Comissão Eleitoral tailandesa atribui vitória nas legislativas a partido pró-militar

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Eleitoral (CE) tailandesa anunciou ontem em conferência de imprensa os resultados preliminares das eleições gerais de domingo passado, em que o partido pró-militar Phalang Pracharat se impôs com 8,4 milhões de votos.

Em segundo lugar ficou o Pheu Thai, do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto pelos militares, com 7,9 milhões de votos, enquanto o recém-formado partido Anakot Mai ficou em terceiro lugar, com 6,2 milhões.

Cerca de 38,2 milhões de tailandeses (74,69%) votaram nas eleições, as primeiras desde golpe de estado de 2014.

Na distribuição dos 350 lugares eleitos pelos círculos eleitorais, o Pheu Thai conseguiu eleger 137, seguido do Phalang Pracharat (97), Bhumjaithai (39), Partido Demócrata (33) e o emergente Anakot Mai (30).

Faltam atribuir os 150 lugares restantes reservados segundo a legislação eleitoral tailandesa aos partidos concorrentes.

Não há anda data para este anúncio final do resultado das eleições. A Comissão Eleitoral, nomeada pela junta militar que governa o país desde 2014, estava sob forte pressão para acelerar a contagem da votação de domingo e responder às preocupações sobre possíveis irregularidades.

Os Estados Unidos, a União Europeia, a Austrália e outros países pediram que a comissão eleitoral abordasse essas preocupações.

Os utilizadores das redes sociais foram menos diplomáticos e criaram ‘hashtags’ como ‘CheatingElection19’ (‘Fraudeeleitoral19’) e ‘ECBusted’ (‘CEapanhada’).

28 Mar 2019

Ministro timorense é o novo presidente do Fórum da região Ásia-Pacifico

[dropcap]O[/dropcap] ministro para a Reforma Legislativa e Assuntos parlamentares de Timor-Leste, Fidelis Manuel Magalhães, foi ontem eleito presidente do Fórum Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Sustentável.

O Fórum está reunido em Banguecoque, na Tailândia, até amanhã para analisar o progresso da região Ásia-Pacífico nos objectivos de desenvolvimento sustentável propostos na Agenda 2030, com altos funcionários dos governos, funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) e de representantes da sociedade civil e do sector privado.

Fidelis Manuel Magalhães considerou, em entrevista à ONU, que a eleição para presidente do Fórum Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Sustentável é “um reconhecimento da liderança de Timor-Leste e um reconhecimento do compromisso” do país “em atingir os objectivos de desenvolvimento sustentável”.

O ministro timorense considerou ainda o Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030 como exemplo do empenho de Timor-Leste em ir ao encontro de objectivos de desenvolvimento e compromissos com a comunidade internacional.

Fidelis Manuel Magalhães adiantou que no próximo ano serão conduzidas negociações entre a ONU e Timor-Leste para preparar um novo quadro de assistência da ONU ao desenvolvimento (UNDAF, na sigla em inglês) até 2025, com o objectivo de que o país asiático de língua portuguesa saia da lista de países subdesenvolvidos.

A lista conhecida como LDC (Least Developed Countries) e adoptada anualmente pela ONU nomeia um grupo de países que têm baixo Produto Interno Bruto (PIB), activos humanos baixos e que enfrentam grande vulnerabilidade económica.

O presente quadro UNDAF para Timor-Leste indica que até 2020 Timor-Leste “será uma sociedade justa, onde a dignidade humana e direitos humanos são valorizados, protegidos e promovidos por leis e cultura”.

O mesmo documento indica que, até 2030, “Timor-Leste será uma nação forte, coesiva e progressiva, onde os direitos e interesses dos cidadãos mais vulneráveis são protegidos”.

O UNDAF é uma base de dados de indicadores e taxas que o país deve melhorar (seja no acesso à educação, cuidados de saúde, água potável e electricidade, entre outros), para proporcionar condições de vida ao nível dos países desenvolvidos.

Segundo a organização do Fórum Ásia-Pacífico, os participantes farão, durante três dias, uma análise profunda do progresso da região sobre vários objectivos de desenvolvimento sustentável, sobretudo na área da educação, trabalho, desigualdades, acção climática, paz e parcerias.

No discurso de abertura a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, assinalou que nota uma “liderança decisiva” dos governos da região Ásia-Pacífico com a Agenda 2030 e elogiou os investimentos e parcerias dos países no desenho de estratégias e políticas para um desenvolvimento progressivo, com maior cobertura de dados e estatísticas.

Este encontro serve para preparar o Fórum Político de Alto Nível, que se realiza de 09 a 18 de Julho em Nova Iorque, Estados Unidos, com o tema “Capacitar pessoas e assegurar inclusividade e igualdade”.

28 Mar 2019

Pequim enfatiza progresso do Tibete e critica antigos dirigentes

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas responsáveis pelo Tibete, umas das regiões da China mais vulneráveis ao separatismo, elogiaram ontem o desenvolvimento do território, e acusaram a antiga classe dominante de manter o povo tibetano sob servidão feudal.

Quando se celebram 60 anos desde uma frustrada rebelião contra o domínio de Pequim, o vice-governador do Tibete Norbu Dondrup enfatizou o progresso na economia, saúde e educação desde 1959, e criticou o autoproclamado governo no exílio, estabelecido pelo líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama.

Dondrup falava à margem da apresentação de um documento difundido pelo Conselho de Estado chinês, que acusa a antiga classe dominante do Tibete de manter o povo tibetano sob “servidão feudal através de uma teocracia”.

“Milhões de servos foram submetidos à exploração e opressão cruéis, até à reforma democrática de 1959”, lê-se no documento, intitulado “Reforma democrática no Tibete – Sessenta anos depois”.

“O controlo das mentes através da religião” era uma forma de supressão, considera o documento.

O Dalai Lama, 83 anos, vive exilado na vizinha Índia, na sequência da frustrada rebelião de 1959.
Dondrup negou que a cultura tradicional e a religião do Tibete estejam a ser reprimidas, mas disse que a China actuaria contra a “interferência estrangeira”.

O vice-governador negou ainda a existência de qualquer apoio significativo para que o Tibete seja uma entidade política independente. “A questão da independência tibetana não existe”, realçou.

28 Mar 2019

Partidos anti-governamentais anunciam coligação para formar governo na Tailândia

[dropcap]O[/dropcap]s principais partidos anti-governamentais da Tailândia anunciaram hoje a intenção de formar Governo, três dias depois das primeiras eleições legislativas realizadas desde o golpe de Estado de 2014 e antes da divulgação dos resultados oficiais.

Líderes e membros das comissões executivas de sete partidos que se opõem à junta militar, que governou o país asiático nos últimos cinco anos, anunciaram um Governo de coligação numa conferência de imprensa conjunta em Banguecoque.

Sudarat Keyuraphan, o líder da principal formação da oposição, o partido Pheu Thai (Para os Tailandeses), disse que a coligação conta com 255 assentos, o que representa a maior parte das 500 cadeiras da câmara baixa do Parlamento, mas tem poucas hipóteses de nomear o primeiro-ministro devido ao quadro legal concebido pelo regime militar.

“É evidente que os partidos pró-democracia têm o mandato do povo nestas eleições e tentaremos impedir a continuação do regime da junta” militar, acrescentou Sudarat Keyuraphan.

O Pheu Thai é um partido próximo do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto num golpe em 2006 e actualmente no exílio e cujos partidos políticos venceram todas as eleições realizadas desde 2001, graças às suas políticas sociais, mas que se opõe à elite de Banguecoque.

O Anakot Mai (Novo Futuro), a terceira força mais votada no domingo, e cinco outros partidos – incluindo duas outras formações próximas de Shinawatra – juntaram-se ao Pheu Thai .

Embora a coligação antigovernamental criada hoje possa ter uma maioria de assentos na câmara baixa, a eleição do primeiro-ministro também dependerá do voto dos 250 membros do Senado, escolhidos pela junta militar e que, em princípio, optarão pelo ex-general e primeiro-ministro Prayut Chan-ocha, autor do golpe de 2014 e candidato do partido Palang Pracharat.
Diante do anúncio da coligação, o Palang Pracharat declarou que era seu o dever formar o novo Governo, já que teria obtido mais votos no último domingo.

As tensões entre os dois lados ocorrem após a Comissão Eleitoral adiar na segunda-feira o anúncio dos resultados definitivos – depois de assegurar que o Pheu Thai é líder em número de assentos eleitos -, afirmando que pode anunciá-los até 9 de Maio.

27 Mar 2019

Donald Tusk não concebe cimeira UE-China sem direitos humanos na agenda

[dropcap]O[/dropcap] presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse hoje perante o Parlamento Europeu que não concebe que a questão dos direitos humanos não seja incluída na agenda da próxima cimeira União Europeia-China, agendada para 9 de Abril em Bruxelas.

“Não posso imaginar não termos direitos humanos na agenda. Posso ser antiquado, mas ainda penso que direitos humanos são pelo menos tão importantes quando o comércio”, declarou Tusk, num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre o Conselho Europeu celebrado na semana passada em Bruxelas.

As relações com a China foram um dos principais pontos na agenda da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, tendo hoje Tusk explicado que “era crucial acordar uma abordagem europeia coordenada”, pois, “além da cimeira UE-China do próximo mês, haverá outras reuniões e cimeiras com os líderes chineses”.

Segundo o presidente do Conselho Europeu, a UE vai propor à China uma “cooperação ambiciosa em questões bilaterais e globais, incluindo no comércio”.

27 Mar 2019

China afasta ex-chefe da Interpol de cargos públicos e do Partido Comunista

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje o afastamento do o ex-chefe da Interpol de cargos públicos e do Partido Comunista, depois de, em Novembro passado, ter confirmado que Meng Hongwei estava a ser investigado por suspeitas de corrupção.

Meng, que foi eleito presidente da maior organização policial do mundo em 2016, viu o seu mandato de quatro anos interrompido após ser detido sem aviso prévio pelas autoridades chinesas, em Setembro passado, durante uma viagem à China. Ele era também era um dos vice-ministros de Segurança Pública da China.

A Comissão Central de Inspecção e Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC) revelou que uma investigação concluiu que Meng cometeu “graves violações da lei” e falhou em cumprir princípios do partido e implementar decisões do partido.

A mais ampla e persistente campanha anti-corrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do PCC.

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”.

O comunicado do órgão anti-corrupção máximo do PCC detalha que Meng abusou do seu poder para satisfazer o “estilo de vida extravagante” da sua família.

Meng “aceitou subornos e é suspeito de infringir a lei”, anunciou o ministério chinês de Segurança Pública, em Outubro passado. A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais.

O anúncio de hoje surge depois de, na semana passada, a sua mulher, Grace Meng, ter apelado ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que abordasse a detenção do marido com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante a visita de Estado a França, que terminou na terça-feira.
Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China em 25 de Setembro passado.

Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção. Em 21 de Novembro, a Assembleia Geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang.

A organização recebeu no dia 7 de Outubro uma carta de renúncia e uma comunicação de Pequim informando que Meng não seria o delegado da China naquele organismo.

27 Mar 2019

Cathay Pacific anuncia compra da HK Express

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific anunciou hoje a compra da empresa de aviação de baixo custo HK Express, que pertence ao conglomerado chinês Hainan Airlines Group (HNA), no valor de 558 milhões de euros.

A maior companhia aérea da antiga colónia britânica vai adquirir 100% da HK Express, que se tornará uma subsidiária da Cathay Pacific, numa operação que deve ser concluída até 31 de Dezembro de 2019.

“A transacção representa uma maneira atraente e prática para o Cathay Pacific Group de apoiar o desenvolvimento e o crescimento de longo prazo dos seus negócios de aviação e melhorar a sua competitividade”, apontou a empresa em comunicado.

A HK Express faz parte do HNA, juntamente com cinco transportadoras de baixo custo da China continental: a Air Guilin, a Beijing Capital Airlines, a Lucky Air, a Urumqi Air e a West Air.

Este acordo surge numa altura em que o conglomerado chinês tem vindo a apresentar avultadas dívidas devido à alienação de activos, como a compra de imóveis em Nova Iorque e a o investimento em acções do Deutsche Bank, no ano passado.

De acordo com a imprensa local, o conglomerado também está tentar vender quase um terço da sua participação na Hong Kong Airlines, um plano que foi suspenso no ano passado após a morte súbita do co-presidente da HNA, Wang Jian.

A partir de agora, três das quatro companhias aéreas de Hong Kong serão controladas pela Cathay Pacific, deixando o grupo com o controlo de quase metade dos slots de pista no Aeroporto Internacional de Hong Kong.

No início do ano easyJet e Cathay Pacific estabeleceram uma parceria para voos de ligação. A 22 de Janeiro, a easyJet anunciou que chegou a acordo com a Cathay Pacific, passando esta companhia aérea a ser o novo parceiro da transportadora de baixo custo, no âmbito do seu serviço exclusivo de ligações ‘Worldwide by easyJet’.

27 Mar 2019

Portugal revê-se na abordagem europeia à relação com a China, diz MNE

[dropcap]P[/dropcap]ortugal revê-se na caracterização e nas orientações da Comissão Europeia em relação à China, mas não abdica de um relacionamento que serve os seus interesses estratégicos, enfatizou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O ministro, que falava na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, centrou a sua intervenção relativa ao Conselho Europeu da semana passada no relacionamento com a China, um dos temas discutidos pelos líderes europeus, nomeadamente no quadro da preparação da Cimeira União Europeia-China prevista para 9 de Abril.

Santos Silva evocou uma série “de factos”, da profunda relação comercial entre a UE e a China ao quadro estratégico dessa relação, que define nomeadamente o investimento chinês na Europa como “bem-vindo desde que sujeito às regras legais e padrões próprios da UE” e “estimula a cooperação com a iniciativa ‘Uma faixa, uma rota’, em relação à qual Portugal e a Itália “subscreveram memorandos de entendimento”.

“A posição de Portugal revê-se no essencial nestes factos e nesta orientação que vamos seguindo na UE”, afirmou, depois de evocar a caracterização feita a 11 de Março pela Comissão, que define a China “em quatro dimensões complementares: importante parceiro cooperativo da UE, parceiro negocial, concorrente económico da UE e um rival sistémico em matéria de modelos de governação”.

Mas, sublinhou Santos Silva, Portugal considera também que “a Europa não pode fechar-se sobre si própria”, antes “abrir-se ao mundo”, no quadro ONU.

“A nossa posição não é desalinhada, é talvez mais avançada, enquanto país que se orgulha de ter sido dos primeiros a chegar às costas da China e dos últimos a abandonar, entre aspas, a China”, frisou.

Neste sentido, Portugal procurará sempre concluir com a China “acordos mutuamente vantajosos”, de que “o memorando ‘rota da seda’ é um manifestação exemplar”, assegurou, precisando que ele vai ao encontro de sectores prioritários para Portugal como “a conectividade euro-asiática”, “a economia azul”, ligada ao mar, e o “investimento industrial” e “de raiz no quadro da mobilidade eléctrica”

“E não vemos porque não podemos usar nossa proximidade com China para esse efeito”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, assegurando, noutro passo, que Portugal “está à vontade nos quatro cantos do mundo” e “não discrimina” parceiros comerciais.

27 Mar 2019

Fosun | Grupo com maiores lucros de sempre em 2018

[dropcap]O[/dropcap] Grupo Fosun obteve os maiores lucros de sempre em 2018, de 13,4 mil milhões de renminbis, mais 1,9 por cento que em 2017, foi ontem anunciado.

Em 2018, a Fosun International também obteve as maiores receitas de sempre, de 109,4 mil milhões de renminbis, que traduzem um acréscimo 24 por cento em relação a 2017.

Na apresentação dos resultados da Fosun – que em Portugal tem participações na Fidelidade, BCP e Luz Saúde – o Chief Executive Officer (CEO) da empresa, Guo Guangchang, afirmou que 2018 foi o melhor ano de sempre graças à estratégia diversificada e resiliente, apesar da volatilidade dos mercados de capitais a nível global.

“Desde que foi fundada há 27 anos a Fosun desenvolveu uma estratégia a dois motores de operações industriais e investimento industrial”, precisou Guo Guangchang, indicando que em 2018 o grupo investiu 28,5 mil milhões de renminbis em 70 novos projectos, dos quais cerca de metade no exterior.

O grupo chinês Fosun tem sede em Xangai e investimentos em múltiplos sectores, como saúde, turismo, moda, imobiliário e banca, destacando-se a propriedade de empresas como Club Med, Thomas Cook e Cirque du Soleil.

Em Portugal detém o grupo segurador Fidelidade (que comprou em 2014 ao grupo Caixa Geral de Depósitos), a Luz Saúde e é o maior accionista do banco Millennium BCP.

27 Mar 2019

UE | França e Alemanha querem parceria mais equilibrada com China

No final do seu périplo europeu, Xi Jinping reuniu-se com Emmanuel Macron, Ângela Merkel e Jean-Claude Juncker, a convite do Presidente francês. Na calha, está a assinatura de um acordo global de grande dimensão sobre investimentos entre a União Europeia e a China

 

[dropcap]A[/dropcap] França, a Alemanha e a Comissão Europeia reivindicaram ontem uma parceria mais equilibrada entre a China e a Europa, baseada na “confiança” e “reciprocidade” e defenderam uma renovação do multilateralismo face a um afastamento dos Estados Unidos.

Os Presidentes da China e de França, Xi Jinping e Emmanuel Macron, anunciaram, no final de um encontro em que participaram também a chanceler alemã e o Presidente da Comissão Europeia, a intenção de aprovar um “acordo global sobre investimentos” entre a União Europeia e o gigante asiático.

“Os dois países [França e China] defendem a realização rápida de um acordo global ambicioso sobre os investimentos entre a União Europeia e a China, incluindo acesso e protecção dos investimentos num espírito de benefícios mútuos e recíprocos”, estipula o texto adoptado pelos Presidentes Emmanuel Macron e Xi Jinping.

A reunião entre Macron, Xi, Merkel e Juncker, a convite do Presidente francês, visava discutir questões ligadas ao comércio e ao clima numa altura que as relações entre Pequim e Washington se têm mostrado tensas.

O convite foi apresentado também como forma de aproveitar o momento em que Xi Jinping está a viajar pela Europa para apresentar e defender o projecto “nova rota da seda”.

Apresentado em 2017, o projecto “nova rota da seda” é tido como aquele que vai levar a China à liderança mundial e visa, em traços gerais, construir ligações terrestres entre a China e a Ásia Central e reforçar a ligação à África replicando uma rota por onde a China vendeu, durante séculos, seda a todo o mundo.

A nova rota da seda é “um projecto muito importante” e os europeus querem “desempenhar um papel nele”, defendeu Ângela Merkel no encontro, sublinhando, no entanto, que, para isso, deve haver reciprocidade.

“Temos tido alguma dificuldade em encontrar essa reciprocidade,” avisou a chanceler alemã.
Dúvidas que também foram referidas por Emmanuel Mácron ao Presidente chinês, a quem pediu que “respeite a unidade da União Europeia” face à adopção de medidas de investimento diferentes para os diversos países.

“Nós temos as nossas divergências (…) Nenhum de nós é ingénuo”, afirmou Macron, acrescentando, no entanto, que a Europa respeita a China e “espera, naturalmente, que os [seus] principais parceiros também respeitem a unidade da União Europeia”.

União de facto

Por seu lado, Xi Jinping assegurou que a Europa e a China “se movem juntas”, mesmo quando são “concorrentes”, já que as suas relações não são “de desconfiança”.

A China adoptou este mês uma lei do investimento estrangeiro que se destina a garantir igualdade de tratamento para empresas nacionais e estrangeiras, incluindo na adjudicação de contratos públicos, e evitar a transferência de tecnologia forçada. Mas os investidores estrangeiros estão excluídos de cerca de 50 sectores sensíveis.

Tanto a União Europeia como os Estados Unidos consideraram a posição insuficiente e vaga, tendo Bruxelas “aumentado o tom” a 12 de Março, quando avançou com uma série de propostas para “alcançar relações económicas mais equilibradas e mais baseadas na reciprocidade”.

O encontro surge pouco antes de uma cimeira entre a UE e a China, agendada para Abril em Bruxelas, e numa altura em que os europeus querem responder às preocupações sobre os investimentos de Pequim, especialmente no Oriente e no Sul.

As discussões também acontecem num momento em que a China está em plena negociação com os Estados Unidos para tentar resolver a disputa comercial entre os dois países.

Na reunião de ontem, a França e a China também assumiram uma posição conjunta sobre a necessidade de reformar a Organização Mundial do Comércio, defendendo, numa alusão aos Estados Unidos, que nenhum país “pode definir sozinho as regras do jogo”.

O encontro visou ainda discutir posições sobre o clima e a biodiversidade, tendo Xi Jinping e Emmanuel Macron prometido agir em conjunto “para um aumento global contra a erosão da biodiversidade”.

Os dois países também prometeram lutar “contra o crime ambiental, em especial, a caça ilegal e o tráfico de espécies de animais selvagens e flora ameaçadas de extinção”, bem como a poluição de plástico.

27 Mar 2019

Observadores internacionais detectam irregularidades nas eleições na Tailândia

[dropcap]A[/dropcap] única organização internacional credenciada como observadora nas eleições de domingo na Tailândia anunciou hoje que detectou algumas irregularidades no processo eleitoral, mas que o dia do sufrágio foi “bastante transparente e confiável”.

A Rede Asiática para Eleições Livres (ANFREL, na sigla em inglês) referiu num relatório preliminar que “o processo de votação correu sem problemas, embora tenha sido detectada alguma variação na aplicação dos procedimentos, mas que não teve efeito significativo sobre a experiência dos eleitores”.

No entanto, a ANFREL observou irregularidades no período pré-eleitoral, como a compra de votos ou o uso de recursos do Governo para o benefício do partido Palang Pracharat, ligado à junta militar que governa o país desde o golpe de Estado de 2014.

A organização também apontou que o quadro jurídico em que se realizaram as eleições contém várias disposições antidemocráticas, já que concede ao Conselho Nacional para a Paz e Ordem (CNPO, nome oficial da junta) “poderes extraordinários” para a formação do novo Governo.

A CNPO tem o poder de nomear os 250 membros do Senado, que participam na votação do novo Governo juntamente com os 500 deputados que foram eleitos no último domingo.

A Comissão Eleitoral (CE) ainda não divulgou os resultados das eleições e, embora pretenda anunciar os dados provisórios na próxima sexta-feira, tem até 9 de Maio para publicar o resultado final do sufrágio.

“O atraso de 45 dias (em publicar os resultados finais) está dentro da lei, mas a CE deveria fomentar a confiança da população revelando-os o mais rápido possível”, declarou Rohana Nishanta Hettiarachchie, líder da missão de observação eleitoral da ANFREL, numa conferência de imprensa.

Hettiarachchie reconheceu que muitos tailandeses “não confiam plenamente no sistema eleitoral” projectado pelos militares, mas recusou-se a responder a vários jornalistas se as eleições foram justas ou não.

“Houve elementos positivos e outros que não atendem a determinados critérios democráticos (…). A democracia é um processo e este foi o primeiro passo no processo, a partir de um não-democrático”, disse Hettiarachchie.

Por seu lado, o Serviço Europeu para a Acção Externa da União Europeia (SEAE), na noite de segunda-feira emitiu uma declaração exortando o governo tailandês a resolver as “alegadas irregularidades” de forma “rápida e transparente”.

26 Mar 2019

Amnistia Internacional denuncia deterioração dos direitos humanos em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]situação relativa aos direitos humanos em Hong Kong está a deteriorou-se gravemente desde o ano passado acusa a Amnistia Internacional, referindo-se em particular à liberdade de expressão e de manifestação.

A organização não governamental com sede em Londres considera que as autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong fazem uma interpretação “demasiado ampla” dos conceitos relacionados com a “segurança nacional” da República Popular da China.

“O conceito de ‘segurança nacional’, tal como é encarado pelo Governo de Hong Kong, demonstra falhas jurídicas e é aplicado de forma arbitrária para enfrentar a dissidência e a ‘oposição política’”, refere o relatório da Amnistia Internacional (AI) divulgado hoje.
Estas restrições têm como efeito dissuadir o exercício dos direitos promovendo, nomeadamente, a auto-censura.

O relatório cita casos judiciais contra os líderes do movimento pró-democracia e a expulsão de um jornalista britânico, referindo também as acções de proibição contra um partido independentista e a anulação de algumas candidaturas às eleições locais.

O mesmo documento denuncia as restrições contra a liberdade de reunião em Hong Kong receando novas condenações em futuros processos judiciais. No passado mês de Outubro, as autoridades da região recusaram a renovação do visto de trabalho ao jornalista Victor Mallet do Financial Times.

As autoridades repudiaram a conferência organizada pelo jornalista no Clube dos Correspondentes Estrangeiros, fundado durante o período colonial britânico, e que contava com a participação de um dirigente do Partido Nacional, uma pequena formação política independentista local.

O Partido Nacional foi banido por ameaçar a “segurança nacional” em Setembro de 2018 ao abrigo da legislação que permite impor a interdição a movimentos associativos.

“A utilização da ampla interpretação sobre ‘segurança nacional’ para silenciar as vozes dissidentes, tal como aconteceu a um partido político, é uma táctica utilizada por governos repressivos”, refere a AI.

Recentemente, o Departamento de Estado norte-americano publicou um relatório considerando que as restrições à liberdade em Hong Kong prejudicam a confiança junto das empresas e acusou o Executivo da região de estar a sacrificar os Direitos do Homem em nome das prioridades de Pequim.

Para as autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong os governos estrangeiros não devem interferir, em nenhuma circunstância, nos assuntos internos do território.

26 Mar 2019

Investimento chinês diminui na Europa, perante medidas proteccionistas

[dropcap]O[/dropcap]investimento chinês na Europa diminuiu, nos dois últimos anos, resultado de medidas proteccionistas europeias, mas nenhum país quer fechar as portas à “Rota da Seda” dos biliões chineses.

Desde 2010, a China investiu mais de 145 mil milhões de euros na Europa, apesar dos constrangimentos económicos criados por vários países, nos últimos anos, e dos alertas do governo dos EUA sobre o risco de aceitar dinheiro da “ditadura chinesa”.

Em Paris, após uma visita a Itália, para encontros com vários líderes europeus, o Presidente da China, Xi Jinping, tem sido recebido com sorrisos nesta visita à Europa e tem fechado lucrativos acordos comerciais, mas todos os dias tem lido na imprensa europeia declarações de reserva sobre os riscos do investimento chinês.

Em 2010, o investimento chinês na Europa foi de 2,1 mil milhões de euros, tendo crescido para 20,7 mil milhões de euros em 2015, e para 37,2 mil milhões de euros em 2016, segundo a agência de análise financeira Rhodium Group.

Mas em 2017, o investimento da China diminuiu para 29,1 mil milhões de euros, e para apenas 17,3 mil milhões de euros, em 2018.

Cerca de metade deste investimento concentrou-se no Reino Unido, na Alemanha e na França, três das maiores potências económicas europeias, cujos líderes e reguladores começaram a colocar entraves à presença do dinheiro chinês no continente.

Os alertas vinham de vários lados, nomeadamente dos aliados norte-americanos que nunca esconderam a preocupação em ver empresas como a sueca Volvo (automóveis), a italiana Pirelli (pneus), a francesa Lanvin (moda), a alemã KraussMaffei (máquinas e utensílios) ficar sob controlo chinês.

Apesar de o investimento chinês nos países do sul da Europa (incluindo Portugal) apenas atingir 13%, a Comissão Europeia por várias vezes chamou a atenção para a benevolência com que aceitaram dinheiro chinês.

No passado sábado, a Itália assinou um memorando de entendimento para integrar vários projectos da iniciativa “Rota da Seda” – um projecto multibilionário de investimento chinês em vários continentes, tornando-se o primeiro país do G7 a ceder à tentação desta estratégia comercial chinesa.

Mas países como Portugal, a Grécia, a Hungria e a Polónia, entre muitos outros em diferentes continentes, já tinham aderido à iniciativa, permitindo ao Presidente chinês dizer que a “Rota da Seda” percorre o seu “caminho de sucesso”.

Segundo a agência Rhodium, Portugal já recebeu seis mil milhões de euros da China, em particular no sector bancário e energético, depois da intervenção da ‘Troika’ no país.

Mas a 14 de Fevereiro passado, o Parlamento Europeu aprovou legislação para controlar o investimento externo em áreas estratégicas, como a inteligência artificial, telecomunicações e robótica, em grande parte para precaver os avanços do dinheiro chinês.

A legislação entrou em vigor no início de março, em todos os Estados membros, mas os mecanismos de controlo do investimento chinês já estavam em ação há vários anos, explicando a maior resistência que a China tem encontrado na Europa.

Ao mesmo tempo, os EUA continuam a pressionar os países europeus para restringirem o investimento chinês, ameaçando mesmo romper alguns acordos e renegociar tratados comerciais com os aliados, se não houver regras mais duras para conter o avanço da China.

26 Mar 2019

Universidade Tsinghua despede professor crítico do PC Chinês

[dropcap]U[/dropcap]m professor de direito constitucional numa das mais prestigiadas universidades da China foi despedido depois de ter publicado uma série de ensaios críticos da liderança do Partido Comunista Chinês (PCC).

Desde que, em 2013, o Presidente da China, Xi Jinping, ascendeu ao poder, Xu Zhangrun escreveu dezenas de ensaios e proferiu vários discursos onde recorre à filosofia, literatura e teoria política da China Antiga para criticar decisões tomadas pelo PCC.

Num longo ensaio, publicado em Julho passado, Xu culpou indirectamente Xi Jinping pelas crescentes tensões com os Estados Unidos, denunciando a repressão contra intelectuais e o fim da política de abertura lançada por Deng Xiaoping nos anos 1980.

Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi Jinping tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes na história recente do país, comparável ao fundador da República Popular, Mao Zedong.

O líder chinês aboliu já o limite de mandatos para o seu cargo, confirmando o desmantelamento do sistema de “liderança colectiva”, cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970. A sua governação tem sido também marcada pela repressão contra activistas e dissidentes.

A informação de que Xu foi afastado do cargo pela Universidade Tsinghua espalhou-se pelas redes sociais chinesas, na segunda-feira, enquanto vários órgãos de comunicação liberais republicaram textos do académico.

A Tsinghua não detalhou os motivos para o afastamento de Xu, mas analistas e os seus defensores apontam as declarações públicas do académico, que culpa o Governo pelos actuais problemas da sociedade chinesa.

A demissão de Xu surge também após o ministério chinês da Educação ter promovido uma revisão dos manuais de direito constitucional, parte de um esforço contra a “influência ocidental” nas universidades chinesas.

Obras de professores de direito constitucional pró-reforma foram, entretanto, removidos das plataformas de comércio electrónico. Num dos seus últimos ensaios, publicado na imprensa de Hong Kong, em Janeiro passado, Xu questionou se a China, à medida que se torna uma potência mundial, corre o risco de se converter num “império vermelho”.

“A China é um estado totalitário superdimensionado e não tem, não precisa, não deve e não pode tornar-se num império vermelho”, escreveu. “Mas, devido à sua dimensão, existe uma energia latente a puxar-nos para dar esse passo”, acrescentou.

26 Mar 2019

Atleta português vai de bicicleta até ao Nepal em projecto solidário após acidente grave

[dropcap]O[/dropcap]atleta Pedro Bento vai percorrer, de bicicleta, cerca de 11.000 quilómetros, entre Almeirim, em Portugal, e Katmandu (Nepal), em 73 dias, um desafio solidário e de agradecimento para os que o ajudaram a recuperar de um grave acidente.

Pedro Bento, de 40 anos, disse à Lusa que vai partir no próximo dia 13 de Abril, sozinho, na sua bicicleta com o objectivo de reunir 10.000 euros, tendo como lema da aventura “1 euro por 1 quilómetro”.

O destino da verba é assegurar bolsas de estudo e alimentação a dois jovens nepaleses do projecto “Dreams of Katmandu”, do português Pedro Queirós, e comprar equipamentos de protecção contra incêndios para os Bombeiros Voluntários de Almeirim (BVA).

A recuperar de um grave acidente de moto, que sofreu em 1 de Abril de 2017 quando fazia o reconhecimento do percurso para uma prova de BTT que se realizava no dia seguinte, Pedro Bento afirmou que o seu grande objectivo é chegar ao Nepal e reunir a verba que quer oferecer, em agradecimento por todo o apoio dos bombeiros no resgate, e depois durante a recuperação.

Pedro Bento quer também distinguir um projecto que conheceu de perto durante a participação numa prova no Nepal, em 2016, um ano depois do terramoto que atingiu aquele país.

“Em 2017 sofri um grave acidente de moto e agora pretendo devolver e agradecer toda a ajuda que me foi prestada no processo de recuperação. Tenho plena consciência das dificuldades que vou atravessar, mas sou guiado por esta motivação de agradecer e ajudar. Para mim, sonhar enaltece e fortalece, alcançar um sonho faz parte da humanidade”, escreveu na página do seu projeto https://bakonbike2019.wixsite.com/bakonbike2019, onde é possível fazer uma doação.
Técnico superior de desporto na Câmara Municipal de Almeirim (que lhe permitiu o gozo de uma licença sem vencimento e das férias) e membro da secção dos 20kms de Almeirim, Pedro Bento parte sem data prevista de chegada, apenas com a certeza que tem que se apresentar ao trabalho em 1 de Julho.

“Se consigo chegar ao final com o percurso todo completo não sei, mas vou tentar. Tenho pesquisado e não encontrei até agora um desafio solidário deste género, com dias contados e aquela distância todos os dias. É quase como se fosse uma prova todos os dias, porque já encontrei desafios de 5.000, 6.000 quilómetros, mas com mais tempo para fazer”, declarou.

Do total angariado, 80% serão doados aos BVA, com o objectivo de adquirir dez fatos de protecção e combate aos incêndios (800 euros cada) e os restantes 20% “serão atribuídos ao Pedro Queirós do projeto ‘Dreams of Katmandu’, que continua no Nepal a apoiar as crianças do Campo Esperança, vítimas do terramoto de 2015”.

A verba que será doada permitirá pagar bolsas de estudo e alimentação durante um ano aos jovens Mingmar e Tenzing Sherpa, de que Pedro Bento se tornou “irmão” numa cerimónia realizada em 2016 e que “mexeu” consigo.

O acidente interrompeu um projecto que o atleta havia iniciado após participar, em 2007, no que era tida como uma das mais duras provas de BTT do mundo, na Costa Rica, o de “fazer as 10 provas que as revistas diziam ser as mais difíceis do mundo”.

Seis estão cumpridas – Costa Rica, Canadá, Itália, Chile, Nepal (onde foi o primeiro português a chegar aos 5.400 metros de altitude de bicicleta) e Austrália, esta um ano depois do previsto devido ao acidente, mas, “pelo meio”, decidiu fazer este projecto como forma de agradecimento, relatou à Lusa.

Com nove vértebras e a omoplata direitas partidas, Pedro Bento referiu as “peripécias” vividas no Hospital de Santarém, onde esteve 20 dias, e no Hospital de S. José, em Lisboa, onde foi operado, alertando para a necessidade de os profissionais de saúde terem especial cuidado com lesões como as que ele sofreu, lamentando ainda que não tivesse sido feita uma cirurgia para corrigir a fractura na omoplata, que apresenta um desvio de dois centímetros.

Pedro Bento afirmou que, contra todas as previsões, não só não ficou em cadeira de rodas, como conseguiu recuperar fisicamente a ponto de voltar a uma prática desportiva que lhe tinham dito que nunca mais iria fazer, conseguindo, pelo meio, convencer o cirurgião que o operou em S. José a retirar todos os parafusos que tinha ao longo das costas.

Prestes a partir, Pedro tem um orçamento de 8.000 euros para a viagem, contando com alguns apoios em material e de amigos, que fazem questão de doar uma parte para o projecto solidário e outra para as suas despesas pessoais, salientou.

A partir do dia 13, irá atravessar 14 países, apenas evitando passar no Afeganistão e no Paquistão, viajando de avião do Irão para a Índia, por não ter os dias que lhe permitiriam procurar um percurso alternativo.

26 Mar 2019

Macron defende junto de Xi Jinping forte parceria China-Europa

[dropcap]O[/dropcap]Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu esta segunda-feira perante o líder chinês, Xi Jinping, em Paris, uma “parceria Europa-China forte”, no momento em que os europeus procuram uma postura coerente face às ambições diplomáticas e económicas de Pequim.

Essa parceria deve, nomeadamente, ser articulada em torno de um “multilateralismo forte”, uma componente económica “justa e equilibrada”, disse Emmanuel Macron em declarações à imprensa.

O Presidente chinês, Xi Jinping, aterrou domingo em Paris, onde o governo francês espera convencê-lo a contribuir para uma “nova ordem internacional”, ao lado do governo alemão e da Comissão Europeia, apesar das resistências políticas ao investimento da China na Europa.

O Presidente Emmanuel Macron fez questão de receber Xi Jinping sob o Arco do Triunfo, um dos mais emblemáticos símbolos da República francesa, numa demonstração de apreço e de determinação diplomática em aproximar a Europa da China, num momento particularmente delicado das relações entre as duas potências económicas.

Por isso, o momento mais importante desta visita a França acontecerá terça-feira de manhã, quando Macron e Xi se reunirem com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, para discutir o que os líderes europeus chamam de “nova era” na ordem comercial internacional.

Xi Jinping chegou a Paris depois de uma visita a Itália, onde o governo não escondeu simpatia para com a iniciativa da “Nova Rota da Seda” – um projecto multibilionário de investimento chinês em diversos continentes.

Nas reuniões em Roma, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, repetiu várias vezes que acredita no sucesso dos novos acordos comerciais entre os dois países, em declarações que vários analistas consideraram ser “optimistas” perante o clima de reserva da Europa comunitária face ao investimento chinês na União Europeia.

A verdade é que Xi Jinping saiu de Roma com um punhado de acordos comerciais, que incluem a abertura de importantes portos europeus, como o de Génova, e deixando promessas de investimento em estruturas de comunicação com o centro da Europa.

“A Europa precisa urgentemente de uma estratégia para a China, que seja digna desse nome”, afirmou recentemente o Presidente francês, revelando que, também da sua parte, há disponibilidade para acolher investimento chinês.

Mas Macron sabe que o acolhimento ao investimento chinês não agrada ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que repetidas vezes tem alertado para a “subserviência europeia” aos interesses da China.

Na semana passada, o governo dos EUA ameaçou mesmo romper os tratados de partilha de dados entre agências de inteligência, se o governo alemão permitisse candidaturas de empresas com tecnologia chinesa nos concursos para frequências de telecomunicações 5G, como acabou por acontecer.

Por isso, a presença de Merkel e de Junker na reunião de terça-feira com Xi Jinping, no Palácio do Eliseu, ganha um valor político simbólico ainda mais relevante.

“Num mundo com gigantes como a China, a Rússia e os nossos aliados Estados Unidos, só poderemos sobreviver se estivermos unidos como uma verdadeira União Europeia”, sintetizava, na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, numa entrevista ao jornal Welt am Sonntag.

O chefe da diplomacia alemã disse ainda que “se alguns países acreditam que podem fazer bons negócios com os chineses, ficarão surpreendidos quando perceberem que ficam reféns deles”, acrescentando que “a China não é uma democracia liberal”.

26 Mar 2019

Ex-primeiro-ministro da Tailândia denunciou fraude nas eleições parlamentares

[dropcap]O[/dropcap]ex-primeiro-ministro da Tailândia Thaksin Shinawatra, derrubado em 2006 pelos militares, considerou hoje que as eleições parlamentares de domingo foram fraudulentas e marcadas por irregularidades com o objectivo de manter o exército no poder.

“Todos sabem na Tailândia, toda a comunidade internacional que observou o escrutínio sabe que houve irregularidades”, disse Shinawatra em Hong Kong, denunciando que foram “eleições fraudulentas”.

O bilionário, que fez fortuna nomeadamente nas telecomunicações, foi para o exílio em 2008 para escapar de processos judiciais que qualifica como perseguição política. No entanto, Shinawatra permanece na sombra como uma figura predominante na política tailandesa.

Os partidos próximos de Shinawatra venceram todas as eleições desde 2001, beneficiando, em especial, do apoio de populações desfavorecidas no norte e no nordeste do país.

Nas eleições de domingo, a primeira desde o golpe de 2014, “o número de votos excedeu em muito o número de eleitores em muitas províncias”, denunciou Thaksin Shinawatra.

“Se o governo é eleito num sufrágio fraudulento, como conseguirá o respeito da comunidade internacional?”, acrescentou.

Apesar de um avanço da oposição, nomeadamente do partido Pheu Thai, muito próximo de Thaksin Shinawatra, a junta militar está bem posicionada para manter o controlo do reino após a eleição.

Entretanto, o partido pró-exército, que não obteve a maioria nas eleições por si só, terá de negociar com outros partidos e o jogo de alianças será decisivo.

Durante anos, a Tailândia dividiu-se profundamente entre os movimentos pró-Shinawatra (os “vermelhos”) e uma elite conservadora alinhada pelos militares (os “amarelos”), que é uma garantia de estabilidade e protecção para a monarquia.

A comissão eleitoral da Tailândia referiu hoje que vai esperar pela contagem total dos votos para anunciar resultados oficiais nas eleições de domingo. Informações não confirmadas oficialmente referem que 92% dos votos já foram contados pela comissão.

Mais de 50 milhões de tailandeses foram chamados a votar nas primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 liderado pelo general Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro e cabeça de lista do Palang Pracharat.

Os deputados devem depois designar o novo primeiro-ministro em conjunto com a decisão dos 250 senadores que são escolhidos pela junta militar, incluindo os chefes dos chefes das Forças Armadas.

Prayut, candidato a chefe do governo, partia com vantagem porque necessita apenas de eleger 126 deputados. As eleições não foram acompanhadas por observadores internacionais.

26 Mar 2019

Qatar Airways com voos directos para Lisboa em Junho deste ano

[dropcap]A[/dropcap]Qatar Airways vai disponibilizar voos directos para Lisboa a partir de Junho de 2019, sendo a rota operada com um Boeing 787 ‘Dreamliner’ com 22 lugares na classe executiva e 232 na económica, foi hoje anunciado.

A nova rota Doha-Lisboa / Lisboa-Doha vai permitir à companhia aérea iniciar a sua “operação regular em Portugal” e consolidar a sua presença na Europa.

“Estamos muito satisfeitos em anunciar o lançamento de serviços directos para Lisboa, uma capital europeia vibrante e com uma história rica”, disse, em comunicado, o presidente executivo do grupo Qatar Airways, Akbar Al Baker.

De acordo com o responsável, esta nova rota “proporcionará aos viajantes de negócios e de lazer, acesso à extensa rede de rotas globais da Qatar Airways em mais de 160 destinos em todo o mundo”.

A companhia aérea do Qatar viaja para 160 destinos com uma frota de mais de 250 aeronaves.
Este ano, a Qatar Airways vai passar a disponibilizar uma série de novas viagens, nomeadamente, para Malta, Rabat (Marrocos), Langkawi (Malásia), Davao (Filipinas), Izmir (Turquia) e Mogadíscio (Somália), além de Portugal.

25 Mar 2019

Repórteres sem Fronteiras denunciam “nova ordem mundial de comunicação” da China

[dropcap]A[/dropcap]organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alertou hoje para a ameaça à liberdade de imprensa que acarreta a “nova ordem mundial da comunicação”, criada pela China, acompanhando a crescente influência política e económica do país.

O relatório da RSF, que coincide com a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a França, nota que Pequim trabalha há dez anos para controlar a informação além-fronteiras. A China é um dos país do mundo com menos liberdade de imprensa e mantém mais de 60 jornalistas na prisão.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, tem ainda investido milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

A RSF revela que a China criou uma “máquina de propaganda” internacional, na qual tem investido “maciçamente”, e que inclui a agência noticiosa oficial Xinhua e a televisão estatal CGTN, cada uma com mais de 10.000 funcionários.

Pequim tem ainda transformado a narrativa sobre o país através da compra de participações em grupos de comunicação estrangeiros, conteúdo pago ou convites a dezenas de milhares de jornalistas de todo o mundo para visitarem a China, com todas as despesas pagas, para alterar as suas percepções sobre o país, destaca a RSF.

A Xinhua ou a televisão estatal CGTN contam já com centenas de delegações além-fronteiras e têm agressivamente procurado parcerias no exterior, visando publicar conteúdo aprovado pela Propaganda do PCC, sob o selo de órgãos de comunicação independentes.

Também a Rádio Internacional da China (CRI, na sigla em inglês, ou os jornais oficiais Diário do Povo e China Daily têm promovido visitas à China, que, nos últimos anos, trouxeram ao país asiático milhares de jornalistas estrangeiros.

Desde 2017, o China Daily gastou quase 16 milhões de dólares para publicar suplementos em jornais norte-americanos, segundo dados reportados ao abrigo da Lei de Registo de Agentes Estrangeiros, que exige que entidades que representam os interesses de outros países divulguem as suas finanças.

New York Times ou Wall Street Journal são alguns dos órgãos que publicam suplementos do China Daily, mas cujas versões electrónicas estão bloqueadas no país asiático. Em Portugal, a CRI assegura uma emissão diária através da Rádio Iris FM, sediada nos arredores de Lisboa.

A RSF afirma que Pequim não se contenta em controlar as suas redes sociais e motores de busca, como o WeChat ou o Baidu, como tem encorajado outros países a copiar os seus regulamentos.
Em 2009, a China criou o World Media Summit, que é financiado e organizado inteiramente pela Xinhua, e que se realiza em “países conhecidos pelo seu autoritarismo”, nomeadamente Rússia ou Catar.

O RSF é particularmente crítico de Xi, que “em cinco anos de feroz repressão contra jornalistas e blogueiros conseguiu impor uma visão totalitária no país, que se estende agora além-fronteiras”.
A investida de Pequim foi oficialmente lançada em 2009, após protestos pró-independência do Tibete e em defesa dos Direitos Humanos terem acompanhado a passagem da Tocha Olímpica, em várias cidades do mundo, nas vésperas dos Jogos Olímpicos em Pequim.

Numa era em que a internet destruiu o modelo de negócio da imprensa tradicional, o regime chinês anunciou um investimento equivalente a 5,8 mil milhões de euros, visando reforçar a presença global dos seus órgãos de comunicação.

25 Mar 2019

Oposição da Tailândia diz que tem maioria mas não há resultados oficiais

[dropcap]A[/dropcap]comissão eleitoral da Tailândia diz que vai esperar pela contagem total dos votos para anunciar resultados oficiais, mas o partido da oposição declarou que conseguiu eleger o maior número de deputados e que vai tentar formar governo.

As primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 realizaram-se ontem, domingo, mas a comissão eleitoral disse que só vai anunciar “ao fim do dia” de hoje os resultados relativos a 350 circunscrições no final do dia e que a contagem sobre as restantes 150 podem demorar vários dias.

O partido Pheu Thai afastado do poder na sequência do golpe militar de 2014 diz que conseguiu vencer a maioria das circunscrições e que, por isso, vai tentar formar um novo executivo.

Os resultados oficiais ainda não foram divulgados, mas fontes ligadas aos militares indicam que o partido Palang Pracharat, no poder, “conseguiu o voto popular”. Informações não confirmadas oficialmente referem que 92% dos votos já foram contados pela Comissão Eleitoral.

Os primeiros resultados preliminares não oficiais indicam que o Phalang Pacharat conseguiu 7,5 milhões de votos, seguido do Pheu Thai com sete milhões de votos e que a formação anti-militar Anakot Mai conseguiu 5,1 milhões de votos.

Oficialmente, devido ao complexo sistema eleitoral tailandês que integra circunscrições e listas partidárias, desconhece-se ainda qual dos partidos vai conseguir o maior número de lugares da Câmara Baixa do parlamento constituída por 500 deputados.

De acordo com a Constituição aprovada pelos militares, dos 500 lugares no parlamento 350 são escolhidos pelas circunscrições e os restantes 150 pelas listas dos partidos.

Mais de 50 milhões de tailandeses foram chamados a votar nas primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 liderado pelo general Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro e cabeça de lista do Palang Pracharat.

Os deputados devem depois designar o novo primeiro-ministro em conjunto com a decisão dos 250 senadores que são escolhidos pela junta militar, incluindo os chefes dos chefes das Forças Armadas.

Prayut, candidato a chefe do governo, partia com vantagem porque necessita apenas de eleger 126 deputados. As eleições não foram acompanhadas por observadores internacionais.

A União Europeia não foi convocada, mas decidiu envolver alguns diplomatas que acompanharam de forma incompleta a votação para recolha de informações que vão ser partilhadas a nível interno.

25 Mar 2019

Presidente chinês Xi Jinping no Mónaco para visita diplomática

[dropcap]O[/dropcap]Presidente da China, Xi Jinping, começou ontem pelo meio-dia uma visita diplomática ao Mónaco, no âmbito de um périplo europeu, transformando as ruas do principado, que ficaram desertas mas enfeitadas com símbolos e cores chinesas.

Depois de uma passagem por Roma, onde selou a entrada da Itália, com a assinatura de um memorando de entendimento “não vinculativo”, no seu projecto económico chinês “nova rota da seda”, Xi Jinping chegou ao Mónaco, uma hora depois de aterrar no aeroporto de Nice Côte D’Azur.

Trata-se da primeira vez que o Presidente do país mais populoso do mundo visita o Mónaco, o Estado mais pequeno do planeta depois do Vaticano.

O governante monegasco Alberto II foi recebido em Setembro em Pequim e forjou laços com Xi, especialmente em torno do desporto.

Não está prevista qualquer conferência de imprensa para esta visita, mas há imagens oficiais.
O programa da visita prevê um almoço com 40 convidados, no qual Xi Jiping e Alberto II vão poder discutir “questões económicas e ambientais”.

Em 2018, o Mónaco assinou um acordo com o grupo chinês Huawei para tornar o principado o primeiro país totalmente coberto em 5G para as suas comunicações móveis.

O Presidente chinês iniciou na quinta-feira um périplo pela Europa, visando “consolidar o bom momento” nas relações e reforçar alianças no comércio e assuntos internacionais, informou o Governo chinês, apesar da crescente suspeição de Washington.

A viagem de Xi Jinping decorre até 26 de Março e inclui Itália, França e Mónaco. Itália foi o primeiro país membro do G7 a integrar o projecto “nova rota da seda”, de infraestruturas marítimas e terrestres, lançado por Pequim em 2013, (ver página 13).

Com este projecto, Pequim tenciona impulsionar o seu comércio com o Ocidente, apesar das reticências por parte da União Europeia.

25 Mar 2019

Tailândia vota quase cinco anos depois do exército ter tomado o poder

[dropcap]A[/dropcap]s mesas de voto abriram ontem de manhã na Tailândia para as eleições no Parlamento, o qual permanecerá, contudo, condicionado pelos militares independentemente do veredicto das urnas, quase cinco anos após o exército ter tomado o poder.

Cerca de 51 milhões de tailandeses, em aproximadamente 90.000 escolas em todo o país que começaram a funcionar às 8:00, são chamados a votar nas eleições que foram adiadas meia dúzia de vezes pela junta militar desde que assumiu o poder em Maio de 2014, quando os generais justificaram o golpe como forma de acabar com a corrupção e a instabilidade política após meses de protestos de rua.

Entretanto, a convocação das eleições, adiada várias vezes, aconteceu após uma reforma legal completa para restringir a margem de manobra dos Governos eleitos e fortalecer a interferência militar na vida política do país.

Estas eleições servem para avaliar o apoio ou a rejeição popular à junta militar e ao primeiro-ministro, o general Prayut Chan-ocha, que aspira a renovar o cargo, desta vez com a legitimidade das urnas.

O regime militar foi marcado pela intolerância em relação a qualquer forma de dissidência, o que levou centenas de pessoas às prisões.

Jogo das cadeiras

Neste sufrágio estão disputa 500 lugares na Câmara dos Deputados, dos quais 350 serão eleitos pelos círculos eleitorais, e outros 150 por listas de partidos, por um período de quatro anos.

Os deputados serão responsáveis pela nomeação do novo primeiro-ministro numa votação conjunta com os 250 senadores, que são escolhidos a dedo pela junta militar e incluirá os chefes das forças armadas.

Prayut, proposto como candidato a chefe de Governo pelo partido Phalang Pracharat, parte com vantagem para estender o seu mandato, uma vez que só precisa do apoio de 126 deputados eleitos.

A Comissão Eleitoral também colocou em prática novas regras que prejudicam os principais partidos, com regulamentos destinados a prejudicar as possibilidades do clã Shinawatra, cujas plataformas políticas venceram em todas as eleições desde 2001.

Thaksin Shinawatra e sua irmã Yingluck, cujos Governos foram depostos pelos militares em dois golpes, vivem no exílio para evitar a justiça tailandesa e são considerados inimigos pelos adeptos da monarquia e pelo comando militar.

Para ir às urnas, os Shinawatra dividiram o apoio político entre quatro formações, algumas delas novas. O Pheu Thai, que formou o último Governo democrático, é o principal partido dessa facção, que desta vez decidiu participar dividida em quatro formações para evitar a nova regra que limita o número de lugares por partido.

Acto falhado

Numa tentativa de surpreender os militares, o partido Thai Raksa Chart, uma das formações ligadas a Thaksin Shinawatra, propôs a candidatura de Ubolratana Mahidol, irmã mais velha do actual rei da Tailândia.

A candidatura não sobreviveu um dia, já que o monarca Vajiralongkorn declarou publicamente a candidatura da irmã como “inapropriada” e “contra o sistema constitucional”.

A Comissão Eleitoral apresentou uma queixa ao Tribunal Constitucional, que finalmente dissolveu o Thai Raksa Chart duas semanas antes das eleições.

O beneficiário desta situação poderá ser o Anakot Mai, partido recém-formado e liderado pelo empresário Thanathorn Juangroongruangkit, cujo sucesso entre os jovens eleitores e a sua proposta para reduzir o orçamento militar o colocou na mira dos militares.

Os Democratas, outro partido na corrida eleitoral, é tradicionalmente preferido pelas elites de Banguecoque, a mesma que apoiou o golpe, mas cujo líder, o ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, anunciou a sua oposição à continuação de Prayut no cargo de primeiro-ministro.

As eleições serão as primeiras após a morte do rei Bhumibol, que morreu em Outubro 2016, após 70 anos de reinado.

25 Mar 2019

“Nova rota da seda” | Itália assina memorando de entendimento

Apesar do desagrado manifestado pelos Estados Unidos e pelas maiores potências europeias, o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, assinaram, em Roma, um acordo “não vinculativo” que torna a Itália no primeiro país do grupo G7 a participar no projecto “nova rota da seda”, desenvolvido por Pequim

 

[dropcap]O[/dropcap]s Governos italiano e chinês assinaram sábado um memorando de entendimento “não vinculativo” para selar a entrada de Itália na “nova rota da seda”, apesar das preocupações de Bruxelas e Washington.

A Itália é o primeiro país membro do G7 a integrar este projecto faraónico de infraestruturas marítimas e terrestres lançado por Pequim em 2013. Com este projecto, Pequim tenciona impulsionar o seu comércio com o Ocidente, apesar das reticências por parte da União Europeia.

O memorando de entendimento articula-se em 29 acordos em áreas como infraestruturas e energia e foram assinados em Roma, na presença do Presidente chinês, Xi Jinping, e do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, na Vila Madama de Roma.

Itália abre-se, assim, à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um programa lançado pela China para se ligar às economias ocidentais na Europa, Médio Oriente e África, que vê nos portos italianos o ponto de chegada ideal para difundir os seus produtos e investimentos.

Itália torna-se assim o primeiro país do G7, o grupo das sete democracias mais industrializadas do planeta, a apoiar este projecto. Tal é conseguido através de um memorando de entendimento que não cria vínculos jurídicos, e que aquele país europeu vê como uma lista de intenções, um “acordo programático”, como defendeu nos últimos dias o primeiro-ministro Giuseppe Conte, face aos receios suscitados.

Maus olhados

Em concreto, os Estados Unidos e importantes membros da União Europeia, como a França ou a Alemanha, vêem com certa desconfiança o projecto chinês, que suspeitam que possa vir a aumentar a influência da potência asiática no continente.

Na Europa, assinaram acordos deste tipo países como Malta, Portugal, Bulgária, Croácia, República Checa, Hungria, Grécia, Estónia, Letónia, Lituânia, Eslováquia e Eslovénia, mas a Itália é o primeiro país do G7 a fazê-lo.

Nos termos do memorando de entendimento para a “Nova Rota da Seda”, Itália e China ractificaram 29 acordos entre as suas empresas para aumentar a cooperação em sectores como o das infraestruturas, da energia, da cultura e do turismo.

25 Mar 2019

Corrida tecnológica ao 5G conta com participantes de todo o mundo

Entre suspeitas de espionagem, com a gigante chinesa Huawei a ser a principal visada, a corrida tecnológica joga-se um pouco por todo o mundo, com os Estados Unidos, o Japão, a Coreia do Sul e a China a assumirem a liderança no desenvolvimento da rede de quinta geração

 

[dropcap]A[/dropcap]rede móvel de quinta geração (5G) está a ser desenvolvida em vários países do mundo, estando os asiáticos e os Estados Unidos mais bem posicionados para vencer a ‘corrida’ tecnológica, que tem sido marcada pelas suspeitas de espionagem chinesa.

Nesta ‘corrida’ está também a União Europeia (UE), com os Estados-membros a darem passos para que o 5G seja disponibilizado, de forma comercial, em pelo menos uma cidade por país até 2020 e para que haja uma cobertura mais abrangente até 2025.

Ainda assim, os avanços são maiores fora da UE, já que “os Estados Unidos, o Japão, a Coreia do Sul e a China são os principais países em termos de desenvolvimento” desta tecnologia, admite o Observatório Europeu para o 5G no seu relatório de acompanhamento mais recente, datado de final do ano passado.

Além de monitorizar o que está a ser feito na União, este observatório criado pela Comissão Europeia acompanha a aposta no resto do mundo, indicando no relatório, a que a agência Lusa teve acesso, que “os Estados Unidos são um país muito avançado no 5G”, sendo esperado em breve que as operadoras AT&T ou Verizon o comercializem, após testes no ano passado.

Também a China está “a experimentar o 5G”, prevendo o seu lançamento comercial em 2020 através da China Unicom e da China Telecom, segundo o documento.

Antes, para o segundo semestre deste ano, é apontada a comercialização do 5G na Coreia do Sul, país que chegou a testar esta tecnologia numa zona limitada dos jogos olímpicos de Inverno, em Fevereiro do ano passado, na região de PyeongChang.

No próximo ano, esta oferta comercial deverá chegar ao Japão, com “os operadores japoneses a pretenderem lançar o 5G a tempo de acolher os jogos olímpicos e paraolímpicos de Verão em Agosto de 2020”, segundo o relatório.

“Além destes países e da UE, outros estão a planear desenvolvimentos no 5G, como a Índia, a Austrália, o Canadá, a África do Sul e os países do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e a Arábia Saudita”, aponta o mesmo documento do Observatório Europeu.

No caso da Índia, o lançamento comercial só é estimado para 2022. Entre os restantes, “o Qatar e os Emirados Árabes Unido reivindicam ter sido os primeiros a lançar o 5G”. Porém, “sem qualquer dispositivo 5G disponível até ao momento [nestes dois países], parece ter sido mais uma ‘luz verde’ para a infraestrutura do que um lançamento comercial completo”, observa o relatório.

Alvo a abater

No que toca aos principais fabricantes de equipamentos 5G, o documento aponta a Ericsson, a Huawei, a Nokia, a Samsung e a ZTE, alguns dos quais podem vir a ser lançados ainda este ano.

É, contudo, a chinesa Huawei que está no cerne da polémica, estando acusada de 13 crimes por procuradores norte-americanos, incluindo fraude bancária e espionagem industrial.

O Congresso dos Estados Unidos chegou, inclusive, a proibir agências governamentais de comprarem produtos da Huawei, ao abrigo da Lei de Autorização de Defesa Nacional, por considerar que a empresa serve a espionagem chinesa.

Ao mesmo tempo, o país tem pressionado vários outros, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de 5G.

A empresa tem rejeitado alegações sobre a segurança da sua tecnologia 5G, insistindo que não tem “portas traseiras” para aceder e controlar qualquer dispositivo, sem o conhecimento do utilizador.

A Huawei informou ainda que vai processar o Governo dos Estados Unidos por ter proibido a compra dos equipamentos de telecomunicações pelos serviços públicos.

Entretanto, em meados deste mês, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Nato), Jens Stoltenberg, disse estar a ponderar eventuais acções contra a Huawei, tendo em conta as preocupações de segurança.

Também nessa altura, o Parlamento Europeu mostrou-se preocupado com a ameaça tecnológica chinesa na UE, instando a Comissão Europeia a agir perante possíveis acessos ilegais a dados em equipamentos móveis de 5G.

Já esta semana, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, pediu aos países da UE que garantam livre concorrência para as empresas chinesas, e denunciou tentativas de “afundar” grupos como a Huawei por motivos de segurança.

25 Mar 2019