Mulheres de conforto | Amnistia Internacional teme que Japão não assuma responsabilização legal

Japão e Coreia do Sul reúnem-se hoje para mais uma vez abordar a questão das “mulheres de conforto”, usadas pelo exército nipónico como escravas sexuais durante a II Guerra Mundial. Tóquio propõe um fundo de 100 milhões de yens para ajudar as vítimas, mas a Amnistia Internacional quer responsabilização legal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros japonês Fumio Kishida e sul-coreano Yun Byung Se terão hoje uma reunião para resolver uma questão que vem sendo tabu – e até negada pelo Japão – entre os dois países: as “mulheres de conforto”. A ideia deste encontro, avançou ontem a AFP, é definir um novo fundo monetário para ajudar as vítimas, cifrado nos 100 milhões de yens para os japoneses. No entanto, a Coreia atira o montante para lá dos 1000 milhões de yens, de acordo com fontes diplomáticas citadas pela agência Kyodo.
O HM falou com Hiroka Shoji, representante da Amnistia Internacional (AI) no Sudeste Asiático, que não se mostrou muito confiante quanto a resultados efectivos do encontro. O ponto fulcral, defende, é que o Japão assuma responsabilidade legal pelo flagelo causado. No entanto, Shoji mostrou-se céptica perante esse cenário, embora não descarte a possibilidade de Shinzo Abe se mostrar solidário com o sofrimento das vítimas. “É pouco provável que ouçamos um verdadeiro pedido de desculpas”, completou, acrescentando que a AI entende que “o Japão não fez progressos” reais.
“Estamos muito preocupados com dois pontos: o primeiro é o facto do acordo poder não trazer uma solução efectiva, porque o governo japonês tem vindo a negar a responsabilidade legal há anos e o segundo tem que ver aquilo que o povo sul-coreano entende ser uma recompensa monetária para comprar o seu silêncio”, continuou a representante. NIOD-106359_0101-diptych-1024x706
As vítimas da situação continuam a exigir um pedido de desculpas, mesmo depois do Japão o ter feito em 1993 e o HM quis saber, junto de Shoji, qual a razão para a insistência. “Foi um acto simbólico no sentido em que os japoneses reconheceram o seu envolvimento nos actos de violência, mas não assumiram, verdadeiramente, a sua responsabilidade perante as atrocidades cometidas que eles próprios cometeram ao violar estas mulheres”, explicou a responsável.
A questão tem-se arrastado desde o final do conflito, tendo mesmo havido japoneses a negar a factualidade das violações. “As ‘mulheres de conforto’ não eram escravas sexuais, mas sim prostitutas em alturas de guerra que gostavam de passar o tempo com pessoas que lhes pagavam recompensas bastante elevadas por esse tempo”, disse Yumiko Yamamoto, presidente do grupo japonês de defesa das mulheres Nadeshiko Action durante uma cimeira das Nações Unidas (ONU) em Julho de 2014. Foi durante o mesmo debate que o especialista britânico Nigel Rodley defendeu que as famílias e vítimas do flagelo “precisam de um pedido de desculpas oficial, claro e de reconhecimento de total responsabilidade por as terem [às mulheres sul-coreanas] a participar em actividades que podiam ter destruído completamente as suas vidas”.

Esperar para ver

A reunião de hoje deverá servir para os dois governos decidirem se abordam, a 31 de Março do próximo ano, esta questão numa cimeira nuclear com líderes mundiais em Washington. Este é um dos assuntos que mais controvérsia tem trazido às relações bilaterais entre os dois países.
A cimeira contará com a participação da presidente sul-coreana Park Geun-hye e o Primeiro-Ministro do Japão, Shinzo Abe, de acordo com informação avançada pela agência noticiosa Kyodo. A representante do Clube Zonta de Macau, Christiana Ieong, coloca a questão da seguinte forma: “A reunião é, sem dúvida, um grande progresso na resolução do problema, mas a soma sugerida pelo Japão pode fazer com que surjam dúvidas quanto à honestidade das suas intenções”. Para Christiana Ieong, a ideia passa pela aceitação por parte do Japão de que a história é inegável. “Factos são factos e não podem ser apagados”, reitera. A responsável sublinha mesmo que é “crucial” que se utilize esta calamidade para mostrar “às gerações futuras” os despojos de uma guerra.
É que, tal como adianta a representante do Clube Zonta, várias vítimas reclamam que a criação de um fundo monetário não resolve os problemas que enfrentam, entre os quais humilhação, perda de reputação, danos morais, mentais e físicos. Além disso, sublinha Christiana Ieong, é preciso não esquecer que se trata “de um problema internacional”, pois não envolveu apenas mulheres sul-coreanas, mas também filipinas, malaias, birmanesas e chinesas. “É preciso ver esta questão como um problema mundial, mas isso só vai acontecer quando o Japão aceitar que estas mulheres não eram prostitutas por vontade própria, mas sim escravas sexuais”, adiantou.
Já no ano passado a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, veio apoiar a luta da Coreia do Sul, repreendendo o passado do Japão. “O recrutamento forçado de mulheres de conforto foi um crime atroz e desumano cometido pelo regime imperialista nipónico contra vítimas de países asiáticos. Esperamos que o lado japonês possa lidar correctamente com as questões deixadas pela história”.

Nipónicos e coreanos

Não é, contudo, a primeira vez que se fala de arranjar uma solução para aquilo a que muitos apelidam de disputa. Foi acordada uma normalização diplomática em 1965, mas a presidente sul-coreana insiste numa solução que “agrade às vítimas e ao povo coreano”. Em Novembro passado, a representante reuniu-se com o seu homólogo japonês pela primeira vez em três anos. “Ambos os países concordaram que é precisam acelerar as conversações – sobre as chamadas ‘mulheres de conforto’ e tentar chegar a um acordo o mais breve possível”, disse a presidente. Park recusou-se a fazer previsões sobre quando a disputa estaria resolvida, acrescentando apenas que esperava soluções ainda este ano. “Devíamos fazê-lo este ano, já que é o 50º aniversário das relações diplomáticas, um ponto de viragem para se avançar”. PAULA ALLEN4

Terror que fica

Pelas chamadas estações de conforto foram passando mulheres de toda a Ásia. No entanto, a esmagadora maioria era originária da Coreia do Sul. A tendência de recrutar mulheres, contra a sua vontade, para satisfazer os desejos dos soldados japoneses em combate pela Ásia democratizou-se depois do Massacre de Nanjing, em Dezembro de 1937.
Vários são os relatos de centenas de mulheres que contaram ao mundo a sua história nas estações de conforto, onde era frequente terem de satisfazer 30 a 40 homens por dia, de acordo com investigações académicas feitas desde então. Esta tendência viu o seu final em 1945, quando foram libertadas pelas forças aliadas e seguiram as suas vidas para outros países asiáticos. Estima-se que estiveram envolvidas no processo entre 80 mil e 200 mil mulheres sul-coreanas.

Park Young-Shim | Por essa China fora

Uma das vítimas que em 2005 deu a cara pela promessa de não morrer antes de ouvir um pedido formal de desculpas do Japão é Park Young-Shim, capturada em sua casa em 1938, numa província de Pyongyang. Park trabalhava então como empregada doméstica na sua cidade quando um polícia japonês a colocou dentro de um comboio e a levou para a China. “Ele disse que me ia introduzir um novo emprego, que seria bom para mim”, recorda a vítima num testemunho de há 10 anos. PAULA ALLEN3
Algumas horas de viagem chegaram para que percebesse que estava em Nanjing, onde foi colocada num quarto com uma cama, localizada num espaço denominado “Estação de Conforto Geumsuro”. Park ficou “extremamente chocada” ao entrar no quarto que seria a partir daí o seu. “Pouco depois, um soldado japonês veio ter comigo e percebi o que ia passar-se”, adiantou no depoimento. Várias foram as sessões de abuso sexual e violência corporal levada a cabo a um ritmo diário. “Fiquei tão doente que nem tomar ópio me tirava as dores, pelo que tentei, por várias vezes suicidar-me, mas nem isso era possível”, lamentou. A situação estendeu-se até ao fim da guerra, período durante o qual Park foi obrigada a servir soldados de várias estações por todo o interior da China.

Kim Tokchin | Uma promessa de trabalho

Kim Tokchin é outra das “mulheres de conforto”. Fazia frio em Incheon, quando em Fevereiro de 1937 a jovem de 17 anos ouviu falar de um homem japonês que prometia trabalho em fábricas nipónicas. Kim foi ao seu encontro e recebeu alojamento e comida até ao dia seguinte, quando foi levada para “um barco enorme”, onde seria feita a travessia até Nagasaki. “Naquela altura os jovens não sabiam nada do mundo e eu, que não tinha ido à escola, não sabia nada. A única coisa que sabia era que iria para uma fábrica ganhar dinheiro, nunca pensei que seria perigoso”, começou Kim por declarar num depoimento para efeitos académicos. Finda a viagem marítima e chegadas a uma casa em Nagasaki, Kim e outras raparigas foram violadas consecutiva e seguidamente numa base diária, até serem transportadas até Xangai, onde encontraram mais duas mulheres japonesas e 20 coreanas. “Acordávamos às sete da manhã, lavávamo-nos e comíamos o pequeno-almoço em turnos. A partir das 9h00 começavam a chegar soldados que formavam filas indianas, mas os oficiais de alta patentes só chegavam às 18h00 e alguns passavam lá a noite”, continua Kim. A atenção à protecção contra doenças venéreas era “quase sempre tida em conta”, mas havia quem não se importasse, já que esperava morrer em combate. “Cada uma tinha que servir entre 30 a 40 homens por dia, mas o número era menor quando havia uma batalha nesse dia. Cada quarto tinha uma caixa de preservativos que era reposta frequentemente e àqueles que recusavam usar, eu dizia-lhes que tinha doenças sexualmente transmissíveis e costumava funcionar”, acrescentou a vítima.

28 Dez 2015

Pequim levanta alerta vermelho devido à poluição

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Pequim levantaram ontem aquele que foi o primeiro alerta vermelho por poluição que emitiram, 48 horas depois de medidas para controlar níveis de poluição inferiores aos de ocasiões anteriores.
O alerta terminou formalmente às 12:00, mas já desde madrugada uma frente fria com ventos ligeiros levou o manto de névoa e de poluição que desde o fim de semana cobria a capital chinesa.
As autoridades chinesas anunciaram na segunda-feira que, pela primeira vez desde que se instaurou, em 2013, um sistema de alerta de quatro cores, a activação do nível mais grave, o vermelho, a partir das 7:00 de terça-feira e até ao meio-dia de ontem.
Durante esse período, Pequim pôs em marcha medidas como a circulação dos automóveis privados de acordo com o último número da matrícula – um dia pares, noutro ímpares – ou a proibição de saída para a estrada de veículos pesados.
Além disso, também foram suspensas as obras e as fábricas reduziram ou pararam a produção, incluindo as de geração de energia, as siderurgias e as de cimento.
O pacote de medidas aliviou o habitual denso tráfego de Pequim, também reduzido pela recomendação às escolas primárias e secundárias para que suspendessem as aulas e ao pedido de empresas e instituições oficiais para que fossem permitidos horários flexíveis para os seus funcionários.
Apesar de a medida ter sido aplaudida por organizações como a Greenpeace e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que sublinhou que “as autoridades estão a levar a sério a qualidade do ar”, alguns moradores em Pequim consideraram-na excessiva e demasiado prolongada.
Enquanto por estes dias os níveis de poluição rondaram picos de 400 microgramas por metro cúbico das partículas PM 2.5 – as mais prejudiciais à saúde –, na semana passada, quando se activou apenas o alerta laranja após vários dias da maior poluição de 2015 na capital, foram superados os 650 microgramas.
A OMS estabelece em 25 microgramas o máximo recomendado para que não prejudique a saúde.

11 Dez 2015

Kim Jong-un afirma possuir bomba de hidrogénio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte afirmou pela primeira vez que o país tem a bomba de hidrogénio, noticiou ontem a agência oficial KCNA, embora vários peritos duvidem que Pyongyang tenha conseguido desenvolver esta arma.
Kim Jong-un disse que a Coreia do Norte “se transformou num poderoso Estado, que possui armas nucleares, capaz de fazer detonar uma bomba atómica e também uma bomba H (de hidrogénio) para defender eficazmente a soberania e dignidade da nação”, de acordo com a KCNA.
O “Grande Sucessor” proferiu esta afirmação durante uma visita ao sítio de Phyongchon, na capital norte-coreana, onde foi construída a primeira fábrica de munições do país há seis décadas.
O líder, de 32 anos, reafirmou em várias ocasiões que a Coreia do Norte possui armas nucleares e que este recurso é o principal pilar da defesa contra os alegados planos de invasão pelos Estados Unidos.
De acordo com peritos sul-coreanos, esta é a primeira vez que o regime da Coreia do Norte assegura possuir a bomba de hidrogénio, um explosivo que pode multiplicar por milhares a potência de um míssil nuclear comum, como os que foram lançados sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
Os serviços secretos sul-coreanos (NIS) afirmaram desconhecer que o regime de Kim Jong-un tenha desenvolvido a bomba de hidrogénio, indicou um dos responsáveis do NIS à agência noticiosa sul-coreana Yonhap, em Seul.
“A Coreia do Norte não teve êxito na miniaturização das bombas nucleares, por isso não pode contar com a tecnologia para produzir uma bomba H”, acrescentou a mesma fonte, que considerou as declarações de Kim Jong-un de “simples retórica”.
No caso das bombas nucleares comuns, a Coreia do Norte conseguiu um grande desenvolvimento tecnológico, tendo realizado três explosões em 2006, 2009 e 2013.
Os especialistas desconhecem se Pyongyang é ou não capaz de miniaturizar os explosivos atómicos para serem instalados nas ogivas dos seus mísseis.

11 Dez 2015

Poluição | Alerta vermelho em Pequim deve-se a “mudança de postura” do Governo

Apesar de ter sido decretado o alerta vermelho de poluição na capital chinesa, a verdade é que quem lá vive diz que pouco ou nada mudou e que os níveis de poluição são iguais. O que mudou foi a postura do Governo Central face ao problema

[dropcap style=’circle’]“L[/dropcap]á fora está mesmo horrível, quase não dá para ver nada.” Foi desta forma que Zhou Xuefei descreveu ao HM o estado da poluição na cidade de Pequim, de onde é natural. Apesar de ter sido decretado o alerta vermelho pelas autoridades na noite de terça-feira, a verdade é que esta gestora de produtos numa empresa chinesa do ramo da internet teve que ir trabalhar.

“Não estou em casa porque mesmo que o Governo recomende que trabalhemos em casa, a empresa não nos disse nada. Quase ninguém aqui está a usar máscara, porque já estamos habituados a esta poluição”, contou Zhou Xuefei.

Esta foi a primeira vez que o Governo chinês emitiu o alerta vermelho sobre o mau estado do ambiente na capital, tendo sido suspensas as aulas nas escolas do ensino básico e médio, enquanto que as empresas foram aconselhadas a adoptar um “sistema de trabalho flexível”. Quanto à circulação automóvel, foi decretado que os carros irão circular alternadamente nos próximos três dias, de acordo com o último número da matrícula: um dia pares, noutro ímpares.

Ainda assim, os residentes com quem o HM falou afirmam que isso não significa que a poluição aumentou. A única coisa que se alterou foi a postura dos governantes face à questão, numa altura em que acontece também a cimeira sobre o ambiente em Paris.

“No ano passado já passámos por algo assim, só que o Governo não lançou o alerta vermelho. A poluição não está pior, mas o Governo começou a dar mais importância, ou pelo menos parece que dá”, referiu Zhou Xuefei.

Também João Pimenta, delegado da Agência Lusa em Pequim, fala de níveis de poluição “normais” para esta época. “O Inverno aqui é sempre cinzento, devido ao aquecimento central. O que não é normal é as autoridades terem colocado a cidade em alerta vermelho”, disse ao HM por e-mail. “A verdade é que até há pouco tempo quase ninguém usava máscara em Pequim. E era normal ver crianças a brincar ao ar livre nos dias de maior poluição. Mas sem dúvida que hoje existe maior consciencialização dos riscos e consequências”, acrescentou.

Sinais do alerta

Jacinta Jiang, também natural de Pequim, não teve de ir trabalhar porque encontra-se na fase final da sua licenciatura em Língua Portuguesa. Ficou em casa, ao contrário dos pais, que tiveram de enfrentar o intenso nevoeiro das ruas. “O meu irmão não foi à escola. Temos dois purificadores em casa, a poluição é muito grave”, disse.

Também esta estudante considera que o Governo está a dar mais atenção ao problema. “A poluição sempre existiu e não acontece só por causa da população, mas também por causa das fábricas. Mas o Governo chinês já presta mais atenção ao problema.”

João Pimenta antevê tempos difíceis caso os dirigentes chineses emitam mais alertas vermelhos. “A semana passada a densidade das partículas PM 2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – situou-se entre os 450 e 600 microgramas por metro cúbico ao longo de três dias consecutivos, mas o nível de alerta não ultrapassou o laranja – o segundo mais alto. Hoje (ontem), o mesmo indicador ronda os 300 microgramas por metro cúbico. É estranho, e se passar a ser norma, acarretará um impacto significativo na vida dos locais”, disse.

Isto porque “o alerta vermelho inclui o encerramento de escolas e o condicionamento do trânsito, com os automóveis a circular alternadamente, de acordo com o último número da matrícula. Inclui também que os trabalhos sejam suspensos nas fábricas e estaleiros mais poluentes. Se for decretado o alerta vermelho de cada vez que os níveis de poluição atinjam o nível de hoje, isto corresponderá seguramente a mais de metade dos dias de Inverno”, frisou o jornalista.

Menos tolerância

Apesar da China ser um dos países participantes da Cimeira do Clima em Paris, a verdade é que o problema da poluição no continente é cada vez mais notório, embora as autoridades continuem, ao mesmo tempo, a querer escondê-lo. Uma publicação na rede social Facebook feita ontem pela agência noticiosa Xinhua, na página “China Xinhua News” é disso exemplo. Imagens de pessoas a usar máscara foram publicadas, com a seguinte legenda: “O nevoeiro está de volta! Várias máscaras começam a aparecer. Será importante manterem-se saudáveis e felizes ao usarem a vossa máscara preferida.”

Nas ruas, o sentimento popular é bem diferente. “A população tolera cada vez menos a poluição e eu acho que isso está relacionado com a informação que circula na internet e, particularmente, com o documentário ‘Under the Dome’, da ex-jornalista da CCTV Chai Jing, que foi viral na internet chinesa, apesar da censura”, contou João Pimenta.

“Temos de assumir responsabilidades, o Governo tem culpa, mas nós também temos”, defendeu Zhou Xuefei.
“Pequim é a capital da China e ainda é melhor do que as outras cidades e muitas pessoas querem trabalhar e viver aqui. Mas há limites para tudo e, se este limite for ultrapassado, o problema vai ser muito complicado”, concluiu Jacinta Jiang.

Macau imune

O director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, Fung Soi Kun, garantiu que a situação de extrema poluição sentida em Pequim não vai ter consequências em Macau. “O alerta é para a parte central da China, à volta de Pequim e na província de Hunan. Macau está no sul da China, por isso o alerta sobre a poluição não vai afectar Macau. O tempo na parte central da China é diferente, mais do interior, e Macau é um território junto ao mar e temos um ambiente bastante diferente de Pequim. Macau não vai ser afectado pelo mesmo fenómeno. Desde 1999 até agora nunca se registou uma poluição tão concentrada como em Pequim”, disse ao HM.

9 Dez 2015

Xi Jinping e José Eduardo dos Santos reúnem em Joanesburgo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, reuniram-se ontem na África do Sul, à margem da segunda cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que arranca esta sexta-feira em Joanesburgo.
De acordo com informação do ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti, além da cooperação bilateral, sobretudo ao nível do desenvolvimento económico, a reunião servirá para os dois estadistas analisarem assuntos das relações internacionais.
“Penso que os dois presidentes vão tratar também questões relacionadas com o Conselho de Segurança [da ONU], com a paz e a estabilidade na região da África central e provavelmente alguns aspectos bilaterais, entre Angola e a China”, disse ontem Georges Chikoti.
A segunda cimeira do FOCAC realiza-se esta sexta-feira e no sábado em Joanesburgo, com Angola a prever o reforço dos mecanismos de cooperação bilateral.

Moeda de troca

Na apresentação desta cimeira, na segunda-feira, o embaixador chinês em Luanda, Cui Aimin, revelou que decorrem reuniões entre grupos técnicos dos dois países que visam alcançar acordos monetários (troca de moeda), de investimentos recíprocos e de facilitação de vistos entre Angola e a China.
“Temos boas perspectivas para o futuro da nossa cooperação”, sublinhou o embaixador Cui Aimin, relativizando o arrefecimento económico actual em Angola, fruto da crise do petróleo.
A representação angolana será liderada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, que voltará a reunir-se com o homólogo chinês, depois da sua visita a Pequim em Junho último, em que foi garantido um novo empréstimo da China a Angola, de seis mil milhões de dólares.
A Lusa noticiou a 12 de Outubro passado que os bancos centrais de Angola e da China estão a acertar os pormenores de um acordo que vai permitir o uso das moedas nacionais de ambos os países nas trocas comerciais bilaterais.
O governador do Banco Nacional de Angola, José Pedro de Morais, disse que esse acordo vai trazer “muitas vantagens”, tendo em conta a falta de divisas que o país enfrenta para garantir as necessidades de importação.
“A moeda chinesa hoje é uma moeda vastamente utilizada nas trocas comerciais internacionais e vamos ter muitas vantagens quando este acordo puder ser utilizado”, referiu José Pedro de Morais.
O acordo vai permitir que os agentes económicos de ambos os países possam usar a moeda chinesa em Angola e a angolana na China, facilitando as trocas comerciais.
“Hoje em dia, há um apoio muito grande das instituições financeiras internacionais a este tipo de acordos, porque ele permite garantir que o comércio externo se continue a fazer sem recurso a uma terceira moeda, que neste caso seria o dólar”, frisou o governante angolano.

4 Dez 2015

Pequim amanhece com céu limpo

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim amanheceu ontem com céu limpo e azul graças a uma corrente de ar frio que, na noite passada, afastou a espessa nuvem de poluição que envolvia a capital há três dias, os piores em termos de qualidade do ar em todo o ano.
Segundo a embaixada dos Estados Unidos, que faz medições da qualidade do ar, pelas 10:00 de ontem verificava-se uma concentração de partículas PM 2,5 (as mais perigosas para a saúde) de 25 microgramas por metro cúbico, a contrastar com os 634 microgramas registados na terça-feira, ou os 666 de segunda-feira.
O valor de hoje corresponde ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde para as PM 2,5.
Depois dos piores três dias de poluição atmosférica do ano, uma corrente de intenso ar frio limpou a cidade durante a noite, sentindo-se ainda hoje o vento forte.
Os níveis de poluição registados nos últimos três dias colocaram Pequim em alerta laranja, o segundo mais elevado, forçando as autoridades a impor restrições às actividades contaminantes como a indústria, transportes e construção.
Se a poluição tivesse durado mais de três dias tinha sido declarado o alerta vermelho, o mais elevado, obrigando a fechar escolas e permitindo que os automóveis circulem apenas em dias alternados.

3 Dez 2015

Banco Asiático vai emprestar até 15 mil milhões de dólares por ano

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a nova instituição financeira internacional proposta por Pequim, vai emprestar entre 10 mil milhões e 15 mil milhões de dólares anualmente nos primeiros cinco a seis anos. Os empréstimos serão destinados ao desenvolvimento de infra-estruturas e melhores ligações entre os países asiáticos, disse o presidente da instituição, o ex-vice-ministro das Finanças chinês Jin Liqun, citado pelo jornal oficial China Daily.
O BAII, cujo acordo constitutivo foi assinado em Junho, será estabelecido este mês com um capital de 100 mil milhões de dólares, cerca de 30% dos quais assegurados pela China, e terá sede em Pequim. Com uma participação de cerca de 13 milhões de dólares, Portugal é um dos cinquenta e sete membros fundadores, enquanto o Brasil é o nono maior accionista, com uma participação de 3.181 milhões.
O BAII “não é nem um banco chinês, nem um banco detido pelo Governo chinês, mas antes um banco que pertence a todos os países participantes”, realçou Jin Liqun.
Proposto pelo Presidente da China, Xi Jinping, a instituição é vista pelos Estados Unidos da América como uma reacção de Pequim ao que considera o domínio norte-americano e europeu na ordem financeira internacional. Entre as grandes economias do planeta, apenas EUA, Canadá e Japão não fazem parte do BAII, mas Jin Liqun lembrou que “as portas estão abertas”.
No ‘top 10’ dos principais investidores estão Alemanha, França e Reino Unido, todos países membros da União Europeia. “O BAAI não se deve limitar aos países asiáticos, e poderá apenas ser bem-sucedido se os países da Europa e de outros continentes participarem”, frisou Jin.

3 Dez 2015

Presidente da China reúne-se com líderes africanos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, reúne-se a partir de sexta-feira com vários líderes de África, em Joanesburgo, numa altura em que o continente procura assegurar o investimento chinês, apesar do abrandamento na segunda maior economia mundial. Embora o investimento chinês em África tenha registado uma queda acentuada este ano, durante a cimeira de dois dias é esperado o anúncio de acordos para a construção de centrais eléctricas, infra-estruturas e projectos de desenvolvimento agrícola.
Entre Janeiro e Junho, o investimento directo estrangeiro em África, proveniente de Pequim, recuou 43%, para 1,2 mil milhões de dólares (cerca de 1,1 mil milhões de euros), segundo dados do Ministério do Comércio da China. A China tornou-se em 2009 o principal parceiro comercial do continente africano, evidenciando o enorme “apetite” chinês por matérias-primas. O “gigante” asiático é, por exemplo, o maior cliente do petróleo angolano.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Zhang Ming disse ontem que a transição económica na China, para um modelo de crescimento menos intensivo, poderá ser aproveitada pelos países africanos. “A cooperação China-África atingiu um ponto onde precisa de ser renovada e transformada”, disse, lembrando que a industrialização do continente se encontra num “estágio inicial”.
Antes de aterrar na África do Sul, Xi Jinping realizou uma breve visita de Estado ao Zimbabué, onde os projectos desenvolvidos por empresas chinesas ajudaram a dinamizar uma economia paralisada pela crise. Xi, que foi o primeiro líder chinês a visitar o país governado por Robert Mugabe, desde 1996, assinou vários acordos nas áreas infra-estruturas, finanças, cultura, e conservação da vida selvagem, destacou hoje a imprensa estatal chinesa.

Água | Empresas chinesas abastecem Angola

Entretanto, duas empresas chinesas foram escolhidas pelo Governo angolano para obras de abastecimento de água nas províncias do Cuanza Sul e Huambo no valor de 211 milhões de euros, segundo despachos presidenciais a que a Lusa teve acesso.
O primeiro destes despachos, de 25 de Novembro, refere-se à obra de reforça do sistema de abastecimento de água de Porto Amboim, na província do Cuanza Sul, no valor de 60 milhões de dólares (56,6 milhões de euros) a realizar pela filial angolana da CGC Overseas Construction. Outra filial de uma empresa chinesa, a Sinohydro Construction, vai realizar, de acordo com outros dois despachos presidências da mesma data, obras idênticas na província do Huambo.
Uma refere-se ao primeiro lote da segunda fase do projecto de abastecimento à cidade do Huambo, no valor de 72,4 milhões de dólares. A outra diz respeito ao segundo lote do mesmo projecto, a contratar igualmente pelo Ministério da Energia e Águas por 91,1 milhões de dólares.
O Governo angolano tem vindo a contratar nas últimas semanas várias empresas chinesas para obras em Angola com “enquadramento financeiro” nas Linhas de Crédito da China.
O novo empréstimo concedido pelo Governo da China a Angola, que se segue a linhas de apoio anteriores, prevê mais 6.000 milhões de dólares de financiamento a obras cuja execução estão programadas para 2016 e 2017, segundo informação anterior do Governo angolano.
Aludindo ao novo entendimento com a China, José Eduardo dos Santos disse em Julho tratar-se de um “novo capítulo” nas relações bilaterais, perspectivando alterações no modelo de negócio entre empresas chinesas e angolanas, dos sectores público e privado. Na altura, referiu que seria produzida em Angola “parte dos materiais que serão usados nas empreitadas de obras públicas levadas a cabo no quadro dos contratos celebrados com empresas chinesas”.

3 Dez 2015

Clima | ONU junta países para encontrar soluções

Arrancou ontem a 21ª Conferência das Organizações das Nações Unidas em Paris, dias depois dos atentados terroristas que abalaram o mundo. 150 líderes, de 195 países, já estão na cidade francesa onde tentam chegar a um acordo para manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]futuro do planeta e dos seus recursos está em discussão em Paris, França, e todos esperam que da 21ª Conferência das Organizações das Nações Unidas (ONU) saia finalmente um documento com regras bem definidas sobre os travões a colocar ao aquecimento global e à utilização de energias não renováveis.
Até ao dia 12 de Dezembro, o mundo espera ter um novo acordo que saiba vencer no meio das diferenças económicas dos países, numa altura em que 2015 já é considerado como o ano mais quente de sempre, segundo a Organização Mundial de Meteorologia.
O grande objectivo é encontrar soluções para que o aquecimento global não vá além dos 2º, número que colocaria o planeta numa situação dramática ao nível da subida das águas. Para manter esse número, os países terão de cortar as emissões de dióxido de carbono e adoptar a utilização de energias renováveis a 100% até 2050.
Na agenda está também a criação de um fundo de 100 mil milhões de euros para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com as consequências das alterações climáticas.

É agora ou nunca

No primeiro dia de reuniões, os líderes dos países esperam que se possam encontrar soluções para a redução da dependência das economias mundiais em relação ao petróleo. Para François Hollande, presidente da França, o mundo já atingiu um “ponto de ruptura”.
Entretanto, o Papa Francisco também fez declarações sobre a cimeira e as conclusões que dela poderão surgir, afirmando que o mundo “está à beira do suicídio”. “Não estou seguro, mas posso dizer que é agora ou nunca. A primeira cimeira creio que foi em Tóquio e fez-se pouco. A cada ano que passa os problemas agravam-se”, disse o Papa durante o voo que o levou de volta a Roma, depois de uma viagem até à República Centro-Africana. O líder da Igreja Católica disse ainda ter “confiança nestas pessoas para que façam algo”.
A COP21 surge como uma forma de resolver e implementar aquilo que nunca foi concretizado, especialmente depois do fracasso do Acordo de Copenhaga há seis anos atrás. Pede-se sobretudo que se chegue a um acordo sem claras fissuras entre países ricos e pobres e que haja uma responsabilização dos maiores países emissores, a China e os Estados Unidos.
Em Paris, aguarda-se a concretização numa cimeira que reúne algumas das maiores potências mundiais que estiveram ausentes no Acordo de Copenhaga. Os Estados Unidos e a China, que têm evitado assumir compromissos em relação à protecção ambiental, revelaram logo no primeiro dia vontade de cumprir metas.
Para combater o aquecimento mundial, espera-se uma duplicação do investimento feito e à investigação na área das energias limpas para os próximos cinco anos.
Mas nem só de países é feita esta cimeira. Líderes de instituições como Bill Gates (Fundação Bill e Melinda Gates), Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Jack Ma (Alibaba) e Richard Branson (Virgin) prometem dar uma ajuda ao nível do sector privado.
Quatro países europeus – Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça – irão disponibilizar 500 milhões de euros para ajudar países pobres a reduzirem emissões de CO2. E a Índia lançou uma aliança com 120 países, com a qual pretende juntar 400 milhões de dólares para acelerar o uso da energia solar.

O medo dos mais fracos

Entretanto, 43 países considerados mais vulneráveis já assinaram um acordo onde dizem não quererem ser “sacrificados” por aquilo que venha a ser decidido na COP21. No fundo, pedem um objectivo “mais ambicioso”.
“Nós nos recusamos a sermos sacrificados pela comunidade internacional em Paris”, disse Anwar Hossain Manju, Ministro do Meio-Ambiente do Bangladesh. Para o dirigente, a COP21 “tem a obrigação de agir. Não fazer isso é um crime”, acrescentou.
Esta declaração foi adoptada em Manila há semanas no Fórum do Clima Vulnerável e exige o limite de aquecimento global a 1,5 graus. O fórum pediu ainda uma “descarbonização completa até 2050″ com um pico de emissões globais de gases com efeito de estufa “no mais tardar até 2020”.
Manter o aquecimento abaixo de 1,5 graus “não vai simplesmente garantir a segurança e a prosperidade, também vai garantir a justiça”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Manuel Gonzalez, ressaltando que o desequilíbrio climático “fere os direitos humanos”.
“Individualmente, nós já somos sobreviventes. Colectivamente, somos uma força” permitindo ir rumo a um mundo “mais justo e activo sobre o clima”, declarou o presidente filipino Benigno Aquino.

Xi Jinping diz que países desenvolvidos devem investir mais

A COP21 promete fazer história sobretudo porque o principal emissor de gases poluentes do mundo, a China, prometeu agir, tal como os Estados Unidos. Ban Ki-moon fala de um grande momento político

Poderá Paris trazer um novo rumo para a protecção do ambiente a nível mundial? A COP21 arrancou com os grandes poluidores a traçarem promessas. Xi Jinping, o presidente chinês, defendeu que os países mais ricos devem investir mais na protecção do meio ambiente.
“Os países desenvolvidos devem honrar o seu compromisso de mobilizar 100 biliões de dólares todos os anos antes de 2020 e fornecer um apoio mais forte aos países em desenvolvimento depois disso”, disse o presidente chinês no primeiro dia de discursos.
Xi Jinping sugeriu que cada país procure uma solução que se adapte às suas necessidades, mas assine um modelo de cooperação em que todas as partes saiam a ganhar.
O líder chinês defendeu um acordo que se foque no fortalecimento das acções globais contra as mudanças climáticas, nas quais os países desenvolvidos respeitem seus compromissos de financiamento e os países em desenvolvimento acelerem sua transição energética.
“Além dos governos, deveria haver a mobilização do sector empresarial, das ONGs e de todos os actores da sociedade”, declarou Xi, que disse ser importante a transfência das tecnologias necessárias aos países pobres, mas que sejam respeitadas as diferenças entre cada nação.
Para combater a mudança climática, o líder chinês ressaltou que “não se deve privar os países em desenvolvimento da necessidade legítima de fazer diminuir a pobreza e melhorar as condições de vida de sua população”. 21215P2T2
A 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) não é a meta, segundo Xi, mas sim um ponto de partida que sirva para fomentar a recolha de recursos, controlar o aumento das emissões e iniciar o mecanismo que trace o caminho para um desenvolvimento verde.
“É preciso que em Paris rejeitemos as visões estreitas e chamemos todos os países, principalmente os que estão em desenvolvimento, para que assumam sua responsabilidade para conseguir uma solução que nos beneficie a todos”.
O líder chinês destacou que o seu país está “a trabalhar no duro” e que a ecologia terá um papel essencial no seu terceiro plano de cinco anos, no qual procura conseguir um desenvolvimento “sustentável e aberto”, partindo da base da inovação.
“O nosso objectivo é atingir um pico de emissões daqui até 2030, e queremos completar isso o mais depressa possível”, indicou Xi, demonstrando a intenção de reduzir as emissões de CO2 por unidade de PIB entre 60% e 65% para essa mesma data em relação aos níveis de 2005.
O presidente da China alegou que o país está actualmente “na liderança dos países em relação à conservação energética e ao uso de energias novas ou renováveis”, e comprometeu-se em manter seus esforços, especialmente em termos de cooperação com os países do sul.
Recorde-se que os países desenvolvidos já se comprometeram antes a investir esse montante todos os anos, na forma de financiamento público e privado, até 2020, ano em que os acordos já feitos sobre o clima vencem. Contudo, os países menos poluidores, e mais pobres, querem que os mais ricos paguem mais.
Os Estados Unidos, enquanto segundo maior país poluidor do mundo, assumiram as suas responsabilidades. “Aqui estou como Presidente da maior economia mundial, e o segundo maior emissor [de CO2], para dizer que não só os Estados Unidos reconhecem o seu papel na criação deste problema, como não enjeitamos a nossa responsabilidade em fazer algo a respeito”, afirmou o presidente Barack Obama.
Obama falou ainda da necessidade de um acordo que fixe “uma estratégia de longo prazo” e que tenha um “forte sistema de transparência”, com mecanismos de verificação de tudo o que está agora a ser prometido. Numa frase, sintetizou a lógica adoptada, e que está a transformar a diplomacia climática: disse que as metas já não são definidas “para nós”, mas “por nós”.

Índia | Escolhas difíceis

A Índia, outro dos países onde a industrialização teve o seu boom, e com ela maiores emissões de gases poluentes, o compromisso também se fez notar.
“Os mais prósperos ainda têm uma forte pegada de carbono e os milhares de milhões de pessoas que estão no fundo da ladeira do desenvolvimento precisam de espaço para crescer. Portanto as escolhas não são fáceis”, disse o primeiro-ministro Narendra Modi.
Seis anos depois, pode ser que Paris faça história. “Um momento político como este pode não voltar a existir. Nunca tivemos uma oportunidade tão grande”, disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, no discurso da cerimónia de abertura.
Mais de duas mil fábricas encerradas na China
Enquanto Xi Jinping fala sobre um mundo mais amigo do ambiente em Paris, o seu país continua a registar níveis de poluição que constituem um perigo para a saúde pública. A China ordenou o encerramento de 2.100 fábricas devido ao agravamento da poluição, que ontem registou em Pequim valores 24 vezes acima do que é considerado seguro. Uma densa névoa cinzenta envolveu Pequim, com a concentração de PM 2,5, partículas microscópicas que penetram os pulmões, a disparar até aos 598 microgramas por metro cúbico. A leitura, disponibilizada pela embaixada dos Estados Unidos, ultrapassa largamente o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 25 microgramas por metro cúbico. Em Jinan, a centenas de quilómetros da capital, os valores chegaram aos 400. As companhias áreas cancelaram mais de 30 voos de Pequim e Xangai, muitos para a província de Shaanxi, muito poluída e grande produtora de carvão.

Joe Chan: Cortar emissões “não é uma coisa fácil”

O presidente da Associação de Ecologia de Macau olha para a COP21 e lamenta que a sociedade local não esteja a prestar tanta atenção sobre o assunto. “Acho que este é um tema de máxima importância e acho, sinceramente, que este é uma problemática que deveria receber mais atenção por parte da sociedade de Macau. Considero que devíamos estar mais preocupados com o clima, o ambiente”, disse ao HM.
Em relação às palavras de Xi Jinping, Joe Chan acredita que vai ser difícil cortar as emissões daquele que é o país mais poluente, a China. “A China é o maior emissor de gases poluentes, por isso, deveria ser também a primeira a cortar essa mesma emissão. Mas confesso que não é uma coisa fácil, ainda assim acho que é tempo da China pensar nisto. Sei que não é fácil que todas as nações, especialmente a China, definam um plano para atingir o fim, ou seja, diminuir os gases. Não é fácil, porque está altamente relacionado com questões económicas.”
Para o ambientalista, “o dinheiro não é a solução”, diz, referindo-se à possível criação de um fundo financeiro que cubra a protecção do meio ambiente. “Criar um fundo em que os países mais ricos pagam mais não é a solução. Devíamos estar mais preocupados com o desenvolvimento ambiental de cada país. É uma decisão difícil de tomar. Se todas as pessoas não assumirem esta preocupação nada se pode fazer. Não é o fundo que resolverá”, rematou.

2 Dez 2015

Xi Jinping admite que diminuir pobreza é “uma tarefa árdua”

O Presidente chinês recomendou aos governantes locais das zonas menos desenvolvidas que considerem a redução da pobreza durante os próximos cinco anos como uma questão prioritária nas políticas regionais

[dropcap style=’circle’]X[/dropcap]i Jinping, reconheceu que tirar da pobreza os 70 milhões de cidadãos que se calcula viverem nessa situação é ainda “uma tarefa árdua”, comprometendo-se a construir “uma sociedade moderadamente próspera” até 2020.
“Nenhuma região ou indivíduo que viva na pobreza será deixado para trás”, disse Xi durante uma reunião do Conselho de Estado, no sábado, indicou ontem a agência oficial Xinhua.
Xi apelou aos governantes locais, sobretudo os das regiões menos desenvolvidas, para que elevem a redução da pobreza a prioridade para os próximos cincos anos, e defendeu que os rendimentos dos agricultores das áreas mais desfavorecidas cresçam a um ritmo superior ao da média nacional nos próximos cinco anos.
Por seu lado, o primeiro-ministro, Li Keqiang, também presente no encontro, defendeu a melhoria das infra-estruturas nas zonas rurais, incluindo estradas, acesso a água, electricidade e internet.
Li propôs, como medida para tirar 10 milhões de chineses da pobreza até 2020, a aposta na relocalização, e sublinhou que os governos locais devem assegurar que as pessoas realojadas têm empregos estáveis no local de acolhimento.
Os líderes manifestaram-se também a favor de um aumento do orçamento nacional para a educação nas áreas pobres, de modo a prestar mais serviços aos chamados “left-behind children” (crianças deixadas para trás), casos em que um ou dos pais se mudaram para outra zona do país em busca de emprego.

Da desigualdade

Na China ainda existem quase 70 milhões de menores separados dos seus pais, cerca de 30% da população infantil, segundo números da Unicef, um fenómeno que ganhou força em 1980 com o incentivo à industrialização do país e o aparecimento de novas oportunidades de emprego nas cidades.
Xi assegurou que a despesa do Governo vai aumentar, bem como o investimento privado, as políticas fiscais preferenciais, os empréstimos e subsídios, entre outros incentivos financeiros para combater a pobreza.
Nas últimas décadas a China conseguiu tirar 400 milhões de pessoas da pobreza graças ao seu rápido crescimento económico, uma situação que, no entanto, agravou o fosso entre ricos e pobres no país, que hoje tem um dos maiores índices de desigualdade do mundo.
Após décadas de crescimento a dois dígitos, a China vive um momento de desaceleração económica que está a tentar aproveitar para implementar com um modelo mais sustentável, centrado no aumento da procura interna e não nas exportações e investimentos.

30 Nov 2015

Yuan entra no clube das moedas fortes

O FMI aprovou ontem a entrada da divisa chinesa na cesta de moedas usadas pela instituição. Muito vai mudar: na China e no mundo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egunda maior economia do planeta e detentora da maior fatia do comércio global, a China conseguiu ontem uma vitória crucial no seu esforço de internacionalizar o yuan e transformá-lo em numa moeda da reserva global que possa desafiar a supremacia do dólar.
Reunido em Washington, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve aprovar a inclusão do yuan na cesta de moedas utilizadas pela instituição em empréstimos de emergência como complemento às reservas dos seus países membros. A entrada do yuan no clube integrado pelo dólar, euro, libra esterlina e yen reflecte o crescente peso da China no comércio global e a expansão do uso do yuan em pagamentos internacionais.
No ano passado, a China superou a União Europeia e respondeu pela maior fatia das exportações e importações mundiais, com 15,5%. Em 2014, a China aparecia em terceiro lugar no ranking, com 8,9%. Há três anos, o yuan era a 12.ª moeda mais usada em pagamentos globais, segundo dados da Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Swift), responsável pela rede que permite o envio de dados sobre movimentações financeiras entre instituições bancárias. Desde então, o yuan subiu sete posições e entrou no grupo das cinco moedas mais usadas em transacções internacionais.
Com uma fatia de 2,45%, o yuan aparecia no mês passado atrás do yen (2,88%), da libra esterlina (9,02%), do euro (28,53%) e do dólar (43,27%). A decisão de ontem responderá a uma antiga aspiração chinesa, que esperava a entrada do yuan na cesta de moedas em 2010, quando foi realizada a última revisão da composição dos Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), uma espécie de moeda internacional que pode ser usada para complementar as reservas dos membros do FMI.
Com isso, os empréstimos de emergência desse tipo feitos pela instituição passarão a ter participação do yuan, em percentagem a definir.
Além de elevar o estatuto da moeda chinesa, a mudança é importante pelas repercussões de longo prazo na economia do país. Para que o yuan entre no clube do SDR, o governo chinês comprometeu-se com uma série de reformas no seu sistema de câmbio e de transacções internacionais, com gradual liberalização das contas correntes e de capitais, na direcção de uma economia mais aberta e mais exposta às forças de mercado.
Um desses ajustes foi a mudança no cálculo da cotação do yuan adoptada em Agosto, que levou à maior desvalorização da moeda desde 1994. Interpretado pelo mercado como um sinal de nervosismo das autoridades de Pequim em relação à desaceleração da economia do país, o movimento estava relacionado com exigência do FMI de um sistema de câmbio menos controlado.
“A decisão do FMI fortalecerá os reformadores na China”, disse o economista David Dollar, que foi director do Banco Mundial na China de 2004 a 2009 e hoje está no Brookings Institution, em Washington. “É um sinal importante.”
Em artigo publicado na revista Caixin no dia 10 de Novembro, o presidente do Banco do Povo da China, Zhou Xiaochuan, disse que as autoridades de Pequim adoptarão uma série de reformas com o objectivo de tornar o yuan uma moeda internacional livremente conversível até 2020.
Entre as mudanças, mencionou a redução das restrições sobre o mercado de capitais e maior transparência e previsibilidade na comunicação do Banco Central. Três dias depois da publicação do seu artigo, Christine Lagarde divulgou uma nota na qual defendeu a inclusão da moeda chinesa no SDR. Segundo a directora do FMI, técnicos do Fundo concluíram que o yuan atende aos critérios definidos e recomendaram a inclusão da moeda chinesa.

30 Nov 2015

Ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai com atraso de um ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai vai falhar o prazo de conclusão de 2016 por um ano, diz o jornal South China Morning Post, citando o Governo da antiga colónia britânica.
As instalações do posto fronteiriço e correspondente ligação viária não vão estar terminadas no final de 2016, de acordo com o actual progresso da construção, confirmou o departamento responsável pelas auto-estradas e ferrovias de Hong Kong na noite de quarta-feira.
Referindo-se ao projecto como “enorme e complicado”, o departamento do Governo de Hong Kong apontou para a existência de vários desafios técnicos, tanto no desenho como nas diferentes fases da construção.
Segundo este departamento, a conclusão da ponte foi adiada para o final de 2017 devido à instabilidade no fornecimento de materiais e falta de mão-de-obra, bem como dificuldades em relação aos limites de altura impostos pelas autoridades de aviação, critérios de protecção ambiental e atrasos na construção de aterros.
A construção da ponte principal começou em Dezembro de 2009. Após atrasos devido ao impacto ambiental da ponte, a obra do lado de Hong Kong começou em Dezembro de 2011. A ligação de 50 quilómetros vai consistir em três pontes atirantadas, duas ilhas artificiais e um túnel de 6,7 quilómetros, situado na ilha de Lantau.
O custo da ponte será dividido entre Hong Kong, Macau e as autoridades da China continental. Espera-se que esta ponte, uma das maiores do mundo, reduza o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai de mais de três horas para meia hora.

29 Nov 2015

Eleições Conselhos Distritais | Grupos pró-Pequim mantêm larga maioria. Geração Occupy consegue oito assentos

Pouco mudou no panorama político de Hong Kong. As forças pró-Pequim conseguiram 70% dos lugares. Os representantes do Occupy Central ficaram-se por oito lugares

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram as primeiras eleições distritais pós-Umbrella Movement/Occupy no território vizinho e os resultados quase que não surpreendiam: os candidatos pró-Pequim, tradicionalmente os grandes vitoriosos das eleições da RAEHK, mantêm-se a maior força nos Conselhos Distritais com mais de metade do total dos lugares conseguidos. Mas uma reviravolta apelidada de “surpreendente” pela imprensa vizinha mostra pequenas mudanças – os “Umbrella Soldiers” conseguiram oito lugares e dois democratas veteranos saíram do posto que ocupavam há dezenas de anos.

Teste ao Occupy

As eleições para os Conselhos Distritais têm origem na governação britânica e têm como missão melhorar a vida dos residentes, incluindo transportes, infra-estruturas e ambiente. São eles o elo entre os moradores e o governo da RAEHK, funcionando sob a supervisão dos Assuntos Internos de Hong Kong.
No domingo, a população saiu à rua para votar numas eleições que, tradicionalmente, têm influência nas eleições para o LegCo. Estas, em especial, eram vistas como um teste à opinião pública, depois de ter acontecido o movimento pró-democracia em Hong Kong e de ter sido chumbada a reforma política.
Os resultados mostram uma variação inferior a 5% relativamente ao escrutínio de 2011, no qual os partidos da ala pró-Pequim conquistaram três quartos dos assentos em disputa. Desta vez, conseguiram quase 70% dos 431 lugares nos 18 distritos em jogo nas eleições – a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), o maior partido político da antiga colónia britânica, manteve o seu estatuto da força com maior peso, ao garantir 119 assentos após as eleições de domingo. albert ho
Os grupos do campo pan-democrático – como se autoproclamam as forças opositores ao regime comunista chinês – obtiveram cerca de 30% dos assentos restantes, contra os 25% que ostentavam há quatro anos. O Partido Democrata continua como a maior representação entre as forças liberais, com 43 lugares frente aos 47 conquistados nas eleições de 2011.
Dos cinco assentos perdidos, três foram parar às forças emergentes derivadas dos protestos democráticos, compostas maioritariamente por jovens que defendem posturas mais radicais a favor de uma maior independência política de Hong Kong relativamente a Pequim.
Estas novas forças, que se apresentaram na corrida com um total de 50 candidatos, granjearam oito assentos, segundo dados preliminares.
Candidatos da Liga Social Democrata e do Poder do Povo, dois dos grupos liberais estabelecidos mais radicais, reduziram a sua presença em nove lugares.

Recorde de participação

As eleições de domingo registaram um recorde em termos de participação, com perto de um milhão e meio de votos, mais de 47%, contra 44% nas eleições municipais de 2003 que, tal como este ano, foram precedidas de meses de protestos nas ruas a favor de uma maior autonomia para a RAEHK.
Além disso, a lista de candidatos aos distritos superou o recorde de participação, já que no total 867 candidatos disputaram 363 dos 431 assentos em jogo, dado que os 68 restantes foram automaticamente eleitos, por terem sido os únicos a apresentar-se no seu círculo, acabando por não se sujeitar a qualquer votação.
Pela primeira vez na história destas eleições deixou de haver conselheiros distritais nomeados e todos os candidatos passam a ser eleitos pelo voto de eleitores recenseados com mais de 18 anos.
À luz dos resultados eleitorais divulgados esta madrugada, os candidatos dos grupos democratas já estabelecidos em Hong Kong foram os que mais foram penalizados, em favor das novas forças políticas liberais mais radicais surgidas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”.
O advogado Albert Ho foi um dos históricos democratas que perdeu o seu posto como conselheiro distrital, ao fim de 16 anos.

Os resultado

Pró-Pequim
DAB: 170 candidatos, 118 lugares conseguidos
New People’s Party: 42 candidatos, 26 lugares conseguidos
Federation of Trade Unions: 49 candidatos, 28 lugares conseguidos
Liberal Party: 20 candidatas, 9 lugares conseguidos
The Business and Professionals Alliance for Hong Kong: 14 candidatos, 9 lugares conseguidos

Pan-democratas
Democratic Party: 95 candidatos, 43 lugares conseguidos
Civic Party: 25 candidatos, 10 lugares conseguidos
Association for Democracy and People’s Livelihood: 26 candidatos, 18 lugares conseguidos
Neo Democrats: 16 candidates, 15 lugares conseguidos
Labour Party: 12 candidatos, 3 lugares conseguidos
People Power: 10 candidatos, 1 lugar conseguido
The Neighbourhood and Worker’s Service Centre: 6 candidatos, 5 lugares conseguidos
League of Social Democrats: 5 candidatos, sem lugares conseguidos

Quem saiu?
Albert Ho, pan-democrata, perde o lugar passados 16 anos
Frederick Fung, pan-democrata, perde o lugar do distrito de Sham Shui Po, que representava
Chung Shu-kun, do Democratic Alliance for the Betterment of Hong Kong e pró-Pequim, perde o lugar após 21 anos

47%
de três milhões de eleitores registados votaram. Um recorde

50
foi o número de candidatos que participaram no Umbrella Movement. Oito deles conseguiram lugares e são conhecidos agora como “Umbrella Soldiers”

2429
queixas foram recebidas pelas autoridades responsáveis pelas eleições de domingo, sobretudo referentes ao transporte de idosos para incentivar ao voto

24 Nov 2015

Confirmado “assassinato cruel” de cidadão chinês pelo Estado Islâmico

china EI[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem o “assassinato cruel” de Fan Jinghui, um cidadão da China, por parte da organização extremista Estado Islámico (EI), e anunciou que quem cometeu o crime terá que assumir as responsabilidades. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, disse hoje em comunicado que a China está “altamente chocada” com a notícia.

Hong assegurou que as autoridades do país fizeram “todos os esforços” para resgatar Fan, ainda que não tenham conseguido evitar que este fosse “cruelmente assassinado”. “Sem consideração pela consciência humana ou uma base moral, a organização terrorista levou a cabo esta acção violenta a sangue frio. O governo chinês condena com veemência esta acção desumana e sem dúvida fará com que quem a cometeu assuma as responsabilidades”, disse Hong.

O porta-voz referiu que Pequim está disposto a cooperar com a comunidade internacional na luta antiterrorista para salvaguardar “a paz e a tranquilidade mundiais”. “O terrorismo é um inimigo comum de toda a humanidade”, disse na quarta-feira Hong Lei.

Também o presidente chinês, Xi Jinping, condenou ontem “com veemência” a organização extremista Estado Islâmico (EI) pela morte de um cidadão do país feito refém desde Setembro, avança a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

No início de Setembro, o EI disse ter sequestrado um cidadão chinês, que foi identificado pela revista ‘jihadista’ em língua inglesa Dabiq como Fan Jinghui, um consultor de 50 anos. Segundo o mais recente número da mesma publicação, o EI executou Fan “após este ter sido abandonado pela sua nação e organizações apóstatas”. Não foram dados pormenores sobre onde e quando este foi capturado ou onde se encontrava detido.

As autoridades chinesas disseram na altura que a descrição avançada pelo EI coincidia com o perfil de um cidadão chinês dado como desaparecido no estrangeiro. Na quarta-feira, e ainda antes da notícia sobre a morte de Fan, a China manifestou o seu apoio à Rússia na intensificação da luta contra o EI. “O terrorismo é um inimigo comum de toda a humanidade”, disse então Hong Lei.

O grupo EI anunciou na quarta-feira ter executado dois reféns, um chinês e um norueguês, dois meses depois de ter pedido resgate para a libertação de ambos. A revista Dabiq publicou fotos de dois cadáveres ensanguentados que pareciam ser do refém chinês Fan Jinghui e do norueguês Ole-Johan Grimsgaard-Oftsad.

Numa legenda tipo carimbo, colocada em diagonal na página, sobre a foto, lê-se: “Executado depois de ser abandonado pelas nações e organizações kafir [infiéis]”. Jinghui e Grimsgaard-Oftsad tinham já aparecido na revista, na edição de setembro, na qual o grupo extremista pedia uma quantia não especificada pela sua libertação.

20 Nov 2015

Clima: Pequim quer acordo vinculativo na cimeira de Paris

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu: espera que durante a próxima cimeira sobre alterações climáticas (COP21), em Paris, se alcance um acordo “juridicamente vinculativo”, que tenha em conta as “diferentes capacidades” dos países participantes. “Deveríamos alcançar um consenso na fase final” das negociações, disse em conferência de imprensa Xie Zhenhua, representante especial da China para as negociações em Paris.
Xie, que esteve recentemente na capital francesa, onde se reuniu com outras delegações para definir as bases de um possível acordo, expressou a sua confiança num pacto global durante a cimeira, que arranca no dia 30 de Novembro. Ao todo, 200 países participarão da COP21, incluindo o Presidente chinês, Xi Jinping.
“A minha impressão é que todas as partes são positivas quanto aos resultados, mas ainda assim existem muitas diferenças”, disse Xie, insistindo que as “responsabilidades devem ser comuns”, mas tendo em conta as discrepâncias entre os países.
O acordo deverá ter em conta “as responsabilidades históricas” dos participantes, frisou, referindo-se em particular ao compromisso dos países desenvolvidos de oferecer financiamento e tecnologia aos países em desenvolvimento.
No início deste mês, o Presidente da França, François Hollande, assinou uma declaração conjunta com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que prevê o estabelecimento de uma meta para o aquecimento global de dois graus centígrados.
A declaração, que defende um acordo juridicamente vinculativo, estabelece ainda que os compromissos nacionais sejam revistos a cada cinco anos.
Xie defendeu que a China se mantém comprometida com os objectivos definidos, apesar dos dados oficiais publicados recentemente darem conta que, desde 2000, o país consumiu 17% mais carvão anualmente – quase mil milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano – do que tinha calculado anteriormente.
“É justo dizer que se trata de um gesto importante para aumentar a transparência das nossas estatísticas económicas, que se tornaram assim mais fidedignas”, afirmou o representante chinês.
A China comprometeu-se em Novembro de 2014, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos ao país, que os seus níveis de emissões atingirão um pico em 2030, sem apontar valores específicos.
Segundo Xie, as emissões de dióxido de carbono por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) caíram 6,1%, em termos homólogos, em 2014, um valor 15,8% abaixo do registado há cinco anos.
A electricidade gerada na China a partir de energias não-fosséis representou 11,2% do total em 2014, e o objectivo da segunda maior economia mundial é alcançar os 20% em 2030, revelou o responsável.
A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, comprometeu-se ainda este ano a avançar com um sistema nacional de comércio de direitos de emissão de CO2 em 2017.

20 Nov 2015

Hong Kong | Magnata compra diamante para a filha por 45 ME

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m milionário de Hong Kong gastou o valor recorde de 48,4 milhões de dólares para oferecer à filha um diamante de 12,3 quilates, leiloado na noite de quarta-feira pela Sotheby’s, em Genebra.
O misterioso comprador do “Blue Moon” foi o magnata do imobiliário de Hong Kong Joseph Lau – condenado em 2014 por corrupção em Macau – que o rebaptizou, de imediato, de “Blue Moon of Josephine”, em homenagem à sua filha de sete anos. joseph-lau-blue-moon-diamond
Na véspera, o milionário da antiga colónia britânica havia desembolsado 28,5 milhões de dólares por um raro diamante cor-de-rosa, de 16,08 quilates – o maior do seu tipo a ir a leilão – da casa rival Christie’s, que nomeou de “Sweet Josephine”.
Uma porta-voz de Joseph Lau, em Hong Kong, confirmou ambas as aquisições à agência AFP.
A jóia, apresentada em anel, em formato rectangular, foi vendida por 48,6 milhões de francos suíços, incluindo taxas, depois de uma licitação inicial de 43,2 milhões de francos suíços, foi arrematada ao fim de uma “guerra” ao telefone de oito minutos.

Recordista absoluto

Segundo o director da divisão internacional de joalharia da Sotheby’s, David Bennett, a venda do “Blue Moon” bateu vários recordes, tornando a pedra preciosa no “mais caro diamante independentemente da cor, e a jóia mais cara alguma vez vendida em leilão”.
De acordo com David Bennett, trata-se também do preço mais elevado por quilate.
O anterior recorde mundial para uma jóia vendida em leilão pertencia ao diamante de 24,78 quilates denominado de “Graff Pink” que, em Novembro de 2010, foi arrematado por 46,2 milhões de dólares num leilão na Sotheby’s, também realizado em Genebra.
Esta não é a primeira vez que Joseph Lau, de 64 anos, adquire pedras preciosas raras para a sua filha. Alegadamente, em 2009, terá gasto 9,5 milhões de dólares num outro diamante azul, ao qual chamou de “Star of Josephine”.
Joseph Lau foi condenado, em Março de 2014, por corrupção e branqueamento de capitais a um cúmulo jurídico de cinco anos e três meses de prisão por um tribunal de Macau, num processo conexo ao do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long.
Contudo, é improvável que cumpra a pena, dado que as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas não têm um acordo de extradição.

13 Nov 2015

Taiwan | Milhares inundam Facebook da líder da oposição

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de milhares de internautas chineses inundaram ontem a página do Facebook da líder da oposição e candidata presidencial em Taiwan, Tsai Ing-wen, criticando-a por se opor a um encontro entre os líderes dos dois lados.
Em Taiwan “existe democracia, a liberdade de expressão é uma garantia e todos se podem expressar”, reagiu Tsai, face aos mais de 50.000 comentários feitos por internautas da China continental, onde aquela rede social está censurada.
“Prefiro ver este incidente pelo lado positivo e espero que os internautas chineses possam ver perfis de diferentes pessoas no Facebook. Convido todos a visitar a minha página”, disse ontem Tsai à imprensa local.
Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-Jeou, respectivamente, reuniram-se no sábado passado, em Singapura, num encontro inédito e histórico. 20140831_TsaiIng-wen_AFP
A líder do Partido Democrático Progressista, mais céptico em relação a Pequim, atacou Ma Ying-Jeou por não ter defendido a democracia e liberdade em Taiwan, durante o encontro, e por não se ter referido à ilha como República da China.
Esta semana, um jornal estatal da China acusou Tsai de ser “tacanha e egoísta”.

Cuidado com a raiva

Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), disse que a líder da oposição em Taiwan “cometeu um erro”, descrevendo-a como “raivosa”.
Ela “expôs o seu apoio à independência”, criticou o jornal, aludindo a uma postura que Pequim ameaça retaliar “usando a força”, caso se concretize.
Depois da guerra civil chinesa ter acabado, com a vitória do PCC, o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”).
Do ponto de vista da diplomacia internacional, existe a República Popular da China, governada pelo PCC, e a República da China, na ilha de Taiwan, mas ambos os lados rejeitam uma divisão definitiva.
Taiwan tem previsto para Janeiro a realização de eleições legislativas, e Tsai é a favorita a ganhar o exercício, numa altura em que a opinião pública taiwanesa olha com desconfiança para as relações cada vez mais estreitas com a China comunista.

13 Nov 2015

Xi Jinping quer acelerar reformas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, disse esta terça-feira numa reunião entre altas autoridades que o governo deve trabalhar para impulsionar o ímpeto do crescimento, no momento em que este dá mais sinais de fraqueza na segunda maior economia mundial.
A China deve acelerar reformas em companhias estatais e nas áreas fiscal e financeira, para ajudar a melhorar o crescimento, disse Xi na reunião, segundo a agência estatal Xinhua.
Apesar de uma série de medidas de estímulo do governo, o crescimento económico chinês desacelerou para 6,9% no terceiro trimestre deste ano, seu desempenho mais fraco desde a crise financeira global. Indicadores económicos em Outubro apontaram para uma maior desaceleração, face à fraqueza na procura doméstica e global.
Xi também se comprometeu a estabelecer um mercado de acções que possa proteger os interesses dos investidores, após Pequim dizer na semana passada que retomará em breve as ofertas públicas iniciais de acções (IPOs, na sigla em inglês) depois de uma suspensão de quatro meses.
O Presidente disse ainda na reunião que o registo de habitação no país, conhecido como o sistema hukou, deve ser reformado num esforço para acelerar a urbanização. O governo precisa trabalhar para elevar a quantidade de imóveis disponíveis e manter um crescimento sustentável no mercado imobiliário, afirmou o líder.

12 Nov 2015

China | “Sozinhos e falidos” no Dia dos Solteiros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chinesa Cai Man aguardou até aos primeiros segundos de ontem para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas, cumprindo assim o ritual com que milhões de chineses assinalam o “Dia dos Solteiros”.
“Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa sobre a efeméride, que está a gerar fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia.
No conjunto, 50.000 marcas, entre as quais 5.000 não chinesas, aderiram à iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro.
As vendas do gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, por exemplo, superaram, em apenas 13 horas e meia, 35 mil milhões de yuan, estabelecendo um novo recorde mundial de vendas ‘online’.
O grupo, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, foi o primeiro a lançar ofertas no “Dia dos Solteiros”, em 2009, visando o trepidante crescimento do consumo ‘online’ na China, país com 668 milhões de internautas.
Com base na cidade de Hangzhou, na costa leste da China, estima-se que a empresa fundada por Jack Ma, o segundo homem mais rico do país, controle 90% do comércio electrónico no país.
Nos primeiros 12 minutos e 28 segundos após a meia-noite, os ‘sites’ do Alibaba atingiram um volume total de vendas de 10 mil milhões de yuan.
“No ano passado, levou 38 minutos e 28 segundos a alcançar aquela marca”, notou o jornal oficial chinês China Daily.
Cai garante que a culpa não é sua: “Eu só gastei 2.500 yuan (365 euros)”.
Durante aquele período, a Ant Financial Services Group, a afiliada do Alibaba que administra a plataforma de pagamentos ‘online’ Alipay, registou 85.900 transacções por segundo.

Além fronteiras

Mas a voracidade do maior mercado consumidor do mundo não se limita às fronteiras do país.
Na Austrália, uma empresa de laticínios teve que pedir desculpa às mães locais através da rede social Facebook, depois da sua fórmula de leite orgânica para bebés ter esgotado no mercado doméstico.
“Fomos apanhados de surpresa”, admitiu o presidente da empresa, citado pela France Presse, aludindo à enorme procura por parte da China, onde comercializa os seus produtos através do Alibaba.
E, a julgar pelas declarações de Zhang Jianfeng, o responsável pelas vendas a retalho do grupo chinês, aquela empresa não deverá ser a única “afectada” pela febre consumista na China.
“Algumas das marcas já venderam mais de 60% dos produtos em ‘stock’ e outras deverão mesmo esgotar”, revelou Zhang ao China Daily, durante a manhã de ontem na China.
Para celebrar, Jack Ma está em Nova Iorque, onde juntamente com o novo presidente do Alibaba, Daniel Zhang, tocou o sino que marca o início da sessão da bolsa em Wall Street.
País mais populoso do mundo, com 18% da população mundial, o “gigante” asiático representa hoje um importante destino de quase todos os produtos consumidos no mundo, desde automóveis a vestuário.

12 Nov 2015

Eleições Myanmar | Associação local confiante no futuro do país

A história repetiu-se, mas desta vez sem prisão ou rejeição. Aung San Suu Kyi não será presidente, porque não pode, mas nomeará quem a substitua. Uma vitória muito desejada que, segundo especialistas, trará mudanças e mostrará um sudoeste asiático diferente e mais aberto

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Vem aí uma grande mudança”. Quem o diz é o secretário-geral da Associação de Amizade Macau-Birmânia, Tom Wong, em reacção às eleições que dão a vitória à ex-presidiária política Aung San Suu Kyi.
A vitória é quase certa para a Liga Nacional para a Democracia (LND) de Suu Kyi, que diz já ter conseguido a esmagadora percentagem de 70% dos assentos no parlamento. A informação surgiu da boca do próprio porta-voz do partido, Win Htein, à agência noticiosa AFP e levou a oposição a assumir a derrota.
“Perdemos”, afirmou o presidente do Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento, Htay Oo, à Reuters.

À segunda é de vez

Ainda não são números oficiais, mas as sondagens indicam que 80% dos 30 milhões de eleitores dirigiram-se às urnas no passado domingo, fazendo-se ouvir como nunca se fez naquela que é a ex-Birmânia.
“Apesar de ainda não sabermos por quanto, não temos dúvidas que Suu Kyi ganhou as eleições com uma percentagem gigante. É claro que todos os cidadãos vão apoiar este resultado, que é um resultado mais que justo”, explicou Tom Wong ao HM.
Já nas eleições de 1990, o partido da líder política ganhara mais de 80% dos assentos no parlamento. Mas o momento eleitoral ficou marcado com a detenção da candidata, levando-a a cumprir uma pena de 15 anos. Foi apenas em 2010 que Suu Kyi – depois de muita pressão internacional – foi libertada e, pouco tempo depois, nomeada deputada da LND.

Desafios pela frente

Ainda assim, muita coisa poderá acontecer pois são várias as condicionantes à prática das funções de presidente, a começar pela elegibilidade. Suu Kyi não poderá ser presidente do país pois, segundo a Constituição vigente, de 2008, é proibido a quem tenha filhos ou cônjuges estrangeiros, que é o caso, ocupar o cargo. A mesma constituição impõe que 25% dos assentos do parlamento sejam ocupados por militares – que não precisam de ser eleitos. Logo, a activista precisa de dois terços dos votos para atingir a maioria nas duas câmaras.
“Não me parece que seja uma dificuldade, Kyi sobe ao poder e mesmo não podendo ser presidente irá nomear alguém. O poder militar nada pode fazer perante tamanha vontade. Também acredito que os olhos internacionais estão bem atentos a todo este processo, há investigadores do exterior para fiscalizar esta eleição. Eles [poder militar] nada podem fazer”, argumentou o secretário-geral da Associação que junta os birmaneses em Macau.

Economia em alta

Seja como for, o futuro será sempre um grande desafio. “Há muito pontos a reter aqui, o poder militar ainda ali está e vai estar [representado nos 25% de assentos] e a verdade é que eles mantêm uma presença muito forte a nível económico e, claro, político”, defendeu Sten Verhoeven, docente de Direito Internacional na Universidade de Macau (UM) ao HM.
Para o especialista, o “maior desafio de todos” será “o trabalho e as conversações” que terão de existir entre o partido de Kyi e a força militar. Um grande desafio que será, a seu ver, superado pela líder.
“Ela tem-se mostrado uma pessoa muito pragmática, desde sempre, portanto não tenho qualquer dúvida que ela será capaz de lidar com a oposição”, reforçou.
Ainda assim, a questão que se coloca é até onde poderá ir Kyi e as suas ideias. “Esse será o maior problema, não sabemos. O que sabemos é que a esmagadora maioria votou por ela e o poder militar nunca poderá ignorar esse facto. Kyi tem o povo consigo”, frisou Verhoeven.
De forma gradual, defende, as mudanças vão acontecer, a partir de Fevereiro, altura em que a Liga tomará posse. “Não acredito que as mudanças aconteçam de forma radical, não me parece de todo, acredito sim numa mudança gradual da Birmânia”, remata.
Tom Wong define esta como uma mudança histórica. Mostrando-se adepto de qualquer mudança, o representante dos birmaneses no território diz que “a Associação iria apoiar qualquer partido que defendesse a mudança”. Wong prevê que a grande pasta de actuação será a da Economia.
“Acredito que quando a Liga assumir o poder, a economia do país vai mudar, para melhor, muito melhor. Todos querem Kyi no poder e ela ganhou isto de forma muito justa”, frisa.

Uma abertura na Ásia

Além da vitória da oposição pró-democrata há, diz o economista José Sales Marques, um ponto muito importante a ter em conta.
“Vê-se claramente uma derrota clara dos militares e do Governo que está neste momento no poder, logo aí, há uma vitória das forças mais pró-democráticas, ou seja, é um claro sinal de abertura do Myanmar”, argumentou em declarações ao HM.
A conclusão é, por si só, muito clara. “Isto é um aspecto muito positivo e, claro, é importante assinalar que existe efectivamente uma tendência para a abertura para a democracia no sudoeste asiático. Isto está a acentuar-se”, reforçou.
Ainda assim, alerta o economista, as “vitórias não são sempre definitivas, há sempre processos de recuo, há situações muito complicados, como o caso da Tailândia”. Sales Marques diz que nada é definitivo, mas é importante reforçar a indicação das próprias sociedades e por isso este é um caso muito interessante”.

11 Nov 2015

Activista morre na prisão. Família questiona autoridades sobre causas da morte

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m activista chinês morreu quando estava a cumprir pena numa prisão, indicou quinta-feira a família do detido em declarações à agência espanhola EFE, denunciando que as autoridades chinesas não esclareceram as causas da morte.
De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, como é o caso da Chinese Human Rights, esta situação não é inédita e revela a impunidade que abrange os funcionários que cometem “abusos” na China, onde a tortura nas prisões é uma prática regular.
O activista Zhang Liumao foi detido em Agosto passado sob a acusação de “perturbação da ordem pública”, uma acusação muito utilizada pelas autoridades chinesas contra activistas e dissidentes.
Na altura da detenção, o activista trabalhava numa revista não oficial de Cantão, no sul da China.
A irmã de Zhang Liumao, Zhang Wuzhou referiu que o activista morreu no início desta semana num centro de detenção em Cantão em “circunstâncias suspeitas”.
Segundo a irmã do ativista, Zhang Liumao não teve acesso a um advogado durante vários meses, período durante o qual a família não teve conhecimento da sua localização.
As autoridades acabariam por contactar a família para informar da morte do activista.
“Ninguém explicou como ele morreu”, frisou a irmã, que quer ter acesso ao corpo do irmão para esclarecer se o activista “sofreu algum tipo de tortura”.
De acordo com a irmã, o corpo do activista está sob a tutela das autoridades, que perguntaram entretanto à família se queria que o corpo fosse cremado.
“Antes queremos ver o corpo”, insistiu a familiar.
A irmã acrescentou que Zhang Liumao tinha sido diagnosticado com um cancro nas fossas nasais e que tinha sido submetido a um tratamento de quimioterapia antes de ser detido em Agosto último.
 

9 Nov 2015

Detidas sete pessoas que planeavam atentados em zonas públicas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] polícia deteve no sul da China sete pessoas suspeitas de planearem atentados à bomba na província de Cantão, informou sábado a agência oficial Xinhua.
Segundo as autoridades, o grupo era liderado por um ex-condenado, Xiang Fengxuan, de 41 anos, dono de uma lavandaria, que através das redes sociais recrutou outras pessoas com o fim de levar a cabo actos de sabotagem. Bomba Atomica 5
Xiang, seguido pela polícia desde Março, atraía os seus seguidores com o argumento de que pretendia derrubar o sistema político actual através de uma rebelião armada, e prometia aos que o seguissem cargos importantes quando se tornasse “presidente”.
Um dos contactados por Xiang, Ma Ji, de 65 anos, disse à Xinhua que o suspeito dizia ser um descendente da dinastia Qing (deposta pela revolução de 1911) que “sentia nostalgia do passado imperial, em que os homens tinham várias esposas e amantes”.
O grupo planeava vários atentados com engenhos explosivos e sequestro de magnatas para poder cobrar resgates e assim financiar as suas actividades.
Um dos cúmplices do grupo, Zhang Liumao, encarregado dos explosivos, armazenou grandes quantidades de materiais químicos numa fábrica, os quais seriam usados na preparação dos engenhos para levar a cabo os atentados, de acordo com a polícia.
Zhang morreu na quarta-feira passada de cancro, alegadamente devido à prolongada exposição aos químicos.

9 Nov 2015

Manifestantes contestam encontro entre China e Taiwan

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]entenas de manifestantes enfurecidos concentraram-se sábado junto ao gabinete do presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, condenando o histórico aperto de mão ao líder da China, numa cimeira que aumentou os receios de que o rival gigante possa engolir a ilha democrática.
Os presidentes chinês, Xi Jinping, e taiwanês, Ma Ying-Jeou, deram sábado um aperto de mão histórico em Singapura, no arranque da primeira cimeira desde a separação da China continental e de Taiwan, há 66 anos, após uma guerra civil. maximeeting-143530_copy1
Os dois sorriram e acenaram perante uma sala repleta de jornalistas num hotel em Singapura, antes de se retirarem para darem início a conversações privadas.
Esta é a primeira reunião entre os líderes dos dois territórios desde 1949.
Os manifestantes revoltados tentaram invadir o parlamento durante a noite e 27 foram presos no aeroporto, acusando Taiwan de se estar a vender a Pequim, que está empenhado em expandir sua influência.
Mais tarde, cerca de 500 manifestantes, representando vários grupos, incluindo agricultores, activistas de direitos humanos e ambientalistas, insurgiram-se contra o encontro informal que decorreu num hotel de Singapura e onde Ma disse ao líder chinês que os dois “já se sentiam como velhos amigos”.
“Como é que ele pôde… sem qualquer negociação ir encontrar-se com o líder do nosso inimigo? Eu acredito que isto está ao nível da traição”, disse o vice-presidente da Associação de Professores Universitários de Taiwan, Lin Hsiu-Hsin.

Palavras quentes

Os protestantes ficaram enfurecidos com os comentários de Xi de que os dois lados são “uma família” que nunca poderá ser separada, numa alusão à posição imutável de que Taiwan é uma província separada aguardando a reunificação.
“Xi Jinping disse que nós pertencemos a uma China. Conseguem aceitar isto?”, gritou entre a multidão Lee Ken-cheng, do partido ambientalista e céptico a Pequim.
“Não”, gritaram os manifestantes.
Também em Singapura, há relatos de que três membros da União (anti-China) de Solidariedade de Taiwan (TSU) foram escoltados de um alojamento pela polícia.
Uma porta-voz da união anti-China em Taipé disse que o candidato Hsiao Ya-tan foi “levado pela polícia”, juntamente com dois dos seus assistentes.
No aeroporto de Songshan em Taipé, onde Ma fez um breve discurso aos jornalistas antes de embarcar no seu voo de regresso, os manifestantes tentaram queimar imagens dos dois líderes com ‘slogans’, apelidando Xi de “ditador chinês” e Ma de “traidor”.

9 Nov 2015

Comércio com PLP caiu 25,45% até Setembro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,45% até Setembro, fixando-se em 76,47 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais.
Dados dos Serviços de Alfândega da China – publicados no portal do Fórum Macau – indicam que, nos primeiros nove meses do ano, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 47,81 mil milhões de dólares– menos 31,06% – e vendeu produtos no valor de 28,66 mil milhões de dólares, menos 13,76%.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 55,6 mil milhões de dólares até Setembro, menos 18,51% face a igual período do ano passado.
As exportações da China para o Brasil atingiram 21,9 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 14,51%, enquanto as importações chinesas totalizaram 33,6 mil milhões de dólares, reflectindo uma descida de 20,9% em termos anuais homólogos. shutterstock_52181971_1
Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 44,9% para 15,5 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,93 mil milhões de dólares – menos 24,34% – e comprou mercadorias avaliadas em 12,6 mil milhões de dólares, ou seja, menos 48,21% comparativamente aos primeiros nove meses de 2014.
Já com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 3,3 mil milhões de dólares – menos 6,39% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,19 mil milhões de dólares– menos 5,89% – e comprou produtos avaliados em 1,18 mil milhões de dólares (1,09 mil milhões de euros), menos 7,30%.

Efeito global

O comércio sino-lusófono encontra-se em rota descendente desde o início do ano, somando quebras anuais homólogas consecutivas até Setembro.
“A conjuntura económica mundial encontra-se perante vários desafios (…). O abrandamento do comércio internacional e a redução dos preços das mercadorias reflectiu-se no valor das importações e das exportações da China”, afirmou o secretário-geral do Fórum Macau, notando, porém, que em termos da quantidade do volume não houve uma diminuição, mas antes um aumento.
Chang Hexi comentou a tendência numa entrevista publicada no mais recente boletim trimestral do próprio Secretariado Permanente do Fórum Macau – datado do início de Setembro.
Só nesse mês, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 8,63 mil milhões, um decréscimo de 5,62% face ao mês anterior.
Desde o início do ano – e até Setembro – o valor mensal das trocas comerciais apenas superou a barreira dos 10 mil milhões de dólares uma única vez (Julho).
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa).
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos.

9 Nov 2015