Portugal/China | Jorge Sampaio: “A questão de Macau já está arrumada”

O reforço da Parceria Estratégica Global entre Portugal e China, adoptada em Dezembro, ”abre vias de aprofundamento da cooperação em inúmeras áreas que são de grande relevância”, como no caso do porto de Sines, declarou o antigo Presidente Jorge Sampaio

[dropcap]A[/dropcap] declaração conjunta sobre o reforço da Parceria Estratégica Global, adoptada em Dezembro último por ambos os países, bem como os instrumentos bilaterais que foram assinados, abrem vias de aprofundamento da cooperação em inúmeras áreas que são de grande relevância”, afirmou o antigo Presidente.

“Por exemplo, na iniciativa conhecida como ‘Uma Faixa, Uma Rota’, Portugal pode desempenhar um papel próprio, podendo afirmar-se como ponto de encontro entre a rede ferroviária e a rede marítima no contexto da nova Rota da Seda”.

“Como foi várias vezes sublinhado pelo Governo português, em Dezembro passado, o nosso porto de Sines pode muito bem ser o ponto em que a Rota da Seda e a Faixa se encontram, sendo o porto mais próximo do Canal do Panamá, ou seja, mais próximo do ponto de ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico”, disse. “Isto é um exemplo de uma cooperação promissora, com ganhos para todos os lados”, avaliou.

Após a transferência de Macau para a China, a “normalização das relações não deveria significar nunca um nível político menos elevado das relações bilaterais”, referiu Sampaio, lembrando importância que Macau teve no contexto de reunificação nacional da China (juntamente com Hong Kong).

Segundo o antigo Presidente português, as duas partes conseguiram entender, ao longo do processo de transição de Macau, que deviam reconhecer este facto – a importância da transferência de Macau no contexto da reunificação – “preservando a qualidade das suas relações políticas”.

“Isto explica porque, em 2005, seis anos depois da transferência de soberania em Macau, Portugal e a China tenham assinado uma Parceria Estratégica Global, um passo inédito, uma vez que o nosso país foi o primeiro pequeno país europeu com o qual a China estabelecia a tal Parceria Estratégica”. “Os anos seguintes consolidaram esta relação especial”, disse, referindo ainda as visitas oficiais dos mais altos cargos políticos dos dois países.

“Nos últimos anos, quer a expansão das relações económicas – não esquecer que a China é hoje o sexto fornecedor de bens a Portugal e o décimo cliente de bens de Portugal e que, por outro lado, Portugal é actualmente o quatro país onde a China mais investiu na década e o sétimo país europeu com mais investimento chinês – quer o desenvolvimento das relações no âmbito científico, cultural e turístico, provou nestas vertentes a qualidade excepcional das relações políticas construídas durante os anos de transição”, avaliou.

Macau arrumada

Para Jorge Sampaio, Portugal “só terá a ganhar se souber articular os seus interesses estratégicos com o relacionamento especial que tem sabido manter com a China”, considerando o futuro, “em termos de turbulência e de enorme incerteza no plano internacional”. “Assim, creio também que para além dos elementos da cooperação concreta, no plano bilateral e multilateral, o maior e mais relevante desafio será o da preservação e o desejável aprofundamento da qualidade das relações políticas luso-chinesas marcadas pela excepcionalidade”, declarou.

“No plano do relacionamento da China com um pequeno país europeu, como é Portugal, temos a afirmação da nossa capacidade de interlocução com a China, quer no plano bilateral quer no quadro dos nossos relacionamentos vários e na defesa de interesses de geometria variável, que ao meu ver, nunca deverão deixar de ser pautados pelos princípios subjacentes a nossa política externa, orientados para a salvaguarda da paz e da segurança internacionais, estabilidade do desenvolvimento sustentável, a prosperidade da proteção dos direitos humanos”, argumentou.

Para Sampaio, encontrar um equilíbrio certo entre as variáveis numa paisagem internacional marcada pela instabilidade, talvez não seja tarefa fácil, mas deverá “permanecer o objectivo de um relacionamento luso-chinês forte”. “A questão de Macau já está arrumada”, referiu.

Macau, segundo o antigo Presidente português, serviu também ao Governo chinês para provar que a política de ‘um país, dois sistemas’ estava certa.

11 Fev 2019

Milhares de pessoas protestam depois de assassínio de político na Índia

[dropcap]V[/dropcap]ários milhares de manifestantes marcharam ontem em Bengala Ocidental, no leste da Índia, carregando o corpo de um político local cujo assassínio foi o primeiro ato de violência antes das eleições parlamentares marcadas para a primavera.

Satyajit Biswas, de 38 anos, membro do partido Congresso Trinamool (TMC, sigla em inglês), formação regional no poder no estado, foi morto na noite de sábado por um atirador não identificado.

O TMC culpou o seu principal rival, o Partido Bharatiya Janata (BJP, sigla em inglês), do primeiro-ministro Narendra Modi, que negou qualquer envolvimento no caso, referindo ainda uma divergência interna no seio do TMC.

“Suspeitamos de motivação política para este assassínio”, disse Anuj Sharma, vice-chefe de polícia de Bengala Ocidental. Segundo o vice-chefe de polícia, duas pessoas já foram presas, mas não especificou a qual partido pertenciam.

No distrito de Nadia (cerca de 120 quilómetros de Calcutá), os manifestantes levaram o corpo do deputado assassinado do hospital até à sua aldeia de origem. O TMC e BJP disputaram cargos políticos em Nadia, situada na fronteira com o Bangladesh, durante as eleições locais no ano passado, resultando em dezenas de mortes durante a campanha eleitoral.

No poder desde 2014, o primeiro-ministro Narendra Modi deve anunciar a convocação de eleições legislativas nacionais para, provavelmente, Abril. Em Bengala Ocidental, os assassínios políticos têm sido comuns nas últimas campanhas eleitorais.

Assassínios políticos são generalizados em todo o país. As estatísticas oficiais contaram mais de 100 em 2016, um número muito inferior à realidade, segundo alguns analistas políticos.

Kerala (sul), Uttar Pradesh (norte) e Bihar (nordeste) são os estados mais afectados por esse fenómeno, segundo as estatísticas do Governo.

11 Fev 2019

Portugal quer aumentar parcerias com a China, diz Secretário de Estado

O alargamento das relações entre os dois países, para além das parcerias nos sectores financeiro, energético e segurador, é uma das ambições nacionais assumidas pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias

 

[dropcap]P[/dropcap]ortugal pretende alargar a cooperação com a China “além dos sectores já explorados e também para outros territórios”, salientou sexta-feira em Lisboa o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

“Portugal tem a ambição de alargar esta cooperação para outros sectores e outros territórios”, disse o governante português, acrescentando que “as relações (entre Portugal e a China) não se esgotam no mercado financeiro, energético e segurador. Começam a estar nos serviços, indústria e mobilidade eléctrica”.
O secretário de Estado considerou ser importante proporcionar um “investimento de tração”, com o envolvimento das pequenas e médias empresas.

Eurico Brilhante Dias, que falava na conferência “Quarenta Anos de Relações Diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China”, na Fundação Oriente, em Lisboa, disse ainda que é preciso, dentro do quadro dos acordos e parcerias, um “reforço no âmbito fitossanitário” e ainda “na exploração em conjunto de ligações por mar e aéreas”.

“É preciso um reforço nos instrumentos de operacionalização”, dos tratados e parcerias entre os dois países, referiu.

A parceria económica e empresarial entre Portugal e China, com os acordos assinados – nomeadamente a Parceria Estratégica Global Portugal-China, assinada em 2005 – “tem tido uma importância no desenvolvimento da internacionalização da economia portuguesa”, acrescentou.

Eurico Brilhante Dias também destacou a cooperação luso-chinesa “em relação aos países de língua portuguesa”, que considerou ter um potencial de aprofundamento nas relações económicas, comerciais, culturais e de criação de conhecimento.

Datas redondas

Há quarenta anos, a 8 de Fevereiro de 1979, Portugal e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas oficiais.

Ao longo de 2019, para além dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, assinalam-se também os 70 anos da proclamação da República Popular da China e os 20 anos do retorno de Macau à China.

As comemorações em Portugal destas datas só “fortalecem e aprofundam” as relações sino-portuguesas, de acordo com o secretário de Estado.

A China “avançou” com investimentos em Portugal quando o país passava por uma grave crise económica em 2008, com restrições nos mercados financeiras e com a intervenção da ‘troika’.

“Quando vivemos uma situação difícil, com a crise económica em 2008, com restrições no mercado financeiro e com o acordo realizado com a ‘troika’, foi o investimento chinês que avançou” na economia portuguesa, recordou Eurico Brilhante Dias, sublinhando a importância desta acção na economia portuguesa.

“Temos uma relação de confiança mútua”, disse Brilhante Dias, referindo que Portugal tem tentado “aproveitar esta boa relação”.

Segundo o secretário de Estado, a boa relação entre os dois países pode ser demonstrada por dois momentos importantes, nomeadamente o apoio da China para a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU e de António Vitorino para responsável da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

“Foi um momento muito importante, um momento de confiança” por parte dos responsáveis chineses em Portugal, referiu Brilhante Dias.

“A China é um parceiro único, um país amigo e estratégico, sem prejuízo ao enquadramento de Portugal no âmbito da União Europeia e da NATO”, disse o secretário de Estado.

Bons parceiros

Segundo o responsável português, “a rede diplomática portuguesa estende-se a Pequim, Macau, Xangai e Cantão e ainda há três centros da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] em território chinês. Em 2019, um quarto centro da AICEP será aberto, em Cantão”.

Brilhante Dias destacou o carácter único e distintivo que Macau trouxe para as relações sino-portuguesas.
Igualmente presente na conferência, o embaixador da China em Portugal, Cai Run, destacou “a confiança mútua” e um relacionamento saudável com Portugal.

Com a assinatura do acordo de Parceria Estratégica Global, em 2005, as relações entre os dois países, segundo o embaixador, entraram “numa via expressa”.

Cai Run destacou o aprofundamento das relações económicas e comerciais com Portugal, com uma “cooperação pragmática” que deve ser aprofundada neste sector e noutros, como o ensino de línguas, cultura, entre outras áreas.

“Actualmente, há 30 universidades chinesas que ensinam português e 21 centros portugueses que ensinam chinês”, sublinhou o embaixador.

O diplomata recordou ainda que em Dezembro de 2018, durante a visita do Presidente chinês Xi Jinping a Portugal, os dois países assinaram 17 acordos, nomeadamente um memorando de entendimento sobre a cooperação no quadro da chamada “Rota da Seda”.

Lançada em 2013, por Xi Jinping, o projecto de infra-estruturas internacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’ ou ‘nova rota da seda’, inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas, centrais elétricas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste asiático.

A iniciativa é vista como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiram a Washington criar a fundação de alianças diplomáticas e militares que perduram até hoje.

11 Fev 2019

Cristãos chineses assumem clandestinamente a fé

Segundo a organização Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, apesar dos recentes sinais de aproximação entre o Vaticano e as autoridades chinesas, a repressão sobre as actividades cristãs continua sem dar sinais de abrandamento

 

[dropcap]A[/dropcap] Fundação AIS alertou sexta-feira que a repressão das autoridades na China está a levar os cristãos a assumir de forma clandestina a sua fé, apesar do acordo provisório assinado entre a Santa Sé e Pequim.

Em comunicado de imprensa, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) indica que, apesar do acordo provisório para a nomeação dos bispos católicos para a República Popular da China, são vários os sinais de que as autoridades “não têm abrandado em algumas províncias a repressão contra a comunidade cristã”.
A Fundação AIS, cita o portal da Internet Bitter Winter que publicou inúmeros casos concretos de repressão por parte das autoridades contra comunidades cristãs.

Este portal, que monitoriza as questões relacionadas com a liberdade religiosa na China, mencionou o caso na cidade de Tieling, na província de Liaoning, onde os cristãos estão “a viver a sua fé de forma cada vez mais clandestina”, face ao encerramento de locais de culto.

Também a agência católica de notícias, Asia News, verificou esta situação referindo que vários sacerdotes desistiram mesmo da sua missão “por uma questão de consciência”.

A Fundação AIS alertou igualmente para a onda de repressão das autoridades contra a comunidade cristã dando como exemplo o caso na província de Henan, onde várias igrejas foram encerradas e transformadas em teatros, salas de jogos e outros locais de entretenimento.

Entre as igrejas ocupadas pelas autoridades estão, entre outras, as de Caowu, Nanyang e Youzhai.
Nestas três localidades, “as igrejas deixaram de ser locais de culto para se transformarem, por vezes, em locais de propaganda comunista”, explicou a Fundação AIS.

De acordo com o Bitter Winter, a igreja localizada na vila de Caowu ostenta há cerca de dois meses um cartaz em que enaltece os “valores fundamentais socialistas” e onde se lia “Igreja Cristã” encontra-se agora a frase “grande amor à China”.

Questão sensível

Em entrevista publicada no L’Osservatore Romano e citada pela Fundação AIS, o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Fernando Filoni, reconheceu que existe uma situação delicada e complexa no relacionamento entre a comunidade cristã clandestina, fiel ao papa Francisco e ao Vaticano, e os responsáveis chineses que tutelam a intitulada igreja patriótica que responde perante Pequim.

“Não podem ser ignorados os anos de conflitos e de incompreensão”, realçou Filoni ao jornal do Vaticano.
“Acima de tudo, é necessário reconstruir a confiança, talvez o aspecto mais difícil, pelas autoridades civis e religiosas encarregadas dos assuntos religiosos e entre as chamadas correntes eclesiais, oficiais e não oficiais”, acrescentou.

Sobre o futuro do cristianismo na China, o cardeal Fernando Filoni mostrou-se confiante afirmando acreditar que “somente a falta da verdadeira liberdade e as tentações de bem-estar podem sufocar uma boa parte das sementes lançadas já há muitos séculos atrás”.

11 Fev 2019

Mais de 45 voos cancelados devido a greve de pilotos em companhia de Taiwan

[dropcap]M[/dropcap]ais de 45 voos foram cancelados na sequência do terceiro dia consecutivo de greve dos pilotos da China Airlines, operadora com bandeira de Taiwan. Até ao momento não existe qualquer acordo entre o sindicato dos pilotos e a operadora.

A greve que acontece no período de comemorações do Ano Novo Chinês, já fez com que 47 voos fossem cancelados, de acordo com fontes oficiais. Os pilotos exigem um sistema de promoção mais transparente, bónus de final de ano, um piloto adicional quando os voos têm a duração de mais de oito horas, entre outras.

Cerca de 70% dos 1.300 pilotos da empresa pertencem ao sindicato, que acusa a administração de falta de sinceridade e de pagar salários mais baixos comparativamente com outras companhias.

10 Fev 2019

Maioria dos países que reconheceu a China abandonou Taiwan

[dropcap]O[/dropcap] professor de ciência política da Universidade Nacional de Taiwan, Syshyan Chen, diz que a ilha de Taiwan foi abandonada pela maioria dos países que reconheceu a República Popular da China, país com o qual Portugal estabeleceu relações diplomáticas há 40 anos, em 8 de Fevereiro de 1979.

“A maioria dos países do mundo estabeleceu relações diplomáticas com a China e abandonou Taiwan, (…) pelas realidades económicas e políticas, e submeteu-se à política única da China, que é a pré-condição para receber ganhos económicos” de Pequim, afirmou Syshyan Chen, docente especializado em Pensamento Político Ocidental e em Filosofia Política.

Por outro lado, defendeu que Portugal, como membro da União Europeia (UE), devia reconhecer o estatuto da Ilha Formosa, território para o qual os nacionalistas do Kuomintang se refugiaram durante a guerra civil chinesa, depois de terem sido derrotados pelo Partido Comunista Chinês em 1949.

No momento em que os portugueses assinalam 40 anos de relações diplomáticas com a República Popular da China, Syshyan Chen considera que este é um dos desafios que se colocam a Portugal perante Taiwan, “uma democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”, e um território a que os “antepassados [portugueses] chamaram com alegria de Ilha Formosa há mais de 400 anos, quando a avistaram pela primeira vez”.

O professor recorda que Portugal é membro da União Europeia e questiona-se sobre “como vai responder ao anúncio da UE para se apoiar Taiwan junto da comunidade internacional”.

O especialista refere-se à resolução do Parlamento Europeu de 12 de Setembro de 2018, na qual se instam os Estados membros a “envidarem todos os esforços para exortar a República Popular da China a abster-se de mais provocações militares” e na qual se “reitera o firme apoio à participação significativa de Taiwan em organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde e a Organização da Aviação Civil Internacional”, já que “a exclusão permanente” daquele território “não se coaduna com os interesses” europeus.

Num momento de crescente pressão chinesa sobre a ilha que Pequim reclama, reforçada desde a ascensão do Presidente Xi Jinping, o especialista traça os dois cenários que devem merecer reflexão das autoridades portuguesas: por um lado, os “actos incivilizados e brutais no âmbito nacional e internacional”, com a China a ser “condenada pela sociedade internacional em várias ocasiões” e, por outro, Taiwan, uma “democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”.

A República Popular da China foi proclamada em 1949, mas Portugal precisou de um interregno de 30 anos para reconhecer e estabelecer relações diplomáticas com o país comunista, o que só veio a acontecer depois do 25 de Abril, em 8 de Fevereiro de 1979.

10 Fev 2019

Partido retira candidatura a primeira-ministra da irmã do rei da Tailândia

[dropcap]O[/dropcap] partido da oposição Raksa Chart anunciou ontem que a princesa Ubolratana, irmã mais velha do rei Vajiralongkorn da Tailândia, não será candidata a primeira-ministra nas eleições de 24 de Março. Esta decisão surge na sequência do rei Vajiralongkorn ter decretado na sexta-feira que nenhum membro da família real se deve envolver na política, invalidando a candidatura da sua irmã mais velha.

O decreto real, lido na televisão nacional, refere que a candidatura da princesa é “inapropriada” e “contra o sistema constitucional”. “O partido Raksa Chart submete-se à ordem real”, declarou o partido em comunicado.

O partido tinha anunciado na sexta-feira de manhã a princesa Ubolratana como candidata a primeira-ministra nas eleições, ameaçando a tradição de décadas da casa real de evitar o envolvimento político. Nenhum membro da família real foi candidato a chefe de governo desde o estabelecimento da monarquia constitucional em 1932. Desde então, a Tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de Estado, 12 das quais bem-sucedidas.

A princesa iria disputar o cargo com Prayut Chan-o-Cha, o actual primeiro-ministro e chefe da junta militar, escolhido pelo partido Phalang Pracharat, amplamente considerado como representante dos militares.

As eleições parlamentares de 24 de Março são as primeiras desde o golpe de Estado militar em 2014 liderado pelo actual chefe de governo. Na votação serão eleitos 500 membros do futuro parlamento da Tailândia, que por sua vez vão eleger o próximo primeiro-ministro.

10 Fev 2019

Turquia considera “vergonha para a humanidade” tratamento dos Uigures muçulmanos pela China

[dropcap]A[/dropcap] Turquia qualificou ontem como “vergonha para a humanidade” o tratamento dado pela China aos Uigures, a minoria muçulmana turcófona que diversas ONG, ao contrário dos grandes países muçulmanos, consideram alvo de repressão.

“A política de assimilação sistemática das autoridades chinesas face aos turcos Uigures é uma vergonha para a humanidade”, declarou em comunicado Hami Aksoy, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia.

A região autónoma chinesa de Xinjiang, onde os Uigures constituem a principal etnia, tem registado violentas tensões interétnicas e atentados mortíferos, e está sujeita a elevada vigilância policial. Segundo acusações de especialistas e ONG, ate um milhão de muçulmanos estarão detidos em centros de reeducação política.

As acusações são desmentidas por Pequim, que se refere a “centros de formação profissional” contra a “radicalização” islamita. Pequim assegura que as medidas de segurança em Xinjiang são necessárias para combater o extremismo, mas não são dirigidas a qualquer grupo étnico em particular.

“Os Uigures que não estão detidos nos campos também estão sob forte pressão”, acrescentou Aksoy, apelando à comunidade internacional e ao secretário-geral da ONU para “pôr termo a uma tragédia humana que se desenrola em Xinjiang”.

Até ao momento, os principais países muçulmanos não se manifestaram sobre esta questão devido aos receios de comprometerem as suas relações com a China, um importante parceiro comercial.

Aksoy afirmou ter sido informado da morte sob detenção de Abdurehim Heyit, um poeta Uigur. “Este incidente trágico reforçou ainda mais a reação da opinião pública turca sobre as graves violações dos direitos humanos em Xinjiang”, segundo o comunicado.

10 Fev 2019

Políticos portugueses relembram ligação com China nas celebrações do Ano Novo Lunar

[dropcap]O[/dropcap] presidente do PSD, Rui Rio, disse na sexta-feira que Portugal “vive muito o amanhã imediato”, aconselhando os portugueses a copiar da cultura chinesa a capacidade de fazer “planeamento a longo prazo”.

“Se queremos uma sociedade justa, equilibrada e desenvolvida, não podemos estar sempre a olhar para o amanhã imediato, temos de olhar para o futuro e ter muito respeito pelas gerações vindouras”, disse o líder social-democrata na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.

Rui Rio, que falava no encerramento de um evento de comemoração do Ano Novo Chinês com membros e representantes da comunidade chinesa a viver em Portugal, bem como perante empresários, autarcas e deputados, entre eles a socialista Ana Catarina Mendes, contou que o que mais aprecia na cultura chinesa é o “saber programar”.

“Em Portugal temos muita dificuldade em fazer planeamento a longo prazo. Vivemos muito a curto prazo o que é mau para o nosso desenvolvimento. A China é o contrário. A cultura chinesa consegue planear e programar a 50 ou 80 ou 100 anos de distância”, referiu, embora admitindo que como português que é também tem dificuldade nessa matéria.

“O meu presente devia ter sido preparado pelas gerações anteriores quando elas preparavam o seu futuro. Deve-me competir preparar o presente dos próximos que é o meu futuro. Esta lógica de actuação, muito própria da cultura chinesa, choca com a nossa. Eu não seria nunca capaz de fazer projecções a 50, 80 ou 100 anos, porque eu também sou português, mas gostava que conseguíssemos caminhar um pouco mais para essa projecção a longo prazo”, disse Rio.

Transição de Macau foi “absolutamente notável”

Antes, num discurso dedicado às relações ente Portugal e a China, o presidente do PSD considerou que “a passagem da administração de Macau [para Pequim há 20 anos] foi absolutamente notável”, sentenciando: “Portanto, se no passado sempre correu bem a ligação e se no presente também, penso que no futuro ainda correrá melhor”.

“Temos diferenças culturais enormes, no entanto a integração da comunidade chinesa em Portugal foi sempre ao longo dos tempos – e é hoje também – absolutamente perfeita. É de sublinhar como é que dois povos culturalmente tão distintos conseguem conviver tão bem há tantos anos, há séculos”, disse Rui Rio.

Outro dos aspectos focados na intervenção do social-democrata foi o potencial económico das relações entre Portugal e a China, sendo que para o líder do PSD “a China é um parceiro privilegiado no investimento”, bem como na vertente das exportações por ter “um mercado inesgotável”.

“Portugal tem de crescer do ponto de vista económico. Os eixos fundamentais do crescimento económico português são as exportações e o investimento. Se olharmos à carência de capital que Portugal tem e ao investimento que temos de fazer, é evidente que a China é um parceiro privilegiado nessa matéria”, referiu.

Para Rio, “os portugueses podem ganhar muito com a aproximação crescente à China e a China com a aproximação a Portugal”, referindo, a propósito, “um setor que ainda está a despontar e que tem enorme potencial, o turismo”.

Ana Catarina Mendes destacou “ligação secular”

No mesmo evento, a deputada socialista Ana Catarina Mendes disse que “Portugal quer honrar a ligação com a China secular”, destacando as “relações de amizade, de respeito e culturais” entre os dois países.

“Desejo o reforço da nossa amizade e das nossas relações comerciais, o reforço do papel extraordinário que Portugal desempenha na nova rota da seda, o reforço que Portugal pode trazer da China à Europa. Queremos honrar a relação com a China secular. Que todos nós saibamos reforçar a relação de amizade, de respeito, cultural e intensa e uma relação para os próximos 40 anos.”

A deputada do PS falou também na qualidade de líder do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-China, tendo deixado aos presentes uma mensagem do Presidente da Assembleia da República (Eduardo Ferro Rodrigues), recordou alguns episódios marcantes da ligação destes dois países.

“Uma das mensagens mais importantes do senhor Presidente da Assembleia da República é a estima que tem pelo povo chinês, a estima e o respeito pelas relações seculares que Portugal e a China mantêm”, disse a socialista, enumerando que neste ano a China comemora o Ano do Porco, da Fortuna e da Saúde, mas também “importantes datas” sobre a história comum.

“Este é o ano em que nós portugueses e vocês chineses comemoramos 40 anos das relações diplomáticas de Portugal e China. E também esse momento histórico de paz, natural, sereno e de profundo respeito entre os povos que são os 20 anos da transição de Macau para a China”, adiantou.

23 mil chineses vivem em Portugal

Dirigindo-se ao presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, a deputada referiu que vivem em Portugal 23.000 chineses, considerando que este “não é um número qualquer”, porque corresponde a “cidadãos que escolheram investir, realizar os seus projectos e os seus sonhos” neste país.

Ana Catarina Mendes falou ainda da língua como “factor de coesão” entre povos. “Não é por acaso que mais institutos Confúcio se instalam em Portugal e não é por acaso que dezenas de universidades ensinam português na China”, rematou.

3 Fev 2019

Arábia Saudita executa filipina condenada por homicídio

[dropcap]U[/dropcap]ma filipina de 39 anos foi executada terça-feira na Arábia Saudita depois de ter sido considerada culpada de homicídio sob a ‘sharia’, ou lei islâmica, informou ontem o Departamento de Relações Exteriores das Filipinas.

“Lamentamos não termos conseguido salvar a vida desta filipina depois do Supremo Conselho Judicial ter classificado o seu caso como um em que não se aplica a fórmula do ‘dinheiro de sangue’ contemplado pela ‘sharia'”, pode ler-se numa nota.

De acordo com a lei islâmica, a fórmula conhecida como “dinheiro de sangue” permite a comutação de uma pena capital se a família da vítima for indemnizada.

A filipina, executada na terça-feira, trabalhava como trabalhadora doméstica na Arábia Saudita, onde há cerca de um milhão de trabalhadores migrantes filipinos que frequentemente sofrem exploração, abuso e assédio às mãos dos seus empregadores.

Durante o processo judicial, a embaixada filipina em Riade forneceu à ré assistência legal, enviou representantes para a visitarem em prisões e manteve a sua família regularmente informada sobre o andamento do caso.

O Departamento dos Negócios Estrangeiros não forneceu, contudo, informações sobre quem foi a vítima do homicídio, nem sobre as circunstâncias do crime, alegando o pedido de privacidade da família.

Fazer pela vida

Em Novembro, as Filipinas repatriaram Jennifer Dalquez, que trabalhava como empregada doméstica nos Emirados Árabes Unidos (EAU), após ser absolvida da acusação de homicídio contra seu empregador, num julgamento em que arriscava também a pena de morte.

Dalquez tinha matado o seu empregador em legítima defesa, quando este a tentou violar, ameaçando-a com uma arma branca. A filipina passou quatro anos na prisão.

De acordo com as autoridades, cerca de três mil filipinos saem do seu país todos os dias com contratos de trabalho temporários no exterior, muitos deles em países árabes, onde as mulheres geralmente trabalham como trabalhadoras domésticas e homens no sector de construção.

Cerca de dez milhões de filipinos são trabalhadores migrantes no exterior e o envio de contas de remessas contribuiu para mais de 10% do PIB filipino.

 

 

1 Fev 2019

Tóquio | Carlos Gohsn diz que Nissan está a “destruir a sua reputação”

O ex-presidente do grupo Nissan encontra-se aprisionado num centro de detenção em Tóquio. Está acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”

[dropcap]C[/dropcap]arlos Ghosn, antigo presidente do grupo Nissan suspeito de falsificação de informação financeira e detido em Novembro em Tóquio, disse ontem que a Nissan está a “destruir a sua reputação”.

“O objectivo era claro e houve resistência desde o início”, disse Carlos Ghosn durante uma palestra num centro de detenção em Kosuge, em Tóquio, onde está detido desde 19 de Novembro.

Em entrevista à agência de notícias francesa France Presse e Les Echos no centro de detenção de Tóquio, Carlos Ghosn disse que está a ser “punido antes de ser condenado”.

Carlos Ghosn, que está detido há dois meses, disse sentir-se injustiçado.

“Não tenho telefone, nem computador, mas como posso defender-me? “, questionou durante sua primeira entrevista aos meios de comunicação não-japoneses desde sua prisão.

“Estou focado. Quero lutar para restaurar a minha reputação e defender-me de acusações falsas”, disse.

O ‘chairman’ (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em Novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal.

Ghosn é acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”, declarando uma soma total de 4,9 mil milhões de ienes (cerca de 37 milhões de euros) em vez de quase 10 biliões de ienes.

O grupo Nissan poderá igualmente estar sujeito a processos judiciais.

 

Culpas repartidas

O Ministério Público acredita, de acordo com a imprensa, que, se houver culpa, a responsabilidade também recai sobre a empresa, pois a mesma entregou às autoridades documentos financeiros imprecisos nos quais Ghosn escondeu uma parte significativa dos seus rendimentos.

Estas suspeitas que recaem sobre Ghosn colocam uma série de questões sobre o futuro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (actual líder de vendas a nível mundial), processo que o próprio empresário franco-brasileiro liderou.

Além de presidente do grupo Nissan Motor, Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

1 Fev 2019

Alibaba | Receitas sobem 41 por cento

[dropcap]O[/dropcap]gigante chinês de comércio electrónico Alibaba anunciou que a sua receita subiu anualmente 41%, para 117,28 mil milhões de yuans, entre de 1 de Outubro e 31 de Dezembro de 2018. “O Alibaba teve outro trimestre forte. O forte desempenho operacional e financeiro reflecte directamente o nosso foco persistente de servir melhor quase 700 milhões de consumidores nos sectores de retalho, entretenimento digital e serviços locais ao consumidor”, destacou Daniel Zhang, presidente executivo do Alibaba Group. “O nosso crescimento também é impulsionado pelas tecnologias de nuvem e dados do Alibaba, que ajudaram a acelerar a transformação digital de milhões de empresas”, afirmou Zhang.

 

1 Fev 2019

Corrupção| Lançada “Sky Net 2019” para capturar funcionários fugitivos

[dropcap]A[/dropcap] China lançou a campanha deste ano para capturar funcionários corruptos que fugiram do país.

A campanha, “Sky Net 2019”, pretende capturar suspeitos fugitivos e prevenir a fuga de mais funcionários corruptos, segundo o departamento de busca de fugitivos e activos roubados em países estrangeiros, sob o comando do gabinete anticorrupção, informa o Diário do Povo.

A campanha será executada por diversos órgãos. A Comissão Nacional de Supervisão (CNS) será encarregada de procurar e capturar funcionários suspeitos de crimes relacionados com o trabalho, o Supremo Tribunal Popular será encarregado de procurar bens ilícitos e o Ministério da Segurança Pública (MSP), de realizar a operação “Caça à Raposa” que visa os suspeitos em crimes económicos que fugiram para o exterior, acrescenta a publicação estatal.

O Banco Popular da China e o MSP prevenirão e combaterão a transferência de dinheiro roubado, e o Departamento de Organização do Comité Central do Partido Comunista da China e o MSP vão lidar com a aquisição ilegal de documentos de viagem.

O vice-secretário da Comissão Central de Inspecção Disciplinar do PCC e subchefe da CNS, Li Shulei, apontou que mais esforços devem ser feitos para aprofundar a cooperação em assistência judicial e prática de lei internacional para combater os casos de corrupção e melhorar o sistema que previne a fuga de mais suspeitos.

A China lançou a primeira operação “Sky Net” em Abril de 2015

 

1 Fev 2019

Economia | Actividade manufactureira volta a contrair em Janeiro

Apesar da ligeira subida do índice de gerentes de compra, 49,5 pontos no mês passado, contra 49,4 em Dezembro, o gigante asiático não evitou uma segunda contracção consecutiva da indústria manufactureira, com as pequenas e médias empresas a serem as principais vítimas da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos

[dropcap]A[/dropcap]actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se, em Janeiro, pela segunda vez consecutiva, segundo dados oficiais ontem divulgados, numa altura de disputas comerciais com os Estados Unidos e desaceleração da economia do país.

O índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) subiu para 49,5 pontos, no mês passado, uma melhoria de 0,1 ponto, face a Dezembro, mas que não evita uma contracção.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade. O índice é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

Os principais afectados foram as pequenas e médias empresas (47,2 e 47,3 pontos, respectivamente), enquanto as grandes empresas resistiram à desaceleração económica e à guerra comercial com Washington, registando uma expansão, de 51,3 pontos.

No entanto, outros sectores económicos apresentam dados positivos.

O PMI não manucfatureiro subiu para 54,7 pontos, depois de ter expandido, em Dezembro, 53,8 pontos.

Parte deste aumento deve-se ao crescimento do sector dos serviços, que representa já mais de metade do Produto Interno Bruto do país, e cuja expansão se fixou nos 53,6 pontos, mais 1,3 ponto do que no mês anterior.

Contudo, a contracção no setor manufatureiro é um resultado natural da quebra da procura doméstica e global.

Em 2018, por exemplo, as vendas de automóveis na China caíram 5,8 por cento, em termos homólogos, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990.

As vendas de ‘smartphones’ caíram 8 por cento, no terceiro trimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Counterpoint Research, unidade de investigação para o sector tecnológico. E, em Dezembro passado, as exportações chinesas caíram 4,4 por cento, face ao mesmo mês de 2017, segundo dados das alfandegas chinesas.

 

Ritmo brando

A economia da China, a segunda maior do mundo, cresceu 6,6 por cento, em 2018, ou seja, ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos.

Analistas prevêem que a economia registe um declínio acentuado, ao longo da primeira metade do próximo ano, reflectindo o pleno efeito das taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos.

A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de disputas comerciais, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Os EUA temem perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

 

1 Fev 2019

Arábia Saudita executa filipina condenada por homicídio

[dropcap]U[/dropcap]ma filipina de 39 anos foi executada terça-feira na Arábia Saudita depois de ter sido considerada culpada de homicídio sob a ‘sharia’, ou lei islâmica, informou hoje o Departamento de Relações Exteriores das Filipinas.

“Lamentamos não termos conseguido salvar a vida desta filipina depois do Supremo Conselho Judicial ter classificado o seu caso como um em que não se aplica a fórmula do ‘dinheiro de sangue’ contemplado pela ‘sharia'”, pode ler-se numa nota.

De acordo com a lei islâmica, a fórmula conhecida como “dinheiro de sangue” permite a comutação de uma pena capital se a família da vítima for indemnizada.

A filipina trabalhava como trabalhadora doméstica na Arábia Saudita, onde há cerca de um milhão de trabalhadores migrantes filipinos que frequentemente sofrem exploração, abuso e assédio às mãos dos seus empregadores.

Durante o processo judicial, a embaixada filipina em Riade forneceu à ré assistência legal, enviou representantes para a visitarem em prisões e manteve a sua família regularmente informada sobre o andamento do caso.

O Departamento de Relações Exteriores não forneceu, contudo, informações sobre quem foi a vítima do homicídio, nem sobre as circunstâncias do crime, alegando o pedido de privacidade da família.

Em Novembro, as Filipinas repatriaram Jennifer Dalquez, que trabalhava como empregada doméstica nos Emirados Árabes Unidos (EAU), após ser absolvida da acusação de homicídio contra seu empregador, num julgamento em que arriscava também a pena de morte. Dalquez tinha matado o seu empregador em legítima defesa, quando este a tentou violar, ameaçando-a com uma arma branca. A filipina passou quatro anos na prisão.

De acordo com as autoridades, cerca de três mil filipinos saem do seu país todos os dias com contratos de trabalho temporários no exterior, muitos deles em países árabes, onde as mulheres geralmente trabalham como trabalhadoras domésticas e homens no setor de construção.

Cerca de dez milhões de filipinos são trabalhadores migrantes no exterior e o envio de contas de remessas contribuiu para mais de 10% do PIB filipino.

31 Jan 2019

Venda de porcos portugueses para a China deve atingir 100 milhões de euros

[dropcap]O[/dropcap]s produtores portugueses começam ontem a exportar carne de porco para a China, através de três matadouros, um negócio que deverá movimentar 100 milhões de euros, com cerca de dez mil animais abatidos por semana.

“Esta primeira encomenda é de dez contentores. Em termos anuais, estamos a falar de um volume de negócios de 100 milhões de euros e cerca de dez mil animais, por semana, abatidos e transformados”, disse à Lusa, na segunda-feira, um dos membros da direção da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), Nuno Correia.

No total, através do Porto de Sines, distrito de Setúbal, os dez contentores vão transportar 270 toneladas de carne, no valor de um milhão de euros, para província chinesa de Hunan.

Porém, “é muito provável que haja uma actualização destes valores, a partir de Setembro, já que a China está a dar indicações de querer antecipar os números em vista para 2020”, prevendo-se assim uma movimentação de 200 milhões de euros.

Inicialmente, o arranque das exportações estava previsto para Dezembro. No entanto, o tráfego de contentores provocado pela greve dos estivadores eventuais de Setúbal acabou por atrasar o processo.

“Foi um caminho difícil, mas, finalmente, vamos dar início à exportação de carne de porco portuguesa para a China. Portugal tem que exportar para crescer e para chegar à auto-suficiência e a China vai [contribuir] para esta estratégia de internacionalização do país”, vincou, na altura.

O acordo em causa foi celebrado com o ACME Group, ficando o ICM, a Agmeat e a Montalva responsáveis pela exportação.

“Para já, queremos também que estes matadouros possam exportar outras partes do porco, nomeadamente, as unhas, as orelhas e as miudezas”, acrescentou.

Adicionalmente, até Setembro, vai ocorrer uma nova vistoria para tentar homologar mais três matadouros em Alcanede, Montijo e Lisboa.

O bom mercado

O início das exportações de suínos portugueses para a China vai ser assinalado numa cerimónia oficial que vai contar com a presença do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e do embaixador da China em Portugal, Cai Run.

Nuno Correia adiantou ainda à Lusa que, na sequência do recente encontro entre a FPAS e o Governo de Hunan, ficou acordado que Portugal vai ter um centro de demonstração e degustação dos produtos portugueses, como o vinho, a fruta e também a carne de porco.

“Tenho a certeza de que este é um passo de gigante. Dá alternativa aos produtores portugueses para venderem os seus produtos num mercado bastante apetecível, com volume e com preços muito interessantes de venda”, afirmou.

A conclusão deste centro está prevista até ao final de 2019, a partir daí, “a própria província dará todo o apoio ao desenvolvimento e promoção da entrada dos produtos portugueses”.

Fundada em 1981, a FPAS é uma associação sem fins lucrativos que visa o estudo e acompanhamento dos problemas relativos à suinicultura.

31 Jan 2019

Xangai | Polícia encerra clube privado de acompanhantes masculinos

O Perfect Space operava num dos bairros mais luxuosos da capital financeira chinesa. Oferecia serviços de acompanhantes masculinos a uma clientela exclusivamente feminina. Imagens, que se tornaram virais na internet, de uma festa de aniversário de um dos acompanhantes, levaram a polícia a encerrar o local

 

[dropcap]A[/dropcap] polícia chinesa encerrou um clube privado para mulheres em Xangai, depois de fotos de um dos acompanhantes masculinos, com prendas de luxo, se terem tornado virais nas redes sociais, avançou ontem a imprensa local.

“O clube foi encerrado pela polícia no sábado”, confirmou ontem a esquadra local, citada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

O encerramento surge depois de uma mensagem, partilhada na conta oficial do clube, designado Perfect Space, se ter tornado viral na Internet chinesa.

A mensagem inclui fotos da celebração do 28.º aniversário de um dos acompanhantes, com 28 prendas, oferecidas por uma das mulheres que frequentam o clube. Entre as prendas, destaca-se um carro da Audi, um copo em ouro e 280.000 yuans em dinheiro.

A ostentação despertou a curiosidade de vários internautas, que acabaram por expor mais informações sobre o espaço, que no portal oficial se apresenta como um “clube privado para mulheres, localizado no bairro mais próspero do centro de Xangai”.

O portal detalha que o espaço tem 1.600 metros quadrados e 19 “quartos VIP”. “Prometemos estar ao nível do seu status”, pode ler-se na página electrónica.

Fotos no portal mostram a palavra “amor”, escrita em luzes de néon cor-de-rosa, num dos salões do clube, com balões e buquês, e uma estátua de um cavalo branco na entrada. Em chinês, o nome do clube significa “cavalo branco”. Em inglês, o espaço chama-se Perfect Space.

Junta-te à festa

Os internautas revelaram ainda um anúncio de recrutamento, publicado na conta oficial do clube, em 2016, para “modelos masculinos comerciais”.

O anúncio oferece 1.000 yuan em gorjetas sempre que um dos modelos “entretiver” uma mulher, para além de um salário base mensal de 80.000 yuan.

O salário mínimo em Xangai, a “capital” económica da China, está fixado em 2.420 yuan, o mais alto do país.
Para trabalhar no Perfect Space era preciso “ter mais de 180 centímetros de altura, ser bonito, elegante, limpo e bem-disposto”.

“O trabalho é fácil e relaxante, simplesmente consiste em acompanhar as convidadas a beber e conversar, sem nenhuma actividade ilegal envolvida”, lê-se num dos anúncios, difundidos nas redes sociais chinesas.
Uma foto com duas filas de homens em tronco nu, no corredor do clube, ilustra o anúncio.

Uma das mulheres citadas pelo SCMP explicou que “as pessoas frequentam aqueles clubes por necessidade emocional”. “Não é algo tão flagrante como sexo”, afirmou. Registos públicos revelam que o Perfect Space foi registado com o nome Shanghai Wangzhongde Dining Services, em 2012, com um capital social de 200.000 yuan.

O mesmo documento classifica o espaço como um “espaço de restauração” e para “karaoke”. O proprietário, Shen Jian, tem outras 10 empresas, incluindo um bar em Nanjing, sudeste da China, e um café na província de Shandong, no norte do país.

Citado pelo jornal Beijing Youth Daily, um homem chamado Bai, que afirmou ser um ex-funcionário, revelou que aquele aniversário não foi das festas mais ostensivas que se realizaram no clube.

Segundo a mesma fonte, todos os funcionários do clube eram homens e a clientela exclusivamente feminina.
O Perfect Space apagou a maioria das suas mensagens divulgadas anteriormente nas redes sociais chinesas Weibo e WeChat, desde que a história se tornou pública.

31 Jan 2019

Guerra comercial | Washington espera progressos significativos nas negociações com a China

[dropcap]O[/dropcap] secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, assegurou esta terça-feira que espera “progressos significativos” nas negociações comerciais com a China e considerou que as acusações dos Estados Unidos ao grupo tecnológico chinês Huawei estão “separadas” da disputa comercial.

“Os temas fundamentais de que temos falado são: acesso ao mercado, garantir que não há obrigação de empresas conjuntas, que não há transferência forçada de tecnologia e ter um mecanismo para controlar um acordo, quando houver um acordo”, indicou Mnuchin numa entrevista à Fox Business News.

“Espero que sejam alcançados progressos significativos esta semana nesses assuntos”, assinalou, numa altura em que uma delegação chinesa liderada pelo vice-primeiro-ministro Liu He iniciou ontem dois dias de negociações com a administração norte-americana.

Questionado sobre as acusações do Departamento de Justiça ao grupo chinês Huawei, Mnuchin separou o assunto.

“Esse tema não faz parte das negociações comerciais (…) qualquer questão que esteja relacionada com a violação de leis dos Estados Unidos ou sanções norte-americanas segue um caminho separado”, afirmou.

31 Jan 2019

ANP | Projecto de lei sobre investimento estrangeiro vai a votos

[dropcap]O[/dropcap] Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) aprovou ontem a votação, na próxima sessão, de um novo projecto de lei, que abolirá restrições ao investimento estrangeiro, noticiou ontem a imprensa estatal, numa altura de disputas comerciais com Washington.

O novo texto foi debatido, nos últimos dois dias, pelo órgão máximo legislativo da China, e será votado pelos cerca de três mil delegados, durante a próxima sessão, em Março.

Caso seja aprovado, os investidores estrangeiros passam a receber quase o mesmo tratamento que os concorrentes chineses.

As autoridades só poderão restringir o acesso ao mercado doméstico, de empresas estrangeiras, “em circunstâncias especiais” ou que envolvam o “interesse público”, indicou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Os governos locais vão deixar também de poder confiscar propriedade estrangeira, sem que o processo passe pelas instâncias judiciais.

Uma das cláusulas exige ainda ao Estado chinês que dê tratamento igual, ao dado às firmas domésticas, às empresas estrangeiras que operem em sectores fora da lista negativa de acesso ao mercado por capital externo. E estipula igual acesso a políticas favoráveis às empresas.

O novo texto inclui ainda regras para fusões e aquisições por companhias estrangeiras, no âmbito do direito da concorrência, e multas, caso as empresas falhem em detalhar as informações sobre o investimento às autoridades.

O projecto de lei deverá substituir três leis para as ‘joint-ventures’ entre firmas estrangeiras e chinesas, ou empresas totalmente constituídas por capital estrangeiro.

31 Jan 2019

Filipinas | Morto membro de grupo suspeito da autoria do atentado de domingo

[dropcap]A[/dropcap]polícia das Filipinas abateu a tiro um membro do grupo extremista Abu Sayyaf e está a investigar as suas possíveis ligações com os autores do atentado de domingo na catedral de Jolo, segundo a imprensa local.

Adman Asilon, de 35 anos, morreu na segunda-feira num tiroteio com a polícia perto de sua casa, em Zamboanga, no sul das Filipinas, onde foram encontrados explosivos, uma granada de mão e um litro de um produto químico que ainda está a ser analisado.

Segundo a polícia, Asilon era um membro conhecido do Abu Sayyaf, que jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico, que reivindicou o ataque no domingo na província de Sulu, no sul, num território das Filipinas de maioria muçulmana.

Duas bombas explodiram com quinze segundos de diferença na catedral de Jolo, capital de Sulu, ataque em que morreram mais de 20 pessoas e 100 ficaram feridas, segundo o último balanço das autoridades.

A polícia está a investigar o possível envolvimento de Asilon com a milícia Ajang-Ajang, a facção de Abu Sayyaf em Sulu que cometeu o ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.

“É muito cedo para dizer qualquer coisa. Zamboanga e Jolo estão longe, mas vamos investigar todas as hipóteses”, disse o porta-voz da Polícia Nacional, Bernard Banac, à CNN Filipinas.

Duas explosões destruíram no domingo durante a missa a catedral situada na ilha de Jolo, bastião do grupo extremista Abu Sayyaf que não está ligado ao processo de paz em curso.

Especializado em sequestros, o Abu Sayyaf também é acusado dos piores atentados no arquipélago, em particular o realizado contra um ‘ferry’ que causou mais de 100 mortos em 2004.

Os especialistas consideram que este ataque, um dos mais sangrentos dos últimos anos nas Filipinas, pode contrariar anos de esforços de paz que resultaram no referendo local da semana passada. O referendo validou a criação de uma nova região autónoma denominada Bangsamoro.

30 Jan 2019

Tailândia | Campanha para libertar futebolista detido

[dropcap]A[/dropcap]organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) lançou ontem uma campanha internacional para a imediata libertação do futebolista do Bahrein, Hakeem al-Araibi, com estatuto de refugiado na Austrália e que está detido pelas autoridades tailandesas.

A campanha online #SaveHakeem quer conquistar o apoio de atletas e personalidades do mundo do desporto para pressionar as autoridades tailandesas a libertarem Al-Araibi e permitir o regresso à Austrália.

Um responsável da HRW, Minky Worden, lamentou que a Tailândia mantenha o processo de extradição de Al-Araibi para o Bahrein, “onde enfrenta tortura ou pior”.

As autoridades australianas concederam, em 2017, o estatuto de refugiado ao futebolista, que chegou ao país em 2014, em fuga do Bahrein após ter sido condenado à revelia a dez anos de prisão por danos causados numa esquadra de polícia.

“Vários atletas, o Governo australiano, a FIFA e o Comité Olímpico Internacional pediram a libertação e a Tailândia deve permitir o regresso imediato” de Hakeem al-Araibi, indicou Worden, em comunicado.

A iniciativa surgiu depois de as autoridades do Bahrein terem descrito como inaceitáveis os pedidos de libertação por parte da FIFA, ou do ex-capitão da selecção australiana de futebol Craig Foster.

Hakeem chegou a Banguecoque, a 27 de Novembro, acompanhado pela mulher, vindo de Melbourne, para passar alguns dias de férias, quando foi detido no aeroporto tailandês, na sequência de uma notificação da Interpol.

Embora a Interpol tenha retirado a notificação a 4 de Dezembro, o jogador continua detido num centro de imigração na capital tailandesa.

A Tailândia não é signatária da Convenção das Nações Unidas sobre Refugiados, de 1951, e tem sido criticada por extraditar refugiados e requerentes de asilo para países onde são alvo de perseguição e de tortura.

30 Jan 2019

Condições de trabalho de correspondentes na China deterioraram-se em 2018

[dropcap]R[/dropcap]eceio de ter o telefone sob escuta, atraso na emissão do visto, vigilância ou detenções durante reportagens: as condições de trabalho dos jornalistas estrangeiros na China deterioraram-se ainda mais, em 2018, segundo um relatório divulgado ontem.

Um inquérito elaborado pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC, na sigla em inglês), e a que responderam 109 jornalistas, “relata as piores condições para trabalhar na história recente da China”.

No total, 55% dos jornalistas inquiridos acreditam que as suas condições de trabalho se deterioraram, em 2018 – contra 40%, no ano anterior.

O receio de estar a ser monitorizado foi uma preocupação para quase metade dos que responderam à pesquisa, enquanto 91% estavam preocupados de que os seus telefones estivessem sob escuta pelas autoridades.

Zona dura

Na região do Xinjiang, onde se estima que cerca de um milhão de membros de minorias étnicas chinesas de origem muçulmana estejam detidos em campos de doutrinação política, 24 dos 27 jornalistas que viajaram até à região afirmam terem sido perturbados no seu trabalho.

Inicialmente, a China negou a existência daqueles centros, mas alega agora que estes visam combater o extremismo, oferecendo “treino vocacional” aos detidos.

Jornalistas estrangeiros que realizaram reportagens na região tiveram de apagar fotos ou gravações, interromper entrevistas e alguns foram detidos, segundo o inquérito.

“Fui seguido ao longo de quase 1.600 quilómetros, por pelo menos nove carros e 20 pessoas”, relatou Nathan VanderKlippe, correspondente do jornal canadiano Globe and Mail.

A China diz que os jornalistas estrangeiros têm o direito de entrevistar pessoas à sua escolha, desde que os entrevistados concordem, mas correspondentes denunciam a crescente pressão das autoridades.

Muitos dizem que tiveram dificuldades em renovar os seus vistos, segundo a investigação da FCCC, uma organização que Pequim considera “ilegal”. Segundo a pesquisa, os jornalistas chineses em órgãos estrangeiros também foram perseguidos ou intimidados.

30 Jan 2019

EUA/China | Negociações para travar escalada de taxas comerciais

[dropcap]A[/dropcap]visita do vice-primeiro-ministro da China, Liu He, a Washington, dá início hoje a uma nova ronda de negociações para tentar evitar mais uma escalada na dura guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.

Se os negociadores chineses e norte-americanos, que esta semana se reúnem em Washington, nada acordarem, a partir do próximo dia 2 de Março os EUA imporão um aumento de tarifas, de 10 por cento para 25 por cento, em cerca de 200 mil milhões de dólares de produtos importados da China.

O vice-primeiro-ministro da China vai sentar-se à mesa com o representante do Departamento de Estado do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e com o secretário de Estado do Tesouro, Steven Mnuchin, durante uma ronda de negociações que durará apenas dois dias, mas que tem uma muito preenchida agenda de trabalhos.

A ronda de negociações que começa esta quarta-feira procura evitar que se concretize a ameaça dos EUA de aumentar significativamente as tarifas das importações vindas da China, em resposta a um aumento de impostos decretada pelo Governo chinês, no final de 2018, para as importações vindas dos EUA.

À margem da cimeira do G20 na Argentina, em Dezembro passado, o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o Presidente da China, Xi Jinping, concordaram avançar nas negociações sobre as questões estruturais desta disputa comercial, incluindo “transferências tecnológicas, protecção da propriedade intelectual, ciber intrusão, serviços e agricultura”, como ficou estipulado num comunicado após esse encontro informal.

Nas últimas semanas, Donald Trump tem manifestado optimismo relativamente ao desenlace desta nova ronda de negociações.

“Eu conheço bem o Presidente Xi e estou certo de que nos vamos entender muito bem, nesta questão”, afirmou Trump, aos jornalistas, na semana passada.

Em busca de equilíbrios

Mas os analistas são muito mais cépticos, sobretudo tendo em conta a posição dura adoptada pelo negociador norte-americano, Robert Lighthizer, que dificilmente cederá em algumas áreas sensíveis, nomeadamente no que diz respeito às questões de patentes e de propriedade intelectual, onde os chineses se queixam de intransigência por parte dos EUA.

Do lado dos EUA, Lighthizer levará um pedido para que a China se comprometa a aumentar o volume de compras aos EUA, para equilibrar uma balança comercial que Donald Trump já considerou “demasiado inclinada” para o lado chinês.

Do lado da China, o vice-primeiro-ministro deverá insistir numa posição mais flexível por parte dos norte-americanos relativamente às acusações sistemáticas de roubo de patentes.
Para o final destas negociações, não é esperado nenhuma declaração conjunta, mas espera-se que os negociadores consigam chegar a acordo sobre um pacote de propostas que serão depois apresentadas aos dois presidentes.

No final de uma ronda de negociações em Maio passado, mesmo com uma declaração conjunta, o Presidente Donald Trump acabou por rejeitar as conclusões do entendimento, levando a guerra comercial para o ponto inicial de divergências.

30 Jan 2019

Filipinas | Alerta de terrorismo para todo o país após ataque em Jolo

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Nacional das Filipinas elevou ontem o nível de alerta de terrorismo para todo o país, após o ataque de domingo em Jolo reivindicado pelo grupo Estado Islâmico e que causou 20 mortos e 100 feridos.

“A ordem garantirá que planos semelhantes de grupos terroristas não sejam realizados em outras regiões”, disse o director-geral da Polícia Nacional, Oscar Albayalde, numa conferência de imprensa em Jolo.

O novo nível de alerta significa que a polícia vai aumentar os pontos de controlo e colocará sob maior vigilância a proibição de usar armas de fogo durante o período eleitoral, que terminará com as eleições legislativas e municipais de 13 de Maio.

Albayalde informou ainda que o encerramento de Jolo e a restrição de movimentos no seu interior foram ordenados como estratégia para cercar os responsáveis pelo ataque, ao mesmo tempo que foi reforçado o destacamento de agentes da Polícia, das Forças Armadas e das Forças Especiais.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou o duplo atentado de domingo contra a catedral católica de Jolo.

O ataque ocorreu uma semana depois de mais de dois milhões de filipinos da comunidade de maioria muçulmana no sul do país, onde se situa a ilha de Jolo, terem sido chamados a participar num referendo para tornar esta região mais autónoma e, assim, acabar com cinco décadas de conflito.

29 Jan 2019