Ausência de Bloco e PAN “é um sinal da liberdade que existe em Portugal”, diz Marcelo

Por Inês Escobar de Lima, enviada da agência Lusa

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República considerou ontem que a ausência de Bloco de Esquerda e PAN na sua visita de Estado à República Popular da China “é um sinal da liberdade que existe em Portugal”.

Em resposta à comunicação social, num hotel de Xangai, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “não é a primeira vez que isso acontece” e defendeu que “assim deve ser, a escolha deve ser livre”.

Interrogado se não ficaria mais confortável se na China estivesse acompanhado por todos os partidos com representação parlamentar, respondeu: “Não, eu fico confortável com aqueles que vêm. Sabem, o povo português diz uma coisa: dança quem está na roda”.

“Portanto, quem quer estar na roda, está na roda. Quem está na roda, dança. Quem não quer estar na roda, não dança daquela vez, dança da próxima”, completou.

Bloco de Esquerda e PAN não quiseram integrar a delegação parlamentar que acompanha esta visita de Estado, opção que justificaram com a situação dos direitos humanos e das liberdades na China.

Num período de declarações aos jornalistas, acabado de chegar a Xangai, vindo de Pequim, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a ausência desses dois partidos, se a considera um embaraço ou um sinal.

“É um sinal da liberdade que existe em Portugal. Já não é a primeira vez que isso acontece”, retorquiu, acrescentando que houve outras visitas que esses partidos não integraram, “às vezes até por razões meramente de impossibilidade prática”

“Mas, tem sucedido que não tenham vindo por considerarem que não faz sentido integrarem a delegação, por uma escolha livre. E assim deve ser, a escolha deve ser livre. Não se impõe a nenhum partido a integração da delegação nestas visitas de Estado”, defendeu.

O Bloco de Esquerda não quis participar na visita de Estado do Presidente da República à China, devido às “restrições à liberdade e violação dos direitos humanos” neste país, justificou fonte oficial do partido, em resposta à agência Lusa.

O PAN comunicou que o seu único deputado, André Silva, também não iria integrar a comitiva, “em coerência com as posições críticas” que tem assumido “em relação ao regime autoritário chinês, de partido único, onde são constantes as restrições à liberdade e a violação dos direitos humanos, num país onde não existe liberdade de imprensa”.

Numa nota enviada à Lusa, o PAN invocou também a “invasão e a violenta ocupação do Tibete pela China, marcada pela repressão, prisão, desaparecimentos, tortura e assassinatos infligidos ao povo tibetano”.

Acompanham o Presidente da República na sua visita de Estado à China os deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Pela parte do Governo, integram a sua comitiva oficial os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Pequim na sexta-feira, para participar na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infra-estruturas, e ontem iniciou uma visita de Estado à China, que termina esta quarta-feira, em Macau.

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