Maria Helena de Senna Fernandes, sobre festival de cinema: "Temos ganho popularidade”

[dropcap]A[/dropcap] Directora dos Serviços de Turismo e Presidente da comissão organizadora do IFFAM, Maria Helena de Senna Fernandes mostrou-se confiante na qualidade da programação apresentada e afirmou mesmo que o Festival Internacional de Cinema de Macau tem conseguido alcançar novos patamares.
“Acho que a cada edição o festival tem crescido e, para além disso, temos ganho popularidade, não só em Macau, mas também lá fora. Só por isso, podemos dizer que temos trabalhado para a construção de um bom projecto”, apontou, à margem da conferência de imprensa dedicada à apresentação do júri da competição internacional.
Maria Helena de Senna Fernandes revelou também confiança máxima na relação existente com os responsáveis artísticos do festival, pontificada na colaboração com o Director artístico do IFFAM, Mike Goodridge.
“Temos uma boa colaboração com direcção artística, que é muito forte na escolha que faz dos filmes e na ligação que consegue fazer entre Macau e os realizadores de todo o mundo. Espero agora que o público de Macau venha ver os filmes seleccionados”, referiu.
Embora satisfeita com o percurso feito até ao momento, Maria Helena de Senna Fernandes não confirmou, contudo, a continuidade do projecto IFFAM para os próximos anos. Segundo a responsável, é preciso ouvir o que os dirigentes do novo Executivo têm a dizer.
“Não sei, ainda não tive a oportunidade de falar com a minha nova chefe, por isso logo se vê. É preciso ver se a colaboração é para manter e, sobretudo, o que acha o novo Governo porque eu não tenho voto na matéria nessa parte”, explicou.

9 Dez 2019

Competição Internacional | Quando o cinema local abre as portas do mundo

No primeiro dia do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM na sigla inglesa) Mike Goodridge fez as honras da apresentação formal do júri da competição internacional do Festival, presidido pelo aclamado realizador de Hong Kong, Peter Chan. Diversos nas suas opiniões, o júri destacou a “primavera” do cinema asiático, a importância da genuinidade local e da forma como o cinema pode vir a encarar um futuro destinado aos “pequenos ecrãs”

 

[dropcap]P[/dropcap]ara conseguirmos fazer um filme excepcional, mais importante do que ouvir a nossa própria voz, é ouvir uma voz especial, uma voz que seja diferente das outras nesta indústria e estar atento às gerações mais novas”, as palavras são de Peter Chan, Presidente do júri dedicado à competição internacional do IFFAM e que terá a árdua tarefa de eleger aquele que será o vencedor, de entre os 10 filmes em concurso.

Tendo a sua obra sido rotulada inúmeras vezes de “ocidentalizada”, Peter Chan diz ter tido a sorte de ter vivido de perto a fase mais desafiante e interessante do cinema feito em Hollywood, que o inspirou irremediavelmente durante a década de 70. O realizador diz continuar a transportar essa mesma sensação, mas agora relativamente ao cinema feito na China, para o qual se encontra a trabalhar, mas também um pouco por toda a Ásia, onde cada vez mais obras começam a ganhar um lugar de destaque.

“A China é um novo horizonte e uma nova indústria onde tudo é possível. Vivemos tempos muito interessantes na Ásia e em diferentes partes da Ásia. Existem realizadores coreanos, tailandeses, indonésios. Achei o filme indonésio que vi esta manhã muito interessante, o que é uma coisa completamente nova para mim. Sinceramente, acho que o mundo se está a tornar cada vez mais interessante”, partilhou Peter Chan.

Relativamente a “Better Days”, filme realizado por  Kwok Cheung Tsang
a concurso no IFFAM, mas na competição dedicada ao Novo Cinema Chinês, o presidente do painel do júri considerou que “apesar de ser comercial, é um daqueles filmes que nos têm de dar esperança acerca da China e da censura no cinema.”

“Este filme para mim foi um processo muito difícil. No interior da China é preciso passar muito tempo para ultrapassar a censura, e isto demorou mais de um ano. Mas depois, apesar de não termos grandes expectativas quando lançámos este filme, os números da venda de bilhetes ascenderam aos 250 milhões de dólares no final, o que é bom em qualquer parte do mundo”, explicou Peter Chan.

Também Midi Z, actor e realizador nascido no Myanmar, mostrou optimismo acerca do processo e deixou um conselho para os realizadores em início de carreira.

“Acho que os jovens realizadores não devem impor limites a si próprios em termos do que é um filme e o que é o cinema. Eu faço documentários, ficção e curtas metragens e para mim não há qualquer diferença. Devemos deixar a imaginação entrar nos nossos filmes”.

Eco global

“Gosto muito da ideia de fazer um filme a partir da vontade de contar algo muito genuíno, que se relaciona com o contexto e com as vivências de uma forma directa com o público local, mas que, ao mesmo tempo, é algo tão universal que pode ser partilhado em qualquer lugar do mundo”, disse Dian Sastrowardoyo, actriz e produtora originária da Indonésia que diz estar orgulhosa do filme da Competição Internacional, “Homecoming”, realizado pelo seu conterrâneo Adriyanto Dewo.

Sobre “Homecoming”, Dian Sastrowardoyo mostrou um “orgulho enorme” por ver um filme 100 por cento feito na Indonésia, no IFFAM e destacou a capacidade que a obra tem de abordar “temas locais e histórias com um background claramente indonésio”, como o papel das mulheres na sociedade e em casa ou as diferenças existentes entre classes sociais, já que a obra coloca frente a frente duas realidades muito diferentes neste aspecto. “Acho que passa uma mensagem comum, não só na Indonésia, mas também a uma escala mundial”, explicou. “Acho que o grande desafio para todos agora, é como é que podemos realizar filmes que tenham simultâneamente características locais e globais”, rematou Dian Sastrowardoyo.

Já no seu breve papel como realizadora, Dian Sastrowardoyo, apontou a importância de utilizar o cinema para promover uma mensagem social importante, ao mesmo tempo que consegue cativar o público e levá-lo a identificar-se com as personagens.

“Fizemos um filme histórico que fala sobre o sistema de ensino na Indonésia, mas que contém também vários elementos de comédia e isto acontece porque se tivéssemos realizado o filme de forma demasiado séria, o mais certo era não chegarmos à audiência relativamente às questões políticas que queríamos abordar”, explicou.

Reiterando que “não é possível dizer se um filme está certo ou se está errado, pois todos os têm diferentes características”, Peter Chan lembrou a propósito do tema, que um filme que pode parecer uma comédia, pode perfeitamente apresentar um tema social ao público.

“Temos de ter filmes de hollywood mas também outro tipo de filmes para que o público possa ter acesso a diferentes conteúdos. Filmes que façam o público rir ou chorar, mas que permitam perceber o que está a acontecer na sociedade e estabelecer pontes com os acontecimentos que estão na ordem do dia”, explicou.

Cinema de bolso?

Outro dos temas em debate entre o júri da competição internacional foi o futuro esperado para o cinema enquanto meio, que enfrenta hoje o desafio de se adaptar a uma era digital cada vez mais dominada por pequenos e poderosos ecrãs, capazes de alojar plataformas de streaming como a Netflix.

Pegando no exemplo de “O Irlandês”, filme de Martin Scorsece que estreou em exclusivo naquela plataforma, o actor e produtor Tom Cullen vincou que o benefício da passagem para o pequeno ecrã é que “permite que os conteúdos cheguem a audiências que de outra forma ficariam excluídas. Por exemplo, onde eu cresci, existia apenas uma sala de cinema e ficava a uma hora de distância de carro”, argumentou.

O actor, conhecido pelo papel de Anthony Gillingham em Downtown Abbey, frisou ainda que os produtores e realizadores “têm sabido adaptar-se às mudanças produzidas pelas novas tecnologias”, procurando ser mais específicos dado que agora a audiência pode ser o próprio mundo.

9 Dez 2019

Competição Internacional | Quando o cinema local abre as portas do mundo

No primeiro dia do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM na sigla inglesa) Mike Goodridge fez as honras da apresentação formal do júri da competição internacional do Festival, presidido pelo aclamado realizador de Hong Kong, Peter Chan. Diversos nas suas opiniões, o júri destacou a “primavera” do cinema asiático, a importância da genuinidade local e da forma como o cinema pode vir a encarar um futuro destinado aos “pequenos ecrãs”

 
[dropcap]P[/dropcap]ara conseguirmos fazer um filme excepcional, mais importante do que ouvir a nossa própria voz, é ouvir uma voz especial, uma voz que seja diferente das outras nesta indústria e estar atento às gerações mais novas”, as palavras são de Peter Chan, Presidente do júri dedicado à competição internacional do IFFAM e que terá a árdua tarefa de eleger aquele que será o vencedor, de entre os 10 filmes em concurso.
Tendo a sua obra sido rotulada inúmeras vezes de “ocidentalizada”, Peter Chan diz ter tido a sorte de ter vivido de perto a fase mais desafiante e interessante do cinema feito em Hollywood, que o inspirou irremediavelmente durante a década de 70. O realizador diz continuar a transportar essa mesma sensação, mas agora relativamente ao cinema feito na China, para o qual se encontra a trabalhar, mas também um pouco por toda a Ásia, onde cada vez mais obras começam a ganhar um lugar de destaque.
“A China é um novo horizonte e uma nova indústria onde tudo é possível. Vivemos tempos muito interessantes na Ásia e em diferentes partes da Ásia. Existem realizadores coreanos, tailandeses, indonésios. Achei o filme indonésio que vi esta manhã muito interessante, o que é uma coisa completamente nova para mim. Sinceramente, acho que o mundo se está a tornar cada vez mais interessante”, partilhou Peter Chan.
Relativamente a “Better Days”, filme realizado por  Kwok Cheung Tsang
a concurso no IFFAM, mas na competição dedicada ao Novo Cinema Chinês, o presidente do painel do júri considerou que “apesar de ser comercial, é um daqueles filmes que nos têm de dar esperança acerca da China e da censura no cinema.”
“Este filme para mim foi um processo muito difícil. No interior da China é preciso passar muito tempo para ultrapassar a censura, e isto demorou mais de um ano. Mas depois, apesar de não termos grandes expectativas quando lançámos este filme, os números da venda de bilhetes ascenderam aos 250 milhões de dólares no final, o que é bom em qualquer parte do mundo”, explicou Peter Chan.
Também Midi Z, actor e realizador nascido no Myanmar, mostrou optimismo acerca do processo e deixou um conselho para os realizadores em início de carreira.
“Acho que os jovens realizadores não devem impor limites a si próprios em termos do que é um filme e o que é o cinema. Eu faço documentários, ficção e curtas metragens e para mim não há qualquer diferença. Devemos deixar a imaginação entrar nos nossos filmes”.

Eco global

“Gosto muito da ideia de fazer um filme a partir da vontade de contar algo muito genuíno, que se relaciona com o contexto e com as vivências de uma forma directa com o público local, mas que, ao mesmo tempo, é algo tão universal que pode ser partilhado em qualquer lugar do mundo”, disse Dian Sastrowardoyo, actriz e produtora originária da Indonésia que diz estar orgulhosa do filme da Competição Internacional, “Homecoming”, realizado pelo seu conterrâneo Adriyanto Dewo.
Sobre “Homecoming”, Dian Sastrowardoyo mostrou um “orgulho enorme” por ver um filme 100 por cento feito na Indonésia, no IFFAM e destacou a capacidade que a obra tem de abordar “temas locais e histórias com um background claramente indonésio”, como o papel das mulheres na sociedade e em casa ou as diferenças existentes entre classes sociais, já que a obra coloca frente a frente duas realidades muito diferentes neste aspecto. “Acho que passa uma mensagem comum, não só na Indonésia, mas também a uma escala mundial”, explicou. “Acho que o grande desafio para todos agora, é como é que podemos realizar filmes que tenham simultâneamente características locais e globais”, rematou Dian Sastrowardoyo.
Já no seu breve papel como realizadora, Dian Sastrowardoyo, apontou a importância de utilizar o cinema para promover uma mensagem social importante, ao mesmo tempo que consegue cativar o público e levá-lo a identificar-se com as personagens.
“Fizemos um filme histórico que fala sobre o sistema de ensino na Indonésia, mas que contém também vários elementos de comédia e isto acontece porque se tivéssemos realizado o filme de forma demasiado séria, o mais certo era não chegarmos à audiência relativamente às questões políticas que queríamos abordar”, explicou.
Reiterando que “não é possível dizer se um filme está certo ou se está errado, pois todos os têm diferentes características”, Peter Chan lembrou a propósito do tema, que um filme que pode parecer uma comédia, pode perfeitamente apresentar um tema social ao público.
“Temos de ter filmes de hollywood mas também outro tipo de filmes para que o público possa ter acesso a diferentes conteúdos. Filmes que façam o público rir ou chorar, mas que permitam perceber o que está a acontecer na sociedade e estabelecer pontes com os acontecimentos que estão na ordem do dia”, explicou.

Cinema de bolso?

Outro dos temas em debate entre o júri da competição internacional foi o futuro esperado para o cinema enquanto meio, que enfrenta hoje o desafio de se adaptar a uma era digital cada vez mais dominada por pequenos e poderosos ecrãs, capazes de alojar plataformas de streaming como a Netflix.
Pegando no exemplo de “O Irlandês”, filme de Martin Scorsece que estreou em exclusivo naquela plataforma, o actor e produtor Tom Cullen vincou que o benefício da passagem para o pequeno ecrã é que “permite que os conteúdos cheguem a audiências que de outra forma ficariam excluídas. Por exemplo, onde eu cresci, existia apenas uma sala de cinema e ficava a uma hora de distância de carro”, argumentou.
O actor, conhecido pelo papel de Anthony Gillingham em Downtown Abbey, frisou ainda que os produtores e realizadores “têm sabido adaptar-se às mudanças produzidas pelas novas tecnologias”, procurando ser mais específicos dado que agora a audiência pode ser o próprio mundo.

9 Dez 2019

Competição Internacional | Quando o cinema local abre as portas do mundo

No primeiro dia do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM na sigla inglesa) Mike Goodridge fez as honras da apresentação formal do júri da competição internacional do Festival, presidido pelo aclamado realizador de Hong Kong, Peter Chan. Diversos nas suas opiniões, o júri destacou a “primavera” do cinema asiático, a importância da genuinidade local e da forma como o cinema pode vir a encarar um futuro destinado aos “pequenos ecrãs”

 

[dropcap]P[/dropcap]ara conseguirmos fazer um filme excepcional, mais importante do que ouvir a nossa própria voz, é ouvir uma voz especial, uma voz que seja diferente das outras nesta indústria e estar atento às gerações mais novas”, as palavras são de Peter Chan, Presidente do júri dedicado à competição internacional do IFFAM e que terá a árdua tarefa de eleger aquele que será o vencedor, de entre os 10 filmes em concurso.

Tendo a sua obra sido rotulada inúmeras vezes de “ocidentalizada”, Peter Chan diz ter tido a sorte de ter vivido de perto a fase mais desafiante e interessante do cinema feito em Hollywood, que o inspirou irremediavelmente durante a década de 70. O realizador diz continuar a transportar essa mesma sensação, mas agora relativamente ao cinema feito na China, para o qual se encontra a trabalhar, mas também um pouco por toda a Ásia, onde cada vez mais obras começam a ganhar um lugar de destaque.

“A China é um novo horizonte e uma nova indústria onde tudo é possível. Vivemos tempos muito interessantes na Ásia e em diferentes partes da Ásia. Existem realizadores coreanos, tailandeses, indonésios. Achei o filme indonésio que vi esta manhã muito interessante, o que é uma coisa completamente nova para mim. Sinceramente, acho que o mundo se está a tornar cada vez mais interessante”, partilhou Peter Chan.

Relativamente a “Better Days”, filme realizado por  Kwok Cheung Tsang, a concurso no IFFAM, mas na competição dedicada ao Novo Cinema Chinês, o presidente do painel do júri considerou que “apesar de ser comercial, é um daqueles filmes que nos têm de dar esperança acerca da China e da censura no cinema.”

“Este filme para mim foi um processo muito difícil. No interior da China é preciso passar muito tempo para ultrapassar a censura, e isto demorou mais de um ano. Mas depois, apesar de não termos grandes expectativas quando lançámos este filme, os números da venda de bilhetes ascenderam aos 250 milhões de dólares no final, o que é bom em qualquer parte do mundo”, explicou Peter Chan.

Também Midi Z, actor e realizador nascido no Myanmar, mostrou optimismo acerca do processo e deixou um conselho para os realizadores em início de carreira.

“Acho que os jovens realizadores não devem impor limites a si próprios em termos do que é um filme e o que é o cinema. Eu faço documentários, ficção e curtas metragens e para mim não há qualquer diferença. Devemos deixar a imaginação entrar nos nossos filmes”.

Eco global

“Gosto muito da ideia de fazer um filme a partir da vontade de contar algo muito genuíno, que se relaciona com o contexto e com as vivências de uma forma directa com o público local, mas que, ao mesmo tempo, é algo tão universal que pode ser partilhado em qualquer lugar do mundo”, disse Dian Sastrowardoyo, actriz e produtora originária da Indonésia que diz estar orgulhosa do filme da Competição Internacional, “Homecoming”, realizado pelo seu conterrâneo Adriyanto Dewo.

Sobre “Homecoming”, Dian Sastrowardoyo mostrou um “orgulho enorme” por ver um filme 100 por cento feito na Indonésia, no IFFAM e destacou a capacidade que a obra tem de abordar “temas locais e histórias com um background claramente indonésio”, como o papel das mulheres na sociedade e em casa ou as diferenças existentes entre classes sociais, já que a obra coloca frente a frente duas realidades muito diferentes neste aspecto. “Acho que passa uma mensagem comum, não só na Indonésia, mas também a uma escala mundial”, explicou. “Acho que o grande desafio para todos agora, é como é que podemos realizar filmes que tenham simultâneamente características locais e globais”, rematou Dian Sastrowardoyo.

Já no seu breve papel como realizadora, Dian Sastrowardoyo, apontou a importância de utilizar o cinema para promover uma mensagem social importante, ao mesmo tempo que consegue cativar o público e levá-lo a identificar-se com as personagens.

“Fizemos um filme histórico que fala sobre o sistema de ensino na Indonésia, mas que contém também vários elementos de comédia e isto acontece porque se tivéssemos realizado o filme de forma demasiado séria, o mais certo era não chegarmos à audiência relativamente às questões políticas que queríamos abordar”, explicou.

Reiterando que “não é possível dizer se um filme está certo ou se está errado, pois todos os têm diferentes características”, Peter Chan lembrou a propósito do tema, que um filme que pode parecer uma comédia, pode perfeitamente apresentar um tema social ao público.

“Temos de ter filmes de hollywood mas também outro tipo de filmes para que o público possa ter acesso a diferentes conteúdos. Filmes que façam o público rir ou chorar, mas que permitam perceber o que está a acontecer na sociedade e estabelecer pontes com os acontecimentos que estão na ordem do dia”, explicou.

Cinema de bolso?

Outro dos temas em debate entre o júri da competição internacional foi o futuro esperado para o cinema enquanto meio, que enfrenta hoje o desafio de se adaptar a uma era digital cada vez mais dominada por pequenos e poderosos ecrãs, capazes de alojar plataformas de streaming como a Netflix.

Pegando no exemplo de “O Irlandês”, filme de Martin Scorsece que estreou em exclusivo naquela plataforma, o actor e produtor Tom Cullen vincou que o benefício da passagem para o pequeno ecrã é que “permite que os conteúdos cheguem a audiências que de outra forma ficariam excluídas. Por exemplo, onde eu cresci, existia apenas uma sala de cinema e ficava a uma hora de distância de carro”, argumentou.

O actor, conhecido pelo papel de Anthony Gillingham em Downtown Abbey, frisou ainda que os produtores e realizadores “têm sabido adaptar-se às mudanças produzidas pelas novas tecnologias”, procurando ser mais específicos dado que agora a audiência pode ser o próprio mundo.

9 Dez 2019

Competição Internacional | Quando o cinema local abre as portas do mundo

No primeiro dia do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM na sigla inglesa) Mike Goodridge fez as honras da apresentação formal do júri da competição internacional do Festival, presidido pelo aclamado realizador de Hong Kong, Peter Chan. Diversos nas suas opiniões, o júri destacou a “primavera” do cinema asiático, a importância da genuinidade local e da forma como o cinema pode vir a encarar um futuro destinado aos “pequenos ecrãs”

 
[dropcap]P[/dropcap]ara conseguirmos fazer um filme excepcional, mais importante do que ouvir a nossa própria voz, é ouvir uma voz especial, uma voz que seja diferente das outras nesta indústria e estar atento às gerações mais novas”, as palavras são de Peter Chan, Presidente do júri dedicado à competição internacional do IFFAM e que terá a árdua tarefa de eleger aquele que será o vencedor, de entre os 10 filmes em concurso.
Tendo a sua obra sido rotulada inúmeras vezes de “ocidentalizada”, Peter Chan diz ter tido a sorte de ter vivido de perto a fase mais desafiante e interessante do cinema feito em Hollywood, que o inspirou irremediavelmente durante a década de 70. O realizador diz continuar a transportar essa mesma sensação, mas agora relativamente ao cinema feito na China, para o qual se encontra a trabalhar, mas também um pouco por toda a Ásia, onde cada vez mais obras começam a ganhar um lugar de destaque.
“A China é um novo horizonte e uma nova indústria onde tudo é possível. Vivemos tempos muito interessantes na Ásia e em diferentes partes da Ásia. Existem realizadores coreanos, tailandeses, indonésios. Achei o filme indonésio que vi esta manhã muito interessante, o que é uma coisa completamente nova para mim. Sinceramente, acho que o mundo se está a tornar cada vez mais interessante”, partilhou Peter Chan.
Relativamente a “Better Days”, filme realizado por  Kwok Cheung Tsang, a concurso no IFFAM, mas na competição dedicada ao Novo Cinema Chinês, o presidente do painel do júri considerou que “apesar de ser comercial, é um daqueles filmes que nos têm de dar esperança acerca da China e da censura no cinema.”
“Este filme para mim foi um processo muito difícil. No interior da China é preciso passar muito tempo para ultrapassar a censura, e isto demorou mais de um ano. Mas depois, apesar de não termos grandes expectativas quando lançámos este filme, os números da venda de bilhetes ascenderam aos 250 milhões de dólares no final, o que é bom em qualquer parte do mundo”, explicou Peter Chan.
Também Midi Z, actor e realizador nascido no Myanmar, mostrou optimismo acerca do processo e deixou um conselho para os realizadores em início de carreira.
“Acho que os jovens realizadores não devem impor limites a si próprios em termos do que é um filme e o que é o cinema. Eu faço documentários, ficção e curtas metragens e para mim não há qualquer diferença. Devemos deixar a imaginação entrar nos nossos filmes”.

Eco global

“Gosto muito da ideia de fazer um filme a partir da vontade de contar algo muito genuíno, que se relaciona com o contexto e com as vivências de uma forma directa com o público local, mas que, ao mesmo tempo, é algo tão universal que pode ser partilhado em qualquer lugar do mundo”, disse Dian Sastrowardoyo, actriz e produtora originária da Indonésia que diz estar orgulhosa do filme da Competição Internacional, “Homecoming”, realizado pelo seu conterrâneo Adriyanto Dewo.
Sobre “Homecoming”, Dian Sastrowardoyo mostrou um “orgulho enorme” por ver um filme 100 por cento feito na Indonésia, no IFFAM e destacou a capacidade que a obra tem de abordar “temas locais e histórias com um background claramente indonésio”, como o papel das mulheres na sociedade e em casa ou as diferenças existentes entre classes sociais, já que a obra coloca frente a frente duas realidades muito diferentes neste aspecto. “Acho que passa uma mensagem comum, não só na Indonésia, mas também a uma escala mundial”, explicou. “Acho que o grande desafio para todos agora, é como é que podemos realizar filmes que tenham simultâneamente características locais e globais”, rematou Dian Sastrowardoyo.
Já no seu breve papel como realizadora, Dian Sastrowardoyo, apontou a importância de utilizar o cinema para promover uma mensagem social importante, ao mesmo tempo que consegue cativar o público e levá-lo a identificar-se com as personagens.
“Fizemos um filme histórico que fala sobre o sistema de ensino na Indonésia, mas que contém também vários elementos de comédia e isto acontece porque se tivéssemos realizado o filme de forma demasiado séria, o mais certo era não chegarmos à audiência relativamente às questões políticas que queríamos abordar”, explicou.
Reiterando que “não é possível dizer se um filme está certo ou se está errado, pois todos os têm diferentes características”, Peter Chan lembrou a propósito do tema, que um filme que pode parecer uma comédia, pode perfeitamente apresentar um tema social ao público.
“Temos de ter filmes de hollywood mas também outro tipo de filmes para que o público possa ter acesso a diferentes conteúdos. Filmes que façam o público rir ou chorar, mas que permitam perceber o que está a acontecer na sociedade e estabelecer pontes com os acontecimentos que estão na ordem do dia”, explicou.

Cinema de bolso?

Outro dos temas em debate entre o júri da competição internacional foi o futuro esperado para o cinema enquanto meio, que enfrenta hoje o desafio de se adaptar a uma era digital cada vez mais dominada por pequenos e poderosos ecrãs, capazes de alojar plataformas de streaming como a Netflix.
Pegando no exemplo de “O Irlandês”, filme de Martin Scorsece que estreou em exclusivo naquela plataforma, o actor e produtor Tom Cullen vincou que o benefício da passagem para o pequeno ecrã é que “permite que os conteúdos cheguem a audiências que de outra forma ficariam excluídas. Por exemplo, onde eu cresci, existia apenas uma sala de cinema e ficava a uma hora de distância de carro”, argumentou.
O actor, conhecido pelo papel de Anthony Gillingham em Downtown Abbey, frisou ainda que os produtores e realizadores “têm sabido adaptar-se às mudanças produzidas pelas novas tecnologias”, procurando ser mais específicos dado que agora a audiência pode ser o próprio mundo.

9 Dez 2019

Óscares | As grandes apostas também passam por aqui

[dropcap]“O[/dropcap] IFFAM está posicionado de forma perfeita em termos de timing para os Óscares”, as palavras foram ditas ao HM por Mike Goodridge, que assume pelo terceiro ano consecutivo, o cargo de Director Artístico do Festival de Cinema de Macau. Alargando o espectro para além da competição internacional do IFFAM, e tendo em conta que filmes como “Shape of the Water” e “Greenbook”, que figuravam no cartaz de edições passadas do festival, acabaram mesmo por ser galardoados com o Óscar de melhor filme, existem também este ano, segundo Mike Goodridge, algumas obras com aspirações legítimas a uma nomeação, ou mesmo até, a alcançar uma vitória nos Óscares.

O primeiro destaque vai directamente para o filme de abertura, “Jojo Rabbit”. Realizado pelo neo-zelandês Taika Waititi, Jojo Rabbit conta a história de uma criança que luta contra o nazismo alemão e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Segundo o director artístico do IFFAM, Taika Waititi “conseguiu fazer algo magnífico”, pois é um filme “capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial”.

Outra obra em destaque é “Dark Waters”. Realizado por Todd Haynes e integrado na secção de Apresentações especiais do IFFAM, conta uma história arrepiante de um advogado que entra num processo judicial com um gigante da indústria química chamado DuPont, que acabou por encobrir alguns factos hediondos. Mark Ruffalo e Anne Hathaway fazem parte do elenco deste filme. “É extraordinário, adorei Dark Waters”, disse Mike Goodridge ao HM.

Mais palpites

Também apontado por Mike Goodridge “à conversa dos Óscares” é o novo filme de Terrence Malik, “A Hidden Life”, que conta a história verídica de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. “É um filme sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades”, partilhou o director artístico do IFFAM.

Em português, mereceu ainda destaque o filme brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, realizado Karim Aïnouz. Para Mike Goodridge esta é uma das obras que podem vir a ser nomeadas para a categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.

Por fim, temos também “Judy”, com Renée Zellweger no papel de Judy Garland. “Ela está simplesmente magnífica. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o Óscar de melhor actriz”, acredita Mike Goodridge.

5 Dez 2019

Óscares | As grandes apostas também passam por aqui

[dropcap]“O[/dropcap] IFFAM está posicionado de forma perfeita em termos de timing para os Óscares”, as palavras foram ditas ao HM por Mike Goodridge, que assume pelo terceiro ano consecutivo, o cargo de Director Artístico do Festival de Cinema de Macau. Alargando o espectro para além da competição internacional do IFFAM, e tendo em conta que filmes como “Shape of the Water” e “Greenbook”, que figuravam no cartaz de edições passadas do festival, acabaram mesmo por ser galardoados com o Óscar de melhor filme, existem também este ano, segundo Mike Goodridge, algumas obras com aspirações legítimas a uma nomeação, ou mesmo até, a alcançar uma vitória nos Óscares.
O primeiro destaque vai directamente para o filme de abertura, “Jojo Rabbit”. Realizado pelo neo-zelandês Taika Waititi, Jojo Rabbit conta a história de uma criança que luta contra o nazismo alemão e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Segundo o director artístico do IFFAM, Taika Waititi “conseguiu fazer algo magnífico”, pois é um filme “capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial”.
Outra obra em destaque é “Dark Waters”. Realizado por Todd Haynes e integrado na secção de Apresentações especiais do IFFAM, conta uma história arrepiante de um advogado que entra num processo judicial com um gigante da indústria química chamado DuPont, que acabou por encobrir alguns factos hediondos. Mark Ruffalo e Anne Hathaway fazem parte do elenco deste filme. “É extraordinário, adorei Dark Waters”, disse Mike Goodridge ao HM.

Mais palpites

Também apontado por Mike Goodridge “à conversa dos Óscares” é o novo filme de Terrence Malik, “A Hidden Life”, que conta a história verídica de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. “É um filme sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades”, partilhou o director artístico do IFFAM.
Em português, mereceu ainda destaque o filme brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, realizado Karim Aïnouz. Para Mike Goodridge esta é uma das obras que podem vir a ser nomeadas para a categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.
Por fim, temos também “Judy”, com Renée Zellweger no papel de Judy Garland. “Ela está simplesmente magnífica. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o Óscar de melhor actriz”, acredita Mike Goodridge.

5 Dez 2019

IFFAM | Festival Internacional de cinema de Macau arranca hoje

A quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau começa hoje e, até ao próximo dia 10 de Dezembro irá exibir 48 filmes, em cinco espaços diferentes, divididos em várias secções. Destas, apenas três entram em competição, nomeadamente, “Competição Internacional”, “Novo Cinema Chinês” e ”Competição de Curtas”. O aclamado Jojo Rabbit fará as honras de abertura do festival hoje, no Centro Cultural de Macau, pelas 20h30

 

Competição Internacional

 

[dropcap]A[/dropcap] competição internacional conta com 10 filmes a ser avaliados por um painel de júris presidido por Peter Chan Ho-sun, conhecido realizador e produtor de Hong Kong. Fazem também parte do júri da competição internacional Ella Eliasoph, Dian Sastrowardoyo, Midi Z e Tom Cullen.

Goldie

Goldie é uma estrela em ascensão, pelo menos à vista das irmãs mais novas, Supreme e Sherrie. Os desafios são hercúleos e, enquanto luta para evitar que as irmãs sejam levadas pelos serviços sociais, após a mãe das três ter sido presa, Goldie persegue o sonho de conseguir um papel num vídeo de hip-hop. E para isso, no seu mundo ideal, precisa apenas do“empurrão” do casaco de pele cor de ouro que viu numa loja e que há muito tem debaixo de olho. Porque o seu atrevimento e talento parecem começar a suscitar a atenção do resto do mundo. Goldie é um filme norte-americano, realizado pelo holandês Sam De Jong e conta com Slick Woods no papel principal.

Exibição

6 de Dezembro
CCM | 19h30

Lynn+Lucy

Lynn e Lucy são uma dupla desde sempre. Amigas desde os tempos da escola, acabam por desenvolver uma relação tão intensa como qualquer romance. Confinadas ao local onde cresceram, a ligação entre as duas muda quando Lynn, que havia casado com o seu primeiro namorado e cuja filha cresce a olhos vistos, fica deslumbrada quando a carismática Lucy tem também o seu primeiro bebé. No entanto, Lucy não é a mãe que Lynn esperava e rapidamente a sua amizade é testada de forma trágica, envolvente e asfixiante. Lynn+Lucy é uma co-produção britânica e francesa e conta com a realização do londrino Fyzal Boulifa. Roxanne Scrimshaw e Nichola Burley são as actrizes que dão vida às personagens principais.

Exibição
6 de Dezembro
CCM | 21h45

Bellbird

Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, que parece perder o rumo da vida, a partir do momento em que a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley, mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 17h

Family Members

A Argentina, desportos de combate e um último adeus, no mínimo, caricato. São estes os pilares que dão o mote para Family Members. Lucas e Gilda viajam para uma pequena cidade costeira do país para espalhar no oceano, as cinzas da sua recém-falecida mãe, que se suícidou. No entanto, para cumprir este último desejo, em vez de cinzas, os únicos restos mortais que têm para lançar, resumem-se à mão protética da mãe. Mais aliviados, embora conformados com o seu destino, os dois adolescentes vêem-se impossibilitados de regressar a casa, quando começa uma greve nacional de autocarros que paralisa a Argentina. Durante o impasse, Lucas, obcecado por musculação e desportos de combate encontra na cidade mais próxima uma oportunidade para explorar os limites do seu corpo, enquanto que Gilda procura inteirar-se das terapias existentes e de métodos de adivinhação para encontar um significado para o mundo. Presos no limbo, os dois enfrentam, longe de casa, o vazio deixado pelo suicídio da mãe, enquanto se despedem da adolescência e enfrentam a ambiguidade que a vida pode trazer. Family Members conta com a realização do argentino Mateo Bendesky e com Tomás Wicz e Laila Maltz nos papéis principais.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 19h

Two/One

Kaden e Khai estão estranhamente ligados um ao outro mas não sabem. Os dois vivem em lados opostos do globo. Embora sonhem um com o outro, quando um dorme o outro está acordado. Kaden é um atleta de esqui de classe mundial em Whistler, no Canadá e Khai, um executivo numa empresa de Xangai. Na mesma janela temporal, Kaden tem a oportunidade de se reconectar com uma antiga namorada dos seus tempos de adolescência, ao mesmo tempo que Khai descobre que a mulher com quem fantasia, começou a trabalhar no mesmo escritório. Os dois homens passam a vida sem saber que estão ligados e, embora nunca se devessem encontrar, estão destinados a fazê-lo. Two/One é realizado pelo argentino Juan Cabral e conta no elenco com Boyd Holbrook, Beau Bridges e Maddie Phillips.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 21h30

Give me liberty

O lado menos glamoroso do sonho americano encontra eco no Milwaukee, cidade do nordeste dos Estados Unidos onde milhares de imigrantes chegam em busca de melhorar as suas vidas. Vic, um americano descendente de uma família russa, ganha a vida, de forma infeliz diga-se, a conduzir uma carrinha de transporte de deficientes e pessoas com dificuldade de locomoção. Atrasado para cumprir os seus afazeres e numa altura em que irrompem protestos nas ruas do Milwaukee, o dia de Vic parece ir de mal a pior quando, comprometido em levar um grupo de idosos russos a um funeral, decide ajudar Tracy, uma jovem diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, que vive num bairro afro-americano. Give me liberty conta com a realização do russo Kirill Mikhanovsky e com Chris Galust, Lauren “Lolo” Spencer, Maksim Stoyanov no elenco principal.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 19h15

Buoyancy

Camboja. Chakra tem 14 anos e trabalha nos campos de arroz com a família. Ansiando por independência, procura um intermediário que lhe ofereça a oportunidade de ter um trabalho remunerado numa fábrica tailandesa. No entanto, após ter vivido uma jornada atribulada juntamente com outros cambojanos, quando chega à Tailândia apercebe-se que o intermediário mentiu, acabando por vender Chakra e o seu colega Kea como escravos ao capitão de um barco de pesca. Forçados a trabalhar 22 horas por dia, arrastando lixo, em troca apenas de uma taça de arroz frio, Chakra apercebe-se daquilo que terá de passar para alcançar a liberdade. Buoyancy é realizado pelo australiano Rodd Rathjen e conta no elenco com Sarm Heng, Thanawut Kasro, Mony Ros e Saichia Wongwirot nos principais papéis.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 21h45

Bombay Rose

As ruas de Bombaím revelam a história de três contos sobre amores proíbidos, nesta longa-metragem de animação, baseada em factos reais: o amor entre uma menina hindu e um menino muçulmano, o amor entre duas mulheres e o amor de uma cidade inteira por estrelas de Bollywood. “Bombay Rose” assume-se como uma crónica de lutas íntimas e colectivas de pessoas que migraram de pequenas cidades rumo à grande cidade de Bombaím em busca de condições mínimas de vida. Bombay Rose é um musical, detalhado, colorido, em certa medida paradoxal e conta com a realização da indiana Gitanjali Rao. Do elenco vocal fazem parte Cycli Khare, Amit Deondi, Gargi Shitole e Makrand Deshpande.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 15h30

Homecoming

Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante o percurso envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming é realizado por Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.

Exibição
9 de Dezembro
CCM | 19h15

Two of us

Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que a relação entre as duas acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.

Exibição
9 de Dezembro
CCM | 21h30

5 Dez 2019

IFFAM | Festival Internacional de cinema de Macau arranca hoje

A quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau começa hoje e, até ao próximo dia 10 de Dezembro irá exibir 48 filmes, em cinco espaços diferentes, divididos em várias secções. Destas, apenas três entram em competição, nomeadamente, “Competição Internacional”, “Novo Cinema Chinês” e ”Competição de Curtas”. O aclamado Jojo Rabbit fará as honras de abertura do festival hoje, no Centro Cultural de Macau, pelas 20h30

 

Competição Internacional

 
[dropcap]A[/dropcap] competição internacional conta com 10 filmes a ser avaliados por um painel de júris presidido por Peter Chan Ho-sun, conhecido realizador e produtor de Hong Kong. Fazem também parte do júri da competição internacional Ella Eliasoph, Dian Sastrowardoyo, Midi Z e Tom Cullen.
Goldie
Goldie é uma estrela em ascensão, pelo menos à vista das irmãs mais novas, Supreme e Sherrie. Os desafios são hercúleos e, enquanto luta para evitar que as irmãs sejam levadas pelos serviços sociais, após a mãe das três ter sido presa, Goldie persegue o sonho de conseguir um papel num vídeo de hip-hop. E para isso, no seu mundo ideal, precisa apenas do“empurrão” do casaco de pele cor de ouro que viu numa loja e que há muito tem debaixo de olho. Porque o seu atrevimento e talento parecem começar a suscitar a atenção do resto do mundo. Goldie é um filme norte-americano, realizado pelo holandês Sam De Jong e conta com Slick Woods no papel principal.
Exibição
6 de Dezembro
CCM | 19h30

Lynn+Lucy

Lynn e Lucy são uma dupla desde sempre. Amigas desde os tempos da escola, acabam por desenvolver uma relação tão intensa como qualquer romance. Confinadas ao local onde cresceram, a ligação entre as duas muda quando Lynn, que havia casado com o seu primeiro namorado e cuja filha cresce a olhos vistos, fica deslumbrada quando a carismática Lucy tem também o seu primeiro bebé. No entanto, Lucy não é a mãe que Lynn esperava e rapidamente a sua amizade é testada de forma trágica, envolvente e asfixiante. Lynn+Lucy é uma co-produção britânica e francesa e conta com a realização do londrino Fyzal Boulifa. Roxanne Scrimshaw e Nichola Burley são as actrizes que dão vida às personagens principais.
Exibição
6 de Dezembro
CCM | 21h45

Bellbird

Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, que parece perder o rumo da vida, a partir do momento em que a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley, mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 17h

Family Members

A Argentina, desportos de combate e um último adeus, no mínimo, caricato. São estes os pilares que dão o mote para Family Members. Lucas e Gilda viajam para uma pequena cidade costeira do país para espalhar no oceano, as cinzas da sua recém-falecida mãe, que se suícidou. No entanto, para cumprir este último desejo, em vez de cinzas, os únicos restos mortais que têm para lançar, resumem-se à mão protética da mãe. Mais aliviados, embora conformados com o seu destino, os dois adolescentes vêem-se impossibilitados de regressar a casa, quando começa uma greve nacional de autocarros que paralisa a Argentina. Durante o impasse, Lucas, obcecado por musculação e desportos de combate encontra na cidade mais próxima uma oportunidade para explorar os limites do seu corpo, enquanto que Gilda procura inteirar-se das terapias existentes e de métodos de adivinhação para encontar um significado para o mundo. Presos no limbo, os dois enfrentam, longe de casa, o vazio deixado pelo suicídio da mãe, enquanto se despedem da adolescência e enfrentam a ambiguidade que a vida pode trazer. Family Members conta com a realização do argentino Mateo Bendesky e com Tomás Wicz e Laila Maltz nos papéis principais.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 19h

Two/One

Kaden e Khai estão estranhamente ligados um ao outro mas não sabem. Os dois vivem em lados opostos do globo. Embora sonhem um com o outro, quando um dorme o outro está acordado. Kaden é um atleta de esqui de classe mundial em Whistler, no Canadá e Khai, um executivo numa empresa de Xangai. Na mesma janela temporal, Kaden tem a oportunidade de se reconectar com uma antiga namorada dos seus tempos de adolescência, ao mesmo tempo que Khai descobre que a mulher com quem fantasia, começou a trabalhar no mesmo escritório. Os dois homens passam a vida sem saber que estão ligados e, embora nunca se devessem encontrar, estão destinados a fazê-lo. Two/One é realizado pelo argentino Juan Cabral e conta no elenco com Boyd Holbrook, Beau Bridges e Maddie Phillips.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 21h30

Give me liberty

O lado menos glamoroso do sonho americano encontra eco no Milwaukee, cidade do nordeste dos Estados Unidos onde milhares de imigrantes chegam em busca de melhorar as suas vidas. Vic, um americano descendente de uma família russa, ganha a vida, de forma infeliz diga-se, a conduzir uma carrinha de transporte de deficientes e pessoas com dificuldade de locomoção. Atrasado para cumprir os seus afazeres e numa altura em que irrompem protestos nas ruas do Milwaukee, o dia de Vic parece ir de mal a pior quando, comprometido em levar um grupo de idosos russos a um funeral, decide ajudar Tracy, uma jovem diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, que vive num bairro afro-americano. Give me liberty conta com a realização do russo Kirill Mikhanovsky e com Chris Galust, Lauren “Lolo” Spencer, Maksim Stoyanov no elenco principal.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 19h15

Buoyancy

Camboja. Chakra tem 14 anos e trabalha nos campos de arroz com a família. Ansiando por independência, procura um intermediário que lhe ofereça a oportunidade de ter um trabalho remunerado numa fábrica tailandesa. No entanto, após ter vivido uma jornada atribulada juntamente com outros cambojanos, quando chega à Tailândia apercebe-se que o intermediário mentiu, acabando por vender Chakra e o seu colega Kea como escravos ao capitão de um barco de pesca. Forçados a trabalhar 22 horas por dia, arrastando lixo, em troca apenas de uma taça de arroz frio, Chakra apercebe-se daquilo que terá de passar para alcançar a liberdade. Buoyancy é realizado pelo australiano Rodd Rathjen e conta no elenco com Sarm Heng, Thanawut Kasro, Mony Ros e Saichia Wongwirot nos principais papéis.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 21h45

Bombay Rose

As ruas de Bombaím revelam a história de três contos sobre amores proíbidos, nesta longa-metragem de animação, baseada em factos reais: o amor entre uma menina hindu e um menino muçulmano, o amor entre duas mulheres e o amor de uma cidade inteira por estrelas de Bollywood. “Bombay Rose” assume-se como uma crónica de lutas íntimas e colectivas de pessoas que migraram de pequenas cidades rumo à grande cidade de Bombaím em busca de condições mínimas de vida. Bombay Rose é um musical, detalhado, colorido, em certa medida paradoxal e conta com a realização da indiana Gitanjali Rao. Do elenco vocal fazem parte Cycli Khare, Amit Deondi, Gargi Shitole e Makrand Deshpande.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 15h30

Homecoming

Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante o percurso envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming é realizado por Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.
Exibição
9 de Dezembro
CCM | 19h15

Two of us

Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que a relação entre as duas acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.
Exibição
9 de Dezembro
CCM | 21h30

5 Dez 2019

IFFAM | Dois filmes em língua portuguesa exibidos este fim-de-semana 

O filme português “A Herdade” e o brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” são as duas únicas películas na língua de Camões e podem ser vistas este fim-de-semana no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Macau. Mike Goodrigde destaca a qualidade destes filmes e convida a comunidade portuguesa a vê-los

 

[dropcap]O[/dropcap] Portugal profundo do Estado Novo, metaforizado numa propriedade rural no Alentejo, é o pano de fundo do filme “A Herdade”, de Tiago Guedes e produzido por Paulo Branco. Este é um dos grandes destaques em língua portuguesa da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa), que será exibido esta sexta-feira, dia 6, no Centro Cultural de Macau, às 20h00.

Sobre este filme, Mike Goodrigde, director do IFFAM, falou, em entrevista ao HM, da sua enorme qualidade. “Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português.

‘A Herdade’ é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo.”

Mike Goodridge destacou ainda o papel do produtor Paulo Branco, por quem diz ter “uma grande admiração”. “A Herdade” é uma “grande saga com grandes actores portugueses” e, por isso, o director do festival espera que “a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver.”

O cartaz do IFFAM, no que diz respeito aos filmes em língua portuguesa, fica completo com a produção brasileira “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, exibido no domingo, dia 8, na Cinemateca Paixão.

Sobre este filme, o director do festival adiantou que se trata de “um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz”. “É realmente bom e, ou muito me engano, ou será nomeado para os Óscares”, frisou.

Para residentes

Na mesma entrevista, Mike Goodrigde lembrou o facto de “A Herdade” ser “um grande melodrama que tem por base uma família disfuncional, mas que está maravilhosamente bem feito. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto e disse logo que o tínhamos de passar aqui.”

O director do IFFAM referiu ainda que o cinema português poderia ter mais destaque a nível internacional. “É uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que gostaria que o cinema português fosse mais entusiasmante, e não acho que seja.”

O filme “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, do realizador brasileiro, a viver actualmente na Alemanha, conta a história de duas irmãs inseparáveis, Eurídice e Guida. No Rio de Janeiro, no ano de 1950, as duas possuem sonhos bem diferentes da vida tradicional que levam: enquanto Eurídice deseja ser uma pianista famosa, Guida espera encontrar o amor verdadeiro. Um relacionamento de Guida, que a faz ir para a Grécia com um marinheiro, acaba por se tornar num ponto de partida para dois destinos separados, uma vez que, quando Guida regressa ao Brasil, solteira e grávida, o novo marido da irmã comunica-lhe que esta foi estudar música para Viena, não querendo mais manter o contacto com ela.

5 Dez 2019

IFFAM | Dois filmes em língua portuguesa exibidos este fim-de-semana 

O filme português “A Herdade” e o brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” são as duas únicas películas na língua de Camões e podem ser vistas este fim-de-semana no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Macau. Mike Goodrigde destaca a qualidade destes filmes e convida a comunidade portuguesa a vê-los

 
[dropcap]O[/dropcap] Portugal profundo do Estado Novo, metaforizado numa propriedade rural no Alentejo, é o pano de fundo do filme “A Herdade”, de Tiago Guedes e produzido por Paulo Branco. Este é um dos grandes destaques em língua portuguesa da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa), que será exibido esta sexta-feira, dia 6, no Centro Cultural de Macau, às 20h00.
Sobre este filme, Mike Goodrigde, director do IFFAM, falou, em entrevista ao HM, da sua enorme qualidade. “Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português.
‘A Herdade’ é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo.”
Mike Goodridge destacou ainda o papel do produtor Paulo Branco, por quem diz ter “uma grande admiração”. “A Herdade” é uma “grande saga com grandes actores portugueses” e, por isso, o director do festival espera que “a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver.”
O cartaz do IFFAM, no que diz respeito aos filmes em língua portuguesa, fica completo com a produção brasileira “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, exibido no domingo, dia 8, na Cinemateca Paixão.
Sobre este filme, o director do festival adiantou que se trata de “um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz”. “É realmente bom e, ou muito me engano, ou será nomeado para os Óscares”, frisou.

Para residentes

Na mesma entrevista, Mike Goodrigde lembrou o facto de “A Herdade” ser “um grande melodrama que tem por base uma família disfuncional, mas que está maravilhosamente bem feito. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto e disse logo que o tínhamos de passar aqui.”
O director do IFFAM referiu ainda que o cinema português poderia ter mais destaque a nível internacional. “É uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que gostaria que o cinema português fosse mais entusiasmante, e não acho que seja.”
O filme “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, do realizador brasileiro, a viver actualmente na Alemanha, conta a história de duas irmãs inseparáveis, Eurídice e Guida. No Rio de Janeiro, no ano de 1950, as duas possuem sonhos bem diferentes da vida tradicional que levam: enquanto Eurídice deseja ser uma pianista famosa, Guida espera encontrar o amor verdadeiro. Um relacionamento de Guida, que a faz ir para a Grécia com um marinheiro, acaba por se tornar num ponto de partida para dois destinos separados, uma vez que, quando Guida regressa ao Brasil, solteira e grávida, o novo marido da irmã comunica-lhe que esta foi estudar música para Viena, não querendo mais manter o contacto com ela.

5 Dez 2019

Turismo | Macau entra no pódio das cidades mais visitadas do mundo

Em 2019, Macau deverá ser a terceira cidade mais visitada do mundo. De acordo com o ranking da Euromonitor International, a posição é para manter até ao final do ano, altura em que a região já terá recebido mais de 20 milhões de visitantes. Hong Kong, apesar da turbulência política, deverá manter o primeiro lugar

 

[dropcap]M[/dropcap]acau deverá chegar ao final do ano no terceiro lugar do relatório da Euromonitor International, que divulga anualmente o “Top 100” das cidades mais visitadas a nível mundial. De acordo com as informações divulgadas ontem pelo Macau Daily acerca do relatório, a região, que subiu uma posição no ranking relativamente ao ano passado, relegando Singapura para a quarta posição, deverá receber, até ao fim de 2019, 20.6 milhões de visitantes.

De referir, contudo, que este número contrasta com os dados oficiais do Governo, que apontam para que, só durante os primeiros 10 meses do ano, Macau tenha já recebido 33.4 milhões de turistas. A descrepância é explicada, de acordo com a mesma publicação, pelo facto da fórmula de cálculo que está na base do ranking da Euromonitor International, fazer a conta aos turistas internacionais que visitam uma cidade por, pelo menos, 24 horas e menos de um ano, que pernoitam no destino. Ao passo que os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) incluem visitantes que atravessam a fronteira por duas vezes no próprio dia, não permanecendo no território por mais de 24 horas. De acordo com a DSEC, estes visitantes de curta duração representaram mesmo 52 por cento do total de visitantes entre Janeiro e Outubro de 2019, despendendo cerca de duas horas e meia no território.

Já Hong Kong, apesar de ter registado quebras em Agosto, na ordem dos 40 por cento ao nível do número de visitantes, deve manter o primeiro lugar do ranking da Euromonitor International onde, até ao final de 2019, deverá ter acolhido 26.7 milhões. Isto porque, de acordo com o analista do Euromonitor Simon Haven, citado pelo pelo Macau Daily, o número de visitantes na primeira metade do ano “foi capaz de reduzir os efeitos provocados pelos protestos”. “Entre Janeiro e Junho de 2019 (…) o número de chegadas a Hong Kong Kong cresceu 14 por cento em relação ao ano passado”, explicou o analista.

Ásia no topo

Segundo o ranking da Euromonitor International, o turismo no continente asiático está a viver um crescimento muito acentuado, pelo simples facto de, entre as 10 cidades mais visitadas a nível mundial, metade pertencem à Ásia. Depois de Hong Kong (26.7 milhões), Banguecoque (25.8 milhões) e Macau (20.6 milhões), fazem também parte do “Top 10” as cidades de Singapura, na quarta posição, com 19.8 milhões de visitas esperadas e Kuala Lumpur, na décima posição, com 14.1 milhões de visitantes em 2019.

Segundo o relatório da Euromonitor International desde 2013 “a região tem contribuído mais do que qualquer outra, com novos locais”, apontando a subida “do nível de vida na região, o aumento das viagens realizadas por jovens e o aumento do número de visitantes chineses a países estrangeiros”, como principais factores para o aumento exponencial do turismo na região.

5 Dez 2019

Turismo | Macau entra no pódio das cidades mais visitadas do mundo

Em 2019, Macau deverá ser a terceira cidade mais visitada do mundo. De acordo com o ranking da Euromonitor International, a posição é para manter até ao final do ano, altura em que a região já terá recebido mais de 20 milhões de visitantes. Hong Kong, apesar da turbulência política, deverá manter o primeiro lugar

 
[dropcap]M[/dropcap]acau deverá chegar ao final do ano no terceiro lugar do relatório da Euromonitor International, que divulga anualmente o “Top 100” das cidades mais visitadas a nível mundial. De acordo com as informações divulgadas ontem pelo Macau Daily acerca do relatório, a região, que subiu uma posição no ranking relativamente ao ano passado, relegando Singapura para a quarta posição, deverá receber, até ao fim de 2019, 20.6 milhões de visitantes.
De referir, contudo, que este número contrasta com os dados oficiais do Governo, que apontam para que, só durante os primeiros 10 meses do ano, Macau tenha já recebido 33.4 milhões de turistas. A descrepância é explicada, de acordo com a mesma publicação, pelo facto da fórmula de cálculo que está na base do ranking da Euromonitor International, fazer a conta aos turistas internacionais que visitam uma cidade por, pelo menos, 24 horas e menos de um ano, que pernoitam no destino. Ao passo que os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) incluem visitantes que atravessam a fronteira por duas vezes no próprio dia, não permanecendo no território por mais de 24 horas. De acordo com a DSEC, estes visitantes de curta duração representaram mesmo 52 por cento do total de visitantes entre Janeiro e Outubro de 2019, despendendo cerca de duas horas e meia no território.
Já Hong Kong, apesar de ter registado quebras em Agosto, na ordem dos 40 por cento ao nível do número de visitantes, deve manter o primeiro lugar do ranking da Euromonitor International onde, até ao final de 2019, deverá ter acolhido 26.7 milhões. Isto porque, de acordo com o analista do Euromonitor Simon Haven, citado pelo pelo Macau Daily, o número de visitantes na primeira metade do ano “foi capaz de reduzir os efeitos provocados pelos protestos”. “Entre Janeiro e Junho de 2019 (…) o número de chegadas a Hong Kong Kong cresceu 14 por cento em relação ao ano passado”, explicou o analista.

Ásia no topo

Segundo o ranking da Euromonitor International, o turismo no continente asiático está a viver um crescimento muito acentuado, pelo simples facto de, entre as 10 cidades mais visitadas a nível mundial, metade pertencem à Ásia. Depois de Hong Kong (26.7 milhões), Banguecoque (25.8 milhões) e Macau (20.6 milhões), fazem também parte do “Top 10” as cidades de Singapura, na quarta posição, com 19.8 milhões de visitas esperadas e Kuala Lumpur, na décima posição, com 14.1 milhões de visitantes em 2019.
Segundo o relatório da Euromonitor International desde 2013 “a região tem contribuído mais do que qualquer outra, com novos locais”, apontando a subida “do nível de vida na região, o aumento das viagens realizadas por jovens e o aumento do número de visitantes chineses a países estrangeiros”, como principais factores para o aumento exponencial do turismo na região.

5 Dez 2019

Saúde | Despesas com serviços aumentam 8 por cento em 2020

Ao todo são mais 670 milhões de patacas relativamente ao orçamento do ano passado, destinadas a cobrir as despesas dos Serviços de Saúde (SS) em 2020. O Governo justifica o aumento com recrutamento de pessoal, aumento do número de camas e novos postos de saúde

 

[dropcap]A[/dropcap] proposta sobre a lei do orçamento para 2020 esteve ontem em análise, uma vez mais, pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Na reunião, que juntou a Comissão e representantes do Executivo, foram revelados os detalhes orçamentais respeitantes a cinco serviços públicos.

Assim, para 2020, os Serviços de Saúde irão contar com mais 670 milhões para fazer face às despesas do próximo ano, de um total de 9 mil milhões de patacas. Segundo o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, o Governo justificou o aumento, que representa 8 por cento do orçamento total dos Serviços de Saúde, essencialmente, com o recrutamento de novos técnicos e gastos com o pessoal, sendo que desta percentagem e só neste quadrante, os gastos previstos são de 370 milhões de patacas (54.8 por cento).

“Está previsto um aumento de 8 por cento do orçamento para 2020, sendo que as despesas com pessoal representam a maior fatia do aumento. Ao todo estamos a falar 90 médicos, 85 estagiários, 23 farmacêuticos, 63 técnicos superiores de saúde, 89 técnicos superiores, 22 auxiliares, (…) e 280 enfermeiros”, detalhou Chan Chak Mo.

Além das despesas com o pessoal que incluem ”o pagamento de horas extraordinárias, subsídios e abonos”, a outra grande parte do montante, cerca de 200 milhões de patacas, será destinado, segundo Chan Chak Mo, à “criação de novos postos de saúde e ao aumento do número de camas”, mas também a cobrir gastos relacionados com medicamentos e material médico

Após a reunião, o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL divulgou ainda as justificações do Governo relativamente à actualização salarial de 3.4 por cento da função pública. De acordo com Chan Chak Mo a taxa de actualização salarial “tem em conta diversos factores como o índice salarial do mercado privado, a inflação, a situação financeira do Governo, entre outros aspectos”, apontou.

Sobre o orçamento destinado ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-struturas (GDI), o Governo justificou que o aumento de 800 milhões de patacas é devido aos custos inerentes aos estudos da quarta travessia Macau-Taipa.

“O aumento do orçamento está relacionado com a quarta ligação Macau-Taipa. Neste momento as obras foram adjudicadas e têm o valor de 5,2 mil milhões de patacas. Esse valor não é definitivo porque há que ter em conta também outros factores como as sondagens, a capacidade do solo, obras relacionadas, por exemplo, com as fundações e ainda, com a evolução dos preços dos materiais (…). Esse estudo está orçamentado em 10 milhões de patacas”, transmitiu Chan Chak Mo.

A bem da cultura

O orçamento destinado ao Instituto Cultural (IC) prevê também um aumento na ordem das 100 milhões de patacas relacionado com obras de manutenção de equipamentos, eventos agendados e ainda, despesas inerentes aos gastos com as orquestras de Macau, que anteriormente estavam associados ao Fundo de Cultura.

“O orçamento total vai passar de mil milhões para 1,1 mil milhões. Mas as despesas estão também relacionadas com o grande número de eventos que vão ser realizados pelo IC. Há também obras que, à partida, seriam relacionadas pelo serviço de obras públicas, mas que afinal vão acabar por ser suportadas pelo próprio IC”.

A Comissão espera agora cumprir o parecer até ao próximo dia 10 de Dezembro para que a proposta de lei do Orçamento para 2020 possa depois ser discutida em sede de plenário.

4 Dez 2019

Saúde | Despesas com serviços aumentam 8 por cento em 2020

Ao todo são mais 670 milhões de patacas relativamente ao orçamento do ano passado, destinadas a cobrir as despesas dos Serviços de Saúde (SS) em 2020. O Governo justifica o aumento com recrutamento de pessoal, aumento do número de camas e novos postos de saúde

 
[dropcap]A[/dropcap] proposta sobre a lei do orçamento para 2020 esteve ontem em análise, uma vez mais, pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Na reunião, que juntou a Comissão e representantes do Executivo, foram revelados os detalhes orçamentais respeitantes a cinco serviços públicos.
Assim, para 2020, os Serviços de Saúde irão contar com mais 670 milhões para fazer face às despesas do próximo ano, de um total de 9 mil milhões de patacas. Segundo o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, o Governo justificou o aumento, que representa 8 por cento do orçamento total dos Serviços de Saúde, essencialmente, com o recrutamento de novos técnicos e gastos com o pessoal, sendo que desta percentagem e só neste quadrante, os gastos previstos são de 370 milhões de patacas (54.8 por cento).
“Está previsto um aumento de 8 por cento do orçamento para 2020, sendo que as despesas com pessoal representam a maior fatia do aumento. Ao todo estamos a falar 90 médicos, 85 estagiários, 23 farmacêuticos, 63 técnicos superiores de saúde, 89 técnicos superiores, 22 auxiliares, (…) e 280 enfermeiros”, detalhou Chan Chak Mo.
Além das despesas com o pessoal que incluem ”o pagamento de horas extraordinárias, subsídios e abonos”, a outra grande parte do montante, cerca de 200 milhões de patacas, será destinado, segundo Chan Chak Mo, à “criação de novos postos de saúde e ao aumento do número de camas”, mas também a cobrir gastos relacionados com medicamentos e material médico
Após a reunião, o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL divulgou ainda as justificações do Governo relativamente à actualização salarial de 3.4 por cento da função pública. De acordo com Chan Chak Mo a taxa de actualização salarial “tem em conta diversos factores como o índice salarial do mercado privado, a inflação, a situação financeira do Governo, entre outros aspectos”, apontou.
Sobre o orçamento destinado ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-struturas (GDI), o Governo justificou que o aumento de 800 milhões de patacas é devido aos custos inerentes aos estudos da quarta travessia Macau-Taipa.
“O aumento do orçamento está relacionado com a quarta ligação Macau-Taipa. Neste momento as obras foram adjudicadas e têm o valor de 5,2 mil milhões de patacas. Esse valor não é definitivo porque há que ter em conta também outros factores como as sondagens, a capacidade do solo, obras relacionadas, por exemplo, com as fundações e ainda, com a evolução dos preços dos materiais (…). Esse estudo está orçamentado em 10 milhões de patacas”, transmitiu Chan Chak Mo.

A bem da cultura

O orçamento destinado ao Instituto Cultural (IC) prevê também um aumento na ordem das 100 milhões de patacas relacionado com obras de manutenção de equipamentos, eventos agendados e ainda, despesas inerentes aos gastos com as orquestras de Macau, que anteriormente estavam associados ao Fundo de Cultura.
“O orçamento total vai passar de mil milhões para 1,1 mil milhões. Mas as despesas estão também relacionadas com o grande número de eventos que vão ser realizados pelo IC. Há também obras que, à partida, seriam relacionadas pelo serviço de obras públicas, mas que afinal vão acabar por ser suportadas pelo próprio IC”.
A Comissão espera agora cumprir o parecer até ao próximo dia 10 de Dezembro para que a proposta de lei do Orçamento para 2020 possa depois ser discutida em sede de plenário.

4 Dez 2019

Sound & Image | Festival internacional de curtas arranca hoje

Ao todo são 112 os filmes finalistas que fazem parte daquela que é já a décima edição do Festival de curtas-metragens de Macau. Entre 3 e 10 de Dezembro vão ser exibidas 63 ficções, 26 animações e 23 documentários. O HM foi saber mais, junto da coordenadora do Creative Macau, Lúcia Lemos

 

[dropcap]“U[/dropcap]ma curta-metragem é um conto não é um romance”. É desta forma que Lúcia Lemos, Coordenadora do Centro de Indústrias Criativas, Creative Macau, faz a ponte entre o cinema de curta duração que vai ser exibido a partir do próximo dia 3 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V e uma obra literária.

“Há pessoas que são capazes de contar um conto fantástico numa página A4 e há outros que contam um conto em 30 ou 60 páginas. Nós já vimos filmes que têm apenas um minuto, absolutamente fantásticos, e onde não é preciso dizer mais nada. Está tudo relacionado com a maneira de contar a hitória por parte do realizador”, explicou a coordenadora.

Assim, aquela que é a décima edição do festival internacional de curtas-metragens Sound & Image Image Challenge vai apresentar, ao todo 112 filmes finalistas, nomeadamente 63 ficções, 26 animações e 23 documentários, que são candidatos aos prémios de Melhor Filme, Melhor Ficção, Melhor Animação, Melhor Documentário, Melhor Identidade Cultural de Macau, Melhor entrada local e ainda “Escolha da audiência”.

Além destes, no âmbito da celebração do 10º aniversário, o Sound & Image Image festival irá exibir 59 filmes e vídeos musicais, uma retrospectiva de uma década dos vencedores entre 2010 e 2018 e também 15 filmes convidados, provenientes da Dinamarca, Guiné-Bissau, Lituânia, Macau, Suécia, Ucrânia e oito realizados por mulheres do Srilanka.

De entre os filmes de Macau, vencedores de edições passadas do Sound & Image Challenge o destaque vai para “Motivation”, do realizador português António Caetano de Faria, “Drugs are Good”, de Kenny Leong, ou “The Facebookers of Macau”, de Óright. Estes filmes serão exibidos na tarde do dia 4 de Dezembro.

Sobre o cinema feito em Macau, Lúcia Lemos vê com bom grado a evolução cinematográfica a que se tem assistido na região.“O cinema de Macau está cada vez melhor. De há 20 anos para cá o cinema de Macau tem-se aproximado do cinema internacional e já conta histórias que podem perfeitamente concorrer em festivais com histórias internacionais”.

Acerca das temáticas apresentadas em tela, Lúcia Lemos considera que “são sempre muito interessantes e estão sempre relacionadas com causas, com temas sociais e algumas são mais do tipo existencialista”.

Trampolim para o grande ecrã

Afirmando que a produção de curtas-metragens funciona para muitos cineastas “como um começo” de uma história que depois é transportada para o grande-ecrã, a coordenadora da Creative Macau reforçou que o formato curto dos filmes ajuda, em muito aspectos, os realizadores em início de carreira a dar o salto. “Acho que em termos de economia de meios e em termos de orçamento é absolutamente mais fácil”, explica.

“É muito gratificante porque as pessoas estão nisto de uma forma séria. Isto é cinema. Envolve equipas, baixo orçamento e muitas vezes são os próprios amigos que ajudam a fazer as obras. Mas o que sobressai nisto é definitivamente a forma como contaram a história”, conclui.

Todos os filmes são exibidos no Teatro D.Pedro V até ao próximo dia 10 de Dezembro. O festival arranca hoje às 17h30 com um Cine-concerto da banda da Casa de Portugal em Macau e, simultaneamente, com a pré-estreia de 13 filmes gravados em Macau, em formato 8MM, por 13 artistas e realizadores de Macau.

3 Dez 2019

Sound & Image | Festival internacional de curtas arranca hoje

Ao todo são 112 os filmes finalistas que fazem parte daquela que é já a décima edição do Festival de curtas-metragens de Macau. Entre 3 e 10 de Dezembro vão ser exibidas 63 ficções, 26 animações e 23 documentários. O HM foi saber mais, junto da coordenadora do Creative Macau, Lúcia Lemos

 
[dropcap]“U[/dropcap]ma curta-metragem é um conto não é um romance”. É desta forma que Lúcia Lemos, Coordenadora do Centro de Indústrias Criativas, Creative Macau, faz a ponte entre o cinema de curta duração que vai ser exibido a partir do próximo dia 3 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V e uma obra literária.
“Há pessoas que são capazes de contar um conto fantástico numa página A4 e há outros que contam um conto em 30 ou 60 páginas. Nós já vimos filmes que têm apenas um minuto, absolutamente fantásticos, e onde não é preciso dizer mais nada. Está tudo relacionado com a maneira de contar a hitória por parte do realizador”, explicou a coordenadora.
Assim, aquela que é a décima edição do festival internacional de curtas-metragens Sound & Image Image Challenge vai apresentar, ao todo 112 filmes finalistas, nomeadamente 63 ficções, 26 animações e 23 documentários, que são candidatos aos prémios de Melhor Filme, Melhor Ficção, Melhor Animação, Melhor Documentário, Melhor Identidade Cultural de Macau, Melhor entrada local e ainda “Escolha da audiência”.
Além destes, no âmbito da celebração do 10º aniversário, o Sound & Image Image festival irá exibir 59 filmes e vídeos musicais, uma retrospectiva de uma década dos vencedores entre 2010 e 2018 e também 15 filmes convidados, provenientes da Dinamarca, Guiné-Bissau, Lituânia, Macau, Suécia, Ucrânia e oito realizados por mulheres do Srilanka.
De entre os filmes de Macau, vencedores de edições passadas do Sound & Image Challenge o destaque vai para “Motivation”, do realizador português António Caetano de Faria, “Drugs are Good”, de Kenny Leong, ou “The Facebookers of Macau”, de Óright. Estes filmes serão exibidos na tarde do dia 4 de Dezembro.
Sobre o cinema feito em Macau, Lúcia Lemos vê com bom grado a evolução cinematográfica a que se tem assistido na região.“O cinema de Macau está cada vez melhor. De há 20 anos para cá o cinema de Macau tem-se aproximado do cinema internacional e já conta histórias que podem perfeitamente concorrer em festivais com histórias internacionais”.
Acerca das temáticas apresentadas em tela, Lúcia Lemos considera que “são sempre muito interessantes e estão sempre relacionadas com causas, com temas sociais e algumas são mais do tipo existencialista”.

Trampolim para o grande ecrã

Afirmando que a produção de curtas-metragens funciona para muitos cineastas “como um começo” de uma história que depois é transportada para o grande-ecrã, a coordenadora da Creative Macau reforçou que o formato curto dos filmes ajuda, em muito aspectos, os realizadores em início de carreira a dar o salto. “Acho que em termos de economia de meios e em termos de orçamento é absolutamente mais fácil”, explica.
“É muito gratificante porque as pessoas estão nisto de uma forma séria. Isto é cinema. Envolve equipas, baixo orçamento e muitas vezes são os próprios amigos que ajudam a fazer as obras. Mas o que sobressai nisto é definitivamente a forma como contaram a história”, conclui.
Todos os filmes são exibidos no Teatro D.Pedro V até ao próximo dia 10 de Dezembro. O festival arranca hoje às 17h30 com um Cine-concerto da banda da Casa de Portugal em Macau e, simultaneamente, com a pré-estreia de 13 filmes gravados em Macau, em formato 8MM, por 13 artistas e realizadores de Macau.

3 Dez 2019

Autocarros | Pedida maior transparência sobre modelo de financiamento

Com o anúncio dos novos titulares das pastas do Executivo, a Comissão de Acompanhamento para os assuntos de Terras e Concessões Públicas espera reunir com o Governo já em Janeiro. Em causa está a legalidade do modelo de financiamento que consta nos contratos celebrados com as concessionárias dos autocarros públicos

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os assuntos de Terras e Concessões Públicas espera reunir já em Janeiro com o Governo, acerca do modelo de financiamento que consta nos contratos celebrados com as concessionárias dos autocarros públicos e que resultaram da prorrogação dos acordos já existentes por apenas 14 meses.

A vontade expressa pela Comissão presidida por Ella Lei, veio no seguimento do mote dado pela petição apresentada pela Associação Novo Macau sobre a “renovação de contratos a curto prazo entre o Governo da RAEM e as duas empresas de transportes públicos”, após o seu término no passado dia 31 de Outubro.

Segundo o texto da petição que esteve na base da discussão entre deputados e Governo, além da negociação dos novos contratos ter acontecido sem consenso das partes, foram também levantadas questões legais relacionadas com o modelo de financiamento das operadoras, baseado na “aquisição de serviços”. Isto porque, depois da assinatura do contrato de concessão com as empresas de autocarros em 2011, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) alertou, em 2013, para o facto de se tratar de um contrato de serviço de compra ilegal.

“Devido à complexidade das cláusulas dos contratos e também devido ao facto de o novo modelo de autocarros ter sido celebrado com base no mesmo serviço de aquisição de serviços, isto faz, de acordo com o relatório apresentado pelo CCAC, que este tipo de contrato seja ilegal”, referiu Ella Lei.

Além disso, a forma de cálculo do modelo de financiamento levantou também críticas por parte dos deputados, por não contemplar o “interesse público”. “O modelo actual pode sofrer consequências negativas se o número de passageiros continuar a aumentar. Ou seja, mesmo havendo mais passageiros, e havendo lucros em determinadas carreiras, o Governo não tem qualquer retorno”, explicou Ella Lei.

Em contra-relógio

Estando o tempo já contar para a assinatura dos novos contratos com as concessionárias, a Comissão mostrou preocupação com o andamento dos trabalhos, visto existirem ainda lacunas não só a nível técnico, mas também legal.

“O Governo deve reforçar o grau de transparência dos seus trabalhos pois nunca apresentou um documento explicativo e agora resta-nos menos de um ano para que esta renovação a curto prazo seja feita. Até porque, no entender do Governo, não são divulgadas informações numa fase inicial”, explicou Ella Lei.

De forma a que os contributos da Comissão possam ser integrados nas negociações dos novos contractos de concessão, Ella Lei mostrou também urgência em agendar uma nova reunião com o Governo já para Janeiro.

“Estamos preocupados que o tempo não seja suficiente, por isso, os membros da Comissão entendem que devemos activar o trabalho o quanto antes. Vamos tentar reunir em Janeiro com o Governo para continuar a discutir o modelo de financiamento dos serviços de autocarros.”

Questionada sobre se os níveis de transparência podem manter-se inalterados pelo facto de Raimundo do Rosário permanecer no cargo de secretário para as Obras Públicas e Transportes no novo Governo, Ella Lei mostrou-se optimista.

“Sim, esperamos que o Sr. secretário possa aumentar o grau de transparência. Além disso, como vai ser o mesmo, entendemos que não vai precisar de muito tempo para dominar a pasta e isso permite-nos reunir o quanto antes”, concluiu Ella Lei.

3 Dez 2019

Autocarros | Pedida maior transparência sobre modelo de financiamento

Com o anúncio dos novos titulares das pastas do Executivo, a Comissão de Acompanhamento para os assuntos de Terras e Concessões Públicas espera reunir com o Governo já em Janeiro. Em causa está a legalidade do modelo de financiamento que consta nos contratos celebrados com as concessionárias dos autocarros públicos

 
[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os assuntos de Terras e Concessões Públicas espera reunir já em Janeiro com o Governo, acerca do modelo de financiamento que consta nos contratos celebrados com as concessionárias dos autocarros públicos e que resultaram da prorrogação dos acordos já existentes por apenas 14 meses.
A vontade expressa pela Comissão presidida por Ella Lei, veio no seguimento do mote dado pela petição apresentada pela Associação Novo Macau sobre a “renovação de contratos a curto prazo entre o Governo da RAEM e as duas empresas de transportes públicos”, após o seu término no passado dia 31 de Outubro.
Segundo o texto da petição que esteve na base da discussão entre deputados e Governo, além da negociação dos novos contratos ter acontecido sem consenso das partes, foram também levantadas questões legais relacionadas com o modelo de financiamento das operadoras, baseado na “aquisição de serviços”. Isto porque, depois da assinatura do contrato de concessão com as empresas de autocarros em 2011, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) alertou, em 2013, para o facto de se tratar de um contrato de serviço de compra ilegal.
“Devido à complexidade das cláusulas dos contratos e também devido ao facto de o novo modelo de autocarros ter sido celebrado com base no mesmo serviço de aquisição de serviços, isto faz, de acordo com o relatório apresentado pelo CCAC, que este tipo de contrato seja ilegal”, referiu Ella Lei.
Além disso, a forma de cálculo do modelo de financiamento levantou também críticas por parte dos deputados, por não contemplar o “interesse público”. “O modelo actual pode sofrer consequências negativas se o número de passageiros continuar a aumentar. Ou seja, mesmo havendo mais passageiros, e havendo lucros em determinadas carreiras, o Governo não tem qualquer retorno”, explicou Ella Lei.

Em contra-relógio

Estando o tempo já contar para a assinatura dos novos contratos com as concessionárias, a Comissão mostrou preocupação com o andamento dos trabalhos, visto existirem ainda lacunas não só a nível técnico, mas também legal.
“O Governo deve reforçar o grau de transparência dos seus trabalhos pois nunca apresentou um documento explicativo e agora resta-nos menos de um ano para que esta renovação a curto prazo seja feita. Até porque, no entender do Governo, não são divulgadas informações numa fase inicial”, explicou Ella Lei.
De forma a que os contributos da Comissão possam ser integrados nas negociações dos novos contractos de concessão, Ella Lei mostrou também urgência em agendar uma nova reunião com o Governo já para Janeiro.
“Estamos preocupados que o tempo não seja suficiente, por isso, os membros da Comissão entendem que devemos activar o trabalho o quanto antes. Vamos tentar reunir em Janeiro com o Governo para continuar a discutir o modelo de financiamento dos serviços de autocarros.”
Questionada sobre se os níveis de transparência podem manter-se inalterados pelo facto de Raimundo do Rosário permanecer no cargo de secretário para as Obras Públicas e Transportes no novo Governo, Ella Lei mostrou-se optimista.
“Sim, esperamos que o Sr. secretário possa aumentar o grau de transparência. Além disso, como vai ser o mesmo, entendemos que não vai precisar de muito tempo para dominar a pasta e isso permite-nos reunir o quanto antes”, concluiu Ella Lei.

3 Dez 2019

Conselho executivo aprova regulamento de segurança do Metro Ligeiro

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo deu a conhecer na passada sexta-feira os principais pontos do regulamento administrativo intitulado “Normas técnicas de segurança e complementares à investigação técnica de acidentes e incidentes do sistema de metro ligeiro”, onde constam as principais obrigações que a entidade responsável pela segurança do sistema deve cumprir.

Segundo o porta-voz do Conselho Executivo Leong Heng Teng, a entidade responsável, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), deve produzir um sistema de gestão de segurança, apresentar um relatório anual e criar ainda um manual de segurança da operação dirigido aos funcionários.

“A operadora deve criar um sistema de gestão de segurança e apresentar à entidade concedente o relatório de segurança respeitante ao ano transacto. Além disso, a operadora está obrigada a elaborar o manual de segurança da operação para estabelecer as instruções dirigidas aos seus trabalhadores. Por último, o projecto sugere que o sistema de metro ligeiro deve ser precedido de uma fase de operação experimental, que creio, já conhecem (…) e que está a entrar numa fase experimental na ilha da Taipa”, explicou Leong Heng Teng.

Acerca dos planos de tratamento de avarias e situações de emergência, a operadora deve “comunicar imediatamente à DSAT” os casos de suspensão da prestação de serviços por motivos de emergência e, de seguida “tomar as medidas necessárias para reiniciar a operação no mais curto período de tempo”. No caso de não ser possível, a operadora deve “providenciar a evacuação ou a transferência dos passageiros para outros meios de transporte”, pode ler-se no regulamento administrativo.

Critérios internacionais

Também presente na conferência de imprensa, que teve lugar na sede oficial do Governo, esteve o director da DSAT. A propósito das normas de segurança do novo diploma, Lam Hin San afirma que estas foram feitas de acordo com critérios internacionais.

“Tivemos como referência a experiência dos territórios vizinhos em matéria de transporte ferroviário (…) e a lei permite também que a DSAT convide peritos e especialistas de diferentes matérias ligadas ao metro ligeiro para nos ajudar”, referiu Lam Hin San.

Em caso de acidente ou incidente, o regulamento administrativo estabelece ainda que a DSAT deve elaborar um relatório sumário, no prazo de 12 ou 24 horas, dependendo da gravidade da situação.

2 Dez 2019

Novo hospital vai custar mais de 10 mil milhões e não está pronto antes de 2023

Perspectivas do Governo apontam para que a primeira fase de construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas esteja concluída em Agosto de 2022. As obras, que prevêem a construção de seis edifícios, terão um custo total estimado de cerca 9.800 milhões de patacas. Mas tanto prazos, como montantes, deverão ser alargados

 

[dropcap]O[/dropcap]plano apresentado pelo Governo para as obras do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, esteve em discussão na passada sexta-feira pela Comissão de Acompanhamneto para os assuntos de Terras e Concessões Públicas e prevê, no melhor dos cenários, que o novo hospital possa entrar em funcionamento em 2023. No entanto, mesmo prevendo que as obras possam estar concluídas em Agosto de 2022, a inauguração do novo complexo de saúde poderá nem vir a acontecer no ano seguinte, dada a logística de operacionalização da obra que, segundo o Governo, adiciona, pelo menos, cerca de um ano à data de conclusão das obras.

“O Governo estima que as obras terminem em Agosto de 2022. Mas mesmo que este prazo seja cumprido, ainda vai ser necessário acrescentar um prazo de três meses para recepção e instalação de projectos e mais quatro ou cinco meses para fazer reparações e ajustes numa obra desta envergadura. No final, os Serviços de Saúde (SS) terão ainda de despender tempo para a instalação de equipamentos. Ou seja, é preciso somar mais um ano sobre a data de conclusão das obras (…) e, por isso, talvez nem em 2023 o complexo entre em funcionamento”, explicou Ella Lei, deputada e Presidente da Comissão de Acompanhamneto para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas.

A Reunião com o Governo, onde foi apresentado o documento, aconteceu dois anos depois do último ponto de situação. Em 2017, segundo Ella Lei, o Governo “não soube justificar o atraso das obras, nomeadamente ao nível do calendário e do orçamento previsto”. Assim, 10 anos passados desde que foi dado início ao projecto, a deputada vincou a importância de já existir uma previsão em termos de prazo, ponto de situação de cada obra e também, de montante, apesar deste último “não ser ainda final”.

O plano apresentado pelo Governo prevê assim que até Agosto de 2022 seja concluída a primeira fase de construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. A primeira fase terá um custo total previsto de cerca de 9.800 milhões de patacas e inclui a construção de seis edifícios: hospital geral, edifício de apoio logístico, edifício de administração e multi-serviços e ainda, fora daquela que é considerada a “empreitada principal”, o edifício do laboratório central, um edifício residencial para trabalhadores e o parte do instituto de enfermagem.

Sempre a somar

Para já, de todo o projecto, encontram-se concluídas as obras relativas às fundações e ao edifício do instituto de enfermagem, no valor de 1.102 milhões de patacas. Este valor, já incluído no montante final da obra, não tem, no entanto, em conta, partes do edifício do laboratório central nem o hospital de reabilitação, este último, previsto para a segunda fase do plano, cujo orçamento não consta no documento apresentado pelo Governo.

Questionada a razão de não ter sido apresentado orçamento para a segunda fase dos trabalhos, o Governo respondeu que o montante final não inclui ainda esse valor porque o ”hospital de reabilitação vai aumentar o número de camas de 140 para 300, atendendo ao envelhecimento da população de Macau”, transmitiu Ella Lei.

Assim, dado não existir ainda “uma estimativa preliminar afecta às obras hospital de reabilitação”, a Comissão referiu que o “orçamento final de 9.800 milhões de patacas vai aumentar”, apesar de o Governo não ter previsto quanto.

A somar às contas não previstas no plano apresentado pelo Governo, vai ainda acrescer o custo associado ao aumento do número de camas do hospital geral, que irão passar a ser 1100, quando inicialmente estava previsto um número consideravelmente inferior. No entanto, mesmo com este aumento, a Comissão considera que o “número de camas será sempre insuficiente”.

“O número de camas está sempre desactualizado. Inicialmente estavam previstas 500 camas e isso fica muito aquém quando comparamos com as regiões vizinhas. Mesmo agora, aumentando para 1100 também (…) é insuficiente para conseguir satisfazer as necessidades da sociedade, mas com os recursos limitados que temos ao nível do território, este aumento é melhor do que nada”, referiu Ella Lei.

Com este aumento, o Governo quer aproximar as estatísticas de Macau ao nível da saúde, às de países como o Japão e Coreia. “Actualmente por cada 1000 habitantes temos 2,7 camas e com o aumento de camas que o Governo anunciou passaremos a ter 4,7 camas por cada 1000 habitantes. No Japão esse número está entre 10 a 15 camas por cada 1000 habitantes”.

Metro à porta

Segundo o Governo, as instalações de trânsito previstas para o projecto incluem uma estação do metro ligeiro para servir os utentes do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Segundo referiu Ella Lei, “no próximo ano, a empresa responsável pelo metro ligeiro irá abrir um concurso público para a construção de uma nova estação”. No futuro, a estação vai permitir que os utentes acedam ao Hospital das Ilhas a pé, sendo que “o metro irá passar nas vias públicas já construídas em torno do Complexo”. Em relação a outros acessos, a Comissão, apesar de avançar que na reunião com o Governo não se falou sobre as carreiras de autocarros que irão servir o Complexo”, há a possibilidade de virem a existir sistemas pedonais automáticos. “Esperamos ver mais instalações e equipamentos para facilitar o acesso dos residentes”, conclui Ella Lei sobre o assunto.

Atrasos justificados com novo modelo

O Governo atribui os atrasos da construção novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, projecto iniciado há 10 anos, ao facto de a concepção do projecto ter ficado a cargo dos Serviços de Saúde. O modelo segundo Ella Lei, não agrada aos deputados presentes na reunião por considerarem que “não é o ideal para o complexo dos cuidados de saúde porque demorou muito tempo”, e esperam agora que o próximo executivo traga novas soluções. “Para o complexo dos cuidados de saúde não foi aplicado o modelo habitual, pois os serviços de saúde assumiram a tarefa da concepção, que por sua vez contratou empresas de consultoria para fazer o hospital. Depois de concluir a concepção esses projectos foram entregues ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), para este autorizar os projectos. Mas o GDI também precisou de ouvir mais de 10 entidades, por exemplo, os bombeiros”, explicou Ella Lei.

2 Dez 2019

À sombra do Cavalo-Dragão

[dropcap]M[/dropcap]acau vive uma época extemporânea por tudo aquilo que se passa em Hong Kong e por não haver nenhum paralelismo directo da situação, no seu dia a dia. Ainda para mais, numa altura em que se aproxima um cocktail de comemorações muito peculiar que vai ser o mês de Dezembro, onde o aniversário dos 20 anos da RAEM coincide com a tomada de posse do novo Executivo.

No passado fim de semana, no mesmo dia em que Hong Kong viu os candidatos pró-democracia conquistarem quase 90% dos assentos do Conselho Distrital nas eleições do passado domingo, em Macau o candidato único da eleição suplementar por sufrágio indirecto para a Assembleia legislativa, Wang Sai Man falava com a comunicação social à saída da assembleia de voto, podendo ter violado a lei eleitoral. Enquanto tudo isto acontecia um espantoso Cavalo-Dragão mecânico, que tive a oportunidade de ver com os meus próprios olhos, desfilava em tourné pela RAEM, em celebração dos 50 anos das relações diplomáticas entre a China e França.

As reacções de espanto e ovações foram intensas (e não era para menos) quando o animal mecânico passou às frente das pessoas que assistiam à parada, fazendo sombra à sua passagem. Mas não deixa de vir à ideia, se aquela sombra não ajudou, de forma ínfima obviamente, a desviar atenções de uma realidade que talvez peça mais vozes e contributos activos, ponderados e perspicazes de todos.

E claro que a cultura e os espectáculos de entretenimento têm um papel fundamental e não vejo, à excepção da origem do seu financiamento, diferenças de fundo para uma partida de futebol, por exemplo. Só tenho receio que possam ajudar Macau a ficar em silêncio quando o dragão passar por cima das nossas cabeças outra vez. E tanta coisa a acontecer à volta.

29 Nov 2019

Mike Goodridge, director do Festival Internacional de Cinema: “Acho que as pessoas nos estão a levar a sério”

Pelo terceiro ano consecutivo, Mike Goodridge assume as rédeas da direcção artística do Festival Internacional de Cinema de Macau (MIFF) que arranca já na próxima semana. A poucos dias do início do evento, o britânico que continua fascinado por Macau, faz um apelo à comunidade portuguesa e aponta várias obras da programação deste ano aos Óscares

 

O que vamos poder esperar desta quarta edição do MIFF?

[dropcap]D[/dropcap]ezembro vai ser um mês muito importante para Macau por causa das celebrações dos 20 anos da RAEM e, por isso, quisemos criar uma edição realmente marcante. Este ano, o MIFF tem algumas das melhores obras chinesas e internacionais de 2019, a começar pelo filme de abertura, Jojo Rabbit, que é simplesmente maravilhoso. Por isso acho que estamos em grande forma.

Estamos a poucos dias do início do festival. Está tudo pronto?

Sim, mas foi um grande desafio. Acaba sempre por ser tudo em cima da hora porque a nossa intenção é precisamente trazer as últimas novidades a Macau. No festival não são exibidos, por exemplo, filmes que tenham sido lançados no início do ano. O problema é que, como acabaram de ser lançados, temos pouco tempo para tratar de toda a logística, como arranjar as cópias e mostrá-las aos responsáveis pela atribuição dos ratings, até porque não podemos vender bilhetes sem essa classificação.

Porquê Jojo Rabbit para começar o festival e o que há de especial na abordagem de Taika Waititi?

Já trabalhei com o Taika Waititi e sempre gostei deste tipo de filmes em que existe uma combinação brilhante entre comédia e tragédia. Dá para ver isso no filme que fizemos juntos “Hunt for the Wilderpeople”, mas também em “Boy”, que foi o primeiro grande sucesso de bilheteira dele na Nova Zelândia. Por isso, estou muito expectante em relação a Jojo Rabbit mas, ao mesmo tempo, nervoso porque este era um projecto que o Taika Waititi queria fazer há muito tempo e porque conta a história de um alemão que mata nazis na Alemanha e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Mas a verdade é que acabou por conseguir fazer algo magnífico, pois é um filme capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial.

É possível definir um festival tão peculiar como o MIFF?

O MIFF é um Festival de Cinema internacional, não chinês ou asiático, e era isso que o Governo queria que acontecesse, ou seja, que houvesse um evento com um foco internacional e que seguisse os mesmos padrões dos outros festivais internacionais. Quando comecei a trabalhar no MIFF, a minha grande ambição era cativar o público de Macau, porque é impossível haver um festival se não existir uma audiência local. E isso não foi facilmente conseguido porque se trata de uma população que não se envolve muito e há toneladas de coisas a acontecer ao mesmo tempo. Por isso, para nós o desafio passa por trazer todo o tipo de filmes de diferentes partes do mundo, incluindo uma dose saudável de filmes chineses de Macau, Hong Kong, Taiwan, Malásia, Singapura e da China Interior claro.

Que vantagens há em realizar o festival em Macau comparativamente com outras partes da China?

Obviamente que Macau é um país muito mais liberal em termos culturais. Muito especificamente falando de filmes, não existe o nível de escrutínio e de censura que existe no interior da China. Aqui quando vais ao cinema consegues encontrar filmes recentes de Hollywood, que nunca seriam lançados na China, por exemplo. O mesmo se passa em Hong Kong. Por isso é uma oportunidade fantástica para partilhar filmes, mas sempre com a liberdade que Macau oferece.

A edição deste ano marca o 20º aniversário da RAEM. Como vês Macau nos dias que correm?

É muito interessante termos vários filmes de Macau este ano. Um deles chama-se “Years of Macau”. Obviamente que, e eu só comecei a vir a Macau há cerca de três anos, após 1999 existiu um enorme desenvolvimento económico e daí cresceu a enorme indústria dos casinos, que tem sido espetacular. E isso teve tudo um enorme impacto na cidade e na população local. É um lugar que tem experimentado um crescimento económico muito rápido, vasto e dinâmico. Faz parte da China e ao mesmo tempo não faz. É uma porta de entrada para a China em diversos sentidos e, embora habite a mesma casa, consegue ser autónomo em muitos aspectos e ter uma identidade própria. Fico fascinado pela quantidade de pessoas no ocidente que não sabem o que é Macau.

Este ano existem cinco filmes de Macau. Como encara a evolução do cinema aqui?

Macau é uma industria muito pouco desenvolvida, mas é interessante notar que os jovens realizadores daqui estão a contar histórias sobre Macau, ou seja de como é viver neste ambiente extraordinário. Acho que há um longo caminho a percorrer e existem muitos desafios, no que diz respeito à cultura de produção cinematográfica. Macau é muito pequena, tem cerca de 650 mil pessoas e sempre viveu na sombra da indústria cinematográfica de Hong Kong que tem já uma tradição grande. Se olharmos para realizadores como Wong Kar-wai ou Jonnie To vemos grandes mestres que foram muito influenciados pelo estilo de John Woo. Hong Kong foi capaz de criar o seu próprio tipo de cinema o que é verdadeiramente extraordinário, com a agravante de ser reconhecido a nível mundial por ter alguns dos melhores realizadores de todos os tempos. Isso não existe em Macau, por isso como disse, há ainda um longo caminho a percorrer.

Sendo esta a terceira vez à frente da direcção artística do MIFF, como vê o caminho que está a ser percorrido pelo festival?

Acho sinceramente que está a correr muito bem. Quando comecei estava expectante e preocupado sobre se isto iria funcionar, porque queria saber se existia realmente mercado para o festival. E agora acho que há. Até pelo número de bilhetes que já vendemos para a edição deste ano conseguimos perceber que as pessoas sabem que o festival existe, querem fazer parte dele e ver os filmes. Mas ao mesmo tempo, estou muito entusiasmado porque a nível internacional sei que o Festival está a atrair muita atenção e que há muita gente interessada. É uma sorte para qualquer cidade ter um bom festival de cinema. E o nível da programação que conseguimos trazer aqui é muito elevado, temos convidados estonteantes a visitar Macau.

Qual a sua opinião sobre o filme português, “A Herdade”?

Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português. “A Herdade” é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo. É uma grande saga com grandes actores portugueses e que é produzido pelo Paulo Branco, por quem tenho uma grande admiração. Por isso tem uma marca portuguesa clara. Espero que a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver. Em relação ao cinema português acho que infelizmente não é o mais apaixonante do mundo, o que é uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que adorava que o cinema português fosse mais entusiasmante. Em português temos ainda “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” que é também um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz. É realmente bom e, ou muito me engano, será nomeado para os Óscares.

Da programação do MIFF, quais são as suas apostas quando pensamos em Óscares?

As nossas escolhas não são feitas nessa base obviamente. Mas temos filmes em língua inglesa que são verdadeiramente soberbos e que serão falados e apontados para óscares, nomeadamente Jojo Rabbit, o fantástico Dark Waters, realizado por Todd Haynes, que é uma história arrepiante, que conta também com Mark Ruffalo e Anne Hathaway no elenco. Outro, onde apostaria também as minhas fichas, é o novo filme de Terrence Malik, “A hidden life”, que conta a história real de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. É sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades. Acho que este filme vai também ser apontado muitas vezes à conversa dos óscares. Por último, temos também Judy, onde Renée Zellweger está sublime no papel de Judy Garland. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o óscar de melhor actriz. Está simplesmente magnífica.

E como é ver “The Long Walk” na edição deste ano?

Foi um projecto que foi desenvolvido no MIFF Project Market em 2016 e que vai ser exibido no festival, o que é um cenário de sonho. E se não fosse um bom filme não o passávamos aqui. É um filme magnífico que também já esteve em Veneza e Toronto e é realizado por Mattie Do.

Como será o MIFF no futuro?

Espero que seja abraçado pelo novo Governo e pelo novo Chefe do Executivo porque acho que desempenha um papel importante no lado cultural de Macau e apoia verdadeiramente a construção da cultura e dos hábitos cinematográficos da região. Acho que Macau pode vir a estar muito mais vezes nos ecrãs de todo o Mundo, e não apenas de uma forma glamorosa como nos filmes do James Bond, porque é um sitio realmente especial e único, com um lado profundo também. Qualquer festival quando começa, leva o seu tempo até ganhar tracção e até que grandes estrelas de cinema comecem a vir. E nesse aspecto penso que estamos a ir muito bem e acho que as pessoas nos estão a levar a sério porque nós somos sérios. Acho que os produtores e os realizadores da indústria reconhecem o trabalho feito e penso que isso trará muitos benefícios a longo prazo.

29 Nov 2019

Mike Goodridge, director do Festival Internacional de Cinema: "Acho que as pessoas nos estão a levar a sério"

Pelo terceiro ano consecutivo, Mike Goodridge assume as rédeas da direcção artística do Festival Internacional de Cinema de Macau (MIFF) que arranca já na próxima semana. A poucos dias do início do evento, o britânico que continua fascinado por Macau, faz um apelo à comunidade portuguesa e aponta várias obras da programação deste ano aos Óscares

 
O que vamos poder esperar desta quarta edição do MIFF?
[dropcap]D[/dropcap]ezembro vai ser um mês muito importante para Macau por causa das celebrações dos 20 anos da RAEM e, por isso, quisemos criar uma edição realmente marcante. Este ano, o MIFF tem algumas das melhores obras chinesas e internacionais de 2019, a começar pelo filme de abertura, Jojo Rabbit, que é simplesmente maravilhoso. Por isso acho que estamos em grande forma.
Estamos a poucos dias do início do festival. Está tudo pronto?
Sim, mas foi um grande desafio. Acaba sempre por ser tudo em cima da hora porque a nossa intenção é precisamente trazer as últimas novidades a Macau. No festival não são exibidos, por exemplo, filmes que tenham sido lançados no início do ano. O problema é que, como acabaram de ser lançados, temos pouco tempo para tratar de toda a logística, como arranjar as cópias e mostrá-las aos responsáveis pela atribuição dos ratings, até porque não podemos vender bilhetes sem essa classificação.
Porquê Jojo Rabbit para começar o festival e o que há de especial na abordagem de Taika Waititi?
Já trabalhei com o Taika Waititi e sempre gostei deste tipo de filmes em que existe uma combinação brilhante entre comédia e tragédia. Dá para ver isso no filme que fizemos juntos “Hunt for the Wilderpeople”, mas também em “Boy”, que foi o primeiro grande sucesso de bilheteira dele na Nova Zelândia. Por isso, estou muito expectante em relação a Jojo Rabbit mas, ao mesmo tempo, nervoso porque este era um projecto que o Taika Waititi queria fazer há muito tempo e porque conta a história de um alemão que mata nazis na Alemanha e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Mas a verdade é que acabou por conseguir fazer algo magnífico, pois é um filme capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial.
É possível definir um festival tão peculiar como o MIFF?
O MIFF é um Festival de Cinema internacional, não chinês ou asiático, e era isso que o Governo queria que acontecesse, ou seja, que houvesse um evento com um foco internacional e que seguisse os mesmos padrões dos outros festivais internacionais. Quando comecei a trabalhar no MIFF, a minha grande ambição era cativar o público de Macau, porque é impossível haver um festival se não existir uma audiência local. E isso não foi facilmente conseguido porque se trata de uma população que não se envolve muito e há toneladas de coisas a acontecer ao mesmo tempo. Por isso, para nós o desafio passa por trazer todo o tipo de filmes de diferentes partes do mundo, incluindo uma dose saudável de filmes chineses de Macau, Hong Kong, Taiwan, Malásia, Singapura e da China Interior claro.
Que vantagens há em realizar o festival em Macau comparativamente com outras partes da China?
Obviamente que Macau é um país muito mais liberal em termos culturais. Muito especificamente falando de filmes, não existe o nível de escrutínio e de censura que existe no interior da China. Aqui quando vais ao cinema consegues encontrar filmes recentes de Hollywood, que nunca seriam lançados na China, por exemplo. O mesmo se passa em Hong Kong. Por isso é uma oportunidade fantástica para partilhar filmes, mas sempre com a liberdade que Macau oferece.
A edição deste ano marca o 20º aniversário da RAEM. Como vês Macau nos dias que correm?
É muito interessante termos vários filmes de Macau este ano. Um deles chama-se “Years of Macau”. Obviamente que, e eu só comecei a vir a Macau há cerca de três anos, após 1999 existiu um enorme desenvolvimento económico e daí cresceu a enorme indústria dos casinos, que tem sido espetacular. E isso teve tudo um enorme impacto na cidade e na população local. É um lugar que tem experimentado um crescimento económico muito rápido, vasto e dinâmico. Faz parte da China e ao mesmo tempo não faz. É uma porta de entrada para a China em diversos sentidos e, embora habite a mesma casa, consegue ser autónomo em muitos aspectos e ter uma identidade própria. Fico fascinado pela quantidade de pessoas no ocidente que não sabem o que é Macau.
Este ano existem cinco filmes de Macau. Como encara a evolução do cinema aqui?
Macau é uma industria muito pouco desenvolvida, mas é interessante notar que os jovens realizadores daqui estão a contar histórias sobre Macau, ou seja de como é viver neste ambiente extraordinário. Acho que há um longo caminho a percorrer e existem muitos desafios, no que diz respeito à cultura de produção cinematográfica. Macau é muito pequena, tem cerca de 650 mil pessoas e sempre viveu na sombra da indústria cinematográfica de Hong Kong que tem já uma tradição grande. Se olharmos para realizadores como Wong Kar-wai ou Jonnie To vemos grandes mestres que foram muito influenciados pelo estilo de John Woo. Hong Kong foi capaz de criar o seu próprio tipo de cinema o que é verdadeiramente extraordinário, com a agravante de ser reconhecido a nível mundial por ter alguns dos melhores realizadores de todos os tempos. Isso não existe em Macau, por isso como disse, há ainda um longo caminho a percorrer.
Sendo esta a terceira vez à frente da direcção artística do MIFF, como vê o caminho que está a ser percorrido pelo festival?
Acho sinceramente que está a correr muito bem. Quando comecei estava expectante e preocupado sobre se isto iria funcionar, porque queria saber se existia realmente mercado para o festival. E agora acho que há. Até pelo número de bilhetes que já vendemos para a edição deste ano conseguimos perceber que as pessoas sabem que o festival existe, querem fazer parte dele e ver os filmes. Mas ao mesmo tempo, estou muito entusiasmado porque a nível internacional sei que o Festival está a atrair muita atenção e que há muita gente interessada. É uma sorte para qualquer cidade ter um bom festival de cinema. E o nível da programação que conseguimos trazer aqui é muito elevado, temos convidados estonteantes a visitar Macau.
Qual a sua opinião sobre o filme português, “A Herdade”?
Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português. “A Herdade” é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo. É uma grande saga com grandes actores portugueses e que é produzido pelo Paulo Branco, por quem tenho uma grande admiração. Por isso tem uma marca portuguesa clara. Espero que a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver. Em relação ao cinema português acho que infelizmente não é o mais apaixonante do mundo, o que é uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que adorava que o cinema português fosse mais entusiasmante. Em português temos ainda “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” que é também um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz. É realmente bom e, ou muito me engano, será nomeado para os Óscares.
Da programação do MIFF, quais são as suas apostas quando pensamos em Óscares?
As nossas escolhas não são feitas nessa base obviamente. Mas temos filmes em língua inglesa que são verdadeiramente soberbos e que serão falados e apontados para óscares, nomeadamente Jojo Rabbit, o fantástico Dark Waters, realizado por Todd Haynes, que é uma história arrepiante, que conta também com Mark Ruffalo e Anne Hathaway no elenco. Outro, onde apostaria também as minhas fichas, é o novo filme de Terrence Malik, “A hidden life”, que conta a história real de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. É sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades. Acho que este filme vai também ser apontado muitas vezes à conversa dos óscares. Por último, temos também Judy, onde Renée Zellweger está sublime no papel de Judy Garland. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o óscar de melhor actriz. Está simplesmente magnífica.
E como é ver “The Long Walk” na edição deste ano?
Foi um projecto que foi desenvolvido no MIFF Project Market em 2016 e que vai ser exibido no festival, o que é um cenário de sonho. E se não fosse um bom filme não o passávamos aqui. É um filme magnífico que também já esteve em Veneza e Toronto e é realizado por Mattie Do.
Como será o MIFF no futuro?
Espero que seja abraçado pelo novo Governo e pelo novo Chefe do Executivo porque acho que desempenha um papel importante no lado cultural de Macau e apoia verdadeiramente a construção da cultura e dos hábitos cinematográficos da região. Acho que Macau pode vir a estar muito mais vezes nos ecrãs de todo o Mundo, e não apenas de uma forma glamorosa como nos filmes do James Bond, porque é um sitio realmente especial e único, com um lado profundo também. Qualquer festival quando começa, leva o seu tempo até ganhar tracção e até que grandes estrelas de cinema comecem a vir. E nesse aspecto penso que estamos a ir muito bem e acho que as pessoas nos estão a levar a sério porque nós somos sérios. Acho que os produtores e os realizadores da indústria reconhecem o trabalho feito e penso que isso trará muitos benefícios a longo prazo.

29 Nov 2019