uma zona disputada com o Butão, nos Himalaias, ao afirmar que a contenção da China tem limites. A realização de exercícios com fogo real surge também como uma forma de pressão.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Índia disse que as suas tropas entraram no planalto de Doklam (ou Donglang, em chinês), em Junho passado, depois de o Butão, aliado de Nova Deli, ter reclamado que uma equipa do exército chinês estava a construir uma estrada dentro do seu território.

Pequim afirmou que a disputa não tem a ver com a Índia e exigiu que as tropas indianas deixem a região unilateralmente, como precondição para o diálogo.

A televisão estatal CCTV difundiu sexta-feira um vídeo que mostra uma unidade do exército chinês a conduzir exercícios com fogo real numa parte do Tibete não identificada.

As imagens sugerem uma tentativa de aumentar a pressão sobre a Índia, na linha de comentários recentes das autoridades e imprensa de Pequim

Esta semana, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa chinês e o jornal oficial do Partido Comunista Chinês já avisaram que a China não vai recuar.

O porta-voz do Ministério da Defesa chinês Ren Guoqiang afirmou na quinta-feira que embora as tropas chinesas tenham demonstrado “extrema boa vontade” e “muita contenção… a contenção tem limites”.

“Nenhum país deve subestimar a confiança das forças chinesas e a sua capacidade para salvaguardar a paz e a sua determinação e vontade em defender a soberania, segurança e interesses do desenvolvimento nacionais”, afirmou Ren, em comunicado.

Apesar de China e Butão terem negociado, durante décadas, as fronteiras sem incidentes sérios, o pequeno reinado dos Himalaias pediu, desta vez, ajuda a Nova Deli, que enviou tropas através da fronteira, a partir do estado de Sikkim.

O Butão teme que a construção de uma estrada afecte as negociações sobre a sua fronteira. Nova Deli afirmou que o envio de tropas visa mostrar às forças chinesas a necessidade de não se alterar o ‘status quo’ e que qualquer construção teria “sérias implicações para a segurança da Índia”.

Triplas preocupações

Na quinta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros indiana, Sushma Swaraj, disse que a Índia está preocupada que as ações da China afectem a tripla fronteira entre o Butão, a China e Índia, assim como a fronteira entre a Índia e a China.

A responsável garantiu que a Índia “vai continuar a empenhar-se junto com a China para resolver a disputa”.

“A guerra não é solução para nada”, afirmou Swaraj. “Paciência, controlo nos comentários e diplomacia podem resolver os problemas”.

Especialistas indianos apontaram que ao construir a estrada, a China poderá ganhar acesso a uma faixa estreita no território da Índia, conhecido como “corredor siliguri” (ou “pescoço da galinha”). Caso consiga bloquear esse corredor, o nordeste da Índia passa a estar isolado do resto do país.

Na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês publicou um documento sobre “os factos” sobre as tropas indianas “invadirem” território chinês, apelando à Índia para que retire imediata e incondicionalmente.

A mesma nota indicou que Pequim vai trabalhar com o Butão para resolver a questão fronteiriça.

O documento afirmou que, no final de julho, mais de 40 soldados indianos continuavam na região, menos do que quando, em 16 de junho passado, mais de 270 tropas indianas armadas avançaram, com escavadoras, até 100 metros dentro da fronteira da China.

Em editorial publicado a semana passada, o jornal oficial Diário do Povo acusou a imprensa e funcionários indianos de “inventarem todo o tipo de desculpas esfarrapadas” para a sua acção.

China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.

Justiça | Antigo chefe do PC Chinês condenado a prisão perpétua

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou sexta-feira a prisão perpétua um antigo chefe do Partido Comunista da China (PCC) numa província atingida por fraude eleitoral, por aceitar subornos no valor de 18,5 milhões de euros.

Wang Min, antigo chefe do PCC na província de Liaoning, foi também condenado por corrupção e negligência no exercício de funções, além de suborno, noticiou o jornal oficial Diário do Povo.

Wang foi acusado de aceitar dinheiro e bens num valor superior a 146 milhões de yuan  e abuso de poder, enquanto exercia funções nas províncias de Jilin e Liaoning, entre 2004 e 2016, segundo a imprensa estatal.

O antigo alto quadro comunista foi ainda considerado culpado de negligência, por responsabilidades numa “grave fraude eleitoral, incluindo compra de votos”.

As alegações de fraude eleitoral levaram à destituição de muitos dos membros da assembleia de Liaoning, no ano passado. A assembleia supervisiona as decisões a nível provincial, apesar de decisões-chave serem tomadas pelo Governo central.

Após ascender ao poder em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou a mais ampla campanha anticorrupção de que há memória na China. Só em 2016, foram abertos processos contra 48 funcionários com o estatuto de vice-ministro ou superior.

Em Junho passado, o antigo responsável pelas estatísticas chinesas foi condenado a prisão perpétua, por aceitar subornos num valor superior a 22 milhões de dólares, ao longo de duas décadas.

7 Ago 2017

Este país é para velhos

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ociedade chinesa está a envelhecer. Idosos já são mais de 16% da população

A China tinha, no final do ano passado, mais de 230,8 milhões de pessoas com idade superior a 60 anos, o equivalente a 16,7% da população total chinesa, ilustrando as rápidas mudanças demográficas no país.

Dados publicados pelo Ministério de Assuntos Civis chinês indicaram que, entre a população idosa do país, 150,03 milhões têm 65 anos ou mais, o equivalente a 10,8% do conjunto da população.

Um país ou região têm uma sociedade envelhecida quando o número de pessoas com 60 anos ou mais atinge os 10%.

Segundo as Nações Unidas, a China está a envelhecer mais rapidamente do que qualquer outro país no mundo. Em 2050, o rácio de dependência, a relação entre a população activa e o número de indivíduos além da idade de reforma, poderá atingir os 44%.

O fenómeno é uma consequência da política de “um casal, um filho”, um rígido controlo da natalidade que perdurou no país entre 1980 e o início de 2016.

No ano passado, a taxa de natalidade aumentou 7,9%, com 17,86 milhões de partos. Foram mais 1,31 milhões de bebés do que em 2015, o número mais alto deste século, ilustrando os efeitos do fim daquela política. No entanto, ficou muito aquém das previsões oficiais, que apontavam para um aumento de três milhões de nascimentos.

Quando Deng Xiaoping impôs a política de filho único, a China era ainda um país pobre e isolado, longe de conhecer o trepidante crescimento económico que viria a transfigurar a sociedade chinesa.

Actualmente, nas grandes metrópoles chinesas, muitos jovens rompem com a tradição, optando por casar tarde e ter apenas um filho, independentemente da flexibilização ditada pelo Governo.

“A atitude das mulheres em relação a ter filhos sofreu profundas mudanças. Deixou de existir o conceito tradicional de ‘mais crianças, mais felicidade'” afirmou Jiang Quanbao, professor na Universidade Jiaotong, na cidade chinesa de Xi’an, citado pelo jornal Financial Times.

“As mulheres querem obter educação e ter a sua própria carreira. Os custos de ter uma segunda criança são grandes”, apontou.

Alto quadro do Vaticano visita o país

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director das Academias Pontifícias do Vaticano, o bispo Marcelo Sánchez Sorondo, viajou para a China, apesar da ausência de relações diplomáticas entre os dois estados, onde transmitiu uma mensagem do papa Francisco, informou sexta-feira a imprensa local.

Segundo o jornal oficial Global Times, Sánchez Sorondo participou numa conferência sobre transplantes em Pequim, onde destacou, numa intervenção pública, o amor do papa pela China.

“O papa Francisco ama a China e ama o seu povo e a sua História, esperamos que tenham um grande futuro”, declarou o bispo argentino, que dirige, desde 1998, a Academia Pontifícia de Ciências e a Academia Pontifícia de Ciências Sociais.

A viagem à China do alto quadro da Santa Sé retribui a visita que um responsável do ministério da Saúde chinês efetuou ao Vaticano, no passado mês de Fevereiro, numa outra aproximação rara entre os dois lados, cujos laços diplomáticos estão cortados desde 1951.

As visitas ocorrem num momento em que o papa Francisco expressou o seu desejo por uma maior aproximação à China.

China e Vaticano divergem, sobretudo, na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito.

7 Ago 2017

Filipinas | Ensino superior gratuito nas universidade estatais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, aprovou o ensino gratuito nas 112 universidades do país, anunciou sexta-feira um representante do Governo.

A lei de acesso universal à educação terciária de qualidade foi assinada na quinta-feira, no final de uma reunião com deputados e assessores económicos, permitindo matrículas gratuitas nas universidades estatais do país, disse, em conferência de imprensa, o secretário-adjunto Menardo Guevarra.

Duterte deu “luz verde” a esta lei apesar da oposição dos assessores económicos, que alertaram o Presidente para a escassez de fundos do Governo para suportar os custos das matrículas de centenas de milhares de alunos, que todos os anos entram nas universidades filipinas.

O Presidente “concluiu que os benefícios a longo prazo de uma educação superior gratuita vão compensar os possíveis desafios orçamentais imediatos”, afirmou Guevarra.

O financiamento das matrículas de todos os estudantes em universidades estatais filipinas vai implicar um custo de 1.170 milhões de euros aos cofres públicos, de acordo com a estimativa do Secretário do Tesouro filipino, Benjamin Diokno.

As 112 universidades estatais recebem uma parte importante dos estudantes filipinos, que podem escolher entre mais de duas mil instituições públicas e privadas de ensino superior no país.

O preço anual de uma matrícula na Universidade das Filipinas, um dos estabelecimentos de ensino superior estatais mais importante do país, ronda os 856 euros, uma despesa pesada para uma família média filipina.

Coloane | Homem e criança saltam de um edifício e morrem

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) está a investigar as mortes de um homem e de uma criança, que terão saltado de um edifício residencial, em Coloane. De acordo com a Rádio Macau, o caso foi reportado, esta manhã, por volta das 8h. Foi encontrada também uma mulher com ferimentos. Segundo a porta-voz da PJ, Gloria Sun, a recolha de provas ainda está a decorrer. A mesma responsável não confirma se as vítimas são todas da mesma família. A mulher ferida, foi encaminhada para o hospital. A PJ promete mais esclarecimentos para breve.

Moto 2 | Miguel Oliveira terceiro no GP da República Checa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] português Miguel Oliveira (KTM) terminou ontem no terceiro lugar o Grande Prémio da República Checa de Moto2, 10.ª prova do Mundial de motociclismo de velocidade, atrás do suíço Tomas Luthi (Kalex) e do espanhol Alex Marquez (Kalex). Numa corrida interrompida devido à chuva a seis voltas do fim, quando era liderada pelo italiano Mattia Pasini (Kalex), que viria a cair, Oliveira, que partiu do segundo lugar da grelha inicial e do terceiro no reatamento, ficou a 6,983 segundos de Luthi, que cumpriu a segunda parte da prova em 13.39,036 minutos. Oliveira conquistou o quinto pódio da temporada, pela terceira vez com o terceiro lugar, e divide a terceira posição do Mundial com Marquez, com 133 pontos, menos 49 do que o italiano Franco Morbidelli (Kalex), que não foi além do oitavo lugar, e menos 28 do que Luthi, segundo classificado.

7 Ago 2017

China | Quase 4500 funcionários acusados de negligência na protecção ambiental

Pequim tem andado a enviar inspectores para as províncias para ver se as normas de protecção ambiental são efectivamente respeitadas. Há milhares de casos em que os funcionários públicos fecham os olhos a actos proibidos num país em guerra contra a poluição. Há prevaricadores detidos. Se a vida não lhes correr mal, perdem apenas a hipótese de subir na carreira

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 4660 funcionários da Administração chinesa vão ser responsabilizados por não garantirem o cumprimento das normas de protecção ambiental. É este o resultado da mais recente ronda de inspecções, dado a conhecer pelo Ministério da Protecção Ambiental.

Em quatro dias, sete equipas de fiscalização passaram pelas províncias de Anhui, Fujian, Guizhou, Hunan, Liaoning, Shanxi e Tianjin, naquela que foi a terceira iniciativa do género desde que o Governo Central emitiu novas directrizes sobre o papel a cumprir pelos vários níveis da Administração.

A Agência Xinhua explica que o número de pessoas em causa deverá aumentar à medida que as autoridades forem analisando os casos agora detectados. Foram descobertas mais de 31 mil situações em que os funcionários não terão cumprido os seus deveres. Do total de suspeitos, 405 foram detidos.

O Ministério da Protecção Ambiental entende que têm sido feitos progressos, mas há problemas que persistem e que requerem mais atenção. Continuam a ser feitos projectos ilegais em reservas naturais, com consequências nefastas para os ecossistemas, e os trabalhos de protecção ambiental nalgumas cidades precisam de ser melhorados.

Os governos locais das cidades em causa são obrigados a apresentar planos ao Conselho de Estado para resolver as questões que foram identificadas. Têm 30 dias úteis para cumprirem a missão.

Está prevista para breve uma quarta leva de inspecções nas oito províncias que ainda não foram passadas a pente fino.

A China tem estado a tentar combater a poluição e a degradação do ambiente depois de décadas de crescimento desregrado, que deixaram o país com uma forte poluição atmosférica e com solos contaminados.

No ano passado, as equipas de fiscalização detectaram 33 mil casos e aplicaram multas no valor de 440 milhões de yuan. Além disso, 720 pessoas foram detidas, sendo que quase 6500 foram, de alguma forma, responsabilizadas.

Árdua tarefa

O Governo Central tem feito um esforço para promover entre os funcionários públicos uma maior consciência da importância da preservação do ambiente, uma campanha que passa também pela punição. Recentemente, foi anunciado que mais trabalhadores da Administração vão ser sujeitos a auditorias sobre o impacto ambiental do trabalho que fazem. As novas normas determinam que, se for descoberto impacto ambiental negativo, tal terá consequências ao nível da progressão na carreira.

As auditorias incluem uma fiscalização aos danos ecológicos e ambientais, bem como ao consumo local de recursos naturais. Apesar de este reforço das regras ter sido anunciado há pouco mais de um mês, as autoridades de Pequim têm estado a testar o novo sistema de responsabilização em cidades-piloto há já mais de dois anos. É o caso de Xinyu, na província de Jiangxi.

O trabalho de fiscalização não é, no entanto, fácil. O vice-presidente do gabinete de auditoria de Xinyu, Zeng Changsheng, explicou à Xinhua que, desde que a reforma foi iniciada, quatro funcionários viram o seu trabalho ser inspeccionado em termos ambientais. Os resultados foram enviados para o comité do Partido Comunista Chinês na cidade, responsável pelas nomeações oficiais.

“Tivemos de criar um novo departamento para explorar o método de fiscalização, que exige um trabalho complicado”, contou Zeng Changsheng, que dá como exemplo as soluções por satélite necessárias para a obtenção de provas. Numa das auditorias, respeitante a apenas um alto quadro, foram necessários cinco meses.

“É difícil obter provas que liguem directamente as falhas às obrigações dos funcionários”, acrescentou. “Os departamentos que lidam com esta matéria não têm dados suficientes que traduzam a qualidade e a quantidade dos recursos naturais.”

No caso de Xinyu, entre os funcionários alvo de auditorias estiveram o dirigente máximo de um dos distritos da cidade e o antigo chefe de departamento ambiental do município.

Os auditores recolhem amostras de água, do solo e de plantas, e analisam vários dados estatísticos para avaliarem como é que as políticas adoptadas afectam o meio ambiente.

Zeng Changsheng contou que, numa das auditorias, se chegou à conclusão de que o dirigente distrital terá sido o responsável pela diminuição da área florestal, sendo ainda acusado de não garantir uma protecção correcta dos campos aráveis. Terá tido ainda uma postura duvidosa aquando da aprovação de projectos que envolviam a utilização de recursos hídricos.

As equipas de inspecção também procuram informação junto da população, uma boa fonte de pistas que depois são investigadas, refere a agência oficial de notícias.

Zhang Liping, presidente da comissão que administra a zona do Lago Xiannu, faz parte do grupo de quatro oficiais investigados. Só encontra vantagens no facto de o seu trabalho ter sido fiscalizado: garante que os funcionários em níveis inferiores da hierarquia passaram a ter mais atenção às regras ambientais, uma maior consciência da necessidade de proteger a natureza e uma vontade mais consistente de cooperar com o “desenvolvimento verde” definido pelo Governo Central.

Caminho a fazer

Não obstante os esforços levados a cabo por Pequim, há várias cidades determinantes no combate à poluição que continuam a não cumprir as regras do jogo. No mês passado, ainda antes de serem conhecidos os resultados desta ronda de inspecções, Tianjin levou um puxão de orelhas por não estar a corresponder às expectativas do poder central.

Além da poluição atmosférica – o problema mais visível e aquele de que mais se fala –, a China debate-se com grandes dificuldades no que toca à qualidade dos solos e dos recursos hídricos. Em Abril, o Ministério da Protecção Ambiental reconheceu que há zonas do país em que a situação não só não melhorou, como apresenta cada vez dados mais preocupantes.

De acordo com um relatório oficial sobre 2016, a qualidade do ar, da água e dos solos melhorou em termos gerais. No entanto, foi um progresso “desigual”, com algumas zonas a estarem mais degradadas em termos de recursos hídricos.

Também a qualidade do solo destinado à agricultura “não permite ter optimismo”, com o Governo Central a lamentar ainda não ter sido capaz de combater muitas das fontes de poluição: no ano passado, as análises feitas pelo ministério permitiram perceber que 36,3 por cento dos poluentes industriais não estavam a ser tratados de acordo com a lei.

Na sequência deste relatório, as autoridades centrais decidiram reforçar a legislação. A China acredita que vai ser capaz de ganhar a “guerra contra a poluição”, investindo na monitorização e no combate às centenas de fábricas responsáveis pela emissão de poluentes dos mais diversos géneros. Obrigar os funcionários públicos no cumprimento das normas é só mais uma batalha.

3 Ago 2017

Pequim ameaça Índia caso não abandone área disputada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Índia deve retirar as suas tropas do território chinês se não quiser uma guerra, declarou o director do centro de cooperação internacional de segurança do Ministério da Defesa chinês, Zhou Bo.

Zhou Bo e o general do exército indiano, Ashok Mehta, participaram num debate no canal CGTN, dedicado à crescente tensão na zona de Doklam.

Ao responder à afirmação de Ashok Mehta sobre Doklam ser uma área disputada, o seu oponente chinês disse que “o Butão participou em 24 rondas de negociações, mas nunca pôs em causa que este seja um território chinês”.

A tensão entre a Índia e a China em torno de Doklam, uma área montanhosa na fronteira entre a Índia, a China e o Butão, permanece desde Junho. A China iniciou a construção de uma estrada na região, o que causou protestos da parte do Butão. Uns dias depois, as tropas da Índia — país que mantém laços de amizade com o Butão — atravessaram a fronteira e fizeram com que os soldados chineses deixassem o território.

Mais tarde, a chancelaria da China afirmou que o território, onde estava a ser construída a estrada, está mais uma vez sob controlo dos militares chineses, reforçando que o pedido a Nova Deli para a retirada das suas tropas da área já foi feito várias vezes e visa acabar com a tensão.

Ao discursar na cerimónia por ocasião do 90º aniversário do exército chinês, Xi Jinping declarou que Pequim é a favor da paz e do diálogo e não pretende tornar-se agressor, mas não permitirá que lhe tirem nem um pedaço do território.

ASEAN quer negociar pacto de não-agressão rapidamente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s principais diplomatas do Sudeste Asiático vão tentar negociar “o mais rápido possível” um pacto de não-agressão com a China para evitar confrontos no Mar do Sul da China, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press.

A AP indica ter visto ontem um projecto de comunicado da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), referindo que os chefes da diplomacia vão pedir o início imediato de negociações sobre o designado Código de Conduta na zona em disputa, depois dos seus governos terem acordado as linhas gerais do mesmo com a China em Maio.

As disputas no Mar do Sul da China, os testes de mísseis da Coreia do Norte e o aumento do radicalismo islâmico na região devem centralizar as discussões das reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN e dos seus homólogos asiáticos e ocidentais que decorrem em Manila a partir de sábado.

Robespierre Bolivar, porta-voz do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, descreveu o progresso inicial após anos de esforço dos países do Sudeste Asiático para negociar um código de conduta com a China como “um passo muito importante”.

3 Ago 2017

EUA querem obrigar China a proteger direitos de autor

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos estão a considerar recorrer a leis comerciais do país raramente invocadas, para obrigar a China a proteger direitos de autor, patentes e outra propriedade intelectual, e resistir às exigências chinesas para que partilhem tecnologia.

Segundo os jornais Wall Street Journal e New York Times, responsáveis pelas políticas comerciais norte-americanas estão a ponderar formas de travar a pirataria e outras práticas consideradas prejudiciais para as empresas do país.

As informações, que citam fontes não identificadas, surgiram numa altura em que a administração de Donald Trump está a adoptar uma posição mais dura em questões comerciais.

Num comentário difundido na terça-feira pelo Wall Street Journal, o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, levantou várias objecções contra a China e a União Europeia, culpando os dois blocos económicos pelo défice dos EUA, de 725,5 mil milhões de dólares, em 2016.

Só Pequim registou um excedente de 347 mil milhões no comércio com Washington.

“Ambos, China e Europa, apoiam as suas exportações através de subsídios, empréstimos com juros bonificados, subsídios à energia, reembolsos especiais do imposto sobre o valor acrescentado e vendas de imóveis abaixo do preço de mercado, entre outros meios”, escreveu Ross.

O Wall Street Journal e o New York Times escreveram que a administração Trump está a considerar usar a secção 301 da Lei de Comércio de 1974, o que permitiria a Washington lançar uma investigação sobre as práticas comerciais da China e, no espaço de meses, aumentar os impostos sobre as importações oriundas do país ou impor outras sanções.

Outras manobras

Existe ainda a possibilidade de se invocar a “Lei sobre os Poderes Económicos em caso de Emergência Internacional”, uma lei promulgada na década de 1970 que dá ao Presidente amplos poderes para agir, após declarar estado de emergência nacional, avançou o Wall Street Journal.

A Casa Branca está também a estudar como resistir às exigências da China para partilhar tecnologia, no âmbito do plano “Made in China 2025”, lançado por Pequim para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Há várias décadas que as empresa estrangeiras contestam a pirataria e roubo de tecnologia por empresas chinesas.

Donald Trump culpa frequentemente a China pelo défice comercial norte-americano, apontando práticas de concorrências desleal de Pequim.

3 Ago 2017

Coreia do Sul receia fim da protecção dos EUA, após míssil balístico do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] imprensa sul-coreana considerou ontem que o último teste de míssil de Pyongyang, que colocou boa parte dos Estados Unidos ao seu alcance, fez nascer um novo medo em Seul: o fim da protecção norte-americana.

A questão surge nos editoriais de dois influentes jornais sul-coreanos, o JoongAng Ilbo e o Chosun Ilbo, e reflectem um outro receio: o de uma acção militar norte-americana.

“Poderá a administração [do Presidente norte-americano Donald] Trump proteger-nos de um ataque vindo do Norte, se tal acção expuser cidades norte-americanas a um ataque nuclear”, questiona em editorial o JoongAng Ilbo.

O teste de um míssil balístico intercontinental (ICBM) realizado na sexta-feira passada por Pyongyang deixou grandes cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles ou Chicago, ao alcance de um potencial ataque do regime de Kim Jong-un.

Que o Norte consiga dotar-se de um míssil operacional, armado com uma ogiva nuclear capaz de atingir os Estados Unidos parece ser “apenas uma questão de tempo”, acrescenta o JoongAng Ilbo.

Na altura em que isso aconteça, a resposta dos Estados Unidos “poderá não ser sim”, conclui o jornal.

A dúvida é partilhada pelo Chosun Ilbo, um dos maiores jornais sul-coreanos, ao afirmar que: “É difícil estar à espera da ajuda dos Estados Unidos” se acontecer um ataque nuclear contra o continente americano.

“O pior cenário seria a retirada das tropas norte-americanas da península. É o que quer o Norte (…) uma situação que os sul-coreanos mal conseguem imaginar, mas real, é para lá que caminhamos”, sublinha.

Os Estados Unidos são o garante da segurança do Sul democrático e capitalista, onde estão estacionados 28.500 soldados norte-americanos. A Guerra da Coreia (1950-53) terminou sem a assinatura de um tratado de paz, e as forças de Washington estão encarregadas de defender Seul de Pyongyang.

Esta aliança é também um dos pilares da estratégia geopolítica norte-americana na Ásia, onde a China, que procura desenvolver um poderio militar mais adequado ao poderio económico, começa a mostrar a sua força.

Cenários de risco

Apesar de todas as garantias de responsáveis norte-americanos de “apoio firme” à Coreia do Sul, o resultado do último teste de Pyongyang significa que o regime conseguiu progressos tecnológicos rápidos e importantes, desde que Kim Jong-un chegou ao poder, no final de 2011.

Analistas são unânimes em duvidar das capacidades do Norte na miniaturização de uma ogiva nuclear, de modo a poder ser instalada num míssil, ou ainda que o regime domine a tecnologia de reentrada dos mísseis na atmosfera.

Os sul-coreanos receiam também um possível ataque preventivo de Washington contra o Norte, que teria consequências desastrosas, mesmo se Pyongyang não usar armas nucleares.

Seul, que fica a 40 minutos da Zona Desmilitarizada (DMZ) entre as Coreias, está ao alcance da artilharia norte-coreana e corre o risco de ser destruída num ataque.

Para Jeung Young-tae, director de Estudos Militares na universidade Dongyang, o regime norte-coreano passou uma “linha vermelha” com o último teste deste ICBM que “representa uma ameaça aparentemente tangível para a segurança dos Estados Unidos”.

Não se pode excluir “uma ação militar unilateral norte-americana” e, portanto, o risco de conflito militar “nunca foi tão grande”, disse à agência noticiosa France Presse (AFP).

3 Ago 2017

Tailândia | Supremo absolve dois ex-primeiros-ministros

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois antigos primeiros-ministros tailandeses, que incorriam em penas de dez anos de prisão, foram ontem absolvidos das acusações de negligência na repressão sangrenta de manifestações em 2008.

“Os manifestantes tinham rodeado o parlamento e ameaçavam tomar de assalto o edifício, não era portanto uma manifestação pacífica. As autoridades foram forçadas a recorrer à força”, concluiu o Supremo Tribunal tailandês.

Somchai Wongsawat e Chavalit Yongchaiyudh, na altura primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro (Chavalit tinha chefiado o Governo na década de 1990), eram legalmente responsáveis pela ordem do ataque policial.

Nestas manifestações, os confrontos entre a polícia e os manifestantes causaram dois mortos e cerca de 500 feridos.

Os manifestantes eram “camisas amarelas”, conservadores ultra-monárquicos que procuravam afastar do poder o partido de Thaksin Shinawatra, apoiado pelos “camisas vermelhas”.

Pouco tempo depois destas manifestações, o ex-primeiro-ministro Thaksin, no exílio depois de um golpe de Estado em 2006 e inimigo dos ultra-monárquicos, foi condenado a dois anos de prisão por corrupção.

O partido de Somchai, cunhado de Thaksin, foi dissolvido e Somchai foi obrigado a demitir-se.

Este veredicto era muito aguardado na Tailândia, algumas semanas antes do julgamento da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin, e cujo governo foi derrubado em 2014 pelo exército.

O seu julgamento por negligência começou depois do golpe militar de Maio de 2014, tal como o de Somchai e Chavalit, suscitando acusações de processos políticos, comandados por militares para acabar com a influência política do clã Shinawatra.

Yingluck Shinawatra incorre numa pena de dez anos de prisão. O veredicto será lido a 24 de agosto.

Pedrogão Grande | 11 vítimas ainda internadas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de um mês depois do incêndio de Pedrógão Grande há 10 pessoas internadas em hospitais e um numa unidade de cuidados continuados, informou ontem o gabinete de crise que acompanha a resposta da Saúde. Cinco dos feridos encontram-se no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), dois no Hospital Santa Maria (Lisboa), um no São João (Porto), um num hospital em Valência (Espanha) e dois em fase transitória – uma doente no Hospital de Leiria e um numa unidade de cuidados continuados no Montijo -, é o balanço feito por um membro do gabinete de crise da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) António Morais.

Benfica | Negociações por guarda-redes do Eintracht Franckfurt

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica está, segundo A BOLA, a tentar a contratação do guarda-redes Lukas Hradecky, 27 anos, junto do Eintracht Frankfurt, onde já pescou aquele que é até agora o principal reforço para 2017/18, o avançado internacional suíço Haris Seferovic, de 25 anos. As negociações pelo número 1 da baliza da equipa alemã e também da seleção da Finlândia já estão em curso e são elevadas as possibilidades de terem sucesso perante a actual situação contratual do jogador, que chegou a Frankfurt em 2015 e assinou vínculo válido por três temporadas, tendo apenas mais uma de ligação ao clube da Bundesliga, que, recorde-se, terminou a época passada na 11.ª posição.

Chile | Sismo de magnitude de 5,5 abala norte do país

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m sismo de magnitude de 5,5 na escala de Richter foi ontem registado na região metropolitana de Santiago do Chile, indicou o serviço geológico dos Estados Unidos (USGS). Até ao momento, desconhece-se a existência de danos ou vítimas do abalo, que ocorreu às 04:15. De acordo com o USGS, que monitoriza a actividade sísmica mundial, o epicentro situou-se a cerca de oito quilómetros de Chicureo Abajo (nordeste) e a mais de 27 quilómetros a norte de Santiago. O hipocentro do sismo registou a 88 quilómetros de profundidade, indicou.

3 Ago 2017

Presidente das Filipinas descreve líder da Coreia do Norte como um maníaco

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, advertiu ontem que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, é um “maníaco” que pode semear a destruição no continente asiático ao provocar uma guerra nuclear.

Duterte – político reconhecido por usar linguagem grosseira mas também por impor medidas políticas controversas – falava na antecipação de um fórum regional sobre segurança que vai decorrer esta semana na capital filipina, Manila, e que vai contar com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros do regime de Pyongyang.

Os recentes testes com mísseis balísticos realizados pela Coreia do Norte devem marcar as discussões desta reunião regional.

“Ele brinca com brinquedos perigosos, este louco, não confiem no seu rosto, naquele rosto redondinho com ar de simpático”, disse o Presidente filipino, de 72 anos, em declarações transmitidas pela televisão nacional.

“Este maníaco (…), se ele comete um erro, o Extremo Oriente pode transformar-se numa terra árida. Devemos evitar, esta guerra nuclear, porque se um conflito eclodir aqui, então teremos consequências, ao nível do solo, dos recursos. Não sei o que será de nós. Não poderemos nunca mais semear nada de produtivo”, afirmou Rodrigo Duterte, usando igualmente termos insultuosos para caracterizar o líder norte-coreano.

Desde a chegada ao poder de Kim Jong-Un em finais de 2011, a Coreia do Norte tem vindo a intensificar o seu programa nuclear e balístico.

Apesar das sanções impostas pelas Nações Unidas, o regime norte-coreano ambiciona ter uma capacidade nuclear e balística que conseguia atingir os Estados Unidos.

Na semana passada, Pyongyang anunciou a realização de um teste de um míssil balístico intercontinental com capacidade de alcançar uma boa parte do continente americano.

Presenças de peso

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, estarão esta semana também em Manila para participar no fórum regional organizado pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).

Segundo um projecto de resolução ao qual a agência noticiosa francesa France Presse teve acesso, texto que deve ser adoptado no final do fórum regional, os ministros vão expressar uma “séria preocupação” em relação ao recente teste balístico norte-coreano.

3 Ago 2017

Hospital chinês acusado de trocar bebés há 28 anos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m hospital da cidade chinesa de Xangai foi acusado de ter trocado dois bebés, há 28 anos, um erro descoberto depois de um dos pais ter ficado obcecado por a criança não se parecer consigo.

Um tribunal da cidade confirmou o caso, no qual a queixosa, uma das mães, exige uma compensação de 1,3 milhões de yuan, informou o jornal Shanghai Daily.

A história tornou-se pública na semana passada, através de um programa de televisão, onde uma mulher, identificada como Zhang, contou que ter realizado uma cesariana, a 27 de fevereiro de 1989, no Primeiro Hospital Maternidade e Infantil de Xangai.

Três dias após o parto, a enfermeira trouxe-lhe a criança. O rapaz chorou continuamente e recusou o leite, mas aceitou ser amamentado pela mulher que estava na cama ao lado.

Zhang levou o bebé para casa, mas o marido começou a sugerir que a mulher o tinha traído, por a criança não se parecer com ele. O casal divorciou-se em 2003.

Em 2011, o homem fez um teste de ADN, confirmando que nenhum dos dois era o progenitor.

Zhang pediu então ao hospital para verificar os registos, mas foi informada que já tinha passado muito tempo.

Mãe e filho afirmaram que querem conhecer a família de sangue.

Num comunicado emitido no passado fim de semana, o hospital assegurou estar “profundamente chocado” e que vai ajudar a esclarecer os factos, apesar de admitir que “é difícil averiguar a verdade de algo que ocorreu há 28 anos”.

Inaugurada em Djibuti primeira base militar no estrangeiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China abriu ontem oficialmente a sua primeira base militar no estrangeiro, em Djibuti, no corno de África, no dia em que o Exército de Libertação Popular (ELP) celebra 90 anos, informou a imprensa oficial.

O país mais populoso do planeta não tinha uma presença militar permanente fora do país desde a Guerra da Coreia (1950-53).

A inauguração da base militar em Djibuti servirá para apoiar missões anti-pirataria, de manutenção da paz e assistência humanitária em África e na Ásia ocidental, de acordo com Pequim.

As autoridades inauguraram a instalação com uma cerimónia onde estiveram mais de 300 pessoas, entre as quais o ministro da Defesa do Djibuti e o subcomandante da Armada chinesa Tian Zhong, segundo o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

A República do Djibuti está situada no sul do mar vermelho, no Corno de África, entre a Eritreia, Etiópia e a Somália.

A inauguração desta base militar estratégica coincide com o 90.º aniversário do exército chinês (ver texto principal).

A abertura da base ilustra também a expansão do alcance das Forças Armadas chinesas, acompanhando a crescente influência da China no continente africano.

O país asiático é o principal parceiro comercial de África, de onde importa grande parte das matérias-primas de que precisa.

Desde a ascensão ao poder de Xi Jinping, a China adoptou uma política externa mais assertiva, nomeadamente com a fundação de um novo banco internacional e o lançamento de um gigantesco plano de infraestruturas, designado Nova Rota da Seda e que visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

2 Ago 2017

Xi Jinping  diz que país está pronto a enfrentar invasão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China advertiu ontem que o país está pronto a “lutar contra qualquer invasão estrangeira”, no 90.º aniversário do Exército de Libertação Popular (ELP), e apelou para a obediência das Forças Armadas ao Partido Comunista.

Num discurso de quase uma hora, proferido no Grande Palácio do Povo, Xi Jinping, também comandante do exército, assegurou que Pequim “nunca invadirá outros países, mas pode lutar contra qualquer agressão”.

A China “não permitirá a ninguém, de nenhuma forma, que separe nem um pedaço de terra do país”, disse Xi, que presidiu a uma reunião com três mil pessoas, a maioria militares, por ocasião dos 90 anos da fundação do ELP.

O ELP é uma instituição “do povo, para o povo e pelo povo”, afirmou Xi, que lembrou o início do exército chinês como uma milícia formada para combater o Governo do Partido Nacionalista Kuomintang (KTM), a 1 de agosto de 1927, em Nanchang, a capital da província de Jiangxi, no sudeste do país.

Fundado seis anos antes, o Partido Comunista Chinês (PCC) “estava em perigo de ser perseguido e assassinado, a revolução estava num momento crucial e entendeu que sem forças armadas (…) não podia vencer a revolução”, afirmou Xi.

Percurso vitorioso

O líder comunista sublinhou que em 90 anos de história, o ELP “venceu ferozes inimigos” e recordou o seu papel em episódios históricos, como a luta contra a invasão japonesa, a guerra civil contra o KMT ou a “vitória na resistência contra a invasão da Coreia pelos Estados Unidos” (1950-53).

Xi recordou muitos dos líderes que participaram nesta história, desde Zhou Enlai ou Zhude, a Liu Shaoqi, Deng Xiaoping ou o fundador da República Popular da China, Mao Zedong.

O Presidente chinês destacou que o exército modernizou-se e “passou das espingardas a um poder informatizado”, insistindo que deve obedecer às ordens do PCC. “Mao [Zedong] disse que o Partido manda no exército, não o contrário”, sublinhou.

Após a ascensão de Xi Jinping ao poder, várias altas patentes do exército foram afastadas na sequência da campanha anticorrupção lançada pelo Presidente, que lembrou que as forças armadas devem ser “limpas e livres de corrupção”.

Pequim mantém disputas territoriais com a Índia, Japão e vários países no Mar do Sul da China, tendo prometido reunificar Taiwan pela força, se necessário.

2 Ago 2017

Coreias | China coloca dever de manter paz sobre Washington e Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stados Unidos e Coreia do Norte têm a “principal responsabilidade” pela escalada de tensões e negociar a paz na Península Coreana, não a China, afirmou na segunda-feira o embaixador de Pequim nas Nações Unidas.

Liu Jieyi afirmou que se Washington e Pyongyang rejeitarem reduzir as tensões e o diálogo, “não interessa o quão capaz a China é, os esforços chineses não vão produzir resultados práticos, porque depende dos dois lados principais”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a China de falhar em travar o programa nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte e ameaçou com possíveis represálias económicas contra Pequim, que é responsável por 90% do comércio externo do país governado por Kim Jong-un.

Liu disse que, em vez de cumprir o apelo do Conselho de Segurança para reduzir tensões e relançar as negociações a seis [China, Estados Unidos, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão e Rússia], as tensões têm aumentado como resultado de novos testes com mísseis, comentários como “todas as opções estão sobre a mesa” e a instalação do sistema anti-mísseis norte-americano THAAD na península coreana.

O embaixador chinês acrescentou que a aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU está a ser dificultada por sanções unilaterais e “precondições para iniciar o diálogo” com Pyongyang, numa crítica directa a Washington.

A administração Trump declarou que todas as opções, incluindo um ataque militar, estão a ser consideradas, para travar a Coreia do Norte de ameaçar os Estados Unidos e aliados na região.

A Casa Branca optou por pressionar Pyongyang através de sanções unilaterais e pediu à China para usar a sua influência.

Os dois recentes testes com misseis balísticos intercontinentais conduzidos por Pyongyang vieram colocar ainda mais pressão sobre a administração norte-americana.

Quanto a retomar as negociações, suspensas desde 2009, os Estados Unidos afirmaram que não vão entrar em negociações com a Coreia do Norte até o país provar que tenciona prescindir do programa nuclear.

No domingo, Trump escreveu na rede de mensagens instantâneas Twitter: “Estou muito decepcionado com a China. Os nossos antigos líderes, ingénuos, permitiram-lhes ganhar centenas de milhares de milhões de dólares por ano em comércio e, no entanto, não fazem nada por nós em relação à Coreia do Norte”.

Muda de rumo

Em conferência de imprensa, Liu colocou a responsabilidade pela questão da península coreana sobre Washington e Pyongyang.

“Eles têm a responsabilidade principal por começar a mover-se na direção certa, não a China”, afirmou.

“A China tem vindo a implementar as resoluções [da ONU] de boa vontade e de forma completa”, acrescentou.

Liu defendeu que a comunidade internacional deve avançar em várias frentes e “garantir que a vontade política para resolver a questão da desnuclearização se traduz em passos concretos, negociações, diálogo, e reduzir as tensões no terreno”.

O embaixador chinês na ONU adiantou que a China está à procura de apoio para a proposta de suspensão do programa nuclear da Coreia do Norte e, ao mesmo tempo, das manobras militares dos Estados Unidos na Coreia do Sul, para “amortecer a crise” na península coreana.

A proposta da China, que é apoiada pela Rússia, inclui a desnuclearização da península coreana e “um mecanismo de paz e segurança” na Coreia do Norte e na Coreia do Sul, afirmou Liu.

2 Ago 2017

Mar do Sul | Revista oficial enaltece papel de Xi Jinping

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma revista do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmou que o Presidente da China, Xi Jinping, dirigiu pessoalmente o reforço da presença chinesa no Mar do Sul da China, através da construção de ilhas artificiais e outras medidas.

Xi “liderou e dirigiu pessoalmente uma série de grandes lutas para expandir as vantagens estratégicas e salvaguardar os interesses nacionais”, afirma o Study Times, revista publicada pela academia central de treino do PCC.

As políticas do Presidente, incluindo a construção de ilhas artificiais e alterações administrativas para elevar o status das reclamações territoriais da China nas ilhas Paracel, “alteraram a direção básica da situação estratégica no Mar do Sul da China”, acrescenta.

A China reclama a soberania sobre a quase totalidade do Mar do Sul da China, região rica em recursos, apesar das queixas e reivindicações dos seus vizinhos do sudeste asiático, e rapidamente construiu ilhas artificiais capazes de receberem instalações militares, incluindo aviões.

Boas fundações

Segundo o Study Times, Xi Jinping “criou uma fundação estratégica sólida para conseguir a vitória final na luta por assegurar os direitos sobre o Mar do Sul da China”.

A revista compara as políticas do Presidente chinês à construção de uma “Grande Muralha marítima”, numa referência à estrutura defensiva construída para proteger a China das invasões Mongóis e tribos do norte há vários séculos.

Nos últimos anos, a China construiu sete ilhas artificiais no arquipélago das Spratly, reclamado total ou parcialmente, além da China, pelas Filipinas, Brunei, Malásia, Vietname e Taiwan, ao depositar areia e cimento no topo de recifes de coral.

Movimentos semelhantes, que incluem a construção de pistas de aterragem, hangares de aviões e outras infraestruturas para uso militar, foram adotados por Pequim nas ilhas Paracel.

A China reclama que aquelas construções visam melhorar a segurança de navegação e atividade piscatória. O artigo do Study Times parece sublinhar, no entanto, o seu propósito militar.

Crescimento da indústria abranda em julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector manufactureiro da China continuou a expandir-se em Julho, apesar de a um ritmo inferior ao registado no mês anterior, segundo dados ontem divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE).

O Purchasing Managers Index (PMI) da indústria manufactureira chinesa situou-se em 51,4 pontos, em Julho. Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade.

O analista do GNE Zhao Qinghui atribuiu a desaceleração no ritmo de crescimento às fortes chuvas e inundações que atingiram determinadas zonas do país e reparações de rotina na maquinaria das empresas.

O sector manufactureiro da China emprega dezenas de milhões de trabalhadores. O PMI é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

A economia chinesa cresceu 6,9%, no segundo trimestre do ano, superando as previsões dos analistas, e apesar das medidas adoptadas pelo Governo para travar o aumento do endividamento das empresas.

A expansão do sector dos serviços abrandou também, segundo dados do GNE, de 54,9 pontos, em Junho, para 54,5, este mês.

Julian Evans-Pritchard, da unidade de investigação Capital Economics, apontou que “os dados de hoje (ontem) sugerem um abrandamento no conjunto da economia”.

“Esperamos que abrande ainda mais, dadas as medidas para reduzir os riscos financeiros do aumento do crédito e aceleramento da economia”.

Detidas 230 pessoas em investigação a esquema pirâmide

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa prendeu 230 pessoas no sul do país, parte de uma investigação a um esquema pirâmide, e depois de uma rara manifestação nas ruas de Pequim, ocorrida na semana passada.

A investigação abrange cinquenta e cinco empresas e 142 dos 230 detidos vão ser julgados, revelou neste domingo a polícia da província de Guangdong, em comunicado.

Na segunda-feira, mais de uma centena de investidores no fundo, chamado Shanxinhui, protestarem nas ruas do sul de Pequim contra o seu encerramento. Segundo dados citados pela imprensa chinesa, o fundo atraiu mais de cinco milhões de pessoas em todo o país.

A polícia de Pequim deteve 67 manifestantes por “obstruir as forças da ordem” ou “perturbar a ordem em locais públicos”.

Zhang Tianming, o fundador do esquema, e vários dos seus funcionários, foram presos em 21 de julho. São suspeitos de ter desfalcado “grandes quantidades” das suas vítimas sob o pretexto da caridade.

Entretanto o ‘site’ do Shanxinhui deixou de estar acessível. A plataforma apresentava-se como um fundo de investimento que promovia causas como o reflorestamento e a luta contra a pobreza.

Numa altura em que Pequim restringiu o fluxo de capital para além-fronteiras e o sector imobiliário chinês tem abrandado, o financiamento ‘online’ e promessas de investimento remunerativos estão a aumentar.

A polícia chinesa investigou, no ano passado, 2.826 casos de esquemas pirâmide fraudulentos, 20% a mais que no ano anterior, segundo dados oficiais.

1 Ago 2017

Apple retira da loja na China aplicações que contornam censura da internet

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] norte-americana Apple retirou da loja na China aplicações com VPN (Virtual Proxy Network), mecanismo que permite aceder à internet através de um servidor localizado no estrangeiro e é usado no país para contornar a censura oficial.

‘Sites’ como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer estão bloqueados na China. As versões electrónicas de órgãos de comunicação como o The New York Times ou o Economist também estão censuradas.

A VPN cria ligações criptografadas entre computadores e pode ser usada para abrir portais bloqueados pela censura do regime comunista.

Desde Janeiro, Pequim exige que as empresas que fornecem este serviço obtenham licenças do Governo.

“Fomos convidados [pelas autoridades chinesas] a remover alguns aplicativos de VPN que não cumprem as novas regras”, admitiu no domingo a Apple, num comunicado citado pela agência noticiosa France Presse (AFP).

“Estas aplicações estão disponíveis em todos os outros mercados onde são permitidas”, acrescentou a empresa.

Dois fornecedores, a Express VPN e a Star VPN, disseram este fim-de-semana terem sido informados pela Apple de que os seus produtos deixaram de estar disponíveis na China.

Em comunicado, a Express VPN classificou a medida de “surpreendente e lamentável”.

“Estamos decepcionados com esta decisão, que é a medida mais drástica que o Governo chinês tomou até agora para bloquear o uso da VPN. E estamos incomodados por ver a Apple a ajudar a China nos esforços para censurar”, acrescentou.

Na rede de mensagens instantâneas Twitter, a Star VPN escreveu: “Este é um precedente muito perigoso, que pode levar a decisões semelhantes em países como os Emirados Árabes Unidos, e outros onde os governos controlam a internet”.

Espaço soberano

A China é o segundo maior mercado do mundo da Apple, a seguir ao dos Estados Unidos.

A nação mais populosa do mundo, com 1.375 milhões de habitantes, tem o maior número de utilizadores de internet do planeta.

Porém, um relatório da unidade de investigação norte-americana Freedom House coloca o país como o que mais censura a rede, entre 65 nações estudadas, abaixo do Irão e da Síria.

A medida reflecte a visão do Presidente chinês, Xi Jinping, de “soberania do espaço cibernético” ou o direito de Pequim em limitar a actividade ‘online’ dos cidadãos, com o argumento de que o controlo é uma questão de segurança nacional.

1 Ago 2017

Morte de autarca filipino é advertência para outros políticos 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe da polícia filipina declarou ontem que a morte de um presidente de câmara e 14 pessoas durante uma operação antidroga, no sul do país, é “uma advertência” para políticos ligados ao narcotráfico e crime.

Ronald dela Rosa falava de uma operação realizada, no domingo, em Ozamiz, na ilha de Mindanao, que deve “servir como uma advertência de que a polícia não abre exceções na hora de aplicar a lei”.

“Não temos medo, nem damos tratamento especial”, disse Dela Rosa, numa conferência de imprensa transmitida pela televisão.

No domingo, 15 pessoas foram mortas, incluindo o presidente do município Reynaldo Parojinog e vários dos seus familiares, na sequência de um tiroteio com as forças de segurança que iam apresentar meia dúzia de mandados de captura.

Sangue por sangue

De acordo com a polícia, os agentes abriram fogo ao serem recebidos com disparos, à aproximação da casa do presidente do município, alegado líder de um grupo criminoso ligado, nas últimas três décadas, ao tráfico de drogas, operações paramilitares, sequestros e extorsões.

O director da polícia afirmou que o objetivo da operação era deter com vida os suspeitos, mas os agentes foram forçados a disparar ao serem recebidos pelo “exército privado” dos Parojinog.

No tiroteio morreram também a mulher, a irmã e Octavio Parojinog, irmão do autarca. Um agente ficou ferido na sequência de uma explosão.

A polícia apreendeu armas, drogas e dinheiro.

Reynaldo Parojinog constava de uma das “listas negras” do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, por alegadas ligações ao tráfico de drogas e crime organizado.

Mais de sete mil pessoas morreram desde o início da campanha antidroga de Duterte. Cerca de metade das vítimas mortais foram abatidas por agentes polícias por terem alegadamente resistido à detenção.

Na passada segunda-feira, Duterte reiterou que vai manter uma “luta implacável” contra o tráfico de droga, apesar das críticas que recebo dentro e fora do país.

1 Ago 2017