Nunu Wu Manchete SociedadeTaiwan | Residentes seduziam pessoas para burlas Foram detidos, esta segunda-feira, seis residentes suspeitos de estarem ligados a um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas, e que terão recrutado nove residentes para extorquir dinheiro a vítimas. A investigação começou em Setembro do ano passado, sendo que a Polícia Judiciária ainda está a investigar os montantes envolvidos A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, seis residentes de Macau alegadamente envolvidos com um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas. Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o caso começou quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou uma investigação após receber pedidos de ajuda de familiares de nove residentes de Macau desaparecidos. As autoridades perceberam mais tarde que estes nove residentes tinham sido detidos pela polícia de Taiwan e condenados a penas de prisão de três a oito meses pela prática do crime de burla. O papel destes residentes foi o de receber e entregar o dinheiro extorquido às vítimas de burla, sendo que quatro destes residentes regressaram depois a Macau após cumprirem a pena. Estima-se que os nove residentes tenham recebido de milhares a dezenas de milhar de renminbis como pagamento para estas funções. A PJ de Macau percebeu então que os nove residentes julgados em Taiwan terão sido recrutados pelos seis detidos desta segunda-feira, com promessas de salários elevados para a realização de actividades ilegais na antiga Formosa. Montantes por calcular A PJ percebeu também que dois dos seis detidos serão os autores principais do grupo criminoso de Taiwan, tendo recebido pagamentos ilegais de 1 a 3 por cento por cada montante de burla extorquido pelos nove residentes detidos em Taiwan. No entanto, a PJ disse precisar de investigar os montantes concretos recebidos por estes dois autores principais do crime, bem como a remuneração ilegal recebida pelos outros suspeitos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação, existindo suspeitas da prática de crime de associação criminosa.
Nunu Wu Manchete SociedadeObras | Comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de impacto Apesar do planeamento e avisos antecipados do Governo, os comerciantes da Rua dos Mercadores consideram que as novas obras estão a afastar os clientes, levantar poeiras e a causar muito ruído Os comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de estarem a ser afectados pelas obras para a futura instalação de tubagens. Os trabalhos iniciaram-se na semana passada, mas as lojas relatam que já estão a sentir que os clientes evitam aquela zona. Ao jornal Ou Mun, um comerciante de apelido Chao afirmou que por causa dos incómodos causados pelas obras os clientes não têm vontade de ir às lojas nem sequer de frequentar a zona. Chao criticou as obras devido ao barulho elevado e frequente, assim como devido à poeira levantada pelas escavações. O comerciante também criticou a sinalética no local, e afirmou que alguns clientes ao passarem no local ficaram com a ideia de que as ruas estavam fechadas à circulação de peões. Além da redução do número de clientes, as queixas visam o facto de os veículos terem deixado de poder circular na estrada. Com os veículos a descarregarem longe das lojas, é necessário carregar os materiais. No entanto, o processo implica que as portas das lojas fiquem abertas, o que faz com que a poeira das obras penetre nos espaços e acabe por afectar todo o interior. Apesar de o Governo ter alargado alguns passeios, Chao confessou que o alargamento tem efeitos limitados na atractividade daquela rua, porque os passeios continuam a ser estreitos. As obras em curso visam instalar condutas para, no futuro, passarem tubos de outros edifícios, sem haver necessidade de voltar a escavar a estrada. No entanto, Chao considera que a obra não se justifica porque não tem benefícios para os comerciantes, apenas inconvenientes. Por isso, o empresário espera que o Governo apoie financeiramente os negócios afectados: “Em vez de estarem a pedir desculpas e compreensão, dado que não temos outra escolha, prefiro que apresentam medidas de apoio”, afirmou. Males por bem As obras foram igualmente criticadas por um trabalhador de uma loja de apelido Cheong. Este funcionário indicou que os trabalhos incomodam os transeuntes, fazendo com que a circulação nos passeios seja mais difícil, além de ser feita com um barulho incessante, que se prolonga todo o dia, e com nuvens de poeira. No entanto, Cheong considera que a obra pode ser aceitável se servir, como prometido pelo Governo, para reduzir o número de intervenções rodoviárias no local. Segundo o Governo, a execução das obras visa abrir e instalar as condutas para que no futuro seja possível fazer as ligações de tubagens e drenagem a quatro novos edifícios naquela área, sem necessidade de voltar a escavar as ruas.
Nunu Wu Manchete PolíticaComércio China-PLP | Si Ka Lon pede melhoria de serviços Recentemente reeleito deputado, Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a plataforma de serviços “Conduta China-Países de Língua Portuguesa”, pedindo que o serviço melhore, nomeadamente com a criação de um sistema de certificação, a fim de levar mais marcas locais lá para fora O deputado Si Ka Lon, recentemente eleito pela via indirecta pelos sectores industrial, comercial e financeiro, enviou nova interpelação ao Executivo onde defende uma melhoria de serviços prestados pela plataforma “Conduta de Comércio China-Países de Língua Portuguesa”, que visa “fornecer uma série de serviços de ligação e apoio às empresas, instituições e indivíduos com interesse em explorar e desenvolver os mercados da China e dos Países da Língua Portuguesa”, tal como “consultoria e encaminhamento de negócios”, entre outros serviços. Na interpelação, Si Ka Lon questiona a eficácia dos serviços prestados até à data e pede que sejam criadas novas estruturas de apoio. “Actualmente os serviços da ‘Conduta do Comércio China-PLP’ focam-se nas questões administrativas e no fornecimento de informações, mas o Governo pode estudar o lançamento de medidas complementares mais avançadas e atractivas, como o estabelecimento de um regime oficial de certificação”, sugeriu. Si Ka Lon acrescentou ainda a ideia de criação de um serviço de “incubação de marcas e apoios publicitários”, para que “os serviços sejam actualizados a fim de dar a esta plataforma um maior grau de capacitação, para elevar a atractividade e competitividade das marcas locais quando entrarem no mercado estrangeiro”. O deputado ligado à comunidade de Fujian quer saber que estratégias dispõe o Governo para atrair marcas de elevado valor para o mercado de Macau e como se pode aproveitar o mercado local para explorar os mercados externos. Incubadoras precisam-se Si Ka Lon destacou que, tendo em conta a conjuntura de “dupla circulação” de bens e serviços com o país e a estratégia de abertura ao exterior da China pode levar ao desempenho eficiente das vantagens específicas de Macau no apoio a marcas de excelência no Interior da China, para que possam ter mais presença nos mercados internacionais. O deputado considera que este é um meio essencial para que Macau diversifique a sua economia e possa explorar novos pontos de crescimento. Quanto à incubação de marcas locais, o deputado quer saber mais pormenores. Si Ka Lon recordou que o Governo terá dito que o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada estaria a realizar um estudo e a visitar empresas locais com vista a explorar o grau de excelência destas, sobretudo as empresas que começam negócios com os países da língua portuguesa. “Quais são os planos e ideias? Como será estabelecido uma ligação mais estreita com associações e entidades industriais para que seja implementado um desenvolvimento coordenado entre as marcas de Macau e do interior da China para a entrada no mercado estrangeiro?”, interpelou.
Nunu Wu Manchete SociedadeComércio | Semana Dourada aquém das expectativas Apesar de o número de turistas ter aumentado 15,3 por cento em comparação com o ano passado, na hora de abrir a carteira as pessoas revelaram-se mais cuidadosas. O clima de desilusão foi descrito pelo presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos Uma Semana Dourada longe de ser satisfatória. Foi desta forma que Lei Cheok Kuan, presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos, definiu os mais recentes feriados. O balanço dos dias que se prolongaram entre 1 de Outubro e quarta-feira foi feito pelo responsável em declarações ao jornal Exmoo. Segundo Lei Cheok Kuan o impacto nos negócios locais foi “desapontante”, porque apesar do território ter recebido cerca de 1,14 milhões de turistas, o número não se traduziu num aumento das receitas para o comércio local. O dirigente associativo reconheceu que a realidade ficou aquém das expectativas, porque os ganhos das bolsas chinesas desde o início do ano deixavam antever um maior poder de consumo dos visitantes. “Não foi só na minha ourivesaria [que o negócio foi pior], os comerciantes que conheço na restauração e na venda a retalho, incluindo os da zona da Rua dos Ervanários, também viram os negócios terem pior desempenho do que no passado”, lamentou o presidente da associação. Lei Cheok Kuan apontou que o fluxo de turistas nas Ruínas de São Paulo foi elevado, mas que mais turistas não gerou mais consumo. O responsável admitiu que os gastos ficaram abaixo do que tinha acontecido em Maio, durante os feriados nacionais por altura do Dia do Trabalhador. Como motivos para um consumo mais fraco, o presidente da associação avançou como hipóteses o impacto do abrandamento da economia no interior, que torna os consumidores menos gastadores. Além disso, o presidente apontou que o modelo de consumo da geração Z mudou, sendo mais exigente, o que pode fazer com que não encontrem o que procuram em Macau. Zona pedonal desiludiu Sobre a nova zona pedonal temporária na Rua de Nossa Senhora do Amparo, Lei Cheok Kuan confessou que tinha muitas esperanças. A expectativa passava por uma grande concentração de turistas no local e um maior consumo. No entanto, a realidade foi diferente do esperado. Lei Cheok Kuan apontou que foram poucos os comerciantes a sentirem os resultados a iniciativa. Por isso, o responsável concluiu que apesar de o Governo tentar encontrar novos métodos para apoiar às pequenas e médias empresas, os consumidores mudam cada vez mais de hábitos de consumo, o que dificulta a tarefa. Todavia, Lei Cheok Kuan defendeu a necessidade dos comerciantes se adaptarem e compreenderem melhor a forma como os jovens gostam de gastar dinheiro. Nos oito dias da Semana Dourada o território recebeu 1,14 milhões de turistas, o que representou um aumento de 15,3 por cento em comparação com o ano passado. Em média visitaram a RAEM 143,1 mil pessoas por dia, um aumento de aproximadamente 1 por cento, face ao ano passado. Contas feitas Macau recebeu mais de 1,1 milhões de visitantes na primeira semana de Outubro, nos feriados comemorativos do dia nacional da China, anunciou ontem a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O número total de visitantes durante a Semana Dourada, de 1 a 8 de Outubro, foi de 1.144.351, mais 16,5 por cento em relação aos 982.542 do ano passado, que contou com menos um dia (1 a 7 de Outubro), de acordo com dados publicados no site da DST. Este ano, foi a 4 de Outubro que Macau registou o maior número de visitantes, com 191.132 turistas a entrarem no território. Já o menor número de visitantes na “Semana Dourada”, foi verificado no oitavo dia, 8 de Outubro, com 88.943 entradas, segundo aquela direcção. Este ano, celebraram-se os 76 anos da fundação da República Popular da China.
Nunu Wu Entrevista MancheteHui So-ying, protagonista do filme “Ah Ying”: “Representar é ser-se humano” Em 1983, o cinema de Hong Kong, pela lente de Allen Fong, revelou “Ah Ying”, um filme que retrata a vida dura de uma menina que vende peixe no mercado e sonha ser actriz. Essa menina era Hui So-ying e “Ah Ying” inspirou-se na sua vida. O HM conversou com a actriz à margem da “Making Waves – 2ª Mostra do Cinema de Hong Kong”, que decorreu este fim-de-semana em Lisboa Como se envolveu no projecto deste filme? A principal razão pela qual me envolvi neste filme foi porque o meu professor de teatro faleceu. Por isso, senti que precisava de fazer algo para o homenagear, porque foi ele que me ensinou a representar. Então tentei ser actriz. Posteriormente, quando [o realizador] Allen Fong me conheceu, achou a minha história de vida interessante, acabando também por conhecer alguns dos meus familiares. Aí perguntou se eles estavam também interessados em participar no filme, o que levou a que muitos deles acabassem por entrar também no projecto. O filme mostra também o ambiente em que o meu professor vivia, é um retrato de experiências e histórias vividas por mim e pelo meu professor. O filme retrata a vida de Hong Kong naqueles tempos. Como se preparou para a personagem? A beleza deste filme está muito relacionada com as colaborações que se fizeram, nomeadamente na fotografia e nos figurinos. Foram precisas muitas colaborações para criar a beleza que existe no filme. Foi um trabalho árduo assumir a personagem [de Ah Ying], porque a história foi concebida para descrever algumas das minhas experiências passadas, e foi isso que o realizador quis fazer. Mas isso foi difícil para mim, porque havia algumas coisas que não queria enfrentar, mas tive de o fazer. Claro que depois percebi que, no fundo, não era nada, e até me senti aliviada depois de terminar as filmagens. Pensando se a história era uma forma de arte ou a realidade, quando estava a representar, tive de entrar na situação do momento porque, de facto, o episódio [real] já tinha passado, mas tive de voltar a ter certos sentimentos durante a representação. Como actriz, foi um grande teste. “Ah Ying” é considerado um dos grandes filmes da chamada “Nova Vaga” do cinema de Hong Kong. Durante a rondagem, esperava o sucesso do filme? Não pensei nisso, mas em todo o projecto achei que Allen Fong era um realizador muito ousado, porque nunca tinha sido feito um filme deste género em toda a história do cinema de Hong Kong. É uma espécie de “docudrama”, e ele teve a força e coragem para inovar na forma de filmar, o que, para a época, era inédito. Qual foi o grande desafio que enfrentou neste filme? Foi ter de regressar ao meu antigo eu. Havia coisas que não queria enfrentar e tive de as enfrentar novamente, com o mesmo sentimento que tinha naquela altura. Entre 1983 e a actualidade passaram muitos anos. Olhando para trás, qual o significado que este filme teve para si, como pessoa e actriz? Na verdade, depois de ver o filme, vi-o apenas como uma história. Para mim representar é ser-se humano, todos os dias são uma actuação. O filme retrata a vida de Hong Kong nos anos 80 e ganhou uma versão restaurada. O que pensa que este projecto pode trazer a um público mais jovem que veja o filme hoje? Este ano o filme foi exibido várias vezes, e faço sempre a mesma questão, se as pessoas não compreendem o filme ou se acham que ele não consegue ser imersivo o suficiente. Na verdade, tendo em conta a minha experiência, a maioria dos espectadores mais jovens responderam que não é assim, que o filme é bastante real. Não me parece que este filme esteja ultrapassado ou fora de moda só porque os tempos progrediram ou a sociedade mudou. Não acho isso. “Ah Ying” encerrou, em Lisboa, a segunda edição de “Making Waves – Mostra de Cinema de Hong Kong”. Como se sente por ver este filme exibido em Portugal? Achei interessante. Nunca pensei que o filme pudesse ser exibido nesta mostra, não sei se foi pelo facto de haver uma cópia restaurada. Antes desta nova versão era mais difícil exibi-lo. O público pode ver um filme que mostra as relações familiares vividas nos anos 80, e penso que aí o filme pode ser imersivo [na temática], quando aborda conflitos familiares, porque todos têm uma família. Vendo o filme podem questionar-se como é a relação com os seus familiares. Claro que também espero que tenham aprendido mais coisas sobre Hong Kong. Mas, apesar de este filme se passar na década de 80, foca-se muito nas relações familiares e interpessoais. Há algum episódio das filmagens que a tenha marcado? Em todo o filme houve vários momentos, mas aquele que me deixou maiores impressões foi a última cena, da entrevista, em que estava a falar para uma cadeira, mas era como se estivesse a falar com o meu professor. Quando vejo esta cena novamente fico sempre comovida, porque o meu professor já faleceu, mas tudo isso ainda me impressiona bastante.
Nunu Wu Manchete SociedadeTurismo | Esperados 1,2 milhões de visitantes na Semana Dourada As autoridades acreditam que a 3 e 4 de Outubro o número de visitantes diários chegue a 150 mil. Samuel Tong, economista e membro do Conselho Executivo, acredita que a semana dourada e as semanas seguintes vão trazer uma nova dinâmica à economia local As autoridades estimam que na semana dourada, que decorre entre 1 e 8 de Outubro, Macau receba cerca de 1,2 milhões de turistas. Os números foram revelados ontem, através de uma conferência de imprensa do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), liderada pelo comissário Lam Keong. De acordo com Lam, é esperada uma média de 150 mil visitantes por dia, com as previsões a apontarem para que os dias 3 e 4 de Outubro sejam os mais movimentados. As autoridades esperam, assim, dias muito movimentados um pouco por todas as fronteiras para Macau. Por sua vez, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, estimou que na semana dourada a ocupação média dos hotéis atinja 90 por cento. A responsável também explicou que o pico esperado de visitantes não vai levar o Governo a fazer com uma revisão da estimativa de cerca de 39 milhões de turistas ao longo deste ano. Por sua vez, Samuel Tong, presidente do Instituto de Gestão de Macau e membro do Conselho Executivo, afirmou que a semana dourada é um dos vários eventos que vão decorrer até ao final do ano e que vão levar à aceleração da actividade económica. Em declarações ao jornal Ou Mun, Tong destacou que eventos como a semana dourada, os Jogos Nacionais, o Grande Prémio de Macau, o Festival da Gastronomia e o Natal geram o aumento do consumo. Factores favoráveis Com cerca de 90 por cento dos turistas vindos do Interior da China e Hong Kong, Samuel Tong explicou que as perspectivas de consumo são mais positivas, devido ao que afirmou serem os bons desempenhos das bolsas do Interior da China e de Hong Kong. Como o Índice Shanghai atingiu o ponto mais alto dos últimos dez anos e o Índice Hang Seng o ponto mais alto dos últimos quatro anos, Samuel Tong considera que a situação económica na região apresenta melhorias e que essa realidade se vai traduzir num maior consumo. O economista espera que o sector de vendas a retalho e de viagens em Macau seja beneficiado com o que considerou ser a nova realidade económica, que não se enquadra na recessão dos últimos três anos. Quanto à procura interna, Samuel Tong elogiou o Governo devido ao Grande Prémio do Consumo, um programa de atribuição de vales de desconto que considerou estar a gerar mais consumo nos bairros residenciais. Segundo Tong, a medida vai contribuir para melhorar a saúde financeira das pequenas e médias empresas. O economista também defendeu que muitos residentes locais investem na Bolsa de Hong Kong e que, por isso, é esperado que os ganhos dos investidores se traduzam no aumento do consumo em Macau.
Nunu Wu Manchete SociedadeRagasa | Maioria dos comerciantes diz que não sofreu grande impacto No rescaldo do super tufão Ragasa, a Federação da Indústria e Comércio de Macau, Centro, Sul e Distritos diz que a maior parte dos comerciantes não sofreu grande impacto com a tempestade. Ainda assim, ontem foi dia de limpezas e balanço de prejuízos As chuvas fortes e inundações provocadas pelo Ragasa, que obrigou ao içar do sinal 10 de tempestade tropical, não causaram, afinal, grandes estragos no pequeno comércio. Em declarações ao jornal Ou Mun, o presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau, Centro, Sul e Distritos, Lei Cheok Kuan, revelou que a maioria dos comerciantes nestas zonas não sofreram grandes perdas materiais durante a passagem do super tufão, uma vez que se prepararam com antecedência. O presidente da associação revelou que antes da chegada do tufão, os comerciantes com lojas na Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens ou Avenida de Almeida Ribeiro receberam apoio na prevenção por parte de associações locais, mudando muitas das estruturas de negócio para zonas mais altas, a fim de evitar os estragos causados por inundações. Houve ainda quem tenha emprestado espaços para os comerciantes guardarem frigoríficos de grande dimensão, por exemplo. Lei Cheok Kuan explicou ainda que as instalações não ficaram danificadas, o que leva a que os comerciantes não tenham custos acrescidos com funcionários ou rendas causados pelo fecho temporário, que não chegou a acontecer. Resposta aos apelos Lei Cheok Kuan recordou que a maioria dos comerciantes nas zonas baixas do Porto Interior respondeu ao apelo do Governo para a evacuação antes da chegada da tempestade, e que apenas um número reduzido de lojistas insistiu em continuar de portas abertas durante a passagem do Ragasa. O dirigente associativo destacou que a grande maioria das lojas estava preparada para o regresso à normalidade já na quarta-feira, devido ao facto de os estragos e perdas não terem sido elevados. Esta quarta-feira o sinal 10 só reduziu para 8 às 16h, sendo que o sinal 3 de tempestade só foi içado à noite. Ouvido pelo jornal Ou Mun, um comerciante com lojas na Rua das Estalagens e Rua da Tercena, de apelido Kuok, disse esperar que o Governo continue a melhorar as infra-estruturas contra inundações nas zonas baixas do território, devendo fornecer resoluções concretas aos comerciantes para que possam lidar com a subida do nível das águas quando ocorrem tempestades. O mesmo comerciante chegou a mudar as instalações e máquinas de valor elevado, a fim de reduzir potenciais perdas o mais possível, mas a água acabou mesmo por entrar nalgumas lojas, causando estragos em espaços mais pequenos que não conseguiram deslocar maquinaria e outros materiais para locais mais seguros. De frisar que, em alguns locais, a subida do nível das águas levou a inundações com um máximo de cinco metros de altura. Entretanto, equipas do Instituto para os Assuntos Municipais continuaram ontem a limpeza de ruas, parques e trilhos, incluindo nas praias de Hac-Sá e Cheoc Van, em Coloane, “que sofreram danos”, pois “foi arrastada para as praias uma grande quantidade de lixo e galhos de árvores”. A bandeira vermelha esteve içada ontem, proibindo banhos em ambas as praias. No total, participaram nas acções de limpeza, na manhã de ontem, 1.100 funcionários públicos distribuídos em 116 equipas de apoio, sendo que 40 departamentos públicos estiveram envolvidos. DSEDJ | Escola de Ensino Especial adiou o regresso às aulas Uma escola do ensino especial não conseguiu garantir ontem o regresso às aulas, após a passagem do super tufão Ragasa. A informação foi divulgada pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), que revelou que outras escolas só conseguiram organizar o regresso às aulas na parte da tarde de ontem. “Actualmente, com excepção de uma escola do ensino especial que necessita de adiamento na retomada de aulas e de algumas escolas que ajustaram as aulas para a tarde, os alunos de todas as outras escolas retomaram as aulas com normalidade”, foi comunicado. “A DSEDJ irá acompanhar estreitamente a situação e prestar diversos apoios e assistência na recuperação das escolas após o tufão”, foi prometido.
Nunu Wu Manchete PolíticaFAOM | Deputados prometem lutar por mais direitos laborais Ella Lei Cheng I e Leong Sun Iok pretendem contribuir para criar melhores condições de emprego para jovens e garantir mais direitos para funcionários públicos envolvidos no mecanismo de protecção civil Após a reeleição, os deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella Lei Cheng I e Leong Sun Iok, prometem focar o novo mandato nas questões laborais e no desenvolvimento dos direitos dos trabalhadores. As declarações foram prestadas pelos membros da lista União para o Desenvolvimento durante a participação no Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. Ella Lei destacou que o emprego é sempre a maior preocupação dos residentes e que essa vai ser a sua prioridade nos próximos quatro anos, enquanto membro da Assembleia Legislativa. “Apesar de o número mostrar que a taxa de desemprego não é alta, o facto de os residentes terem de aceitar empregos com menores perspectivas de carreira e maiores dificuldades não deve ser escondido”, reconheceu a deputada. “Por exemplo, temos muitas queixas de que os jovens, particularmente os recém-licenciados, têm dificuldades em ser contratados.. Além disso, as pessoas de meia idade ou idosos também enfrentam o mesmo problema”, acrescentou. A deputada confessou também estar ciente que é cada vez mais difícil para os residentes mudarem de carreira. Por seu turno, Leong Sun Iok defendeu que é necessário melhorar os direitos laborais, e deu como exemplo os funcionários públicos envolvidos nas operações da protecção civil. “Durante a passagem do tufão Ragasa, o Governo fez, em geral, um bom trabalho para diminuir ao máximo o impacto do tufão”, começou por destacar. “No entanto, recebemos queixas de trabalhadores da protecção civil, porque ao trabalharem durante essas horas apenas recebem a remuneração suplementar, mas praticamente perderam todos os outros direitos laborais, porque trabalham horas extra e não têm direito ao descanso compensatório”, explicou. Casinos preocupam Além dos trabalhadores da protecção civil e das forças de segurança, Leong Sun Iok argumentou que a segurança dos empregados no sector hoteleiro e do jogo também precisa de ser repensada e aumentada. Em causa está o facto de estes empregados precisarem de trabalhar durante condições meteorológicas extremas, independentemente de muitas vezes nem haver transportes públicos disponíveis. Por isso, Leong Sun Iok sugeriu ao Governo que siga as práticas das cidades do Interior da China para estabelecer um novo mecanismo de suspensão dos trabalhos e aulas e também para o cálculo da remuneração compensatório. Além do foco nos direitos laborais, Ella Lei e Leong Sun Iok defenderam uma nova ronda do cartão de consumo, para relançar a economia dos bairros residenciais e responder à dificuldade dos idosos na utilização de novas tecnologias, o que faz com que acabem excluídos do grande prémio para o consumo. Ella Lei também prometeu prestar atenção à indexação de pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência, bem como ao sistema médico, para reforçar os serviços de cuidados a doenças crónicas de idosos.
Nunu Wu Manchete SociedadeCrime | Homem detido por alegada difamação da atleta Zhu Yuling A Polícia Judiciária anunciou a detenção de um homem acusado de difamação, devido a publicações online e por ter participado numa campanha que envolveu faixas a acusar a atleta local de não pagar dívidas Um homem com 51 anos foi detido pelas autoridades policiais e está indiciado pela prática do crime de difamação contra a atleta Zhu Yuling. A detenção foi divulgada na tarde de terça-feira, pela Polícia Judiciária (PJ), aconteceu na fronteira das Portas do Cerco. O suspeito é residente no Interior da China. De acordo com um comunicado da polícia, o homem era procurado desde quinta-feira da semana passada, altura em que Zhu Yuling, apenas identificada na mensagem das autoridades como vítima, apresentou queixa por difamação. A atleta queixou-se de ter sido alvo de “várias publicações online” em que pessoas se fotografavam com t-shirts a acusá-la de não pagar dívidas. Nas publicações era igualmente possível ver duas pessoas a abrirem faixas do lado de fora do Complexo Desportivo dos Jogos da Ásia Oriental, onde na semana passada decorreu o Torneio de Campeões WTT Macau, onde se liam as mesmas acusações. A atleta, que representa Macau, era uma das participantes no torneio. Após investigarem o caso, as autoridades identificaram três pessoas envolvidas na campanha em Macau. Contudo, depois de fazerem a campanha com protestos no exterior do recinto saíram todos para o Interior da China. Alguns dias mais tarde, o detido tentou entrar em Macau, o que proporcionou às autoridades a oportunidade para avançarem com a detenção. Dívidas desconhecidas Quando foi interrogado pelas autoridades, o homem confessou “não ter disputas financeiras com a atleta, nem conhecer as pessoas que foram fotografadas com as mensagens, faixas e t-shirts. O detido também reconheceu ter recebido 2.500 renminbis para realizar as acções de protesto contra a atleta, sem ter verificado a veracidade das alegações. O suspeitou confessou ainda que como parte desse pagamento estava prevista a recruta dos outros dois homens que foram fotografados e se encontram a monte no Interior da China. O crime de difamação tem como pena máxima seis meses de prisão ou 240 dias de multa. No entanto, dependendo das circunstâncias a pena pode ser agravada até dois anos de prisão. Zhu Yuling tem sido acusada nos últimos meses de não pagar dívidas, num caso que começou no Interior da China, com um influenciador a publicar as acusações no Douyin, a versão do TikTok autorizada no país. De acordo com um comunicado da atleta, as acusações terão resultado em vários abusos e “violência online”, quando participava num torneio nos Estados Unidos. Zhu Yuling é natural do Interior e representou a selecção da China durante mais de 10 anos, alcançando o número 1 do ranking Mundial em 2017. No entanto, em 2023 pediu residência em Macau, no âmbito das políticas para quadros qualificados.
Nunu Wu Manchete PolíticaLAG | Pereira Coutinho pede aumentos de salários e apoios sociais Pereira Coutinho defende o aumento dos salários na Função Pública, mas também nas empresas concessionárias de jogo. O vencedor das recentes eleições legislativas sugeriu ainda o reforço da despesa pública para aumentar os apoios à população, a começar pelo cheque pecuniário Assume que mal tem dormido desde que, no domingo, conseguiu eleger, com a lista Nova Esperança, três deputados no hemiciclo. José Pereira Coutinho está ainda a celebrar a esmagadora vitória de domingo e o facto de se sentar novamente na Assembleia Legislativa (AL) ao lado de Che Sai Wang e Chan Hao Weng. O trio esteve ontem no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau a defender aumentos salariais, agora que o Governo se prepara para a elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Coutinho disse, à margem do programa, esperar “que sejam actualizados os salários dos trabalhadores da Função Pública, da própria TDM e das concessionárias”, além de defender “o aumento da despesa pública em termos de distribuição dos cartões de consumo”. “As seis concessionárias actualizaram, este ano, os salários, mas a Função Pública ficou pelo caminho. Enviámos uma carta ao Governo, que, neste momento, está a preparar o orçamento para 2026, e esperamos uma actualização salarial para melhorar o poder de compra dos trabalhadores da Função Pública e aposentados”, disse Coutinho. O deputado foi mais específico e apontou para uma subida de “três a cinco pontos da tabela indiciária, o mínimo para a recuperação do poder de compra”. Quanto ao salário mínimo, Coutinho disse no programa que deve ir além das 34 patacas por hora. “Não pode ser assim, o salário mínimo de Hong Kong já é mais do que 40 dólares de Hong Kong por hora. O Governo deve assumir o papel de liderança para aumentar o salário mínimo”, referiu. Cheques mais chorudos O deputado eleito disse que o Executivo deve apostar “na devolução das 21 mil patacas para idosos”, sem esquecer o aumento do valor dos cheques pecuniários. Na sua visão, “são políticas efectivas para aumentar o consumo em Macau e contrabalançar a ida dos residentes para consumir além-fronteiras”, defendeu em declarações à TDM – Rádio Macau. Por sua vez, Chan Hao Weng disse esperar que sejam criadas mais garantias para professores na fase da reforma, nomeadamente um subsídio mensal para docentes reformados. O deputado que se vai estrear na Assembleia Legislativa e o repetente Che Sai Wang falaram também na importância de criar mais oportunidades de emprego para os residentes, defendendo que há ainda muitos postos de trabalho ocupados por não-residentes.
Nunu Wu PolíticaSecretário Tai Kin Ip ouve opiniões sobre emprego e economia O Governo iniciou a ronda de auscultações públicas para preparar as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, reunido ontem com seis associações que deixaram sugestões quanto à promoção do emprego e desenvolvimento económico, e que enalteceram as políticas do Executivo. Segundo um comunicado emitido pelo Governo, o presidente da União de Estudiosos de Macau, Ip Kuai Peng, referiu a necessidade de optimizar a economia em torno da área da propriedade intelectual, que tem sido aplicada com a instalação de bonecos de marcas conhecidas na cidade para atrair turistas, além de defender mais apoios ao emprego jovem. Tai Kin Ip conversou também com o secretário-geral do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau, Chan Chi Fong, que defendeu também os benefícios de apostar na economia associada à área da propriedade intelectual, sugerindo uma adaptação tendo em conta as características de Macau. Por sua vez, a vice-presidente da mesma associação, Chan Peng Peng, acredita que o Governo deve tornar mais atractivas as zonas históricas do território que serão alvo de revitalização em parceria com as empresas de jogo. Outra entidade ouvida por Tai Kin Ip foi a Associação de Estudo de Economia Política de Macau, presidida por Samuel Tong, que pediu mais apoios do Executivo para as pequenas e médias empresas (PME) e argumentou a necessidade de ajuste estratégico de negócio para acelerar e transformar a economia. Já a presidente do “Grand Thought Think Tank”, Lei Ngan Leng, sugeriu uma melhor coordenação diversificar a economia, desenvolvendo as indústrias culturais e avançando com a integração de Macau em Hengqin. Parabéns ao ZAPE Já o vice-presidente da Associação Económica de Macau, Henry Lei Chun Kwok, também quer apoios contínuos às PME, esperando que o Governo concretize a medida de criação de fundos para as indústrias em prol da transformação em resultados científicos e tecnológicos. Outro “think tank”, o “Doctoral Think Tank”, coordenado por Chan Kam Kun, defendeu a necessidade de reforço da cooperação e uma maior divulgação contra o crime de branqueamento de capitais. Chan Kam Kun não esqueceu a conveniência da emissão de vistos para estrangeiros, tendo reconhecido a eficácia do plano governamental de revitalização para a zona do ZAPE, onde se inclui a recente realização de uma feira de gastronomia.
Nunu Wu Manchete SociedadeEconomia | Comerciantes desvalorizam efeito de cupões de desconto Enquanto em Hong Kong se discute imitar a medida, em Macau, os comerciantes consideram que os descontos não são solução para os problemas estruturais relacionados com a quebra do consumo e o valor elevado das rendas Vários comerciantes locais desvalorizaram o impacto no volume de negócios e receitas produzido pelos cupões de consumo com descontos, no âmbito de iniciativas como o Grande Prémio do Consumo. Os depoimentos surgem no portal HK01, porque John Lee, Chefe do Executivo de Hong Kong, vai apresentar hoje as Linhas de Acção Governativa e a distribuição de cupões tem sido uma medida defendida por alguns deputados. Sobre o impacto em Macau, o dono de um café ao lado do Teatro Dom Pedro V, de apelido Ng, afirmou que o apoio é “leve” e que, quanto muito, contribui para a subida de 5 por cento do volume de negócios. O empresário explicou que actualmente o grande problema são as despesas de operação, como renda e salários, que continuam a ser elevadas. “Durante a pandemia, os senhorios eram mais flexíveis com as renda. Mas, hoje em dia, essa flexibilidade deixou de existir, ao mesmo tempo que os salários do funcionários também aumentaram”, explicou. “Se o Governo quiser mesmo alterar as tendências do mercado, espero que comunique directamente com as pequenas e médias empresas (PME), em vez de comunicar com as associações de PME. Esta comunicação não faz sentido,” destacou. Ng revelou que o seu café abriu há cerca de cinco anos e que foi logo atingido pela pandemia, depois de alguns meses. Após a pandemia, o empresário reconheceu que houve uma ligeira recuperação, à qual se seguiu uma nova quebra, que afirmou ter sido “drástica”. “O consumo dos residentes no Interior da China foi uma das razões, e também os clientes locais foram consumir para outros lados”, justificou. O proprietário do café considera que actualmente é mais arriscado apostar na restauração e serviços semelhantes do que jogar nos casinos: “No casino as hipóteses de perder são de 50 por cento, mas no sector de restauração as hipóteses de perder são de 70 por cento”, destacou. Consumo no norte dificulta Por seu turno, o dono de um restaurante na Rotunda de Carlos da Maia, de apelido Ho, também considerou que o apoio dos cupões não é assim tão significativo. O empresário do restaurante que está aberto há cerca de 40 anos explicou que o programa de descontos leva a um volume adicional de negócios na ordem dos 10 por cento. Ho explicou que este apoio não compensa o grande declínio do consumo, que indicou ter sido acelerado com a facilitação da deslocação para o Interior da China, onde os residentes consomem cada vez mais. “O declínio dos negócios é óbvio, o volume de negócios é mau nos fins-de-semana, em comparação com o que acontecia no passado”, explicou. Não vi qualquer recuperação depois da pandemia, e se houver vários dias consecutivos com feriados a situação torna-se mesmo péssima”, justificou. Também o empresário Un, que faz doces de barba de dragão na Rotunda de Carlos da Maia, afirmou não estar optimista face aos cupões de descontos. O residente que se dedica à confecção dos doces classificados como património cultural considera que a única solução para inverter a situação passa pelo consumo dos turistas. No entanto, lamenta que o ambiente e a confiança estejam longe de ser ideais.
Nunu Wu Manchete PolíticaEconomia | Associação prevê estabilidade nos próximos meses O Índice de Prosperidade apresentado no domingo pela Associação Económica de Macau prevê estabilidade na economia local durante os próximos meses. Joey Lao, economista e dirigente da associação, estima um crescimento económico moderado A Associação Económica de Macau apresentou no domingo o relatório do mais recente Índice de Prosperidade Económica, onde se prevê que o Índice fique entre os 6 e os 6,1 pontos [numa escala de 0 a 10] nos meses de Setembro a Novembro, permanecendo, portanto, a economia de Macau num nível “estável”. Segundo um comunicado divulgado pela associação, liderada por Joey Lao, economista e deputado eleito no domingo para a Assembleia Legislativa (AL), além da estabilidade, prevê-se um crescimento mais moderado, dependendo da situação internacional, do panorama da economia a nível regional ou dos efeitos das políticas de apoio à economia implementadas pelo Governo de Sam Hou Fai. No mesmo relatório menciona-se que na época alta das férias de Verão a entrada de turistas oriundos da China e das regiões vizinhas trouxe mais movimento económico para as operadoras de jogo, já que em Julho e Agosto o número de visitantes que entraram em Macau ultrapassou os 7,68 milhões, o que se traduz em 123 mil visitantes por dia e um aumento de 15,2 por cento em termos anuais. Quanto à taxa de ocupação hoteleira, o relatório destaca que Macau atravessa uma elevada fase de procura, enquanto que as receitas brutas do jogo nos meses de Julho e Agosto foram “as ideais”. Por sua vez, é referido o agregado monetário M2, relativo ao dinheiro que pode ser usado para transacções imediatas ou fundos que podem ser convertidos em dinheiro, que aumentou 9,7 por cento em termos anuais, atingindo as 838,6 mil milhões de patacas, considerado um “recorde histórico”. Sinais positivos Outro destaque do relatório vai para o facto de o índice de confiança dos consumidores da China continua a manter-se “baixo”, enquanto que o rácio entre empréstimos e depósitos de residentes baixou de 50,1 para 49,4 por cento, estando ainda num “mau nível”, segundo os critérios do índice, pelo facto de haver mais empréstimos e menos depósitos, o que representa a entrada de menos capital no sistema económico. A associação concluiu também que, relativamente a Agosto, o Índice de Gestores de Compras da China foi de 49,4 por cento, um aumento ligeiro de 0,1 pontos percentuais face a Julho. Enquanto isso, o Índice de Actividade Empresarial Não Transformadora do país encontra-se, segundo o relatório, em expansão, além de que o Índice de Gestores de Compras Composto foi de 50,5 por cento, um aumento de 0,3 pontos percentuais também em relação a Julho. Para a Associação Económica de Macau, todos estes aspectos representam “sinais positivos” para projectar o crescimento económico até Dezembro.
Nunu Wu Manchete SociedadeToi San | Mercado Municipal remodelado e com restauração O Instituto para os Assuntos Municipais planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, reorganizando a disposição de bancas e instalando um centro para refeições. A possibilidade de abrir um concurso público para explorar bancas está a ser estudada Depois da renovação dos mercados municipais da Taipa, Mitra e Mercado Vermelho, a linha de modernização destes espaços pode chegar em breve ao bairro do Toi San. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelou ontem que planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, sem proceder a demolições ou grandes obras de construção. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o organismo presidido por Chao Wai Ieng indicou que o projecto pode passar pela reorganização do piso térreo de acordo com a oferta de produtos das bancas. No primeiro andar do mercado será instalado um centro de restauração com bancas de venda de comidas e bebidas. As autoridades esperam conseguir optimizar o espaço, disponibilizando suficientes lugares sentados que ainda permitam reservar um espaço para uma possível ligação ao jardim desportivo para os cidadãos, que será construído no antigo Canídromo. Além disso, face à baixa taxa de ocupação das bancas no Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, o IAM está a analisar a viabilidade de lançar um concurso público para a exploração de bancas. Gongbei ali ao lado O Mercado de Tamagnini Barbosa é apenas um dos muitos exemplos da decadência comercial que afecta, com especial acutilância, o norte da península de Macau devido à proximidade da fronteira de Zhuhai, onde todos os produtos e géneros alimentícios são muito mais baratos. O canal chinês da TDM ouviu um vendedor que testemunhou essa realidade, depois de cerca de duas décadas a trabalhar no Mercado de Tamagnini Barbosa. Face ao declínio dos negócios dos últimos anos, o comerciante gostaria de ver o mercado remodelado e com maior oferta, incluindo um centro de restauração, para atrair mais clientela. Outro comerciante, sugeriu a optimização do aspecto das bancas de rua e o aumento dos lugares de estacionamento nas imediações como formas de potenciar os negócios. Já o presidente da Associação de Assistência Mútua dos Moradores do Bairro Artur Tamagnini Barbosa, Luo Xiaoqing, salientou que apenas um terço das bancas do mercado estão em operação, ainda para mais por comerciantes que se aproximam da idade da reforma. O responsável, ligado aos Kaifong, sugeriu a abertura de um espaço para actividades comunitárias, de forma a atrair pessoas, e expressou esperança que o Governo comunique com os moradores do bairro e comerciantes antes de avançar com projectos concretos.
Nunu Wu PolíticaO Lam promete maior investimento na educação e foco no patriotismo A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, garante que a RAEM continua a aumentar o investimento na educação, a dedicar-se ao melhoramento da qualidade do ensino, a proporcionar mais recursos e a impulsionar a igualdade na educação. A ideia consta do discurso na cerimónia do Dia dos Professores e de tomada de posse da nova direcção da Associação de Educação de Macau na quarta-feira. A responsável explicou que Macau está numa altura crucial do desenvolvimento, o que significa que está numa fase com oportunidades, mas também enfrenta vários desafios criados pelas mudanças na educação mundial. O Lam não explicou a que mudanças se estava a referir, mas destacou que o ensino em Macau vai ter de se “adaptar” à nova procura e formar mais quatros qualificados que correspondam ao desenvolvimento futuro de Macau. A responsável citou também o Presidente Xi Jinping para indicar que “a educação é a base num plano centenário e os professores são a raiz da educação”. Por isso, a secretária destacou que os professores devem seguir a missão “gloriosa e árdua” que passa pela promoção do patriotismo. “Assumam a sagrada missão de educar as próximas gerações, carregando o futuro de Macau e as ardentes expectativas do país”, afirmou. “Espero que se recordem firmemente da missão, mantenham-se fiéis à intenção original da educação, orientem os alunos para estabelecerem uma visão do mundo, da vida e dos valores correctos, cultivem profundamente o patriotismo e transmitam o espírito do amor a pátria e a Macau de geração em geração”, acrescentou. Aposta na IA O Lam sublinhou ainda a importância da inteligência artificial, esperando que os professores continuem a elevar a qualidade profissional. Além disso, deixou como tarefas para os docentes a orientação dos estudantes para que estes dominem as tecnologias de ponta. A secretária indicou também que os professores devem incentivar os alunos a respeitar a amar a ciência, para se formarem como “mais quadros qualificados de alta qualidade”. No ano em que se assinala 80.º Aniversário da Vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, O Lam recordou que durante a guerra de 14 anos, o sector da educação de Macau apoiou o esforço de guerra de várias formas com contributos para a vitória. Olhando para o futuro, a responsável destacou que os professores devem ensinar a história, promover o espírito da guerra de resistência e a tradição gloriosa do sector da educação, implementando o espírito das directrizes do Governo Central em todos detalhes dos trabalhos. O Lam ainda pediu aos professores para seguirem os conceitos “Inovar para o Desenvolvimento Avançar com empenho para uma nova conjuntura” das Linhas de Acção Governativa de Sam Hou Fai, para formar mais quadros qualificados patriotas.
Nunu Wu Manchete SociedadeCaritas | Padaria em S. Lázaro e clínica na Areia Preta abertas este ano A Caritas Macau vai alargar os serviços comunitários com a abertura ainda neste ano de uma padaria na freguesia de São Lázaro, que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental. Os produtos serão doados a pessoas carenciadas. Além disso, abrirá também uma clínica médica na Areia Preta A Caritas Macau irá acrescentar dois serviços à sua rede de apoio social, indicou Paul Pun, secretário-geral da organização de caridade ligada à Diocese de Macau, na terça-feira, numa conferência de imprensa sobre a gala deste ano da instituição, que se realiza no dia 20 de Setembro. Os dois projectos são uma padaria, que irá abrir ainda este ano na freguesia de São Lázaro e uma clínica médica e de fisioterapia na Areia Preta. Segundo o jornal Ou Mun, para a abertura da padaria solidária faltam afinar apenas alguns detalhes, como a contratação de um mestre pasteleiro, tarefa para a qual Paul Pun aproveitou a exposição mediática para chamar a atenção de potenciais candidatos ao cargo. Sobre a padaria que irá operar em São Lázaro, o secretário-geral da Caritas Macau revelou que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental, permitindo-lhes a experiência de trabalho e a interacção com o público. Os produtos que a padaria irá disponibilizar serão gratuitos e têm como destinatárias famílias monoparentais ou pessoas carenciadas. Quanto à clínica comunitária, Paul Pun referiu que terá instalações na Areia Preta, disponibilizando serviços de medicina, fisioterapia, medicina dentária e pediatria. Para já, a Caritas Macau deu início ao processo de pedido de licença médica para operar junto dos Serviços de Saúde. No passado, o responsável apontou que o objectivo era oferecer aos utentes o serviço simultâneo de três consultórios. Toda a ajuda Em relação à gala de caridade, Paul Pun afirmou que se irá realizar no The Plaza Restaurant, e terá, com sempre, o objectivo de angariar fundos para que a instituição continue a prestar serviços sociais às camadas mais desfavorecidas e necessitadas da população. Como tem acontecido nos anos anteriores, a gala conta com várias actuações de variedades, que podem ser patrocinadas por participantes. Cada actuação terá duração entre três e cinco minutos. Ao mesmo tempo, serão colocadas à venda lembranças e artigos de artesanato também com o intuito de angariar fundos. O responsável recordou que no ano passado, durante a gala foram doadas verbas no valor de cerca de meio milhão de patacas. Os fundos angariados foram usados serviços como o transporte de deficientes e idosos.
Nunu Wu Manchete SociedadeTapah | Autoridades negam ligação entre lesão de idosa e gafe As autoridades recusam que as declarações de um representante dos Serviços de Polícia Unitários, que pediu inadvertidamente às pessoas para irem para a rua durante a passagem do tufão, tenham conduzido à lesão de uma idosa. Segundo os SPU e o COPC não há coincidência temporal entre os acontecimentos. Na sequência do desmentido foi detido um residente Os Serviços de Polícia Unitários (SPU) e o Centro de Operação de Protecção Civil (COPC) recusam ter existido qualquer ligação entre o caso de uma mulher que partiu a perna e a gafe de um representante dos SPU, durante a passagem do Tufão Tapah. Como consequência, as autoridades detiveram ontem um residente, que está a ser responsabilizado pelo rumor. Na segunda-feira, enquanto falava à população sobre o tufão, um representante dos SPU enganou-se e apelou à população para evitar ficar em casa ou em espaços interiores e seguros. A informação acabou por ser corrigida momentos mais tarde por Kam Chit Soi, também dos SPU, com o COPC a apelar à população para ficar em casa, em espaços interiores e seguros. No entanto, o erro tornou-se viral, gerou várias brincadeiras online e levou a que começasse a circular nas redes sociais um vídeo em que um homem, o alegado filho da mulher, acusava a informação errada de ter feito com que a sua progenitora tivesse ido para a rua. O autor do vídeo afirmava ainda que a mãe, de 80 anos, tinha caído numas escadas, devido ao piso escorregadio, e que tinha atingido outras seis pessoas. No vídeo, o homem nunca se mostrou, apenas era possível ver um telemóvel e ouvir uma alegada chamada para o Centro de Operação de Protecção Civil com queixas sobre a informação incorrecta. Na resposta, o centro garantia que a opinião ia ser encaminhada para os superiores para “ser acompanhada”. Tudo falso Com o vídeo a tornar-se viral, os SPU e o COPC emitiram um comunicado a desmentir a situação e apelaram à população para “manter um ambiente saudável” nas redes sociais. De acordo com a informação oficial, após as alegações transmitidas no vídeo foi realizada “uma investigação imediata”. “Após investigação, a hora em que a idosa sofreu ferimentos e a subsequente chamada a pedir ajuda aconteceram meia hora antes da transmissão deste Centro. Não há sobreposição temporal entre os dois eventos”, comunicaram. “Portanto, os ferimentos da idosa não foram, de forma alguma, causados pela transmissão deste centro”, foi acrescentado. “Naturalmente, expressamos a nossa profunda preocupação pela idosa ferida e desejamos-lhe uma rápida recuperação”, foi frisado. No comunicado, as autoridades voltaram a pedir desculpa pelo erro, mas não deixaram de criticar o ambiente online. “Reiteramos as nossas sinceras desculpas pelo mal-entendido causado pelo lapso verbal do nosso funcionário e tomaremos medidas para evitar que situações semelhantes ocorram”, foi prometido. “Lamentamos também as acusações infundadas que circulam online e exortamos o público a discernir a verdade, trabalhando em conjunto para manter um ambiente online saudável e racional”, foi acrescentado. Residente detido Durante a tarde de ontem, e depois do primeiro desmentido, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de um residente local, com cerca de 50 anos, relacionado com o caso. Nas perspectiva do CPSP, a actuação do homem “danificou seriamente a imagem e a credibilidade do Governo da RAEM”, com o detido a inventar uma ligação entre o apelo lançado na conferência de imprensa pelo representante dos SPU e a lesão da idosa. O detido está indiciado de um crime relacionado com a violação da lei ao combate à criminalidade informática, que não foi especificado pelo jornal Ou Mun, quando revelou a detenção, de um crime de ofensa a pessoa colectiva que exerça autoridade pública e do crime de publicidade e calúnia. Quando interrogado pelas autoridades, o homem admitiu ter sido o autor do vídeo, mas argumentou que se confundiu na hora do acidente da mãe e na hora do erro, o que levou a que tivesse feito o vídeo da polémica. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
Nunu Wu PolíticaAir Macau recua e aplica restrições mais ligeiras nas bagagens A Air Macau voltou atrás e decidiu aliviar algumas das novas restrições à bagagem dos passageiros incluídas nas compras dos bilhetes que tinham sido divulgadas no sábado. O recuo foi publicado no domingo, através de um comunicado no portal da empresa, e os bilhetes mais caros passam a incluir maior capacidade. Inicialmente a transportadora controlada pela Air China aplicou novos limites, com os bilhetes da classe económica a incluir uma única mala com um limite de 23 quilogramas. Se fossem ultrapassados, os passageiros teriam de pagar um valor extra. Na classe Joyful, a segunda mais barata da empresa, a capacidade máxima era aumentada para 23 quilogramas por mala, com os passageiros a transportarem até duas malas. Finalmente, na classe de negócios, os clientes ficavam limitados a duas malas, mas cada uma com peso máximo de 32 quilogramas. Além disso, as regras iniciais também mencionavam que o tamanho por mala seria limitado até 158 centímetros (totais de comprimento, altura e largura e incluídos de rodas e puxador). Pensando melhor No entanto, na noite de domingo, a empresa recuou, ao melhorar as condições dos bilhetes mais baratos, mas a penalizar a classe intermédia de bilhetes, face às mudanças originais. A partir de 17 de Setembro, a classe económica fica limitada a uma única mala com 32 quilogramas, em vez dos 25 quilos originais. Para os clientes da classe “Joyful”, surge um limite de 50 quilogramas no total das duas malas. Contudo, uma das malas pode atingir um peso de 32 quilos, contando que a outra não vá além dos 18 quilos. Na classe de negócios o peso de cada uma das duas malas será de 32 quilogramas, num total de 64 quilogramas, não havendo alterações. As restrições das dimensões foram totalmente abandonadas. O cenário não deixa de contrastar com o que actualmente acontece. Até dia 17 de Setembro não há limites no número de malas. Por exemplo, os clientes da classe económica têm um limite de 25 quilos, o que significa que podem levar mais do que uma mala, desde que não ultrapasse esse peso. Os clientes da classe económica mais avançada, a “Joyful”, têm um limite 30 quilos enquanto os clientes da classe de negócios têm um limite 40 quilos. Estas classes mais caras saem beneficiadas.
Nunu Wu Manchete PolíticaGrande Prémio do Consumo | Receitas do comércio aumentam 10% Apesar dos comerciantes destacarem o aumento das receitas e do número de clientes, o programa continua a merecer críticas por parte dos consumidores, dado que os descontos não podem ser utilizados durante os dias de semana No primeiro fim-de-semana de utilização dos vales de desconto emitidos no âmbito da ronda mais recente do Grande Prémio do Consumo, os comerciantes afirmaram que as receitas cresceram à volta de 10 por cento. Os números foram apontados por vários comerciantes em declarações citadas pelo jornal Ou Mun. Ao jornal em língua chinesa, o proprietário de uma padaria, não identificado, reconheceu que normalmente no fim-de-semana o volume de vendas é afectado negativamente pelas viagens dos residentes para o Interior da China. No entanto, devido ao programa de descontos que pode ser utilizado para compras, o proprietário afirmou que as receitas no fim-de-semana apresentaram um crescimento de 10 por cento, face aos períodos sem descontos. O proprietário indicou também que, para aproveitar os descontos, a loja tenta ter as suas próprias promoções, com preços mais atractivos, e também com o lançamento de novos produtos, que se espera despertar maior interesse dos clientes. Por sua vez, o gestor de uma loja de produtos de primeira necessidade indicou que os descontos mais recentes contribuíram para que o número de pessoas a visitar o espaço aumentasse em cerca de 20 por cento. Todavia, explicou que as pessoas optam pelos bens mais necessários, sem grandes gastos, como papel higiénico ou produtos de higiene pessoal e de limpeza para a casa. Também neste caso, o sucesso não é apenas atribuídos aos descontos da iniciativa promovida pelo Governo, a loja também oferece preços mais atractivos. Mais flexibilidade Apesar da satisfação dos comerciantes, a nível dos consumidores surgem pedidos de maior flexibilidade, a pensar nas pessoas com menor capacidade económica. No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau de alguns ouvintes a pedirem mais flexibilidade no prazo e no uso dos cupões de descontos. Um ouvinte de apelido Chan apontou que o facto de os cupões só poderem ser utilizados ao fim-de-semana é negativo, porque acaba por criar sempre filas nas lojas mais populares. Chan considerou que a experiência de utilização dos descontos é má, e que devia ser possível utilizar os descontos durante os dias da semana. Chan argumentou não compreender a resistência a fazer pequenos ajustes, de acordo com as opiniões dos consumidores, dado que já foram realizadas várias rondas do programa. Outra ouvinte de apelido Leong sugeriu a utilização dos cupões nas sexta-feiras. No entanto, Leong alertou as autoridades para a possibilidade de o programa levar ao aumento da inflação no comércio local, pelo que pediu um aumento da fiscalização dos preços pelas autoridades. Por sua vez, um ouvinte de apelido Lei indicou que o programa promovido pelo Governo falha em pensar nas pessoas com menor capacidade financeira. Lei exemplificou que para os estudantes e idosos é difícil utilizar os cupões de desconto de 200 patacas porque esse valor só pode ser utilizado quando gastam pelo menos 600 patacas.
Nunu Wu Manchete SociedadeImobiliário | Centaline prevê subida contínua de rendas A agência imobiliária Centaline estima que o preço médio das rendas dos imóveis continue a aumentar até ao final do ano, uma tendência que começou há dois anos. Os especialistas explicam a subida do mercado de arrendamento com a quebra das vendas de imóveis e o retorno de não-residentes depois da pandemia Quem não compra, arrenda. É nesta polaridade que assenta a dinâmica do mercado imobiliário, de acordo com a agência imobiliária Centaline, que prevê que as rendas médias de imóveis para habitação continuem a subir nos terceiro e quarto trimestres, ultrapassando as 140 patacas por metro quadrado nas fracções autónomas habitacionais. O director da Agência Imobiliária Centaline de Macau e Hengqin, Roy Ho, prevê que as rendas médias por metro quadrado possam tentar passar as 145 patacas em meados do próximo ano. Recorde-se que, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, as rendas médias das fracções habitacionais caíram nos anos da pandemia. No primeiro trimestre de 2020, a renda média do metro quadrado custava 160 patacas, altura em que começou a descida, culminando nas 129,8 patacas por metro quadrado no segundo trimestre de 2023, reflectindo uma quebra de quase um quinto (19 por cento). No entanto, a situação inverteu-se a partir do terceiro trimestre de 2023, até chegar a 138,7 patacas por metro quadrado no segundo trimestre deste ano, mostrando uma subida de 6,86 por cento. Do porquê ao porque Em declarações ao jornal Ou Mun, Roy Ho começou por explicar o fenómeno com o fim das restrições fronteiriças em 2023, a retoma da economia que exigiu mais mão-de-obra e o aumento do número de trabalhadores não residentes (TNR). Além disso, com a quebra das vendas, os residentes que planeavam comprar habitação suspenderam os planos, devido a dificuldades económicas e à desvalorização dos imóveis, restando-lhes o mercado de arrendamento. Também o número de estudantes chineses que escolhem Macau para prosseguir os estudos no ensino superior tem aumentado nos últimos anos, acrescenta o responsável da Centaline. Roy Ho apontou ainda que os apartamentos de T0 a T2 são escassos para a procura por estudantes do Interior da China e TNR, cujas rendas variam entre 8.000 e 20.000 patacas por mês. Os apartamentos em prédios na Taipa e Coloane, mais próximos de universidades, registam grande procura por parte de estudantes. Aliás, os apartamentos mais pequenos na Taipa tinham no ano passado rendas a rondar 9.500 patacas, valor que aumentou cerca de 1.000 patacas ao longo de 2025. O director da agência imobiliário indicou ainda que também em Hengqin os preços das rendas aumentaram.
Nunu Wu Grande Plano MancheteEleições | Programas políticos com foco na economia e apoios sociais São seis as listas de candidatos a deputados pela via directa, e outras seis pela via indirecta. Há caras novas, muitas de saída e ainda deputados que decidiram deambular entre sufrágios. Os principais focos dos programas políticos continuam a ser o emprego, o fomento da economia e o aumento dos apoios sociais No dia 14 de Setembro serão escolhidos os deputados da Assembleia Legislativa (AL), quer pelo voto do povo, na via directa, quer pela via indirecta através das associações que representam os diversos sectores profissionais. A campanha está nas ruas e as 12 listas disponibilizaram os programas eleitorais cujo conteúdo não difere muito das interpelações apresentadas ao Governo nos últimos anos, tendo em conta que a maioria dos cabeça de lista já está na AL há algum tempo. Assim, questões como a crise no emprego jovem, o incentivo ao consumo local, a necessidade de mais apoios sociais e ainda a integração regional de Macau em Hengqin e na Grande Baía dominam as medidas apresentadas. No caso da lista 1, a “Associação dos Cidadãos Unidos de Macau” tem raízes em Fujian e é liderada pela deputada Song Pek Kei, que começou bem jovem a acompanhar o empresário Chan Meng Kam nas lides parlamentares. Agora faz-se acompanhar pelo jovem deputado Nick Lei, seguindo-se em terceiro lugar, e numa lista de dez pessoas, Chan Lai Kei. Na área laboral, a lista defende a criação de uma quota para residentes em todas as áreas profissionais, o “apoio ao emprego e empresas locais”, e a garantia de que “85 por cento, ou mais, dos funcionários sejam residentes locais”. Defende-se ainda a liberação de “vagas nas áreas financeira e de gestão para residentes qualificados”, bem como a concessão de um subsídio de cinco mil patacas para “cada residente elegível no apoio ao emprego, a desempregados ou trabalhadores temporários”. A lista Nova Esperança, liderada por José Pereira Coutinho, quer “emprego para todos” e promete lutar pela “prioridade de emprego aos residentes permanentes de Macau nas concessionárias de jogos” e ainda o estabelecimento de um “sistema obrigatório (Fundo de Previdência), que proteja a 100 por cento a população”. O programa eleitoral dá ainda ênfase à área dos promotores de jogo, cujo número de licenças tem caído a pique nos últimos anos. A lista pede o “reforço da sua viabilidade através do aumento da comissão legal de 1,25 para 1,30 por cento” e a “facilitação de abertura de contas bancárias para titulares de licenças” junket atribuídas pelo Executivo. No caso da lista 3, a União Promotora Para o Progresso, que representa a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, liderada pelo deputado Leong Hong Sai, pede a “melhoria do emprego dos residentes”, a revitalização do turismo ou o apoio a “pequenas e médias empresas”. Já a lista 5, a União Para o Desenvolvimento, é liderada por um rosto bem conhecido da AL. Ella Lei e o parceiro de bancada dos Operários Leong Sun Iok voltam a colocar o emprego como prioridade política. Pede-se a “garantia de oportunidades de emprego a locais”, bem como o “aperfeiçoamento do sistema de entradas e saídas de trabalhadores estrangeiros”. A lista dos Operários promete lutar pelo desenvolvimento de “formação remunerada a fim de aumentar as qualificações dos trabalhadores locais”, bem como o “aperfeiçoamento do sistema de apoio ao emprego, aumentando, de forma adequada, a alocação de serviços”. Também na área laboral este grupo de candidatos pede que seja “aprimorado o sistema de protecção dos trabalhadores para aumentar o seu nível de vida”, sugerindo-se o “fortalecimento da estrutura salarial” e do “sistema de previdência social para aumentar o nível de protecção dos trabalhadores”. Consumir é preciso Desde que Macau recuperou da crise causada pela pandemia da covid-19, com o encerramento de negócios, que outro problema se colocou: o facto de ser mais fácil viajar para a China fez com que os residentes consumam menos no território, afectando o comércio de zonas menos turísticas. Esse tem sido tema recorrente nas intervenções dos deputados na AL e também o é nos programas eleitorais. Voltando à lista ligada à comunidade de Fujian, pedem-se “incentivos ao consumo interno” para “reduzir a pressão na vida dos residentes” e “revitalizar a economia local”. Para isso devem ser seguidas “as experiências dos programas de apoio ao consumo entre 2020 e 2022, criando-se novos cartões de consumo para estimular o comércio”. No caso da lista de Pereira Coutinho, defende-se a instituição “de um cartão electrónico de apoio anual ao consumo de 10.000 patacas”, sendo que o candidato pede mesmo a criação de um Plano de Comparticipação Pecuniária Permanente com o valor a partir de 15.000. Também os Operários pedem “o estímulo ao consumo, a fim de ajudar os residentes a gastar e a impulsionar a economia”. No caso da lista 4, da União de Macau-Guangdong, em representação dos naturais de Jiangmen, e liderada pelo académico Joey Lao Chi Ngai, pede-se a “promoção do funcionamento de um ‘Grupo de Trabalho de Coordenação para a Promoção do Emprego, a fim de impulsionar a mobilidade social dos residentes”. É ainda sugerida a revisão dos “diversos regimes de segurança social, devendo aumentar-se o investimento em recursos para apoio de idosos, crianças, pessoas com deficiência e grupos vulneráveis”. Rómulo Santos Joey Lao Consumo não é esquecido No que diz respeito aos subsídios atribuídos pelo Executivo às chamadas camadas mais vulneráveis da população, crianças, jovens, idosos, doentes crónicos ou portadores de deficiência, todas as listas pedem mais. No caso do grupo liderado por Song Pek Kei é sugerida a realização de um estudo “sobre a criação de um sistema universal de seguros de saúde, a fim de garantir serviços médicos gratuitos básicos para todos os residentes”. Pede-se ainda um “melhor uso dos recursos para ampliar a cobertura dos serviços médicos e reduzir os encargos das famílias” nesta área. De frisar que o Executivo, além de comparticipar taxas moderadoras para residentes, atribui ainda vales de saúde no valor de seis mil patacas também para residentes. A lista de Song Pek Kei pega numa das últimas medidas do Executivo de Sam Hou Fai, a criação de um subsídio para a infância, para pedir a sua extensão de três para seis anos da criança beneficiária. Defende-se ainda a criação de “subsídios diferenciados para o segundo e terceiro filhos”, bem como uma licença de maternidade de 90 dias, para aumentar a taxa de natalidade. Olhando para a lista Nova Esperança, a novidade é o pedido de conversão “dos actuais benefícios [de saúde] em vales de consumo multifuncionais com o valor de 10.000 patacas”, bem como o alargamento da licença de maternidade para 90 dias. No caso do subsídio para a infância, a Nova Esperança defende a sua extensão até aos 12 anos da criança e um pagamento mensal de 2.000 patacas. Destaque ainda para a defesa do aumento do subsídio a cuidadores informais e famílias monoparentais de 5.000 para 8.000 patacas mensais. Tendo em conta que Coutinho está ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, trata-se de uma área a que é dada atenção neste programa político: aumento, entre 30 a 50 por cento, “da remuneração base, em substituição dos 100 pontos da tabela indiciária, aos agentes das Forças de Segurança”, defendendo-se também a “aposentação voluntária após 20 anos de serviço”. No caso da lista 6, Aliança do Bom Lar, liderada por Wong Kit Cheng, faz-se o apelo a mais e melhores medidas para os pais: “aumentar o número de licenças parentais e de acompanhamento a exames pré-natais”, lê-se, fazendo-se também a defesa de “horários de trabalho mais flexíveis e deduções fiscais pelo número de filhos a cargo”. Numa visão geral dos programas, importa referir que em seis listas do sufrágio directo, apenas a lista Nova Esperança usa as duas línguas oficiais, o português e chinês. No sufrágio indirecto há mais grupos a fazer esta aposta, como a União dos Interesses Empresariais de Macau e União dos Interesses de Profissionais de Macau. Não existem programas em inglês. Estas eleições pautam-se pela saída de deputados como Ron Lam U Tou, Chan Chak Mo, Chan Hong e Lei Chan U. O que os indirectos querem No sufrágio indirecto há uma novidade: a entrada do empresário Kevin Ho, sobrinho de Edmund Ho, para a lista liderada por José Chui Sai Peng, a “União dos Interesses Empresariais de Macau”, que representa os sectores industrial, comercial e financeiro. Destaque, neste grupo, para a entrada de Si Ka Lon, que sempre concorreu pela via directa. Este grupo defende “o apoio à transformação digital e de alta tecnologia para modernizar indústrias tradicionais e desenvolver sectores emergentes”, prometendo ainda “escutar atentamente as dificuldades e reivindicações das indústrias comercial e financeira, especialmente as pequenas e médias empresas”. Kevin Ho A União dos Interesses de Profissionais de Macau, liderada por Iau Teng Pio, subdirector da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, defende a luta pela “capacitação da diversificação da economia em conformidade com a força profissional” e “a articulação das normas de Macau e Hengqin”. Para tal, sugere a criação de uma “zona experimental da aplicação” dessas mesmas normas, explorando-se “um mecanismo de execução directa e transfronteiriça de arbitragem”. Segue-se o desejo de “fortalecer a competitividade internacional do Direito”, incentivando-se “talentos excepcionais a estudar no Interior da China”. Um rosto pela Educação Ho Ion Sang, um rosto que nos habituámos a ver no sufrágio directo, concorre novamente pelo sufrágio indirecto, sozinho, em representação do sector da educação, com a Associação de Promoção do Serviço Social e Educação. O candidato pede a “implementação de medidas de apoio à saúde mental” bem como a “melhoria da qualidade geral dos serviços médicos de Macau e eficácia no atendimento”. Ho Ion Sang promete lutar por medidas que olhem “o impacto da baixa natalidade no sistema educativo” e por mais “apoio à educação inclusiva e escolas do ensino especial”. A empresária Angela Leong junta-se pela primeira vez a Ma Chi Seng para juntos concorrerem pela União Cultural e Desportiva do Sol Nascente, em defesa da cultura e desporto. Uma das ideias passa por “solicitar que o Governo oriente a utilização dos elementos não relacionados com o jogo [das concessionárias] para apoiar actividades culturais e desportivas locais”. Na lista “Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados”, liderada pelo deputado Lam Lon Wai, defende-se a melhoria de infra-estruturas, a “redução dos custos de negócios e a facilitação do comércio e investimento”. Pede-se a promoção da “partilha dos benefícios do desenvolvimento económico com os empregados”, estabilizando-se um “mecanismo de crescimento salarial”. Na União das Associações de Trabalhadores, liderada por Leong Pou U e Choi Kam Fu, é sugerida “a melhoria da protecção dos direitos laborais e dos trabalhadores”, bem como “a protecção dos direitos básicos das trabalhadoras, melhorando-se as infra-estruturas de apoio infantil”. Defende-se ainda o “ajustamento dinâmico do salário mínimo para garantir as necessidades básicas de vida”.
Nunu Wu Manchete SociedadeTurismo| Prevista subida de dois dígitos do número de visitantes O Centro de Intercâmbio de Turismo da Ásia reviu em alta as previsões para a entrada de turistas chineses em Macau na segunda parte de 2025. O organismo que estuda o sector, sob a alçada Ministério da Cultura e Turismo da China, estima que o fluxo de residentes da RAEM para o Interior também aumente O Centro de Intercâmbio de Turismo da Ásia juntou-se ao coro de entidades que estimam o aumento do fluxo de turistas entre as regiões administrativas especiais e a China na segunda metade deste ano. Num estudo publicado na terça-feira, o organismo sob a alçada do Ministério da Cultura e Turismo da China, prevê o aumento anual de dois dígitos em todas as previsões sobre entradas de turistas no segundo semestre de 2025. O novo estudo, que revê em alta as previsões anteriores da entidade nacional, estima que Macau seja visitada por cerca 28,5 milhões de turistas na segunda metade deste ano. A nova projecção representa um aumento de meio milhão de turistas face à estimativa feito no início deste ano, e uma subida de 16,4 por cento em comparação com o mesmo período de 2024. Por outro lado, é também previsto o aumento do número de residentes de Macau a entrar no Interior da China na segunda metade de 2025. O organismo ligado ao Governo Central aponta para um aumento de 35,5 milhões para 37,5 milhões de entradas para a China, ou seja, uma subida de 11,4 por cento em termos anuais. Em relação ao fluxo nas fronteiras entre Hong Kong e o Interior da China, é previsto um aumento de 3,5 milhões de turistas chineses a visitar a RAEHK, face à estimativa inicial, para 93,5 milhões visitantes, um total que representa uma subida de 13,1 por cento em comparação com o segundo semestre de 2024. A grande fotografia Quanto à proporção de turistas por semestre, o Centro de Intercâmbio de Turismo da Ásia estima que no cômputo geral do movimento de turistas entre as regiões administrativas especiais e o Interior da China, o segundo semestre ocupe entre 51 e 54 por cento do volume total de visitantes de 2025, “se não acontecer um incidente súbito”. Os analistas salientam que a evolução dos fluxos turísticos segue a tendência de crescimento verificada na primeira metade de 2025. Porém, a revisão em alta foi justificada com a implementação de medidas facilitadoras a nível de vistos e travessias de fronteiras, assim como a realização de actividades e festividades atractivas em termos turísticos. Neste capítulo, os analistas destacam a realização dos próximos Jogos Nacionais como mais um factor potenciador para os mercados turísticos das regiões organizadoras.
Nunu Wu Manchete SociedadeEsgrima | Atletas impedidos de exibir bandeira de Macau Uma equipa de Macau conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio na Taça da Ásia de Cadetes. No entanto, enquanto os atletas de Hong Kong e do Cazaquistão mostravam as respectivas bandeiras, o Lótus verde ficou bem longe dos olhares do público Imagem: Escola Pui Ching A Associação Geral de Esgrima de Macau terá impedido que a bandeira do território fosse mostrada na Taça da Ásia de Cadetes, que decorreu na Malásia, depois de alguns atletas locais terem conquistado um troféu. O caso foi denunciado por um participante do programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, com a foto da competição que decorreu entre 20 e 23 de Agosto a ser divulgada ontem nas redes sociais. “Ouvi dizer que a participação na competição não foi subsidiada pelo Governo, apesar de os atletas estarem a representar Macau. Por isso, a Associação Geral de Esgrima de Macau impediu que os atletas subissem ao pódio com a bandeira da RAEM”, afirmou o ouvinte, que se identificou pelo apelido Ieong. A postura dos atletas de Macau contrastou assim com a dos esgrimistas de Hong Kong e do Cazaquistão que podem ser vistos nos pódios com as bandeiras dos territórios que representam. Segundo as reportagens da competição, a equipa de Macau arrecadou uma medalha de ouro, duas medalhas de prata e duas medalhas de bronze. Outras queixas Ieong também se queixou do facto de a associação mudar os critérios para o concurso inter-escolas de esgrima, que vai começar a partir de Outubro, por agrupar atletas que usam armas com tamanhos diferentes. “No passado, os alunos com menos de 11 e 12 anos competiam na mesma categoria. Mas este ano, os alunos com menos de 12 anos precisam de enfrentar os menores de 13 anos. Como nós sabemos, as espadas utilizadas pelos menores de 12 anos e de 13 anos são diferentes, o comprimento de espada é diferente”, explicou. Falta imparcialidade nesta decisão”, considerou. Além disso, Ieong apontou que a competição escolar vai ser fechada ao público, significando que a entrada dos pais será vedada. Ieong afirmou que este aspecto é negativo porque os alunos podem não saber como apresentar uma queixa, se sentirem prejudicados nas decisões. Mar de críticas Nos últimos dias têm surgido várias críticas anónimas contra a Associação Geral de Esgrima de Macau devido a contratações pouco transparentes de pessoal e alegados abusos de poder. As denúncias foram publicadas alegadamente por atletas da esgrima, e uma das acusações visou directamente a secretária-geral da associação, Grace Ma, por abuso de poder. “Nenhum dos administradores da associação tem experiência de esgrima ou contacto com o desporto. Desde que Grace Ma assumiu o cargo de gestão aconteceram os seguintes episódios: esquecimento de inscrições em competições, esquecimentos de pedidos de vistos, nomes de atletas escritos de forma errada nos bilhetes de avião, não arranjam transporte para os atletas durante as competições e nem nos permitem participar nas competições, mesmo quando pagamos os custos com o dinheiro do nosso bolso”, lê-se numa das publicações. As publicações também duvidam das qualificações de Grace Ma, citando as reportagens dos jornais chineses em que ela surge identificada como tendo um doutoramento em ortopedia da Universidade de Malaya, em Kuala Lumpur. “Esta universidade nunca teve o doutoramento em ortopedia, apenas tem engenharia biomédica”, foi apontado. As críticas visam também o facto de Grace Ma não surgir na lita de profissionais de saúde reconhecidos pelos Serviços de Saúde, o que significa que não está habilitada para fazer tratamentos médicos. Os denunciantes anónimos esperam que a associação explique as razões de ter escolhido Grace Ma como a secretária-geral da associação, e esperam que Ma se demita, para deixar alguém com experiência e conhecimento da matéria assumir o cargo. O HM contactou a Associação Geral de Esgrima de Macau sobre as queixas apresentadas, mas até ao encerramento da edição não recebeu uma resposta.
Nunu Wu Grande Plano MancheteIlha Verde | Incertezas em torno da recuperação do convento jesuíta Escondido no meio da colina, o convento da Ilha Verde continua à espera de recuperação plena. O local foi recentemente palco de um festival de cinema experimental, demonstrando potencialidades para acrescentar um novo espaço cultural à cidade. Porém, o proprietário queixa-se de custos elevados e dificuldades financeiras Falar das paredes meio abandonadas e vazias do convento da Ilha Verde, situado na pequena colina na zona norte da península, implica recuarmos aos primórdios da presença portuguesa em Macau e dos jesuítas, nomeadamente a meados do século XVII. Nessa altura, Macau já era um território de trocas comerciais entre portugueses, estrangeiros e chineses, entrando na rota asiática do comércio de especiarias e outras matérias-primas. Só assim se pode compreender a importância deste edifício classificado que está num terreno com propriedade privada. O Instituto Cultural (IC) quer ver o edifício renovado em parceria com o dono, depois de anos e anos de um processo arrastado nos tribunais entre duas empresas para provar a verdadeira propriedade do terreno. Apesar do quase abandono, o convento da Ilha Verde acolheu este Verão um festival de cinema ao ar livre, mostrando as potencialidades do local enquanto novo espaço cultural. O evento em questão foi o Festival de Cinema Experimental de Macau, organizado pela Associação Audiovisual CUT. Ao HM, o curador do festival, Keng U Lao, explicou que o “espaço está actualmente a ser alvo de obras de renovação”, e que para o festival foi usada a zona do jardim e “algumas salas do edifício”. Para o responsável, o convento da Ilha Verde “é um local fantástico para eventos culturais, e tanto os proprietários como a equipa foram incrivelmente acolhedores e prestáveis”. Foto: Associação CUT O curador do festival de cinema entende que o convento é “uma joia que poucos locais visitaram”, tendo estado “encerrado por mais de uma década”. “Talvez essa seja a razão pela qual o nosso público esteve tão entusiasmado para assistir ao evento de encerramento e explorar o espaço, pois tivemos lotação esgotada”, descreveu. Segundo Keng U Lao, e tendo em conta a natureza experimental do festival, procurou-se “utilizar de forma criativa os espaços disponíveis para as projecções, performances e instalações audiovisuais, permitindo o cruzamento com a arquitectura única do local”. Para o curador, o convento da Ilha Verde poderá ser “um excelente local para eventos culturais, incluindo exposições de artes visuais, espectáculos, eventos musicais e sessões de cinema”. Conflito com mandarins Em 1618 teve início um conflito entre a Companhia de Jesus, que já então estava sediada na Ilha Verde neste convento, e as autoridades chinesas locais, devido à utilização do espaço pelos jesuítas portugueses. É um conflito que, segundo a obra “Macau: Poder e Saber – Séculos XVI e XVII”, só termina a 3 de Fevereiro de 1621 quando o Senado intervém, sanando-se por completo a 14 de Agosto do mesmo ano, continuando os jesuítas a viver na Ilha Verde sem, porém, se afirmarem como proprietários de alguma coisa. Descreve o historiador que os jesuítas ali puderam permanecer “com autorização dos mandarins e sem reclamarem a posse”, sendo que antes de Julho de 1621 ocorreu “a demolição de edifícios por ordem das autoridades distritais chinesas”. Mais do que um punhado de paredes antigas, no convento da Ilha Verde prova-se parte da actividade e presença dos jesuítas em Macau, bem como questões políticas que sempre marcaram o território, nomeadamente quem exercia a soberania de facto sobre Macau. “O episódio da Ilha Verde é exemplar a vários títulos, mas acima de tudo serve para mostrar até que ponto está sinizada a oligarquia de Macau e até que ponto o Senado consegue intermediar conflitos entre poderes oficiais chineses distritais e regionais (…)”, lê-se no livro de Luís Filipe Barreto. Ao longo dos anos, o convento e o terreno adjacente foram passando de mão em mão até virem parar às de Jack Fu, que conseguiu ver provada em tribunal, em 2022, a propriedade do convento por parte da sua Companhia de Desenvolvimento Wui San. Aquando da vitória judicial, Jack Fu lamentou que “o processo tenha decorrido de forma tão lenta”, tratando-se de uma “disputa que decorreu durante mais de dez anos”. Perante os jornalistas, Jack Fu prometeu encontrar “equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação do espaço”. Dificuldades financeiras O HM procurou saber o que tem sido feito desde então. Percebe-se que permanecem incertezas sobre o futuro do espaço, com muitas questões orçamentais à mistura. Já foram feitas algumas obras inteiramente suportadas pela Companhia de Desenvolvimento Wui San, mas falta uma estratégia de longo prazo. “O IC exige o restauro do convento no seu estado original”, disse Jack Fu. “Temos feito o nosso melhor e nestes anos [desde 2022] a empresa tem feito muitas coisas. Se o convento tiver de ser todo restaurado no seu estado original não consigo avaliar quanto dinheiro isso vai custar porque a capacidade [financeira] da nossa empresa é limitada. Penso que poderá custar entre dezenas e até 100 milhões [de patacas]”, apontou. Assim, as tarefas que a Companhia de Desenvolvimento Wui San tem feito desde 2022 passam pela remoção do lixo, recuperação de algumas infra-estruturas e destruição de construções ilegais ou que estavam em risco de queda. De frisar que o antigo convento, numa altura em que a sua propriedade estava por definir, chegou a servir de casa a trabalhadores da construção civil que ali alugavam quartos, vivendo em condições precárias. “Fomos fazendo a manutenção de vários espaços conforme a nossa capacidade, mas não conseguimos restaurar o convento por completo ao seu estado original”, declarou. Jack Fu diz ter gasto até à data “entre 10 a 20 milhões [de patacas]” na recuperação de algumas zonas do convento, não conseguindo avançar com uma data para o restauro completo. “Tudo depende da situação financeira e se houver capital suficiente. Pode ser dentro de dois ou três anos, mas se o Governo estiver dependente da reparação apenas pelos privados para que se assuma este grande valor é impossível”, avisou. O dono do terreno disse que o IC sugeriu à empresa concorrer ao Plano de Apoio Financeiro para a Beneficiação de Edifícios Históricos para a obtenção de “um subsídio de dois milhões de patacas, no máximo, em dois anos”. “Mas esse valor não vai aliviar o problema”, disse Jack Fu, que teme que o processo de renovação se arraste por anos. “Por isso propusemos um intercâmbio para que haja um plano ou uma resolução específica”, referindo que “o progresso da restauração é lento e as autoridades apenas pedem a recuperação, não se preocupando com os custos que vamos ter”, acrescenta. Jack Fu alerta ainda para o facto de a legislação e o Plano Director de Macau contribuírem para atrasar ainda mais a renovação. “O Governo está a trabalhar na Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Norte – 1 e não sabemos mais informações. Como tudo tem de estar conforme esse plano apenas podemos apresentar opiniões. Temos proposto várias opiniões às autoridades que as podem aceitar ou ter em conta no futuro.” Obras terminadas em 2024 Da parte do IC foi referido, numa resposta enviada ao HM, que a colina da Ilha Verde onde está o convento “é um sítio classificado, sendo o terreno de propriedade privada”. “Ao longo dos anos, e nos termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, o IC tem diligentemente fiscalizado, coordenado e promovido o cumprimento das responsabilidades inerentes aos proprietários no que toca à preservação e gestão, bem como à execução de reparações e manutenções necessárias”, é referido. Lembrando as “ocupações ilegais que a colina sofreu durante vários, que dificultaram o desenvolvimento das acções de protecção previstas”, o IC pediu “aos proprietários a realização de obras de reparação e reordenamento urgentes”, tendo estas sido “concluídas no início de 2024”. As obras de que fala Jack Fu foram feitas “segundo as exigências do IC” e passam pelo “restauro e renovação das paredes, janelas, cobertura e colunas da Casa de Retiros”. Quanto à futura utilização do espaço, como está no foro privado, caberá apenas ao IC solicitar pareceres, sendo que “o organismo pronunciar-se-á no âmbito da protecção do património cultural”. Para Jack Fu, o convento da Ilha Verde poderá ser “uma base de intercâmbio cultural sino-ocidental, conforme os requisitos do país para Macau e a actual situação” do território. “O que dissemos ao Governo é que Macau é um centro mundial de turismo e lazer, mas falta aqui [Ilha Verde] um complexo de turismo cultural onde os turistas possam passear e permanecer um ou dois dias, então este espaço pode ter esse papel, já que tem a vantagem de estar perto de três postos fronteiriços”, destacou. Para já, e aparte os elevados custos para reconstruir tudo isto, Jack Fu mostra-se confiante. “O desenvolvimento da zona [Ilha Verde] ainda não começou e só agora o depósito provisório de combustíveis vai mudar de localização. Se for incluindo o nosso terreno, há condições para um grande complexo de turismo cultural.”