Hong Kong | Comunidade portuguesa apreensiva face à escalada de violência 






A comunidade portuguesa a residir em Hong Kong está apreensiva face à escalada de violência no território mas não quer, para já, partir. Se antes era fácil contornar os protestos, que tinham dia e hora marcada, essa situação acabou. Fernando Dias Simões, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong, explica que há muito que os professores preparavam aulas online. Com o fim prematuro do semestre, os alunos vão fazer os exames em casa

 
[dropcap]E[/dropcap]m Agosto, a situação estava longe de ser a ideal. Jason Santos, português a residir em Hong Kong, contava ao HM que o seu dia-a-dia estava a ser “muito afectado” pelos protestos na região vizinha. “Ainda hoje demorei mais de duas horas a voltar a casa depois de ir buscar os meus filhos à escola. A viagem costuma demorar 20 minutos.”
A residir na zona de Yuen Long, onde decorreu o ataque no metro perpetrado por homens vestidos com camisolas brancas e envergando bastões de bambu, Jason Santos relatava que muitas lojas estavam fechadas. 
“Muitas pessoas estão a ficar seriamente fartas das acções das pessoas que participam nestes protestos, uma vez que estão a afectar o seu dia-a-dia gravemente”, apontou o português.
Meses depois, mudou quase tudo.
Depois dos episódios graves de Yuen Long e das manifestações no Aeroporto Internacional de Hong Kong, os protestos chegaram às universidades. Na terça-feira, o campus da Universidade Chinesa de Hong Kong tornou-se num autêntico campo de batalha, com confrontos violentos entre estudantes e polícia. Nos dias seguintes, os estudantes começaram a proteger vários campus universitários com guarda-chuvas e tijolos da acção da polícia. 
Jason Santos não tem dúvidas de que, desde Agosto, a situação nas ruas piorou bastante.
“O meu dia-a-dia sofreu um pouco com as interrupções das escolas. Mas como conduzo tenho-me livrado do pior a nível de transportes.” No entanto, o membro da comunidade portuguesa em Hong Kong assegura que ainda não há um pânico generalizado junto dos portugueses. 
“A percepção geral varia. Não posso falar em nome da comunidade mas vemos pessoas em espectros opostos, desde os que defendem veemente as acções dos manifestantes aos que defendem a acção policial como a única resposta possível. Maioritariamente tentamos mantermo-nos afastados das zonas de conflito”, apontou.
No caso de Isabel Pinto, a maternidade faz com que esteja a maior parte do tempo em casa. Ainda assim, a portuguesa nota a escalada de violência mas, para já, não pondera mudar a sua localização. 
“Só tive o azar de estar em Sai Wai Ho no dia do tiroteio. Fiquei retida como muitas outras pessoas na estação de metro porque era arriscado sair por volta das 10h00. É só um exemplo típico, o que se nota é a diferença nos transportes e o acesso a certas zonas onde já se sabe que vai haver eventos”, contou ao HM.
Isabel Pinto denota que o nível de violência “piorou em intensidade”. “Antes só havia protestos ao fim-de-semana e os confrontos eram menos agressivos. Agora há mais classes profissionais envolvidas, vê-se mais impacto. No nosso bairro, por exemplo, já houve um café Starbucks vandalizado, taparam vitrines publicitárias no metro e em outras zonas há mesmo violência mais extrema”, acrescentou.
No dia do tiroteio em Sai Wai Ho, Isabel Pinto diz ter visto “pedras, garrafas e vasos atirados à estrada”. “Claro que ficamos conscientes dos riscos mas temos forma de evitar as cenas de confronto porque a polícia avisa os residentes por sms”. 
Sobre a possibilidade de deixar Hong Kong, Isabel Pinto diz que, a curto prazo, não é algo em que a família pense. “Por enquanto não pensamos nisso, mas é provável que quem já tenha esse projecto comece a antecipar a ida para Portugal”, declarou.

“Ninguém fica indiferente”

Francisco Mota Alves, arquitecto, está em Hong Kong há um ano e assume que os protestos o afectam “não do ponto de vista prático mas moral”, uma vez que “ninguém pode ficar indiferente”. No seio da comunidade portuguesa, “há apreensão sem gerar grande pânico, ainda não se está a atingir um estado de preocupação, mas começa a surgir alguma apreensão”.
“Hong Kong não é Lisboa, no sentido em que aquilo que acontece em Yuen Long não afecta o resto da cidade. Existe apreensão, mas não sinto que haja pessoas com vontade de fazer as malas. Quanto a mim, depende da minha situação laboral, pois trabalho para uma empresa australiana e, na eventualidade de este escritório ser encerado, poderei ter uma oportunidade de ir para Melbourne”, frisou. 
Depois de um Verão quente nas ruas, o Inverno trouxe uma maior violência, ao ponto de Francisco Mota Alves “condenar” os actos de ambas as partes.
“O que achava serem actos de vandalismo por parte dos manifestantes já considero actos de anarquia. Nunca votei aqui e não tenho como criticar, mas o Governo não está a conseguir gerir a situação.”
Do lado dos manifestantes, “a insistência nos cinco objectivos é um bocado utópica, penso que deveriam focar-se num objectivo de cada vez”.  “O Governo demorou a agir na questão da lei, mas agiu. O próximo passo deveria ser a brutalidade da polícia. O sufrágio universal nunca vai acontecer”, frisou.
Patrick Rozario, presidente do Clube Lusitano, disse à agência Lusa que, seis meses depois de intensos protestos, os luso-descendentes em Hong Kong ainda não desesperam, uma vez que a grande maioria detém um passaporte estrangeiro que lhes permitiria emigrar.
O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, disse na quarta-feira à Lusa que existem “cerca de 20.000 indivíduos em Hong Kong com passaporte português”, sendo que apenas “entre 500 e 1.000 serão portugueses expatriados”.
 A maior parte são luso-descendentes que começaram a chegar à cidade assim que foi fundada pelos ingleses, há quase 180 anos. É o caso de Francisco da Rosa, que nasceu em Xangai e cresceu entre Macau e Hong Kong. “Hong Kong é a nossa casa e nós sentimos o seu sofrimento”, afirmou à Lusa o investigador.
Tal como Patrick Rozario, que tem a nacionalidade canadiana, a maioria dos luso-descendentes em Hong Kong tem um ou mais passaportes estrangeiros.
“Muitos membros da nossa comunidade têm uma perspectiva mais internacional, têm casa em Cascais ou em São Francisco [nos Estados Unidos] e por isso podem sempre partir quando quiserem”, apontou.
Patrick começou há vários anos, muito antes do início dos protestos, a tentar reaver o passaporte português. “Há muitos de nós a tentar fazer o mesmo, porque mesmo que já não saibamos falar a língua, eu pessoalmente continuo a sentir que sou macaense e que a nacionalidade portuguesa nos dá essa identidade”, frisou.
Ouvida também pela Lusa, uma outra portuguesa nascida em Hong Kong, Viena Mak Hei-man, argumentou que os manifestantes estão a romancear um movimento cada vez mais violento.
Para Viena, membro da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, o receio era real em relação à proposta de lei da extradição, entretanto retirada do Conselho Legislativo. Em Janeiro, a activista foi a Xiamen, no sudeste da China, proferir uma palestra sobre o negócio de criação de golfinhos em cativeiro, para serem vendidos a parques aquáticos de todo o mundo.
“Não achei que estivesse em perigo, mas com esta lei, já não iria lá porque é perigoso ser um ambientalista e estar contra esta indústria”, argumentou Viena. “Todos sabemos”, disse, “as coisas terríveis que acontecem no sistema judicial chinês”, descrito por dissidentes como opaco, politizado e incapaz de garantir a salvaguarda dos direitos humanos.
A actuação do Governo de Hong Kong tem sido “um desastre completo”, lamentou a também cidadã portuguesa Georgine Leung, nascida no território.
A Chefe do Executivo, Carrie Lam, começou por suspender a proposta em Julho e acabou mesmo por a retirar em Setembro. Mas a situação não acalmou, salientou Viena Mak, devido “à ridícula resposta do Governo”, que rejeitou as restantes quatro exigências do movimento, entre as quais a criação de uma comissão de inquérito independente para investigar a actuação da polícia, que é acusada de usar força excessiva.
“Foi por isso que me juntei aos protestos, devida à forma como a polícia tratou, não apenas os que estavam na linha da frente, mas também aqueles na retaguarda. Mesmo os jovens, os idosos, os jornalistas foram tratados como baratas”, recordou, usando um insulto usado pela polícia contra os manifestantes.
A jovem tem ajudado a transportar e distribuir material durante os protestos, incluindo guarda-chuvas e ‘kits’ de primeiros socorros.
Viena emociona-se ao recordar os acontecimentos de 12 de Junho, quando os protestos cercaram o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong. “Eu vi a primeira vez que a polícia disparou gás lacrimogéneo. Nessa altura achávamos que tudo era possível, mas desde então já aconteceu tanta coisa”, afirmou.

Universidade preparou-se

Na terça-feira passada o ‘campus’ da Universidade Chinesa de Hong Kong foi palco de alguns dos combates mais violentos desde que os protestos começaram, com os estudantes a lançarem centenas de bombas incendiárias contra a polícia, que respondeu com balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo.
Isto um dia depois da polícia ter baleado dois manifestantes, um dos quais teve de ser operado de urgência, e de um homem ter ficado em estado crítico após ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado por alegados manifestantes.
“A maioria dos meus amigos continua a ser fortemente a favor dos protestos”, declarou Georgine Leung. “Mas a verdade é que os manifestantes estão a romancear tudo o que se está a passar”, acrescentou a mãe de duas crianças, uma delas afectada pela suspensão das aulas já decretada em Hong Kong.
Viena Mak não vê um fim para o caos vivido na cidade. Tal como aconteceu com a chamada “revolução dos guarda-chuvas”, em 2014, admitiu que é improvável que o Governo aceite as exigências dos manifestantes, sobretudo no que toca à implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo e do Conselho Legislativo.
Ainda assim, a jovem nascida em Macau opta pela filosofia: “podemos perder esta guerra, mas os nossos ideais vão perdurar”.
Um estoicismo que não descansa os pais de Viena, que ainda vivem em Macau, onde está em vigor desde 2009 uma lei de defesa da segurança do Estado que pune “qualquer acto de traição à pátria, de secessão, de sedição, de subversão contra o Governo popular central”.
“Eles pedem-me frequentemente para não colocar no Facebook certas coisas relacionadas com os protestos, porque têm medo que seja detida em Macau”, explicou.
Ao HM, Fernando Dias Simões, professor de Direito na Universidade Chinesa de Hong Kong, assumiu que há muito que a instituição se vinha preparando para o pior.
“Há três ou quatro semanas que andamos a gravar aulas porque não sabemos se os alunos conseguem apanhar transporte. As condições para dar aulas não estão reunidas, daí ter-se adoptado medidas mais ajustadas. Recebi um email da universidade que diz que todos os edifícios estarão fechados porque estão a avaliar danos e a preparar um plano de reabilitação. Não creio que o campus volte a funcionar antes disso.”
Fernando Dias Simões não presenciou a verdadeira batalha em que se tornaram os acontecimentos de terça-feira, tendo acompanhado apenas nas redes sociais. “Não tinha noção de que os alunos tinham tanto material para se barricarem, estive no dia anterior e o campus estava perfeitamente pacifico. Não sabia que estavam preparados para um confronto com a polícia.”
O professor, que continua a residir em Macau a maior parte do tempo, afirma que, desde terça-feira que “a vida quotidiana é mais difícil, pois o metro pode não estar a funcionar correctamente, mas não há insegurança física”. “A polícia não anda indiscriminadamente a bater nas pessoas nas ruas, desde que não se envolvam nos protestos. É uma situação preocupante, mas acho que as pessoas não estão a pensar deixar a cidade”, rematou.

18 Nov 2019

Hong Kong | Polícia cerca universidade, situação “inaceitável”

[dropcap]A[/dropcap] polícia está a criar um cordão de segurança à volta à Universidade Politécnica de Hong Kong para isolar os manifestantes que ocuparam o estabelecimento de ensino. Hoje, um carro blindado foi incendiado à saída do túnel Cross Harbour e teve de recuar em chamas. Pelo menos um agente da autoridade foi atingido por uma flecha.
Por seu lado, a polícia disparou hoje gás lacrimogéneo contra manifestantes junto à Universidade Politécnica de Hong Kong, onde os manifestantes construíram barricadas. O reitor Rocky Tuan disse que a universidade “foi tomada por mascarados”, alheios ao estabelecimento de ensino, e que “a situação é inaceitável”.

Hoje, um grande grupo de pessoas voltou a tentar limpar uma estrada cheia de escombros perto do campus daquele ensino superior, mas foi advertido pelos manifestantes de que se devia afastar. A polícia antimotim alinhou-se a algumas centenas de metros e disparou várias granadas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que se abrigavam atrás de uma ‘parede’ de guarda-chuvas.A oposição parlamentar criticou as forças armadas chinesas que no sábado ajudaram a retirar escombros das ruas.

O confronto ocorreu horas depois de intensos confrontos durante a noite de sábado em que os dois lados trocaram bombas de gás lacrimogéneo e bombas incendiárias que deixaram focos de incêndio na rua. Muitos manifestantes retiraram-se para o interior do campus, onde bloquearam entradas e montaram pontos de controlo de acesso. Os manifestantes, que ocuparam vários campus importantes durante a passada semana, recuaram quase por completo, à exceção de um contingente que permanece na Universidade Politécnica. O mesmo grupo também está a bloquear o acesso a um dos três principais túneis rodoviários que ligam a Ilha de Hong Kong ao resto da cidade.

Em outros lugares, trabalhadores e voluntários – incluindo um grupo de soldados chineses que saíram da guarnição – limparam estradas repletas de entulhos no sábado, quando a maioria dos manifestantes abandonou os locais. Houve incidentes dispersos de manifestantes discutindo e confrontando as pessoas que limpavam as estradas.

Os legisladores da oposição emitiram uma declaração na qual criticam os militares chineses por se juntarem às operações de limpeza. Os militares têm permissão para ajudar a manter a ordem pública, mas apenas a pedido do Governo de Hong Kong. O Governo de Hong Kong disse que não havia solicitado a assistência dos militares, descrevendo-a como uma actividade voluntária da comunidade.

17 Nov 2019

Hong Kong | Polícia britânica anuncia inquérito a agressão de ministra em Londres

[dropcap]A[/dropcap] polícia britânica anunciou hoje que abriu um inquérito à agressão de uma ministra de Hong Kong em Londres, durante uma altercação com apoiantes do movimento pró-democracia da antiga colónia britânica.

O incidente, ocorrido na quinta-feira ao final do dia, suscitou duras críticas da China, que acusou o Reino Unido de “deitar achas na fogueira” em Hong Kong e exigiu uma investigação imediata dos factos.

“A polícia está a investigar uma suposta agressão ocorrida ontem [quinta-feira] por volta das 17:05”, anunciou a polícia de Londres num comunicado. O texto precisa que “uma mulher foi transportada ao hospital devido a ferimentos num braço”, mas não confirma a identidade da secretária da Justiça de Hong Kong, Teresa Cheng. “Até ao momento” não foi feita qualquer detenção, disse ainda a polícia.

Teresa Cheng dirigia-se para uma conferência no Chartered Institute of Arbitrators (CIAbr), uma instituição especializada na arbitragem de conflitos internacionais, quando foi cercada por manifestantes.

Vídeos mostram a ministra cair ao chão, sem se perceber se foi empurrada ou se desequilibrou, e pouco depois levantar-se e afastar-se escoltada por seguranças.

“A senhora Cheng foi agredida pela multidão quando se preparava para entrar no nosso edifício”, afirmou o CIAbr num comunicado, precisando que a ministra “sofreu um ferimento num braço”. A conferência foi cancelada devido ao incidente. A China denunciou “uma agressão bárbara” e exigiu que o Reino Unido garanta “a segurança e a dignidade de todos os funcionários chineses”.

Teresa Cheng é um dos membros mais impopulares do governo de Hong Kong e é nomeadamente considerada uma das principais impulsionadoras do projeto de lei sobre extradição para a China, na origem dos protestos que desde junho se realizam na antiga colónia britânica.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, condenou hoje a “agressão bárbara”, que “violou os princípios de uma sociedade civilizada”, e afirmou que a secretária ficou “gravemente ferida”, apelando à polícia britânica que investigue.

Em resposta, a diplomacia chinesa culpou as autoridades britânicas pelo incidente. “Há algum tempo que alguns políticos britânicos misturam o verdadeiro e o falso, obscurecendo atos violentos e ilegais em Hong Kong e mantendo contacto direto com manifestantes anti-China”, acusou Geng.

“Se o Reino Unido não mudar o seu comportamento e continuar a atirar gasolina para o fogo, semeando a discórdia e incitando (a desordem), vai pagar as consequências”, ameaçou o porta-voz de Pequim.

15 Nov 2019

China condena “ataque” a secretária da Justiça de Hong Kong em Londres

[dropcap]A[/dropcap] China condenou hoje um alegado ataque em Londres à secretária da Justiça de Hong Kong, no primeiro confronto direto entre manifestantes e um alto quadro da antiga colónia britânica, palco de protestos antigovernamentais há quase seis meses.

A secretária da Justiça Teresa Cheng, que estava em Londres a promover Hong Kong como um centro de solução de disputas e negociação de acordos, foi criticada por um grupo de manifestantes, que a chamou de “assassina” e gritou “vergonha”.

A embaixada da China no Reino Unido disse que Cheng foi “sitiada e atacada por ativistas anti-China e pró-independência”, que se organizaram ‘online’, e que magoou a mão quando caiu.

A embaixada apelou ainda à polícia britânica para investigar o incidente e fortalecer a segurança das autoridades e instituições chinesas no país.

“Acabar com a violência e restaurar a ordem é a tarefa primordial em Hong Kong”, disse o porta-voz da embaixada, em comunicado.

“O Governo central da China apoia firmemente o Executivo de [Hong Kong] a administrar Hong Kong de acordo com a lei, apoia firmemente a polícia (…) a aplicar a lei e apoia firmemente o judiciário a levar os criminosos à Justiça de acordo com [a] lei”, lê-se na mesma nota.

Vídeos do confronto mostram Cheng no chão durante as escaramuças, mas não é claro se foi empurrada. Logo a seguir, a secretária levanta-se e é escoltada por seguranças.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, condenou também hoje a “agressão bárbara”, que “violou os princípios de uma sociedade civilizada”, e afirmou que a secretária ficou “gravemente ferida”, apelando à polícia britânica que investigue.

O incidente ocorreu numa altura de escalada da violência em Hong Kong, depois de um manifestante estudantil ter morrido no início deste mês, após ter caído de um parque de estacionamento durante as manifestações.

15 Nov 2019

Hong Kong | Apple e o Twitter ajudam a mobilizar milhões

Dois académicos estão a investigar a forma como a tecnologia AirDrop, da Apple, e a rede social Twitter têm ajudado na mobilização de pessoas e na organização dos protestos em Hong Kong. Andy Buschmann, doutorando da Universidade de Michigan, concluiu que 70 por cento dos inquiridos tem recebido, desde Junho, mensagens via AirDrop a apelar à participação nos protestos, com a garantia de anonimato. Já o professor Łukasz Zamęcki aponta que o Twitter tem sido usado, sobretudo, para chamar a atenção da comunidade internacional

 

[dropcap]H[/dropcap]á muito que as redes sociais desempenham um papel fundamental na feitura de revoluções, protestos ou na mobilização de pessoas em prol de causas. Os protestos em Hong Kong, que duram desde o Verão, não são excepção e têm acontecido não apenas nas ruas, mas também online. No entanto, os promotores das acções não recorrem apenas a grupos de WhatsApp ou Facebook para passar a mensagem, tirando também partido da tecnologia disponibilizada pela gigante Apple.

Andy Bushmann, doutorando no departamento de Ciência Política da Universidade de Michigan, Estados Unidos, está a investigar a forma como a tecnologia peer-to-peer da Apple, o sistema AirDrop, tem sido usado nos protestos de Hong Kong. O estudo está ainda a ser desenvolvido, mas o académico contou ao HM que, tendo em conta resultados preliminares de um inquérito já feito, 70 por cento dos entrevistados afirmam ter recebido mensagens mobilizadoras desta forma.

Mas o que torna o sistema AirDrop tão especial? O facto de utilizadores da Apple poderem enviar mensagens entre si através de bluetooth, a uma curta distância, sem necessitar de Internet, o que assegura o anonimato de quem envia e de quem recebe.

“Em lugares onde há muitos utilizadores de Iphone, tal como as estações de metro em hora de ponta, é possível enviar centenas de mensagens por AirDrop num curto período de tempo”, disse.
Andy Bushmann assegura que não foi a tecnologia AirDrop a principal responsável por colocar cerca de dois milhões de pessoas nas ruas, nos primeiros protestos contra a proposta de lei da extradição, mas teve um importante impacto.

“A tecnologia AirDrop pode chegar a públicos que, de outra forma, não teriam conhecimento dos protestos, talvez porque não estão nas redes sociais ou não aderiram a grupos do Telegram. É possível que as pessoas tenham feito apelos ao movimento através do AirDrop mesmo que eles próprio não tenham participado nessas acções.”

O facto de 70 por cento dos inquiridos ter recebido estas mensagens de mobilização constitui “um número impressionante”. “É difícil imaginar que não haja qualquer efeito, tendo em conta a quantidade de mensagens via AirDrop que têm vindo a circular. Na minha pesquisa actual estou a tentar analisar o efeito exacto, em comparação com outros factores, que a tecnologia AirDrop teve na participação individual dos indivíduos”, acrescentou Andy Buschmann.

Para o doutorando, o sistema AirDrop “está a tornar-se cada vez mais importante para disseminar a informação relativa aos protestos no seio do público”, apesar de considerar que a génese destas acções não vai sofrer grandes alterações. No entanto, “o sistema AirDrop já está a mudar, parcialmente, o sentido de mobilização destes protestos”, frisa o académico.

Questionado sobre a possibilidade de o Governo chinês poder vir a controlar o uso do sistema AirDrop, Andy Bushmann responde “sim e não”. “A Apple tem sido bem-recebida pelo Governo da República Popular da China por acatar ordens, mas o sistema AirDrop recorre à mesma tecnologia que os acessórios da Apple, tal como AirPods ou estações de carregamento. Não vai ser fácil à Apple desactivar completamente essa função.”

O académico acredita que esta tecnologia “possa vir a ser desactivada nos iPhones, mas pode vir a ser reactivada com os programas de hacking”. “Nesta fase, contudo, a tecnologia AirDrop ainda funciona em todo o mundo e os activistas vão, mais cedo ou mais tarde, aprender com o caso de Hong Kong”, frisou.

Chamada global

Łukasz Zamęcki, doutorado em ciência política e professor assistente da Faculdade de Ciencia Política e Estudos Internacionais da Universidade de Varsóvia, na Polónia, encontra-se a investigar o efeito que a rede social Twitter tem tido nos protestos da região vizinha. Apesar de estar a começar agora esse trabalho, o académico assegurou ao HM que o Twitter tem sido mais usado para chamar a atenção da comunidade internacional do que propriamente para mobilizar pessoas, através de contas como “Fight4HongKong”, “antiELAB” ou “save_hk_please”, entre outras. O académico, que há sete anos faz investigação sobre Hong Kong, também analisou hashtags usadas nas publicações, tendo concluído que as mais comuns sao #hongkongprotests, #chinazi, #antilabmovement e #hongkonglastword.

“Acredito que as restantes plataformas sociais foram mais importantes para mobilizar as pessoas a ir para as ruas do que o Twitter, que serviu mais para informar a comunidade internacional sobre o que está a acontecer. Mas o Twitter desempenhou um papel importante para tornar estes protestos mais visíveis junto da comunidade internacional”, apontou o autor do estudo.

Łukasz Zamęcki concluiu também, para já, que a maior parte dos tweets analisados versa sobre a acção da polícia, que tem sido acusada de ataques aos direitos humanos e de perpetrar violência gratuita através do uso de gás pimenta e balas de borracha.

“Notei que houve mais tweets durante os protestos mais violentos em relação aos dias normais de manifestação, ou quando havia novas informações. Na maior parte das contas analisadas os utilizadores aderiram ao Twitter em 2019, claro que podemos ver que o número de contas criadas teve como base os protestos.”

Assegurando que, em sete anos de investigação, “muita coisa mudou em Hong Kong”, Łukasz Zamęcki conclui que “os jovens recorrem a uma justificação normativa e utilitária para o uso da violência nos protestos, e noto que esta justificação tem vindo a aumentar junto dos estudantes”.

15 Nov 2019

Hong Kong | Apple e o Twitter ajudam a mobilizar milhões

Dois académicos estão a investigar a forma como a tecnologia AirDrop, da Apple, e a rede social Twitter têm ajudado na mobilização de pessoas e na organização dos protestos em Hong Kong. Andy Buschmann, doutorando da Universidade de Michigan, concluiu que 70 por cento dos inquiridos tem recebido, desde Junho, mensagens via AirDrop a apelar à participação nos protestos, com a garantia de anonimato. Já o professor Łukasz Zamęcki aponta que o Twitter tem sido usado, sobretudo, para chamar a atenção da comunidade internacional

 
[dropcap]H[/dropcap]á muito que as redes sociais desempenham um papel fundamental na feitura de revoluções, protestos ou na mobilização de pessoas em prol de causas. Os protestos em Hong Kong, que duram desde o Verão, não são excepção e têm acontecido não apenas nas ruas, mas também online. No entanto, os promotores das acções não recorrem apenas a grupos de WhatsApp ou Facebook para passar a mensagem, tirando também partido da tecnologia disponibilizada pela gigante Apple.
Andy Bushmann, doutorando no departamento de Ciência Política da Universidade de Michigan, Estados Unidos, está a investigar a forma como a tecnologia peer-to-peer da Apple, o sistema AirDrop, tem sido usado nos protestos de Hong Kong. O estudo está ainda a ser desenvolvido, mas o académico contou ao HM que, tendo em conta resultados preliminares de um inquérito já feito, 70 por cento dos entrevistados afirmam ter recebido mensagens mobilizadoras desta forma.
Mas o que torna o sistema AirDrop tão especial? O facto de utilizadores da Apple poderem enviar mensagens entre si através de bluetooth, a uma curta distância, sem necessitar de Internet, o que assegura o anonimato de quem envia e de quem recebe.
“Em lugares onde há muitos utilizadores de Iphone, tal como as estações de metro em hora de ponta, é possível enviar centenas de mensagens por AirDrop num curto período de tempo”, disse.
Andy Bushmann assegura que não foi a tecnologia AirDrop a principal responsável por colocar cerca de dois milhões de pessoas nas ruas, nos primeiros protestos contra a proposta de lei da extradição, mas teve um importante impacto.
“A tecnologia AirDrop pode chegar a públicos que, de outra forma, não teriam conhecimento dos protestos, talvez porque não estão nas redes sociais ou não aderiram a grupos do Telegram. É possível que as pessoas tenham feito apelos ao movimento através do AirDrop mesmo que eles próprio não tenham participado nessas acções.”
O facto de 70 por cento dos inquiridos ter recebido estas mensagens de mobilização constitui “um número impressionante”. “É difícil imaginar que não haja qualquer efeito, tendo em conta a quantidade de mensagens via AirDrop que têm vindo a circular. Na minha pesquisa actual estou a tentar analisar o efeito exacto, em comparação com outros factores, que a tecnologia AirDrop teve na participação individual dos indivíduos”, acrescentou Andy Buschmann.
Para o doutorando, o sistema AirDrop “está a tornar-se cada vez mais importante para disseminar a informação relativa aos protestos no seio do público”, apesar de considerar que a génese destas acções não vai sofrer grandes alterações. No entanto, “o sistema AirDrop já está a mudar, parcialmente, o sentido de mobilização destes protestos”, frisa o académico.
Questionado sobre a possibilidade de o Governo chinês poder vir a controlar o uso do sistema AirDrop, Andy Bushmann responde “sim e não”. “A Apple tem sido bem-recebida pelo Governo da República Popular da China por acatar ordens, mas o sistema AirDrop recorre à mesma tecnologia que os acessórios da Apple, tal como AirPods ou estações de carregamento. Não vai ser fácil à Apple desactivar completamente essa função.”
O académico acredita que esta tecnologia “possa vir a ser desactivada nos iPhones, mas pode vir a ser reactivada com os programas de hacking”. “Nesta fase, contudo, a tecnologia AirDrop ainda funciona em todo o mundo e os activistas vão, mais cedo ou mais tarde, aprender com o caso de Hong Kong”, frisou.

Chamada global

Łukasz Zamęcki, doutorado em ciência política e professor assistente da Faculdade de Ciencia Política e Estudos Internacionais da Universidade de Varsóvia, na Polónia, encontra-se a investigar o efeito que a rede social Twitter tem tido nos protestos da região vizinha. Apesar de estar a começar agora esse trabalho, o académico assegurou ao HM que o Twitter tem sido mais usado para chamar a atenção da comunidade internacional do que propriamente para mobilizar pessoas, através de contas como “Fight4HongKong”, “antiELAB” ou “save_hk_please”, entre outras. O académico, que há sete anos faz investigação sobre Hong Kong, também analisou hashtags usadas nas publicações, tendo concluído que as mais comuns sao #hongkongprotests, #chinazi, #antilabmovement e #hongkonglastword.
“Acredito que as restantes plataformas sociais foram mais importantes para mobilizar as pessoas a ir para as ruas do que o Twitter, que serviu mais para informar a comunidade internacional sobre o que está a acontecer. Mas o Twitter desempenhou um papel importante para tornar estes protestos mais visíveis junto da comunidade internacional”, apontou o autor do estudo.
Łukasz Zamęcki concluiu também, para já, que a maior parte dos tweets analisados versa sobre a acção da polícia, que tem sido acusada de ataques aos direitos humanos e de perpetrar violência gratuita através do uso de gás pimenta e balas de borracha.
“Notei que houve mais tweets durante os protestos mais violentos em relação aos dias normais de manifestação, ou quando havia novas informações. Na maior parte das contas analisadas os utilizadores aderiram ao Twitter em 2019, claro que podemos ver que o número de contas criadas teve como base os protestos.”
Assegurando que, em sete anos de investigação, “muita coisa mudou em Hong Kong”, Łukasz Zamęcki conclui que “os jovens recorrem a uma justificação normativa e utilitária para o uso da violência nos protestos, e noto que esta justificação tem vindo a aumentar junto dos estudantes”.

15 Nov 2019

China encoraja cooperação internacional no espaço com teste de aterragem em Marte

[dropcap]A[/dropcap] China convidou hoje observadores internacionais a assistirem a um teste do seu módulo de aterragem em Marte, à medida que o país apela a uma inclusão global em projectos espaciais.

Tratou-se da “primeira aparição pública da missão de exploração chinesa de Marte, e uma medida importante para Pequim avançar pragmaticamente com as trocas e cooperação internacionais espaciais”, apontou em comunicado a Administração Espacial Nacional da China. Os convidados para o evento vieram de 19 países e incluíram os embaixadores do Brasil, França e Itália.

A demonstração das capacidades para pairar, evitar obstáculos e desacelerar foi realizada num local fora de Pequim que simula as condições no Planeta Vermelho, onde a força da gravidade é cerca de um terço do nível da Terra.

A China planeia lançar uma sonda e um veículo de exploração para Marte, no próximo ano, visando explorar detalhadamente partes diferentes do planeta.

O programa espacial chinês alcançou um marco no início deste ano ao pousar uma sonda no lado oculto da lua, o hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra. Desde a sua primeira missão tripulada, em 2003, o programa chinês desenvolveu-se rapidamente e tem procurado cooperar com agências espaciais da Europa e de outros lugares.

Os Estados Unidos, no entanto, interditaram a maior parte da cooperação espacial com a China, alegando motivos de segurança nacional e impediram a China de participar na Estação Espacial Internacional.

14 Nov 2019

Empresas chinesas interessadas em fornecer material circulante a Portugal, diz Pedro Nuno Santos

[dropcap]O[/dropcap] investimento na renovação de material circulante, sobretudo nos metros de Lisboa e Porto, está a atrair empresas chinesas, revelou hoje o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

Num discurso durante a 6.ª Gala da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, no Casino Estoril, o governante falou dos planos para as áreas que tutela, referindo que, no caso da ferrovia, “o investimento passa necessariamente pela renovação do material circulante”.

“Esta é uma oportunidade à qual as empresas chinesas já estão a responder, em particular para os metros de Lisboa e do Porto, e desejamos que assim o possam continuar a fazer”, declarou.

Pedro Nuno Santos disse ainda que “o investimento que Portugal já está a fazer na modernização e na expansão da rede ferroviária nacional tem de representar uma oportunidade para recuperar a sua capacidade industrial de material circulante ferroviário”.

Segundo o governante, o executivo está aberto “à criação de parcerias tecnológicas com empresas chinesas que operem neste sector, atraindo investimento, partilhando conhecimento e honrando os 40 anos de relações diplomáticas” entre os dois países”.

O ministro recordou que o executivo está “a trabalhar numa versão actualizada do documento estruturante das opções de investimento para a próxima década”, o Programa Nacional de Investimentos, que “dará prioridade ao transporte ferroviário”.

 

14 Nov 2019

Brasil e China assinam acordos em áreas como agricultura e saúde

[dropcap]O[/dropcap] Brasil e a China assinaram esta quarta-feira, em Brasília, acordos e memorandos de entendimento nas áreas de política, economia, comércio, agricultura, inspecção sanitária, transporte, saúde e cultura, segundo o Governo brasileiro.

O Presidente chinês, Xi Jinping, está em Brasília, capital brasileira, para participar na 11.ª Reunião do BRICS (bloco formado pelo Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) e reuniu-se com o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Entre os acordos assinados está um plano de acção para a cooperação agrícola e protocolos sanitários para a exportação de melões brasileiros para a China e importação de peras chinesas pelo Brasil. No sector dos transportes foi assinado memorando de entendimento para a partilha de boas práticas, políticas públicas e estratégias para o seu desenvolvimento.

O Ministério da Saúde e a Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa também pretendem estabelecer uma cooperação ampla no campo de saúde, com foco em medicina tradicional, complementar e integrada, segundo a agência Brasil.

“A China é o nosso primeiro parceiro comercial. Juntamente com toda a minha equipa, bem como com o empresariado brasileiro, queremos mais do que ampliar, queremos diversificar as nossas relações comerciais. (…) A China faz cada vez mais parte do futuro do Brasil”, afirmou Jair Bolsonaro.

Já o líder chinês declarou ter plena confiança no futuro do Brasil, frisando a necessidade de aumentar o comércio e a cooperação em áreas como a agricultura, energia, mineração, óleo e gás, ciência e tecnologia e investimentos através do Programa de Parcerias de Investimento.

“A China avalia como positivos os esforços do Governo Brasileiro para promover o desenvolvimento socioeconómico do país. Decidimos juntos que continuaremos a intensificar o contacto, aprofundando a confiança mútua e vamos aumentar e melhorar o comércio e investimentos”, afirmou Xi Jinping.

Este foi o segundo encontro entre os dois chefes de Estado em menos de um mês. No final de Outubro, Jair Bolsonaro foi recebido por Xi Jinping em Pequim, capital chinesa. Na ocasião, foram assinados oito acordos nas áreas do ensino superior, agricultura e energia.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, sendo os minérios, petróleo e produtos agrícolas as matérias-primas que o mercado chinês mais compra ao Brasil.

O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, afirmou hoje que o Governo brasileiro tem intenção de formar uma área de livre comércio com a China.

“Estamos a conversar com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma ‘free trade area’ [área de livre comércio]. Estamos a procurar um alto nível de integração. É uma decisão. Queremos integrar-nos nas cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa”, afirmou o ministro, num seminário dos BRICS, em Brasília.

14 Nov 2019

Hong Kong | Manhã marcada por corte de vias e lançamento de gás lacrimogéneo sobre manifestantes

[dropcap]O[/dropcap] corte de importantes estradas e o disparo de gás lacrimogéneo sobre manifestantes marcaram a manhã em Hong Kong, no quarto dia seguido de confrontos violentos que começaram com uma greve geral convocada para segunda-feira.

Pouco depois das 07:00, grupos de manifestantes bloquearam o túnel que liga a ilha de Hong Kong ao continente, enquanto uma outra importante via, a de Tolo, que liga várias áreas da periferia, permanece cortada desde a noite de quarta-feira.

A ponte número 2 dessa rodovia está localizada ao lado da Universidade Chinesa de Hong Kong, onde foram registados os confrontos mais violentos nos últimos dias e onde numerosos estudantes permanecem entrincheirados, construindo barricadas e armazenando bombas incendiárias.

A associação estudantil daquela universidade tentou ontem obter uma ordem judicial para impedir que a polícia anti-motim entre novamente no campus, mas o tribunal rejeitou a reivindicação. Por outro lado há uma centena de estudantes barricados na Universidade Politécnica, que anunciou ontem que suspendeu as aulas até ao fim da semana por razões de segurança.

Dada a situação, as autoridades de educação da cidade decidiram cancelar hoje os dias lectivos em todos os jardins de infância, escolas primárias e secundárias e centros especiais até segunda-feira.

Os ‘media’ locais indicaram que há a registar pelo menos dois feridos graves na quarta-feira: um trabalhador de um departamento do Governo, que foi atingido na cabeça por um objecto supostamente lançado por manifestantes, e um jovem de 15 anos que foi também atingido na cabeça por uma granada de gás lacrimogéneo. Ambos permanecem em estado grave.

Estes dois casos fazem crescer o saldo de feridos graves: um jovem de 21 anos que foi baleado por um polícia de trânsito na segunda-feira e um homem de 57 anos que, no mesmo dia, foi incendiado por um manifestante após uma discussão política.

Além disso, a polícia encontrou na quarta-feira à noite, um homem de 30 anos morto, vestido de preto, a cor usual dos manifestantes, supostamente após ter caído de um prédio.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post noticiou hoje que a chefe do Governo local, Carrie Lam, reuniu-se na quarta-feira à noite com altos funcionários do Governo para discutir se as eleições para os conselhos distritais, programadas para dia 24, devem ser adiadas, não existindo para já uma comunicação oficial das autoridades sobre o assunto.

As manifestações em Hong Kong começaram em Junho, após uma proposta de emendas a uma lei de extradição, já retirado pelo Governo, mas que espoletou em um movimento que exige uma reforma dos mecanismos democráticos de Hong Kong e uma oposição à crescente interferência de Pequim.

No entanto, alguns manifestantes optaram por tácticas mais radicais do que protestos pacíficos e confrontos violentos com a polícia tornaram-se habituais nas ruas de Hong Kong.

14 Nov 2019

Hong Kong | Estudantes do continente retirados da cidade

[dropcap]E[/dropcap]studantes universitários oriundos do continente estão a ser retirados de Hong Kong, numa altura em que a região é palco de confrontos cada vez mais violentos entre manifestantes antigovernamentais e a polícia.

Pelo terceiro dia consecutivo, manifestantes causaram interrupções no serviço ferroviário, bloquearam ruas e ocuparam o centro financeiro da cidade. Os confrontos, que só na segunda-feira causaram 128 feridos e mais de 260 detenções, alargaram-se, entretanto, a alguns campus universitários.

As autoridades disseram que a polícia marítima usou um barco para ajudar um grupo de estudantes do continente a deixar a Universidade Chinesa de Hong Kong, que permaneceu barricada por manifestantes após confrontos violentos com a polícia na terça-feira.

Segundo o jornal chinês Beijing Evening News, estudantes do continente dizem que os seus dormitórios foram invadidos e que foram pintados insultos nas paredes.
Muitos estão a beneficiar de um programa que oferece uma semana de acomodação grátis em hotéis e albergues de Shenzhen.

Várias estações de metropolitano e de comboio foram encerradas depois de os manifestantes antigovernamentais terem bloqueado as entradas e vandalizado as instalações.

O Departamento de Educação de Hong Kong disse inicialmente que os pais podiam escolher se manteriam os filhos em casa, mas acabou por suspender as aulas nas escolas primárias e secundárias.

Pelo menos 11 instituições de ensino superior anunciaram que as aulas estão suspensas, de acordo com a emissora de Hong Kong RTHK. Descrevendo a situação como desanimadora, a agência apelou para “as crianças em idade escolar ficarem em casa, não saírem à rua, ficarem longe do perigo e não participarem em actividades ilegais”.

Violência à solta

Na Universidade Chinesa de Hong Kong, estudantes e outros preparavam-se para confrontos com a polícia. Bombas e cocktails Molotov iluminaram partes do campus na noite anterior, enquanto a polícia lançava gás lacrimogéneo e disparava balas de borracha contra os manifestantes.
Grupos de polícia de choque foram mobilizados para o centro de Hong Kong e territórios periféricos para tentar conter a violência.

Nos arredores da metrópole, muitos estudantes universitários estavam armados com bombas incendiárias, enquanto outros carregavam arcos e flechas.

14 Nov 2019

Hong Kong | Carrie Lam avisa manifestantes que não haverá concessões com violência

[dropcap]A[/dropcap] chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, condenou ontem a “extensa violência” que marcou o dia de greve na cidade, realçando que esta “não resolverá nada” nem fará o Governo satisfazer aos “apelos políticos” dos manifestantes.

Lam deu uma conferência de imprensa após os incidentes graves de ontem, nomeadamente o de um polícia que usou munição real contra um jovem ou o de um homem que enfrentou um manifestante, que o incendiou, estando ambos em estado grave.

“A violência não resolve problemas e apenas leva a mais violência. Se alguém ainda tem a ilusão de que uma violência intensificada vai gerar pressão sobre o Governo para satisfazer as exigências políticas, digo aqui e agora claramente que isso não acontecerá”, salientou Carrie Lam.

“As pessoas não podem ir trabalhar, estudar ou andar na rua. Não vamos parar de procurar maneiras de acabar com a violência, essa é a nossa prioridade agora”, acrescentou.

“Peço a todos que mantenham a calma”, afirmou a chefe do Executivo, que instou também o povo de Hong Kong a “ficar de fora” porque, caso contrário, “as suas vidas podem correr perigo”.

Pouco antes das 08:00 foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a atirar três tiros de curta distância em dois jovens vestidos de preto – uma cor associada aos protestos pró-democracia – na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.

Segundo Lam, o agente que abriu fogo fê-lo “numa operação para aplicar a lei” e acrescentou que “a polícia está a enfrentar tácticas cada vez mais extremas” por parte dos manifestantes. Na manhã de ontem, um homem ficou em estado crítico, depois de ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado, durante uma discussão em Hong Kong.

A polícia confirmou já o conteúdo de um vídeo publicado nas redes sociais que dá conta de uma discussão numa ponte pedonal em Ma On Shan, pouco antes das 13:00. Carrie Lam considerou este incidente como “malicioso” e “desumano”, afirmando que “rompe a paz e a lei” e que “deve ser condenado”.

A greve geral foi convocada ontem nas redes sociais após a morte na sexta-feira de um estudante universitário de 22 anos que caiu de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas durante um protesto em 3 de Novembro.

Os manifestantes culpam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante. O caos continuou a crescer na manha de ontem, com a greve a causar constrangimentos no trânsito em diferentes partes da cidade na hora de ponta. Inúmeros elementos das forças de segurança, incluindo a polícia antimotim, foram mobilizados em diferentes distritos.

12 Nov 2019

Hong Kong | Carrie Lam avisa manifestantes que não haverá concessões com violência

[dropcap]A[/dropcap] chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, condenou ontem a “extensa violência” que marcou o dia de greve na cidade, realçando que esta “não resolverá nada” nem fará o Governo satisfazer aos “apelos políticos” dos manifestantes.
Lam deu uma conferência de imprensa após os incidentes graves de ontem, nomeadamente o de um polícia que usou munição real contra um jovem ou o de um homem que enfrentou um manifestante, que o incendiou, estando ambos em estado grave.
“A violência não resolve problemas e apenas leva a mais violência. Se alguém ainda tem a ilusão de que uma violência intensificada vai gerar pressão sobre o Governo para satisfazer as exigências políticas, digo aqui e agora claramente que isso não acontecerá”, salientou Carrie Lam.
“As pessoas não podem ir trabalhar, estudar ou andar na rua. Não vamos parar de procurar maneiras de acabar com a violência, essa é a nossa prioridade agora”, acrescentou.
“Peço a todos que mantenham a calma”, afirmou a chefe do Executivo, que instou também o povo de Hong Kong a “ficar de fora” porque, caso contrário, “as suas vidas podem correr perigo”.
Pouco antes das 08:00 foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a atirar três tiros de curta distância em dois jovens vestidos de preto – uma cor associada aos protestos pró-democracia – na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.
Segundo Lam, o agente que abriu fogo fê-lo “numa operação para aplicar a lei” e acrescentou que “a polícia está a enfrentar tácticas cada vez mais extremas” por parte dos manifestantes. Na manhã de ontem, um homem ficou em estado crítico, depois de ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado, durante uma discussão em Hong Kong.
A polícia confirmou já o conteúdo de um vídeo publicado nas redes sociais que dá conta de uma discussão numa ponte pedonal em Ma On Shan, pouco antes das 13:00. Carrie Lam considerou este incidente como “malicioso” e “desumano”, afirmando que “rompe a paz e a lei” e que “deve ser condenado”.
A greve geral foi convocada ontem nas redes sociais após a morte na sexta-feira de um estudante universitário de 22 anos que caiu de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas durante um protesto em 3 de Novembro.
Os manifestantes culpam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante. O caos continuou a crescer na manha de ontem, com a greve a causar constrangimentos no trânsito em diferentes partes da cidade na hora de ponta. Inúmeros elementos das forças de segurança, incluindo a polícia antimotim, foram mobilizados em diferentes distritos.

12 Nov 2019

Grécia é aliado natural da China em projectos de desenvolvimento comercial, diz Xi Jinping

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, classificou ontem a Grécia como uma “aliada natural” dos projectos chineses de desenvolvimento comercial em todo o mundo, durante uma visita oficial ao país.

“A China e a Grécia veem-se como aliadas naturais no desenvolvimento das ‘novas rotas de seda'”, disse Xi Jinping, na presença do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

A Grécia apoia o vasto projecto de Pequim, chamado “Novas Rota da Seda”, para ligar a China ao resto da Ásia, Europa e África através de um programa de investimento de 906 mil milhões numa importante rede de infraestruturas portuárias, ferroviárias, industriais e aeroportuárias.

“Nós queremos fortalecer o comércio bilateral e fazer investimentos no sector bancário”, disse também Xi Jinping, depois do encontro com o Presidente grego, Prokopis Pavlopoulos.

O Presidente chinês, que está acompanhado pelo seu ministro do Comércio, Zhong Shan, elogiou “a importante herança cultural dos dois países” antes de assinar acordos bilaterais.

No total, dezasseis acordos deverão ser assinados durante a visita oficial de três dias de Xi à Grécia, nos campos de energia, expedição comercial, exportação de produtos agrícolas e um acordo de extradição, de acordo com uma fonte do governo grego.

No sector bancário, uma agência do Banco da China será instalada na Grécia, assim como um escritório de representação do Banco Comercial e Industrial da China (ICBC), segundo uma fonte Governo grego.

“A estrada aberta irá tornar-se rapidamente numa autoestrada”, disse Kyriakos Mitsotakis, cujo objectivo desde a sua eleição, em Julho, é atrair investimentos estrangeiros para fortalecer o crescimento da Grécia após a crise da dívida (2010-2018).

“A China está a apostar na posição geoestratégica do país”, disse Mitsotakis. Kyriakos Mitsotakis confirmou a sua visita à China em Abril, depois de visitar a Feira de Importação de Xangai na semana passada, na qual foi acompanhado por uma delegação de sessenta empresários gregos.

Os chineses “vieram para a Grécia e investiram quando outros ficaram fora”, saudou o ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Nikos Dendias.

12 Nov 2019

Hong Kong | Violência alastra, lançado fogo a homem durante discussão

[dropcap]U[/dropcap]m homem ficou hoje em estado crítico, depois de ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado, durante uma discussão em Hong Kong, em mais um episódio de violência registado esta manhã, foi noticiado.

A polícia confirmou já o conteúdo de um vídeo publicado nas redes sociais que dá conta de uma discussão numa ponte pedonal em Ma On Shan, pouco antes das 13:00.

No vídeo é possível ver um homem, vestido com camisa verde, que acabou de ser agredido. Alguém ajuda o indivíduo, ensanguentado, a limpar-se. À medida que se afasta, o homem ainda gritou: “Vocês não são chineses”.

Um grupo respondeu: “Somos Hongkongers”. Ele regressa depois de alguém lhe dirigir insultos, intensificando a discussão. Alguém acaba por lançar sobre a cara e tronco um líquido inflamável, ateando de imediato o fogo que se propagou pelo corpo.

Uma fonte policial disse ao jornal South China Morning Post que o homem foi transportado para o Hospital Príncipe de Gales, em Sha Tin, para receber tratamento. O indivíduo apresenta queimaduras de segundo grau em 28% do corpo, principalmente no peito e nos braços.

De acordo com a emissora local RTHK, o homem encontra-se em estado crítico. Desde a manhã que se têm registado episódios crescentes de violência e vandalismo, algo que se intensificou após pelo menos um jovem manifestante ter sido baleado por um polícia, um incidente que foi também gravado em vídeo e partilhado nas redes sociais.

As últimas informações indicaram que o jovem, já foi submetido a cirurgia, está em estado crítico e nos cuidados intensivos. Durante as operações policiais, um agente usou a arma de serviço e “um homem foi baleado”. Em outras duas áreas, Shatin e Tung Chung, outros polícias foram obrigados a sacarem também das armas de serviço dos coldres, indicou um comunicado da polícia.

“Apelamos aos manifestantes radicais para que sejam calmos e racionais. Os manifestantes devem interromper todos os actos que ameaçam a segurança de outras pessoas e obstruam a execução legal do dever pela polícia”, acrescentou.

“Desde esta manhã, manifestantes radicais estabeleceram barricadas em vários locais em Hong Kong. Inclusive, atiraram objectos grandes e pesados, para as faixas de rodagem, representando grande perigo para os utilizadores da estrada”, referiu a polícia na mesma nota, adiantando que “os manifestantes também atiraram bombas incendiárias” no metropolitano “e vandalizaram as instalações universitárias”.

As forças de segurança indicaram ainda que “devido aos extensos actos ilegais dos manifestantes, a polícia respondeu com operações de dispersão e detenções”.

Pouco antes das 08:00 foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a atirar três tiros de curta distância em dois jovens vestidos de preto, cor associada aos protestos antigovernamentais e pró-democracia, na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.

Na gravação, vê-se inicialmente o agente a atravessar a rua seguido por alguns manifestantes. Num movimento repentino, o agente sacou da arma, virou-se e agarrou um jovem vestido de branco e com a cara tapada por uma máscara.

O jovem resistiu e bateu no ombro direito do polícia, que disparou um tiro no estômago contra outro indivíduo, também de máscara, mas com uma indumentária preta, que tentou aparentemente tirar-lhe a arma. O polícia efectuou ainda dois outros disparos contra outro manifestante que também se aproximava.

Esta é a terceira vez que balas reais são disparadas directamente contra os manifestantes pela polícia de Hong Kong. Os outros dois incidentes ocorreram no início de Outubro, ferindo dois jovens, de 18 e de 14 anos.

A greve geral foi convocada esta segunda-feira nas redes sociais, depois da morte na sexta-feira de um estudante universitário de 22 anos, que caiu de uns andares de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas, durante um protesto ilegal em 3 de Novembro.

Os manifestantes culparam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante.

11 Nov 2019

Hong Kong | Violência alastra, lançado fogo a homem durante discussão

[dropcap]U[/dropcap]m homem ficou hoje em estado crítico, depois de ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado, durante uma discussão em Hong Kong, em mais um episódio de violência registado esta manhã, foi noticiado.
A polícia confirmou já o conteúdo de um vídeo publicado nas redes sociais que dá conta de uma discussão numa ponte pedonal em Ma On Shan, pouco antes das 13:00.
No vídeo é possível ver um homem, vestido com camisa verde, que acabou de ser agredido. Alguém ajuda o indivíduo, ensanguentado, a limpar-se. À medida que se afasta, o homem ainda gritou: “Vocês não são chineses”.
Um grupo respondeu: “Somos Hongkongers”. Ele regressa depois de alguém lhe dirigir insultos, intensificando a discussão. Alguém acaba por lançar sobre a cara e tronco um líquido inflamável, ateando de imediato o fogo que se propagou pelo corpo.
Uma fonte policial disse ao jornal South China Morning Post que o homem foi transportado para o Hospital Príncipe de Gales, em Sha Tin, para receber tratamento. O indivíduo apresenta queimaduras de segundo grau em 28% do corpo, principalmente no peito e nos braços.
De acordo com a emissora local RTHK, o homem encontra-se em estado crítico. Desde a manhã que se têm registado episódios crescentes de violência e vandalismo, algo que se intensificou após pelo menos um jovem manifestante ter sido baleado por um polícia, um incidente que foi também gravado em vídeo e partilhado nas redes sociais.
As últimas informações indicaram que o jovem, já foi submetido a cirurgia, está em estado crítico e nos cuidados intensivos. Durante as operações policiais, um agente usou a arma de serviço e “um homem foi baleado”. Em outras duas áreas, Shatin e Tung Chung, outros polícias foram obrigados a sacarem também das armas de serviço dos coldres, indicou um comunicado da polícia.
“Apelamos aos manifestantes radicais para que sejam calmos e racionais. Os manifestantes devem interromper todos os actos que ameaçam a segurança de outras pessoas e obstruam a execução legal do dever pela polícia”, acrescentou.
“Desde esta manhã, manifestantes radicais estabeleceram barricadas em vários locais em Hong Kong. Inclusive, atiraram objectos grandes e pesados, para as faixas de rodagem, representando grande perigo para os utilizadores da estrada”, referiu a polícia na mesma nota, adiantando que “os manifestantes também atiraram bombas incendiárias” no metropolitano “e vandalizaram as instalações universitárias”.
As forças de segurança indicaram ainda que “devido aos extensos actos ilegais dos manifestantes, a polícia respondeu com operações de dispersão e detenções”.
Pouco antes das 08:00 foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a atirar três tiros de curta distância em dois jovens vestidos de preto, cor associada aos protestos antigovernamentais e pró-democracia, na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.
Na gravação, vê-se inicialmente o agente a atravessar a rua seguido por alguns manifestantes. Num movimento repentino, o agente sacou da arma, virou-se e agarrou um jovem vestido de branco e com a cara tapada por uma máscara.
O jovem resistiu e bateu no ombro direito do polícia, que disparou um tiro no estômago contra outro indivíduo, também de máscara, mas com uma indumentária preta, que tentou aparentemente tirar-lhe a arma. O polícia efectuou ainda dois outros disparos contra outro manifestante que também se aproximava.
Esta é a terceira vez que balas reais são disparadas directamente contra os manifestantes pela polícia de Hong Kong. Os outros dois incidentes ocorreram no início de Outubro, ferindo dois jovens, de 18 e de 14 anos.
A greve geral foi convocada esta segunda-feira nas redes sociais, depois da morte na sexta-feira de um estudante universitário de 22 anos, que caiu de uns andares de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas, durante um protesto ilegal em 3 de Novembro.
Os manifestantes culparam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante.

11 Nov 2019

Vacinas | Empresa envolvida em produção ilegal declara falência

[dropcap]U[/dropcap]ma firma chinesa, multada em 9,1 mil milhões de yuans por produção ilegal de vacinas contra a raiva, declarou sexta-feira falência.

Em comunicado, a Changchun Changsheng Life Sciences Ltd indicou que um tribunal declarou a empresa como insolvente, decisão que deixa automaticamente de obrigar ao pagamento de dívidas.

Além de ter sido multada, a empresa perdeu as licenças de produção de vacinas, em 2018, num dos maiores escândalos de saúde pública na China nos últimos anos.

No ano passado, uma investigação à Changsheng confirmou que a empresa recorreu a material fora de prazo no fabrico de vacinas contra a raiva para uso humano, e desde pelo menos 2014 que a firma não registava correctamente as datas ou os números de série dos produtos.

Os reguladores acrescentaram que a empresa destruiu registos para ocultar as irregularidades. A raiva continua a ser endémica em algumas partes da China. Informações de que as autoridades não agiram imediatamente apesar das suspeitas de que a empresa teria falsificado registos de produção originaram protestos da população.

Já em 2016 mais de 130 pessoas tinham sido detidas na China, num escândalo de venda ilegal de vacinas fora de validade e armazenadas sem condições.

Em 2008, um outro escândalo de saúde pública na China resultou na morte de seis crianças e danos para a saúde de 300 mil, devido a leite em pó contaminado com melamina.

11 Nov 2019

Vacinas | Empresa envolvida em produção ilegal declara falência

[dropcap]U[/dropcap]ma firma chinesa, multada em 9,1 mil milhões de yuans por produção ilegal de vacinas contra a raiva, declarou sexta-feira falência.
Em comunicado, a Changchun Changsheng Life Sciences Ltd indicou que um tribunal declarou a empresa como insolvente, decisão que deixa automaticamente de obrigar ao pagamento de dívidas.
Além de ter sido multada, a empresa perdeu as licenças de produção de vacinas, em 2018, num dos maiores escândalos de saúde pública na China nos últimos anos.
No ano passado, uma investigação à Changsheng confirmou que a empresa recorreu a material fora de prazo no fabrico de vacinas contra a raiva para uso humano, e desde pelo menos 2014 que a firma não registava correctamente as datas ou os números de série dos produtos.
Os reguladores acrescentaram que a empresa destruiu registos para ocultar as irregularidades. A raiva continua a ser endémica em algumas partes da China. Informações de que as autoridades não agiram imediatamente apesar das suspeitas de que a empresa teria falsificado registos de produção originaram protestos da população.
Já em 2016 mais de 130 pessoas tinham sido detidas na China, num escândalo de venda ilegal de vacinas fora de validade e armazenadas sem condições.
Em 2008, um outro escândalo de saúde pública na China resultou na morte de seis crianças e danos para a saúde de 300 mil, devido a leite em pó contaminado com melamina.

11 Nov 2019

OMC | Ex-juiz alerta que disputa comercial pode evoluir para “guerra económica”

[dropcap]U[/dropcap]m ex-juiz da Organização Mundial do Comércio (OMC) advertiu sexta-feira que o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos pode escalar para uma “guerra económica” se não for alcançado um acordo comercial em breve.

“Olhando só para esta região, há tantos focos de conflito, como Taiwan, ou o mar do Sul da China. Neste momento existe uma guerra comercial, mas o próximo passo pode ser uma guerra económica”, avisou Peter van den Bossche, em declarações à agência Lusa.

O professor de direito internacional económico da Universidade de Berna falava à margem de um curso intensivo promovido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), intitulado “Direito do Comércio e Investimento Internacional do Delta do Rio das Pérolas”.

A China considera Taiwan uma província chinesa e os EUA vêem a soberania da ilha como uma peça-chave do jogo geopolítico na Ásia. Por outro lado, Pequim tem aumentado a presença militar no disputado mar do Sul da China, o que não tem agradado a Washington.

“Já não estou a falar só de comércio, mas em proibir o investimento e as companhias de realizarem negócios e em dificultar a entrada de empresas chinesas na bolsa de valores de Nova Iorque”, afirmou.

Washington já colocou o gigante de telecomunicações móveis Huawei numa lista de empresas estrangeiras que precisam de permissão oficial para comprar tecnologia norte-americana, restrições que significam a perda de milhares de milhões de dólares em vendas anuais para fornecedores norte-americanos.

“Há pessoas no actual Governo norte-americano que não querem apenas mudar o modelo económico chinês, querem mesmo dissociar a economia chinesa da economia mundial, querem isolar a China economicamente”, disse.

Para o antigo juiz da OMC, o risco não vem apenas do controverso Presidente norte-americano, Donald Trump, até porque a política comercial contra a China “tem apoio bipartidário em Washington”, frisou.

“Seria fácil dizer ‘vamos esperar pelas próximas eleições [presidenciais dos EUA] e cruzar os dedos’, mas, mesmo que seja eleito um democrata (…) a estratégia é quase a mesma, só as tácticas é que mudam”, apontou.

Em vias de extinção

Peter van den Bossche foi até Maio deste ano juiz da mais alta instância no sistema de resolução de litígios da OMC. Este órgão de recurso, responsável pela resolução de conflitos comerciais de 164 países, “está prestes a desaparecer” devido ao bloqueio norte-americano para nomear substitutos, alertou.

“As actividades deste tribunal vão terminar porque os EUA se recusaram a nomear novos membros. No final de Dezembro, dentro de algumas semanas, restará apenas um membro nesse tribunal – um juiz chinês. E para lidar com os recursos, é necessário haver três”.

“Se esse sistema desaparecer, muito rapidamente todo o sistema entrará em colapso, não há dúvida de que, sem a possibilidade de recurso, todo o sistema acabará por chegar ao fim. O que farão os países que precisam de resolver litígios? Não podem ir a tribunal, têm de sair para a rua (…) e os EUA acham que podem vencer toda a gente”, afirmou.

11 Nov 2019

OMC | Ex-juiz alerta que disputa comercial pode evoluir para “guerra económica”

[dropcap]U[/dropcap]m ex-juiz da Organização Mundial do Comércio (OMC) advertiu sexta-feira que o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos pode escalar para uma “guerra económica” se não for alcançado um acordo comercial em breve.
“Olhando só para esta região, há tantos focos de conflito, como Taiwan, ou o mar do Sul da China. Neste momento existe uma guerra comercial, mas o próximo passo pode ser uma guerra económica”, avisou Peter van den Bossche, em declarações à agência Lusa.
O professor de direito internacional económico da Universidade de Berna falava à margem de um curso intensivo promovido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), intitulado “Direito do Comércio e Investimento Internacional do Delta do Rio das Pérolas”.
A China considera Taiwan uma província chinesa e os EUA vêem a soberania da ilha como uma peça-chave do jogo geopolítico na Ásia. Por outro lado, Pequim tem aumentado a presença militar no disputado mar do Sul da China, o que não tem agradado a Washington.
“Já não estou a falar só de comércio, mas em proibir o investimento e as companhias de realizarem negócios e em dificultar a entrada de empresas chinesas na bolsa de valores de Nova Iorque”, afirmou.
Washington já colocou o gigante de telecomunicações móveis Huawei numa lista de empresas estrangeiras que precisam de permissão oficial para comprar tecnologia norte-americana, restrições que significam a perda de milhares de milhões de dólares em vendas anuais para fornecedores norte-americanos.
“Há pessoas no actual Governo norte-americano que não querem apenas mudar o modelo económico chinês, querem mesmo dissociar a economia chinesa da economia mundial, querem isolar a China economicamente”, disse.
Para o antigo juiz da OMC, o risco não vem apenas do controverso Presidente norte-americano, Donald Trump, até porque a política comercial contra a China “tem apoio bipartidário em Washington”, frisou.
“Seria fácil dizer ‘vamos esperar pelas próximas eleições [presidenciais dos EUA] e cruzar os dedos’, mas, mesmo que seja eleito um democrata (…) a estratégia é quase a mesma, só as tácticas é que mudam”, apontou.

Em vias de extinção

Peter van den Bossche foi até Maio deste ano juiz da mais alta instância no sistema de resolução de litígios da OMC. Este órgão de recurso, responsável pela resolução de conflitos comerciais de 164 países, “está prestes a desaparecer” devido ao bloqueio norte-americano para nomear substitutos, alertou.
“As actividades deste tribunal vão terminar porque os EUA se recusaram a nomear novos membros. No final de Dezembro, dentro de algumas semanas, restará apenas um membro nesse tribunal – um juiz chinês. E para lidar com os recursos, é necessário haver três”.
“Se esse sistema desaparecer, muito rapidamente todo o sistema entrará em colapso, não há dúvida de que, sem a possibilidade de recurso, todo o sistema acabará por chegar ao fim. O que farão os países que precisam de resolver litígios? Não podem ir a tribunal, têm de sair para a rua (…) e os EUA acham que podem vencer toda a gente”, afirmou.

11 Nov 2019

China perde 48 milionários em 2018

[dropcap]O[/dropcap] número de milionários chineses caiu para 325 no ano passado, menos 48 do que em 2017, segundo um relatório conjunto da UBS e do PwC Billionaire Insights Report 2019, sexta-feira divulgado.

Também a Hurun Report Inc, unidade de investigação sediada em Xangai e considerada a Forbes chinesa, revelou no início do ano que um número recorde de chineses tinha perdido aquele estatuto.

O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, caiu 10 lugares, para a 45.ª posição, detalhou a Hurun.

A fortuna pessoal de Guo, 52 anos, fixou-se este ano nos 57 mil milhões de yuan.
Cerca de 103 chineses saíram da lista de bilionários da UBS / PwC, em 2018, mas 56 novos nomes foram adicionados. Um milionário chinês mudou de nacionalidade, no ano passado, detalhou o relatório.

Uma depreciação de cerca de 6 do yuan, face ao dólar norte-americano, contribuiu em cerca de metade para a queda. Também a bolsa de Xangai, principal praça financeira da China, contribuiu para a queda, ao cair 25 por cento, ao longo de 2018, o pior desempenho entre as praças financeiras globais.

O fenómeno reflecte ainda o impacto sobre a riqueza que incertezas geopolíticas prolongadas podem ter, sobretudo numa altura de desaceleração da economia doméstica.

“A China realmente teve uma trajectória incrível, mas em 2018 vimos volatilidade”, disse John Mathews, chefe de gestão de património privado da UBS. A nível global, a riqueza total dos milionários caiu 4,3 por cento, no ano passado.

“Em 2018, vimos a escalada da guerra comercial [entre China e Estados Unidos], a incerteza do Brexit, e a subida do dólar”, justificou Solita Marcelli, directora de investimentos das Américas na UBS Global Wealth Management.

“Tudo isto contribuiu para o declínio da riqueza dos milionários”, disse. No entanto, num período de cinco anos até 2018, a fortuna dos milionários chineses quase triplicou para um total de 982,4 mil milhões de dólares

Durante aquele período, a China tornou-se o segundo país do mundo com mais milionários, atrás apenas dos Estados Unidos. No final de 2018, um em cada oito milionários era chinês, segundo o relatório.

11 Nov 2019

Hong Kong | Deputados pró-democracia detidos

Após a morte confirmada de um estudante, alegadamente na sequência de uma fuga de uma carga policial, a notícia da detenção de três deputados pró-democratas promete continuar a incendiar o ambiente na antiga colónia britânica

 

[dropcap]T[/dropcap]rês deputados pró-democracia de Hong Kong foram detidos sábado e quatro intimados a comparecer na esquadra para ser detidos, um dia depois de a cidade ter vivo mais uma noite marcada por manifestações violentas.

Um comunicado da polícia disse que três deputados foram detidos e acusados de obstruírem uma reunião no Conselho Legislativo (Legco, o parlamento de Hong Kong), no dia 11 de Maio, sobre a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos pró-democracia que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.

Os restantes deputados receberam uma intimação para comparecerem perante a polícia para serem detidos.

Os legisladores pró-democracia acusam o Governo de esta ter sido uma medida calculada para provocar mais violência e, desta forma, adiar as eleições distritais agendadas para 24 de Novembro.

O secretário para os Assuntos Constitucionais e do Continente de Hong Kong, Patrick Nip, já veio negar estas acusações: “Não há correlação entre os dois”, disse. “A polícia está a fazer o seu trabalho e a investigar todos os casos.”

Noite negra

Sexta-feira, Hong Kong foi palco de uma noite de violência e luto com vários actos de vandalismo e vigílias em protesto contra a morte de um estudante de 22 anos, alegadamente a primeira vítima directa dos confrontos entre manifestantes e polícia registados desde Junho.
Milhares de pessoas participaram em vigílias à luz das velas que ocorreram em pelo menos nove distritos durante a noite, de sexta-feira para sábado.

Outros depositaram flores, acenderam velas e escreveram mensagens de condolências no local onde Alex Chow Tsz-lok foi encontrado.

O hospital Rainha Isabel, onde estava internado desde a madrugada de segunda-feira, confirmou que o estudante morreu sexta-feira às 08:09, sem especificar a causa da morte, adiantou o South China Morning Post (SCMP).

Segundo a rádio local RTHK, Alex Chow foi encontrado inanimado num parque de estacionamento, aparentemente na sequência de uma fuga de uma acção policial contra uma manifestação ilegal em Hong Kong.

O estudante de ciência informática da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) foi encontrado inanimado no segundo andar de um parque de estacionamento em Tseung Kwan O e que as autoridades admitiram a possibilidade de ter caído do terceiro andar, acrescentou o jornal SCMP.

Momentos antes, a polícia tinha disparado várias granadas de gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes, que atiraram garrafas e tijolos contra as forças de segurança.

11 Nov 2019

Hong Kong | Deputados pró-democracia detidos

Após a morte confirmada de um estudante, alegadamente na sequência de uma fuga de uma carga policial, a notícia da detenção de três deputados pró-democratas promete continuar a incendiar o ambiente na antiga colónia britânica

 
[dropcap]T[/dropcap]rês deputados pró-democracia de Hong Kong foram detidos sábado e quatro intimados a comparecer na esquadra para ser detidos, um dia depois de a cidade ter vivo mais uma noite marcada por manifestações violentas.
Um comunicado da polícia disse que três deputados foram detidos e acusados de obstruírem uma reunião no Conselho Legislativo (Legco, o parlamento de Hong Kong), no dia 11 de Maio, sobre a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos pró-democracia que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.
Os restantes deputados receberam uma intimação para comparecerem perante a polícia para serem detidos.
Os legisladores pró-democracia acusam o Governo de esta ter sido uma medida calculada para provocar mais violência e, desta forma, adiar as eleições distritais agendadas para 24 de Novembro.
O secretário para os Assuntos Constitucionais e do Continente de Hong Kong, Patrick Nip, já veio negar estas acusações: “Não há correlação entre os dois”, disse. “A polícia está a fazer o seu trabalho e a investigar todos os casos.”

Noite negra

Sexta-feira, Hong Kong foi palco de uma noite de violência e luto com vários actos de vandalismo e vigílias em protesto contra a morte de um estudante de 22 anos, alegadamente a primeira vítima directa dos confrontos entre manifestantes e polícia registados desde Junho.
Milhares de pessoas participaram em vigílias à luz das velas que ocorreram em pelo menos nove distritos durante a noite, de sexta-feira para sábado.
Outros depositaram flores, acenderam velas e escreveram mensagens de condolências no local onde Alex Chow Tsz-lok foi encontrado.
O hospital Rainha Isabel, onde estava internado desde a madrugada de segunda-feira, confirmou que o estudante morreu sexta-feira às 08:09, sem especificar a causa da morte, adiantou o South China Morning Post (SCMP).
Segundo a rádio local RTHK, Alex Chow foi encontrado inanimado num parque de estacionamento, aparentemente na sequência de uma fuga de uma acção policial contra uma manifestação ilegal em Hong Kong.
O estudante de ciência informática da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) foi encontrado inanimado no segundo andar de um parque de estacionamento em Tseung Kwan O e que as autoridades admitiram a possibilidade de ter caído do terceiro andar, acrescentou o jornal SCMP.
Momentos antes, a polícia tinha disparado várias granadas de gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes, que atiraram garrafas e tijolos contra as forças de segurança.

11 Nov 2019

China | Inteligência Artificial ajuda a prevenir 700 suicídios em ano e meio

Um programa desenvolvido por um académico chinês ajudou a salvar a vida a 700 pessoas que contemplaram a hipótese de suicídio. Através da análise de publicações no Weibo, o software conecta grupos de voluntários a pessoas que podem estar à beira da morte

 

[dropcap]N[/dropcap]ão consigo continuar assim. Vou desistir.” Estas palavras de Li Fan, um estudante de 21 anos, escritas no Weibo, lançaram um alerta entre dois continentes que acabaria por salvar a vida ao jovem.

Pouco depois da publicação, Li Fan perdeu a consciência. Mas a ajuda estava a caminho, quase instantaneamente. O estudante viu-se entre a espada e a parede, com dívidas acumuladas, a meio de uma desavença com a mãe e a sofrer de depressão profunda.

Porém, a cerca de 8 mil quilómetros de distância da Universidade de Nanjing, onde Li se encontrava, a publicação era analisada por um software instalado num computador situado em Amesterdão. As palavras sinalizadas meteram em acção uma equipa de voluntários em várias zonas da China. Como não conseguiram, à distância, chegar à fala com o estudante, alertaram as autoridades que acabariam por salvar a vida a Li Fan.

A história de sucesso do estudante da Universidade de Nanjing teve como protagonistas uma equipa de salvamento constituída por voluntários (Tree Hole Rescue Team) e Huang Zhisheng, um académico especialista em Inteligência Artificial da Free Universidade de Amesterdão.
Huang desenvolveu o software que em 18 meses ajudou a salvar quase 700 pessoas na China, com o apoio de 600 voluntários.

“Se hesitarmos por um segundo, podemos perder muitas vidas. Todas as semanas salvamos cerca de 10 pessoas”, comentou Huang Zhisheng, citado pela BBC News.

Primeiro episódio

No dia 29 de Abril de 2018, aconteceu a primeira operação de salvamento. Tao Yue, estudante universitária com 22 anos de idade e natural da província nortenha de Shandong escreveu no Weibo que estava a pensar cometer suicídio dois dias depois. Uma equipa de voluntários da Academia Chinesa de Ciências reagiu ao alerta dado pelo software. Peng Ling estava entre os que procuraram contactar Tao Yue. Em declarações à BBC News, Peng recorda que encontraram o número de telefone através de um amigo da estudante, e contactaram a universidade. “Enviei-lhe uma mensagem antes de ir dormir a dizer que podia encontrar-me com ela. Ela adicionou-me no WeChat e, gradualmente, foi acalmando”, revela a voluntária.

O contacto manter-se-ia, depois da primeira abordagem. “Desde então, tenho falado sempre com ela, pergunto-lhe se tem comido. Uma vez por semana, encomendamos através da internet flores para ela”, conta Peng.

Depois deste primeiro caso de sucesso, a equipa salvou um homem que tentou saltar de uma ponte e uma mulher que estava à beira do suicídio depois de ter sido abusada sexualmente.
“Para conseguir salvar alguém é preciso sorte e experiência”, refere Li Hong, uma psicóloga baseada em Pequim envolvida no projecto há cerca de um ano. Um dos episódios marcantes para a terapeuta aconteceu em Chengdu, quando acompanhada por uma equipa de salvamento correram oito hotéis em busca de uma mulher em apuros e que tinha reservado um quarto de hotel na histórica cidade da província de Sichuan.

“Todos os recepcionistas disseram que não conheciam a mulher em causa. Mas um deles hesitou por um momento e presumimos que esse deveria ser o hotel onde estava hospedada”, revelou a psicóloga.

Como funciona

Um programa que corre na linguagem de Java monitoriza vários “tree holes”, buracos na árvore, no Weibo e analisa publicações na popular rede social. “Buraco na árvore” é uma expressão chinesa que designa um sítio na internet onde são publicados posts secretos para serem lidos por outras pessoas. A expressão vem de um conto irlandês sobre um homem que faz todas as suas confidências para dentro do tronco de uma árvore.

Um exemplo disso foi a publicação que Zou Fan, uma estudante de 23 anos, escreveu no Weibo em 2012 antes de cometer suicídio. Depois da sua morte, dezenas de milhar de outros internautas comentaram a publicação, principalmente partilhando também os seus problemas. A publicação original tornou-se ela própria num “buraco na árvore”.

Uma vez identificada uma publicação pelo software, o programa analisa o conteúdo segundo um ranking de perigosidade que vai de 1 a 10. Uma mensagem pontuada com 9 significa que a tentativa de suicídio poderá estar para breve, enquanto o sinal 10 sinaliza que a tentativa já poderá estar em curso. Na eventualidade de sinais mais severos de perigosidade, a equipa de voluntários contacta directamente a polícia, ou amigos e familiares da pessoa em causa.

Quando a publicação é sinalizada com 6, ou menos que 6, que corresponde apenas a palavras negativas, normalmente os voluntários não intervêm.

Um dos problemas com que a equipa de voluntários se depara frequentemente, entre familiares mais velhos da pessoa que precisa de ajuda, é a ideia de que a depressão não é um problema grave.

O programa detectou uma publicação reveladora de um caso que retrata a falta de sensibilização para os problemas psicológicos. O post em questão era de uma mulher e dizia: “Vou matar-me no Ano Novo”. A mensagem levou a equipa de voluntários a contactar a mãe da internauta, que respondeu com desdém. “A minha filha está muito feliz. Como se atrevem a dizer que ela está a planear matar-se?”, questionou indignada a mãe. Mesmo depois da equipa de voluntários ter mostrado as provas da depressão de que a filha sofria, a mãe não levou as mensagens a sério. Só depois da polícia ter conseguido evitar que a jovem se atirasse do topo de um edifício é que mudou de ideias.

Caminho longo

Apesar dos casos em que o programa deu bons resultados, Huang reconhece as limitações do projecto. “Uma vez que o Weibo limita o uso da plataforma para impedir bots e rastreadores de web, só conseguimos analisar cerca de 3.000 publicações por dia”, acrescentou o académico que desenvolver o software. “A única coisa que podemos fazer é focar-nos nos casos mais urgentes na esperança de salvarmos, em média, entre uma a duas pessoas por dia”, adianta o académico.

O trabalho não termina depois do salvamento. Aliás, é aí que começa o caminho para a recuperação, o que requer um compromisso a longo prazo. Nesse aspecto, a psicóloga que faz parte da equipa de voluntários revela que, de momento, acompanha oito pessoas salvas. “A maior parte do meu tempo é ocupado pelas pessoas que salvamos. Por vezes é muito cansativo”, conta Li. “Assim que me mandam uma mensagem, preciso responder imediatamente”, acrescenta.
Além da ajuda online, há casos que requerem acompanhamento presencial, até porque as ideias suicidas podem voltar.

Peng Ling, uma das voluntárias ouvidas pela BBC News deu como exemplo uma jovem que “apesar de parecer cada vez melhor”, depois do salvamento, acabou por cometer suicídio. “Ela até me disse que iria fazer uns retratos na sexta-feira”, conta a voluntária. Dias depois a mulher foi encontrada morta. “Foi um grande choque para nós, ver que uma pessoa com quem falamos há algum tempo de repente já não está ali.”

Visão global

A Organização Mundial de Saúde (OMS) deu conta, no passado mês de Setembro, que todos os anos cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio, um número alarmante se pensarmos que isso corresponde a uma morte a cada 40 segundos.

No relatório publicado um dia antes do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, a OMS explica que entre 2010 e 2016, a taxa global caiu 9,8 por cento, com quedas que vão de 19,6 por cento na região do Pacífico Ocidental a 4,2 por cento no Sudeste Asiático. A região das Américas, onde o acesso a armas de fogo é um significativo meio de suicídio, segundo a OMS, é a única que registou aumento (6 por cento).

O relatório aponta ainda para a probabilidade de um homem cometer suicídio ser quase o dobro de uma mulher, 13,7 por 100.000 entre homens e 7,5 por 100.000 entre mulheres. Os únicos países nos quais a taxa de suicídio entre mulheres é maior que a dos homens são Bangladesh, China, Lesoto, Marrocos e Myanmar.

No geral, pouco mais da metade de todas as pessoas que cometem suicídio têm menos de 45 anos. O suicídio é a segunda principal causa de morte na faixa etária entre os 15 e 24 anos, depois dos acidentes de viação. Os principais meios para o suicídio são enforcamento, envenenamento com pesticidas e uso de armas de fogo.

 

Com agências 

11 Nov 2019