China | Correspondentes estrangeiros com piores condições de trabalho

As condições de trabalho da imprensa estrangeira na China “deterioraram-se consideravelmente”, em 2020, segundo o Clube de Correspondentes Estrangeiros no país asiático, após a expulsão de 18 jornalistas e o aumento da pressão exercida pelas autoridades.

“Pelo terceiro ano consecutivo, nenhum correspondente declarou que as suas condições de trabalho melhoraram”, apontou o Clube de Correspondentes Estrangeiros na China (CCEC) no seu relatório anual. A China expulsou, em 2020, pelo menos 18 jornalistas estrangeiros que trabalhavam para os jornais norte-americanos New York Times, Wall Street Journal e Washington Post. Tratou-se da “maior expulsão de jornalistas estrangeiros desde os dias do massacre de Tiananmen, há mais de 30 anos”, segundo o Clube.

A China deixou também de atribuir novas credenciais de imprensa aos correspondentes de órgãos norte-americanos. A validade das credenciais de imprensa de pelo menos 13 correspondentes foi reduzida para seis meses ou menos. O documento, essencial para os jornalistas trabalharem no país, costuma ser válido por um ano. BBC, Globe and Mail, Le Monde ou Voice of America foram alguns dos órgãos afectados. Outro tipo de pressão, dirigida a funcionários chineses de órgãos internacionais, “aumentou” também, no último ano, com ameaças de não renovação das autorizações de trabalho.
Lusa

2 Mar 2021

Direitos humanos | Pequim vai publicar relatório que visa Estados Unidos

O Conselho de Estado chinês promete divulgar, “num futuro próximo”, um documento sobre a situação dos direitos humanos nos EUA em 2020 e que revela a forma “incompetente” como os norte-americanos geriram a pandemia da covid-19, sem esquecer “a desordem da democracia” no país ou a discriminação racial de que sofrem as minorias

 

O departamento de comunicação do Conselho de Estado chinês vai publicar, “num futuro próximo” um relatório sobre alegadas violações de direitos humanos ocorridas nos EUA em 2020, foi anunciado esta segunda-feira.

Segundo a agência Xinhua, o documento, com cerca de 15 mil caracteres chineses tem como título “O relatório das violações dos direitos humanos nos EUA em 2020” e apresenta detalhes sobre “a incompetência dos EUA” na gestão da pandemia da covid-19, “a desordem da democracia que desencadeou o caos político” ou ainda a “discriminação racial de que sofrem as minorias”.

O relatório promete ainda apresentar mais detalhes sobre “a agitação social que ameaça a segurança pública”, o aumento da “polarização entre ricos e pobres que agrava a desigualdade social” e o “atropelo dos EUA nas regras internacionais”, o que levou a “desastres humanitários”.

“O grande agitador”

Relativamente à pandemia, o relatório promete explicitar “a desordem das instituições democráticas americanas que levou ao caos político, o que levou a uma divisão na sociedade”, escreve a Xinhua. É também referido um sistema político com “dinheiro contaminado” que levou à “supressão da opinião pública”, transformando eleições num “espectáculo de um homem só” da classe rica, numa referência ao ex-Presidente Donald Trump.

Além disso, o relatório do Conselho de Estado aponta que “a confiança da população no sistema democrático americano caiu para o mais baixo nível dos últimos 20 anos”.

Sobre a discriminação, o Conselho de Estado chinês denota que as minorias étnicas nos EUA “sofrem de uma sistemática discriminação racial e que têm estado numa situação difícil”.

O relatório dá ainda conta de que as infecções por covid-19 atingiram três vezes mais os afro-americanos do que as pessoas de cor branca, além de que “morreram duas vezes mais”.

A Xinhua escreve também que o documento aborda a questão “do comércio de armas e o facto de os incidentes com armas terem registado um número recorde nos EUA, onde a confiança na ordem social diminuiu”. Focando-se no aumento do desemprego devido à pandemia, o Conselho de Estado chinês conclui que a América “está a tornar-se no grande agitador da segurança global e da estabilidade”.

2 Mar 2021

Covid-19 | Vacinação arranca nas Filipinas apesar de dificuldades no abastecimento

A campanha de vacinação contra a covid-19 arrancou hoje nas Filipinas, um dos países mais afetados pela pandemia no sudeste da Ásia, apesar das dificuldades de fornecimento. Com mais de 576.000 casos e 12.318 mortes desde o início da pandemia, as Filipinas são o segundo país mais afectado no sudeste da Ásia, depois da Indonésia.

O país enfrenta igualmente uma grave crise económica, devido ao confinamento prolongado, que o Presidente, Rodrigo Duterte, prometeu aliviar, quando houver um número substancial de pessoas vacinadas.

“A nossa economia está realmente em baixo, por isso quanto mais depressa a vacinação for feita, melhor”, disse Duterte, durante uma conferência de imprensa transmitida pela televisão, no domingo, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

Os primeiros a serem vacinados incluem membros do Governo, profissionais de saúde, militares e agentes da polícia, em seis hospitais da capital, em Manila.

O país recebeu no domingo 600 mil doses de vacinas do laboratório Sinovac, doadas pela China. Além destas, as Filipinas encomendaram mais 25 milhões de doses do laboratório chinês, ainda sem data prevista de entrega.

A chegada ao país das primeiras 525.600 doses da vacina da AstraZeneca, inicialmente prevista para hoje, foi adiada uma semana, informou o secretário da Saúde, Francisco Duque III. A doação da China representa uma pequena fração do total de 148 milhões de doses que o Governo tem estado a negociar para vacinar a população, de 70 milhões de pessoas.

O Presidente foi alvo de críticas pelo atraso no início da vacinação, mas Duterte acusou os países mais ricos de açambarcarem grandes quantidades, prejudicando o acesso às vacinas dos países mais pobres. Além dos problemas de fornecimento, o país enfrenta o ceticismo da população em relação à vacina chinesa, com menos eficácia, quando comparada com outras disponíveis.

O responsável governamental pela aquisição de vacinas, Carlito Galvez Jr, foi hoje vacinado para dar o exemplo, no Hospital Geral de Manila. “Não devemos esperar pela dita melhor vacina. Não há uma vacina melhor, porque as melhores vacinas são as efectivas e eficientes que chegam cedo”, disse.

1 Mar 2021

ANP | Analisado relatório de trabalho do comité permanente que será discutido em Março

Legisladores chineses realizaram discussões em grupo no sábado para deliberar sobre o relatório de trabalho do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP), a principal órgão da China. O relatório de trabalho será submetido à assembleia anual em Março para deliberação. Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente do ANP, participou da deliberação, que também contou com a presença de membros do Comité Permanente do ANP e membros dos comités especiais do ANP.

Os participantes concordaram que, desde a sessão anual anterior do ANP em maio de 2020, “o Comité Permanente alinhou o seu trabalho com o trabalho geral do Partido e do estado, cumpriu escrupulosamente o dever prescrito pela Constituição e pelas leis e fez novos progressos em vários aspectos de seu trabalho”.

O comité permanente promoveu a implementação da Constituição salvaguardando a autoridade da Constituição e melhorando as leis relacionadas, de acordo com as discussões do grupo. Os participantes observaram que o comité permanente acelerou a legislação em áreas-chave, com importantes avanços, como saúde pública, segurança nacional, protecção ambiental e governação social. “Ao exercer eficazmente o seu poder de fiscalização, a comissão promoveu o trabalho do governo, da Comissão Nacional de Fiscalização, do Supremo Tribunal Popular e da Suprema Procuradoria Popular”, afirmaram.

O comité também facilitou o cumprimento das metas de desenvolvimento económico e social estabelecidas para o período do 13º Plano Quinquenal do país (2016-2020) e auxiliou na elaboração do 14º Plano Quinquenal (2021-2025), de acordo com o grupo discussões. Os membros do Comité Permanente do ANP endossaram o relatório de trabalho e concordaram em submetê-lo à próxima sessão anual do ANP para deliberação. Os presentes propuseram sugestões para modificar o relatório de trabalho e melhorar o trabalho dos congressos populares.

1 Mar 2021

Covid-19 | Vigilância digital, alarmes e comités de bairro contra o vírus

Reportagem de João Pimenta, da agência Lusa

 

Em Pequim, cidade com 23 milhões de habitantes e 35 casos de covid-19 na altura, Judith Teunissen desafiou as probabilidades ao cruzar-se com um taxista infectado, experimentando prontamente a eficácia da máquina chinesa em suprimir o coronavírus. “Dois dias depois de ter apanhado o táxi, estava no supermercado quando recebi uma chamada”, conta a holandesa à agência Lusa.

Do outro lado, um funcionário do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China (CDC, na sigla em inglês) foi directo ao assunto: “Apanhou um táxi na quinta-feira, certo? Vamos agora buscá-la de ambulância. Onde está?”. Judith pensou tratar-se de uma “brincadeira”. “O funcionário falava extremamente rápido e continuava a repetir que era do CDC”, descreve. “Eu nem sabia o que significa CDC”, conta a holandesa.

O episódio remonta a 10 de Janeiro, quando a capital chinesa enfrentava um surto que somava então 35 infectados activos, depois de quase meio ano sem casos. As autoridades de saúde ordenaram que Teunissen fizesse quarentena, por um período de 21 dias, num centro designado fora da cidade. Com a ajuda da embaixada da Holanda em Pequim, no entanto, a holandesa conseguiu acordar que a quarentena fosse feita em casa.

Como condição, um alarme foi instalado no apartamento, para alertar as autoridades caso a porta se abrisse. “No espaço de seis horas instalaram o alarme e tive que assinar um documento a prometer que não sairia de casa”, conta. Durante a primeira semana, Teunissen foi testada quatro vezes para a covid-19. O comité do bairro onde mora ficou encarregado de levar comida e compras de supermercado e de recolher o lixo.

Desde Março passado, quando o Partido Comunista Chinês declarou vitória sobre a doença, as autoridades têm actuado rapidamente para impedir que novos surtos se alastrem, colocando sob quarentena bairros ou cidades inteiras, enquanto testam massivamente a população local, assim que os primeiros casos são diagnosticados.

O relato de Judith Teunissen ilustra a eficácia do sistema chinês em lidar com a doença, mas também o seu lado mais sombrio. O vírus foi mantido sob controle, mas apenas devido ao poder do regime de ditar mudanças colossais, enquanto dispõe de um amplo aparelho de vigilância. Praticamente todas as pessoas que vivem na China são hoje obrigadas a usar um aplicativo no telemóvel que regista em detalhe onde o usuário esteve. O aplicativo é exigido à entrada de edifícios de escritórios, centros comerciais ou supermercados.

Comités de Prevenção da Epidemia foram oficialmente criados em todos os bairros, ilustrando a mobilização nacional, depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter designado o combate ao vírus como uma “guerra popular”. O sucesso permitiu ao Partido Comunista validar o seu governo de partido único, apesar de os estágios iniciais do surto, na cidade de Wuhan, centro da China, revelarem que as autoridades foram lentas a agir.

No final de dezembro de 2019, já vários médicos em Wuhan alertavam para os perigos de uma nova doença desconhecida mas, segundo relatos veiculados pelos media na altura, a polícia deteve oito deles para os “educar” sobre os perigos associados a espalhar rumores.

Mas assim que a liderança do Partido Comunista se mobilizou, fê-lo com resolução. O anúncio do bloqueio de Wuhan, em 23 de Janeiro, surgiu a meio da noite, sem aviso ou debate público.

Durante a primeira semana confinada, Judith Teunissen fez exercício físico e viu documentários. Na segunda, começou a pensar na vida. Mas à terceira, a holandesa já tinha pensado em tudo o que havia para pensar. “Estava já a repetir pensamentos”, lembra. “É muito deprimente”, descreve. “É como se não houvesse mais nada. Só o vazio”.

1 Mar 2021

China-EU | Mais cooperação do que competição, diz o Ministério do Comércio

O Ministério do Comércio chinês enfatizou que a China e a União Europeia (UE) são parceiros e não rivais, e que a cooperação entre os dois lados é muito maior do que qualquer concorrência.

“A China deseja trabalhar junto com a UE para salvaguardar e desenvolver um sistema comercial multilateral”, disse o ministério por meio de um comunicado à imprensa em resposta a um documento de política comercial divulgado pela Comissão Europeia em 18 de Fevereiro.

“A China aprecia o facto de que a UE continuará a defender o multilateralismo e uma ordem internacional baseada em regras, apoiar políticas comerciais que caracterizem abertura e engajamento e dar importância às relações económicas e comerciais com a China como sempre, conforme declarado no documento”, diz o comunicado.

No entanto, deve ser apontado que a afirmação da UE de que a China segue “um modelo capitalista de estado distinto”, que “apresenta desafios crescentes para o sistema de governação económica global estabelecido”, “não é verdade”, disse o ministério. “Também é infundado dizer que um dos principais motores da crise que a Organização Mundial do Comércio (OMC) enfrenta é que a adesão da China à organização não levou à sua transformação numa economia de mercado. A China rejeita firmemente tais afirmações e acusações”, sublinhou o ministério.

“A China tem construído uma economia de mercado socialista de forma abrangente, permitindo que o mercado desempenhe um papel decisivo na alocação de recursos e desempenhando plenamente o papel do governo. A história mostra que o sistema de governação económica do país contribui com a sabedoria chinesa para a governação económica global”, lê-se no comunicado à imprensa.

O ministério disse ainda que a China foi sempre um participante activo, um firme apoiante, com importantes contribuições para a OMC. Para a China, “as raízes da crise actual da OMC são o unilateralismo e o protecionismo.

Num momento em que a OMC enfrenta sérios desafios, a China e a UE devem trabalhar juntas para salvaguardar a autoridade e representatividade do sistema de comércio multilateral e fortalecer a solidariedade e aumentar a confiança entre os membros da OMC”, concluiu o ministério.

De acordo com o documento, a UE adotará restrições mais rígidas na selecção de investimentos estrangeiros, controlo de exportações, compras públicas e subsídios estrangeiros.

Por seu lado, a China “espera que a UE aumente a transparência das suas políticas, mantenha a equidade, a justiça e a não discriminação e evite impedir o comércio e os investimentos internacionais normais”, respondeu o ministério, acrescentando que “diferentes sistemas sociais e modelos económicos não devem impedir as duas partes de agirem com uma cooperação mutuamente benéfica”.

A China está pronta para trabalhar com a UE para fortalecer o diálogo, aprofundar a cooperação e lidar adequadamente com as diferenças para impulsionar o desenvolvimento estável e de longo prazo das relações económicas e comerciais China-UE. Por outro lado, espera que a UE continue a aderir ao livre comércio e ao multilateralismo, trabalhar com a China para se opor ao unilateralismo e ao protecionismo e facilitar a recuperação da economia mundial o mais rápido possível, lê-se ainda no comunicado.

1 Mar 2021

Macron pede a Xi Jinping equilíbrio na relação económica

O Presidente de França, Emmanuel Macron, pediu ao homólogo chinês, Xi Jinping, que equilibre a relação económica entre o país asiático e a União Europeia (UE), face a uma balança comercial muito favorável a Pequim. Macron e Xi falaram na quinta-feira, segundo nota divulgada sexta-feira pela presidência francesa.

Os dois líderes abordaram ainda a distribuição de vacinas, testes e tratamentos médicos contra a covid-19 nos países pobres, e o combate às alterações climáticas. Macron sublinhou, na sequência do acordo de investimento entre a UE e a China, a importância de um “reequilíbrio” na cooperação económica bilateral, “visando criar condições para uma concorrência leal e melhorar a reciprocidade no acesso ao mercado”, lê-se no comunicado.

Os dois líderes sinalizaram o apoio à iniciativa multilateral ACT-A, para apoiar os países africanos na pandemia, e Macron exortou a China a dar uma contribuição, especialmente com vacinas. O líder francês exortou Pequim a apoiar a moratória da dívida dos países africanos, no âmbito de uma iniciativa do G20, e antes da cimeira que se realiza em Maio, em Paris, sobre esta questão.

Pequim foi alvo de críticas pela sua política de concessão de empréstimos a países em desenvolvimento, por meio de bancos chineses, para a realização de grandes projectos de infraestrutura, que também são construídos por empresas chinesas, mas que deixam os países beneficiários fortemente endividados.

Macron parabenizou ainda Xi pelos novos objetivos que a China estabeleceu para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e descarbonizar a economia, segundo o comunicado.

1 Mar 2021

China avisa EUA: É “impossível” dissociar as economias

A China avisou ontem os Estados Unidos de que é “impossível” forçar a desassociação das economias dos dois países, numa reacção à decisão do Governo norte-americano de revisar a estratégia de Washington no abastecimento em sectores-chave. “É impossível pressionar por uma dissociação das indústrias ou usar o poder político para forçar mudanças nas leis económicas”, apontou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Zhao Lijian.

Na quarta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que os Estados Unidos “devem garantir que a escassez de produção, interrupções comerciais, desastres naturais ou acções de rivais e adversários estrangeiros não voltam a deixar a América numa posição vulnerável”. O objectivo de Washington é não depender da produção e importação de bens produzidos por “rivais estrangeiros”, numa referência à China.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, deve assinar um decreto na quarta-feira que estabelece 100 dias para apresentar um relatório detalhado sobre a reavaliação das cadeias estratégicas para o país.

“A China espera que os Estados Unidos cumpram as regras do livre comércio e protejam a estabilidade e confiabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”, respondeu o porta-voz chinês, acrescentando que não deve ser esquecido que “os interesses de todos os países estão profundamente interligados”. “A China opõe-se a quaisquer acusações infundadas ou estigmatização das suas actividades económicas e comerciais”, apontou.

Na quarta-feira, o novo ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, disse que está à “espera e disposto a trabalhar” com os Estados Unidos para “fortalecer o comércio” bilateral, mas ressaltou que vai ser preciso “lidar com as discrepâncias” nesta matéria.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também pediu aos EUA esta semana que removam as taxas alfandegárias impostas aos produtos chineses e levantem as sanções às empresas e instituições chinesas, visando melhorar as relações, que se deterioraram rapidamente durante a presidência de Donald Trump.

Embora Biden tenha prometido uma abordagem diferente, o seu Governo parece inclinado em manter a pressão sobre o país asiático.

26 Fev 2021

China | Duas novas vacinas com eficácia de 65% e 72%

Duas farmacêuticas chinesas, a estatal Sinopharm e a privada CanSino, anunciaram ontem a conclusão do desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, que apresentam eficácia de 72% e 65%, respectivamente.

O Instituto de Wuhan de Produtos Biológicos, subsidiária da Sinopharm, anunciou que já submeteu à Administração Nacional de Produtos Médicos chinesa o pedido de aprovação da sua nova vacina, com uma eficácia de 72.51% contra o novo coronavírus.

A China desenvolveu e está a usar na sua campanha de vacinação interna duas vacinas contra a covid-19, através da Sinopharm em Pequim e da Sinovac, cuja vacina CoronaVac está a ser utilizada internamente e em países como o Brasil. Os resultados da CoronaVac em ensaios clínicos no estrangeiro foram díspares, atingindo os 91% de eficácia na Turquia, mas apenas 50,6% num estudo de maiores dimensões no Brasil.

Ambas as vacinas Sinopharm foram elaboradas com o método tradicional de vírus desactivados, e não com a nova biotecnologia utilizada por empresas como a Pfizer e Moderna, que alcançaram eficácia superior a 90%.

Também a CanSino anunciou que as autoridades chinesas já estão a avaliar a sua nova vacina, que em ensaios clínicos demonstrou uma eficácia de 65.28%, com uma só dose, utilizando uma tecnologia semelhante às da AstraZeneca e Johnson & Johnson.

Desenvolvida em colaboração com a Academia de Ciências Médicas Militares, instituto dirigido pelo Exército de Libertação do Povo chinês, a vacina da CanSino já foi aprovada para uso de emergência no estrangeiro, nomeadamente no México e Paquistão.

A transparência do desenvolvimento de vacinas pela China tem sido questionada noutros países, nomeadamente na França, onde o presidente Emmanuel Macron disse este mês não haver “absolutamente nenhuma informação” sobre os imunizantes, que não são tão fiáveis como os ocidentais.

Não obstante, alguns países da União Europeia têm considerado comprar vacinas chinesas, dada a incapacidade de fabricantes europeus ou norte-americanos suprirem as necessidades, e a Hungria tornou-se no primeiro Estado-membro a imunizar os seus cidadãos com a vacina do laboratório Sinopharm.

“Estamos a começar a vacinação com lotes chineses [da vacina do laboratório Sinopharm]”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, numa breve mensagem publicada na rede social Facebook. As primeiras 550.000 doses chegaram da China em meados de fevereiro, num total de cinco milhões, o suficiente para vacinar um quarto da população de 9,8 milhões.

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses este ano, e 4.000 milhões até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento. Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

26 Fev 2021

Covid-19 | Taiwan aligeira restrições à entrada de estrangeiros e escalas no aeroporto

Taiwan vai começar a levantar algumas restrições à entrada de visitantes estrangeiros a partir de 1 de março, permitindo igualmente a escala de passageiros em trânsito no aeroporto internacional, anunciaram as autoridades.

O Centro Central de Comando da Epidemia de Taiwan informou que os visitantes que desejem deslocar-se à ilha em viagens de negócios podem solicitar uma autorização especial nos escritórios de representação do território no estrangeiro, segundo a agência Associated Press (AP).

Para isso, terão de apresentar resultado negativo ao teste de coronavírus, realizado até três dias antes da viagem, devendo ser novamente testados após cumprirem duas semanas de quarentena obrigatória.

Os viajantes de uma lista de países e regiões classificados como de baixo ou médio risco em termos de infeções de covid-19 podem requerer períodos de quarentena reduzidos, entre cinco a sete dias. Estes incluem Macau, Nova Zelândia, Austrália, Singapura, Vietname e Camboja.

As alterações das restrições sanitárias na ilha também vão permitir aos estrangeiros em trânsito fazer escala no aeroporto internacional de Taiwan. A notícia tem impacto em Macau, já que Taiwan era um dos raros locais em que era permitido fazer escala em voos internacionais, até à interdição, em 01 de janeiro.

Ao abrigo das novas regras, os viajantes estrangeiros em trânsito podem passar até oito horas no aeroporto internacional de Taiwan para fazer escala, segundo o jornal Taipei Times, devendo igualmente apresentar teste com resultado negativo realizado nas 72 horas anteriores.

As novas regras vão igualmente facilitar a visita de cidadãos chineses em determinadas circunstâncias, incluindo por razões humanitárias, e permitir o regresso de estudantes da China a instituições de ensino superior em Taiwan.

26 Fev 2021

Presidente declara êxito da China na erradicação da pobreza extrema

O Presidente da China, Xi Jinping, declarou ontem oficialmente que o país concluiu a “árdua tarefa” de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram daquela condição nos últimos oito anos. “Hoje, declaramos solenemente o sucesso completo na luta contra a pobreza no país”, disse Xi, numa cerimónia no Grande Palácio do Povo, em Pequim, perante milhares de membros do Partido Comunista Chinês (PCC).

O presidente destacou que os “problemas regionais da pobreza foram resolvidos”, pelo que a China encerrou a sua “árdua tarefa de erradicar a pobreza extrema, gerando outro milagre incrível”.

O governante também indicou que 832 vilas e 128.000 cidades foram retiradas da lista de locais empobrecidos, segundo os “padrões actuais”. Xi ressaltou que a meta foi alcançada em 2021, o ano do centenário da fundação do PCC.

Desde que a China lançou o programa de reforma e abertura, no final dos anos 1970, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza, contribuindo assim para cerca de 70% na redução da pobreza extrema em todo o mundo, durante aquele período.

Em 2012, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelas Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
Residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas. O investimento em infra-estruturas e habitação permitiu também tirar do isolamento comunidades inteiras.

Segundo Xi Jinping, a erradicação da pobreza extrema foi possível com uma “abordagem realista e pragmática” e graças às “vantagens políticas do sistema socialista, que pode reunir os recursos necessários para concretizar grandes tarefas”.

A China investiu o equivalente a cerca de 202.000 milhões de euros, nos últimos oito anos, no combate à pobreza, disse Xi. Cerca de três milhões de funcionários do PCC foram enviados para as áreas rurais para trabalharem na campanha de erradicação da pobreza extrema.

Em 2019, a China fixou o limiar de extrema pobreza em 4.000 yuans por ano, o que representa 1,3 dólares por dia. O Banco Mundial fixa o limiar em 1,5 euros.

26 Fev 2021

Presidente chinês declara êxito da China na erradicação da pobreza extrema

O Presidente da China, Xi Jinping, declarou hoje oficialmente que o país concluiu a “árdua tarefa” de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram daquela condição nos últimos oito anos.

“Hoje, declaramos solenemente o sucesso completo na luta contra a pobreza no país”, disse Xi, numa cerimónia no Grande Palácio do Povo, em Pequim, perante milhares de membros do Partido Comunista Chinês (PCC).

O presidente destacou que os “problemas regionais da pobreza foram resolvidos”, pelo que a China encerrou a sua “árdua tarefa de erradicar a pobreza extrema, gerando outro milagre incrível”.

O governante também indicou que 832 vilas e 128.000 cidades foram retiradas da lista de locais empobrecidos, segundo os “padrões atuais”.

Xi ressaltou que a meta foi alcançada em 2021, o ano do centenário da fundação do PCC.

Desde que a China lançou o programa de reforma e abertura, no final dos anos 1970, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza, contribuindo assim para cerca de 70% na redução da pobreza extrema em todo o mundo, durante aquele período.

Em 2012, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelas Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.

Residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas.

O investimento em infra-estruturas e habitação permitiu também tirar do isolamento comunidades inteiras.

Segundo Xi Jinping, a erradicação da pobreza extrema foi possível com uma “abordagem realista e pragmática” e graças às “vantagens políticas do sistema socialista, que pode reunir os recursos necessários para concretizar grandes tarefas”.

A China investiu o equivalente a cerca de 202.000 milhões de euros, nos últimos oito anos, no combate à pobreza, disse Xi.

Cerca de três milhões de funcionários do PCC foram enviados para as áreas rurais para trabalharem na campanha de erradicação da pobreza extrema. Em 2019, a China fixou o limiar de extrema pobreza em 4.000 yuans por ano, o que representa 1,3 dólares por dia. O Banco Mundial fixa o limiar em 1,5 euros.

25 Fev 2021

ONG diz que Coreia do Norte aprisiona há décadas prisioneiros de guerra sul-coreanos

Uma organização dos direitos humanos da Coreia do Sul denunciou ontem que o regime de Pyongyang usa, há décadas, prisioneiros de guerra sul-coreanos e respectivos descendentes em “trabalhos forçados” numa rede de minas de carvão.

Segundo um relatório da Aliança de Cidadãos para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (NKHR, na sigla em inglês), com sede em Seul, dezenas de milhares de prisioneiros de guerra sul-coreanos nunca foram libertados por Pyongyang após a Guerra da Coreia (1950-1953).

Esses prisioneiros foram enviados para as minas de carvão em condições semelhantes à escravidão e os filhos e netos “herdaram esse destino brutal”, refere o documento.

Na Coreia do Norte, existe o chamado sistema ‘songbun’, que classifica os cidadãos de acordo com suas origens sociais e políticas. A lealdade absoluta às autoridades é um fator crucial e aqueles cujos ancestrais colaboraram com o inimigo japonês ou foram capitalistas estão na base da escala.

“Este sistema ‘songbun’ foi passado para os filhos e netos dos prisioneiros de guerra, que continuam a trabalhar nas minas de carvão, chumbo, zinco, magnesite e outras”, denuncia a NKHR. “Estão proibidos de mudar de residência e de trabalho ou frequentar o ensino superior”, acrescenta-se no documento.

Pyongyang invadiu a Coreia do Sul em 1950, até ao armistício, centenas de milhares de soldados dos dois lados foram feitos prisioneiros na chamada Zona Desmilitarizada (DMZ, na sigla em inglês).

Nos termos da Convenção de Genebra (em vigor desde 1949), os Estados não podem manter um prisioneiro de guerra após o fim do conflito, mas a Coreia do Norte apenas autorizou o regresso de 8.343 sul-coreanos.

Em 2014, um relatório das Nações Unidos estimou em pelo menos 50.000 o total de prisioneiros de guerra mantidos na Coreia do Norte após o final do conflito, estando vivos, na altura, cerca de 500.

Em declarações à agência noticiosa France-Presse (AFP), a autora do relatório, Joanna Hosaniak, indicou que o “calvário” dos detidos foi “ignorado” pelas autoridades de Seul e nem sequer foram alvo de discussão nas cinco cimeiras inter-coreanas.

“Não há informações nem interesse” por este caso na Coreia do Sul, lamentou Hosaniak. A Coreia do Norte, por seu lado, afirma respeitar os direitos humanos e garantiu ter devolvido todos os prisioneiros de guerra.

25 Fev 2021

China diz que programa nuclear do Irão está num “ponto crítico”

A China considera que o programa nuclear do Irão está num “ponto crítico” e defende que suspender as sanções ao país é a chave para quebrar o impasse.

“A questão nuclear iraniana está num ponto crítico, que oferece oportunidades e desafios”, disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

“Sempre acreditámos que o retorno dos EUA ao acordo e o levantamento das sanções contra o Irão são as chaves para quebrar o impasse”, acrescentou.

O Irão começou, na terça-feira, a restringir oficialmente as inspeções internacionais das suas instalações nucleares, numa tentativa de pressionar os países europeus e os Estados Unidos a suspenderem as sanções que paralisaram a economia do país e a restaurar o acordo nuclear de 2015.

Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China é parte do acordo. Pequim mantém relações diplomáticas e estreitos laços económicos com Teerão.

O país asiático opõe-se às sanções unilaterais aplicadas pelos EUA. Pequim trabalhou com a Alemanha, França, Reino Unido e Rússia para manter o acordo, após a decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar os EUA em 2018. O novo governo do presidente Joe Biden já disse querer reverter a decisão.

25 Fev 2021

Justiça chinesa obriga homem a indemnizar ex-mulher pelos trabalhos domésticos

A justiça chinesa obrigou um homem a indemnizar a ex-mulher num valor de 50 mil yuan como “compensação” pelas tarefas domésticas realizadas durante o casamento. Segundo o Código Civil da China, que entrou em vigor este ano, os cônjuges que se divorciam têm, pela primeira vez, o direito de reclamar indemnização caso tenham assumido mais responsabilidades domésticas.

A dona de casa, identificada como Wang, contou num tribunal de Pequim que durante o seu casamento cuidou “do filho e das tarefas domésticas”, enquanto o “marido se absteve” dessas funções.

A esposa exigiu assim o pagamento de uma compensação financeira, de acordo com um relatório do tribunal, publicado em 04 de fevereiro.

O tribunal decidiu que a mulher tinha assumido mais tarefas domésticas e exigiu que o ex-marido pagasse 50 mil yuans como compensação. Wang, que reclamou 160.000 yuans, recorreu da decisão, segundo a imprensa local.

Devido a leis mais liberais e à crescente independência financeira das mulheres, os divórcios explodiram na China nas últimas duas décadas. A situação preocupa o Governo, que quer impulsionar a natalidade, que está em queda acelerada. No ano passado houve menos 15% de nascimentos do que no ano anterior.

25 Fev 2021

Myanmar | Militares apostam na diploma enquanto manifestações prosseguem

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Myanmar, designado pela junta militar, deslocou-se esta quarta-feira a Banguecoque para conversações com as potências regionais, que tentam um acordo para terminar com os protestos após o golpe militar no país asiático.

Estas conversações surgem num momento em que o balanço da repressão das manifestações aumentou para cinco mortos, com uma organização de socorro local a anunciar a morte de um manifestante sob detenção. O ministro Wunna Maung Lwin reuniu-se com os seus homólogos da Tailândia e Indonésia no primeiro encontro conhecido entre um membro da junta e representantes de Governos estrangeiros.

Há várias semanas que o exército birmanês é alvo de condenações internacionais pelo derrube da chefe do Governo civil Aung San Suu Kyi num golpe militar em 1 de Fevereiro. A junta militar enfrenta manifestações diárias maciças e um movimento de desobediência civil que abrange todos os sectores da sociedade de Myanmar.

A ministra dos Negócios Estrangeiros indonésia, Retno Marsudi, manifestou a sua preocupação pela segurança e bem-estar da população birmanesa, ao considerar necessário um “processo de transição democrática inclusivo”. “Pedimos a todas as partes que demonstrem contenção e não recorram à violência, para evitar vítimas e efusões de sangue”, declarou aos jornalistas em Jacarta.

Nas duas últimas semanas, Marsudi evocou a crise em Myanmar no decurso de visitas ao Bornéu e Singapura, e durante contactos telefónicos com outros homólogos da Ásia do Sudeste. A ministra tinha manifestado a intenção de se deslocar a Naypyidaw, capital administrativa de Myanmar, para transmitir pessoalmente a posição da Indonésia e de outros países, mas disse que a vista foi adiada.

Centenas de manifestantes voltaram a concentrar-se esta quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, defronte da embaixada da Indonésia no centro de Rangum, a maior cidade do país. No protesto, exprimiram o seu descontentamento pelo diálogo mantido entre o país vizinho e a junta – oficialmente designada Conselho de Administração do Estado –, e exibiram cartazes com a frase “Parem de negociar com eles”, e “Indonésia, não apoies o ditador”, indicou a agência noticiosa AFP.

Nas últimas três semanas, os generais birmaneses não cessaram de intensificar o recurso à força para enfraquecer a mobilização a favor do regresso do Governo civil, com milhares de pessoas a descerem às ruas em desfiles diários.

O número de mortes desde o golpe de Estado subiu para cinco após a morte de um homem de 20 anos que foi detido e estava ferido numa perna após uma manifestação no passado fim de semana em Mandalay, a segunda maior cidade do país.

As manifestações prosseguiram hoje por todo o país, desde Rangum – onde grupos étnicos minoritários com os seus trajes tradicionais desfilaram com as suas insígnias – até Mandalay, onde os manifestantes surgiram montados em elefantes, onde foi colocada a frase “Abaixo a ditadura militar”.

Desde a sua detenção na manhã de 01 de fevereiro que Aung San Suu Kyi não é vista em público. A laureada com o prémio Nobel da Paz, 75 anos, mantida em local secreto desde a sua prisão, foi indiciada por motivos não políticos, devido supostamente a ter importado “ilegalmente” intercomunicadores e violado uma lei sobre a gestão das catástrofes naturais. Uma primeira comparência em tribunal está agendada para 1 de Março.

25 Fev 2021

Pequim opõe-se a tentativas para a “independência de Taiwan”

Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, expressou nesta quarta-feira uma oposição “resoluta a qualquer tentativa que procure a independência de Taiwan”, incluindo torná-la conveniente para as forças separatistas por meio das chamadas “emendas constitucionais”. Ma fez estes comentários ao responder a uma pergunta sobre o plano do corpo legislativo da ilha para iniciar as chamadas “emendas constitucionais”.

“As actividades separatistas relativas à independência de Taiwan prejudicam severamente o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito e representam ameaças à paz e à estabilidade entre os dois lados”, disse Ma.

“Prejudicando gravemente os interesses comuns dos compatriotas de ambos os lados do Estreito e os interesses fundamentais da nação chinesa, tais actividades enfrentarão contramedidas resolutas do continente”, acrescentou Ma.

Ainda segundo Ma Xiaoguang, os compatriotas de Taiwan na parte continental da China sentiram-se “em casa” durante a Festa da Primavera, já que a região fez grandes esforços para resolver problemas práticos e garantiu-lhes um feriado próspero.

Uma vez que mais compatriotas e empresas da ilha chinesa celebravam a Festa da Primavera no continente, devido à COVID-19, particularmente às políticas de prevenção da epidemia da autoridade do Partido Democrático Progressista, os departamentos dos assuntos de Taiwan em todo o país foram requisitados para organizarem actividades especiais no sentido de garantir que eles tivessem um festival feliz, lembrou o oficial.

“Isso significa que as pessoas de ambos os lados do Estreito de Taiwan compartilham o mesmo sangue e estão realmente conectadas, o que serve como o ímpeto interno para que as relações continuem a avançar”, concluiu Ma.

25 Fev 2021

Covid-19 | Hong Kong vai gastar 120 mil milhões de dólares em apoios

O Governo de Hong Kong vai gastar 120 mil milhões de dólares de Hong Kong em apoios a empresas e residentes afectados pela pandemia de covid-19, anunciaram as autoridades. As medidas, que incluem benefícios fiscais, empréstimos para desempregados e vales de consumo, destinam-se a estabilizar a economia, anunciou hoje o ministro das Finanças de Hong Kong, Paul Chan, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

O ministro prevê que a economia do território cresça entre 3,5% a 5,5% este ano, após a contração de 6,1% em 2020. O orçamento para 2021 “visa aliviar as dificuldades e pressões causadas pela recessão económica e a epidemia”, disse Chan. Os desempregados vão poder obter empréstimos até 80.000 dólares de Hong Kong, num programa isento de pagamentos durante o primeiro ano, com juros de 1%.

As medidas foram anunciadas depois de as autoridades terem informado, na semana passada, que a taxa de desemprego na antiga colónia britânica atingiu os 7% entre Novembro de 2020 e Janeiro deste ano, a mais elevada desde Abril de 2004.

Serão também emitidos vales de compras no valor de 5.000 dólares de Hong Kong para estimular o consumo dos residentes, anunciou o ministro, além de benefícios fiscais para empresas e indivíduos.

Chan disse que o défice fiscal de Hong Kong está num nível recorde, depois de o Executivo ter gasto no ano passado 300 mil milhões de dólares de Hong Kong em medidas de apoio para combater os efeitos económicos da pandemia, incluindo subsídios aos residentes e empresas.

24 Fev 2021

Covid-19 | Restrições ameaçam ajuda humanitária na Coreia do Norte, diz ONU

As medidas de restrição impostas por Pyongyang para conter a pandemia de covid-19 poderão obrigar o Programa Alimentar Mundial (PAM) a suspender as suas operações na Coreia do Norte, onde grassa a malnutrição, alertou a organização.

O país sofre há muito de uma grave escassez alimentar e as sanções internacionais impostas para pressionar o regime norte-coreano a renunciar ao programa nuclear contribuem para agravar o problema. O programa de ajuda humanitária do PAM é de longe o maior na Coreia do Norte, fornecendo todos os meses, segundo a sua página eletrónica, ajuda alimentar especial a um milhão de grávidas, mães em aleitamento e crianças.

A ajuda humanitária à Coreia do Norte, já complexa devido às sanções económicas, enfrenta um desafio suplementar devido às restrições anti-covid impostas por Pyongyang. A Coreia do Norte foi, no final de Janeiro do ano passado, o primeiro país do mundo a fechar as suas fronteiras para se proteger do novo coronavírus, que surgira na vizinha China.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.466.453 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. No entanto, a Coreia do Norte continua a dizer que não registou qualquer caso, o que os especialistas questionam. A ONU estima que mais de 40% da população norte-coreana sofra de malnutrição.

24 Fev 2021

Princípio “Patriotas a governar Hong Kong” debatido em Pequim

Um simpósio sobre a melhoria da estrutura institucional de “um país, dois sistemas” e implementação do princípio fundamental de “patriotas a governar Hong Kong” concluiu que são necessárias medidas que o implementem. Para que “um país, dois sistemas” possa ser realizado

 

Para garantir a implementação constante e sustentada de “um país, dois sistemas”, o princípio de “patriotas a governar Hong Kong” deve ser sempre respeitado, disse Xia Baolong, vice-presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, que fez um discurso no simpósio.

Elogiando “um país, dois sistemas” como o melhor arranjo institucional para manter a prosperidade e estabilidade de longo prazo de Hong Kong, Xia prometeu “sforços inabaláveis” na implementação das políticas de “um país, dois sistemas”, “o povo de Hong Kong a governar Hong Kong “e um alto grau de autonomia.

Para Xia, “patriotas a governar Hong Kong” é a essência do princípio “um país, dois sistemas”. O princípio significa, explicou, que, após o seu retorno à pátria, Hong Kong deve ser governado por patriotas e que o poder da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK ) deve estar nas mãos de patriotas.
Xia alertou ainda para o risco de agitadores anti-China, elementos da “independência de Hong Kong” e outros separatistas radicais entrarem na arquiteCtura de governação da RAEHK por meio de eleições. Por isso, pediu acções imediatas para melhorar os sistemas relacionados com o exercício do poder na RAEHK, especialmente o sistema eleitoral, de modo que o princípio “patriotas a governar Hong Kong” possa ser implementado com eficácia.

“Os membros dos órgãos executivo, legislativo e judiciário da RAEHK e os principais oficiais dos seus principais órgãos estatutários devem ser patriotas genuínos”, afirmou.

Especialistas e académicos presentes no simpósio disseram que o actual sistema eleitoral de Hong Kong não pode fornecer uma garantia institucional forte para a implementação abrangente do princípio de “patriotas a governar Hong Kong” e que medidas imediatas são necessárias para preencher as lacunas.

O simpósio foi organizado pela Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau e contou com a presença de cerca de 200 pessoas, incluindo chefes de autoridades centrais relacionadas, funcionários relevantes, especialistas e académicos do continente, do HKSAR e da RAE de Macau.

Funcionários, especialistas e académicos de Shenzhen, Hong Kong e Macau participaram do evento por meio de um link de vídeo.

24 Fev 2021

UE | Deterioração de situação política e institucional em Hong Kong limita “espaço democrático”

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou ontem que os chefes da diplomacia europeia consideram que a “situação política e institucional” em Hong Kong se tem “deteriorado”, limitando o “espaço democrático” na região.

“Actualizámos a nossa avaliação sobre a situação em Hong Kong e essa avaliação é simples: do nosso ponto de vista, a situação política e institucional em Hong Kong vem-se deteriorando, pondo em risco o cumprimento do princípio ‘um país, dois sistemas’ e limitando o espaço democrático em Hong Kong”, sublinhou após a reunião dos ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE).

Santos Silva sublinhou que a UE “tem de tornar clara” esta avaliação na relação com a China, mas também “apoiar todos aqueles que nas instituições de Hong Kong lutam hoje pela preservação do espaço democrático e pela preservação do sistema ‘um país, dois sistemas’”.

Relação multidimensional

O ministro dos Negócios Estrangeiros clarificou ainda a posição da UE relativamente ao regime chinês, qualificando-a de “relação multidimensional” e sublinhando que essa relação passa por quatro vertentes que convivem “ao mesmo tempo”.

Em áreas como a da “acção climática” e a da “transição energética”, Pequim é visto como um “parceiro indispensável” pela UE por não ser “possível” cumprir os “objetivos do acordo de Paris e proceder a uma descarbonização mundial sem a cooperação da China”. No entanto, noutras áreas de cooperação, como nas “questões de saúde global”, na “luta contra o terrorismo”, ou de “desenvolvimento de infra-estruturas físicas e de conectividade”, Santos Silva considerou que Pequim é um “parceiro selectivo”.

Já nas “áreas e regiões nas quais a influência europeia compete com a influência chinesa”, quer do “ponto de vista económico”, como do ponto de “vista político”, o chefe da diplomacia portuguesa sublinhou que a UE vê a China como “um competidor”.

Finalmente, nas “questões institucionais”, o bloco vê ainda a China como “rival sistémico” porque “manifestamente” a concepção do “Estado de Direito, das liberdades individuais, dos direitos humanos, das instituições políticas, do papel dos ‘media’”, não só é “muito diferente”, mas também “contraditória”, entre os países da UE e a China.

Acordo complexado

“Portanto, é esta complexidade que nos orienta na nossa relação com a China e que faz com que nós, ao mesmo tempo, possamos negociar acordos com a China sobre a protecção das indicações geográficas de origem – para dar o exemplo de um acordo concluído – ou que estejamos a negociar com a China um acordo sobre a proteção recíproca de investimentos e, ao mesmo tempo que fazemos isso, criticamos a China pelas violações grosseiríssimas de direitos humanos que decorrem na província de Xinjiang, pelo que nos parece ser uma perseguição a uma etnia, os Uigures, ou façamos críticas ao que nos parece ser a deterioração da situação política e institucional em Hong Kong”, elucidou.

Augusto Santos Silva anunciou ainda que os chefes de diplomacia europeia abordaram a questão chinesa com o novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken – que participou na reunião por videoconferência – tendo Santos Silva destacado a “mudança na abordagem da administração norte-americana”, que vai “num sentido de maior convergência”.

“O secretário de Estado disse-nos que os Estados Unidos não procuram nenhum conflito com a China, mas os Estados Unidos não estão disponíveis para abrandar a sua pressão sobre a China no que diz respeito ao cumprimento dos direitos humanos, no que diz respeito à liberdade de navegação no mar do Sul da China, e no que diz respeito a outras dimensões”, divulgou.

O chefe da diplomacia europeia revelou ainda que o facto de Antony Blinken não ter falado “apenas no Partido Comunista Chinês mas na China como um país”, tornou o “debate mais simples e a convergência mais evidente”.

24 Fev 2021

China acelera exportação de vacinas

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses, este ano, e 4.000 milhões, até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento. Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O laboratório estatal Sinopharm já distribuiu 43 milhões de doses da sua vacina, entre as quais 34 milhões foram administradas no país asiático, cuja campanha de vacinação está reduzida, por enquanto, a inocular grupos considerados de alto risco de infeção, segundo a cadeia de televisão CCTV.

As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e também pelas chinesas Sinovac e CanSino estão a ser utilizadas já em África, Sudeste Asiático e América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e à Hungria. A capacidade de produção da China e a rapidez na distribuição das vacinas têm seduzido a América Latina, onde mais de uma dezena de países já receberam ou aguardam as primeiras doses.

Mais de 190.000 doses da vacina Sinovac chegam ao Uruguai esta semana, e mais de um milhão e meio vão estar disponíveis, a partir de 15 de março, informou o Presidente do país sul-americano, Luis Lacalle Pou. No México, já estão disponíveis 200.000 vacinas daquela empresa, que vão ser aplicadas, na sua totalidade, no município de Ecatepec. A República Dominicana vai receber 768 mil doses. A Colômbia acabou de receber um segundo lote, de 192 mil doses, da Sinovac, e a Bolívia aguarda a chegada de meio milhão da Sinopharm, que também acaba de ser autorizado na Argentina. Países como Brasil ou o Peru também administram vacinas chinesas.

Tratam-se de vacinas “inactivadas”, o que significa que carregam uma versão geneticamente alterada do vírus que o impede de se reproduzir e desenvolver a doença, mas que gera uma resposta imunológica no organismo.

A China também entregou 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fornecer vacinas anti-Covid aos países em desenvolvimento. “Cerca de 27 países, a maioria deles em desenvolvimento, mostraram interesse em importar vacinas chinesas. Alguns já receberam remessas. No total, a China está a fornecer ajuda a 53 países em desenvolvimento e continuará a fazê-lo da melhor maneira possível”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin.

A imprensa oficial chinesa foi mais assertiva: “As vacinas chinesas tornaram-se uma fonte confiável para muitos países no combate à pandemia. A China está a cumprir com a sua palavra de tornar as vacinas um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente”, apontou, em editorial, a agência noticiosa oficial Xinhua.

A campanha chinesa gerou reações na Europa. O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, disse na semana passada que a China lançou uma “diplomacia de vacinas”, para aumentar a sua influência, especialmente nos países africanos, e alertou que “tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação”. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou que a pandemia se tornou um “momento geopolítico” em que alguns países estão a distribuir doses com objetivos políticos, o que pode ter “enormes consequências para o nosso futuro”.

24 Fev 2021

Grande Baía | Comboio subterrâneo rápido até Guangzhou

Um comboio subterrâneo capaz de atingir uma velocidade acima de 160 quilómetros por hora foi transportado para um depósito no distrito de Nansha, em Guangzhou, capital da província de Guangdong, no domingo. O comboio, fabricado pela CRRC Zhuzhou Locomotive, com sede em Zhuzhou, província de Hunan, irá operar inicialmente entre Nansha e o centro de Guangzhou, após alguns meses em que serão realizados testes de segurança.

Este será o primeiro comboio subterrâneo a viajar a 160 km/h ao serviço na área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau. A área da baía abrange nove cidades na foz do Rio das Pérolas, em Guangdong, além de Hong Kong e Macau.

O comboio subterrâneo ajudará a reduzir o tempo de viagem entre a Zona de Livre Comércio Piloto de Nansha, na foz do Rio das Pérolas, e o distrito comercial central de Guangzhou.

O comboio desempenhará também um papel na promoção da construção económica do distrito de Nansha, o local de uma das três zonas-piloto de livre comércio de Guangdong. Os outros são Qianhai, na zona económica especial de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong, e Hengqin, na zona económica especial de Zhuhai, que fica ao lado de Macau.

23 Fev 2021

Empréstimos da China para a América Latina estagnam em ano de recessão económica

Em 2020, pela primeira vez em quinze anos, os dois maiores bancos de investimento públicos da China não fizeram novos empréstimos a países da América do Sul, após quase duas décadas de avultados investimentos

 

Quando, em 2010, a economia chinesa registava um crescimento de dois dígitos e as suas empresas estatais procuravam expandir-se globalmente, a América Latina, região com escassez de capital, mas rica em recursos naturais que o país asiático precisa, surgiu como o complemento ideal. Só nesse ano, a China emprestou 35 mil milhões de dólares aos vários países da região.

Volvida uma década, a China parece ter adoptado uma postura mais cautelosa, numa altura em que a pandemia da covid-19 obrigou os credores a perdoar ou adiar o pagamento das dívidas dos países em desenvolvimento.

Os dados fazem parte de um novo relatório produzido em conjunto pela unidade de investigação Diálogo Interamericano, com sede em Washington, e o Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston, que há vários anos seguem os investimentos chineses na América do Sul.

A crescente influência económica e diplomática da China na região preocupa as autoridades dos EUA, que não conseguiram conter o seu aumento. A tarefa cabe agora ao Governo de Joe Biden, que alertou já que a influência chinesa na região é uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

A China substituiu já os EUA como o principal parceiro comercial de vários países sul-americanos. Os EUA podem ter ficado ainda mais para trás durante a pandemia, quando a China doou mais de 215 milhões de dólares em equipamento médico, incluindo luvas cirúrgicas ou máscaras, para os aliados na região, segundo o relatório.

Em comparação, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e o Departamento de Estado forneceram 153 milhões de dólares em equipamento médico. A China também realizou testes clínicos ou planos para fabricar vacinas em cinco países – Argentina, Brasil, Chile, México e Peru.

“Sem dúvida, parte da resposta à covid-19 na região tem uma face chinesa”, disse Rebecca Ray, economista da Universidade de Boston e uma das autoras do relatório. “É uma oportunidade perdida para os EUA, mas face ao continuo declínio do sector manufactureiro dos Estados Unidos, desde a década de 1990, realmente não há como competir”, lembrou.

Mas, embora a pandemia tenha aberto as portas à ajuda chinesa, também tornou mais difícil para os governos pagarem as suas dívidas a Pequim. Uma profunda recessão de 7,4% na América Latina e no Caribe, no ano passado, destruiu quase uma década de crescimento da região, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional.

No ano passado, o Equador negociou o adiamento por um ano de quase 900 milhões de dólares no pagamento da dívida com remessas de petróleo. A Venezuela – de longe o maior mutuário da região – terá recebido um período de carência semelhante.

“Com a região a enfrentar desafios sem precedentes, é improvável que a China faça empréstimos por enquanto”, disse Margaret Myers, chefe do programa Ásia – América Latina no Diálogo Interamericano. “Em vez disso, terá de lidar com um portfólio [de créditos] problemáticos”, apontou.

A desaceleração nos empréstimos para a América Latina reflete uma retração global mais ampla, à medida que a China se volta para dentro, para reforçar os seus próprios esforços de recuperação económica.
Bancos estatais e outras instituições da China concederam enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito do plano de infra-estruturas ‘uma faixa, uma rota’, que inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Mas Pequim adotou maior cautela, depois de alguns mutuários revelarem dificuldade para pagar os empréstimos. As autoridades dizem que examinarão os projectos e o financiamento com mais cuidado.

Embora o fluxo de empréstimos tenha sido suspenso, as compras chinesas de soja, minério de ferro e outros recursos da América Latina permaneceram robustas, ascendendo a cerca de 136 mil milhões de dólares. As empresas estatais chinesas do sector energético também compraram activos agressivamente, aproveitando a queda nos preços.

As fusões e aquisições chinesas aumentaram para 7 mil milhões de dólares, em 2020, quase o dobro do volume registado em 2019, de acordo com o relatório pesquisa. Entre os negócios, destaca-se a venda da maior companhia eléctrica do Peru pela Sempra Energy, sediada em San Diego, na Califórnia, à China Three Gorges Corp, accionista na portuguesa EDP. Outro acordo de 5 mil milhões de dólares deu à State Grid Corp, accionista na portuguesa REN, o controlo de uma grande concessionária no Chile.

Para os líderes da região, é difícil resistir aos empréstimos chineses para projectos de infraestrutura de alto custo. As taxas de juros são baixas e, ao contrário dos empréstimos do Banco Mundial e do FMI, há menos restrições e a aprovação é mais rápida, permitindo que os líderes apresentem as obras a tempo para as próximas eleições.

As autoridades norte-americanas apontam que a assistência dos EUA no exterior é antiga e mais transparente. “A assistência de Pequim na região é geralmente destinada a promover os interesses comerciais ou políticos da República Popular da China”, avisou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.

Em Janeiro passado, no final do governo Trump, a Corporação de Financiamento do Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos assinou um acordo sem precedentes com o Equador para financiar até 2,8 mil milhões de dólares em projectos de infra-estrutura.

Mas o financiamento total daquele organismo público – 60 mil milhões de dólares – empalidece em comparação com o bilião que a China reservou para a iniciativa ‘uma faixa, uma rota’.

O pacote de empréstimos dos EUA ao Equador foi significativo porque também exigiu que o governo privatizasse activos de petróleo e infraestrutura e banisse a tecnologia chinesa. “Isto definitivamente limita a influência da China”, disse Myers. “Mas, ao sobrecarregar as gerações futuras com mais dívidas e encorajar o uso de combustíveis fósseis, isto realmente ajuda o Equador no longo prazo?”, questionou. “O tiro pode sair pela culatra aos EUA”, disse.

23 Fev 2021