Joshua Wong libertado sob fiança

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] activista Joshua Wong foi libertado ontem sob fiança seis dias após um tribunal o ter condenado a três meses de prisão pela participação nas históricas manifestações pró-democracia realizadas em Hong Kong em 2014. Joshua Wong, o líder mais jovem do que ficou conhecido por “Revolução dos Guarda-Chuvas” e cuja imagem ficou como “bandeira” do movimento pró-democracia” em Hong Kong, obteve a libertação sob fiança depois de apresentar um recurso à sentença, aplicada por “obstrução à justiça”. Wong tem vários outros processos pendentes em tribunal relacionados com a participação nos protestos.

O Tribunal de Recurso tem em conta o argumento apresentado pela defesa do activista, que assegurava que o juiz que o condenou não teve em consideração a idade do jovem, que tinha 18 anos na altura das manifestações.

Joshua Wong e outro activista, Raphael Wong, que também liderou as marchas de protesto, declararam-se culpados por terem desobedecido a uma ordem judicial que os obrigava a abandonar uma das zonas da cidade tomadas pelos manifestantes, situada no bairro de Mong Kok, em Novembro de 2014, tendo sido condenados a penas de prisão de três e quatro meses e meio, respectivamente. A Rapahel Wong não foi concedida liberdade sob fiança.

Joshua Wong e outros activistas que lideraram as manifestações de 2014 continuam a aguardar que o Supremo Tribunal de Hong Kong se pronuncie sobre outro caso, relacionado também com os protestos. Todos foram condenados a trabalhos comunitários por terem liderado os confrontos entre os manifestantes e a polícia diante dos edifícios que albergam o Palácio do Governo e o parlamento, com o que desencadearam o “Movimento dos Guarda-chuvas”.

24 Jan 2018

Accionista da TAP registam perdas na bolsa

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s acções de várias subsidiárias do grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, sofreram na segunda-feira fortes perdas, enquanto seis firmas suspenderam as negociações em bolsa. No conjunto, quinze subsidiárias do HNA perderam um total de 6,3 mil milhões de yuan em bolsa, segundo estimativas do portal chinês de informação económica Yicai.com. O valor de mercado somado daquelas firmas ascende a 224 mil milhões de yuan, detalhou a mesma fonte.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post avança que, no mesmo dia, seis subsidiárias do grupo HNA suspenderam as negociações em diferentes praças financeiras da China. Em comunicados separados, as empresas informaram que a empresa matriz, o grupo HNA, está a preparar “acções importantes”, que podem consistir numa reestruturação dos activos das respectivas empresas. O HNA, que nos últimos anos investiu um total de 33 mil milhões de euros além-fronteiras, é um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas para investimentos “irracionais” no estrangeiro, que podem acarretar riscos para o sistema financeiro chinês.

Em Novembro passado, a agência de ‘rating’ Standard & Poor’s avisou o grupo de que “estruturas agressivas de financiamento” estão a danificar a sua solidez financeira. A agência colocou a dívida do HNA em nível “lixo”. Segundo a S&P, o grupo somava na altura uma dívida de longo prazo de cerca de 49 mil milhões de euros – equivalente a uma dívida líquida de 6,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.

A empresa detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway, e tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank. Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou este ano o primeiro voo directo entre a China e Portugal.

O grupo tem também estado na mira de reguladores estrangeiros, face à dificuldade em entender quem são os seus acionistas, ocultados por detrás de múltiplas empresas fictícias, subsidiárias e afiliados. Na semana passada, as autoridades norte-americanas afirmaram que não vão aprovar mais investimentos do HNA, até que o grupo forneça informação precisa sobre os seus accionistas.

Em Dezembro passado, os reguladores da Nova Zelândia encarregues do investimento externo bloquearam a aquisição de uma sociedade financeira pelo HNA, apontando que a informação fornecida sobre a estrutura accionista do grupo “era insuficiente”. Em Julho passado, os reguladores suíços disseram também que o grupo forneceu informação “incompleta ou falsa” sobre a sua estrutura accionista, aquando da aquisição da Gategroup, líder no catering para o sector da aviação.

A HNA foi fundada em 1993 e tem sede em Haikou, capital da província de Hainan.

24 Jan 2018

Livreiro de Hong Kong volta a ser detido na China

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] filha do dono de uma livraria de Hong Kong, que vendia obras críticas do regime de Pequim, afirmou que o pai foi novamente levado pelas autoridades chinesa, depois de ter sido secretamente detido em 2015. Angela Gui disse à emissora sueca em língua inglesa Rádio Sweden que o pai, Gui Minhai, seguia num comboio com dois diplomatas suecos quando foi detido por polícias chineses.

Gui, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, desapareceu no final de 2015, quando passava férias na Tailândia. Era então o dono da “Mighty Current”, editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses. O livreiro apareceu mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se tinha entregado às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.

Quatro funcionários na livraria de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até Outubro passado. Gui foi depois colocado num apartamento na cidade de Ningbo, na costa leste da China, e mantido sob vigilância da polícia, afirmou a filha.

Gui deslocou-se de comboio até Pequim para um encontro na embaixada da Suécia, mas foi detido por agentes da polícia à chegada à capital, contou Angela Gui. “É evidente que ele voltou a ser raptado e que se encontra detido num lugar secreto”, disse à agência noticiosa Associated Press (AP).

A ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Margot Wallstrom, disse já que o país vai convocar o embaixador chinês para discutir a detenção de Gui. “O Governo sueco tem um conhecimento aprofundado sobre o que se passou e está a trabalhar 24 horas por dia nesta questão”, disse Wallstrom, que mais tarde confirmou que o embaixador chinês fora chamado para discutir a detenção de Gui.

24 Jan 2018

Contra o hip-hop, cortar, cortar

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China iniciou uma luta contra o hip-hop, um género musical que é ainda uma novidade no país, e contra actores com tatuagens. Depois de ter retirado alguns rappers de programas de televisão, o regulador chinês para a comunicação social veio nesta segunda-feira “aconselhar” os canais a não darem visibilidade a este tipo de artistas.

Um dos primeiros alvos de Pequim foi, como lembra a Reuters, um popular programa de televisão chamado Rap da China. Os artistas Wang Hao, conhecido como “PG One”, e Zhou Yan, conhecido como “GAI” – e que foram os dois vencedores do programa de talentos – foram avisados e sancionados por mau comportamento e por apresentarem conteúdos que entram em confronto com os valores do Partido Comunista chinês.

“GAI”, que ficou na terceira posição de um outro programa de talentos chamado The Singer, transmitido pela Hunan TV, foi expulso sem serem avançadas explicações para a decisão. Por sua vez, “PG One” foi obrigado a pedir desculpa pelas suas letras, que foram criticadas por insultarem as mulheres e por encorajar a utilização de drogas.

A agência noticiosa chinesa Xinhua escreveu que “PG One” “não merece o palco” e que todos deveriam “dizer ‘não’ a qualquer coisa que sirva de plataforma para conteúdo de mau gosto”. Também o rapper “Vava” sofreu as consequências desta política ao ser cortado do programa de variedades Happy Camp.

Mas nesta segunda-feira o director da Administração do Estado para a Imprensa, Publicações, Rádio, Filmes e Televisão da China, Gao Changli, apresentou propostas de regras que as televisões deveriam respeitar. Citado pela agência Sina, o responsável sugeriu quatro regras concretas para os convidados dos programas televisivos: “Não utilizar actores cujo coração e moral não estejam alinhados com o partido e cuja moral não é nobre”; “não usar actores de mau gosto, vulgares e obscenos”; “não usar actores cujo nível ideológico é diminuído e que não têm classe”; “não usar actores com manchas, escândalos e integridade moral problemática”. De acordo com a Sina, estas regras incluem artistas com tatuagens e do hip-hop.

24 Jan 2018

Pequim convida América Latina e Caribe para “Uma Faixa, Uma Rota”

O ministro dos Negócios Estrangeiros está na América Latina para promover dezenas de iniciativas. Há um lugar vazio à espera da China no comércio multilateral

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]equim convidou a América Latina e o Caribe para fazer parte do seu bloco económico, a iniciativa chamada de “Uma Faixa, Uma Rota”. A oferta foi feita nesta segunda-feira (22) pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante reunião com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Com a retracção da influência global dos Estados Unidos com a presidência de Donald Trump, Pequim procura ocupar os espaços deixados por Washington.
“A China estará sempre comprometida com o caminho do desenvolvimento pacífico e com a estratégia de benefício comum de abertura e está pronta para compartilhar dividendos de desenvolvimento com todos os países”, disse Wang em reunião com os 33 países da CELAC. O bloco latino e a China assinaram uma espécie de acordo de princípios que rejeita o “unilateralismo” e fala sobre a importância de combater a mudança climática.
A Nova Rota da Seda foi proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013 e busca fortalecer os laços económicos entre Ásia, África e Europa com investimento de bilhões de dólares em infra-estruturas. O MNE chinês discursou sobre a importância de melhorar a conectividade entra mar e terra e citou a necessidade de construir conjuntamente “logística, electricidade e percursos de informação”.

Contra o proteccionismo

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, que já criticou publicamente Trump, afirmou que o acordo marcou uma nova era “histórica” de diálogo entre a região e a China. “A China disse algo que é muito importante, que quer ser nosso parceiro confiável na América Latina e no Caribe e valorizamos isso”, afirmou Muñoz. “Este encontro representa um repúdio categórico ao proteccionismo e ao unilateralismo”.
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, Argentina e Chile. O ministro chinês, entretanto, nega que esteja em curso uma competição por influência. “Não tem nada a ver com concorrência geopolítica. Segue o princípio de alcançar o crescimento compartilhado através da discussão e colaboração”, disse Wang.
Pequim busca ampliar seu leque comercial com a região e deixar de comprar apenas matérias-primas para também movimentar sectores como o comércio digital e o comércio de veículos.
“As nossas relações com a China são amplas. Isto [reuinão entre CELAC e China] é mais uma ferramenta para o Brasil trabalhar com a China. Juntos, identificámos novas áreas de cooperação”, afirmou o vice-ministro do Brasil, Marcos Galvão.

24 Jan 2018

Comércio | China defende-se de críticas dos EUA

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China defendeu ontem o seu papel no comércio internacional e acusou os EUA de serem conflituosos, após Washington ter afirmado que o apoio à inclusão de Pequim na Organização Mundial do Comércio (OMC) foi um erro. A China “cumpre de forma rigorosa com as regras da OMC” e “faz grandes contributos” para o sistema de comércio global, afirmou a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Hua disse ainda que a decisão da administração de Donald Trump de lançar uma investigação sobre as práticas comerciais da China, com base na lei dos EUA, e não através da OMC, “ameaça a estabilidade do sistema internacional”. “Nós somos defensores, construtores e contribuidores do sistema multilateral de comércio”, afirmou Hua. “E talvez tenham reparado que são as acções e mensagens unilaterais dos EUA que constituem um desafio sem precedentes para o sistema multilateral do comércio. Vários membros da OMC exprimiram preocupação sobre isso”, acrescentou.

Bruxelas e Washington acusam frequentemente Pequim de dificultar o acesso aos sectores da banca, energia e outros, violando os compromissos de abertura do seu mercado, aquando da adesão à OMC, em 2001.

Num relatório enviado ao Congresso, o Representante de Comércio dos EUA afirmou que Washington cometeu um erro quando apoiou a inclusão da China na OMC “em termos que provaram ser ineficazes para assegurar que a China adoptasse um regime comercial aberto e orientado pelo mercado”. O relatório evoca frustrações antigas dos EUA com as políticas comerciais da China, mas usa uma linguagem invulgarmente dura.

A administração de Donald Trump lançou em Agosto passado uma investigação sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual. Washington poderá adoptar medidas unilaterais, caso a investigação determine que Pequim violou normas comerciais. O ministério chinês do Comércio avisou já que Pequim irá “salvaguardar firmemente” os seus interesses.

23 Jan 2018

Seul | Segurança máxima para delegação norte-coreana

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m forte dispositivo de segurança está a dominar a visita de uma delegação norte-coreana à Coreia do Sul, destinada a preparar a participação do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, em Fevereiro.

Protegido por um forte contingente policial, o grupo de artistas norte-coreanos viajou ontem num comboio de alta velocidade desde Gangneung, uma cidade na costa nordeste da Coreia do Sul, que será uma das sedes dos Jogos, até Seul, informou a agência sul-coreana Yonhap.

A orquestra norte-coreana Samjiyon, com cerca de 140 membros, realizará concertos nas duas cidades durante os Jogos. Ontem, a delegação de sete membros visitou diferentes auditórios de Seul, capital sul-coreana, antes de regressar à Coreia do Norte. O grupo é chefiado por Hyon Son-wol, a líder do grupo Moranbong – a banda norte-coreana mais popular e promovida pelo líder Kim Jong-un – e da orquestra Samjiyon, criada especificamente para os Jogos de Inverno, que arrancam a 9 de Fevereiro no condado sul-coreano de PyeongChang.

A visita atraiu muito a atenção de meios e cidadãos sul-coreanos, que se reuniram à volta do hotel de Gangneung onde a delegação ficou hospedada. À saída do hotel, a imprensa questionou Hyon Son-wol – sobre quem existem rumores de ter sido namorada do líder norte-coreano – sobre o pequeno-almoço, mas a mulher manteve-se em silêncio, tal como tem feito durante toda a viagem, sempre que os jornalistas lhe fazem alguma pergunta.

Cerca de 200 activistas concentraram-se numa estação de comboio da capital e, à passagem da delegação, pegaram fogo a uma grande fotografia de Kim Jong-un, mas a polícia apagou as chamas com extintores. O comboio em que viajou o grupo teve uma forte escolta, que impedia que alguém se aproximasse, e as persianas da carruagem onde seguiam Hyon e o resto dos representantes norte-coreanos permaneceram fechadas durante o trajecto.

23 Jan 2018

China defende-se de críticas dos EUA sobre práticas comerciais

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China defendeu ontem o seu papel no comércio internacional e acusou os EUA de serem conflituosos, após Washington ter afirmado que o apoio à inclusão de Pequim na Organização Mundial do Comércio (OMC) foi um erro. A China “cumpre de forma rigorosa com as regras da OMC” e “faz grandes contributos” para o sistema de comércio global, afirmou a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Hua disse ainda que a decisão da administração de Donald Trump de lançar uma investigação sobre as práticas comerciais da China, com base na lei dos EUA, e não através da OMC, “ameaça a estabilidade do sistema internacional”. “Nós somos defensores, construtores e contribuidores do sistema multilateral de comércio”, afirmou Hua. “E talvez tenham reparado que são as acções e mensagens unilaterais dos EUA que constituem um desafio sem precedentes para o sistema multilateral do comércio. Vários membros da OMC exprimiram preocupação sobre isso”, acrescentou.

Bruxelas e Washington acusam frequentemente Pequim de dificultar o acesso aos sectores da banca, energia e outros, violando os compromissos de abertura do seu mercado, aquando da adesão à OMC, em 2001.

Num relatório enviado ao Congresso, o Representante de Comércio dos EUA afirmou que Washington cometeu um erro quando apoiou a inclusão da China na OMC “em termos que provaram ser ineficazes para assegurar que a China adoptasse um regime comercial aberto e orientado pelo mercado”. O relatório evoca frustrações antigas dos EUA com as políticas comerciais da China, mas usa uma linguagem invulgarmente dura.

A administração de Donald Trump lançou em Agosto passado uma investigação sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual. Washington poderá adoptar medidas unilaterais, caso a investigação determine que Pequim violou normas comerciais. O ministério chinês do Comércio avisou já que Pequim irá “salvaguardar firmemente” os seus interesses.

23 Jan 2018

Investimento em capital de risco bate recorde na China

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] investimento em capital de risco (CR) na China chegou a um nível recorde de mais de US$ 40 mil milhões em 2017, um aumento anual de 15%, indica um relatório industrial. O sentimento positivo foi conduzido por diversos contratos de grande porte, pois os investidores procuraram oportunidades em companhias de inteligência artificial (IA), tecnologia auto-motriz e serviços empresariais, de acordo com o último relatório da companhia global de auditoria e consultoria KPMG.

A China representou cinco dos 10 principais financiamentos de capital de risco do mundo no quarto trimestre de 2017, quando o foco contínuo do investidor na qualidade resultou numa diminuição geral de contratos para 75, cifra trimestral mais baixa desde o segundo trimestre de 2013, de acordo com o relatório.

No quatro trimestre, a participação corporativa em contratos do CR da China foi de 32,3%, cifra maior que a média global de 18,7%. O investimento corporativo no CR na China chegou a US$ 11,7 mil milhões no quarto trimestre, o segundo melhor nível da última década.

“O investimento em IA é um grande foco na China, não só para os investidores do CR, mas também para os grandes players de tecnologia”, disse Egidio Zarrella, parceiro e director de clientes e inovação da KPMG China. O relatório sublinha também que as companhias de serviços empresariais ganharam terreno na Ásia, em particular na China.

Globalmente, o investimento no CR atingiu seu maior nível em uma década com US$ 155 mil milhões em 2017, apesar da desaceleração no volume de contratos.

23 Jan 2018

População de Pequim caiu pela primeira vez em 17 anos

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] população de Pequim, uma das metrópoles mais populosas do mundo, caiu em 2017, pela primeira vez em 17 anos, como resultado do esforço para deslocar para fora da cidade indústria e serviços considerados não essenciais. Segundo o jornal chinês China Daily, que cita o Gabinete de Estatísticas de Pequim, a capital chinesa perdeu 22.000 habitantes, durante 2017, uma queda homóloga de 0,1%. Sede de um município com cerca de metade do tamanho da Bélgica, Pequim tinha no final do ano passado 21,7 milhões de habitantes.

“À medida que a diferença no nível de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais se tem vindo a reduzir, face ao processo contínuo de urbanização, algumas áreas têm assistido ao retorno de pessoas que viviam nas grandes cidades”, afirmou a porta-voz das Estatísticas Pang Jiangqian, citada pelo China Daily. Pang acrescentou que a capital chinesa tem deslocado para fora da cidade funções consideradas não essenciais, incluindo indústria manufactureira, logística ou mercados por grosso.

Em 2015, o Governo chinês anunciou a criação de um gigantesco centro urbano – designado Jing-Jin-Ji -, com 110 milhões de habitantes, que incluirá as cidades de Pequim e Tianjin e a província de Hebei.

O plano inclui a modernização do sistema de transportes, de forma a permitir a rápida circulação num centro urbano que terá mais do dobro da dimensão de Portugal continental. Novas linhas de metro, algumas com uma extensão superior a 60 quilómetros, e nove linhas ferroviárias, com uma extensão combinada de 1.100 quilómetros, deverão estar concluídas até 2020.

As autoridades chinesas estão ainda a oferecer incentivos fiscais às empresas e subsídios aos trabalhadores que se queiram estabelecer em Tianjin ou Hebei.

Nos últimos meses, o Governo de Pequim expulsou ainda dezenas de milhares de trabalhadores migrantes das suas casas nos subúrbios da cidade, numa campanha contra construções ilegais que mereceu críticas por parte de defensores dos direitos humanos.

Uma petição assinada por mais de cem académicos, advogados e artistas chineses lembrou que “o desenvolvimento de Pequim é não só fruto do trabalho árduo dos seus cidadãos, mas também do sacrifício e contribuição de pessoas de outras partes do país”. As autoridades da capital chinesa querem combater a sobrelotação e limitar o número de residentes a 23 milhões.

23 Jan 2018

Superbactéria poderá eliminar resíduos

Principal objectivo é limpar a gigantesca quantidade de líquidos descartada pela indústria têxtil

 

[dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]um laboratório de Hong Kong, pesquisadores que trabalham na melhoria dos processos de produção de um dos maiores fabricantes de tecidos da China usam um ingrediente especial: bactérias. A TAL Apparel, com fábricas na China continental e no Sudeste da Ásia, se uniu à City University para identificar bactérias que possam limpar de maneira mais eficiente as grandes quantidades de resíduos líquidos descartados pela indústria têxtil, numa iniciativa que pode reescrever as operações da indústria global da moda.

Depois de décadas de crescimento industrial sem travões, que deixou a China com um legado de poluição excessiva, o governo está a pressionar as indústrias, e o sector têxtil é o primeiro da fila. A fabricação de tecidos é a terceira no ranking de descarte de resíduos líquidos — 3 mil milhões de toneladas por ano — atrás das indústrias química e de papel.

Assim, em 2015, o governo lançou um plano de recursos hídricos com dez medidas para controlar a poluição, promover tecnologias e melhorar o manejo da água, com prazo para alcançar os seus objectivos até 2020. Estas medidas atingem o coração de uma indústria que durante décadas beneficiou de mão-de-obra barata e de baixos custos de capital para entregar o chamado fast fashion, que leva a moda das passarelas rapidamente para as lojas com preços que fizeram das roupas um produto quase descartável.

“Os clientes estão mais felizes porque as roupas estão mais baratas do que há uma década, e as lojas podem beneficiar dos custos baixos”, diz Felix Chung, um legislador de Hong Kong que representa a indústria têxtil. “Mas o resultado é uma enorme poluição, e as marcas terão que pagar por isso no futuro”.

Como o sector é alvo de críticas pelo seu histórico ambiental, marcas importantes como H&M, Target e Gap adoptaram padrões de qualidade para uso de água pelos seus fornecedores, monitorando-os para proteger a sua reputação entre os consumidores. O problema é como atingir melhores padrões ambientais e trabalhistas sem elevar os preços a um consumidor, já habituado à moda barata da fast fashion.

“Falamos sobre responsabilidade social, mas as pessoas não querem pagar por isso”, disse o presidente da TAL, Harry Lee. “Uma regulamentação mais rigorosa requer que os fabricantes melhorem suas fábricas, mas isso exige capital”.

A TAL, que abriu a sua primeira fábrica na China continental em 1994, tem comprado bactérias de outros laboratórios para tratar a água usada na lavagem dos tecidos. Com bactérias no lugar de produtos químicos, a empresa pôde reduzir os resíduos líquidos até 80%, além de permitir que 100% da água seja reciclada na própria fábrica. Mas, durante uma folga na produção para comemorar o ano novo chinês no ano passado, as bactérias do seu sistema morreram. Então a TAL montou um programa de pesquisa que usa o sequenciamento de DNA para encontrar uma “superbactéria” mais barata e eficiente.

Mas pesquisar e melhorar a tecnologia é caro. Assim, está a chegar o dia em que os vendedores terão que reajustar os preços já que os fabricantes não conseguem absorver os custos para cumprir as regras ambientais. Perante isto, as grandes redes de distribuição também participam na tentativa de desenvolver técnicas que possam cortar custos e permitir que a indústria gere menos resíduos.

Enquanto isso, no laboratório em Hong Kong, os cientistas esperam desenvolver a sua superbactéria em dois anos. Se forem bem-sucedidos, a TAL compartilhará os resultados com outros fabricantes. “Com sorte, mais fabricantes vão querer usá-la. Mas é um processo muito lento”, concluiu Lee.

23 Jan 2018

Revisão da Constituição é um “acto significativo”, diz Xi Jinping

A China está empenhada em mudar a sua Constituição para a ajustar à “nova era”

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping, considera a revisão da Constituição da China um evento importante na vida política do PCC e do país. Xi pronunciou-se a esse respeito durante um simpósio no qual participaram representantes de partidos não comunistas, a Federação de Indústria e Comércio para Toda a China e membros sem afiliação política, a 15 de Dezembro de 2017, cujas opiniões e sugestões para a revisão da Constituição foram ouvidas.

A revisão da constituição é uma decisão política crucial realizada pelo Comité Central do PCC, com base na situação geral e no peso estratégico de manter e desenvolver o socialismo com características chinesas, de acordo com Xi. “É também uma medida importante para avançar com a governação baseada na lei e com a modernização do sistema chinês”, referiu.

“Os representantes no simpósio aprovaram por unanimidade a proposta do PCC para rever a constituição, e concordaram com os requisitos e princípios gerais para o efeito. Fizeram também sugestões para a implementação e supervisão da Constituição, assegurando a sua autoridade e impondo a lei da Constituição e o Estado de Direito. O Comité Central do PCC mantém a ideia da consulta antes da tomada de decisão”, constatou Xi.

“O PCC valoriza a opinião e sugestões de partidos não comunistas, da Federação de Indústria e Comércio para Toda a China e daqueles sem afiliação política antes de levar a cabo conferências importantes, emitir documentos importantes, e levar a cabo decisões de relevo”, disse Xi.

Xi salientou que os partidos não comunistas e a frente unida realizaram contributos significativos para o estabelecimento e desenvolvimento do sistema constitucional chinês.
Xi pediu aos participantes no simpósio para reflectirem sobre a revisão e avançarem com opiniões e sugestões.

O presidente apelou aos presentes, por último, a um acréscimo da consciência para o Estado de Direito e para serem fiéis à Constituição, bem como à construção de consensos, desenvolvimento regulatório, resolução de conflitos, e manutenção da harmonia pelo Estado de Direito, por forma a unir a população e, assim, contribuir para o rejuvenescimento da nação chinesa.

23 Jan 2018

Navio dos EUA viola soberania chinesa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que um destroyer dos EUA entrou nas águas territoriais do país no mar do Sul da China sem permissão oficial, violando, deste modo, a soberania do país. De acordo com o comunicado de Pequim, “em 17 de janeiro, um destroyer dos EUA entrou nas águas chinesas a 12 milhas náuticas da ilha de Huangyan [também conhecida como recife de Scarborough no mar do Sul da China] sem permissão do governo chinês”.

“Em conformidade com a lei, a Marinha da China efectuou uma verificação ‘amigo ou inimigo’ ao navio norte-americano e emitiu um aviso para ele deixar as respectivas águas”, adianta o documento. Além disso, afirma-se que “as actividades do navio militar dos EUA afectam a soberania e interesses de segurança da China e põem em grande perigo a segurança dos navios chineses e do pessoal que realiza operações planeadas na área”. Pequim expressou o seu sério descontentamento e prometeu “tomar todas as medidas necessárias para garantir a sua soberania”.

Contudo, o ministério reiterou o seu respeito pela liberdade de navegação marítima e aérea na região do mar do Sul da China para todos os países, conforme o direito internacional, mas afirmou que “se opõe resolutamente às acções de qualquer país que, sob pretexto da liberdade de navegação marítima e aérea, possa minar a soberania e interesses de segurança da China”.

“Apelamos de modo insistente a que os EUA corrijam imediatamente o seu erro e parem com tais provocações”, adianta o MNE, sublinhando que isso é preciso para o bem das relações bilaterais, bem como para a paz na região.

22 Jan 2018

Quatro manchas de crude encontradas após explosão de petroleiro na costa da China

 

Quatro manchas de crude, que ocupam ao todo 101 quilómetros quadrados, foram encontradas no mar Oriental da China, quatro dias depois da explosão e naufrágio do petroleiro iraniano Sanchi. Os dados difundidos na noite passada pela Administração Estatal de Oceanos da China apontam para a existência de quatro manchas dispersas, com um tamanho que oscila entre os 5,5 e os 48 quilómetros quadrados.

O organismo explicou, em comunicado, que recorreu a amostras de água em 19 pontos próximos ao local onde o petroleiro se afundou e que em cinco foram detectados níveis altos de concentração de hidrocarbonetos. As autoridades chinesas não indicaram se o crude encontrado era o que a embarcação transportava, um petróleo condensado, ultraleve e mais fácil de limpar, ou se se trata de combustível.

O Sanchi transportava 136.000 toneladas de petróleo condensado e boa parte desse carregamento ardeu durante o incêndio, que ao longo de uma semana consumiu a embarcação.

As autoridades chinesas anunciaram na quarta-feira que encontraram os restos do barco e que estão a preparar o envio de robôs subaquáticos para analisar como podem limpar o crude que possivelmente sobra. O Ministério dos Transportes da China assinalou num comunicado que os destroços do barco foram localizados a 115 metros de profundidade e que o próximo passo será mandar veículos robotizados para determinar se resta algum resíduo de combustível e de outros derivados do petróleo.

Uma das principais questões a resolver é se os tanques de combustível romperam com a explosão que afundou o barco, ou se, pelo contrário, continuam a armazenar combustível que poderia continuar a ser vazado no oceano durante os próximos dias.

Um total de 19 embarcações de diferentes instituições chinesas estão a participar nos trabalhos de controlo e limpeza. O Japão e a Coreia do Sul também destacaram meios marítimos. Além disso, os técnicos ainda estão a analisar a caixa preta do petroleiro que foi recuperada do navio pouco antes do seu afundamento, com o objectivo de determinar as causas do acidente.

Apesar do Governo chinês não ter ainda avaliado o impacto ambiental do desastre, as organizações de protecção do ambiente prevêem o pior, já que o mar Oriental da China é um dos espaços marítimos mais ricos e produtivos do planeta, as suas águas são pouco profundas e, por isso, é extremadamente vulnerável ao vazamento de óleo. O canal de televisão oficial “CCTV” veiculou uma entrevista com um especialista que garante que o derramamento terá um impacto negativo tanto no ecossistema marinho como na pesca local.

O subdirector do Instituto de Pesquisa de Pesca Marinha da Província de Zhejiang, Zhou Yongdong, disse que o condensado derramado poderia causar estragos nas áreas de desova dos peixes. “Primeiro é o impacto no habitat de várias espécies marinhas, como peixes, lulas e moluscos, pois suas áreas de desova serão afectadas. E este é apenas o impacto sobre o ecossistema. O segundo impacto é na pesca, porque o local é uma importante área pesqueira para a China”, disse Zhou.

19 Jan 2018

Preso ex-agente da CIA suspeito de espiar para Pequim

As autoridades dos Estados Unidos detiveram um ex-agente da CIA residente em Hong Kong que teria revelado a identidade de informantes da Agência, supostamente à China, informaram a imprensa americana e o departamento de Justiça. O cidadão americano naturalizado Jerry Chun Shing Lee, também conhecido como Zhen Cheng Li, foi detido na segunda-feira, ao desembarcar no Aeroporto Internacional JFK de Nova Iorque.

Segundo uma acção apresentada ao Tribunal Federal de Nova York, em 2012 agentes do FBI vasculharam a bagagem de Lee quando este viajava pelos Estados Unidos e encontraram em seu poder material secreto ao qual não poderia ter acesso.

“Os agentes encontraram em pequenos livros anotações manuscritas com informação secreta, incluindo os nomes verdadeiros e números de telefone de informantes e agentes encobertos da CIA, notas de reuniões de agentes activos, locais de encontro e localização de instalações secretas”, assinalou o departamento de Justiça.

O New York Times revelou que entre 2010 e o final de 2012 os chineses mataram “pelo menos uma dúzia de fontes” da CIA dentro da China e prenderam pelo menos outros seis informadores.

A busca pela fonte das fugas de informação na Agência levou à identificação de uma pessoa que havia trabalhado para a CIA e morava na Ásia, assinalou o jornal, acrescentando que na ocasião não existiam evidências suficientes para se deter o suspeito. Mas outros na Agência atribuíram as fugas a um trabalho descuidado e não a um informador, ainda segundo o Times.

Lee foi denunciado por retenção ilegal de informação de defesa, crime passível de uma pena até dez anos de prisão. Os funcionários do departamento de Justiça não esclareceram por que motivo esperaram mais de cinco anos para a apresentação da denúncia contra Lee, e se de facto as informações secretas caíram nas mãos de outros países.

Lee, 53 anos, cresceu nos Estados Unidos e serviu no Exército antes de entrar para a Agência Central de Inteligência, em 1994, onde actuou em diversos países até abandonar a CIA, em 2007, para se instalar em Hong Kong.

O caso ocorre em meio à crescente preocupação da comunidade de Inteligência dos Estados Unidos sobre a capacidade do governo chinês para bloquear as operações de espionagem no seu território.

19 Jan 2018

Os fãs chineses de Trump admiram a “simplicidade e pragmatismo”

À semelhança de muitos compatriotas, a chinesa Gao Xiao aprecia o estilo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Gosto da maneira como ele age”, disse. “Como uma pessoa real, e não um político”.

Um ano depois de ter assumido a presidência, Trump conta com clubes de fãs nas redes sociais da China, com muitos chineses a assumir abertamente a sua admiração pelo líder norte-americano. “Eles apreciam a sua simplicidade e sentido prático, o seu desprezo pelo politicamente correto, a sua visão de ‘América Primeiro’ e o seu sucesso nos negócios”, escreveu o jornal oficial Global Times.

Li, que gere um dos grupos de fãs de Trump no Weibo, espécie de Twitter chinês, contou ao Global Times que o que mais aprecia em Trump “é que todas as suas forças e fraquezas são expostas ao público”. “Ele não é um político polido”, afirmou o líder de um clube com 5.500 fãs de Trump. A “espontaneidade” do magnata contrastará mesmo com a postura dos líderes chineses, cuja interacção com a imprensa resume-se à leitura de discursos previamente preparados, e sem direito a perguntas.

Zhao Kejin, vice-director do centro de pesquisa sobre política global Carnegie-Tsinghua, com sede em Pequim, lembrou à agência Lusa que “a China prefere lidar com a ala conservadora dos Estados Unidos”. “Os republicanos valorizam mais uma relação com base no benefício mútuo”, disse, adoptando um termo muito usado pela diplomacia chinesa.

Shen Dingli, académico do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Fudan, uma das mais prestigiadas da China, concordou: “Trump é um homem de negócios. Um pragmático”.

Numa quebra com a tradição da diplomacia norte-americana, Trump evita pressionar governos estrangeiros a respeitar os direitos humanos, uma fonte de persistente tensão entre as autoridades de Pequim e os países ocidentais, que tendem a sublinhar a importância das liberdades políticas individuais.

Pelo contrário, o actual líder da Casa Branca parece não ter problemas em lidar com autocratas, sugerindo que ideologicamente não constitui uma oposição à governação autoritária do Partido Comunista Chinês.

No Taobao, a maior plataforma de comércio electrónico na China, uma pesquisa por produtos relacionados com Trump dá 70 páginas de resultados, incluindo perucas que se parecem com a cabeleira de Trump, máscaras, t-shirts, meias ou até papel higiénico com o rosto do líder norte-americano estampada. E num país onde os pais são tradicionalmente julgados pelo êxito dos filhos, Trump terá ainda mais motivos para ser adulado, particularmente devido ao alegado sucesso da filha Ivanka Trump.

“O tipo de pessoa que alguém é pode ser avaliado pelo sucesso dos seus filhos. Todos os cinco filhos de Trump são excelentes, o que quer dizer que ele é um pai de sucesso”, comentou o jornal China Education Daily, nas vésperas da visita de Trump à China, em Novembro passado.

19 Jan 2018

China | Jornalista sino-americano diz que lhe raptaram a mulher

Um jornalista sino-norte-americano, que fez várias entrevistas ao bilionário chinês Guo Wengui, exilado nos Estados Unidos, disse ontem que a sua mulher foi raptada e é mantida em cativeiro pelas autoridades chinesas.

Chen Xiaoping, que vive em Nova Iorque e é editor no grupo de média em língua chinesa Media Mirror Group, disse à agência The Associated Press que o vídeo difundido esta semana, no qual a sua esposa denuncia o seu trabalho, foi filmado sob coacção. O jornalista afirma que o mesmo vídeo prova que a sua mulher está a ser mantida em cativeiro pelo Governo chinês.

Uma conta anónima publicou na segunda-feira um vídeo no YouTube, no qual a mulher de Chen, Li Huaiping, pede a este que pare de a procurar. Li desapareceu no sul da China em Setembro passado. Guo Wengui, que fugiu da China e vive agora num apartamento de 68 milhões de dólares em Nova Iorque, difunde frequentemente comentários e vídeos, em que denuncia a corrupção de altos quadros do Partido Comunista Chinês e chineses a viver além-fronteiras, que diz serem parte de uma rede de espiões. Guo surgiu várias vezes no programa de Chen, transmitido ao vivo pela Internet.

Em setembro, o jornalista recebeu da sua esposa, Li Huaiping, que continua a viver na China, uma mensagem a afirmar que estava “em problemas”. Desde então, Chen não voltou a ouvir nada da mulher, até que no domingo, num vídeo difundido no YouTube, esta explica que cortou todos os contactos com Chen, por “questões emocionais” e devido ao seu “trabalho no estrangeiro”.

O vídeo surge um dia após Chen ter publicado na rede social Twitter uma carta aberta ao Presidente chinês, Xi Jinping, na qual apela à libertação da sua esposa. “Nunca pensei que um vídeo fosse difundido logo após eu escrever a carta”, disse Chen, citado pela AP. “É evidente que a minha mulher foi raptada e que isso se deve ao meu trabalho”, acrescentou.

Li, que parece estar a ler a partir de um texto preparado, pede ainda a Chen que páre de a procurar e falar em público por ela. “Eles forçaram-na a fazer este vídeo”, afirmou Chen.

Chen falou com funcionários do Congresso do Estados Unidos e do Departamento de Estado sobre o desaparecimento da sua esposa, que é residente permanente nos EUA, contou. Chen tornou-se cidadão norte-americano em 2012 e casou com Li no ano seguinte.

A AP não conseguiu qualquer comentário das autoridades sobre o sucedido. As autoridades chinesas acusam Guo Wengui de vários crimes, incluindo suborno, extorsão, rapto e violação.

19 Jan 2018

Parlamento Europeu pede libertação de dissidentes chineses

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Parlamento Europeu apelou à China para libertar vários dissidentes detidos, entre os quais um monge tibetano e vários advogados, numa resolução aprovada ontem.

“O Governo chinês deve libertar o ‘blogger’ Wu Gan, o militante pró-democracia Lee Ming-che, o defensor dos direitos linguísticos no Tibete Tashi Wangchuk, o monge tibetano Choekyi e todos os que estão detidos por trabalharem na defesa dos direitos humanos”, afirma o Parlamento em comunicado.

Os eurodeputados pedem também a abertura de um inquérito às alegações de tortura do advogado Xie Yang, condenado a 26 de Dezembro mas dispensado de cumprir pena por se ter declarado culpado de subversão. As detenções de Xie Yang e de Wu Gan já tinham sido criticadas pelo gabinete da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que em finais de Dezembro manifestou “séria preocupação”, e por vários países ocidentais.

Os eurodeputados manifestam por outro lado o receio de “a adopção de leis sobre a segurança da China tenha apenas impacto nas minorias, em particular a lei antiterrorista, que pode penalizar a expressão da cultura tibetana e do budismo, e a lei sobre a gestão das ONG estrangeiras, que coloca os grupos de defesa dos direitos humanos sob controlo do governo”. O Parlamento Europeu pede a “todos os Estados membros da União Europeia que adoptem em relação à China uma atitude firme baseada nos valores” europeus.

19 Jan 2018

Coreia do Norte | China recusa conclusões da reunião de Vancouver

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês recusou ontem as conclusões da reunião sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, que 20 países assinaram na quarta-feira em Vancouver, no Canadá, e insistiu que o diálogo é a única forma de solucionar a crise.

O encontro em Vancouver serviu para acordar o fortalecimento da vigilância marítima, em torno da Coreia do Norte, para evitar que o país infrinja as várias sanções aprovadas pelas Nações Unidas.

A China não participou na reunião, que considerou ilegítima, visto que os 20 países presentes participaram, directa ou indirectamente, da Guerra na Coreia (1950-1953).

Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Austrália, Colômbia, Grécia ou Luxemburgo estiveram presentes em Vancouver, entre outros países.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang defendeu que esta formação representa “a mentalidade da Guerra Fria e que só pode dividir a comunidade internacional e debilitar os esforços para solucionar adequadamente a questão”.

Lu afirmou que “sem a participação de partes importantes nesta questão, a reunião não pode ajudar a oferecer soluções adequadas” e questionou a legalidade de o encontro se realizar numa cidade do Canadá.

Lu pediu que se apoie a melhoria nas relações diplomáticas entre as duas coreias registada na semana passada, e que se regresse ao diálogo a seis (EUA, Rússia, China, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte).

“Os factos demonstraram várias vezes que apenas impor sanções e pressões é contraproducente”, disse.

Em setembro passado, o regime de Kim Jong-un realizou o sexto e mais poderoso ensaio nuclear até à data. O Conselho de Segurança da ONU aprovou, entretanto, as mais duras sanções de sempre contra o país.

18 Jan 2018

Hong Kong | Nova pena de prisão para Joshua Wong

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]oshua Wong, rosto do movimento pró-democracia do outono de 2014 em Hong Kong, foi ontem condenado a três meses de cadeia, a segunda pena de prisão pelo papel na “revolução dos guarda-chuvas”.

O jovem, de 21 anos, deu-se como culpado por não ter respeitado uma ordem judiciária que exigia o fim de um acampamento erguido durante as manifestações na antiga colónia britânica. Wong foi libertado sob caução para aguardar a análise de um recurso contra a sua condenação de seis meses de prisão por um outro delito relacionado também com as manifestações de 2014. Raphael Wong, um outro militante democrata, foi condenado a quatro meses e meio de cadeia.

Os processos de que são alvo os líderes dos “guarda-chuvas” são consideradas, por alguns observadores da Região Administrativa Especial chinesa, como um novo sinal de ingerência crescente de Pequim nos assuntos internos de Hong Kong, em violação do princípio “Um país, dois sistemas”, que orientou a transferência de soberania do território do Reino Unido para a China em 1997. Joshua Wong “desempenhou um papel fundamental nesse dia”, declarou o juiz Andrew Chan. “A única punição apropriada para Wong é a detenção imediata”.

O juiz recusou inicialmente a libertação sob caução dos dois militantes, mas, a pedido da defesa, adiou uma decisão final sobre a questão para a tarde. Enquanto aguardam Joshua e Raphael foram levados por guardas. “A nossa determinação na luta pela democracia não vai mudar”, afirmou Raphael Wong, ao sair da sala do tribunal. Antes da audiência, Wong tinha declarado não ter “qualquer arrependimento”. “Podem prender o nosso corpo, mas nunca o nosso espírito”. Dezenas de apoiantes estiveram concentrados em frente ao tribunal e gritavam: “Desobediência civil, zero medo”, “Sou de Hong Kong, quero o sufrágio universal”.

18 Jan 2018

São Tomé | MNE elogia reconhecimento de Pequim em vez de Taiwan

Perderam vinte anos, por causa de Taiwan, mas agora é tempo de olhar para o futuro. A China promete olhar com especial atenção para São Tomé

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros saudou ontem o regresso de São Tomé e Príncipe à “família de amizade entre China e África”, depois de o pequeno país insular ter deixado de reconhecer Taiwan como estado independente. Em conferência de imprensa, o ministro Wang Yi prometeu que Pequim vai olhar com especial atenção para o país e o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense prometeu a “amizade sincera, honesta e infinita do povo e das autoridades” de São Tomé, bem como a “firme determinação” do governo de reconhecer uma só China, aceitando a política externa da República Popular.

“São Tomé e Príncipe já regressou a grande família de amizade entre China e África, tornou-se automaticamente membro oficial do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) e o Fórum de Macau e este país pode aproveitar essas duas plataformas para criar cada vez mais sinergias para se desenvolver”, acrescentou.

Vinte anos perdidos

Nos anos 1990, São Tomé e Príncipe passou a reconhecer Taiwan como um estado independente, obtendo vários apoios de cooperação por parte daquele território, uma decisão que este governo alterou, no quadro das negociações com Pequim. “Perdemos mais de 20 anos, vamos fazer tudo para recuperar aquilo que perdemos durante esse período, temos que reforçar a nossa cooperação com vantagens comparativas, aprofundar cada vez mais a nossa cooperação mutuamente benéfica e a cooperação noutras áreas”, disse Wang Yi, no final de uma visita a São Tomé, integrada numa viagem mais alargada a vários países africanos.

O governante chinês disse que o seu país quer construir a sua cooperação com São Tomé e Príncipe na base “do paradigma entre um grande e um pequeno país, como exemplo da cooperação sul-sul”. “Vamos concretizar bem a nossa parceria e vamos forjar a nossa cooperação bilateral entre a China e os países de África”, acrescentou, salientando que Pequim tem “toda a confiança no futuro da cooperação bilateral” entre os dois países. China tem actualmente quatro missões de especialistas em São Tomé e Príncipe, no combate a malária, electricidade, serviço médico e agricultura.

“Eu tive uma audiência bastante amistosa com o senhor Presidente, tive uma profunda audiência com o senhor primeiro-ministro, abordei vários assuntos com o senhor ministro das relações exteriores. Planeamos um futuro brilhante das nossas relações bilaterais”, explicou. A China pretende “enriquecer o conteúdo da cooperação abrangente e nos assuntos internacionais e regionais” e promete “ajudar São Tomé e Príncipe na diversificação económica”. Pequim “será um parceiro mais ideal e mais confiável para São Tomé e Príncipe”, disse numa intervenção em que nunca referiu o nome de Taiwan.

Parceiro para cumprir promessas

O ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Urbino Botelho, explicou que o país encontrou na República Popular da China um parceiro importante para a implementação das promessas do executivo. Por isso, o governo são-tomense reafirmou a decisão de reconhecer uma só China, sublinhando que “essa firme determinação deverá perdurar por muitos e muitos anos nas nossas relações”.

Assim, acrescentou Urbino Botelho, a visita do governante de Pequim ao seu país tem “um duplo significado” porque “testemunha a excelência das relações bilaterais entre os dois países” e “permite dar continuidade a uma cooperação que é profícua para ambas as partes”.

“Reputamos de grande importância esta visita, aproveitamos para perspectivar o futuro que desde já considero de um futuro muito promissor”, concluiu Urbino Botelho.

Porto e alargamento de aeroporto

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, afirmou que Pequim está a estudar os projectos de alargamento do aeroporto de São Tomé e a construção de um porto de águas profundas para avaliar se investe nessas obras. “A extensão da pista e requalificação do aeroporto internacional de São Tomé está em fase ainda de estudo de viabilidade e mantemos uma discussão bem profunda sobre este projecto”, disse o ministro, que está de visita a São Tomé e Príncipe.

O governo são-tomense do primeiro-ministro Patrice Trovoada considera estes dois projectos estruturantes como “os mais importantes para alavancar a economia do país”. Numa conferência de imprensa conjunta, o ministro chinês prometeu apoios a obras de drenagem e de reabilitação rodoviária e explicou que as delegações dos dois países “chegaram a consensos para desenvolver a cooperação no domínio das pescas e processamento dos produtos do mar”.

“Vamos promover ordenadamente a nossa cooperação na área da agricultura, turismo e serviço porque são sectores que São Tomé e Príncipe possui as suas vantagens comparativas”, adiantou o ministro.

18 Jan 2018

Timor-Leste | De “parcialmente livre” para “livre”

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]imor-Leste passou de país “parcialmente livre” para “livre”, após “eleições justas que levaram a uma suave transferência de poder e possibilitaram a novos partidos e candidatos a entrada no sistema político”, segundo a organização não-governamental (ONG) Freedom House.

No seu relatório anual sobre direitos políticos e liberdades civis no mundo, ontem divulgado, a ONG refere que, ao realizar eleições livres e transparentes, “Timor-Leste, uma das nações mais pobres do Sudeste Asiático, contrariou a tendência de declínio da liberdade na região”.

“O processo [eleitoral] ajudou a consolidar o desenvolvimento democrático no país, além de permitir que novos partidos e políticos mais jovens conquistassem assentos no parlamento”, indicaram os relatores.

No documento, intitulado “Freedom in the World 2018: Democracy in Crisis” (“Liberdade no Mundo 2018: A Democracia em Crise”), a organização não-governamental centra-se sobretudo na crise da democracia a nível global sublinhando que “a democracia está sob ataque e a recuar em todo o mundo”, numa crise que se intensificou com “a erosão, a ritmo acelerado, dos padrões democráticos dos Estados Unidos da América”.

Segundo a Freedom House, 2017 foi o 12.º ano consecutivo de queda da liberdade global, com 71 países a sofrerem “claros declínios” nos domínios dos direitos políticos e liberdades civis e apenas 35 a registarem avanços.

Dos 195 países avaliados neste estudo, 88 (45%) foram classificados como “livres”, 58 (30%) como “parcialmente livres” e 49 (25%) como “não livres”.

Dos 49 países designados como “não livres”, estes 12 foram os que se posicionaram no fundo da tabela, com uma pontuação abaixo de dez numa escala de 100 (começando pelo menos livre): Síria, Sudão do Sul, Eritreia, Coreia do Norte, Turquemenistão, Guiné Equatorial, Arábia Saudita, Somália, Uzbequistão, Sudão, República Centro-Africana e Líbia.

“Estados outrora promissores como a Turquia, a Venezuela, a Polónia e a Tunísia estão entre aqueles que experimentaram declínios nos padrões democráticos; a recente abertura democrática em Myanmar (antiga Birmânia) ficou permanentemente arruinada por uma chocante campanha de limpeza étnica contra a minoria Rohingya”, lê-se no relatório.

Para o presidente da Freedom House, Michael J. Abramowitz, “a democracia enfrenta a sua mais grave crise em décadas”, com os seus “princípios básicos – entre os quais a garantia de eleições livres e justas, os direitos das minorias, a liberdade de imprensa e o Estado de direito – sob ataque em todo o mundo”.

O estudo refere como “a China e a Rússia aproveitaram o recuo das maiores democracias não só para aumentar a repressão a nível interno, como para exportar a sua influência maligna para outros países”. “Para manter o poder, estes regimes autocráticos estão a actuar além das suas fronteiras para silenciar o debate livre, perseguir dissidentes e comprometer instituições assentes em normas consagradas”, apontam os relatores.

Um grande desenvolvimento em 2017 foi, segundo o relatório, “o recuo dos Estados Unidos como defensor e como exemplo de democracia”. Enquanto, nos últimos sete anos, a Freedom House identificou um lento recuo nos direitos políticos e liberdades civis no país, esse declínio acelerou em 2017, “devido às crescentes evidências de ingerência russa nas eleições [presidenciais norte-americanas] de 2016, à violações de princípios éticos básicos pelo novo Governo e a uma redução da transparência governamental”.

“Embora instituições norte-americanas como a imprensa e a justiça tenham resistido perante ataques sem precedentes do Presidente [Donald] Trump, tais ataques poderão enfraquecê-las, o que terá graves implicações na saúde da democracia norte-americana e no lugar dos Estados Unidos no mundo”, sustentam os relatores. Além disso, prosseguem, “a abdicação dos Estados Unidos do seu tradicional papel de maior defensor da democracia causa grande preocupação e tem potenciais consequências na luta em curso contra autoritarismos modernos e suas ideias perniciosas”. “As principais instituições da democracia norte-americana estão a ser maltratadas por uma Administração que tem tratado a tradicional separação de poderes do país com desdém”, declarou Abramowitz.

Noutro “desenvolvimento significativo”, a Turquia passou do grupo dos países “parcialmente livres” para o dos “não livres” quando o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, “alargou e intensificou a perseguição aos seus alegados opositores, iniciada após uma tentativa falhada de golpe de Estado em Julho de 2016, com consequências extremas para os cidadãos turcos”, indica o relatório. De acordo com a ONG, no período de 12 anos desde que o recuo de liberdade começou, em 2006, foram 113 os países que assistiram a um claro declínio dos direitos políticos e liberdades civis, e só 62 registaram um claro aumento.

17 Jan 2018

Ambiente | Manchas de crude multiplicam-se após explosão de petroleiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s manchas de crude deixadas pelo petroleiro iraniano Sanchi, que explodiu e se afundou no domingo passado, estão a multiplicar-se no mar da China Oriental, anunciou ontem a Administração Estatal dos Oceanos chinesa. O organismo indicou em comunicado que foram encontrados vários derrames de petróleo perto do local onde a embarcação se afundou e que eram muito maiores do que no dia anterior.

Na segunda-feira, o Ministério informou da existência de uma só mancha, com 18,5 quilómetros de largura, mas mais tarde encontrou outras duas manchas, com 14,8 quilómetros e 18,2 quilómetros. As manchas de petróleo podem ser facilmente observadas do ar, apontou o organismo, acrescentando que estas se devem deslocar para o norte, devido ao vento e correntes marinhas. O Ministério não precisou, no entanto, se o petróleo derramado é parte da carga que o petroleiro transportava, ou se é o combustível da embarcação.

O petroleiro iraniano incendiou-se após colidir com um cargueiro chinês em 6 de janeiro, a 300 quilómetros da costa da cidade chinesa de Xangai (leste). Depois de arder durante oito dias, explodiu e afundou. Segundo as autoridades chinesas, o Sanchi transportava 136.000 toneladas (equivalente a cerca de um milhão de barris de crude) de condensado, e parte desse carregamento ardeu durante o incêndio. Após oito dias à deriva, o barco afundou-se a cerca de 280 quilómetros a sudeste do ponto onde ocorreu o acidente.

As causas são ainda desconhecidas, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês garantiu que a caixa negra do navio já foi encontrada e a “investigação está em marcha”. O Fundo Mundial para a Natureza apelou nesta segunda-feira para que não se poupem esforços na limpeza do derrame e defendeu a “mobilização urgente de todos os equipamentos disponíveis para remover os produtos tóxicos e reduzir a ameaça para a vida marinha”. “Sabemos que um desastre ambiental está a ocorrer em frente dos nossos olhos. O tanque está a perder condensado, que é tóxico para peixes, mamíferos, tartarugas e aves marinhas”, afirmou.

Segundo a organização, o mar da China Oriental é um dos espaços marinhos mais ricos e produtivos do planeta e as suas águas são pouco profundas, o que o torna extremamente vulnerável ao derrame. As equipas de resgate não conseguiram salvar nenhum dos 31 membros da tripulação do Sanchi.

17 Jan 2018

Hong Kong | Três activistas contestam penas de prisão

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês líderes do “movimento dos guarda-chuvas” contestaram ontem em tribunal a condenação a penas de prisão pelo papel nas manifestações pró-democracia de 2014, em Hong Kong. A condenação em Agosto de Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow a penas de entre seis e oito meses de prisão foi interpretada como um novo golpe contra militantes de reformas políticas na antiga colónia britânica.

Depois desta sentença, o Ministério Público pediu um agravamento das penas decididas em primeira instância, o que foi entendido como uma ingerência crescente de Pequim nas questões internas de Hong Kong, em violação do princípio “Um país, dois sistemas”, definido para a transferência da soberania do Reino Unido para a China, em 1997. Os três foram libertados sob caução para aguardar a decisão do Tribunal de apelo final, a mais alta jurisdição de Hong Kong, um recurso que apresentaram como um teste à independência da justiça da Região Administrativa Especial chinesa.

“Temos agora a oportunidade de ver como vão os tribunais de Hong Kong reconhecer e posicionar-se sobre a questão da desobediência civil”, declarou aos jornalistas, antes da audiência, Joshua Wong, de 21 anos. Wong acrescentou acreditar que a população de Hong Kong vai continuar a bater-se pela democracia, mesmo que seja detido outra vez.

Os três activistas foram condenados pelo seu papel numa manifestação considerada ilegal, a 26 de Setembro de 2014. Os manifestantes treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental. Esta acção desencadeou manifestações mais importantes e dois dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas. Durante mais de dois meses, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da cidade para exigir um verdadeiro sufrágio universal.

17 Jan 2018