Tecnologia | China vai limitar número de videojogos para “evitar miopia”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China vai limitar o número de videojogos disponíveis na Internet do país, “para evitar a miopia”, uma doença que afecta muitas crianças e adolescentes chineses, avançou o ministério chinês da Educação. O novo regulamento foi anunciado na quinta-feira, logo após uma “importante directriz” do Presidente chinês, Xi Jinping, que apelou à protecção da visão das crianças.

As autoridades limitarão o número de videojogos na Internet, mas também o lançamento de novos produtos no mercado, segundo o comunicado do ministério da Educação. Outras medidas poderão incluir limitar o número de horas que as crianças passam a jogar, lê-se na mesma nota, coassinada por outras sete administrações do país.

As acções de várias empresas do sector nas praças financeiras chinesas afundaram no final da semana passada. A cotação do gigante chinês da internet Tencent desvalorizou mais de 5 por cento, em Hong Kong. A Perfect World caiu 9 por cento, na bolsa de Shenzhen.

Os estudantes chineses sofrem de uma alta taxa de miopia, que é cada vez mais precoce, alertou Xi Jinping, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. O distúrbio ocular tem um impacto negativo significativo na saúde física e mental das crianças e representa um grande problema para o futuro da nação, acrescentou.

A medida anunciada na quinta-feira surge depois de Pequim ter suspendido a emissão de licenças para comercializar novos videojogos. Segundo a lista da Agência Nacional para a Rádio e Televisão, nenhuma empresa obteve novas licenças desde maio passado.

3 Set 2018

UE | Pequim saúda fim das restrições sobre a venda de painéis solares

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China saudou ontem a decisão da Comissão Europeia (CE) de eliminar as taxas de importação dos painéis solares chineses a partir do próximo dia 3 de Setembro, ao final de quase cinco anos em vigor. Em comunicado, o ministério do Comércio chinês afirmou que a medida vai “restaurar o comércio de painéis solares entre a China e a União Europeia de acordo com as “condições normais do mercado”. Além disso, vai gerar um “ambiente de negócios mais estável e previsível” de modo a que as indústrias de ambas as partes possam obter “resultados vantajosos”, considerou. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o gigante asiático quer continuar a cooperar com a UE e a promover “o livre comércio global” e um “sistema multilateral de comércio baseado em regras”. A Comissão Europeia impôs as taxas em Dezembro de 2013, depois de meses de uma investigação que revelou que empresas chinesas vendiam painéis solares na Europa muito abaixo dos preços normais de mercado.

3 Set 2018

China/África | Teoria da armadilha do endividamento é “fantasia infundada”

Um conhecido analista chinês classificou ontem de “fantasia” a teoria da armadilha do endividamento nos países incluídos no projecto de infra-estruturas internacional da China, nas vésperas de Pequim anunciar milhares de milhões de dólares em empréstimos a África

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão há motivos para que a China queira levar a situações de incumprimento para poder então pressionar estes países”, disse Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, à agência Lusa, em Pequim.
A capital chinesa recebe, hoje e amanhã, o Fórum de Cooperação China/África, que reúne dezenas de chefes de Estado e de Governo dos países africanos, e deve anunciar a inclusão do continente na Nova Rota da Seda.

Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele gigantesco plano de infra-estruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Críticos da iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns casos coloca os países numa situação financeira insustentável.

No Sri Lanka, um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa, numa localização estratégica no Índico, revelou-se um gasto incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infraestrutura e dos terrenos próximos à China, por um período de 99 anos.

Na sequência do episódio, o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, cancelou projectos apoiados pela liderança chinesa no seu país e avaliados em mais de 22.000 milhões de dólares. “Nós não queremos uma nova versão do colonialismo porque os países pobres não conseguem competir com os países ricos”, afirmou Mahathir sobre a sua decisão.

“Passivo Político”

Também a directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertou já para os riscos de derrapagem financeira e armadilha do endividamento. “Nos países onde a dívida pública é alta, uma gestão cuidadosa dos termos financeiros é crucial”, disse.
Antigo intérprete de Deng Xiaoping, formado em língua inglesa e com um mestrado em Ciências Políticas na Universidade de Yale, Gao Zhikai considera aquelas acusações uma “fantasia completamente infundada” e lembra que o “endividamento é necessário” para arrancar com os projectos em países com pouco capital.

“Condenar a iniciativa pelos termos do financiamento é simplesmente bater à porta errada”, defende o analista chinês, que ilustra o significado da Nova Rota da Seda com o caso de África, “provavelmente” o continente “mais fragmentado”, “devido ao colonialismo europeu”. “Estes países focaram-se em conectar as suas colónias, em vez de conectar os países tendo em conta a sua localização na respectiva região ou no continente” lembra.

Segundo a unidade de investigação China AidData, desde 2000, Pequim concedeu mais de 110.000 milhões de dólares em financiamento aos países africanos. Aquele valor coloca o país asiático lado a lado com os Estados Unidos como o maior credor do continente, mas Gao Zhikai recorda que, ao contrário de Washington, Pequim não tem um “passivo político” para com África. “Enquanto os EUA têm uma longa história de esclavagismo, a China nunca teve um racismo institucionalizado contra os africanos”, recorda.

Durante os anos 1960 e 1970, a então pobre e isolada China apoiou dezenas de países africanos “na luta contra o imperialismo” e na “defesa do internacionalismo proletário”. “As relações entre China/África começaram num nível mais elevado”, conclui Gao.

3 Set 2018

Defesa | Taiwan fabrica 66 aviões de treino avançado até 2026

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]aiwan vai fabricar 66 aviões de treino avançado até 2026, desenvolver novos motores de aeronaves e componentes-chave de aviões de combate de última geração, anunciou no fim-de-semana o Ministério da Defesa. Segundo a agência Efe, Taiwan contratou a Corporação de Desenvolvimento Industrial Aeroespacial (AIDC, na sigla em inglês) para o desenvolvimento e fabrico dos aviões, um plano de fortalecimento das forças armadas para os próximos cinco anos, e que visa fazer frente ao avanço militar chinês. Em comunicado, o Ministério indica que a empresa já iniciou a montagem do primeiro dos 66 aviões e que pretende realizar testes no solo em Setembro de 2019.

O Ministério da Defesa de Taiwan acrescenta que o primeiro voo está planeado para Junho de 2020.

Os novos aviões vão substituir as actuais aeronaves de treino AT-3 e também os F-5E e F, de fabrico norte-americano.

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, lançou um programa de modernização militar, que inclui o aumento dos gastos da defesa até 3 por cento do Produto Interno Bruto, a aquisição de equipamento tecnológico norte-americano e a produção de submarinos, aviões, navios e mísseis em Taiwan.

3 Set 2018

Diplomacia | Presidente da África do Sul inicia visita de Estado à China

 

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, iniciou ontem uma visita de Estado à China onde vai copresidir à cimeira China-África, que decorre até amanhã, em Pequim

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]visita de Ramaphosa à China, a convite de Xi Jinping, “é um gesto de retribuição” por parte do chefe de Estado que foi anfitrião de uma visita de Estado do seu homólogo chinês em 24 de Julho, véspera da cimeira BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (Brics) em Joanesburgo, disse a presidência em comunicado.

A visita do chefe de Estado sul-africano começará com a colocação de uma coroa de flores no “Monumento dos Heróis do Povo” na praça de Tiananmen, em homenagem aos que perderam a vida “nas guerras do povo chinês pela libertação, independência e liberdade”.
De acordo com a presidência, Ramaphosa vai reunir-se depois com o primeiro-ministro Li Keqiang na residência oficial ‘Diaoyutai State Guest House’ antes de participar na cerimónia de boas-vindas oferecida por Xi Jinping no Grande Salão do Povo.

Durante a sua estada na China, Cyril Ramaphosa participará ainda na cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), a ter lugar em Pequim de 3 a 4 de Setembro sob o tema: “China e África: rumo a uma comunidade ainda mais forte, com um futuro compartilhado através da cooperação mutualmente benéfica”.

O Fórum, criado em 2000 como plataforma multilateral de cooperação entre a República Popular da China (PRC, na sigla em inglês) e os países africanos com relações diplomáticas oficiais com a PRC, será copresidido por Cyril Ramaphosa e Xi Jinping.
A África do Sul, que acolheu a última cimeira do Fórum China-África em 2015, entregará a presidência do FOCAC a um novo país africano, após seis anos no cargo (2012 a 2018).
Segundo a presidência, a África do Sul, como presidente cessante, “irá centrar os seus esforços em assegurar um papel mais importante para a Comissão da União Africana no FOCAC, bem estreitar relações com as comunidades económicas regionais e a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD)”, o programa de desenvolvimento socioeconómico da União Africana.

Ligação a Pretória

A nível bilateral, a China tem sido o principal parceiro comercial da África do Sul por nove anos consecutivos, segundo dados divulgados ontem pela ministra das Relações Internacionais e Cooperação, Lindiwe Sisulu.

Em 2017, o comércio bilateral entre os dois países cresceu 11.7 por cento para 39.17 biliões de dólares, vinte vezes maior do que no arranque das relações diplomáticas entre Pretória e Pequim.

A África do Sul é o principal destino do investimento chinês em África, com investimentos acumulados de mais de 25 biliões de dólares em Junho de 2017. A governante sublinha ainda que “mais de 180 grandes empresas chinesas e milhares de pequenas e médias empresas estabeleceram-se no país”, acrescentando que, “além disso, a África do Sul recebe o maior número de turistas chineses em África, tendo 100.000 cidadãos visitado o país em 2017”.

Na opinião de Lindiwe Sisulu, a China tornou-se um importante parceiro de investimento para a África do Sul, “estimulando a transformação e o desenvolvimento económico e social do país”. “Em muitas áreas, a parceria China-África proporcionou resultados concretos que são benéficos para África”, escreve Lindiwe Sisulu, num artigo publicado na edição de ontem do semanário sul-africano City Press.

“África está empenhada em utilizar ao máximo esta parceria em termos de acesso de mercado e oportunidades de negócio. Existe também a necessidade de alinhar a parceria com os objectivos estratégicos da UA (União Africana). Neste sentido, esperamos consolidar uma parceria China-África ainda mais forte através da cooperação mutualmente benéfica na Cimeira do FOCAC 2018”, diz Sisulu.

Na visita à China, o Presidente Ramaphosa é acompanhado pela sua esposa Tshepo Motsepe, e os ministros Lindiwe Sisulu (Relações Internacionais e Cooperação), Naledi Pandor (Ensino Superior), Rob Davies (Comércio e Indústria), Pravin Gordhan (Empresas Públicas), Edna Molewa (Assuntos Ambientais), Gugile Nkwinti (Água e Saneamento), Blade Nzimande (Transportes), Derek Hanekom (Turismo), Nhlanhla Nene (Finanças) e Senzeni Zokwana (Agricultura, Silvicultura e Pescas), disse a presidência sul-africana.

3 Set 2018

China/África | Cooperação com Pequim é “fundamental” para sucesso africano, diz António Guterres

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou a cooperação entre a China e África “fundamental” para o sucesso do continente, numa entrevista difundida nas vésperas de um fórum que traz a Pequim dezenas de líderes africanos.

Numa entrevista conjunta aos jornalistas chineses, antes de partir para Pequim, onde participará, na próxima semana, no Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), Guterres frisou a importância do desenvolvimento de África para o mundo.

“Eu acredito firmemente que o sucesso do desenvolvimento e paz mundiais depende do sucesso de África, e que a cooperação entre China e África é fundamental para o sucesso de África”, afirmou.

“O mundo é um só, o planeta é um só, vivemos numa época de integração, tudo está interligado”, acrescentou o português, que frisou a importância de reforçar a conectividade através do investimento em infraestruturas, nomeadamente no âmbito da iniciativa chinesa “Nova Rota da Seda”.

Segundo analistas, o FOCAC deverá anunciar a inclusão dos países africanos naquele projeto internacional de infra-estruturas, lançado pela China, e que inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos ou centrais elétricas, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, então percorridas por caravanas. O projeto inclui ainda Europa, Ásia Central e Sudeste Asiático.

Guterres enalteceu também a articulação do investimento chinês no continente com a Agenda 2063, da União Africana, e a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, da ONU. A China organiza entre esta segunda a terça-feira, em Pequim, o Fórum de Cooperação China/África, que reúne dezenas de chefes de Estado e do Governo dos países africanos.

2 Set 2018

Africanos no sul da China “ameaçados” por crescente pressão policial

Por João Pimenta, da agência Lusa

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma implacável campanha contra imigração ilegal em Cantão, no sul da China, tem deixado apreensivos os milhares de africanos radicados na cidade, apesar dos crescentes laços diplomáticos e económicos entre Pequim e o continente.

“A polícia está sempre a parar-nos e a pedir para ver os documentos”, descreve à agência Lusa o estudante marfinense Abouo, nas vésperas de o Fórum de Cooperação China-África arrancar, em Pequim, com a participação de dezenas de líderes africanos, e que deverá anunciar milhares de milhões de dólares em investimento chinês no continente.

Sentado no segundo piso de um restaurante de comida árabe em Xiaobei, o bairro de Cantão conhecido como “Pequena África”, o fórum passa ao lado de Abouo, ao mesmo tempo que retira o passaporte do bolso e explica: “Tenho de o trazer comigo sempre que saio de casa”.

O relato é repetido por outros africanos radicados na cidade, para quem buscas domiciliárias ou detenções por saírem à rua sem documentos se tornaram frequentes. “Sentimo-nos ameaçados”, explica Augusto, um angolano de 55 anos.

Localizada a cerca de 150 quilómetros de Macau, Cantão é a capital de Guangdong, a província chinesa mais exportadora e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura adotada pelo país no final dos anos 1970.

Nas últimas décadas, milhares de comerciantes oriundos de todos os pontos de África desembarcam em Cantão, em busca de fortuna, face ao ‘boom’ no comércio entre a China e o continente.

O país asiático é, desde 2009, o maior parceiro comercial de África. Pelas estatísticas chinesas, nos primeiros seis meses deste ano, o comércio bilateral aumentou 16%, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares (84.600 milhões de euros).

No entanto, a população africana em Guangzhou tem caído “à medida que a polícia reforça o controlo sobre a imigração ilegal”, escreve a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Dados oficiais revelam que há 15.000 africanos a residir na cidade. Há dez anos, eram 20.000. No entanto, “o número real, que inclui imigrantes ilegais e pessoas que permanecem após o visto vencer, será muito mais alto”, reconhece a agência.

Especialistas chineses estimam que serão 150.000, o que faria de Cantão a cidade da Ásia com a maior comunidade africana.

Ao cair da noite, as ruas de Xiaobei enchem-se de mulheres e homens envergando trajes tradicionais africanos. Nas ruas, ouve-se suaíli, iorubá ou português. Nos bares, toca-se Afrobeat, Kizomba e Mbaqanga.

Pequenas lojas expõem para venda a grosso têxteis, eletrónicos, bijuteria ou até artigos inéditos na China, como material para campanhas eleitorais – t-shirts com a imagem do anterior presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com a inscrição “The President”, continuam expostas em várias montras.

Um carro de patrulha e três membros da Unidade Especial da polícia chinesa, armados com espingardas de assalto – outra visão rara na China -, vigiam o acesso principal para o bairro.

Em julho passado, os hotéis nesta área emitiram avisos de interdição a africanos.

“A partir de 05 de julho, o nosso hotel não está autorizado a receber hospedes africanos”, lê-se num aviso colocado à entrada de um hotel. A rececionista confirma: “Cidadãos da Nigéria, Uganda ou Serra Leoa, por exemplo, não são permitidos”.

O local Lin Laotao garante, no entanto, que Cantão “é uma cidade aberta”, que “aceita gente de todo o lado”, mas reconhece que “o comércio de produtos baratos já não é tão lucrativo”, levando “alguns africanos a envolverem-se em atividades ilícitas”. “Isso gerou alguma hostilidade entre os locais”, afirma.

Um diplomata europeu colocado em Cantão diz não notar racismo, mas admite que os colegas africanos se queixam de um tratamento “desagradável”.

Na Catedral Sagrado Coração de Jesus, erguida pelos franceses na margem norte do Rio das Pérolas, no século XIX, é possível, no entanto, observar sintonia entre locais e africanos.

Todos os domingos à tarde, centenas de africanos e chineses sentam-se lado a lado na igreja, para uma missa celebrada em inglês.

Um padre chinês, acompanhado de ajudantes de altar quenianos, nigerianos e ruandeses caminha rumo ao altar. Um coro, também miscigenado, entoa: “Sabei que o Senhor é Deus: ele nos fez, e a ele pertencemos. Somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho?”.

2 Set 2018

China-África | Portugal diz que fórum representa esforço para promover cooperação e desenvolvimento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo português considera o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que decorre esta segunda e terça-feira, um esforço internacional para a promoção da cooperação e desenvolvimento, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, à agência Lusa.

“Portugal vê com agrado todos os esforços internacionais de promover a cooperação para o desenvolvimento e é nesse quadro que entendo a realização desse evento”, afirmou Santos Silva em declarações enviadas à Lusa.

A FOCAC realiza-se esta segunda a terça-feira, em Pequim, e contará com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo de países africanos, nomeadamente todos os de língua portuguesa, casos de Cabo Verde, São Tomé e Princípe, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

“Naturalmente, Portugal está sobretudo empenhado quer na cooperação entre a União Europeia e a União Africana, sendo de relevar que as duas primeiras cimeiras se realizaram ambas em presidências portuguesas da União Europeia, quer no Fórum Macau, que é um excelente instrumento de cooperação entre a China, Portugal e os países africanos de língua portuguesa”, destacou Santos Silva.

Todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) estarão representados na cimeira. África e China têm entre si uma relação que já envolve um investimento direto anual de 2.500 milhões de euros em setores como indústria, finanças, turismo e aviação.

Entre janeiro e junho de 2018, o comércio bilateral cifrou-se em 98.800 milhões de dólares. Dados oficiais divulgados no dia 29 estimam que a cooperação com Pequim leve ao continente africano 30.000 quilómetros de auto-estradas, uma capacidade anual portuária de 85 milhões de toneladas e uma capacidade de produção elétrica de 20.000 megawatts.

Esperado papel na Rota Marítima Atlântica

A Associação Amigos da Nova Rota da Seda considera que o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) contribuirá para “o desenvolvimento” da Rota Marítima Atlântica, “em que Portugal poderá ter um papel importante”.

A presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, Fernanda Ilhéu, vincou as “muitas afinidades” do objetivo da cimeira entre China e nações africanas, entre os quais países de língua portuguesa, de criar “uma comunidade ainda mais forte com um futuro partilhado através da cooperação ‘win-win’”.

Em declarações à agência Lusa, Fernanda Ilhéu sublinhou as “muitas afinidades com a visão e os objetivos da iniciativa da China ‘Uma Faixa, Uma Rota e a Nova Rota da Seda Marítima do Século XXI'”, sustentando que “será previsível que sejam assinados projetos de cooperação no âmbito dessa iniciativa”.

A Nova Rota da Seda foi lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas.

Os projetos são sobretudo construídos por empresas chinesas e financiados pelos bancos estatais da China, estendendo-se à Europa, Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

“Temos a expetativa de que os países de língua portuguesa, que irão estar quase todos presentes, fazendo-se representar pelos seus Presidentes, adiram a essa iniciativa, contribuindo para o desenvolvimento da Rota Marítima Atlântica em que Portugal poderá ter um papel importante, perspetivando parcerias estratégicas enquadradas por uma outra iniciativa da China complementar da ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que consiste em promover a cooperação em projetos da China com a Europa em terceiros países, neste caso da China com Portugal, em projetos em países de língua portuguesa”, afirmou.

Salientando que o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) da China em África “nos últimos três anos foi de cerca de 30 mil milhões de dólares” (25,6 mil milhões de euros), Fernanda Ilhéu frisou que “o comércio entre a China e a África tem crescido de uma forma robusta”, com “programas de cooperação em empresas do setor industrial, financeiro, turismo e aviação”.

“Também foram lançados projetos de infra-estruturas como 30.000 quilómetros de auto-estradas, 85 milhões de toneladas de capacidade portuária, 20.000 MW de energia elétrica e 9 milhões de toneladas ano de capacidade de tratamento de águas”, acrescentou, referindo ainda os “cerca de 900.000 postos de trabalho” criados.

2 Set 2018

Presidente das Filipinas associa aumento de violações à beleza das mulheres

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse na quinta-feira que o aumento de casos de violação e agressão sexual em Davao deve-se ao facto da cidade da qual foi autarca durante mais de duas décadas ter “muitas mulheres bonitas”.

“Dizem que há muitas violações em Davao. Se houver muitas mulheres bonitas, haverá muitas violações”, disse o Presidente durante uma cerimónia oficial na cidade de Mandaue, no centro das Filipinas.

De acordo com os últimos relatórios da Polícia Nacional das Filipinas, Davao regista o maior número de casos de violência sexual nas Filipinas, com um total de 42 crimes no segundo trimestre de 2018.

O Presidente filipino, um mulherengo confesso e conhecido por seus discursos extravagantes, tem estado no centro da controvérsia em várias ocasiões pelos seus comentários misóginos, sexistas e depreciativos em relação às mulheres.

O caso mais famoso foi quando no início de junho forçou o beijo nos lábios de uma mulher numa reunião pública com a comunidade filipina em Seul, o que provocou críticas generalizadas e até mesmo manifestações nas ruas de grupos de mulheres.

Em fevereiro deste ano, pediu aos militares do Exército filipino que atirassem na vagina das guerrilheiras comunistas para que elas não pudessem procriar.

Duterte chegou a brincar sobre o caso de uma freira australiana violada e assassinada em 1989 e, num outro discurso, ofereceu “42 virgens” a cada turista que visitasse as Filipinas.

2 Set 2018

Jornal chinês diz que publicações de Trump no Twitter são de “universo alternativo”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial chinês considerou “desconcertantes” e de “outro universo” as publicações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na rede social Twitter, reagindo assim às suas contínuas acusações contra Pequim.

“Há poucas coisas mais desconcertantes do que as publicações do Presidente norte-americano no Twitter”, afirma o China Daily, em editorial.

O jornal, em língua inglesa, considera que as publicações de Trump “à partida, parecem estar de acordo com a realidade”, mas que “de repente convertem-se em mensagens de um universo alternativo”.

O artigo lembra que a diplomacia chinesa tem refutado as acusações do líder norte-americano, mas que “nada o deterá no seu objetivo de manchar a imagem da China, visto que necessita desesperadamente de um bode expiatório a meio da legislatura”.

“É assim que distrai a opinião pública dos problemas em que a Casa Branca está enterrada”, acrescenta.

O China Daily destaca a publicação de Trump, esta semana, em que acusa Pequim de ter pirateado correios eletrónicos de Hillary Clinton, a sua rival nas eleições de 2016.

O jornal crítica ainda Trump por culpar a China pelos escassos progressos na aproximação diplomática de Washington à Coreia do Norte.

“A China, contra quem Trump lançou uma guerra comercial, é um fácil candidato a ser demonizado pelo Presidente dos Estados Unidos”, lê-se.

No editorial lembra-se ainda que as publicações do líder norte-americano “não só difamam a China, mas também o FBI ou o Departamento de Justiça [dos EUA] que têm a sua integridade posta em causa”.

China e EUA atravessam um período de renovada tensão, após Trump ter imposto taxas alfandegárias de 25% sobre milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, espoletando a retaliação de Pequim.

2 Set 2018

Pequim acusa EUA de lógica “irresponsável e absurda” em relação à Coreia do Norte

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China acusou ontem os Estados Unidos de distorcerem a realidade e manterem uma lógica “irresponsável e absurda”, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter acusado Pequim de entravar a desnuclearização da Coreia do Norte. “Muita gente, como eu, pensa que os Estados Unidos são os campeões do mundo em distorcer os factos de forma irresponsável e com uma lógica absurda”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, questionada sobre as declarações do presidente norte-americano. Os Estados Unidos “deviam olhar-se ao espelho em vez de criticar os outros”, acrescentou.

 

Donald Trump afirmou em ’tweets’ sucessivos nos últimos dias que a relação com a Coreia do Norte é boa, mas que “a China complica grandemente as coisas” devido “aos diferendos comerciais” entre Washington e Pequim. O presidente norte-americano disse ainda que a sua relação com o líder norte-coreano é “boa e calorosa”, pelo que não “há razões nesta altura para esbanjar dinheiro em jogos de guerra”, mas avisou que poderá relançar exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul que serão os “maiores de sempre”.

Já anteriormente Trump tinha acusado a China de usar a sua influência sobre Pyongyang para dificultar a sua aproximação ao líder norte-coreano, Kim Jon-un, em represália pelas novas tarifas que Washington impôs a Pequim e que deram origem a uma guerra comercial entre as duas potências económicas.

Na semana passada, Trump cancelou uma visita de uma delegação norte-americana a Pyongyang citando falta de progressos nas negociações.

Trump e Kim reuniram-se em Junho numa cimeira histórica, em Singapura, na qual se comprometeram a construir uma paz duradoura e estável na península coreana e a trabalhar para “a total desnuclearização” da península.

31 Ago 2018

Timor-Leste | Presidente defende reforço da identidade nacional

O Presidente de Timor-Leste defendeu ontem, no 19.º aniversário do referendo da independência, uma reflexão sobre o programa de educação cívica que deve ser adoptado para reforçar a identidade nacional, “que se tem vindo a perder”

 

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ncorajo as instituições relevantes a reunir com professores, famílias, grupos comunitários e religiosos para debater o tipo de programa de educação cívica que é necessário para as nossas crianças, começando pela família, passando pelo pré-escolar e etapas seguintes, e a nível comunitário”, disse Francisco Guterres Lu-Olo, numa mensagem à nação.

“Através deste programa, as nossas crianças aprenderão desde cedo os princípios e valores que nos caracterizam como povo com identidade própria. Uma identidade que se formou com os nossos antepassados e foi reforçada pelo contacto com outros povos e outros países”, sublinhou. A recomendação foi deixada por Francisco Guterres Lu-Olo numa mensagem em que relembrou o “grande e profundo significado histórico” do 30 de Agosto de 1999 quando, depois de uma luta de 24 anos contra a ocupação indonésia, os timorenses puderam votar pela sua independência.

Mais de 98 por cento dos eleitores timorenses votaram no referendo de 30 de Agosto de 1999, tendo 78,5 por cento optado pela independência, que seria restaurada formalmente a 20 de Maio de 2002.

Agora, disse, importa recuperar o sentido de identidade timorense que “foi a âncora da nossa unidade nacional durante a luta pela libertação nacional” e que “pode começar a desmoronar-se se não houver diálogo sobre como construir o país para as gerações futuras”.

“O que precisamos de preservar, agora que somos independentes? De que forma podemos integrar os valores cristãos e os valores da crença animista? Que língua devemos adoptar, que sirva de vínculo nacional para nós, como povo? Que princípios e valores queremos cultivar para as novas gerações?”, questionou.

Falar português

Lu-Olo destacou em particular a renovada discussão “em torno da língua no currículo escolar”, em particular sobre as medidas necessárias para o reforço do português no país.

“Tendo em conta que a língua portuguesa, como língua da resistência, é um elemento importante para a nossa identidade e unidade nacional, que nos permite adquirir conhecimento científico e avançar no caminho do desenvolvimento de forma mais rápida, peço aos deputados e ao VIII Governo que reflictam calmamente sobre a forma como podemos usar esta língua oficial no nosso sistema de educação”, afirmou.

Na sua mensagem, Lu-Olo disse que 30 de Agosto foi um dia importante para Timor-Leste que resultou também da acção dos muitos que em todo o mundo apoiaram a luta pela independência timorense. “Este dia representa uma vitória para nós timorenses e para a comunidade internacional, assinalando uma fase difícil de luta que enfrentámos juntos. Pessoas de todo o mundo, apesar de não nos conhecerem, pelo seu sentido de justiça e solidariedade humana, dedicaram-se à nossa luta pela libertação nacional”, disse. “Muitos insurgiram-se contra o seu próprio Governo, encorajando muitos outros a segui-los em campanhas que realizavam anualmente, financiadas com dinheiro do seu próprio bolso, sem nunca pedirem nada em troca”, sublinhou.

Uma luta que, entre os timorenses, se fez em três frentes – a armada, a clandestina e a externa – demonstrando a “capacidade e determinação em alcançar a independência” da sociedade timorense.

Lu-Olo aproveitou a sua mensagem para recordar Kofi Annan, o ex-secretário-geral da ONU e Sérgio Vieira de Mello, o administrador transitório das Nações Unidas em Timor-Leste – que se mantiveram “empenhados” em apoiar os esforços de tornar o “sonho da independência em realidade”.

Lutar pela vida

O Presidente da República recordou ainda a importância da unidade nacional como motor do êxito da luta pela independência, e relembrou alguns dos nomes dos líderes dos comandos militares e políticos, dos fundadores do país e de muitos jovens activos na frente clandestina e internacionalmente. “Todos estes deixaram um legado nacionalista considerável às gerações actuais e futuras. Cada um com a sua capacidade e sabedoria, em diferentes circunstâncias da luta, mas todos desenvolveram e deram continuidade à luta, guiados por um só objectivo: o povo de Timor-Leste tem de ser independente”, disse.

Hoje, disse, a independência não significa apenas ter bandeira ou hino ou governar, mas “também viver, pensar, sentir e agir com orgulho, como cidadãos timorenses” que deve, defendeu, continuar a afirmar a sua identidade própria. “É importante percebermos que a nossa identidade única foi deixada como legado pelos nossos antepassados, influenciada pelos missionários católicos e pela colonização portuguesa durante 500 anos”, disse. “Durante a ocupação indonésia, a maioria dos timorenses optou pela religião católica como forma de resistência. Os nossos líderes optaram pelo português como língua da resistência”, recordou.

31 Ago 2018

Crime | Revelados casos de agressão sexual por condutores do Uber chinês

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m jornal de Hong Kong relatou ontem vários casos de agressões sexuais a passageiras por parte de condutores da aplicação de transporte privado chinesa Didi, depois de o assassinato de uma mulher de 20 anos. O South China Morning Post escreve que recolheu pelo menos uma dezena de casos de agressão sexual envolvendo motoristas, ocorridos nos últimos três anos e meio, e que resultaram em punições judiciais.

A segurança do Didi, plataforma equivalente à Uber, tem sido questionada pelas autoridades, depois da segunda morte, no espaço de três meses. Na semana passada, uma mulher de 20 anos foi violada e assassinada pelo condutor, durante uma viagem num carro privado, solicitado através do Didi, na cidade de Wenzhou, leste da China. Em Maio passado, um caso semelhante resultou no assassinato de uma hospedeira de bordo chinesa, de 21 anos, em Zhengzhou, centro da China.

Na rede social Weibo, o Twitter chinês, o fundador e director executivo do Didi, Liu Qing, assegurou na quarta-feira que a empresa dará prioridade à segurança dos passageiros, em detrimento dos lucros e expansão do grupo. As autoridades chinesas deram à empresa uma semana para apresentar um plano aos reguladores, que rectifique os lapsos segurança da plataforma, segundo um comunicado do ministério chinês dos Transportes.

31 Ago 2018

Hong Kong | Professor acusado de matar mulher após descoberta do corpo

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m professor de Hong Kong foi acusado na quarta-feira de assassinar a mulher, um dia depois de ter sido encontrado o corpo em decomposição numa mala no seu escritório nas instalações da universidade, noticiou ontem a imprensa. O professor associado de engenharia mecânica da Universidade de Hong Kong, Cheung Kie-chung, foi detido pela polícia na terça-feira, de acordo com o South China Morning Post. Os investigadores acreditam que a morte da mulher ocorreu há vários dias. O corpo foi descoberto na terça-feira, vestido apenas com roupa interior. Marcas no pescoço sugerem que terá sido estrangulada, informou o jornal Straits Times, de Singapura. O South China Morning Post adiantou que as autoridades estão a realizar exames para determinar a causa exacta da morte.

31 Ago 2018

Saúde | China é o país com mais mortes devido a consumo de álcool

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China é o país do mundo com mais mortes relacionadas com o consumo de álcool, entre ambos homens e mulheres, com o total de óbitos a superar os 700 mil, segundo uma publicação médica. Em 2016, morreram na China 650 mil homens e 59 mil mulheres devido ao consumo de álcool, revela um estudo publicado na revista médica “The Lancet”.
O AVC hemorrágico, causado pelo rompimento de uma artéria cerebral, é a principal causa de morte devido ao álcool, entre os homens chineses. Outras doenças relacionadas com o consumo de bebidas alcoólicas incluem AVC isquémico, que é a falta de sangue numa região do cérebro, hipertensão ou epilepsia.

O estudo estima que um em cada três habitantes do planeta é consumidor de álcool e que, todos os anos, há cerca de 2,8 milhões de mortes devido ao álcool.

A nível global, o consumo ocupa o primeiro lugar nos factores de risco de morte prematura e doença, entre população com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos. O artigo conclui que tomar uma bebida alcoólica por dia aumenta, por ano, em 0,5 por cento, o risco de padecer de um problema de saúde, o que “põe fim ao mito de que uma pequena quantidade de álcool por dia pode ser benéfica”.

31 Ago 2018

ONU | Taiwan muda de estratégia e decide não pedir readmissão

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]aiwan decidiu que este ano não apresentará uma campanha para pedir a readmissão nas Nações Unidas e nas respectivas agências durante a próxima sessão da Assembleia-geral, cujo início está agendado para Setembro, anunciaram ontem as autoridades daquela ilha.

O anúncio foi feito pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Hsieh Wu-chiao, que precisou que a ilha irá apelar apenas que a ONU não esqueça os 23,5 milhões de habitantes de Taiwan, que não proíba a participação de cidadãos e de jornalistas daquele território em eventos da organização internacional e que inclua a ilha nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Esperamos lembrar, uma vez mais, ao mundo que Taiwan é uma força razoável, positiva e que contribui para a região e para o mundo”, declarou o vice-ministro.

A decisão anunciada ontem representa uma ruptura com a estratégia definida pelo território em 2017, bem como com a posição adoptada por Taipé entre 1991 e 2007. Durante este período de 16 anos, Taiwan pediu a admissão na ONU e em várias agências da organização, nomeadamente na Organização Mundial de Saúde (OMS), na Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) e na Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).

Depois de uma pausa de uma década, Taiwan reactivou em 2017 os esforços junto dos respectivos aliados para reunir apoios e alcançar a readmissão nas Nações Unidas, organização que deixou em Outubro de 1971 após a reentrada da China (um dos cinco Estados permanentes do Conselho de Segurança da ONU).

30 Ago 2018

Coreia do Sul | Homenagem inédita a cão polícia morto em serviço

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades sul-coreanas estão a organizar uma homenagem ao primeiro cão polícia morto “no desempenho das suas funções”, uma cerimónia inédita num país onde estes animais fazem parte do regime alimentar da população.

Larry, um pastor alemão de sete anos, morreu no passado mês de Julho depois de ter sido atacado por uma cobra, durante uma operação para tentar encontrar um desaparecido numa montanha em North Chungcheong, uma província no centro do país.

Em comunicado, a polícia destacou o facto deste ter sido o primeiro cão polícia a morrer “no desempenho das suas funções” naquele país.

Desde o início da sua ‘carreira’, em 2012, Larry contribuiu para a investigação de 39 crimes e participou nas buscas de mais de 170 desaparecidos. No ano passado, o cão que é agora alvo da homenagem encontrou o corpo de uma mulher que estava enterrada, uma descoberta que originou uma investigação por homicídio.

Depois do funeral, realizado no mês passado, a polícia regional encomendou uma placa em bronze com a mensagem: “em homenagem a Larry”. Esta será pendurada na sede da polícia durante uma cerimónia a realizar em Setembro.

O destino de Larry contrasta fortemente com o destino de muitos cães na Coreia do Sul, onde estes fazem parte do regime alimentar de muitas famílias. Estima-se que um milhão de cães sejam abatidos para esse efeito todos os anos.

30 Ago 2018

Guiné | Expectativa de financiamento na véspera da cimeira China-África

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, viajou ontem para Pequim para participar na cimeira África-China, que vai decorrer a 3 e 4 de Setembro, com a expectativa de financiamento chinês ao país no horizonte. “Vamos assistir à cimeira china-África onde vamos ter oportunidade de passar em revista a relação entre o nosso continente e a China e vamos eventualmente ver a disponibilidade da China em acompanhar o continente relativamente ao financiamento de uma série de projectos que nós temos em carteira”, afirmou José Mário Vaz. O chefe de Estado guineense falava aos jornalistas momentos antes de viajar para Pequim. Sobre a Guiné-Bissau, o Presidente disse que há “expectativa” de financiamento de projectos, que vão ser “motores de crescimento” da economia do país. Os projectos estão relacionados com os sectores agrícola, do turismo, pescas, infra-estruturas e minérios. “Mas está tudo em aberto”, disse. Durante a sua estada na China, José Mário Vaz vai reunir-se com o seu homólogo, Xi Jinping.

30 Ago 2018

Filipinas | Pelo menos dois mortos e mais de 30 feridos em ataque

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas depois de uma bomba ter explodido terça-feira no sul das Filipinas, informaram as autoridades militares do país. A explosão ocorreu num mercado noturno, durante a cerimónia que marcou o 61.º aniversário da fundação da cidade de Isulan, no sul do país, indicaram.

Este é o segundo ataque atribuído ao grupo extremista Estado Islâmico em menos de um mês naquela região. No último dia de Julho, uma bomba explodiu num posto de controlo militar em Lamitan, capital de Basilan, causando a morte de pelo menos dez pessoas.

O arquipélago sul das Filipinas – maioritariamente católico – é atormentado há décadas por uma insurgência islâmica que, segundo o Governo, já causou mais de 100 mil mortos.

“É óbvio que os Lutadores pela Liberdade Islâmica do Bangsamoro, que têm ligações com o grupo Estado Islâmico (EI), têm o maior interesse em realizar estes ataques”, sugeriu o capitão Arvin Encinas, do exército filipino, antes da reivindicação do ataque por aquele grupo extremista.

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, pediu em Dezembro do ano passado o prolongamento da lei marcial no sul do país até ao final de 2018, com o objectivo de conter a acção de movimentos extremistas próximos do EI e a crescente ameaça dos rebeldes comunistas. Duterte instaurou a lei marcial em 23 de Maio de 2017, dia em que o grupo radical Maute tomou, pela força, a cidade de Marawi, no noroeste de Mindanao.

30 Ago 2018

Comércio | Pequim é maior parceiro de África pelo nono ano consecutivo

 

A China foi, no primeiro semestre de 2018, o maior parceiro comercial de África, pelo nono ano consecutivo, em resultado dos vários acordos de cooperação assinados entre Pequim e o continente, revelam dados ontem divulgados

 

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ntre Janeiro e Junho de 2018, o comércio bilateral aumentou 16 por cento, em termos homólogos, para 84.600 milhões de euros, afirmou o vice-ministro chinês do Comércio, Qian Keming, em conferência de imprensa.

Em 2015, Pequim assinou dez acordos de cooperação com o continente, nas áreas económica e comercial, durante o Fórum de Cooperação China África (FOFAC), que se realizou em Joanesburgo.

Qian afirmou que os acordos foram todos implementados e alguns “produziram resultados muito bons”.

Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no continente fixou-se em 2,5 mil milhões de euros, com destaque para novos sectores como manufactura, finanças, turismo e aviação.

30.000 quilómetros de autoestradas, uma capacidade anual portuária de 85 milhões de toneladas e uma capacidade de produção eléctrica de 20.000 megawatts.

Emissor e receptor

A próxima edição da FOFAC realiza-se em Pequim, entre 3 e 4 de Setembro, e contará com a participação de dezenas de líderes africanos, incluindo os presidentes de Angola e Moçambique, João Lourenço e Filipe Nyusi, respectivamente. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também participará.

Críticos apontam que a maioria do financiamento chinês em África parece servir o crédito à exportação e outros critérios que visam promover os objectivos chineses.

“A maior fatia do financiamento não visa permitir um crescimento económico significante para os países receptores”, aponta a unidade de investigação China AidData, sediada nos Estados Unidos, que nota ainda que o financiamento chinês vai para países que votam alinhados com Pequim nas Nações Unidas.

A China AidData diz que “isso não parece bem”, mas que uma análise aos EUA e outros países ocidentais demonstra a mesma tendência. Segundo estimativas ocidentais, vivem em África um milhão de chineses, dos quais um quarto em Angola.

30 Ago 2018

Afeganistão | Pequim nega construção de campo para tropas afegãs

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China negou ontem estar a construir um campo de treino para tropas afegãs, no corredor que liga os dois países, ou que vá enviar militares chineses para o Afeganistão, como avançou um jornal de Hong Kong. “Essa informação não é certa”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

O jornal South China Morning Post cita fontes próximas das forças armadas chinesas, que afirmam que o país começou a construir um campo de treinos para apoiar as tropas afegãs no combate ao terrorismo, um projecto que incluiria o envio de pessoal militar chinês para o país.

Com 350 quilómetros de extensão, o estreito corredor Wakhan liga a província de Badakhshan, no norte do Afeganistão, à região autónoma do Xinjiang, noroeste do país.

Pequim abriu, no ano passado, a sua primeira base militar no estrangeiro, em Djibuti, no Corno de África. As autoridades chinesas descrevem a infra-estrutura como um posto militar logístico, que visa reabastecer embarcações chinesas em operações de paz e missões humanitárias no Oceano Índico.

Em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

30 Ago 2018

Guerra Comercial | Analistas chineses consideram que China triunfará

 

A China deverá sair vencedora das disputas comerciais com os Estados Unidos, afirmaram na terça-feira analistas do Governo chinês, ilustrando a confiança entre as autoridades do país, que não têm cedido à pressão de Washington

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pesar de os EUA estarem, aparentemente, numa posição de vantagem para impor taxas alfandegárias, devido a um défice de quase 321 mil milhões de euros no comércio com o país, Pequim “deverá vencer no final”, segundo os analistas da unidade de investigação Centro da China para o Intercâmbio Económico Internacional, que é financiada pelo Governo chinês.

“Os EUA não podem competir com o poder da China”, porque a economia chinesa é “resiliente” e controla “totalmente” o sistema de produção industrial, afirmou Wei Jianguo, antigo vice-ministro chinês do Comércio, num fórum em Pequim, citado pela imprensa local. “Temos que nos preparar a longo prazo, mas os EUA não aguentarão muito tempo”, disse.

As disputas comerciais “não reduzem” o papel da China na cadeia de manufactura, argumentou o analista, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post. Wei Jianguo lembrou ainda que as exportações chinesas para África podem exceder o valor das vendas para os EUA, nos próximos cinco anos.

Os comentários surgem após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter afirmando que esta “não é a altura certa para falar” com a China sobre uma solução para a guerra comercial. “Eles querem falar”, garantiu Trump, referindo-se às autoridades de Pequim, “mas esta não é a altura, para ser sincero”.
Na semana passada, uma reunião entre o vice-ministro chinês do Comércio, Wang Shouwen, e o vice-secretário do Tesouro dos EUA, David Malpassa, terminou sem um acordo.

A guerra comercial rebentou em Julho passado, quando Washington impôs taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um total de 29 mil milhões de euros de bens importados da China. A China retaliou imediatamente com taxas sobre igual valor de importações oriundas dos EUA.

Na semana passada, os EUA impuseram taxas adicionais de 25 por cento sobre 13.800 milhões de euros de exportações chinesas. Pequim voltou a retaliar. Esta semana, os EUA realizaram uma audiência pública de seis dias, algo sem precedentes, para discutir novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um total de 170 mil milhões de importações oriundas da China, por sugestão de Trump.

Made in China

Chen Wenling, antiga directora do Gabinete de Pesquisa do Conselho de Estado, e actual directora da unidade de investigação, afirmou no mesmo fórum que a “intimidação” de Trump não travará a ascensão da China. “De acordo com o potencial de desenvolvimento dos dois países, a China sairá vitoriosa”, afirmou.

Chen considerou que as exigências norte-americanas para que a China mude as suas práticas comerciais acarretam danos graves para o país.
“[a guerra comercial iniciada pelos EUA visa] conter o contínuo desenvolvimento da China, travar a modernização socialista da China, impedir que a China se converta numa potência socialista moderna”, disse.

A China fabrica 90 por cento dos telemóveis e 80 por cento dos computadores do mundo, mas depende de tecnologia e componentes oriundos dos EUA, Europa e Japão, que ficam com a maior margem de lucro.

Contudo, as autoridades chinesas estão a encetar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Trump exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos, acusando o país de prática de concorrência desleal.

30 Ago 2018

China | Governo Central pode levantar limite a nascimentos

Pode estar para breve a primeira vez que a China deixa de ter limites ao número de filhos por casal desde a implementação da política do filho único em 1979. Uma das pistas mais fortes que apontam nessa direcção é um rascunho da revisão do código civil, que está em discussão, e que, também pela primeira vez, não apresenta cláusulas referentes ao planeamento familiar

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China é o país mais populoso do mundo com 1.39 mil milhões de habitantes e espera-se que em 2030 atinja 1.45 mil milhões de pessoas. No entanto, o país enfrenta uma crise de natalidade que pode desencadear o levantamento total do limite do número de filhos por casal, que, actualmente, é de dois. A possibilidade retira-se de uma leitura aos trabalhos de revisão do código civil, que está em discussão até amanhã no Congresso do Partido Comunista Chinês, e que vais rer submetido para aprovação na reunião parlamentar agendada para Março de 2020. Para já, parece que o diploma não vai ter qualquer alínea referente ao planeamento familiar. A informação parte de um rascunho do documento divulgado pela Xinhua e publicado na Beijing Review.

A omissão pode representar o fim efectivo da limitação de dois filhos por família, afirma a agência noticiosa Reuters .

Outra das pistas que apontam nessa direcção tem, surpreendentemente, origem postal. Trata-se do lançamento do selo oficial do próximo ano do porco, em 2019. A imagem apresenta um casal de porcos com três filhotes leitões. De modo a interpretar o simbolismo da questão, importa recordar que o selo do ano do macaco de 2016, ano em os casais passaram a poder ter dois filhos, mostrava um macaco com duas crias.
A possibilidade do fim do limite de filhos por casal é indicadora de que possam estar em curso mudanças drásticas nesta matéria, de acordo com a CNN. “O Governo vai, com certeza, levantar as limitações a dois filhos” disse Therese Hesketh, professora do Instituto Universitário de Londres à mesma fonte. “Agora, até que ponto é que vão mais longe com novas medidas de promoção da natalidade, isso ainda é desconhecido”, acrescentou.

Para a académica são necessárias mais medidas para que a China ultrapasse a crise que atravessa nesta matéria. Como tal, entende que a única forma de promover o número de nascimentos no país é através da promoção de políticas especialmente concebidas para apoiar os jovens pais. “É possível que as autoridades introduzam políticas pró-natalidade, como se faz em vários países que estão a passar pelo mesmo problema”, referiu. Como exemplo, Hesketh aponta a implementação de licenças de maternidade mais longas e remuneradas ou a criação e mais creches gratuitas.

De acordo com um artigo publicado recentemente no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, “muitos jovens que vivem nas cidades não estão dispostos a ter filhos”, principalmente devido aos custos associados à sua sobrevivência e educação.

Desígnio nacional

“Dar à luz é um assunto de família e uma questão nacional” lê-se na edição internacional do Diário do Povo, no início deste mês.

As mudanças que se anteveem terão em conta as preocupações crescentes por parte de Pequim com a queda da taxa de natalidade e o consequente envelhecimento da população, factores que em 2016 puseram termo à política do filho único em vigor desde 1979.

Se durante mais de três décadas a limitação a um filho foi também fonte de acções altamente criticadas, como a esterilização forçada ou os abortos em massa.
No entanto, apesar do apelo à natalidade, os resultados não têm correspondido às expectativas.

De acordo com um artigo divulgado pela Quartz no passado mês de Maio, a política do filho único evitou cerca de 400 milhões de nascimentos, o que significa que se não tivesse sido implementada a China teria agora 1.8 mil milhões de habitantes.

Com o fim desta medida houve realmente um pico da taxa de natalidade em 2016, ano em que se registaram 18,46 milhões de nascimentos, ou seja, um aumento na ordem dos 11,5 por cento comparando com os dados relativos a 2015.

Mas, em 2017, o número caiu para os 17,23 milhões, muito a baixo dos 20 milhões de nascimentos previstos para aquele ano, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatísticas, citado pelo The Guardian. No ano passado, a taxa de fecundidade total do país ficou-se pelos 1,6 filhos por mulher, um número também “muito abaixo” dos 2,1 esperados e necessários para manter a população estável.

Sem força de trabalho

Agora sentem-se as consequências de mais de três décadas de limitação ao filho único e o Governo está a sofrer as consequências das medidas que vigoraram até há dois anos. A óbvia preocupação do Executivo de Xi Jinping prende-se com os efeitos do envelhecimento populacional no mercado de trabalho, um dos flagelos económicos das actuais sociedade modernas.

“Com o longo período de limitação dos nascimentos, o número de jovens, que também são a principal força de trabalho nacional, é cada vez menor”, alerta a CNN.
Por outro lado, mais do que ter filhos, os casais chineses têm outras preocupações. Com o envelhecimento da população, cabe também aos jovens tomar conta dos seus antecessores. Fazendo contas, cada casal chinês tem a seu encargo, no caso de todos os avós estarem vivos, 12 ascendentes.

Estatisticamente, desde que a política de controlo de natalidade foi implementada, a proporção da população com mais de 65 anos subiu cerca de 4 por cento para quase 10 por cento. Em 1965 fixava-se em 3,6 por cento e em 2015, 9,55 por cento, quase três vezes mais passados 50 anos.

Mulheres sempre controladas

Por outro lado, numa sociedade em que as mulheres também integram a força de trabalho, são cada vez menos as que optam por não ter filhos de modo a evitarem ser discriminadas nas oportunidades laborais.

Para Mary Gallagher, professora de política na Universidade de Michigan, as autoridades devem ter em conta que se intervierem em políticas pró-natalidade com a mesma agressividade com que o fizeram quando se tratou de políticas anti-natalidade, os efeitos negativos podem ser muito fortes, nomeadamente na posição das mulheres no mercado de trabalho, na sociedade e na família”, cita o The Guardian na passada terça-feira.
Já Leta Hong Fincher, autora de “Betraying Big Brother: The Feminist Awakening in China”, considera que “seja qual for a política adoptada, o Governo vai sempre controlar os direitos reprodutivos da mulher”, no passado através de abortos obrigatórios e agora através da sua restrição de for necessário, refere a mesma fonte.

Entretanto, e de modo a promover a taxa de natalidade, dois académicos chineses apresentaram este mês uma proposta que tem gerado controvérsia. De acordo com o The Guardian, os académicos propuseram que os casais que não tenham filhos ou que só tenham um, devam estar sujeitos a um imposto que reverte para “um fundo de maternidade” que, defendem, deve também ser criado.

Filhos muito únicos

Se a mudança de política for confirmada, marcará o fim de uma das políticas mais controversas da história moderna da China.

A polémica “política de filho único” foi originalmente introduzida em 1979. A razão, apontavam na altura as autoridades, prendia-se com o receio de que o crescimento demográfico ficasse fora de controlo.

Após a sua introdução, a eficácia foi absoluta, reduzindo a taxa total de fecundidade na China de cerca de seis nascimentos por mulher na década de 1960 para menos de dois na década de 2000.

No entanto, os métodos utilizados para limitar a natalidade foram também alvo de críticas internacionais. De acordo com a CNN, “as mulheres que viveram sob estas regras descrevem cenários de aborto forçado, sujeição a multas pesadas no caso de terem um segundo filho, e até a expulsão da própria família com o nascimento de mais do que um bebé”, lê-se.

Outra consequência da política do filho único foi a disparidade entre o número de homens e mulheres no país, já que o desejo por crianças do sexo masculino levou ao infanticídio de muitas meninas para garantir que o único filho do casal fosse um menino.
O resultado foi que em 2016 havia 1,15 homens para cada mulher, uma das proporções de género menos equilibradas no mundo e que também levou uma espécie de mercado negro de matrimónios.

Até hoje, a política do filho único é uma presença na China. “Acho que cada família na China foi tocada pela política de planeamento familiar”, afirma um membro da Human Rights Watch. “Todas as famílias chinesas podem falar sobre a forma como a mãe, a tia que teve de abortar à força ou teve de doar um segundo filho”, acrescentou. O responsável lamenta ainda que apesar do fim desta medida, não tenha havido responsabilização pelos “abusos” ocorridos durante sua implementação.

30 Ago 2018

EUA | Anunciado fim da suspensão de manobras militares na Península Coreana

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, anunciou ontem o fim da suspensão dos exercícios militares aliados na Península Coreana, decidido como “um gesto de boa vontade” após o encontro de Donald Trump e Kim Jong-un. “Não temos qualquer projecto para suspender outras manobras”, declarou Mattis em conferência de imprensa, precisando, contudo, que o fim da suspensão destas não significa que sejam imediatamente retomadas.

29 Ago 2018