ONGs exigem libertação do activista Qin Yongmin

Organizações não-governamentais exigiram ontem às autoridades chinesas a libertação “imediata e incondicional” do veterano dissidente chinês Qin Yongmin, condenado na quarta-feira a 13 anos de prisão por subversão

 

“O único ‘crime’ de Qin Yongmin foi criar um grupo de supervisão de direitos humanos para impulsionar reformas pacíficas na China”, afirmou, em comunicado, a directora da Human Rights Watch (HRW) na China, Sophie Richardson.

Na quarta-feira, um tribunal da cidade de Wuhan, no centro da China, considerou Yongmin culpado do crime de “subversão do poder do Estado”, frequentemente usado pelo Governo chinês para prender dissidentes. A HRW pediu às autoridades chinesas a libertação “imediata e incondicional” porque a acusação “é injusta” e a sentença “terrivelmente dura”, que mostra “o desapreço do Governo chinês pelos direitos humanos”, segundo o comunicado.

Qin foi um dos fundadores do Partido Democrático Chinês, banido pelo regime comunista logo após ter sido criado. Durante a sua extensiva luta pela defesa dos direitos humanos, 22 anos foram passados em prisões ou com privação parcial de liberdade.

A organização chinesa Defensores dos Direitos Humanos (CHRD) também criticou a condenação de Qin, que considerou “injusta e arbitrária”, e apelou aos especialistas das Nações Unidas que tomem medidas para exigir a libertação de Yongmin ao regime comunista. “O Governo chinês mais uma vez profanou os padrões internacionais dos direitos humanos, que a China tem a obrigação de defender como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU”, frisou a organização, em comunicado.

 

Processo kafkiano

Durante o julgamento, as autoridades negaram os “direitos básicos” a Yongmin, incluindo o direito a um advogado sem “interferência política”, indicou.

“Ao punir Qin Yongmin com tanta força, o Governo de Xi Jinping [Presidente chinês] reforça os sinais de que está determinado a esmagar as ONG de defesa dos direitos humanos e da sociedade civil no país”, alertou a mesma organização.

Qin, de 64 anos, é considerado um dos dissidentes mais veteranos da China, desde 1979 participou de movimentos pró-democracia na sua cidade, Wuhan, e liderou uma publicação com ideias reformistas chamada “Campana”.

Na quarta-feira, a Amnistia Internacional (AI) considerou a sentença “chocante e dura” contra um activista veterano que “simplesmente exerceu a liberdade de expressão”, logo depois de a libertação de Liu Xia “ter dado alguma esperança”. Um dia antes, a poeta e viúva do dissidente chinês e Nobel da Paz Liu Xiaobo, que morreu em Julho de 2017, foi autorizada a deixar a China depois de oito anos em detenção domiciliária em Pequim.

13 Jul 2018

China | Cadeia Luckin Coffee avaliada em mais de mil milhões de dólares

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chinesa Luckin Coffee tornou-se a primeira ‘startup’ do país no ramo do café a ser avaliada em mais de mil milhões de dólares, ilustrando o ‘boom’ do consumo de café no antigo “império do chá”.

A cadeia de cafés conseguiu angariar 200 milhões de dólares numa rodada de financiamento, numa altura em que tenta desafiar a posição dominante da multinacional norte-americana Starbucks no país asiático. Fundada em 2017, a Luckin diz ter aberto mais de 500 lojas na China, nos últimos cinco meses, com preços 30 por cento inferiores aos praticados pela cadeia norte-americana e entregas em escritórios.

Segundo contas do sector, as cadeias de café geraram 22 mil milhões de yuan em receitas, no ano passado, na China. Até 2020, aquele valor deve aumentar para 28 milhões de yuan. O Starbucks tem 3.300 estabelecimentos na China e os britânicos do Costa Coffee 420. O grupo português Delta Cafés, presente há alguns anos em Macau, também já está estabelecido em Xangai, desde o final de 2013, através de uma parceria com um distribuidor local de produtos alimentares.

12 Jul 2018

Comércio | Pequim considera taxas de Washington inaceitáveis e vai retaliar

A China considerou ontem “totalmente inaceitável” a decisão dos Estados Unidos de imporem novas taxas alfandegárias sobre produtos chineses e anunciou que adoptará as “contramedidas necessárias”, confirmando uma guerra comercial entre os dois países

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s relações entre as duas maiores potências económicas mundiais continuam a ferra-e-fogo. Depois do anúncio de imposição de novas taxas sobre produtos chineses, Pequim respondeu na mesma moeda. “A atitude dos Estados Unidos prejudica a China, o mundo e a eles próprios. Esta conduta irracional não pode ter apoio”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio chinês, em comunicado.

Pequim está “chocado” com a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de impor novas taxas, de 10 por cento, sobre um total de 200 mil milhões de dólares (170 mil milhões de euros) de bens importados da China.

A China vai denunciar a “conduta unilateral” dos EUA na Organização Mundial do Comércio, indicou o mesmo comunicado, acrescentando, sem avançar pormenores, que o Governo chinês, em defesa dos interesses essenciais do país, “terá que tomar as contramedidas necessárias”.

Milhões e milhões

O anúncio de Washington surgiu poucos dias depois da entrada em vigor nos Estados Unidos de taxas alfandegárias, de 25 por cento, sobre um total de 34 mil milhões de dólares (30 mil milhões de euros) de bens importados da China.

Esta foi a primeira de uma série de medidas retaliatórias de Washington contra alegadas “tácticas predatórias” de Pequim, que visam o desenvolvimento do sector tecnológico chinês.

A administração norte-americana acusou a China de roubo de tecnologia e de exigir às empresas estrangeiras que transfiram ‘know how’ em troca de acesso ao mercado. Trump quer ainda uma balança comercial mais equilibrada com o país asiático. Pequim retaliou ao adoptar taxas alfandegárias sobre o mesmo valor de importações oriundas dos EUA, sobretudo produtos agrícolas.

12 Jul 2018

Filipinas | Denúncias de envolvimento da polícia em casos de abusos sexuais

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma organização filipina denunciou ontem o envolvimento de pelo menos 33 agentes da polícia em 13 casos de abusos sexuais de mulheres desde Janeiro de 2017. Neste período, o Centro de Recursos para a Mulher (CWR) documentou até 13 casos de abusos: oito violações, em que estão implicados 16 agentes, três casos de actos lascivos, um caso de assédio e outro de abuso sexual com violência.

De acordo com o CWR, metade destes casos ocorreram no contexto da guerra antidrogas do Presidente filipino, Rodrigo Duterte. Desde Julho de 2016, mais de 4200 suspeitos foram abatidos pela polícia do arquipélago.

“A violência perpetrada pelo Estado contra as mulheres é alarmante. Reflecte quão abusivas se tornaram as autoridades sob um regime que envia sinais de impunidade às suas forças armadas e ignora descaradamente os direitos humanos da mulher”, segundo um comunicado da directora do CWR, Jojo Guan. Para Guan, esta campanha antidroga transformou-se “numa desculpa para abusos sexuais”, perpetrados durante as operações anti-tráfico.

Dos sete casos registados no âmbito da guerra contra as drogas, contam-se quatro violações e três casos de actos lascivos.

Duterte e o ex-director da polícia nacional filipina Ronald Dela Rosa, no cargo até Maio passado, defenderam que toxicodependentes foram responsáveis pelas violações e justificaram o papel da guerra anti-droga para atacar este problema.

12 Jul 2018

Japão | Governo anuncia 199 mortes, primeiro-ministro visita zonas mais afectadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo nipónico elevou ontem para 179 o número de mortos relacionados com as chuvas torrenciais no oeste do Japão, para onde o primeiro-ministro, Shinzo Abe, viajou esta manhã para visitar as zonas mais afectadas.

De acordo com o porta-voz do Governo, Yoshihide Suga, Shinzo Abe encontra-se em Kurashiki, na província de Okayama, uma das mais devastadas pelas inundações, a par de Hiroshima. O governante cancelou as viagens à Europa e Médio Oriente, agendadas para esta semana.

Além das 179 mortes confirmadas, as autoridades dão conta de pelo menos nove desaparecidos. A imprensa japonesa fala em mais de 50. “Este é o pior desastre relacionado com as chuvas torrenciais no arquipélago desde 1982”, recordou Suga, na terça-feira.

As chuvas intensas registadas desde sexta-feira provocaram grandes inundações, deslizamentos de terra e outros danos, deixando isoladas muitas pessoas, que não puderam ou não quiseram abandonar as suas casas.

De acordo com Suga, o Governo mobilizou 75 mil militares e equipas de emergência e quase 80 helicópteros para os esforços de busca e resgate.

“Estamos sem água, comida, nada chega aqui”, disse ao jornal Mainich o japonês Ichiro Tanabe, que mora na cidade portuária de Kure. “Vamos ficar todos secos se continuarmos isolados”, advertiu.

Empresas e serviços de entregas disseram que os envios de e para as áreas inundadas foram suspensos ou muito reduzidos, enquanto os supermercados fecharam lojas ou abreviaram horas devido a atrasos na entrega e escassez de mercadorias. Ao início da manhã de ontem, milhares de casas não tinham ainda água potável ou electricidade.

12 Jul 2018

Tailândia | Jovens perderam peso, mas “estão bem de saúde”, diz especialista

As autoridades sanitárias tailandesas indicaram ontem que, embora tenham perdido peso, os jovens resgatados de uma gruta no norte da Tailândia “estão bem de saúde”

Por João Carreira, jornalista da agência Lusa 

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ara o inspector de saúde pública Thongchai Lertwilairatanapong, as 12 crianças e o treinador “cuidaram bem de si mesmos”, durante os 18 dias em que estiveram presos na gruta. O responsável indicou que o treinador e um dos últimos jovens a serem resgatados contraíram uma “leve infeção pulmonar”. Do primeiro grupo a ser resgatado, no domingo, dois apresentaram os mesmos sintomas, acrescentou.

Na terça-feira à noite, no terceiro dia das operações de resgate na gruta, o salvamento das 12 crianças e do treinador de futebol suscitou imediatas reacções à escala mundial, com vários líderes internacionais a celebrarem o feito. O grupo ficou preso numa gruta durante 18 dias, metade dos quais sem acesso a água potável e a comida.

Entretanto, a vida quotidiana aguarda impaciente o retorno dos jovens à normalidade. Arthittaya Kunadoi, umas das amigas de escola de seis das crianças resgatadas da gruta na Tailândia, disse à Lusa que está ansiosa por lhes “dar um abraço” e “conforto” quando regressarem, recuperados e de boa saúde. Com a ajuda de uma colega que fala inglês, a rapariga de 15 anos explicou que o desfecho feliz de terça-feira a deixou “muito contente e agradecida”, depois de dias de incerteza quanto à sobrevivência dos amigos. Arthittaya Kunadoi é uma das estudantes na Maesaiprasitsart School, que tem 2.827 alunos, e falou como ‘porta-voz’ do grupo de amigos.

Dois deles, “tomaram notas durante as aulas, só para serem entregues a eles quando voltarem”, frisou, corroborando as palavras de um responsável da escola que disse à Lusa estar em preparação um plano de estudos especial para os alunos. “Temos em elaboração um programa especial de recuperação das actividades escolares que ajude esses alunos nos estudos” e “estamos a preparar uma recepção de boas-vindas com a ajuda dos estudantes, dos professores e dos funcionários”, disse Mongkorchai Khochom.

“Estou muito feliz pelo desfecho”, mas foi “difícil gerir o interesse e a ansiedade dos alunos” durante os 18 dias que passaram, desde que os colegas ficaram presos numa gruta em Mae Sai, acrescentou o assistente do director.

Festa de boas-vindas

Os estudantes estão a criar cartões com todo o tipo de mensagens de encorajamento para serem entregues aos amigos que deixaram de aparecer na escola desde 23 de junho e que podem ainda necessitar de tratamento médico mais prolongado, em resultado das extremas condições que viveram no interior do complexo subterrâneo, a quatro quilómetros da entrada da gruta.

“É claro que cheguei a pensar que podia não os ver mais, mas tentei concentrar-me apenas em pensamentos positivos”, sublinhou a estudante, Arthittaya Kunadoi.

Já o assistente do director, Mongkorchai Khochom, afirmou que “sempre acreditou num final feliz”, confiante no facto de serem atletas, “corajosos, pacientes e obedientes” à liderança do treinador da equipa de futebol (Wild Boars).

12 Jul 2018

Japão | Enfermeira afirma ter envenenado 20 pacientes

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma antiga enfermeira de um hospital num subúrbio de Tóquio, detida sob suspeita de ter matado um paciente, disse aos investigadores que envenenou cerca de 20 pessoas, segundo os meios de comunicação japoneses.

Ayumi Kuboki, 31 anos, foi detida neste sábado no âmbito de uma investigação sobre a morte de um homem de 88 anos num hospital perto de Tóquio, afirmou ontem a polícia japonesa, sem disponibilizar mais detalhes sobre a investigação.

Suspeita de ter injectado desinfectante nas bolsas de administração intravenosa de um paciente em 2016, Kuboki admitiu à polícia que fez o mesmo a mais 20 pacientes, segundo reportaram os meios de comunicação japoneses. De acordo com a comunicação social, a polícia japonesa detectou a presença de desinfectante nos corpos de mais quatro pacientes, com idades compreendidas entre os 70 e 80, que morreram no hospital num curto espaço de tempo.

Um líquido semelhante foi também detectado no equipamento de infusão intravenosa.

Kuboki explicou que pretendia que as mortes dos pacientes não ocorressem durante os seus turnos. “Explicar aos familiares a morte de um parente durante as minhas horas de serviço era muito difícil”, disse Kuboki aos investigadores, citada pela agência de notícias japonesa Jiji. Foram registados, nos últimos anos, vários casos de assassínios de pacientes em centros de cuidados de saúde

12 Jul 2018

Direitos humanos | Libertação de Liu Xia vista como jogada política da China

Em prisão domiciliária há oito anos sem ter sido acusada de qualquer crime por parte das autoridades chinesas, Liu Xia, a viúva do activista Liu Xiaobo, já está em Berlim. Analistas dizem que esta foi uma manobra política da China para se aproximar dos parceiros europeus, numa altura em que se intensifica a guerra comercial com os Estados Unidos

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o passado dia 8 de Abril disse estar pronta para morrer caso fosse necessário, mas ontem chegou a Berlim, capital da Alemanha, com um sorriso rasgado nos lábios e braços abertos prontos a abraçar um novo mundo. Liu Xia, a viúva do activista de direitos humanos Liu Xiaobo, falecido em Junho do ano passado, conseguiu finalmente sair da China onde permanecia em prisão domiciliária desde 2010, apesar de nunca ter sido formalmente acusada de qualquer crime. Pelo contrário, o seu marido foi acusado pelas autoridades chinesas do crime de subversão em 2009.

A China anunciou a saída de Liu Xia do país com o argumento de que iria procurar tratamento médico na Alemanha, uma vez que há vários anos que Liu Xia vem sofrendo de depressão grave. Ontem, à chegada ao aeroporto de Berlim, a viúva do activista foi recebida por membros da Amnistia Internacional (AI), que há muito vinham clamando pela sua libertação.

“A AI tem vindo a trabalhar no seu caso durante tanto tempo que estamos aliviados e felizes pelo facto de ela estar finalmente livre”, disse Sara Fremberg, porta-voz da AI, citada pelas agências internacionais.

A libertação aconteceu quando o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, se encontrava numa visita oficial à Alemanha, e muitos analistas acreditam que a libertação de Liu Xia não é mais do que uma manobra política de Pequim para se aproximar dos países europeus, uma vez que a guerra comercial com os Estados Unidos se tem vindo a intensificar. Além disso, acontece na próxima semana a Cimeira União Europeia – China.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, garantiu em conferência de imprensa de que não se pode fazer a ligação entre um caso de direitos humanos e uma política do foro económico.

“Ela [Liu Xia] foi para a Alemanha para receber tratamento médico pela sua própria vontade. Sobre a possibilidade de esse assunto estar relacionado com a visita diplomática de alto nível que decorre nesta altura, não vejo nenhuma ligação”, referiu.

De frisar que, em Maio, a chanceler alemã realizou uma visita oficial à China onde, além de procurar pontes económicas e um equilíbrio diplomático entre o país e os Estados Unidos, também abordou a questão dos direitos humanos.

A organização não governamental Human Rights Watch acreditava que já nessa altura Angela Merkel poderia levar consigo Liu Xia para a Alemanha, depois da chanceler se ter reunido com as mulheres de dois advogados da área dos direitos humanos detidos: Li Wenzu, mulher do advogado Wang Quanzhang, detido em Julho de 2015, e Xu Yan, esposa de Yu Wensheng, processado no início do ano por ter solicitado eleições livres.

Em declarações recentes, Li Keqiang, primeiro-ministro chinês, deixou claro de que o país está disposto a olhar mais para a questão dos direitos humanos. “Devemos respeitar o humanitarismo e seguir os princípios humanitários. Estamos dispostos a dialogar com a Alemanha.”

Irmão permanece na China

Na visão de Bill Chou, especialista em ciência política da Universidade Chinesa de Hong Kong, o interesse económico está por detrás da libertação de Liu Xia. “Em primeiro lugar esta libertação deve-se ao esforço de Angela Merkel que fez uma pressão constante. Recentemente, a China tem vindo a mostrar interesse em juntar-se à Europa tendo em conta a guerra comercial com os Estados Unidos. A China tem poucos incentivos para confrontar a Europa neste momento”, defendeu.

Também um representante do “Liu Xia Concern Group”, baseado em Hong Kong, que não se quis identificar, disse ao HM que a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos “é definitivamente um factor que acelerou o processo de libertação”, embora as negociações “decorram há bastante tempo”.

Nesta luta pela liberdade de Liu Xia, que sempre foi um dos temas fortes das manifestações em Hong Kong, há ainda uma outra questão a ter em conta: o seu irmão, Liu Hui, que continua na China onde cumpre pena de prisão domiciliária desde 2013 por fraude. Foi ele que anunciou nas redes sociais que a sua irmã tinha sido libertada, e que, na Europa, ela pode começar “uma nova vida”.

“Agradeço às pessoas que se preocuparam com ela e que a ajudaram nestes anos (…) Desejo paz e alegria para a sua vida futura”, referiu nas redes sociais.

Para o representante do “Liu Xia Concern Group”, “ele é, sem dúvida, um refém”. Já Bill Chou não está certo “até onde é que Angela Merkel foi para pressionar a libertação de Liu Hui”. “Tal como Liu Hui disse ao jornal Apple Daily, será necessário algum tempo para clarificar o obstáculo antes da sua reunião com a irmã”, acrescentou o académico.

Numa altura em que a China acaba de prender outro activista veterano (ver caixa), o representante do “Liu Xia Concern Group” considera fundamental que a Europa continue a pressionar Pequim relativamente à questão dos direitos humanos.

“Claro que devem continuar a pressionar a China e falar publicamente no apoio que deve ser dado aos direitos humanos e activistas democráticos na China. Precisamente hoje foi detido o activista Qin Yongmin, sentenciado a 13 anos de prisão apenas pela sua advocacia pacífica. A União Europeia (UE) e outros países deveriam falar mais em casos semelhantes.”

Ainda assim, “neste caso particular da Liu Xia, a pressão não deverá acontecer até que Liu Hui seja liberto”.

Deputados da AL aplaudem

Na imprensa chinesa local foram poucas as linhas que se escreveram sobre a libertação de Liu Xia, à excepção das publicações Macau Concelears e All About Macau, mais ligadas ao movimento pró-democrata.

Para o deputado Sulu Sou, ligado à Associação Novo Macau, a libertação da viúva do Prémio Nobel da Paz serviu, sobretudo, para a China aumentar a sua influência e contactos na Europa.

“Para ela são boas notícias, e todos nós estávamos preocupados sobre a questão da saúde, e espero que ela tenha uma boa e nova vida na Europa. O conflito comercial entre a China e os Estados Unidos pode ter sido uma das razões para a libertação de Liu Xia por parte das autoridades chinesas. Serviu de moeda de troca, porque acredito que esta é a altura ideal para libertar Liu Xia.”

Sulu Sou acrescenta ainda que “as autoridades chinesas estão a tentar aproximar-se da Europa, sobretudo da Alemanha, tendo em conta que Li Keqiang fez uma visita oficial esta semana ao país. Não nos podemos sentir aliviados com a libertação de Liu Xia, porque há muitas pessoas que lutam pelos direitos humanos, incluindo advogados, e muitos continuam na prisão. É apenas um caso que devemos observar no futuro, mas nesta fase não vejo que haja optimismo em termos da situação dos direitos humanos na China”.

Também o deputado José Pereira Coutinho aplaudiu a libertação de Liu Xia. “Vejo isso como uma medida extremamente importante. Tenho a ideia de que o Homem é universal e deve-se respeitar as opiniões individuais de cada um, ainda mais no caso de uma senhora que está doente. A Alemanha é um dos países europeus com um sistema de medicina muito avançado. Espero que ela recupere e retome a sua vida normal em liberdade, paz e saúde. É um acho que fica muito bem à China.”

Já Agnes Lam defende que se trata de um sinal de “algum progresso e abertura do Governo chinês”. “É algo bom para ela, porque era o que ela queria”, frisou.

UE fala em “avanço positivo”

Ontem a UE aplaudiu, em Pequim, a libertação de Liu Xia, tendo considerado esta acção como sendo “um avanço positivo” num país onde a situação dos direitos humanos é “ainda preocupante”.

Uma delegação europeia concluiu, esta terça-feira, uma nova ronda de diálogos sobre direitos humanos na capital chinesa, em encontros de preparação para a cimeira entre os líderes de Pequim e Bruxelas, na próxima segunda-feira.

Durante as reuniões, a UE abordou com as autoridades chinesas o caso de Liu Xia, que deixou na terça-feira a capital chinesa com destino a Berlim, na Alemanha, para receber tratamento médico.

“É um avanço positivo que há muito procurávamos”, indicou em comunicado a embaixada da UE na China. Apesar deste progresso, a UE sublinhou a “deterioração da situação dos direitos civis e políticos na China, acompanhada pela detenção e condenação de um número significativo de defensores dos direitos humanos chineses”.

Neste sentido, pediu às autoridades chinesas que libertem dezenas de activistas e defensores dos direitos humanos sob custódia, como o livreiro Gui Minhai, natural de Hong Kong e com passaporte sueco, preso em Janeiro durante uma viagem de comboio a Pequim.

A UE insistiu, ainda, na necessidade de investigar alegações de tortura de detidos, às quais as autoridades devem garantir o acesso a um advogado, visitas familiares e assistência médica. A pena de morte, a detenção arbitrária e as restrições à liberdade de expressão e associação na China foram outras das questões abordadas durante o diálogo.

Por sua vez, Pequim insistiu que o gigante asiático conseguiu um “enorme avanço” nos direitos humanos nos últimos cinco anos. “A Europa foi convidada a examinar as conquistas da China em direitos humanos e a realizar intercâmbios de direitos humanos com a China, com base na igualdade e respeito mútuo”, lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

 

 

Subversão | China condena veterano activista a 13 anos de prisão

A justiça chinesa condenou ontem a 13 anos de prisão um veterano activista pelos direitos humanos, por “subversão contra o poder do Estado”, um dia após ter libertado a viúva do Nobel da Paz Liu Xiaobo. Um tribunal da cidade de Wuhan, centro da China, anunciou a sentença de Qin Yongmin no seu portal oficial electrónico, citando um delito frequentemente utilizado pelo regime chinês contra dissidentes.

A condenação surge um dia depois de organizações de defesa dos direitos humanos e a comunidade internacional celebrarem a libertação de Liu Xia, detida desde que o marido ganhou o Nobel da Paz, em 2010, apesar de não existir qualquer acusação judicial formal contra ela. “É realmente chocante ver uma sentença tão dura contra um activista veterano que simplesmente exerceu a sua liberdade de expressão, após [a libertação] de Liu Xia dar alguma esperança”, afirmou Patrick Poon, investigador da Amnistia Internacional, citado pela agência EFE.

Qin foi um dos fundadores do Partido Democrata da China, proibido pelo regime comunista pouco depois da sua criação. Em 2015, foi detido após ser acusado de “incitar a subversão contra o poder estatal”, após ter escrito textos sobre a democracia e activismo.

A defesa pelos direitos humanos levou-o já a passar, no total, 22 anos na prisão ou privado de liberdade. Entre 1981 e 1989 esteve preso e, entre 1993 e 1995, cumpriu dois anos de “reeducação” pelo trabalho, após colaborar na redacção da “Carta da Paz”, na qual apelou ao Governo chinês que revisse a sua posição sobre a sangrenta repressão do movimento de Tiananmen.

12 Jul 2018

Dois feridos e 3.430 pessoas em abrigos à passagem do tufão Maria por Taiwan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão Maria por Taiwan causou dois feridos e mais de três mil pessoas foram retiradas para abrigos, foi hoje anunciado.

De acordo com o centro de resposta a desastres do Governo da ilha, duas pessoas foram atingidas por ramos de árvores, em Taipé, na terça-feira.

Um total de 3.430 pessoas tinham sido retiradas de suas casas em nove cidades até esta manhã para evitar serem apanhadas em aluimentos de terra desencadeados pela chuvas fortes, acrescentou o centro.

Do outro lado do estreito da Formosa, escolas e fábricas nas zonas costeiras na província de Fujian, cuja capital Fuzhou fica a cerca de 730 quilómetros de Macau, foram encerradas e dezenas de milhares de pessoas foram retiradas para abrigos, enquanto milhares de barcos de pesca regressaram aos portos.

Entretanto, na província chinesa de Sichuan (leste), chuvas torrenciais e aluimentos de terra obrigaram ao encerramento de destinos turísticos populares como o monte Emei e Jiuzhaigou.

11 Jul 2018

Tailândia | Missão cumprida e gente feliz, sem lágrimas

Por João Carreira, enviado da agência Lusa

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o ‘acampamento’ onde os voluntários deram alimento às equipas de socorro em troca de esperança no sucesso da missão a noite terminou 18 dias depois num ambiente festivo e com muita gente feliz, sem lágrimas.

“Este era o dia que todos esperávamos e para o qual trabalhámos muito”, sublinhou uma das voluntárias, com a mesma tranquilidade e convicção com que garantira à Lusa, no dia anterior, que “tudo ia correr bem”, entre preces e orações que lhe deram forças para aguentar as cerca de 12 horas de esforço diário desde que as operações de resgate tiveram início.

À passagem de um helicóptero, de uma ambulância, de um jornalista que empunhasse uma câmara fotográfica ou de televisão, multiplicaram-se os acenos, os sorrisos e os ‘vivas’, sem qualquer embargo na voz e sempre com uma serenidade singular.

A notícia de que todos estavam bem e a salvo, no exterior da gruta, pairou durante a tarde em Mae Sai, cidade da província de Chiang Rai, e foi recebida inicialmente sem particular ou visível excitação.

Ao cair da noite, e com a chegada prevista do líder da célula de crise, Narongsak Osatanakorn, as manifestações de contentamento abriram caminho para uma conferência de imprensa na qual o responsável se permitiu expressar de forma mais expansiva, chamar o seu ‘staff’ para uma fotografia de grupo com uma dedicatória especial a toda a equipa de resgate, à monarquia tailandesa, aos voluntários e à mais de uma centena de jornalistas de todo o mundo.

“Fizemos uma coisa que ninguém pensava ser possível”, atirou Narongsak Osatanakorn antes de abandonar o ‘acampamento’ improvisado pelas autoridades, com um ar de felicidade estampado no rosto, perseguido pelos ‘media’ até à carrinha que o levaria ainda, e de novo, para o teatro das operações.

Antes, a página da marinha tailandesa expressava alguma da espiritualidade que pareceu acompanhar as pessoas que no centro logístico tiveram alguma interação com os jornalistas: “Não sabemos se foi um milagre, se foi a ciência, ou seja o que for. O importante é que os 13 javalis selvagens estão a salvo”, escreveram, numa alusão ao nome da equipa de futebol resgatada, os ‘Javalis Selvagens’.

De resto, o resgate das 12 crianças e do seu treinador de futebol, que estiveram presos numa gruta na Tailândia mais de duas semanas, suscitou hoje uma reação de júbilo à escala mundial, com vários líderes internacionais a celebrarem o feito.

Recorde-se que o grupo ficou preso numa gruta durante 18 dias, metade dos quais sem acesso a água potável e a comida.

Os 12 rapazes, entre os 11 e os 16 anos, e o seu treinador, de 25, foram explorar a gruta depois de um jogo de futebol no dia 23 de junho.

Na altura, as inundações resultantes das monções bloquearam-lhes a saída e impediram que as equipas de resgate os encontrassem durante nove dias, uma vez que o acesso ao local só era possível via mergulho através de túneis escuros e estreitos, cheios de água turva e correntes fortes.

Nas operações de socorro participaram 90 mergulhadores, 40 tailandeses e 50 estrangeiros.

O local onde os jovens ficaram presos estava localizado a cerca de quatro quilómetros da entrada da gruta, num complexo de túneis com zonas muito estreitas e alagadas pelas chuvas da monção que afetaram a zona, o que obrigou a que parte do percurso tivesse que ser feito debaixo de água e sem visibilidade.

11 Jul 2018

Tufão Maria | Voos anulados e escolas fechadas em Taiwan

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezenas de voos foram anulados e escolas fecharam ontem em Taiwan à medida que o tufão Maria se aproxima da ilha, trazendo consigo chuvas torrenciais e ventos violentos.

O Maria situava-se a 500 quilómetros a leste da localidade costeira de Yilan (nordeste de Taiwan), com rajadas de vento a atingir os 190 quilómetros por hora (k/h), cerca das 10h, indicaram os serviços de meteorologia. O impacto mais forte do tufão é esperado a partir desta noite e até quarta-feira de manhã, com chuvas que podem atingir os 500 milímetros em algumas zonas, acrescentaram.

As autoridades de Taiwan alertaram para a possibilidade de inundações e aluimentos de terras.

Como medida de prevenção, escolas e repartições públicas vão fechar já esta tarde em cinco localidades, incluindo Yilan, onde a forte ondulação marítima começou a atingia a zona costeira, disseram as autoridades.

Entretanto, a companhia de Taiwan UNI Air anulou cerca de 70 voos internos e duas outras transportadoras cancelaram ligações para a ilha japonesa de Okinawa. A companhia aérea Cathay Pacific anulou mais de uma dezena de voos entre Hong Kong e Taipé, e também Okinawa, ontem e hoje.

O primeiro-ministro de Taiwan pediu às autoridades e aos habitantes para “permanecerem vigilantes” durante a passagem pela ilha do primeiro tufão da estação. William Lai pediu aos residentes que ficassem em casa e cooperassem com as autoridades encarregadas da prevenção.

Taiwan é frequentemente atingida por tufões no verão. No ano passado, mais de uma centena de pessoas ficaram feridas durante a passagem pela ilha da tempestade tropical Nesat, que causou inundações e importantes cortes no fornecimento de electricidade.

11 Jul 2018

Economia | Xi Jinping anuncia apoio milionário aos países árabes

O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu ontem aos países árabes mais de 23 mil milhões de dólares americanos em empréstimos e assistência humanitária, visando reforçar a influência de Pequim na região

 

[dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap] China está preparada para ter um maior papel na paz e estabilidade da região”, afirmou Xi, durante uma conferência com os líderes árabes, na capital chinesa, onde revelou que a Síria, Iémen, Jordânia e Líbano vão receber 91 milhões de dólares em assistência humanitária.

O Presidente chinês referiu ainda a necessidade de abordar a situação na Palestina a apelou às partes envolvidas no conflito em Gaza a que retomem as conversações “o mais rápido possível”, visando alcançar a paz e estabelecer novos mecanismos para trabalhar na mesma direcção. “Devemos dar mais apoio concreto aos palestinianos, quero anunciar 100.000 milhões de yuan em ajuda à Palestina para apoiar os seus esforços de crescimento económico e a sua população”, afirmou Xi.

A China oferecerá ainda assistência aos organismos das Nações Unidas encarregues de apoiar os refugiados palestinianos, acrescentou.

Novo actor

Pequim tem expandido a sua influência entre os países árabes, contrabalançando a Europa e EUA, através da cooperação nos sectores energia, infra-estruturas e comércio.

Xi adiantou que assinará declarações conjuntas de acção visando melhorar a cooperação no âmbito da “Nova Rota da Seda”, um gigantesco projecto de infra-estruturas inspirado nas antigas vias comerciais entre Ásia e Europa.

Lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a “Nova Rota da Seda” inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas. “Isto marca um novo ponto de partida histórico na associação e cooperação entre a China e o mundo árabe”, afirmou.

11 Jul 2018

ONU | Pedida investigação a Seul sobre deserção de 12 norte-coreanas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] relator da ONU para a Coreia do Norte pediu ontem a Seul uma investigação “alargada e abrangente” sobre o caso controverso das 12 norte-coreanas que em 2016 viajaram da China para a Coreia do Sul.

Tomas Ojea Quintana defendeu que as 12 trabalhadoras, que alegadamente desertaram para o Sul, desconheciam “para onde estavam a ir”, conclusão a que chegou depois de entrevistar algumas das norte-coreanas, em Seul, na semana passada. As mulheres abandonaram o restaurante na cidade chinesa de Ningbo em 2016, juntamente com o gerente, e na altura o caso foi noticiado como sendo uma deserção voluntária. Pyongyang, por outro lado, sempre tratou o caso como “um sequestro”.

Em Maio deste ano, o gerente do restaurante norte-coreano admitiu que enganou as empregadas a pedido dos serviços secretos sul-coreanos. Na altura, explicou que tinha começado a trabalhar como informador dos serviços secretos numa altura em que se sentiu desiludido com o regime de Kim Jong-un.

Quintana pediu ao governo sul-coreano que conduza “uma investigação independente e abrangente” para esclarecer o caso e “responsabilizar os responsáveis”.

O relator da ONU não especificou se as mulheres com quem falou manifestaram o desejo de regressar à Coreia do Norte, mas acrescentou que os “seus desejos devem ser respeitados”. “A minha posição como relator de direitos humanos é respeitar as decisões das vítimas e, quando digo vítimas, sugiro que elas tenham sido objecto de algum tipo de engano em relação ao seu destino”, indicou.

11 Jul 2018

Comércio | Exportadores europeus alteram fluxo de bens face a taxas dos EUA

Empresas europeias que exportam a partir da China estão a mudar o fluxo global dos seus produtos, visando evitar as taxas alfandegárias que entraram em vigor nos Estados Unidos, divulgou ontem um grupo empresarial em Pequim

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] entrada em vigor de taxas sobre 34.000 milhões de dólares (29 mil milhões de euros) de importações chinesas está a “atingir imediatamente” empresas que dependem do fluxo internacional de componentes, segundo Mats Harborn, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China.

As empresas estão a “esforçar-se para reajustar as suas cadeias de fornecimento”, para que bens com destino aos EUA não passem pela China, detalhou Harborn, em conferência de imprensa. O responsável detalhou que uma das empresas mudou o acabamento dos seus produtos da China para uma nova unidade nos EUA.

Trata-se da primeira de uma série de medidas retaliatórias de Washington contra alegadas “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.

As taxas, sobre equipamento médico, electrónico e outros produtos abarcam as exportações a partir da China por empresas chinesas, norte-americanas ou europeias. Os governos europeus criticaram os métodos de Trump, mas resistiram aos esforços da China de os recrutar como aliados na disputa.

Gestão de risco

As taxas alfandegárias são “um instrumento perigoso e muito incisivo” para a resolução de disputas, afirmou Harborn. “Nós partilhamos das mesmas preocupações que os Estados Unidos. Mas há formas melhores e menos arriscadas de lidar com os problemas”, acrescentou.

Na segunda-feira, empresas chinesas e alemãs, incluindo a Volkswagen e BASF, assinaram acordos no valor de 20 mil milhões de euros, durante uma visita a Berlim do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Harborn disse que um fornecedor europeu de tecnologia ambiental recebeu um contrato do Governo chinês, em detrimento de um rival norte-americano.

No mesmo dia, o fabricante de automóveis BMW disse que vai aumentar os preços de veículos na China montados nos EUA, depois de Pequim retaliar com o aumento em 25 por cento das taxas sobre automóveis importados do país, para 40 por cento.

A China é o maior mercado automóvel do mundo.

11 Jul 2018

Direitos Humanos | Pequim confirma que viúva de Liu Xiaobo deixou o país

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem que Liu Xia, viúva do Nobel da Paz e activista chinês Liu Xiaobo, abandonou o país com destino à Alemanha, para receber “tratamento médico”, após oito anos em prisão domiciliária.

“Ela viajou para a Alemanha por vontade própria para receber tratamento médico”, informou em conferência de imprensa Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Hua negou que a decisão de Pequim, em permitir a saída de Liu Xia, esteja relacionada com a visita oficial a Berlim do primeiro-ministro, Li Keqiang, esta semana.

Liu Xia encontrava-se em prisão domiciliária desde que o marido ganhou o Nobel da Paz, em 2010, apesar de não existir qualquer acusação judicial formal contra ela.

Liu Xiaobo morreu em Julho do ano passado, aos 61 anos, com cancro do fígado, e sob custódia da polícia. O dissidente chinês esteve detido mais de oito anos por subversão. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelo regime nazi.

No mês passado, organizações não-governamentais (ONG) apelaram aos líderes da União Europeia (UE) para que, durante a cimeira UE-China, exijam a Pequim a libertação de activistas pelos direitos humanos. À data, apelaram para a libertação de Liu Xia. A cimeira UE-China está agendada para 16 e 17 de Julho.

11 Jul 2018

Birmânia mantém julgamento dos dois jornalistas da Reuters

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] justiça birmanesa decidiu ontem que vai avançar com o julgamento dos dois jornalistas da agência Reuters acusados de violação de “segredos de Estado”, no âmbito de uma investigação sobre a “limpeza étnica” da minoria rohingya.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), o juiz encarregado do caso anunciou ontem de manhã a decisão de iniciar o julgamento “sob a lei do segredo de Estado”.

Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram detidos em 12 de Dezembro por terem adquirido “documentos secretos importantes” de dois polícias. Se forem condenados incorrem numa pena de até 14 anos de prisão.

Na investigação que efectuaram, os dois jornalistas citam aldeões budistas que terão participado com soldados no massacre de dez rohingya cativos na aldeia, em 2 de Setembro de 2017. O trabalho dos jornalistas da Reuters foi baseado em testemunhos de aldeões budistas, membros das forças de segurança e familiares das vítimas.

O exército reconheceu, em Abril, que os militares cometeram “execuções extrajudiciais” neste caso, sem admitir que se integrava num plano mais amplo de limpeza étnica, com tem sido referido pela ONU. Alguns dias após a detenção dos dois jornalistas birmaneses, em Dezembro de 2017, o exército reconheceu que soldados e camponeses budistas tinham morto a sangue frio detidos rohingya, na primeira confissão pública após meses de desmentidos.

Feridas antigas

Myanmar (antiga Birmânia) tem estado em convulsão após as acusações de limpezas étnicas feitas pela ONU, na sequência de uma vasta operação do exército no oeste do país, em resposta aos ataques de uma rebelião rohingya em Agosto de 2017. Cerca de 700.000 muçulmanos rohingya que viviam nesta região refugiaram-se no vizinho Bangladesh desde Agosto de 2017 e acusaram os militares e as milícias budistas de diversos crimes, incluindo violações, tortura e mortes.

Os rohingya são o alvo de um movimento nacionalista budista, muito implantado na Birmânia, que os considera uma ameaça. O próprio Governo civil da prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi tem sido relacionado com este ódio anti-rohingya, muito instrumentalizado pela hierarquia das Forças Armadas, durante décadas de regime da junta militar.

10 Jul 2018

China | Valor da indústria florestal ultrapassa os 930 mil milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] valor total da indústria florestal da China ultrapassou os 930 mil milhões de euros, em 2017, informou ontem a Administração Nacional de Silvicultura do país, ilustrando a aposta de Pequim num modelo de desenvolvimento mais sustentável.

No ano passado, foram comercializados na China 127.000 milhões de euros em produtos florestais, disseram funcionários da Administração, durante a Conferência Anual Global do Fórum Ecológico, que decorre na província de Guizhou, no sudoeste do país. Os produtos florestais da China incluem bambu, cogumelos, mel, amoras, sementes, entre outros.

A mesma fonte informou que a indústria criou 52 milhões de empregos, contribuindo em média para 20 por cento do rendimento das populações mais pobres nas regiões montanhosas do país.

A China tem 306,7 milhões de hectares de floresta. Décadas de acelerado crescimento económico causaram sérios problemas ambientais no país, com as principais cidades do país a serem frequentemente cobertas por um manto de poluição e a terem parte dos solos contaminados.

Com cerca de 35 milhões de habitantes, a província de Guizhou é uma das zonas-piloto escolhidas pelo Governo Central para testar políticas ambientais. Situada nos cursos superiores dos rios Yangtse e das Pérolas, a província é conhecida pelas densas florestas e diversidade biológica. É também uma das mais pobres da China, com quatro milhões de habitantes a viverem com menos de 1,90 dólar por dia (1,60 euro).

As autoridades locais têm procurado, no entanto, promover um modelo de desenvolvimento limpo, com uma aposta na indústria de ‘big data’, em detrimento da indústria pesada, atraindo firmas como a Apple, Huawei, Tencent ou Alibaba com incentivos fiscais e mão-de-obra e electricidade baratas.

10 Jul 2018

China | ONG pede justiça para abuso contra advogados dos direitos humanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Chinese Human Rights Defenders (CHRD) apelou ontem a que os membros do regime chinês responsáveis pela repressão contra advogados dos direitos humanos sejam julgados por detenção arbitrária ou tortura.

“Os responsáveis devem prestar contas pela perseguição exercida pelo Governo chinês contra advogados dos direitos humanos”, afirmou a organização em comunicado, quando se cumprem três anos do início da “campanha 709”, que resultou na detenção de mais de 300 activistas chineses.

Desde então, vários advogados envolvidos em casos de direitos humanos ou civis tiveram as suas licenças profissionais suspensas ou retiradas.

No entanto, “nenhum polícia ou funcionário governamental foi investigado ou processado criminalmente pelo seu papel nas violações cometidas contra estes advogados”, afirmou a CHRD.

A organização denunciou a detenção arbitrária, o acesso negado a um advogado durante o período de detenção, prolongamento de prisão preventiva, tortura ou represália contra familiares. “A ausência tanto de justiça para as vítimas como de julgamento das autoridades que ordenaram ou levaram a cabo [estes abusos] acompanharam o aumento da perseguição a advogados”, acrescenta.

Em Maio, a CHRD apresentou provas para que fossem impostas sanções contra o antigo responsável pela polícia da cidade portuária de Tianjin, segundo a lei norte-americana que autoriza o Presidente dos EUA a bloquear ou retirar vistos e impor sanções a cidadãos estrangeiros que violem os direitos humanos.

Zhao Fei, que é agora membro do governo de Tianjin, era o responsável pela polícia local durante a campanha 709, e esteve envolvido em 19 casos de abusos graves, segundo a CHRD.

Em Dezembro de 2017, o Governo norte-americano puniu com sanções Gao Yan, funcionário da polícia de Pequim, por estar ligado à detenção e morte sob custódia da dissidente Cao Shunli, após lhe ter negado acesso a tratamento médico.

10 Jul 2018

Tecnologia | Fabricante de ‘smartphones’ Xiaomi na bolsa de Hong Kong

As acções do fabricante chinês de ‘smartphones’ Xiaomi caíram 2,9 por cento, na estreia na bolsa de Hong Kong, numa altura de crescentes fricções comerciais entre Washington e Pequim, que têm abalado as praças financeiras mundiais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s acções da Xiaomi abriram com uma cotação de 16,5 dólares de Hong Kong (1,3 euros), abaixo dos 17 dólares previstos na oferta inicial.

O fundador da Xiaomi, Lei Jun, reconheceu que a saída em bolsa da empresa ocorre num “momento crítico” das relações comerciais entre a China e os Estados Unidos, motivado pela política de Pequim para o sector tecnológico, e que tem causado volatilidade nas bolsas em todo o mundo.

“Apesar das condições macroeconómicas, que estão longe de ser as ideais, acreditamos que uma grande empresa pode enfrentar o desafio e diferenciar-se”, disse.

Antes da saída em bolsa, a empresa previu fixar o seu valor de mercado em 54.000 milhões de dólares (46.000 milhões de euros), aquém da proposta inicial de 100 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros), que caso se confirmasse seria a maior oferta pública inicial dos últimos anos, a nível mundial.

Contra-corrente

A empresa, com sede em Pequim, é a quarta maior fabricante do mundo de ‘smartphones’ por quantidade de produção, segundo a unidade de pesquisa International Data Corp. A marca chinesa é já comercializada em Portugal em várias lojas, e também em espaços de venda próprios.

Na sexta-feira entraram em vigor nos Estados Unidos as taxas alfandegárias sobre um total de 34.000 milhões de dólares de bens importados da China. Esta é a primeira de uma série de medidas retaliatórias de Washington contra alegadas “táticas predatórias” por parte de Pequim, que visam desenvolver o sector tecnológico, nomeadamente forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

A China prometeu punir as exportações norte-americanas no mesmo valor, suscitando receios de uma guerra comercial total entre as duas maiores economias do mundo.

10 Jul 2018

Tailândia | Resgatadas oito das doze crianças presas em gruta

No domingo, as equipas de resgate conseguiram retirar quatro dos 12 elementos da equipa de futebol Wild Boars que ficaram presos na gruta Tham Luang, situada na província de Chiang Rai, no Norte da Tailândia. Ontem, até à hora do fecho da edição, foram resgatadas mais quatro crianças, antes das operações voltarem a ser suspensas

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades tailandesas confirmaram ontem que foram retirados mais quatro rapazes da gruta na Tailândia, num momento em que foram suspensas as operações de resgate do grupo. Citado pela AP, um oficial da marinha tailandesa confirmou que são oito o total de crianças resgatadas com vida da gruta.

As autoridades tailandesas têm recusado prestar informações aos jornalistas, mas várias testemunhas indicam que pelo menos quatro ambulâncias saíram hoje do perímetro de segurança em torno da zona de entrada na gruta.

As oito crianças que foram resgatadas na Tailândia estão bem de saúde, disseram ontem as autoridades numa conferência de imprensa.

Poucas horas depois de ter começado a segunda fase da operação de resgate, as autoridades tailandesas disseram que a chuva que caiu durante a noite não mudou o nível da água na gruta, onde quatro crianças e o treinador ainda permanecem. No total, ontem foram salvas quatro crianças.

“A segunda operação começou pelas 11h locais [de ontem]”, disse à imprensa o chefe da unidade de crise. Narongsak Osottanakorn, líder da equipa de resgate que tentou ontem retirar o grupo preso na gruta inundada assegurou que anunciaria “boas notícias em poucas horas”.

“Em poucas horas teremos boas notícias” para anunciar, garantiu. Os quatro primeiros rapazes a sair da gruta no domingo, numa operação urgente e perigosa, tiveram de mergulhar e atravessar diversas passagens apertadas e tortuosas da caverna.

Os jovens estão ainda a ser submetidos a diversos exames médicos no hospital e ainda não estão autorizados a entrar em contacto directo com a família. Devido ao perigo de infecções, só puderam ver os familiares através de uma divisória de vidro.

Manhã sem chuva

Uma manhã sem chuvas fortes, depois de uma noite que fez justiça ao tempo das monções que se vive neste período no Sudeste Asiático, afastou os piores receios das autoridades tailandesas.

Manteve-se o silêncio sobre a missão de resgate das crianças e do treinador que se encontram ainda aprisionados numa gruta em Mae Sai, bem como sobre o nível da água em algumas das passagens subterrâneas, mas nas declarações da manhã de ontem, o ministro do Interior da Tailândia disse haver expectativas quanto ao sucesso da missão.

Anupong Paojinda não só informou que são os mesmos mergulhadores que estão a tentar executar a extracção, uma vez que conhecem já o caminho, as condições da gruta e o que fazer, mas também que as crianças estão saudáveis, embora estejam a ser realizados exames médicos mais detalhados.

A cerca de dois quilómetros da gruta, cuja aproximação está proibida desde domingo a cerca de uma centena de jornalistas de uma dezena de países que estão ‘acampados’ num centro de imprensa improvisado pelas autoridades, é possível observar que pelo menos um helicóptero está a ser utilizado na missão e assiste-se a um corrupio de elementos que integram a operação de salvamento, que se dirigem ao espaço que fornece apoio logístico.

O grupo encurralado é composto por jogadores, com idades entre os 11 e os 16 anos, e o treinador, de 25 anos. Os 12 rapazes e o treinador foram explorar a gruta depois de um jogo de futebol no dia 23 de Junho.

Na altura, as inundações resultantes das monções bloquearam-lhes a saída e impediram que as equipas de resgate os encontrassem durante nove dias, uma vez que o acesso ao local só é possível via mergulho através de túneis escuros e estreitos, cheios de água turva e correntes fortes.

Nas operações de socorro participam 90 mergulhadores, 40 tailandeses e 50 estrangeiros. O local onde os jovens ficaram presos situa-se a cerca de quatro quilómetros da entrada da gruta, num complexo de túneis com zonas muito estreitas e alagadas pelas chuvas da monção que afectam a zona, o que obriga a que parte do percurso tenha de ser feito debaixo de água e sem visibilidade.

Grupos de quatro

A ministra dos Negócios Estrangeiros australiana disse acreditar que os jovens retidos numa gruta na Tailândia vão ser retirados em grupos de quatro. Em declarações ao canal de televisão australiano Nine Network, Julie Bishop saudou o resgato de quatro das crianças, no domingo, referindo que quase 20 australianos estão a participar na complexa operação de resgate na gruta inundada de Tham Luang, no norte da Tailândia.

“É altamente perigoso, é muito precário e os nossos pensamentos estão não apenas com os meninos, mas também com as equipes de mergulho e resgate que estão a ajudar”, disse Bishop. A ministra disse que as lições da operação inicial seriam aplicadas nas operações subsequentes.

“É uma notícia maravilhosa e estamos muito aliviados que os quatro meninos tenham sido retirados. Mas o facto de ter levado tantas horas sublinha o quão precária é toda essa missão”, afirmou na governante antes do resgate de mais cinco crianças.

Mergulhadores da Polícia Federal Australiana e da Força de Defesa, juntamente com o anestesista e mergulhador de cavernas Richard Harris, fazem parte da equipa australiana que está envolvida no resgate. Bishop disse que Harris estave envolvido na avaliação médica que determinou que os quatro primeiros meninos estavam aptos o suficiente para nadar para a liberdade.

Déjà vu

O drama do resgate dos mineiros na Tasmânia, Austrália, e no Chile está ‘vivo’ na mente dos povos daqueles países, tornando inevitável a comparação durante a cobertura dos ‘media’ que acompanham na Tailândia o dramático resgate das crianças presas numa gruta, sublinham jornalistas no local.

Antes da conferência de imprensa das autoridades tailandesas para actualizar a informação sobre o estado das crianças e do treinador de futebol presos numa gruta em Mae Sai, na província a norte de Chiang Rai, a jornalista que faz a cobertura para o Canal 12, no Chile, faz questão de destacar, em directo, o que aproxima estes dois casos, apesar da distância geográfica.

À agência Lusa, Flávia Cordella disse que “este caso na Tailândia tem muitas semelhanças com o que se passou no Chile em 2010 com os mineiros”.

“No nosso país tivemos cerca de 70 dias com 33 pessoas debaixo de terra, e todos olharam para o norte do país para assistir à melhor forma de [executar] o resgate”, explicou, salientando que, então, “também se trabalhou arduamente para salvar e para encontrar o melhor caminho” para as operações de socorro.

“Com estas crianças, a [história] é-nos muito próxima”, concluiu a jornalista daquele canal de televisão.

Mesmo 12 anos depois, o repórter do Canal Dez australiano Daniel Sutton garantiu que o drama dos dois mineiros aprisionados após um sismo sentido na Tasmânia ainda está muito ‘vivo’ na mente da população daquele país.

As operações, que demoraram cerca de 15 dias, e o facto de no caso da Tailândia envolver crianças justificam toda a atenção noticiosa mundial, defendeu. “Na mente de todos os australianos, neste momento, está o que aconteceu na Tasmânia há 12 anos. (…) Houve um pequeno sismo e a mina ruiu sobre eles: 14 conseguiram escapar, um morreu, mas dois ficaram presos dentro da mina. E levou duas semanas para esses dois homens serem resgatados”, recordou Sutton.

“Por isso, muitos de nós [australianos] pensamos hoje no que se passou na Tasmânia quando olhamos para estes jovens rapazes na Tailândia. O desfecho foi positivo para esses dois homens na Tasmânia e esperamos que o mesmo suceda aqui, na Tailândia”, disse, confiante.

As idades das crianças reforçam o interesse, acrescentou. “O facto de ter criado o impacto nas pessoas um pouco por todo o mundo e na Austrália é porque estamos a falar de crianças. Todos os países adoram crianças e não interessa em que parte do mundo é que estes rapazes estão. São crianças e precisam de estar em casa com as suas famílias”, sentenciou.

Reportagem de João Carreira, da agência Lusa (com edição)

10 Jul 2018

Coreia do Norte | Sanções vão continuar até à desnuclearização total

O secretário de Estado norte-americano garantiu ontem, em Tóquio, que as sanções em vigor contra Pyongyang vão continuar até à desnuclearização total da Coreia do Norte. Por seu lado, a diplomacia norte-coreana rejeitou as exigências apresentadas pelos Estados Unidos, que considerou “serem semelhantes às de um ladrão”

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós dois dias de conversações entre Mike Pompeo e responsáveis de Pyongyang, o regime de Kim Jong-un considerou, no sábado à noite, que “os Estados Unidos estão a cometer um erro fatal se consideram que a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] deve aceitar exigência semelhantes às de um ladrão”, advertiram as autoridades, através da agência oficial norte-coreana KCNA.

No Japão, à saída de uma reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro Kono, e sul-coreana, Kang Kyung-wha, Pompeo afirmou que as sanções vão ser mantidas até uma “desnuclearização completa e totalmente verificável”.

Para o chefe da diplomacia norte-americana, esta é uma “desnuclearização geral”, que engloba todos os tipos de armas. “Os norte-coreanos compreenderam isso, não houve contestação”, sublinhou.

“Apesar de nos sentirmos encorajados pelos progressos registados nestas conversações, estes avanços não justificam, por si só, uma diminuição do regime de sanções existente”, insistiu Mike Pompeo, destacando a importância de controlar a conclusão do processo. “Haverá uma verificação ligada à desnuclearização completa, foi isso que os Presidentes [Donald] Trump e Kim [Jong-un] acordaram”, na cimeira de Singapura, a 12 de Junho, acrescentou.

Acção & Reacção

Pompeo, que esteve também reunido com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, mostrou-se sereno, apesar da reacção do regime de Kim Jong-un. “O Presidente Trump e eu acreditamos que estes esforços para a paz valem a pena”, reiterou.

A Coreia do Norte classificou ontem como “extremamente lamentável” a atitude dos Estados Unidos durante as conversações mantidas estes dias em Pyongyang com o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, sobre a desnuclearização do regime norte-coreano.

Num comunicado, citado pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap, o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano denunciou igualmente o que caracterizou de “exigências gananciosas” por parte de Washington.

“A atitude norte-americana e as posições assumidas durante as conversações de alto nível na sexta-feira e sábado foram extremamente lamentáveis”, indicou a nota da diplomacia norte-coreana.

Após dois dias de conversações, que tinham como objectivo acordar um plano concreto de desnuclearização, Pyongyang esperava por parte de Washington “medidas construtivas para ajudar a construir confiança” após a cimeira histórica de Junho passado entre os líderes dos dois países, mas a atitude dos Estados Unidos foi “unilateral e forçada”, segundo o mesmo comunicado.

Duas verdades

A posição norte-coreana contrasta com as declarações também proferidas pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que considerou como “muito produtivas” as conversações mantidas estes dias sobre o programa nuclear de Pyongyang.

“São questões complexas, mas realizámos progressos em quase todas as questões centrais, em algumas fizemos muitos progressos, noutras ainda há trabalho a fazer”, afirmou Pompeo, no final das conversações em Pyongyang e antes de prosseguir viagem até Tóquio, mas sem adiantar mais pormenores. “O trabalho que conseguimos na via da desnuclearização completa, estabelecendo uma relação entre dois países, é vital para uma Coreia do Norte mais radiosa e para o sucesso que os nossos Presidentes exigem de nós”, prosseguiu o secretário de Estado norte-americano.

No comunicado divulgado no fim-de-semana, a diplomacia da Coreia do Norte referiu que o regime de Pyongyang reiterou o pedido para um desarmamento “gradual”, justificando que esse seria o caminho mais rápido para conseguir a desnuclearização da península coreana, uma vez que “rompia corajosamente com os métodos fracassados do passado”.

Também rejeitou as exigências apresentadas pelos Estados Unidos, que considerou “serem semelhantes às de um ladrão” e contrárias “ao espírito da cimeira” ocorrida no mês passado em Singapura entre os líderes norte-americano e norte-coreano, Donald Trump e Kim Jon-un.

9 Jul 2018

Japão | Confirmados mais de 70 mortos provocados por chuvas torrenciais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas de emergência japonesas continuam o resgate e busca de dezenas de desaparecidos nas inundações e desabamentos causados pelas chuvas torrenciais que fustigam o sul do país, registando-se já 73 mortos confirmados, segundo o governo nipónico.

De acordo com os últimos dados oficiais divulgados pela televisão estatal NHK e citados pela agência EFE, continuam desaparecidas mais de 60 pessoas, temendo-se que o número de mortos aumente, devido à quantidade de vítimas que se encontram em situação de paragem cardio-respiratória. O porta-voz do Governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou que foram recebidas mais de uma centena de chamadas alertando para que as chuvas estão a arrastar os automóveis e a provocar outros acidentes. Cerca de 40 helicópteros encontram-se em missões de socorro.

A agência meteorológica do Japão indicou que a precipitação ultrapassou um metro de altura após quase uma centena de horas em várias regiões, no valor mais alto desde que estes registos começaram a ser feitos em 1976.

A contagem das vítimas tem sido dificultada pelas vastas áreas afectadas por chuvas, inundações e aluimentos de terras. Mais de quatro milhões de habitantes receberam ordens para abandonarem as suas casas, instruções nem sempre respeitadas por, às vezes, ser já impossível ou demasiado perigoso seguir estas ordens. As autoridades alertaram para a ocorrência de aluimentos de terras mesmo depois da diminuição da chuva.

As zonas mais atingidas são as prefeituras de Okayama, Hiroshima e Ehime, onde várias pessoas foram encontradas mortas, na sequência de aluimentos de terras e inundações, de acordo com a agência noticiosa japonesa Kyodo.

O Japão não vivia um desastre assim desde Agosto de 2014, quando 77 pessoas morreram em Hiroshima devido às chuvas torrenciais.

9 Jul 2018

Tailândia | Confirmado resgate de quatro crianças presas em gruta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder das operações de resgate do grupo preso numa gruta na Tailândia confirmou ontem que quatro das 12 crianças foram resgatadas, afirmando que a operação estaria temporariamente suspensa até à manhã de hoje.

O responsável e governador da região de Chiang Rai (onde fica localizada a gruta), Narongsak Osottanakorn, falava numa conferência de imprensa realizada no hospital para onde foram transportados os menores salvos até ao momento.

Segundo o governador, as equipas de resgate precisavam de pelo menos dez horas para preparar a próxima etapa da operação. “Está a ser mais bem-sucedido do que eu esperava. Todas as pessoas estão felizes”, declarou o governador, citado pelos ‘media’ internacionais.

Cinquenta mergulhadores estrangeiros e 40 mergulhadores tailandeses estão envolvidos na operação de resgate. Cada criança está a ser escoltada por dois mergulhadores.

No interior da gruta, na localização original, ainda permanecem oito menores e o treinador de futebol das crianças. A operação de retirada dos 12 jovens, com idades entre os 11 e os 16 anos, e do seu treinador de futebol, de 25 anos, presos numa gruta inundada no norte da Tailândia há 15 dias, começou ontem.

9 Jul 2018

Tailândia | Xi Jinping pede reforço nas buscas de 23 turistas desaparecidos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês pediu no sábado que seja feitos todos os esforços possíveis nas buscas pelos 23 turistas chineses desaparecidos num naufrágio, ao largo da ilha de Phuket, no sul da Tailândia.

De acordo com a agência oficial chinesa Xinhua, Xi Jinping pediu também medidas adicionais ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e aos diplomatas chineses na Tailândia. Pelo menos 33 turistas chineses morreram, na quinta-feira, quando a embarcação em que se encontravam naufragou durante uma tempestade ao largo da costa de Phuket, de acordo com o último balanço das autoridades tailandesas.

Ao mesmo tempo, apelou às autoridades tailandesas para não pouparem esforços na operação de busca, entretanto retomadas esta manhã. Xi pediu ainda às autoridades para alertarem agências de viagens e turistas relativamente aos riscos que podem correr durante as férias de Verão no país. A embarcação, com 105 pessoas bordo, incluindo 93 turistas, voltou-se e afundou-se ao ser atingida por ondas de cinco metros de altura.

9 Jul 2018