Iraque | Filipinas envia dois barcos para repatriar 6.000 filipinos

[dropcap]A[/dropcap]s Filipinas enviaram ontem dois barcos da Marinha para repatriar cerca de 6.000 trabalhadores filipinos no Iraque, face ao risco de um possível conflito armado naquele território entre os EUA e o Irão.

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, participou na cerimónia de partida na baía de Manila em direcção ao Golfo Pérsico dos dois navios, o BRP Davao del Sur, uma doca da plataforma de desembarque que pode transportar até 500 passageiros e o navio-patrulha BRP Ramón Alcaraz. “A sua principal missão, baseada nas orientações do Presidente, é trazer de volta os filipinos afectados pela situação no Médio Oriente”, salientou o chefe da Marinha, o vice-almirante Robert Empedrad, na cerimónia.

O Governo ordenou na semana passada o repatriamento obrigatório de cerca de 6.000 filipinos no Iraque, depois do ataque aéreo dos Estados Unidos na capital iraquiana, Bagdade, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds e do Irão lançar mísseis contra bases iraquianas com tropas norte-americanas como retaliação.

Os navios filipinos têm uma tripulação de 130 pessoas cada um, além de 100 membros de elite da Marinha e equipamentos médicos a bordo.

Segundo Robert Empedrad, a “única instrução” do contingente é “a segurança da tripulação”, pelo que ainda não foi definido o local exacto onde os navios atracarão no Golfo Pérsico, onde podem levar a chegar entre 16 e 22 dias. Empedrad explicou que o Departamento dos Negócios Estrangeiros ainda está a tratar dos trâmites para obter autorização diplomática.

Três aviões da Força Aérea das Filipinas estão prontos para voar para o Médio Oriente, quando receberem o sinal, para transportar, via aérea, os filipinos no Iraque até ao respectivo porto.

15 Jan 2020

Iraque | Filipinas envia dois barcos para repatriar 6.000 filipinos

[dropcap]A[/dropcap]s Filipinas enviaram ontem dois barcos da Marinha para repatriar cerca de 6.000 trabalhadores filipinos no Iraque, face ao risco de um possível conflito armado naquele território entre os EUA e o Irão.
O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, participou na cerimónia de partida na baía de Manila em direcção ao Golfo Pérsico dos dois navios, o BRP Davao del Sur, uma doca da plataforma de desembarque que pode transportar até 500 passageiros e o navio-patrulha BRP Ramón Alcaraz. “A sua principal missão, baseada nas orientações do Presidente, é trazer de volta os filipinos afectados pela situação no Médio Oriente”, salientou o chefe da Marinha, o vice-almirante Robert Empedrad, na cerimónia.
O Governo ordenou na semana passada o repatriamento obrigatório de cerca de 6.000 filipinos no Iraque, depois do ataque aéreo dos Estados Unidos na capital iraquiana, Bagdade, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds e do Irão lançar mísseis contra bases iraquianas com tropas norte-americanas como retaliação.
Os navios filipinos têm uma tripulação de 130 pessoas cada um, além de 100 membros de elite da Marinha e equipamentos médicos a bordo.
Segundo Robert Empedrad, a “única instrução” do contingente é “a segurança da tripulação”, pelo que ainda não foi definido o local exacto onde os navios atracarão no Golfo Pérsico, onde podem levar a chegar entre 16 e 22 dias. Empedrad explicou que o Departamento dos Negócios Estrangeiros ainda está a tratar dos trâmites para obter autorização diplomática.
Três aviões da Força Aérea das Filipinas estão prontos para voar para o Médio Oriente, quando receberem o sinal, para transportar, via aérea, os filipinos no Iraque até ao respectivo porto.

15 Jan 2020

Governo chinês defende interdição à entrada do director da HRW em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês defendeu ontem a decisão de negar a entrada em Hong Kong ao director da Human Rights Watch (HRW), acusando a organização de defesa dos Direitos Humanos de incentivar os protestos na região. “Trata-se de um direito soberano da China autorizar ou não a entrada de alguém no seu território”, defendeu Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa.

Hong Kong é palco, desde Junho passado, de protestos quase diários, marcados por cenas de vandalismo e confrontos com a polícia, para denunciar a interferência de Pequim nos assuntos da região e exigir reformas democráticas e uma investigação independente à alegada brutalidade policial.

Pequim acusa regularmente entidades e países estrangeiros, principalmente os Estados Unidos, de incentivarem as manifestações em Hong Kong, ao apoiarem publicamente os manifestantes ou receberem figuras do movimento pró-democracia.

“Inúmeros factos e evidências mostram que esta organização apoiou, por vários meios, indivíduos que cometeram acções anti-China e causaram a desordem em Hong Kong”, acusou Geng. “Ele tem grande responsabilidade pela situação caótica em que Hong Kong hoje se encontra. Este tipo de organizações merece ser punida, deve pagar o preço”.

O director da HRW, Kenneth Roth, revelou no domingo que as autoridades de Hong Kong o proibiram de entrar no território, onde tinha planeado apresentar o relatório anual da organização não governamental, que tem sede em Nova Iorque.

Citado pela agência Associated Press (AP), Kenneth Roth, cidadão norte-americano, relatou que as autoridades de imigração no aeroporto disseram que ele não podia entrar em Hong Kong, mas sem esclarecem os motivos dessa decisão.

“Eu queria destacar os ataques cada vez mais fortes de Pequim contra os esforços internacionais para apoiar os direitos humanos”, disse. “Esta recusa é uma ilustração vívida desse fenómeno”, argumentou.

Em Dezembro passado, a China anunciou sanções – sem especificar a sua natureza – contra ONG americanas, incluindo a HRW, em retaliação contra a aprovação pelo Congresso norte-americano de uma lei que apoia os manifestantes de Hong Kong.

Human Rights Watch, the National Endowment for Democracy e Freedom House constavam entre as organizações mencionadas por Pequim.

14 Jan 2020

Filipinas | Erupção obriga a fechar escolas, serviços públicos e aeroporto de Manila

Uma explosão de lava foi ontem registada num vulcão nas Filipinas, após uma súbita erupção de cinzas e vapores que forçaram os moradores a fugir e os serviços públicos, escolas e do aeroporto de Manila a fechar

 

[dropcap]A[/dropcap] erupção do vulcão Taal, que começou no domingo, provocou nuvens de cinzas que atingiram a capital, Manila, a cerca de 100 quilómetros de distância, obrigando ao encerramento do principal aeroporto do país, com mais de 240 voos internacionais e domésticos cancelados.

Um aeroporto alternativo, a norte de Manila, no porto de Clark, permanece aberto, mas as autoridades admitiram que também possa ser encerrado, caso a queda das cinzas coloque em causa a segurança dos voos, de acordo com a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas.

A agência de resposta a desastres do Governo informou que cerca de oito mil moradores foram deslocados para pelo menos 38 centros de acolhimento na província de Batangas e nas proximidades da província de Cavite, mas as autoridades disseram esperar que o número aumente, com centenas de milhares a serem retiradas dos locais de risco.

Alguns moradores não puderam sair de aldeias cobertas de cinzas devido à falta de transportes e pouca visibilidade, enquanto outros se recusaram a abandonar os locais. “Temos um problema: o povo está em pânico devido ao vulcão porque quer salvar o sustento, porcos e rebanhos de vacas”, afirmou o autarca da cidade de Balete, Wilson Maralit, à rádio DZMM. “Estamos a tentar impedi-los de regressar e avisámos que o vulcão pode explodir novamente a qualquer momento e atingi-los”, acrescentou.

Um entre muitos

Maralit, cuja cidade fica ao longo da costa do lago Taal, em torno do vulcão em erupção, apelou para o envio de tropas e polícias adicionais para impedir que moradores voltem às aldeias costeiras, zonas de alto risco.

Depois de meses de inquietação, o Taal voltou subitamente a dar sinais de vida no domingo, lançando vapor, cinzas e pedras a uma distância de 15 quilómetros, segundo o Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino.
A agência governamental de monitorização de vulcões elevou o perigo para o nível 4, indicando “uma erupção perigosa iminente”.

Apesar da explosão de lava, o vapor e a queda de cinzas diminuiu ontem. Alguns moradores começaram a retirar os poucos centímetros de cinzas que cobriam casas e carros em Tagaytay, uma popular cidade turística numa cordilheira com vista para o pitoresco vulcão. Geralmente movimentada, pelo tráfego e turistas, muitos dos restaurantes e cafetarias de Tagaytay estavam fechados, e a estrada principal coberta de lama vulcânica.

O instituto de vulcanologia lembrou ao público que a pequena ilha onde fica o vulcão é uma “zona de perigo permanente”, embora as aldeias de pescadores existam ali há anos.

As autoridades aconselharam os moradores a permanecerem em ambientes fechados e a usarem máscaras e óculos de proteção ao ar livre. Os serviços públicos e as aulas nas escolas de várias cidades foram suspensos, inclusive em Manila, para evitar riscos à saúde causados pelas cinzas.

Um dos menores vulcões do mundo, o Taal está entre as duas dúzias de vulcões activos no arquipélago das Filipinas, situado ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região sismicamente activa na qual se registam frequentes terramotos e erupções vulcânicas.

Cerca de 20 tufões e outras grandes tempestades também atingem as Filipinas todos os anos, tornando-o num dos países mais propensos a desastres do mundo.

14 Jan 2020

Filipinas | Erupção obriga a fechar escolas, serviços públicos e aeroporto de Manila

Uma explosão de lava foi ontem registada num vulcão nas Filipinas, após uma súbita erupção de cinzas e vapores que forçaram os moradores a fugir e os serviços públicos, escolas e do aeroporto de Manila a fechar

 
[dropcap]A[/dropcap] erupção do vulcão Taal, que começou no domingo, provocou nuvens de cinzas que atingiram a capital, Manila, a cerca de 100 quilómetros de distância, obrigando ao encerramento do principal aeroporto do país, com mais de 240 voos internacionais e domésticos cancelados.
Um aeroporto alternativo, a norte de Manila, no porto de Clark, permanece aberto, mas as autoridades admitiram que também possa ser encerrado, caso a queda das cinzas coloque em causa a segurança dos voos, de acordo com a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas.
A agência de resposta a desastres do Governo informou que cerca de oito mil moradores foram deslocados para pelo menos 38 centros de acolhimento na província de Batangas e nas proximidades da província de Cavite, mas as autoridades disseram esperar que o número aumente, com centenas de milhares a serem retiradas dos locais de risco.
Alguns moradores não puderam sair de aldeias cobertas de cinzas devido à falta de transportes e pouca visibilidade, enquanto outros se recusaram a abandonar os locais. “Temos um problema: o povo está em pânico devido ao vulcão porque quer salvar o sustento, porcos e rebanhos de vacas”, afirmou o autarca da cidade de Balete, Wilson Maralit, à rádio DZMM. “Estamos a tentar impedi-los de regressar e avisámos que o vulcão pode explodir novamente a qualquer momento e atingi-los”, acrescentou.

Um entre muitos

Maralit, cuja cidade fica ao longo da costa do lago Taal, em torno do vulcão em erupção, apelou para o envio de tropas e polícias adicionais para impedir que moradores voltem às aldeias costeiras, zonas de alto risco.
Depois de meses de inquietação, o Taal voltou subitamente a dar sinais de vida no domingo, lançando vapor, cinzas e pedras a uma distância de 15 quilómetros, segundo o Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino.
A agência governamental de monitorização de vulcões elevou o perigo para o nível 4, indicando “uma erupção perigosa iminente”.
Apesar da explosão de lava, o vapor e a queda de cinzas diminuiu ontem. Alguns moradores começaram a retirar os poucos centímetros de cinzas que cobriam casas e carros em Tagaytay, uma popular cidade turística numa cordilheira com vista para o pitoresco vulcão. Geralmente movimentada, pelo tráfego e turistas, muitos dos restaurantes e cafetarias de Tagaytay estavam fechados, e a estrada principal coberta de lama vulcânica.
O instituto de vulcanologia lembrou ao público que a pequena ilha onde fica o vulcão é uma “zona de perigo permanente”, embora as aldeias de pescadores existam ali há anos.
As autoridades aconselharam os moradores a permanecerem em ambientes fechados e a usarem máscaras e óculos de proteção ao ar livre. Os serviços públicos e as aulas nas escolas de várias cidades foram suspensos, inclusive em Manila, para evitar riscos à saúde causados pelas cinzas.
Um dos menores vulcões do mundo, o Taal está entre as duas dúzias de vulcões activos no arquipélago das Filipinas, situado ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região sismicamente activa na qual se registam frequentes terramotos e erupções vulcânicas.
Cerca de 20 tufões e outras grandes tempestades também atingem as Filipinas todos os anos, tornando-o num dos países mais propensos a desastres do mundo.

14 Jan 2020

OMS | Surto de doença respiratória na China não se alastrou

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou a origem de uma doença respiratória que matou uma pessoa e infectou outras 40 na China num mercado de mariscos da cidade de Wuhan, mas ressalvou que a doença não se alastrou.

A OMS disse que o surto não se alastrou para além do mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, cidade do centro da China que funciona como um importante centro de transporte doméstico e internacional. O mercado foi encerrado e não houve casos detectados em outras partes da China ou fora do país, detalhou a organização. “As evidências sugerem que o surto está associado a exposições a um mercado de mariscos em Wuhan”, informou a OMS, acrescentando que o mercado foi encerrado no início do mês.

“Não há, nesta fase, registos de infecção entre os profissionais de saúde ou evidências claras de transmissão entre seres humanos”, disse.

O surto alimentou receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico.

Entre as 41 pessoas infectadas com a nova pneumonia viral, um homem de 61 anos de idade morreu na semana passada. Sete outras estão em estado crítico, detalharam as autoridades de saúde de Wuhan.

14 Jan 2020

OMS | Surto de doença respiratória na China não se alastrou

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou a origem de uma doença respiratória que matou uma pessoa e infectou outras 40 na China num mercado de mariscos da cidade de Wuhan, mas ressalvou que a doença não se alastrou.
A OMS disse que o surto não se alastrou para além do mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, cidade do centro da China que funciona como um importante centro de transporte doméstico e internacional. O mercado foi encerrado e não houve casos detectados em outras partes da China ou fora do país, detalhou a organização. “As evidências sugerem que o surto está associado a exposições a um mercado de mariscos em Wuhan”, informou a OMS, acrescentando que o mercado foi encerrado no início do mês.
“Não há, nesta fase, registos de infecção entre os profissionais de saúde ou evidências claras de transmissão entre seres humanos”, disse.
O surto alimentou receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico.
Entre as 41 pessoas infectadas com a nova pneumonia viral, um homem de 61 anos de idade morreu na semana passada. Sete outras estão em estado crítico, detalharam as autoridades de saúde de Wuhan.

14 Jan 2020

Tecnologia | China na ‘era pós-privacidade’ abre “caixa de Pandora”

A vanguarda em redes de quinta geração e os avanços na área da inteligência artificial estão a mudar dia-a-dia das cidades e das pessoas, levantando a autênticas revoluções de costumes, mobilidade compartilhada e desaparecimento do dinheiro físico. Pelo caminho, também a privacidade entra em vias de extinção

 

[dropcap]C[/dropcap]hang não atravessa a rua fora da passadeira desde que, da última vez, recebeu imediatamente uma multa para pagar no telemóvel; Yuan conduz com cautela, sabendo que uma infracção pode-lhe deduzir prontamente pontos na carta.

A liderança em redes de quinta geração, reconhecimento facial, Inteligência Artificial ou ‘big data’ [análise de dados massiva] colocou a China na vanguarda da transformação digital, permitindo a criação de cidades inteligentes, sistemas de mobilidade compartilhada ou o desaparecimento do dinheiro físico.

Críticos alertam, no entanto, para a entrada da sociedade chinesa numa ‘era pós-privacidade’, que suscita novas questões éticas e legais, à medida que a conveniência gerada pelos avanços tecnológicos acarreta custos para a privacidade e ameaças para a segurança. “Hollywood devia fazer um filme sobre isto”, comenta à agência Lusa um matemático indiano a residir nos Estados Unidos, e especialista em ‘big data’, na sua primeira visita à China. “A quantidade de dados acumulados e a falta de regulação criaram aqui um mundo novo”, observa.

Tom Van Dillen, gestor em Pequim da consultora Greenkern, explica assim a rápida implementação das novas tecnologias no país asiático: “Quanto mais privacidade estás disposto a perder, mais conveniente a tua vida se torna”. “O que realmente me impressiona é que, a necessidade por conveniência tornou-se uma parte tão elementar de como as pessoas entendem a liberdade, que estão dispostas a sacrificar a sua própria privacidade”, explica.

Michael Zakkour, vice-presidente da consultora Asia Market Strategy, considera à Lusa tratar-se de um fenómeno global e não exclusivo da China: “moral, ética e legalmente, as sociedades não acompanharam as implicações da transformação digital para a existência humana”.

Mas o Governo chinês tem utilizado os novos recursos tecnológicos para aprimorar o seu caráter totalitário e reforçar os instrumentos de controlo da polícia chinesa, que detém já amplos poderes para conduzir interrogatórios e fazer detenções.

Cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância foram, nos últimos anos, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais. Muitas estão dotadas de reconhecimento facial, que é cada vez mais complementado com a instalação nas ruas, bairros ou acesso a edifícios residenciais, de colectores de números internacionais do subscritor móvel (IMSI, na sigla em inglês) e os números de série electrónicos (ESM) dos telemóveis – cada dispositivo tem os seus próprios números -, permitindo associar o rosto ao telemóvel de quem vai passando. “As pessoas passam e deixam uma sombra; o telefone passa e deixa um número. O sistema conecta os dois”, lê-se numa brochura de uma empresa chinesa que desenvolve aquele tipo de sistema de vigilância para esquadras de polícia locais.

No entanto, numa altura em que a privacidade e uso de dados dos utilizadores são alvo de debate político e legislação no Ocidente, sobretudo após escândalos como os do uso de dados de utilizadores da rede social Facebook pela empresa Cambridge Analytica nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, também na China começam a surgir sinais de consciencialização, sobretudo quanto à segurança dos dados – dados pessoais são frequentemente vendidos a grupos que levam a cabo esquemas fraudulentos por telefone.

Num caso recentemente noticiado pela imprensa chinesa, Guo Bing, professor de Direito na Universidade de Ciência e Tecnologia da província de Zhejiang, na costa leste do país, apresentou queixa contra um zoológico local que exigia aos visitantes que se submetessem a reconhecimento facial. Guo argumentou que o vazamento ou uso fraudulento de dados pessoais “pode facilmente comprometer a segurança e a propriedade dos consumidores”.

Os comentários sobre o caso acumularam mais de 100 milhões de visualizações na rede social Weibo, o Twitter chinês, com muitos internautas a pedirem a proibição total da recolha de dados biométricos.

Num artigo recente, Lao Dongyan, também professor de Direito na prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, descreveu mesmo o reconhecimento facial como “um pacto com o diabo”. “A promoção arbitrária desta tecnologia (…) abrirá a caixa de Pandora”, comentou. “O preço a pagar não será apenas a nossa privacidade, mas também a própria segurança”, concluiu.

14 Jan 2020

Tecnologia | China na ‘era pós-privacidade’ abre “caixa de Pandora”

A vanguarda em redes de quinta geração e os avanços na área da inteligência artificial estão a mudar dia-a-dia das cidades e das pessoas, levantando a autênticas revoluções de costumes, mobilidade compartilhada e desaparecimento do dinheiro físico. Pelo caminho, também a privacidade entra em vias de extinção

 
[dropcap]C[/dropcap]hang não atravessa a rua fora da passadeira desde que, da última vez, recebeu imediatamente uma multa para pagar no telemóvel; Yuan conduz com cautela, sabendo que uma infracção pode-lhe deduzir prontamente pontos na carta.
A liderança em redes de quinta geração, reconhecimento facial, Inteligência Artificial ou ‘big data’ [análise de dados massiva] colocou a China na vanguarda da transformação digital, permitindo a criação de cidades inteligentes, sistemas de mobilidade compartilhada ou o desaparecimento do dinheiro físico.
Críticos alertam, no entanto, para a entrada da sociedade chinesa numa ‘era pós-privacidade’, que suscita novas questões éticas e legais, à medida que a conveniência gerada pelos avanços tecnológicos acarreta custos para a privacidade e ameaças para a segurança. “Hollywood devia fazer um filme sobre isto”, comenta à agência Lusa um matemático indiano a residir nos Estados Unidos, e especialista em ‘big data’, na sua primeira visita à China. “A quantidade de dados acumulados e a falta de regulação criaram aqui um mundo novo”, observa.
Tom Van Dillen, gestor em Pequim da consultora Greenkern, explica assim a rápida implementação das novas tecnologias no país asiático: “Quanto mais privacidade estás disposto a perder, mais conveniente a tua vida se torna”. “O que realmente me impressiona é que, a necessidade por conveniência tornou-se uma parte tão elementar de como as pessoas entendem a liberdade, que estão dispostas a sacrificar a sua própria privacidade”, explica.
Michael Zakkour, vice-presidente da consultora Asia Market Strategy, considera à Lusa tratar-se de um fenómeno global e não exclusivo da China: “moral, ética e legalmente, as sociedades não acompanharam as implicações da transformação digital para a existência humana”.
Mas o Governo chinês tem utilizado os novos recursos tecnológicos para aprimorar o seu caráter totalitário e reforçar os instrumentos de controlo da polícia chinesa, que detém já amplos poderes para conduzir interrogatórios e fazer detenções.
Cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância foram, nos últimos anos, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais. Muitas estão dotadas de reconhecimento facial, que é cada vez mais complementado com a instalação nas ruas, bairros ou acesso a edifícios residenciais, de colectores de números internacionais do subscritor móvel (IMSI, na sigla em inglês) e os números de série electrónicos (ESM) dos telemóveis – cada dispositivo tem os seus próprios números -, permitindo associar o rosto ao telemóvel de quem vai passando. “As pessoas passam e deixam uma sombra; o telefone passa e deixa um número. O sistema conecta os dois”, lê-se numa brochura de uma empresa chinesa que desenvolve aquele tipo de sistema de vigilância para esquadras de polícia locais.
No entanto, numa altura em que a privacidade e uso de dados dos utilizadores são alvo de debate político e legislação no Ocidente, sobretudo após escândalos como os do uso de dados de utilizadores da rede social Facebook pela empresa Cambridge Analytica nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, também na China começam a surgir sinais de consciencialização, sobretudo quanto à segurança dos dados – dados pessoais são frequentemente vendidos a grupos que levam a cabo esquemas fraudulentos por telefone.
Num caso recentemente noticiado pela imprensa chinesa, Guo Bing, professor de Direito na Universidade de Ciência e Tecnologia da província de Zhejiang, na costa leste do país, apresentou queixa contra um zoológico local que exigia aos visitantes que se submetessem a reconhecimento facial. Guo argumentou que o vazamento ou uso fraudulento de dados pessoais “pode facilmente comprometer a segurança e a propriedade dos consumidores”.
Os comentários sobre o caso acumularam mais de 100 milhões de visualizações na rede social Weibo, o Twitter chinês, com muitos internautas a pedirem a proibição total da recolha de dados biométricos.
Num artigo recente, Lao Dongyan, também professor de Direito na prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, descreveu mesmo o reconhecimento facial como “um pacto com o diabo”. “A promoção arbitrária desta tecnologia (…) abrirá a caixa de Pandora”, comentou. “O preço a pagar não será apenas a nossa privacidade, mas também a própria segurança”, concluiu.

14 Jan 2020

Taiwan | Vitória de Tsai Ing-wen faz China clamar contra independência

A enorme participação eleitoral e vitória da candidata do Partido Democrata Progressista, Tsai Ing-wen, nas presidenciais de Taiwan deste sábado levaram a China a reiterar que se opõe a “qualquer forma de independência” da Ilha Formosa. EUA felicitam vitória e União Europeia destaca significativa ida às urnas

 

[dropcap]A[/dropcap] China reiterou este sábado a sua oposição à declaração de Estado soberano por Taiwan, apesar da esmagadora vitória eleitoral da actual presidente, a independente Tsai Ing-wen.
“Nós opomo-nos veementemente a qualquer forma de ‘independência de Taiwan’”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, num breve comunicado divulgado pela imprensa estatal.

A posição chinesa não mudou apesar da histórica vitória de Tsai, e Ma lembrou que continuarão a procurar a “reunificação pacífica” daquela ilha com a China continental, através do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’.

O porta-voz do governo chinês relembrou que a China aderiu ao chamado “princípio de uma China Única”, num acordo alcançado em 1992, que estabelece que existe apenas um país chamado China e que Pequim e Taipei reivindicam a soberania de todo o território, incluindo a ilha de Taiwan e a China continental.

Após o fim da guerra e o estabelecimento da China comunista, em 1949, o líder da República da China derrotado, Chiang Kai-shek, e as suas tropas exilaram-se na ilha de Taiwan, onde continuaram com seu regime, e nos anos 90 começaram a realizar eleições democráticas. No entanto, Pequim ainda considera a ilha uma província rebelde.

Ma disse que a China está “disposta a trabalhar” com os “compatriotas de Taiwan para promover o desenvolvimento pacífico das relações” entre ambas as partes do Estreito da Formosa, embora tenha repetido imediatamente a ideia de “reunificação pacífica da pátria mãe, de acordo com o consenso atingido em 1992”, negando a possibilidade de um Taiwan independente.

A actual presidente de Taiwan declarou-se vencedora das eleições realizadas no sábado, ao receber mais de 8,1 milhões de votos (57,1 por cento do total), enquanto o seu principal rival, Han Kuo-yu, do partido Kuomintang (KMT), obteve 5,5 milhões de votos, 38,6 por cento.

Com 23 milhões de habitantes, Taiwan levou às urnas 19 milhões de eleitores, tendo sido registada uma participação de 74 por cento, ou seja, 8,6 milhões de pessoas, número inédito na história eleitoral de Taiwan.

Apesar da vitória nas presidenciais, o DPP perdeu sete assentos no parlamento, de acordo com a agência Bloomberg, enquanto que o KMT ganhou três lugares. O presidente da câmara municipal de Taipei, Ko Wen-je, do partido People First Party, estreou-se no hemiciclo com 1,5 milhões obtidos contra os 4,8 milhões de votos do DPP e 4,7 milhões do KMT.

Desde 2012 que as eleições legislativas acontecem ao mesmo tempo que as presidenciais. Uma emenda à Constituição, levada a cabo em 2005, permitiu que o partido que controla o Executivo também controle o parlamento.

Parabéns americanos

Por sua vez, os EUA felicitaram, também no sábado, Tsai Ing-wen pela reeleição para um segundo mandato presidencial em Taiwan, com a União Europeia (UE) a destacar, por sua vez, a alta participação no escrutínio e a encorajar um “diálogo construtivo” com Pequim. “Os Estados Unidos (EUA) felicitam Tsai Ing-wen pela sua reeleição no escrutínio presidencial em Taiwan”, escreveu o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, num comunicado citado pelas agências internacionais.

“Sob a sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um brilhante exemplo para os países que lutam pela democracia”, referiu o secretário de Estado norte-americano.

Também em reacção às presidenciais em Taiwan, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, felicitou o povo daquele território pela “alta participação” registada no escrutínio. “Os nossos respectivos sistemas de governança estão fundados num compromisso partilhado com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”, referiu uma porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, num comunicado.

A mesma nota frisou que a UE acompanha atentamente o desenvolvimento da relação entre Taiwan e a China, lembrando que o bloco comunitário “tem incentivado um diálogo e um compromisso construtivo”.

Relação deteriorada

As eleições presidenciais deste sábado, que serviram também para eleger o parlamento da Formosa, foram marcadas pela deterioração das relações entre Taipei e Pequim, desde que Tsai assumiu o cargo, em 2016. Han, candidato do KMT, foi apresentado como uma alternativa para melhorar as relações com a China.

No entanto, o KMT perdeu a vantagem que as sondagens lhe deram há menos de um ano, devido à repressão dos protestos em Hong Kong e à posição do presidente chinês Xi Jinping, que não excluiu o uso da força para alcançar a aguardada reunificação de Taiwan com a China.

No seu discurso, depois da vitória nas eleições, Tsai disse que espera que Pequim possa “interpretar o sinal” dado pelos resultados eleitorais, o que, defendeu, mostra que os taiwaneses não aceitam as “ameaças” da China.

“Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos o nosso modo de vida livre e democrático, bem como a nossa nação”, afirmou Tsai Ing-wen, em declarações à comunicação social, anunciando a sua vitória nas eleições presidenciais hoje realizadas.

Segundo a agência Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) emitiu um comunicado onde também reitera que “independentemente das mudanças que ocorram internamente em Taiwan, o facto base é que há apenas uma China no mundo e que Taiwan é parte da China, e isso não irá mudar”, disse o MNE.

Ontem, Tsai Ing-wen reuniu com o chefe da embaixada norte-americana em Taipei, Brent Christensen, tendo referido que, “mais uma vez, a população de Taiwan usou o voto que tinha nas suas mãos para mostrar ao mundo o valor da democracia. A democracia e a liberdade são importantes activos em Taiwan e a fundação de uma longa parceria entre Taiwan e os EUA”, disse a presidente reeleita.

Além das relações tensas com a China, Taiwan tem perdido vários aliados nos últimos anos a favor da China, estando a ilha cada vez mais isolada diplomaticamente, mantendo apenas 15 países aliados. Estas eleições ficaram também marcadas pelos protestos em Hong Kong e pela maior aproximação com Washington.

Tsai Ing-wen rejeitou o chamado “princípio de uma só China”, mediante o qual só existe uma China, abarcando a ilha e o continente, o que levou Pequim e Taipé a reclamar a totalidade do território.

“As relações eram pacíficas até que Tsai chegou ao poder. Se voltar a ganhar, vai continuar uma espécie de ‘paz fria’ ou de ‘confrontação fria'”, afirmou o director do Centro de Estudos de Taiwan da Universidade Jiao Tong em Xangai, Lin Gang.

Em resposta, Pequim ofereceu medidas para multiplicar os vínculos económicos e culturais, insistindo, ao mesmo tempo, na reunificação. No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na possibilidade de uso de força e lembrou que não será tolerada “qualquer acção para dividir o país”.

Activista detida

As autoridades de Hong Kong detiveram uma activista do partido pró-democracia Demosisto que procurava viajar para Taiwan na quinta-feira para acompanhar as presidenciais de sábado na ilha, indicou o partido. Lily Wong, de 26 anos, foi detida – e depois libertada sob fiança – pelo assalto ao Conselho Legislativo a 1 de Julho e é acusada de “conspiração para cometer danos criminais”, explicou o partido Demosisto numa publicação na rede social Facebook. O secretário-geral do movimento, Joshua Wong, disse à agência de notícias Efe que a activista estava a ir para Taiwan para participar nas eleições como observadora internacional. Segundo o Demosisto, Lily Wong não sabia que a polícia de Hong Kong a havia incluído numa lista de pessoas procuradas. “Pedimos a todas as pessoas envolvidas que tomem cuidado com detenções inesperadas nos postos de controlo de imigração”, acrescentou o grupo.

Deputados pró-democracia de Macau elogiam vitória de Tsai

A vitória expressiva de Tsai Ing-wen nas presidenciais de Taiwan gerou reacções dos deputados do campo pró-democracia de Macau. Na sua página oficial de Facebook, o deputado Sulu Sou escreveu “obrigada Taiwan por seres, mais uma vez, um exemplo”. “Vitórias e derrotas são normais numa eleição directa com sufrágio universal. O que é importante de facto é que a razão ultrapassou o ódio e a intimidação, para que as pessoas possam continuar a viver sem medo”, acrescentou o deputado à Assembleia Legislativa (AL) da RAEM.

Sulu Sou adiantou também que espera “que mais pessoas possam desfrutar da semente da democracia e realizar o seu sonho ao tomar a sua decisão”. “Esperamos ainda que, um dia, as pessoas de todo o mundo possam vir a Macau observar as nossas verdadeiras eleições com sufrágio universal”, frisou.

Também Au Nam San, deputado à AL, congratulou Tsai Ing-wen “pela sua bem-sucedida reeleição”. “Que a paz democrática seja mais estável e que evolua de forma mais rápida. Que se quebre o destino da população chinesa de não desfrutar de direitos democráticos”, apontou, também na sua página de Facebook.

13 Jan 2020

Taiwan | Vitória de Tsai Ing-wen faz China clamar contra independência

A enorme participação eleitoral e vitória da candidata do Partido Democrata Progressista, Tsai Ing-wen, nas presidenciais de Taiwan deste sábado levaram a China a reiterar que se opõe a “qualquer forma de independência” da Ilha Formosa. EUA felicitam vitória e União Europeia destaca significativa ida às urnas

 
[dropcap]A[/dropcap] China reiterou este sábado a sua oposição à declaração de Estado soberano por Taiwan, apesar da esmagadora vitória eleitoral da actual presidente, a independente Tsai Ing-wen.
“Nós opomo-nos veementemente a qualquer forma de ‘independência de Taiwan’”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, num breve comunicado divulgado pela imprensa estatal.
A posição chinesa não mudou apesar da histórica vitória de Tsai, e Ma lembrou que continuarão a procurar a “reunificação pacífica” daquela ilha com a China continental, através do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’.
O porta-voz do governo chinês relembrou que a China aderiu ao chamado “princípio de uma China Única”, num acordo alcançado em 1992, que estabelece que existe apenas um país chamado China e que Pequim e Taipei reivindicam a soberania de todo o território, incluindo a ilha de Taiwan e a China continental.
Após o fim da guerra e o estabelecimento da China comunista, em 1949, o líder da República da China derrotado, Chiang Kai-shek, e as suas tropas exilaram-se na ilha de Taiwan, onde continuaram com seu regime, e nos anos 90 começaram a realizar eleições democráticas. No entanto, Pequim ainda considera a ilha uma província rebelde.
Ma disse que a China está “disposta a trabalhar” com os “compatriotas de Taiwan para promover o desenvolvimento pacífico das relações” entre ambas as partes do Estreito da Formosa, embora tenha repetido imediatamente a ideia de “reunificação pacífica da pátria mãe, de acordo com o consenso atingido em 1992”, negando a possibilidade de um Taiwan independente.
A actual presidente de Taiwan declarou-se vencedora das eleições realizadas no sábado, ao receber mais de 8,1 milhões de votos (57,1 por cento do total), enquanto o seu principal rival, Han Kuo-yu, do partido Kuomintang (KMT), obteve 5,5 milhões de votos, 38,6 por cento.
Com 23 milhões de habitantes, Taiwan levou às urnas 19 milhões de eleitores, tendo sido registada uma participação de 74 por cento, ou seja, 8,6 milhões de pessoas, número inédito na história eleitoral de Taiwan.
Apesar da vitória nas presidenciais, o DPP perdeu sete assentos no parlamento, de acordo com a agência Bloomberg, enquanto que o KMT ganhou três lugares. O presidente da câmara municipal de Taipei, Ko Wen-je, do partido People First Party, estreou-se no hemiciclo com 1,5 milhões obtidos contra os 4,8 milhões de votos do DPP e 4,7 milhões do KMT.
Desde 2012 que as eleições legislativas acontecem ao mesmo tempo que as presidenciais. Uma emenda à Constituição, levada a cabo em 2005, permitiu que o partido que controla o Executivo também controle o parlamento.

Parabéns americanos

Por sua vez, os EUA felicitaram, também no sábado, Tsai Ing-wen pela reeleição para um segundo mandato presidencial em Taiwan, com a União Europeia (UE) a destacar, por sua vez, a alta participação no escrutínio e a encorajar um “diálogo construtivo” com Pequim. “Os Estados Unidos (EUA) felicitam Tsai Ing-wen pela sua reeleição no escrutínio presidencial em Taiwan”, escreveu o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, num comunicado citado pelas agências internacionais.
“Sob a sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um brilhante exemplo para os países que lutam pela democracia”, referiu o secretário de Estado norte-americano.
Também em reacção às presidenciais em Taiwan, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, felicitou o povo daquele território pela “alta participação” registada no escrutínio. “Os nossos respectivos sistemas de governança estão fundados num compromisso partilhado com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”, referiu uma porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, num comunicado.
A mesma nota frisou que a UE acompanha atentamente o desenvolvimento da relação entre Taiwan e a China, lembrando que o bloco comunitário “tem incentivado um diálogo e um compromisso construtivo”.

Relação deteriorada

As eleições presidenciais deste sábado, que serviram também para eleger o parlamento da Formosa, foram marcadas pela deterioração das relações entre Taipei e Pequim, desde que Tsai assumiu o cargo, em 2016. Han, candidato do KMT, foi apresentado como uma alternativa para melhorar as relações com a China.
No entanto, o KMT perdeu a vantagem que as sondagens lhe deram há menos de um ano, devido à repressão dos protestos em Hong Kong e à posição do presidente chinês Xi Jinping, que não excluiu o uso da força para alcançar a aguardada reunificação de Taiwan com a China.
No seu discurso, depois da vitória nas eleições, Tsai disse que espera que Pequim possa “interpretar o sinal” dado pelos resultados eleitorais, o que, defendeu, mostra que os taiwaneses não aceitam as “ameaças” da China.
“Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos o nosso modo de vida livre e democrático, bem como a nossa nação”, afirmou Tsai Ing-wen, em declarações à comunicação social, anunciando a sua vitória nas eleições presidenciais hoje realizadas.
Segundo a agência Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) emitiu um comunicado onde também reitera que “independentemente das mudanças que ocorram internamente em Taiwan, o facto base é que há apenas uma China no mundo e que Taiwan é parte da China, e isso não irá mudar”, disse o MNE.
Ontem, Tsai Ing-wen reuniu com o chefe da embaixada norte-americana em Taipei, Brent Christensen, tendo referido que, “mais uma vez, a população de Taiwan usou o voto que tinha nas suas mãos para mostrar ao mundo o valor da democracia. A democracia e a liberdade são importantes activos em Taiwan e a fundação de uma longa parceria entre Taiwan e os EUA”, disse a presidente reeleita.
Além das relações tensas com a China, Taiwan tem perdido vários aliados nos últimos anos a favor da China, estando a ilha cada vez mais isolada diplomaticamente, mantendo apenas 15 países aliados. Estas eleições ficaram também marcadas pelos protestos em Hong Kong e pela maior aproximação com Washington.
Tsai Ing-wen rejeitou o chamado “princípio de uma só China”, mediante o qual só existe uma China, abarcando a ilha e o continente, o que levou Pequim e Taipé a reclamar a totalidade do território.
“As relações eram pacíficas até que Tsai chegou ao poder. Se voltar a ganhar, vai continuar uma espécie de ‘paz fria’ ou de ‘confrontação fria'”, afirmou o director do Centro de Estudos de Taiwan da Universidade Jiao Tong em Xangai, Lin Gang.
Em resposta, Pequim ofereceu medidas para multiplicar os vínculos económicos e culturais, insistindo, ao mesmo tempo, na reunificação. No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na possibilidade de uso de força e lembrou que não será tolerada “qualquer acção para dividir o país”.

Activista detida

As autoridades de Hong Kong detiveram uma activista do partido pró-democracia Demosisto que procurava viajar para Taiwan na quinta-feira para acompanhar as presidenciais de sábado na ilha, indicou o partido. Lily Wong, de 26 anos, foi detida – e depois libertada sob fiança – pelo assalto ao Conselho Legislativo a 1 de Julho e é acusada de “conspiração para cometer danos criminais”, explicou o partido Demosisto numa publicação na rede social Facebook. O secretário-geral do movimento, Joshua Wong, disse à agência de notícias Efe que a activista estava a ir para Taiwan para participar nas eleições como observadora internacional. Segundo o Demosisto, Lily Wong não sabia que a polícia de Hong Kong a havia incluído numa lista de pessoas procuradas. “Pedimos a todas as pessoas envolvidas que tomem cuidado com detenções inesperadas nos postos de controlo de imigração”, acrescentou o grupo.

Deputados pró-democracia de Macau elogiam vitória de Tsai

A vitória expressiva de Tsai Ing-wen nas presidenciais de Taiwan gerou reacções dos deputados do campo pró-democracia de Macau. Na sua página oficial de Facebook, o deputado Sulu Sou escreveu “obrigada Taiwan por seres, mais uma vez, um exemplo”. “Vitórias e derrotas são normais numa eleição directa com sufrágio universal. O que é importante de facto é que a razão ultrapassou o ódio e a intimidação, para que as pessoas possam continuar a viver sem medo”, acrescentou o deputado à Assembleia Legislativa (AL) da RAEM.
Sulu Sou adiantou também que espera “que mais pessoas possam desfrutar da semente da democracia e realizar o seu sonho ao tomar a sua decisão”. “Esperamos ainda que, um dia, as pessoas de todo o mundo possam vir a Macau observar as nossas verdadeiras eleições com sufrágio universal”, frisou.
Também Au Nam San, deputado à AL, congratulou Tsai Ing-wen “pela sua bem-sucedida reeleição”. “Que a paz democrática seja mais estável e que evolua de forma mais rápida. Que se quebre o destino da população chinesa de não desfrutar de direitos democráticos”, apontou, também na sua página de Facebook.

13 Jan 2020

Wuhan | Doença respiratória identificada como novo tipo de coronavírus

Uma investigação preliminar identificou uma doença respiratória que infectou dezenas de pessoas numa cidade no centro da China como sendo um novo tipo de coronavírus, informou ontem a imprensa estatal chinesa

 

[dropcap]O[/dropcap]s resultados da investigação foram avançados pela emissora estatal CCTV, mas as autoridades de saúde chinesas ainda não confirmaram as informações.

Os coronavírus são uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico. Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou globalmente mais de oito mil pessoas.

A investigação citada pela CCTV identifica a doença que infectou 59 pessoas na cidade de Wuhan, centro da China, como um novo coronavírus, diferente daqueles que foram identificados anteriormente.
Segundo a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, sete dos pacientes encontram-se em estado crítico e os restantes em condição estável. Oito pacientes receberam alta na quarta-feira, sem apresentar qualquer sintoma de pneumonia, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Os especialistas detectaram o novo coronavírus em 15 dos 59 casos de Wuhan, detalhou a CCTV, acrescentando que mais pesquisas serão realizadas antes de se obter uma conclusão.

Expansão regional

Possíveis casos da mesma doença foram relatados em Hong Kong e na Coreia do Sul, envolvendo pessoas que viajaram recentemente a Wuhan.

Desde o final de 2019, os hospitais públicos de Hong Kong relataram 38 pacientes com febre, infecção respiratória ou sintomas de pneumonia, após visitas recentes a Wuhan. Vinte e um desses pacientes já receberam alta, informou na quarta-feira a Autoridade Hospitalar de Hong Kong.

Não foram encontrados casos graves relacionados aos de Wuhan, segundo Sophia Chan, chefe de saúde de Hong Kong. Na Coreia do Sul, uma mulher chinesa que trabalha para uma empresa sul-coreana foi diagnosticada na terça-feira com pneumonia, disseram os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia.

Nos últimos anos, a síndrome respiratória do Oriente Médio, um coronavírus que começou na Jordânia e na Arábia Saudita, em 2012, alastrou-se por cerca de duas dezenas de países, tendo sido relatados cerca de 2.500 casos confirmados em laboratório, incluindo mais de 800 mortes.

10 Jan 2020

Wuhan | Doença respiratória identificada como novo tipo de coronavírus

Uma investigação preliminar identificou uma doença respiratória que infectou dezenas de pessoas numa cidade no centro da China como sendo um novo tipo de coronavírus, informou ontem a imprensa estatal chinesa

 
[dropcap]O[/dropcap]s resultados da investigação foram avançados pela emissora estatal CCTV, mas as autoridades de saúde chinesas ainda não confirmaram as informações.
Os coronavírus são uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico. Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou globalmente mais de oito mil pessoas.
A investigação citada pela CCTV identifica a doença que infectou 59 pessoas na cidade de Wuhan, centro da China, como um novo coronavírus, diferente daqueles que foram identificados anteriormente.
Segundo a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, sete dos pacientes encontram-se em estado crítico e os restantes em condição estável. Oito pacientes receberam alta na quarta-feira, sem apresentar qualquer sintoma de pneumonia, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua.
Os especialistas detectaram o novo coronavírus em 15 dos 59 casos de Wuhan, detalhou a CCTV, acrescentando que mais pesquisas serão realizadas antes de se obter uma conclusão.

Expansão regional

Possíveis casos da mesma doença foram relatados em Hong Kong e na Coreia do Sul, envolvendo pessoas que viajaram recentemente a Wuhan.
Desde o final de 2019, os hospitais públicos de Hong Kong relataram 38 pacientes com febre, infecção respiratória ou sintomas de pneumonia, após visitas recentes a Wuhan. Vinte e um desses pacientes já receberam alta, informou na quarta-feira a Autoridade Hospitalar de Hong Kong.
Não foram encontrados casos graves relacionados aos de Wuhan, segundo Sophia Chan, chefe de saúde de Hong Kong. Na Coreia do Sul, uma mulher chinesa que trabalha para uma empresa sul-coreana foi diagnosticada na terça-feira com pneumonia, disseram os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia.
Nos últimos anos, a síndrome respiratória do Oriente Médio, um coronavírus que começou na Jordânia e na Arábia Saudita, em 2012, alastrou-se por cerca de duas dezenas de países, tendo sido relatados cerca de 2.500 casos confirmados em laboratório, incluindo mais de 800 mortes.

10 Jan 2020

Economia | Carne de porco mantém inflação no nível mais alto em sete anos

[dropcap]A[/dropcap] subida do preço da carne de porco, em Dezembro, manteve a inflação na China ao nível mais alto em sete anos, apesar dos esforços para reduzir a escassez causada por um surto de peste suína.

O preço da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, quase duplicou, e puxou a inflação em todo o sector alimentar, agravando os efeitos da desaceleração da economia chinesa e de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos. O preço da carne de porco subiu 97 por cento, em relação ao mesmo mês do ano passado, apesar do aumento das importações e da colocação no mercado pelas autoridades de dezenas de milhares de toneladas de carne suína que mantêm em reserva.

Os preços dos alimentos subiram, no conjunto, 17,4 por cento, fixando a inflação em 4,5 por cento, acima da meta oficial definida pelo Partido Comunista Chinês, de 3 por cento, no maior aumento desde 2012.

A China produz e consome dois terços da carne suína do mundo, mas o país teve que abater milhões de porcos, após um surto de peste suína que se espalhou por todo o continente chinês, gerando também efeitos inflacionários no resto do mundo, à medida que os importadores chineses compram mais na Europa, Estados Unidos ou Brasil.

Em Outubro passado, o Departamento de Agricultura dos EUA previu que a produção de carne suína da China em 2020 cairá 25 por cento, em relação ao ano anterior. A diferença, de 12 milhões de toneladas, seria equivalente a quase toda a produção anual nos EUA.

10 Jan 2020

Economia | Carne de porco mantém inflação no nível mais alto em sete anos

[dropcap]A[/dropcap] subida do preço da carne de porco, em Dezembro, manteve a inflação na China ao nível mais alto em sete anos, apesar dos esforços para reduzir a escassez causada por um surto de peste suína.
O preço da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, quase duplicou, e puxou a inflação em todo o sector alimentar, agravando os efeitos da desaceleração da economia chinesa e de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos. O preço da carne de porco subiu 97 por cento, em relação ao mesmo mês do ano passado, apesar do aumento das importações e da colocação no mercado pelas autoridades de dezenas de milhares de toneladas de carne suína que mantêm em reserva.
Os preços dos alimentos subiram, no conjunto, 17,4 por cento, fixando a inflação em 4,5 por cento, acima da meta oficial definida pelo Partido Comunista Chinês, de 3 por cento, no maior aumento desde 2012.
A China produz e consome dois terços da carne suína do mundo, mas o país teve que abater milhões de porcos, após um surto de peste suína que se espalhou por todo o continente chinês, gerando também efeitos inflacionários no resto do mundo, à medida que os importadores chineses compram mais na Europa, Estados Unidos ou Brasil.
Em Outubro passado, o Departamento de Agricultura dos EUA previu que a produção de carne suína da China em 2020 cairá 25 por cento, em relação ao ano anterior. A diferença, de 12 milhões de toneladas, seria equivalente a quase toda a produção anual nos EUA.

10 Jan 2020

Hong Kong | Preço médio de casas novas cai 25% em 2019

[dropcap]A[/dropcap] agitação social e política vivida o ano passado em Hong Kong fez cair o preço médio das casas novas para o valor mais baixo dos últimos quatro anos, noticiou ontem a imprensa local. Face a 2018, o preço das casas a estrear na ex-colónia britânica, conhecida por ter o mercado imobiliário mais caro do mundo, caiu 25 por cento no ano passado para 10,87 milhões de dólares de Hong Kong, refere o jornal South China Morning Post.

Especialistas do sector imobiliário prevêem, segundo o mesmo jornal, um novo declínio nos preços da habitação em 2020, com algumas previsões a indicarem uma queda de 15 por cento.

A habitação no importante centro financeiro mundial atingiu preços exorbitantes nos últimos anos, tornando Hong Kong na cidade mais cara do mundo para a compra de imóveis. A dificuldade de acesso à habitação é um dos motivos da agitação social na cidade, palco de protestos anti-governamentais que entraram agora no oitavo mês e que começaram contra uma polémica proposta de alterações à lei de extradição.

Meses de protestos, por vezes violentos, colocaram a economia de Hong Kong em recessão pela primeira vez numa década, devido à queda nas importações e exportações, nas vendas a retalho e dos números do turismo.

O sector imobiliário é um dos motores económicos da antiga colónia britânica e o efeito dos protestos é impressionante: o sub-índice formado pelas principais empresas do sector na Bolsa de Hong Kong caiu 12,6 por cento, do seu pico em 2019, em Abril, até ao final do ano.

10 Jan 2020

Hong Kong | Preço médio de casas novas cai 25% em 2019

[dropcap]A[/dropcap] agitação social e política vivida o ano passado em Hong Kong fez cair o preço médio das casas novas para o valor mais baixo dos últimos quatro anos, noticiou ontem a imprensa local. Face a 2018, o preço das casas a estrear na ex-colónia britânica, conhecida por ter o mercado imobiliário mais caro do mundo, caiu 25 por cento no ano passado para 10,87 milhões de dólares de Hong Kong, refere o jornal South China Morning Post.
Especialistas do sector imobiliário prevêem, segundo o mesmo jornal, um novo declínio nos preços da habitação em 2020, com algumas previsões a indicarem uma queda de 15 por cento.
A habitação no importante centro financeiro mundial atingiu preços exorbitantes nos últimos anos, tornando Hong Kong na cidade mais cara do mundo para a compra de imóveis. A dificuldade de acesso à habitação é um dos motivos da agitação social na cidade, palco de protestos anti-governamentais que entraram agora no oitavo mês e que começaram contra uma polémica proposta de alterações à lei de extradição.
Meses de protestos, por vezes violentos, colocaram a economia de Hong Kong em recessão pela primeira vez numa década, devido à queda nas importações e exportações, nas vendas a retalho e dos números do turismo.
O sector imobiliário é um dos motores económicos da antiga colónia britânica e o efeito dos protestos é impressionante: o sub-índice formado pelas principais empresas do sector na Bolsa de Hong Kong caiu 12,6 por cento, do seu pico em 2019, em Abril, até ao final do ano.

10 Jan 2020

Guerra Comercial | Liu He vai a Washington assinar acordo parcial

O Governo chinês confirmou ontem que o vice-primeiro-ministro Liu He vai a Washington, na próxima semana, para assinar um acordo parcial que visa pôr fim às disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos

 

[dropcap]L[/dropcap]iu He vai estar em Washington entre os dias 13 e 15 de Janeiro para a assinatura do acordo parcial para resolver a guerra comercial entre China a Estados Unidos, que desestabiliza a economia mundial há um ano e meio.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou anteriormente que um acordo “muito abrangente” seria assinado no dia 15 de Janeiro, na Casa Branca, com a presença de altos funcionários de Pequim, mas sem o homólogo chinês, Xi Jinping. O ministério chinês do Comércio só ontem confirmou aquela informação.

Após quase 18 meses de guerra comercial, com os governos dos dois países a impor taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, os dois lados anunciaram, em Dezembro passado, que alcançaram um acordo parcial que inclui a retirada progressiva de taxas e o aumento das importações de produtos norte-americanos por parte da China.

O vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, confirmou anteriormente que a primeira fase do pacto inclui questões sobre transferência de tecnologia, propriedade intelectual, expansão das trocas comerciais e estabelecimento de mecanismos de resolução de disputas.

O que fica para trás

Os Estados Unidos vão, no entanto, manter taxas alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250.000 milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120.000 milhões de dólares.

As tensões comerciais entre as duas principais economias mundiais tiveram já graves consequências para a economia mundial. Nas últimas previsões para a economia mundial, publicadas em Outubro passado, o Fundo Monetário Internacional reduziu as perspectivas de crescimento, para este ano, para 3 por cento, dois décimos a menos que a previsão feita em Julho, face ao agravar da disputa comercial.

10 Jan 2020

Guerra Comercial | Liu He vai a Washington assinar acordo parcial

O Governo chinês confirmou ontem que o vice-primeiro-ministro Liu He vai a Washington, na próxima semana, para assinar um acordo parcial que visa pôr fim às disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos

 
[dropcap]L[/dropcap]iu He vai estar em Washington entre os dias 13 e 15 de Janeiro para a assinatura do acordo parcial para resolver a guerra comercial entre China a Estados Unidos, que desestabiliza a economia mundial há um ano e meio.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou anteriormente que um acordo “muito abrangente” seria assinado no dia 15 de Janeiro, na Casa Branca, com a presença de altos funcionários de Pequim, mas sem o homólogo chinês, Xi Jinping. O ministério chinês do Comércio só ontem confirmou aquela informação.
Após quase 18 meses de guerra comercial, com os governos dos dois países a impor taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, os dois lados anunciaram, em Dezembro passado, que alcançaram um acordo parcial que inclui a retirada progressiva de taxas e o aumento das importações de produtos norte-americanos por parte da China.
O vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, confirmou anteriormente que a primeira fase do pacto inclui questões sobre transferência de tecnologia, propriedade intelectual, expansão das trocas comerciais e estabelecimento de mecanismos de resolução de disputas.

O que fica para trás

Os Estados Unidos vão, no entanto, manter taxas alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250.000 milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120.000 milhões de dólares.
As tensões comerciais entre as duas principais economias mundiais tiveram já graves consequências para a economia mundial. Nas últimas previsões para a economia mundial, publicadas em Outubro passado, o Fundo Monetário Internacional reduziu as perspectivas de crescimento, para este ano, para 3 por cento, dois décimos a menos que a previsão feita em Julho, face ao agravar da disputa comercial.

10 Jan 2020

Taiwan | Três candidatos disputam amanhã votos com Pequim à espreita

Tsai Ing-wen do partido democrata, Han Kuo-yu do Kuomitang, e James Soong do People First Party. São estes os três nomes que vão amanhã a votos na Ilha Formosa numa altura em que a relação com Pequim está longe de ser pacífica. Jorge Tavares da Silva, professor da Universidade de Aveiro e investigador sobre Taiwan, faz a análise de umas eleições especiais, tendo em conta os acontecimentos de Hong Kong

 

O que poderemos esperar destes candidatos?

Primeiro de tudo, importa dizer que, embora as eleições em Taiwan sejam sempre importantes para a região, estas particularmente revestem-se de um enorme interesse devido às duradouras manifestações em Hong Kong. De facto, o que se está a passar na antiga colónia inglesa é o factor que mais condiciona e influencia este acto eleitoral.

Em termos de base eleitoral, os dois candidatos principais representam a divisão tradicional entre os que são mais cooperantes com a China continental, ligados ao Kuomintang (KMT), e o Partido Democrático Progressista (PDP), com tendências mais pró-independência, embora não o tenha feito de forma explícita. Han Kuo-yu, o candidato do KMT, tem seguido pela via das promessas eleitorais, em grande escala, algumas com polémica. Estando ligado ao partido mais tradicional, é na geração mais nova que encontra mais dificuldades de penetração. Lembro as manifestações de 2014, conhecido como o Movimento Girassol, que foi destrutivo para a governação do antigo presidente Ma Ying-jeou. Na verdade, os jovens eram pouco adeptos das políticas de excessiva aproximação à China, que lhes prejudicava as aspirações socio-económicas.

Como é que o novo candidato pode mudar esse paradigma?

Han, para captar este eleitorado, promete pagar os estudos aos estudantes no estrangeiro, uma medida algo irrealista. Também promete aumentar o número de visitantes estrangeiros na ilha, o que não foi recebido nada bem na opinião pública. Taiwan tem tido um aumento exponencial de turistas. Só em 2018 foram cerca de 11 milhões. Estas e outras propostas só o estão a prejudicar. É quase certo que perderá as eleições, como mostram as últimas sondagens. O que se poderia esperar dele é uma política de maior aproximação à China continental, agregada aos interesses de uma elite económica que defende uma abertura cada vez maior. O lóbi pró-China é forte em Taiwan e é através deste partido que encontra o seu maior apoio.

Por outro lado, Tsai Ing-wen leva alguma vantagem?

Nas eleições de 2016 tinha a seu favor o desgaste da governação anterior e o facto de ser a primeira mulher a governar a ilha. Mas em pouco tempo também se desgastou, o seu estilo brando não foi capaz de segurar o eleitorado, em queda livre em 2018. Nas eleições para o poder local, neste ano, sofreu uma enorme derrota. O que, de alguma forma, representa uma tradição no sistema político de Taiwan.

Em que sentido?

Há uma enorme volatilidade nas tendências voto em Taiwan, se calhar por ser uma democracia recente. O jornal Liberty Times até lhe chama ao eleitorado taiwanês uma “amante inconstante”, devido à sua imprevisibilidade de ano para ano. As governações do KMT e do PDP governam de forma alternada, se nada interferir no processo. Ora, é o que está a acontecer desta vez, com o “factor Hong Kong”. Desde então, o PDP tem revitalizado, e deverá ganhar as eleições com grande margem.

Caso vença as eleições, o que se pode esperar de Tsai num novo mandato?

Espera-se continuidade no estilo de governação moderada em relação à China. O que parece estar a mudar é que as questões de política interna começam a ser mais decisivas que as relações no estreito de Taiwan, o que também indicia uma maior maturidade do sistema político. Tsai é uma defensora de políticas progressistas, particularmente o casamento de pessoas do mesmo género e outras da mesma natureza. É aqui que reside parte substancial do seu eleitorado.

Depois destas eleições, como será traçado o futuro de Taiwan no que diz respeito à relação com Pequim, e também com Washington?

Com estes dois candidatos não deveremos ter grande hostilidade com a China, o que no máximo quereria dizer a implementação de políticas de tendência pró-independência. Han seguiria pela via da maior cooperação, encontros directos e outras políticas e iniciativas da linha de Ma Ying-jeou. Este, naturalmente, é o candidato preferido de Pequim. Tsai é uma candidata não cooperante, mas também não hostil, como foi o antigo Presidente Chen Shui-bian. No entanto, para os EUA, uma candidata como Tsai é um activo mais interessante, mais valioso no jogo político com a China. De alguma forma, Tsai Ying-wen melhora a posição negocial americana no quadro de jogos políticos e interesses na região. Frontalmente não será bom explorar muito esta via – sensível para a China – mas implicitamente todos sabem que aquela governante estará sempre mais aberta a explorar políticas alinhadas com os interesses de Washington. A venda de armamento americano também tem estado a aumentar, numa altura que o porta-aviões chinês Liaoning cruza as águas junto à ilha. Em cada acto eleitoral há sempre estas tensões. Não será nada de estranhar que perante uma nova vitória de Tsai, nestas eleições, volte a receber uma saudação directa por telefone do Presidente Trump. Pequim não ficará nada agradado.

Há alguma ligação que se possa estabelecer entre Hong Kong e este acto eleitoral?

Antes de responder directamente à questão, importa dizer só que Taiwan tem uma democracia consolidada e que comparar Hong Kong com Taiwan é um erro. Hong Kong tem uma democracia limitada, dirigida por Pequim. Taiwan é um país de facto, não o é de jure, mas com todos os ingredientes de um Estado. A opinião pública é real, há uma sociedade civil em acção, um sistema multipartidário e eleições livres e directas. Hong Kong tem muito menos do que isto.

Pensando na vitória de Tsai, os resultados, no caso de Hong Kong, servirão de apoio à perpetuação das reivindicações políticas. Diga-se que o que alimenta, em ambos os casos – Taiwan e Hong Kong – as acções de rua e o dinamismo político, são precisamente os partidos. São as incubadoras de ideias e de debate. Taiwan não só serve de modelo político para Hong Kong – e não o contrário, como foi planeado no modelo “Um País, Dois Sistemas” – mas de motivador e inspirador para a continuação das reivindicações políticas.

E em relação a Macau?

No caso de Macau, diria que não tem efeito nenhum, o território tem um habitat político muito específico, de acomodação. Macau dorme neste processo.

 

Principais candidatos trocaram ataques durante a campanha

Durante a campanha eleitoral o conceito de “Um País, Dois Sistemas”, levou a uma troca de galhardetes entre os dois principais candidatos, Tsai Ing-wen e Han Kuo-yu. De acordo com a agência Reuters, a líder do PDP chegou a afirmar que o voto no Kuomitang seria a escolha desse modelo para a ilha Formosa, algo que o candidato rejeitou.

Han tem vindo a queixar-se dos “truques sujos” que estão a ser usados para o acusar de se sujeitar à China, sobretudo no que diz respeito às revelações feitas pelos media australianos de que um auto-proclamado espião chinês que disse que a China apoiava Han, algo que o candidato rejeitou.

“Suplico ao povo de Taiwan que, nas eleições presidenciais e parlamentares de 2020, abra os olhos. Espero que a população de Taiwan possa ver estas manchas maliciosas para me pintarem de negro, vermelho e amarelo e tome uma decisão racional”, disse na terça-feira.

Os tempos são de especulação, tendo em conta que não só a população da Formosa parece não aceitar o modelo de integração proposto pelas autoridades chinesas como o parlamento taiwanês aprovou no início do mês uma lei anti-infiltração que visa impedir doações políticas e outros tipos de influências de forças estrangeiras no território. O diploma reflecte a crescente preocupação de Taiwan de que Pequim possa tentar interferir na sua governação.

Hong Kong e EUA

Numa das últimas acções de campanha, Tsai Ing-wen publicou, esta segunda-feira, um vídeo na sua página de Facebook a comparar a liberdade de Taiwan com o que se passa em Hong Kong, com imagens de Xi Jinping e Carrie Lam. “A alguns quilómetros daqui, muitos jovens estão a usar o seu sangue e lágrimas para defender a liberdade”, escreveu a candidata.

Citado pela Reuters, Liu Jieyi, director do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado escreveu no jornal oficial do Partido Comunista Chinês que a população em Taiwan estava a “explorar de forma positiva” o modelo, sem oferecer provas disso.

Mas um oficial chinês, que regularmente reúne com membros do Exército de Libertação Popular, disse à Reuters que os protestos de Hong Kong “aumentaram a dificuldade de fazer Taiwan voltar atrás”. “O que está a acontecer lá [em Hong Kong] está a assustar Taiwan”, disse o oficial, que falou sob anonimato.

Zhou Bou, director do Centro para a Cooperação de Segurança do Ministério da Defesa da China disse ser “claro” que o país quer resolver “a questão de Taiwan” de forma pacífica. Mas, afirmou, a China não pode ficar à espera enquanto Taiwan faz as suas tentativas para se afastar do país, enquanto os EUA deveriam estar alerta. “Não sei se os EUA estão preparados para pagar o preço militar por Taiwan”, disse.

Carlos Gaspar, presidente do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, defendeu ao HM que, no caso da eleição de Tsai Ing-wen os EUA podem “passar a estar mais empenhados em defender a democracia pluralista de Taiwan”.

“Se se confirmarem as sondagens, a reeleição da Presidente Tsai Ing-wen terá beneficiado do ressurgimento do movimento democrático em Hong Kong nos últimos meses e não vai ter nenhum impacto particular em Hong Kong. Pelo contrário, pode reforçar as relações com os Estados Unidos, num momento em que a estratégia de Washington tende a passar de um registo defensivo, dominado pela defesa dos equilíbrios regionais na Ásia Oriental perturbados pela ascensão da China, para um registo ofensivo, em que o objectivo principal é conter, ou travar, a projecção hegemónica da China como a principal potência asiática.”

Newman Lam, especialista em ciência política e ex-professor da Universidade de Macau, lembrou que Tsai Ing-wen vai, muito provavelmente, ganhar, “porque o que tem acontecido em Hong Kong assustou as pessoas em Taiwan e a posição do Kuomitang face à China tornou-se uma responsabilidade”. “Se Tsai ganhar, a China pode reconsiderar a sua estratégia de reunificação e adoptar uma aproximação mais moderada, o que iria obviamente beneficiar o movimento democrático de Hong Kong”, acrescentou.

Ainda assim, Newman Lam acredita que Pequim pode, pelo contrário, adoptar “uma linha mais dura e esse será o caminho para um conflito militar que pode desestabilizar o mundo inteiro, se é que Donald Trump não fez já estragos suficientes. O que Xi Jinping e o Partido Comunista vão fazer a seguir é um elemento muito importante”.

 

Taiwan pede a Pequim para não fazer segundas leituras dos resultados

Joseph Wu, ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, deu uma entrevista à Reuters onde defendeu que a China não deve olhar para os resultados das eleições no território como uma derrota ou vitória para o país. “Penso que a China não deveria olhar para as eleições como uma vitória ou derrota. Se a China fizer uma leitura muito profunda das nossas eleições… pode ser um cenário propenso a mais intimidação militar ou isolamento diplomático, ou podem ser usadas medidas económicas como punição contra Taiwan.”

Tsai Ing-wen tem falado dos receios que existem face às pressões da China nestas eleições, mas Joseph Wu quis estabelecer um distanciamento na entrevista à Reuters. “Estas são as nossas eleições. Esta não é uma eleição da China. São os taiwaneses que vão fazer o julgamento de qual o candidato ou partido político que é melhor para eles. Se a China quer tanto jogar com as democracias de outros países, talvez possam tentar, a certa altura, fazer algo com as eleições do seu próprio país”, frisou.

10 Jan 2020

Taiwan | Três candidatos disputam amanhã votos com Pequim à espreita

Tsai Ing-wen do partido democrata, Han Kuo-yu do Kuomitang, e James Soong do People First Party. São estes os três nomes que vão amanhã a votos na Ilha Formosa numa altura em que a relação com Pequim está longe de ser pacífica. Jorge Tavares da Silva, professor da Universidade de Aveiro e investigador sobre Taiwan, faz a análise de umas eleições especiais, tendo em conta os acontecimentos de Hong Kong

 
O que poderemos esperar destes candidatos?
Primeiro de tudo, importa dizer que, embora as eleições em Taiwan sejam sempre importantes para a região, estas particularmente revestem-se de um enorme interesse devido às duradouras manifestações em Hong Kong. De facto, o que se está a passar na antiga colónia inglesa é o factor que mais condiciona e influencia este acto eleitoral.
Em termos de base eleitoral, os dois candidatos principais representam a divisão tradicional entre os que são mais cooperantes com a China continental, ligados ao Kuomintang (KMT), e o Partido Democrático Progressista (PDP), com tendências mais pró-independência, embora não o tenha feito de forma explícita. Han Kuo-yu, o candidato do KMT, tem seguido pela via das promessas eleitorais, em grande escala, algumas com polémica. Estando ligado ao partido mais tradicional, é na geração mais nova que encontra mais dificuldades de penetração. Lembro as manifestações de 2014, conhecido como o Movimento Girassol, que foi destrutivo para a governação do antigo presidente Ma Ying-jeou. Na verdade, os jovens eram pouco adeptos das políticas de excessiva aproximação à China, que lhes prejudicava as aspirações socio-económicas.
Como é que o novo candidato pode mudar esse paradigma?
Han, para captar este eleitorado, promete pagar os estudos aos estudantes no estrangeiro, uma medida algo irrealista. Também promete aumentar o número de visitantes estrangeiros na ilha, o que não foi recebido nada bem na opinião pública. Taiwan tem tido um aumento exponencial de turistas. Só em 2018 foram cerca de 11 milhões. Estas e outras propostas só o estão a prejudicar. É quase certo que perderá as eleições, como mostram as últimas sondagens. O que se poderia esperar dele é uma política de maior aproximação à China continental, agregada aos interesses de uma elite económica que defende uma abertura cada vez maior. O lóbi pró-China é forte em Taiwan e é através deste partido que encontra o seu maior apoio.
Por outro lado, Tsai Ing-wen leva alguma vantagem?
Nas eleições de 2016 tinha a seu favor o desgaste da governação anterior e o facto de ser a primeira mulher a governar a ilha. Mas em pouco tempo também se desgastou, o seu estilo brando não foi capaz de segurar o eleitorado, em queda livre em 2018. Nas eleições para o poder local, neste ano, sofreu uma enorme derrota. O que, de alguma forma, representa uma tradição no sistema político de Taiwan.
Em que sentido?
Há uma enorme volatilidade nas tendências voto em Taiwan, se calhar por ser uma democracia recente. O jornal Liberty Times até lhe chama ao eleitorado taiwanês uma “amante inconstante”, devido à sua imprevisibilidade de ano para ano. As governações do KMT e do PDP governam de forma alternada, se nada interferir no processo. Ora, é o que está a acontecer desta vez, com o “factor Hong Kong”. Desde então, o PDP tem revitalizado, e deverá ganhar as eleições com grande margem.
Caso vença as eleições, o que se pode esperar de Tsai num novo mandato?
Espera-se continuidade no estilo de governação moderada em relação à China. O que parece estar a mudar é que as questões de política interna começam a ser mais decisivas que as relações no estreito de Taiwan, o que também indicia uma maior maturidade do sistema político. Tsai é uma defensora de políticas progressistas, particularmente o casamento de pessoas do mesmo género e outras da mesma natureza. É aqui que reside parte substancial do seu eleitorado.
Depois destas eleições, como será traçado o futuro de Taiwan no que diz respeito à relação com Pequim, e também com Washington?
Com estes dois candidatos não deveremos ter grande hostilidade com a China, o que no máximo quereria dizer a implementação de políticas de tendência pró-independência. Han seguiria pela via da maior cooperação, encontros directos e outras políticas e iniciativas da linha de Ma Ying-jeou. Este, naturalmente, é o candidato preferido de Pequim. Tsai é uma candidata não cooperante, mas também não hostil, como foi o antigo Presidente Chen Shui-bian. No entanto, para os EUA, uma candidata como Tsai é um activo mais interessante, mais valioso no jogo político com a China. De alguma forma, Tsai Ying-wen melhora a posição negocial americana no quadro de jogos políticos e interesses na região. Frontalmente não será bom explorar muito esta via – sensível para a China – mas implicitamente todos sabem que aquela governante estará sempre mais aberta a explorar políticas alinhadas com os interesses de Washington. A venda de armamento americano também tem estado a aumentar, numa altura que o porta-aviões chinês Liaoning cruza as águas junto à ilha. Em cada acto eleitoral há sempre estas tensões. Não será nada de estranhar que perante uma nova vitória de Tsai, nestas eleições, volte a receber uma saudação directa por telefone do Presidente Trump. Pequim não ficará nada agradado.
Há alguma ligação que se possa estabelecer entre Hong Kong e este acto eleitoral?
Antes de responder directamente à questão, importa dizer só que Taiwan tem uma democracia consolidada e que comparar Hong Kong com Taiwan é um erro. Hong Kong tem uma democracia limitada, dirigida por Pequim. Taiwan é um país de facto, não o é de jure, mas com todos os ingredientes de um Estado. A opinião pública é real, há uma sociedade civil em acção, um sistema multipartidário e eleições livres e directas. Hong Kong tem muito menos do que isto.
Pensando na vitória de Tsai, os resultados, no caso de Hong Kong, servirão de apoio à perpetuação das reivindicações políticas. Diga-se que o que alimenta, em ambos os casos – Taiwan e Hong Kong – as acções de rua e o dinamismo político, são precisamente os partidos. São as incubadoras de ideias e de debate. Taiwan não só serve de modelo político para Hong Kong – e não o contrário, como foi planeado no modelo “Um País, Dois Sistemas” – mas de motivador e inspirador para a continuação das reivindicações políticas.
E em relação a Macau?
No caso de Macau, diria que não tem efeito nenhum, o território tem um habitat político muito específico, de acomodação. Macau dorme neste processo.
 
Principais candidatos trocaram ataques durante a campanha
Durante a campanha eleitoral o conceito de “Um País, Dois Sistemas”, levou a uma troca de galhardetes entre os dois principais candidatos, Tsai Ing-wen e Han Kuo-yu. De acordo com a agência Reuters, a líder do PDP chegou a afirmar que o voto no Kuomitang seria a escolha desse modelo para a ilha Formosa, algo que o candidato rejeitou.
Han tem vindo a queixar-se dos “truques sujos” que estão a ser usados para o acusar de se sujeitar à China, sobretudo no que diz respeito às revelações feitas pelos media australianos de que um auto-proclamado espião chinês que disse que a China apoiava Han, algo que o candidato rejeitou.
“Suplico ao povo de Taiwan que, nas eleições presidenciais e parlamentares de 2020, abra os olhos. Espero que a população de Taiwan possa ver estas manchas maliciosas para me pintarem de negro, vermelho e amarelo e tome uma decisão racional”, disse na terça-feira.
Os tempos são de especulação, tendo em conta que não só a população da Formosa parece não aceitar o modelo de integração proposto pelas autoridades chinesas como o parlamento taiwanês aprovou no início do mês uma lei anti-infiltração que visa impedir doações políticas e outros tipos de influências de forças estrangeiras no território. O diploma reflecte a crescente preocupação de Taiwan de que Pequim possa tentar interferir na sua governação.
Hong Kong e EUA
Numa das últimas acções de campanha, Tsai Ing-wen publicou, esta segunda-feira, um vídeo na sua página de Facebook a comparar a liberdade de Taiwan com o que se passa em Hong Kong, com imagens de Xi Jinping e Carrie Lam. “A alguns quilómetros daqui, muitos jovens estão a usar o seu sangue e lágrimas para defender a liberdade”, escreveu a candidata.
Citado pela Reuters, Liu Jieyi, director do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado escreveu no jornal oficial do Partido Comunista Chinês que a população em Taiwan estava a “explorar de forma positiva” o modelo, sem oferecer provas disso.
Mas um oficial chinês, que regularmente reúne com membros do Exército de Libertação Popular, disse à Reuters que os protestos de Hong Kong “aumentaram a dificuldade de fazer Taiwan voltar atrás”. “O que está a acontecer lá [em Hong Kong] está a assustar Taiwan”, disse o oficial, que falou sob anonimato.
Zhou Bou, director do Centro para a Cooperação de Segurança do Ministério da Defesa da China disse ser “claro” que o país quer resolver “a questão de Taiwan” de forma pacífica. Mas, afirmou, a China não pode ficar à espera enquanto Taiwan faz as suas tentativas para se afastar do país, enquanto os EUA deveriam estar alerta. “Não sei se os EUA estão preparados para pagar o preço militar por Taiwan”, disse.
Carlos Gaspar, presidente do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, defendeu ao HM que, no caso da eleição de Tsai Ing-wen os EUA podem “passar a estar mais empenhados em defender a democracia pluralista de Taiwan”.
“Se se confirmarem as sondagens, a reeleição da Presidente Tsai Ing-wen terá beneficiado do ressurgimento do movimento democrático em Hong Kong nos últimos meses e não vai ter nenhum impacto particular em Hong Kong. Pelo contrário, pode reforçar as relações com os Estados Unidos, num momento em que a estratégia de Washington tende a passar de um registo defensivo, dominado pela defesa dos equilíbrios regionais na Ásia Oriental perturbados pela ascensão da China, para um registo ofensivo, em que o objectivo principal é conter, ou travar, a projecção hegemónica da China como a principal potência asiática.”
Newman Lam, especialista em ciência política e ex-professor da Universidade de Macau, lembrou que Tsai Ing-wen vai, muito provavelmente, ganhar, “porque o que tem acontecido em Hong Kong assustou as pessoas em Taiwan e a posição do Kuomitang face à China tornou-se uma responsabilidade”. “Se Tsai ganhar, a China pode reconsiderar a sua estratégia de reunificação e adoptar uma aproximação mais moderada, o que iria obviamente beneficiar o movimento democrático de Hong Kong”, acrescentou.
Ainda assim, Newman Lam acredita que Pequim pode, pelo contrário, adoptar “uma linha mais dura e esse será o caminho para um conflito militar que pode desestabilizar o mundo inteiro, se é que Donald Trump não fez já estragos suficientes. O que Xi Jinping e o Partido Comunista vão fazer a seguir é um elemento muito importante”.
 

Taiwan pede a Pequim para não fazer segundas leituras dos resultados

Joseph Wu, ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, deu uma entrevista à Reuters onde defendeu que a China não deve olhar para os resultados das eleições no território como uma derrota ou vitória para o país. “Penso que a China não deveria olhar para as eleições como uma vitória ou derrota. Se a China fizer uma leitura muito profunda das nossas eleições… pode ser um cenário propenso a mais intimidação militar ou isolamento diplomático, ou podem ser usadas medidas económicas como punição contra Taiwan.”
Tsai Ing-wen tem falado dos receios que existem face às pressões da China nestas eleições, mas Joseph Wu quis estabelecer um distanciamento na entrevista à Reuters. “Estas são as nossas eleições. Esta não é uma eleição da China. São os taiwaneses que vão fazer o julgamento de qual o candidato ou partido político que é melhor para eles. Se a China quer tanto jogar com as democracias de outros países, talvez possam tentar, a certa altura, fazer algo com as eleições do seu próprio país”, frisou.

10 Jan 2020

Hong Kong | Violência e adversidade económica são desafios de Lam para 2020

A chefe do Governo de Hong Kong disse ontem que a cidade enfrenta vários desafios em 2020, incluindo “violência, adversidade económica e uma ameaça à saúde”, quando os protestos antigovernamentais entram no oitavo mês

 

[dropcap]”O[/dropcap] Governo está determinado a atravessar a tempestade”, sublinhou Carrie Lam, citada pela agência de notícias Associated Press.

A relutância do Governo em responder concretamente às exigências políticas tem sido alvo de crescentes e intensas críticas por parte dos manifestantes, que continuam a pedir reformas eleitorais e uma investigação independente às acusações de brutalidade policial.

Quando questionada novamente sobre esse inquérito, numa conferência de imprensa na manhã de ontem, Lam disse: “Não precisamos seguir esse caminho”.

Os protestos em massa começaram em Junho em oposição a emendas propostas à legislação de extradição, que permitiriam que os residentes de Hong Kong fossem enviados para julgamento na China continental, onde os ativistas são habitualmente alvo de detenções. Embora a Chefe do Executivo tenha retirado a proposta de lei, as manifestações continuaram à volta de reformas democráticas mais amplas.

Na mesma conferência de imprensa, Lam também tentou tranquilizar a população em relação a uma doença respiratória, que pode ter infectado alguns residentes de Hong Kong que viajaram recentemente para a cidade chinesa de Wuhan, onde 59 pacientes estão a ser tratados a uma pneumonia viral cuja causa ainda não foi identificada.

A governante prometeu que o Governo irá alterar a portaria de Prevenção e Controlo de Doenças, dando poderes legais às autoridades de saúde para isolar pacientes suspeitos, algo que deverá acontecer esta semana, acrescentou, citada pela emissora pública RTHK.

Lam recusou-se ainda a tecer qualquer comentário sobre o novo chefe do Gabinete de Ligação da China em Hong Kong, Luo Huining, nomeado no fim de semana.

8 Jan 2020

Hong Kong | Violência e adversidade económica são desafios de Lam para 2020

A chefe do Governo de Hong Kong disse ontem que a cidade enfrenta vários desafios em 2020, incluindo “violência, adversidade económica e uma ameaça à saúde”, quando os protestos antigovernamentais entram no oitavo mês

 
[dropcap]”O[/dropcap] Governo está determinado a atravessar a tempestade”, sublinhou Carrie Lam, citada pela agência de notícias Associated Press.
A relutância do Governo em responder concretamente às exigências políticas tem sido alvo de crescentes e intensas críticas por parte dos manifestantes, que continuam a pedir reformas eleitorais e uma investigação independente às acusações de brutalidade policial.
Quando questionada novamente sobre esse inquérito, numa conferência de imprensa na manhã de ontem, Lam disse: “Não precisamos seguir esse caminho”.
Os protestos em massa começaram em Junho em oposição a emendas propostas à legislação de extradição, que permitiriam que os residentes de Hong Kong fossem enviados para julgamento na China continental, onde os ativistas são habitualmente alvo de detenções. Embora a Chefe do Executivo tenha retirado a proposta de lei, as manifestações continuaram à volta de reformas democráticas mais amplas.
Na mesma conferência de imprensa, Lam também tentou tranquilizar a população em relação a uma doença respiratória, que pode ter infectado alguns residentes de Hong Kong que viajaram recentemente para a cidade chinesa de Wuhan, onde 59 pacientes estão a ser tratados a uma pneumonia viral cuja causa ainda não foi identificada.
A governante prometeu que o Governo irá alterar a portaria de Prevenção e Controlo de Doenças, dando poderes legais às autoridades de saúde para isolar pacientes suspeitos, algo que deverá acontecer esta semana, acrescentou, citada pela emissora pública RTHK.
Lam recusou-se ainda a tecer qualquer comentário sobre o novo chefe do Gabinete de Ligação da China em Hong Kong, Luo Huining, nomeado no fim de semana.

8 Jan 2020

Guerra comercial | Delegação visita Washington para assinar acordo parcial sobre comércio

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação chinesa viajará para Washington na próxima semana para assinar a “primeira fase” de um acordo que visa pôr fim às disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos, avançou a imprensa de Hong Kong. Segundo o South China Morning Post, a delegação chinesa, liderada pelo vice-primeiro-ministro Liu He, permanecerá em Washington entre os dias 13 e 16 de Janeiro.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou anteriormente que um acordo “muito abrangente” seria assinado no dia 15 de Janeiro, na Casa Branca, com a presença de altos funcionários de Pequim, mas sem o homólogo chinês, Xi Jinping.

“Assinarei a fase muito abrangente do acordo comercial com a China em 15 de Janeiro. A cerimónia vai realizar-se na Casa Branca. Representantes de alto nível da China estarão presentes”, anunciou Donald Trump, através da rede social Twitter. Donald Trump disse ainda que “numa data posterior”, viajará até Pequim, “onde as negociações para a segunda fase do acordo começarão”.

Após quase 18 meses de guerra comercial, com os governos dos dois países a impor taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, os dois lados anunciaram, em Dezembro passado, que alcançaram um acordo parcial que inclui a retirada progressiva de taxas e o aumento das importações de produtos norte-americanos por parte da China.

O vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, confirmou que a primeira fase do pacto inclui questões sobre transferência de tecnologia, propriedade intelectual, expansão das trocas comerciais e estabelecimento de mecanismos de resolução de disputas.

Os Estados Unidos vão, no entanto, manter taxas alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250.000 milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120.000 milhões de dólares.

As tensões comerciais entre as duas principais economias mundiais tiveram já graves consequências para a economia mundial. Nas últimas previsões para a economia mundial, publicadas em Outubro passado, o Fundo Monetário Internacional reduziu as perspectivas de crescimento, para este ano, para 3 por cento, dois décimos a menos que a previsão feita em Julho, face ao agravar da disputa comercial.

7 Jan 2020