Nunu Wu Manchete SociedadeImobiliário | Governo acusado de deixar sector “moribundo” O presidente da Associação dos Agentes Imobiliários de Macau lamenta que o Governo tenha ignorado a situação dos proprietários face à desvalorização dos imóveis e que tenha deixado o sector à beira da extinção. Franky Fong sugere a eliminação de taxas notariais e impostos sobre transacções imobiliárias O presidente da Associação dos Agentes Imobiliários do Sector Imobiliário de Macau (nome oficial), Franky Fong, não está satisfeito com a forma como o Governo tem lidado com a crise do sector. Em declarações ao jornal Ou Mun, o representante lamentou que, apesar dos “excelentes resultados” da indústria do jogo e do aumento do volume de turistas, “o Governo tem ignorado o sector imobiliário, que se encontra num estado moribundo, assim como os proprietários afectados pela desvalorização dos imóveis, que os tornou mais pobres”. Na óptica do dirigente e empresário do ramo, o Governo poderia tomar várias medidas para inverter a situação. Para começar, o Executivo de Sam Hou Fai poderia alterar a lei que regula a actividade de mediação imobiliária, actualizando ou eliminando penalizações excessivas e regulamentos onerosos. Franky Fong defende que a lei deve ter um mecanismo de penalização que aplique multas e outras penalizações conforme a gravidade das infracções, para que os agentes tenham mais oportunidades para corrigir falhas leves. Abrir caminho Outra via para estimular o sector imobiliário, pode passar pela redução de impostos, como o de selo sobre a transmissão de bens e contribuição predial, e o peso de despesas, como os encargos notariais, associadas à compra e venda de imóveis. Franky Fong não concorda que os encargos notariais sejam calculados segundo o valor da transacção do imóvel, em vez de terem uma taxa fixa, como se verifica em Hong Kong onde os custos notariais e de registo podem variar entre algumas centenas de dólares de Hong Kong, indicou. Em relação à política fiscal, o responsável defende que apenas as fracções habitadas ao abrigo de um contrato de arrendamento sejam sujeitas à cobrança de contribuição predial. Por outro lado, o dirigente associativo defende a facilitação dos empréstimos bancários para a compra de casa, nomeadamente através da redução do rácio de entrada, ou através de planos de crédito com juros bonificados. Actualmente, o rácio máximo de empréstimo hipotecário é 70 por cento e o valor da entrada de 30 por cento do preço da casa. Franky Fong salienta que tanto em Hong Kong, como no Interior da China, foram aplicadas medidas de flexibilidade que permitem a aquisição de habitação sem uma entrada de capital tão elevada. Para o dirigente associativo, o retorno da política de fixação de residência em Macau por investimento seria outra medida com capacidade para injectar uma nova energia e capital no mercado e na economia local.
Nunu Wu Manchete SociedadeHK | Caso de subornos envolve Don Don Donki de Macau Uma empregada de uma consultora de Hong Kong confessou em tribunal ter recebido subornos de empresas contratadas para renovar duas lojas de produtos japoneses. Os dois projectos ultrapassaram 25 milhões de dólares de Hong Kong, dos quais 23,4 milhões foram para o projecto da Don Don Doki, no Fai Chi Kei No próximo dia 21 de Julho, o Tribunal de Kowloon City, em Hong Kong, irá revelar a sentença de um julgamento que coloca no banco dos réus uma empregada de uma empresa de consultadoria de design e dirigentes de duas companhias num caso em que as autoridades da região vizinha alegam um esquema de subornos para conseguir contratos de renovação de duas lojas: a Tokyo Lifestyle em Kowloon e o supermercado da cadeia Donki Japan em Macau. Segundo um comunicado da Independent Commission Against Corruption (ICAC) de Hong Kong, na passada segunda-feira, Pian Pang Ka-shin, gestora de marketing da K&C Creation Limited (KCL), declarou-se culpada em tribunal de receber 230 mil dólares de Hong Kong para garantir que as duas empresas conseguiam os contratos de renovação das lojas mencionadas, que valeriam um total de 25 milhões de dólares de Hong Kong. O caso conta com mais três arguidos, dirigentes das duas empresas que conseguiram os contratos, e começou a ser julgado no Tribunal de Kowloon City no passado mês de Fevereiro. Estilos de vida Em 2019, a KLC ficou encarregue dos dois projectos de renovação e, nessa altura, Pian Pang Ka-shin era a responsável da empresa por coordenar os concursos para encontrar as empresas que seriam responsáveis pelos trabalhos nas duas lojas. A arguida estava encarregue de apresentar as propostas e orçamentos de empresas concorrentes para selecção da KLC e Donki Japan. Segundo o ICAC, Pang confessou ter recebido entre Junho de 2019 e Janeiro de 2022 subornos superiores a 230 mil dólares de Hong Kong de três dirigentes das empresas para as ajudar a conseguir contratos para os projectos. No concurso para a renovação da Tokyo Lifestyle, Pian Pang Ka-shin submeteu duas propostas, mas seguindo a recomendação da gestora, a RNK acabou por ficar com o contrato no valor de 1,7 milhões de dólares de Hong Kong. O projecto de maior volume foi mesmo o do espaço comercial no Fai Chi Kei. Aí, Pang ajudou a empresa que acabaria por ficar com o contrato, a FEL, a submeter a proposta para conseguir o projecto no valor 23,4 milhões de dólares de Hong Kong. Os três dirigentes das empresas que terão, alegadamente, subornada a gestora declararam-se inocentes em tribunal. O Don Don Donki no Fai Chi Kei abriu Setembro de 2021, em plena pandemia. Com fortes restrições fronteiriças, a abertura do supermercado de produtos japoneses foi encarada pela população como uma oportunidade de viajar sem sair de Macau. Durante largas semanas, a imposição de medidas de prevenção e controlo de multidões não foi o suficiente para originar longas filas de clientes para entrar na loja aberta 24 horas por dia. Em Fevereiro do ano passado, a marca abriu uma segunda loja em Macau no Studio City.
Nunu Wu Manchete PolíticaEleições | Alberto Wong queixa-se de campanha de difamação O também assistente social afirma ter apresentado queixa na Polícia Judiciária, depois de terem começado a circular online comentários que o ligam a burlas com investimentos no Myanmar e a dívidas deixadas por pagar Alberto Wong, candidato a deputado que lidera a lista Força da Livelihood Popular em Macau, afirma estar a ser vítima de uma campanha de difamação nas redes sociais, depois de alguns comentários o acusarem de ter praticado burlas ou de ter deixado dívidas por pagar. Numa publicação nas redes sociais, o também assistente social revelou ter apresentado queixa à Polícia Judiciária (PJ). “As declarações a circular nas redes sociais que visam a minha pessoa foram fabricadas com malícia e são caluniosas, pelo que violam gravemente a minha dignidade pessoal. Por isso, existem suspeitas que os autores praticaram os crimes de difamação e injúria”, escreveu Alberto Wong. “Já denunciei os casos à PJ e entreguei com a denúncia os materiais publicados online. O processo criminal já foi instalado”, informou. De acordo com Wong, a PJ vai agora iniciar uma investigação e seguir as pistas deixada pelos perfis que fizeram os comentários considerados difamatórios pelo candidato. Ao mesmo tempo, Alberto Wong apelou a quem publicou os comentários polémicos que os remova imediatamente da Internet e lhe peça desculpa, para “mitigar o impacto” das acusações que ele considera serem calúnias. Novo candidato Nos últimos dias, com o aproximar das eleições para a Assembleia Legislativa de 14 de Setembro, surgiram comentários online a ligar Albert Wong a esquemas de burla. Algumas das acusações alegavam que Wong teria promovido investimentos em imobiliário no Myanmar, mas que os projectos acabariam por nunca avançar, com os investidores a perderem dinheiro. Outros comentários, alegavam a prática de burlas e também de dívidas contraídas por Alberto Wong, também conhecido por Tim Wong, que não teriam sido pagas. O crime de difamação é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos seis meses ou 240 dias de multa. No entanto, consoante certos condicionantes, a pena pode chegar aos dois anos de prisão ou implicar uma multa que pode chegar aos 360 dias e que nunca vai ser inferior aos 120 dias. Com 40 anos, Alberto Wong é candidato pela primeira vez ao hemiciclo e lidera a única das oito listas do sufrágio directo que não se encontra representada na Assembleia Legislativa. As listas ainda não foram aceites de forma definitiva e estão a ser avaliadas pela Comissão de Defesa de Segurança do Estado. Os resultados da avaliação de cariz político vão ser apresentados a 15 de Julho.
Nunu Wu Manchete PolíticaPIB / Economia | Previsões de aumento com recuperação desigual O presidente da Associação Económica, Lau Pun Lap, espera a recuperação do PIB no segundo trimestre, com base no aumento das receitas dos casinos e de turistas, enquanto o resto da economia vai continuar em dificuldades. Lau Pun Lap considera ainda as campanhas da marca Pop Mart pouco eficazes por não incluírem produtos do comércio local Nos primeiros três meses de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu 1,3 por cento em termos anuais. Resultado que o presidente da Associação Económica de Macau, Lau Pun Lap, espera ser melhorado no segundo trimestre, graças ao aumento das receitas da indústria do jogo e do número de turistas que visitaram Macau em Maio e Junho. Em entrevista ao jornal Ou Mun, o economista ressalva que o principal desafio que o território atravessa é a desigualdade económica, com os restantes sectores não-jogo a e a economia comunitária a sofrerem. O preço do imobiliário continua a cair, afectando as hipotecas para pequenas e médias empresas, assim como a capacidade para se financiarem, ao mesmo tempo que a confiança dos consumidores também cai. Além disso, as tendências de migração do consumo dos residentes para o Interior da China e a quebra do poder de compra dos turistas chineses constituem conhecidos desafios para o comércio e a economia local. Em relação ao impacto do encerramento dos casinos-satélite no fim deste ano, Lau Pun Lap espera medidas que consigam atrair turistas para as zonas mais afectadas pelos fechos, o NAPE e ZAPE. Para já, as ideias de instalar mercados de rua ou esplanadas nessas zonas não são suficientes para garantir a vitalidade do comércio local. Os brinquedos somos nós A disseminação pela cidade de instalações de grandes dimensões de bonecos de marcas de brinquedos populares, como a Sanrio com personagens como Hello Kitty, Kuromi e Cinnamoroll, e a Pop Mart ligada aos brinquedos Labubu, Molly ou Crybaby, tem sido uma das apostas do Governo para atrair turistas para determinadas zonas da cidade. A medida tem merecido críticas de vários quadrantes, incluindo do deputado Ron Lam que argumenta que as acções promocionais apenas beneficiam as duas grandes empresas com publicidade paga pelo Governo, enquanto os comerciantes nos locais onde decorrem as campanhas não sentem qualquer impacto positivo. O presidente da Associação Económica de Macau concorda que o efeito das campanhas não tem sido bom, com a excepção da zona da Rua do Cunha na Taipa Velha, que já é por si uma atracção turística famosa, ao contrário do que se verifica na Ilha Verde ou nas imediações do Jardim Camões. A instalação de poucos bonecos e a falta de cooperação com o comércio local faz com que os turistas apenas tirem fotografias, abandonando as zonas sem gastar dinheiro no comércio e restauração dos bairros. Lau Pun Lap lamenta que o Governo não tenha negociado com as empresas de brinquedos a utilização da imagem dos bonecos por comerciantes dos bairros onde estão as instalações, criando produtos únicos como cafés com desenhos dos bonecos na espuma de leite, ou produtos de pastelaria com a imagem das marcas, ou a oferta de lembranças das marcas a partir de determinado nível de consumo. Recorde-se que o Governo gastou quase 27 milhões de patacas para utilizar temporariamente os direitos de autor da Pop Mart e Sanrio.
Nunu Wu Manchete PolíticaObras | Governo cancela projecto sem divulgar indemnizações O projecto do Governo de Fernando Chui Sai On para construir um túnel entre as zonas A e B dos Novos Aterros foi cancelado e substituído por um viaduto. Contudo, o Governo evitou revelar os custos assumidos pela RAEM com compensações pelo cancelamento das obras Em Fevereiro deste ano, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, afirmou que a sociedade deve estudar como pode ser construído o túnel subaquático entre as zonas A e B dos Novos Aterros Urbanos. A posição foi tomada, depois de o projecto ter sido iniciado pelo Governo de Fernando Chui Sai On e cancelado pelo Executivo de Ho Iat Seng. No entanto, quando a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) foi questionada pelo jornal Cheng Pou sobre os custos do cancelamento das obras, não quis divulgar a informação. O túnel subaquático para fazer a ligação entre as Zonas A e B dos Novos Aterros começou a ser planeado durante o último Governo de Fernando Chui Sai On, com a primeira de duas consultas públicas sobre as obras a ser realizada em 2018. Com a subida de Ho Iat Seng ao poder, no final de 2019, o projecto foi suspenso, dado que se optou por construir um viaduto para fazer a ligação. O viaduto foi altamente polémico, com críticas de deputados e urbanistas, como Ron Lam ou Manuel Iok Pui Ferreira, devido ao impacto no corredor visual da Colina da Guia, uma zona do território protegida. No entanto, o Governo de Ho Iat Seng avançou com as obras, mesmo depois de reconhecer que se o projecto fosse um edifício, em vez de um viaduto, legalmente não poderia ser construído naquela zona. Ao mesmo tempo que decorria o processo de construção do viaduto, o jornal Cheng Pou revelou que as estimativas do Governo sobre a execução do PIDDA referentes a 2024, enviadas à Assembleia Legislativa, mostrvam que foram autorizados os pagamentos de compensações pelo cancelamento da construção do túnel. Os pagamentos foram autorizados pelo então secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e o assunto ficou concluído no terceiro trimestre. A desconversar Face à informação que consta no documento enviado pelo Governo à Assembleia Legislativa, o jornal Cheng Pou questionou a DSSCU sobre quantos contratos tinham sido atribuídos, a quem tinham sido atribuídos e o valor pago em compensações pela não realização dos trabalhos adjudicados. O jornal em língua chinesa tentou ainda perceber a razão de ter havido contratos ligados ao projecto adjudicados sem concurso público. Em resposta, a DSSCU apenas reconheceu a existência de um contrato assinado com a PAL Ásia Consultores, Limitada. Além desta informação, a DSSCU apenas se limitou a acrescentar que com o concurso para a construção do viaduto, os trabalhos ligados ao cancelamento das obras do túnel foram concluídos. No entanto, com base na informação do Boletim Oficial, o Cheng Pou identificou pelo menos dois contratos celebrados com a PAL Ásia Consultores, um no valor de 12,70 milhões de patacas e outro no valor de 3,96 milhões de patacas. O Governo não revelou se os contratos foram cumpridos ou se foram pagas compensações. O jornal Cheong Pou menciona ainda um terceiro contrato assinado com a empresa estatal CCCC Highway Consultants Co. Ltd, como consta no Boletim Oficial de 18 e Dezembro de 2017, no valor de 77,42 milhões de patacas. Além disso, a publicação indica que esta informação deixou de estar disponível nos portais oficiais do Governo, embora não se saiba se foi removida intencionalmente.
Nunu Wu PolíticaDSAT | Responsabilização de Lam Hin San é teste ao Governo Depois da divulgação do relatório do Comissariado da Auditoria ter destacado a falta de fiscalização à Rádio Táxi e o incumprimento das exigências estabelecidas no contrato de concessão, multiplicaram-se as críticas ao director dos Serviços para os Assuntos Tráfego (DSAT) Lam Hin San. O presidente da Associação da Sinergia de Macau, Johnson Ian, escreveu um artigo de opinião, publicado no jornal Sou Pou, a relacionar a posição de Lam Hin San no contexto da remodelação de directores de serviços e departamentos da administração, recentemente anunciada. O também candidato a deputado pela lista liderada por Ron Lam considera que a população está mais focada na necessidade de responsabilizar o director da DSAT, do que na remodelação em si. A confirmar-se o boato de que Lam Hin San poderia ser transferido para a Sociedade de Administração de Portos, Johnson Ian argumenta que a saída da DSAT sem que haja responsabilização, para ocupar outro cargo com um salário elevado, não será bem encarada pela população. O candidato a deputado vai mais longe e indica que a situação da DSAT é um teste político para o novo Governo, ainda para mais numa altura em que as alterações aos estatutos do pessoal de direcção e chefia está em análise na especialidade na Assembleia Legislativa. Como tal, Johnson Ian considera que a população de Macau irá saber em breve se o Executivo de Sam Hou Fai leva a sério a responsabilização de titulares de altos cargos da administração, ou se o tema é apenas um slogan político. Subida em flecha “Há muitos anos que a cultura burocrática de Macau não elimina os maus e retém os bons, não recompensa os diligentes e pune os preguiçosos, nem recompensa os mais competentes. Em vez disso, mais vale conhecer pessoas em cargos altos, do que ter conhecimentos profissionais, e a responsabilização é uma mera formalidade”, indicou o candidato do deputado. Johnson Ian refere também que a única mobilidade de carreira para um determinado patamar é a subida hierárquica, ascensão fomentada por um ambiente profissional de protecção burocrática e que é raro a admissão de falhas, o que impede correcções. Além disso, o dirigente associativo lamenta que as vozes sociais que ousem criticar políticos sejam rotuladas como agitadores que só causam problemas.
Nunu Wu Manchete PolíticaAL | Deputados querem proibir placas e implementar suspensões As alterações propostas por um grupo de legisladores liderados por Kou Hoi In incluem a perda do mandato para qualquer deputado condenado a pena de, pelo menos, 30 dias de prisão dentro ou fora da RAEM A pouco mais de um mês das férias da Assembleia Legislativa, e a dois meses das Eleições Legislativas, um grupo de deputados quer mudar as regras do hemiciclo para proibir a exibição de placas em reuniões, regular o vestuário dos deputados, mudar as regras de perdas de mandato, e criar um sistema de suspensão para quem revela o conteúdo do que é discutido nas comissões. As alterações para rever o Estatuto dos Deputados e o Regimento da Assembleia Legislativa partiu de um grupo de nove deputados liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, sendo que os documentos não permitem identificar os restantes. A nível da proposta de perda de mandato é pretendido que seja aplicada a deputados condenados por crime com pena de prisão de 30 dias. Para a perda do mandato contam os crimes dentro ou fora da RAEM, e o parlamento quer poder tomar a decisão com base em qualquer documento que considere relevante, mesmo que não seja oficial. O novo estatuto prevê a chamada da polícia para remover o deputado a quem o mandato foi suspenso, no caso deste não sair logo da sala do Plenário. Em relação à suspensão do mandato de deputados, Kou quer que os visados passem a ficar privados da remuneração mensal, ao contrário do que acontece actualmente. Além disso, a suspensão passa a poder ser aplicada se houver “procedimento penal” ou “grave violação dos deveres dos deputados”. O presidente da AL também vai poder suspender qualquer deputado suspeito de revelar o conteúdo das reuniões à porta fechada. Roupas controladas O grupo de deputados visa ainda proibir nas reuniões o uso de “roupa” ou “materiais com conteúdo ofensivo ou de provocação política”. Os deputados que propuseram as alterações consideram que a proibição “em nada interfere com os direitos dos deputados”, porque “podem expressar quaisquer opiniões”, de acordo com o regimento. Os deveres dos deputados também vão ser alterados para consagrar a política “Macau governada por patriotas”, mas também para obrigar os deputados a participar nas reuniões com votações e para ficarem previstos conflitos de interesses que impeçam os deputados de participarem em votações em que a sua imparcialidade pode estar em causa. Entre as várias alterações, os deputados querem também auto-impedir-se de apresentar propostas de debates públicos sobre assuntos considerados da área do Governo.
Nunu Wu Manchete SociedadeComércio | Fecho de supermercados é “ajuste estratégico” Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, desdramatiza o fecho recente de alguns supermercados no território e afirma que se trata apenas de um “ajuste” na estratégia comercial, relacionado com má localização dos espaços e com a necessária redução do número de estabelecimentos O encerramento de supermercados em Macau não é sinal de uma grande crise económica, mas sim de um necessário ajustamento comercial por parte das marcas. Quem o diz é Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, que ontem num evento público afirmou que o recente fecho destes espaços comerciais foi apenas um “ajuste estratégico” por parte das empresas. “Em primeiro lugar, quando falamos de encerramentos percebemos que se tratam de casos individuais. Depois, temos uma grande proporção de supermercados [por número de habitantes, em Macau]. Há redes de supermercados que se estão a ajustar porque abriram nos sítios errados e simplesmente fecharam e mudaram para outras zonas.” O responsável, que falou com os jornalistas à margem das comemorações dos 50 anos da empresa, disse que o mercado mudou e que há alguns sectores económicos que estão a reduzir o número de espaços, e não apenas os supermercados. “Macau tem cerca de 680 mil habitantes, mas cerca de 100 mil pessoas não moram habitualmente no território. O número [de supermercados] é demasiado excessivo, e a situação é semelhante nos mercados”, disse. A Vang Kei Hong fornece produtos e bens alimentares a retalhistas, restaurantes, hotéis e resorts. O seu presidente deu também o exemplo dos bancos, que estão a fechar sucursais. Na sua opinião, isso não significa um cenário de recuo económico, mas simplesmente uma mudança de estratégia, tendo em conta que há cada vez mais serviços online que os clientes podem usufruir. Bairros sofrem Questionado sobre o panorama da economia na relação com o sector social no primeiro semestre, Ip Sio Man defendeu que os resultados são variados, com o turismo a registar um avanço. Porém, adiantou que os comerciantes nos bairros comunitários, onde há menos turismo, continuam a sofrer com a falta de clientes. Por esta razão, Ip Sio Man defende que as pequenas e médias empresas (PME) têm, elas próprias, de mudar a sua estratégia comercial. O empresário acredita que, no segundo semestre deste ano, o ambiente de negócios possa melhorar, pois Hong Kong tem revelado um crescimento próspero, sendo que também Macau tem tido um maior número de turistas. Ip Sio Man indicou, portanto, que as PME têm de se focar em formas de atrair o consumo dos turistas. “Não acho que seja uma questão de os turistas não quererem gastar dinheiro. Apenas consomem os produtos que lhes garantem a melhor relação custo-benefício”, acrescentou. Um dos exemplos referidos pelo empresário é o da marca de chá amargo do Interior da China Wanglaoji, que registou um aumento de venda para Macau em cerca de 30 contentores, enquanto que nos anos anteriores as vendas eram de apenas um dígito.
Nunu Wu Manchete SociedadeÁgua NK com valores de bactérias coliformes acima dos padrões recomendados A água engarrafada NK, ligada à Fábrica de Água Potável NK, chumbou nos testes de qualidade do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), apresentado níveis de bactérias coliformes e bactérias pseudomonas aeruginosa acima dos valores recomendados. As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos, enquanto as bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário. O caso, divulgado na terça-feira pelo IAM, foi detectado durante inspecções de rotina às diferentes águas engarrafadas localmente. Esta é a quarta ocorrência de águas a apresentarem problemas ao nível da qualidade e segurança desde o início do ano. O primeiro caso, aconteceu a 9 de Março com a marca Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou. Mais recentemente, em Maio, as autoridades detectaram problemas com a água da marca Ieong Iat Tat (tradução fonética). O terceiro caso do ano, envolveu a água O Sun, do Miriam Grupo, e foi detectado no âmbito do concurso público de atribuição de água aos Serviços de Saúde. Medidas de resposta O comunicado do IAM sobre o incidente indica que foram aplicadas “medidas de prevenção”, que incluíram um pedido à empresa para que suspendesse a produção e desinfectasse os equipamentos utilizados na produção e engarrafamento de água. Ao mesmo tempo, o IAM pediu à Fábrica de Água Potável NK para se desfazer dos lotes de garrafões que apresentaram problemas e que recolhesse os garrafões já distribuídos. O IAM alertou a população, num comunicado apenas disponibilizado em chinês, que foram identificados dois lotes de garrafões com valores de bactérias superiores aos recomendados, produzidos a 7 de Maio e 21 de Maio. Os garrafões em causa têm uma capacidade de 18,9 litros. A informação disponibilizada indica que este tipo de água apenas foi fornecida a clientes com contratos regulares de abastecimento com a empresa e que a água não entrou nos locais de venda a retalho. A água também não terá sido fornecida a hospitais nem escolas.
Nunu Wu Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Urgências arrancam no quarto trimestre O Hospital das Ilhas poderá ter o serviço de Urgências a operar em pleno no último trimestre deste ano, com consultas 24 horas por dia para situações clínicas que não sejam graves e entrada de ambulâncias em casos limitados. Para este mês, prevê-se que o hospital comece a disponibilizar serviços de inseminação artificial A abertura de serviços no Hospital Peking Union Medical, também conhecido como Hospital das Ilhas, vai acontecendo progressivamente. O subdirector do hospital, Lei Wai Seng, revelou ontem que o serviço de Urgências deverá começar a operar totalmente no último trimestre deste ano. No final de 2023, o Posto de Urgência das Ilhas do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), instalado no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, foi transferido para o Hospital das Ilhas e, na altura, foi referido que iria disponibilizar o serviço de urgência durante 24 horas. Cerca de um ano e meio depois, o subdirector do Hospital das Ilhas confirma que esse serviço irá começar em pleno no último trimestre deste ano. Em declarações no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Lei Wai Seng ressalvou que os serviços de Urgências não iriam receber ambulâncias com doente urgentes, tirando em algumas excepções. “Os serviços de urgência e os serviços de primeiros socorros são níveis diferentes. Os serviços de urgência, significam que nós fornecemos consultas 24 horas para residentes que não estejam numa situação clínica grave. Quanto aos casos de encaminhamento de doentes por ambulâncias, com quadro clínico exigente, as nossas instalações ainda não estão preparadas para fornecer esse serviço”, explicou o responsável. Porém, o responsável admitiu excepções em que o Hospital das Ilhas pode receber ambulâncias com doentes urgentes. “Quando estiver mau tempo e o trânsito entre a península e as ilhas estiver interrompido, os nossos especialistas vão coordenar com a equipa médica que o CHCSJ enviará, para prestar primeiros socorros limitados,” acrescentou. O milagre da vida Além disso, Lei Wai Seng revelou que foi acordado com os Serviços de Saúde que se os utentes dos centros de saúde nas ilhas precisarem de cuidados especializados, podem ser encaminhados com prioridade para o Hospital das Ilhas. Outro assunto em destaque no Fórum Macau de ontem, foi a actividade do Centro de Procriação Assistida do novo centro hospitalar. A chefe da equipa médica do centro, Ku Sio Kuan, apontou até ao final deste mês o prazo para que os serviços de inseminação artificial estejam disponíveis ao público. Desde Fevereiro, quando o centro começou a operar, até agora, foram consultados 230 casais, cujo estado clínico foi avaliado e diagnosticado. Ku Sio Kuan apontou que a idade média destes casais ronda os 37 anos e que 30 por cento têm idade acima dos 40 anos. A clínica indicou ainda que a causa mais frequente de infertilidade é a endometriose, uma doença que afecta os ovários e as trompas de Falópio.
Nunu Wu Manchete SociedadeResíduos | Ambientalista pede suspensão de “Ilha Ecológica” Como Macau acordou exportar para o Interior resíduos de obras de construção, uma ambientalista defende que o Executivo deveria desistir do projecto do aterro de resíduos ao largo das praias de Coloane. A vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong realça a importância da zona para o habitat dos golfinhos brancos chineses O Governo de Macau e Ministério da Ecologia e Meio Ambiente chinês assinaram um acordo para a RAEM enviar para o outro lado da fronteira os materiais inertes que resultam das obras de construção, revelou na semana passada o Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas. A solução encontrada para larga produção de materiais inertes resultantes de demolições e construções faz com que não seja necessário o aterro de lixos de construção projectado para a costa marítima ao largo das praias de Coloane, de acordo com a vice-presidente da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, Viena Mak Hei Man. Em declarações ao jornal Cheng Pou, a ambientalista voltou a reiterar que a opinião de que a chamada “Ilha Ecológica” representa uma ameaça à estabilidade do habitat natural dos golfinhos brancos chineses, preocupação partilhada por outros activistas de protecção do ambiente, como Joe Chan. Os receios dos ambientalistas são suportados por estudos feitos por duas universidades chinesas, que além do impacto do aterro de grande dimensão indicam também o tráfego marítimo para transportar resíduos, e a poluição resultante, como um factor de risco para a espécie de cetáceos. Além disso, o processo de construção do aterro, que tem uma área projectada de quase um terço da Taipa, pode colocar em perigo a vida desta espécie local de golfinhos, que está em vias de extinção. Nova vida Um dos estudos encomendados pelo Governo da RAEM sobre o impacto ambiental da chamada “Ilha Ecológica”, elaborado por académicos da Universidade Sun Yat-Sen, revelou que, pelo menos, 144 golfinhos brancos chineses fazem da costa sul de Coloane o seu habitat. Os resultados do estudo realizado foram categorizados como confidenciais, mas foram tornados públicos pelo Canal Macau da TDM em Março do ano passado. Os académicos salientaram a preservação dos golfinhos já seria complicada, mesmo sem o aterro de resíduos de construção e cinzas volantes, devido ao nível de poluição do estuário do Rio das Pérolas, que o estudo indica como um dos mais poluídos do país. Como tal, Viena Mak defende que a suspensão do projecto da “Ilha Ecológica” é urgente. Porém, a ambientalista aplaude o acordo de transferência de resíduos, acrescentando que a RAEM deve ponderar alternativas de tratamento de resíduos, além de aterros e incineração, uma vez que mais de 80 por cento dos resíduos de materiais de construção de Macau são recicláveis e podem ser transformados em materiais agregados para cimento, asfalto e tijolos. Como tal, Viena Mak sugere que o Executivo da RAEM reforce a cooperação com o Interior da China para assegurar que os materiais enviados são reutilizados.
Nunu Wu Manchete SociedadeDST | Macau não discrimina turistas “pobres” Helena de Senna Fernandes garante que todos os tipos de turistas são bem-vindos a Macau, incluindo os que não gastam uma pataca no território. A directora dos Serviços de Turismo defende que os desafios de redução dos gastos dos turistas devem ser combatidos com novos produtos turísticos e experiências culturais Depois do fim das restrições fronteiriças devido ao combate à pandemia, nasceu na China um fenómeno intitulado “turista de forças especiais”, que designa os visitantes que “picam o ponto” no maior número de pontos turísticos no mais curto espaço de tempo possível. O principal objectivo das “operações” é alimentar as redes sociais, gastando o mínimo possível de dinheiro. A directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, endereçou o tema, numa série de entrevistas de representantes do Governo a uma comitiva de jornalistas da Grande Baía. Em declarações citadas pelo portal HK01, a responsável admitiu que face à retração económica, as estimativas de consumo dos turistas foram revistas em baixa, mas garantiu que Macau recebe todos os visitantes de igual forma, independentemente da capacidade de compra. Porém, para contornar os desafios actuais, Senna Fernandes sublinha que são necessárias novas ideias, que incentivem os turistas, mesmo que os visitam Macau só por algumas horas, a levar uma lembrança do território. “Temos de proporcionar opções a todos os tipos de turistas, desde produtos das pequenas lojas de bairro, até às experiências de luxo, e oferecer vários cenários de consumo para todas as bolsas”, defendeu a responsável. A líder da DST aponta à área cultural como via para impulsionar o consumo dos turistas, com a organização de concertos e promoção de produtos de indústrias criativas para turistas, como lembranças. Dormir aqui e ali O turismo de “forças especiais” originou polémica em Hong Kong, com a divulgação de fotografias de turistas a pernoitar nos Macdonald’s da região vizinha, assim como no aeroporto. O mesmo aconteceu em Macau, com a partilha nas redes sociais de turistas a dormir nos relvados adjacentes ao Wynn Palace. Apesar da tendência, Helena de Senna Fernandes salientou que o sector do turismo mostra uma boa evolução. No ano passado, mais de 34,9 milhões de pessoas visitaram Macau, cerca de 90 por cento do nível antes da pandemia. Nos primeiros cinco meses deste ano, mais de 16 milhões de turistas visitaram o território, com a ocupação hoteleira a rondar 90 por cento. Em termos anuais, a directora da DST espera que o número de visitantes deste ano chegue aos 39 milhões. No primeiro trimestre deste ano, os gastos médios dos turistas que visitaram Macau voltaram a cair, com uma redução de 13,2 por cento em termos anuais, parte devido ao aumento dos excursionistas, que representaram quase 60 por cento das entradas no território nos primeiros três meses do ano.
Nunu Wu Manchete SociedadeBurla | Polícias de Macau e HK desmantelam rede criminosa Uma operação conjunta de Macau e Hong Kong desmantelou uma rede criminosa que se dedicava a burlas telefónicas. Foram detidas sete pessoas que alegadamente burlaram, pelo menos, 168 pessoas em mais de 20 milhões de dólares de Hong Kong. Os burlões fingiam pertencer ao apoio do cliente da Alipay As polícias de Macau e Hong Kong detiveram sete pessoas suspeitas de pertencerem a uma rede de burlas telefónicas, que terão alegadamente defraudado, pelo menos, 168 vítimas nos dois territórios em mais de 20 milhões de dólares de Hong Kong. Numa conferência de imprensa realizada na sexta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) de Macau revelou ter detido ao longo da semana três suspeitos, dois homens oriundos da Malásia e uma mulher indonésia. A operação conjunta foi anunciada menos de um mês depois uma operação, que atravessou sete jurisdições na Ásia, resultando na detenção de 1.858 pessoas ligadas a redes de fraudes e burlas. A operação, que envolveu autoridades de Hong Kong, Macau, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Malásia e Maldivas, interceptou verbas com origem nos esquemas das redes no valor de 150 milhões de dólares de Hong Kong. Segundo a PJ, a rede liderada por indivíduos da Malásia fazia chamadas em que se faziam passar por funcionários de uma linha de apoio ao cliente da Alipay. As autoridades adiantaram que os burlões trabalhavam com aparelhos que usam o Sistema Global para Comunicações Móveis para fazer chamadas para telemóveis, ocultando a origem da chamada. No terreno Em Macau, as autoridades deram conta da existência de 35 residentes burlados em valores que variaram entre 500 mil e 2.68 milhões de patacas. Segundo as autoridades, os dois homens instalaram os equipamentos para fazer chamadas telefónicas em dois apartamentos, um na zona norte da península, e outro na zona central no bairro San Kio. Um dos suspeitos trabalhava num posto de abastecimento de gasolina, o outro indivíduo de nacionalidade malaia estava desempregado, enquanto a mulher da Indonésia trabalhava como empregada doméstica. O papel desta última seria receber em três contas bancárias o dinheiro das vítimas. Entre os dias 13 e 14 de Junho, as contas da suspeita terão recebido cerca de 1 milhão de patacas. A PJ revelou ter começado a receber queixas de vítimas a partir de meados de Abril. No passado dia 21 de Junho, um dos suspeitos entrou em Macau através do posto fronteiriço das Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e dirigiu-se ao bairro San Kio onde se encontrou com o outro suspeito, a quem terá entregue um saco, que as autoridades suspeitam conter os equipamentos para esconder a origem das chamadas. No dia seguinte, os dois homens foram detidos, um deles no aeroporto quando se preparava para sair do território. A mulher oriunda da Indonésia, foi detida na passada quinta-feira. Os três detidos foram transferidos para o Ministério Público, por suspeitas da prática dos crimes de burla, lavagem de dinheiro, associação criminosa e utilização de dispositivo informático para simular estação de serviços de telecomunicações móveis.
Nunu Wu Manchete PolíticaDSAL | Ella Lei não quer falsos anúncios de empregos A deputada Ella Lei indica que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) promove entrevistas de emprego com condições simuladas, que depois não se concretizam, e apenas visam que os empregadores obtenham autorizações para a contratação de não residentes A deputada Ella Lei apelou ao Governo que tome medidas para combater os anúncios de emprego promovidos pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) com condições simuladas que apenas visam obter a autorização para a contratação de trabalhadores não-residentes. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita da legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Na interpelação, a deputada cita a queixa de vários trabalhadores da construção civil que se encontram desempregados devido ao fim das obras em que participavam. De acordo com estes relatos, a DSAL promove as entrevistas de emprego junto dos desempregados, porém, quando estes vão encontrar-se com os potenciais empregadores as condições apresentadas diferem dos anúncios ou apresentam novas exigências consideradas inaceitáveis. “Segundo as queixas dos trabalhadores de construção civil […] a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais arranjou-lhes entrevistas de empregos para novas obras. No entanto, os empregadores apresentaram exigências que não são razoáveis, com o objectivo de levar os entrevistados a desistir do emprego”, relatada Ella Lei. Outra situação ligada aos empregos promovidos pela DSAL, visa a contratação para posições diferentes das prometidas. De acordo com o documento assinado por Ella Lei, num dos casos um residente foi contratado como carpinteiro. Todavia, no local de trabalho o residente teve de desempenhar as funções de soldador, sem que a empresa lhe tivesse fornecido qualquer formação ou preparação. Como consequência, o homem acabou por ser acusado de não saber desempenhar o trabalho e de ser um executante muito lento. Serviço de acompanhamento Face aos casos apresentados, Ella Lei defende que ao Governo não basta prometer que as obras públicas vão dar prioridade ao emprego dos residentes, também é necessário acompanhar a implementação das promessas e garantir que a prioridade é concretizada. A legisladora quer que o Governo assegure que as condições prometidas não divergem do que tinha sido anunciado e que a contratação não é apenas a tempo parcial, mas a tempo inteiro. “Quando a DSAL organiza a promoção de ofertas de emprego, quais são os mecanismos para supervisionar as condições das ofertas, incluindo o período pós-contratação, assim como as garantias tratamento e o mecanismo para impedir recrutamentos simulados?”, questionou. Ella Lei recorda ainda a promessa do Governo de definir uma proporção mínima de trabalhadores locais, de forma a assegurar a prioridades dos trabalhadores locais no acesso ao emprego. “No futuro, como é que o Governo vai concretizar a prática de forma a aumentar as oportunidades de emprego dos residentes nas obras e serviços públicos?”, perguntou.
Nunu Wu Manchete PolíticaEleições | Zheng Anting e Lo Choi In saem da lista de Jiangmen Os deputados eleitos pela União Macau-Guangdong em 2021 ficam fora da lista encabeçada pelo economista Joey Lao, anterior deputado nomeado preterido em 2021 por Ho Iat Seng. Na apresentação da lista, o mandatário Chan Sio Cheng prometeu uma nova dinâmica, enquanto Joey Lao diz que a lista quer uma “Macau mais feliz” Os deputados Zheng Anting e Lo Choi In foram afastados da lista União Macau-Guangdong, de acordo com os nomes revelados ontem, o último dia para entregar os nomes dos candidatos e os programas políticos das listas candidatas às eleições legislativas. No pólo oposto, a lista passa a acolher o economista Joey Lao Chi Ngai, ex-deputado nomeado entre 2017 e 2021, que foi afastado do parlamento pelo então Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, após um mandato. No segundo lugar surge agora Lee Koi Ian, empresário local, que apresentou como principais credenciais da candidatura o conhecimento da realidade da economia local e das pequenas e médias empresas. Em terceiro lugar da lista com 14 candidatos surge Ng Nga Fan. Na apresentação dos nomes da lista, Chan Sio Cheng prometeu que os candidatos vão apresentar uma nova dinâmica com base em três aspectos: nova equipa, novas acções e uma nova perspectiva. Por sua vez, Joey Lao, o candidato principal, destacou que a lista vai trabalhar para concretizar o conceito “Macau mais feliz” e que a felicidade é o objectivo que os residentes procuram, assim como a visão política do Governo e a missão original da equipa para esta eleição. No caminho para a felicidade, Joey Lao garante que é fundamental “impulsionar a economia de Macau através de uma nova dinâmica”, e estudar a indexação da pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência. Exportar idosos Na perspectiva de Joey Lao, a felicidade de Macau passa ainda por criar condições para que os idosos reformados que vivem na Grande Baía tenham acesso a consultas médicas em qualquer das onze cidades, recebem pensão para idosos e o subsídio. O cabeça-de-lista destacou também que vai dar prioridade ao desenvolvimento económico, bem-estar da população, cooperação entre Guangdong e Macau, políticas sociais e desenvolvimento da juventude. Por seu turno, Lee Koi Ian defendeu que como empresário no activo percebe bem as dificuldades e problemas do actual ambiente de negócios em Macau, pelo que deixou a esperança que o Governo lance mais medidas de revitalização económica e apoie a transformação das pequenas e médias empresas. Lee Koi Ian indicou ainda esperar que o Governo embeleze os bairros antigos e leve mais turistas a consumir nestas zonas. Ao mesmo tempo, o empresário prometeu pressionar o Governo para lançar medidas para criar mais emprego. Além disso, apontou que pretende aprofundar a cooperação entre Guangdong e Macau, para que as grandes empresas na Grande Baía apoiem à entrada das PME de Macau no Interior e criem espaço no outro lado da fronteira para os jovens de Macau.
Nunu Wu Manchete SociedadeEstreito de Ormuz | Encerramento pode fazer disparar inflação O presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, avisa que em caso de bloqueio o impacto deve começar a ser sentido dentro de dois a três meses. Alguns preços podem subir até 10 por cento A possibilidade de o Irão avançar com o encerramento do Estreito de Ormuz pode fazer disparar a inflação em Macau. O cenário foi traçado pelo presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, em declarações ao jornal Ou Mun. Após os bombardeamentos norte-americanos e israelitas contra o Irão foi adiantada a possibilidade de o país encerrar o Estreito de Ormuz. Ip Sio Man reconheceu que os efeitos negativos do encerramento vão afectar a RAEM ao nível dos preços dos bens de consumo e que deverão começar a sentir-se mais intensamente cerca de dois a três meses após o bloqueio. O presidente da associação estimou que o encerramento vai levar ao “aumento inevitável dos preços” de cerca de 5 a 10 por cento. O crescimento dos preços vai demorar cerca de dois a três meses a fazer-se sentir, porque muitos dos importadores e distribuidores têm reservas dos produtos que podem vir a ser afectados, pelo que podem ser vendido aos preços actuais. No entanto, quando forem importados novos produtos mais caros, os preços em Macau também vão reflectir esse aumento. Ip Sio Man também indicou que depois do início da guerra entre Israel, os EUA e o Irão, o custo dos seguros para o transporte marítimo aumentou 50 por cento. Os preços do petróleo subiram cerca de seis por cento. O presidente da associação indicou ainda que com o bloqueio do Estreito de Ormuz, o transporte marítimo que actualmente demora três meses vai passar a demorar quatro a cinco meses. Face a esse cenário, Ip acredita que o impacto a nível do transporte de mercadorias entre e Ásia e a Europa vai ser semelhante ao que aconteceu durante a pandemia. China mais protegida Apesar do panorama negativo, Ip Sio Man destacou ainda que a China está mais bem preparada para enfrentar o impacto do que regiões como o Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Macau ou outras do Sudeste Asiático. O presidente destacou que o transporte ferroviário entre a China e a Europa pode ser uma alternativa para o transporte de alguns produtos e que actualmente já é utilizado para bens mais consumidos pela classe média-alta, como vinhos, licores, produtos lácteos, doces, chocolates e bolachas. Uma área em que Macau deverá sofrer pouco impacto é ao nível dos bens de primeira necessidade, como cereais, óleo alimentar e outros alimentos, dado que estes produtos têm como origem o Interior da China e os países do Sudeste Asiático. O artigo do jornal Ou Mun cita também um fornecedor anónimo que indica que a Europa não é uma fonte de importações em Macau e que por isso o impacto não deve ser muito sentido. A mesma fonte anónima indicou que desde a pandemia, Macau começou a diversificar o destino de origem das importações, procurando alternativas no sudeste Asiático. Este fornecedor indicou ainda esperar um impacto moderado a nível da inflação, porque o consumo no Interior da China está em retracção, devido à crise do emprego no outro lado da fronteira.
Nunu Wu Manchete PolíticaEleições | Ron Lam teme ser prejudicado por elevada abstenção O deputado admite que o ambiente eleitoral é pouco animado, ao contrário de outros anos, e reconhece que pode perder o lugar na Assembleia Legislativa se a abstenção atingir níveis elevados. Sobre a falta de interesse nas eleições, apontou como motivo o desapontamento da população A baixa participação eleitoral foi o principal desafio identificado por Ron Lam, deputado que encabeça a lista Poder da Sinergia, para as eleições de 14 de Setembro. Os nomes constantes na lista Poder da Sinergia foram entregues ontem, por volta do meio-dia, à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). “Podemos ver que o número de listas candidatas às eleições é o mais baixo da história pós-retorno de Macau. Também sentimos que a atmosfera eleitoral é pouco animada, e para os candidatos sem grandes recursos, como é o nosso caso, este é um desafio muito difícil”, afirmou Ron Lam, à margem da entrega da lista de candidatos e do programa político do Poder da Sinergia. Numa altura em que a CAEAL e a Comissão de Defesa da Segurança do Estado ainda têm de aprovar os nomes dos candidatos que podem participar nas eleições, há um total de oito listas para preencher 14 lugares do sufrágio directo no hemiciclo. Até esta edição das eleições, a menor participação tinha acontecido em 2001, as primeiras eleições após o estabelecimento da RAEM, quando houve um total de 15 listas concorrentes. Quando questionado sobre o motivo que o leva a considerar que o ambiente eleitoral é pouco animado em comparação com os anos anteriores, Ron Lam reconheceu que a população está “desapontada”. O deputado contou também que apesar de muitos residentes o procurarem para lhe pedirem apoio para lidar com diferentes assuntos, muitos não prestam atenção às eleições nem sabem quando vão decorrer. Meios desiguais Em declarações aos jornalistas, Ron Lam lamentou ainda ter de concorrer contra listas que têm apoios de associações que recebem grandes quantidades de dinheiro em subsídios do Governo. O deputado explicou que em 2021, quando foi eleito pela primeira vez, todas as outras listas que também elegeram deputados tinham orçamentos que eram pelo menos três vezes superiores ao da sua lista. E, em alguns casos, os gastos das outras listas com a campanha foram 10 vezes superiores. “Somos o único grupo que não recebe qualquer subsídio do Governo”, lamentou. Face a estas dificuldades, Lam não afastou o cenário de perder o lugar na Assembleia Legislativa: “Caso as pessoas mantenham uma atitude de desinteresse e não votem nas eleições, posso perder o meu lugar de deputado”, reconheceu. Esta perspectiva preocupa o legislador, que teme que parte da população deixe de estar representada no hemiciclo: “Se eu perder o meu lugar, como é que a Assembleia Legislativa vai ouvir a população e reflectir as suas opiniões? Mas se as vozes não forem ouvidas, como se vai mudar a sociedade?”, questionou. TNR e transparência Quanto ao programa político, Ron Lam pede a substituição de trabalhadores não-residentes, sobretudo a redução da proporção destes trabalhadores nas empresas do jogo e de grande dimensão. Ron Lam destacou que deve haver um equilíbrio entre a garantia do emprego e a subsistência das pequenas e médias empresas. O outro destaque da lista Poder da Sinergia é o aumento da transparência do orçamento financeiro e a sustentabilidade das políticas públicas, como o investimento nos elementos não-jogo. Johnson Ian, segundo candidato da lista, recordou que durante a pandemia, o Governo gastou muito dinheiro em nome da revitalização da economia. Contudo, o candidato criticou a falta de transparência desses gastos e apontou que o mesmo está novamente a acontecer. Quanto à visita recente do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, aos bairros comunitários, Johnson Ian argumentou que estas visitas devem ser frequentes e não apenas por “capricho”. “Esperamos que as visitas dos governantes aos bairros residenciais sejam frequentes, que façam parte dos seus trabalhos, em vez de acontecimentos pontuais”, afirmou Ian. Além de Ron Lam e Johnson Ian, a grande novidade da lista é a participação de Joe Chan, ambientalista local.
Nunu Wu Manchete SociedadeÁgua | Garrafões de Miriam Grupo com níveis elevados de bactérias É o terceiro caso, desde o início do ano, de águas distribuídas em Macau sem cumprirem os padrões de qualidade. Os garrafões foram fornecidos a serviços públicos, como os Serviços de Saúde. Em reacção ao caso, o Miriam Grupo acusa “alguns clientes” de contaminarem propositadamente os garrafões utilizados O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou que vários garrafões de água fornecidos a serviços públicos da marca O Sun chumbaram nos testes de qualidade, apresentando níveis elevados de bactérias coliformes e bactérias pseudomonas aeruginosa. As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos, enquanto as bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário. O problema com a água O Sun, do Miriam Grupo Limitada, foi identificado em lotes produzidos a 7 e 21 de Maio deste ano, e comunicados na sexta-feira. No entanto, a informação disponibilizada pelo IAM e pelos SS não revelaram a altura em que os problemas foram detectados pelas entidades. Desde o início do ano, esta é a terceira marca de águas de Macau a apresentar problemas ao nível da qualidade e segurança. O primeiro caso, aconteceu a 9 de Março com a marca Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou. Mais recentemente, também em Maio, as autoridades detectaram problemas com a água da marca Ieong Iat Tat (tradução fonética). A água O Sun terá sido fornecida a serviços públicos locais, entre os quais os Serviços de Saúde (SS). Todavia, foi negado que a água contaminada tivesse entrado no comércio a retalho, hospitais ou escolas. “Os dois lotes de água destilada não entraram no mercado de venda a retalho, sendo principalmente fornecidos a serviços do Governo e sociedades comerciais. Os lotes também não foram fornecidos a escolas nem hospitais”, foi comunicado pelos SS. Após a divulgação da informação, os SS anunciaram o cancelamento do fornecimento de água daquela marca: “Após verificação, os lotes em causa não foram fornecidos aos Serviços de Saúde. No entanto, por razões de segurança, os Serviços de Saúde pararam de utilizar as águas potáveis daquela marca, e passaram a utilizar as águas engarrafadas de outra marca qualificada, a fim de assegurar o fornecimento de água potável”, foi justificado. O comunicado não identifica se há um novo fornecedor de água ou se apenas foi trocada a marca de água do Miriam Grupo Limitada. Ataque de “alguns clientes” Após a detecção deste caso, o IAM comunicou ter pedido ao grupo para “aplicar medidas de prevenção, nomeadamente a recolha dos lotes das águas destiladas envolvidos, bem como implementar a limpeza e desinfecção da linha de produção” de água. O Miriam Grupo Limitada também respondeu ao caso ao indicar que desde 1 de Junho que tinha emitido um aviso a alertar para a recolha dos lotes contaminados e que desde 30 de Maio a produção de água foi suspensa, para limpeza e aplicar as rectificações necessárias. A mesma informação indicou que em relação ao lote de 7 de Maio foram recolhidos 196 dos 367 garrafões de água produzidos e face ao lote de 21 de Maio foram recolhidos 121 dos 432 garrafões de água distribuídos. “Sob a testemunha e organização do IAM, os lotes dos garrafões de água anormais foram eliminados. Entre 30 de Maio e 1 de Junho, uma empresa de limpeza independente também procedeu à limpeza da fábrica e os equipamentos de produção. Cerca de 9.000 garrafões de água dos lotes em Maio foram eliminados,” foi divulgado pelo grupo. No comunicado, o grupo queixou-se ainda da cobertura mediática, e desmentiu que o lote de 7 de Maio tivesse apresentados resultados positivos de contaminação de bactérias coliformes, não desmentido a contaminação com bactérias pseudomonas aeruginosa. O Miriam Grupo Limitada acusou ainda alguns clientes de contaminarem os garrafões usados, que depois são devolvidos, para prejudicar a empresa.
Nunu Wu Manchete SociedadeOrçamento | Saldo deste ano caiu 96% para 290 milhões O saldo orçamental apresentado na proposta do Governo anterior, pelo ex-secretário para a Economia e Finanças Lei Wai Nong, foi cortado significativamente de 7,7 mil milhões de patacas para 290 milhões de patacas. A revisão reflecte a descida das receitas fiscais e o aumento da despesa Um dos diplomas que os deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa têm em mãos é a Alteração à Lei do Orçamento de 2025, que foi votada na generalidade no passado dia 11 de Junho, contando com todos os votos favoráveis dos deputados presentes, à excepção da abstenção de Ron Lam. Ontem, realizou-se a primeira reunião entre os deputados e membros do Governo para avaliar a revisão orçamental e alinhar o Orçamento da RAEM para este ano com a realidade económica da região. Uma das novidades avançadas ontem prende-se com a revisão do saldo orçamental para este ano, que foi cortado em 96,3 por cento, para 290 milhões de patacas do valor inicial apresentado pelo ex-secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, de 7,7 mil milhões de patacas. Os números foram avançados pelo deputado Chan Chak Mo, que preside à comissão permanente que analisa na especialidade a lei de revisão do orçamento. Segundo o deputado, as principais mudanças no diploma dizem respeito à queda de 3,8 por cento das receitas fiscais e ao aumento de 2,5 por cento das despesas. Para lá das questões orçamentais, importa recordar que os activos da Reserva Financeira de Macau atingiram no final de Março 623,6 mil milhões de patacas, o valor mais elevado dos últimos três anos. Mundos e fundos Segundo Chan Chak Mo, os deputados da comissão demonstraram uma particular preocupação com o aumento de 650 milhões de patacas na despesa orçamentada para o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização. O legislador revelou que os representantes do Executivo justificaram o incremento das verbas alocadas para o fundo com a necessidade de apoiar os processos de digitalização e promoção de pequenas e médias empresas, assim como o lançamento do “plano das lojas com características especializadas e delicadas”. Chan Chak Mo indicou que os deputados não ficaram esclarecidos e que esperam que o Governo explique o aumento do orçamento para o fundo mais detalhadamente. Quanto à Plano de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública tem dois projectos novos que vão implicar o aumento do orçamento em mais 100 milhões de patacas. O reforço orçamental irá pagar a construção do Centro de Catástrofes de Computação em Nuvem. Outro dos aumentos de despesa contemplados na revisão orçamental, diz respeito à terceira fase de expansão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau, que passou a estar orçamentada em cerca de 200 milhões de patacas, depois do aumento de 114 por cento face ao valor inicial. Também sobre este projecto, Chan Chak Mo indicou que a comissão vai convidar na próxima semana os serviços responsáveis para apresentarem mais detalhes. Taxa de execução de 22 % até Março No primeiro trimestre, a taxa de execução do Orçamento da RAEM atingiu 22,8 por cento, de acordo com os números apurados pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa. Wong Kit Cheng, recordou que o orçamento do Plano de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) foi de 19,78 mil milhões de patacas para este ano. Wong Kit Cheng explicou também que o PIDDA prevê 23 projectos novos, incluindo as obras de reordenamento da caixa de retenção de águas na Avenida do Aeroporto, na Taipa, e a construção de diques no aterro para resíduos de materiais de construção. A deputada apontou que 49 projectos registaram zero taxa de execução orçamental, incluindo 13 projectos da Direcção dos Serviços de Obras Públicas, cinco projectos da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, cinco projectos da Universidade de Macau, quatro projectos do Instituto para os Assuntos Municipais e quatro projectos da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau. A taxa de execução zero significa que estes projectos ainda não estão em andamento.
Nunu Wu Manchete PolíticaSufrágio indirecto | Lei Chan U de fora das listas ligadas aos Operários A Federação das Associações dos Operários de Macau apresenta pela primeira vez duas listas ao sufrágio indirecto no sector do trabalho. Fora da corrida está Lei Chan U, que para se manter deputado pode participar no sufrágio directo ou ser nomeado pelo Chefe do Executivo O deputado Lei Chan U está fora das duas listas ligadas à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) que participam no sufrágio indirecto pelo sector do trabalho. É a primeira vez desde a criação da RAEM que os dois lugares do sector do trabalho são disputados por mais do que uma lista. No entanto, o domínio da FAOM vai continuar a ser absoluto, dado que todos os quatro candidatos fazem parte da associação, como vice-presidentes. Lei Chan U é deputado desde 2017 e foi sempre eleito através de sufrágio indirecto pela lista Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, a única a participar nas eleições no sector laboral desde 2001. Todavia, de acordo com os dois nomes apresentados ontem da Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, citados pelo Jornal Ou Mun, Lei Chan U ficou de fora. No pólo oposto, o também deputado Lam Lon Wai foi mantido cabeça-de-lista, como acontece desde 2017. No segundo lugar da lista CCCA surge agora Kong Ioi Fai, que é membro do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social e vice-presidente FAOM. Também Lam Lon Wai é vice-presidente da FAOM. Na apresentação da lista, Lam Lon Wai citou o “espírito dos discursos de Xi Jinping” durante a viagem a Macau no final do ano passado, e insistiu na necessidade de garantir a elevação da qualidade da governação. Lam Lon Wai prometeu ainda que a lista vai defender “os direitos e interesses da classe trabalhadora”, acompanhar “as exigências dos operários” e “reflectir junto do Governo a voz das classes trabalhadoras”. Além disso, o deputado prometeu “participar activamente na política e contribuir para a prosperidade e estabilidade de Macau”. Neste cenário, para se manter como deputado, Lei Chan U pode ser nomeado pelo Chefe do Executivo ou participar na lista do sufrágio directo da FAOM, que dada a diminuta participação poderá eleger três deputados. Os actuais deputados da lista do sufrágio directo da FAOM são Ella Lei Cheng I e Leong Sun Iok. A outra lista Por sua vez, a lista União das Associações de Trabalhadores é igualmente constituída por vice-presidentes da FAOM. Naquela que é uma estreia no sufrágio indirecto, a lista vai ser liderada por Leong Pou U. No segundo lugar surge Choi Kam Fu. Na altura de apresentação da lista, de acordo com o jornal Ou Mun, Leong Pou U prometeu respeitar os princípios de justiça, responsabilidade e progresso ao participar nos assuntos sociais. Leong Pou U afirmou também que a protecção integral dos direitos e interesses dos trabalhadores só pode ser alcançada com a melhoria da legislação laboral e a criação de um ambiente de trabalho em que todos os trabalhadores se sintam encorajados a contribuir para o crescimento económico, harmonia e estabilidade da sociedade de Macau. O cabeça-da-lista defendeu também que o Governo só deve permitir a contratação de não-residentes para as situações em que é impossível contratar mão-de-obra local. As duas listas fizeram-se acompanhar por Ho Sut Heng, presidente da FAOM.
Nunu Wu Grande Plano MancheteEleições | “Soldado de Mao” afirma-se inocente e diz que esteve seis dias sem conseguir tomar banho Acusado de corrupção eleitoral e de possuir um negócio ilegal de Mahjong, Wong Wai Man voltou ontem à carga para clamar a sua inocência. O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço diz ter sido “provocado” para subir até ao telhado onde esteve algumas horas, além de ter estado seis dias sem poder tomar banho ou trocar de roupa O panorama das eleições legislativas para o hemiciclo já ferve. Além de estas serem as eleições com o menor número de listas candidatas desde a criação da RAEM, a polémica está instalada com o quase candidato Wong Wai Man, que tentou submeter a sua candidatura, sem sucesso. Conhecido também como o “Soldado de Mao” e “Capitão de Macau”, e depois de ter sido acusado de corrupção eleitoral e de possuir um negócio ilegal de Mahjong, eis que Wong Wai Man voltou ontem à carga para dar explicações: recusa as acusações de que é alvo, diz ter sido perseguido pelas autoridades e refere como “tortura” a forma como foi tratado aquando da sua detenção. O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço esteve, na segunda-feira, várias horas em cima de um telhado de uma casa feita com chapa metálica na Taipa, tendo sido socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Uma solução que diz ter sido “provocada” depois de ter sido detido pela Polícia Judiciária (PJ), reencaminhado ao Ministério Público e receber a convocação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que o acusa de possuir o negócio ilegal. Wong Wai Man explicou que, pouco tempo depois de ter saído do gabinete do CCAC, na zona do NAPE, foi interceptado por um funcionário deste organismo que alegou a falta de assinatura em alguns documentos. Porém, não satisfeito com a situação, Wong Wai Man apanhou um táxi em direcção à Taipa, acabando por se refugiar no telhado. “Não tive outra opção, o CCAC queria perseguir-me até à morte. Por isso fiquei no telhado”, explicou. Relativamente às acusações da prática de corrupção eleitoral, o homem diz que é pobre e que não tem condições financeiras para cometer esse tipo de ilegalidades. Sobre o alegado negócio ilegal de Mahjong, Wong Wai Man destacou que a sede da associação a que preside tem, de facto, mesas de Mahjong, mas apenas para usufruto dos sócios. Sobre o uso de dinheiro nestes jogos, Wong Wai Man disse que sempre existiu um cartaz a dizer que era proibido haver apostas em dinheiro e que havia, na sede da associação, uma caixa para donativos, mas que tal se destinava a apoios voluntários dos sócios para ajudar ao funcionamento da associação. Isto porque, segundo este, além de ser presidente é também o único a suportar todas as despesas da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, nomeadamente as relacionadas com a renda, água e luz, tendo em conta que desde 2014 que a entidade não recebe subsídios. Uma coisa é certa: a sede da associação irá fechar portas amanhã devido ao fim do contrato de arrendamento. Wong Wai Man diz que, por enquanto, não vai procurar uma nova morada para a associação pois, para já, tem em mãos um assunto mais premente: a procura de um lugar para viver. Wong Wai Man fazia da sede da associação a sua casa. Lição para a vida Apesar de ter perdido a oportunidade de submeter uma lista e ser candidato às eleições para a Assembleia Legislativa pela via directa, Wong Wai Man argumentou que o mais importante foi participar em todo o processo e aprender coisas novas. O “Capitão de Macau” referiu ainda que se dedica à sociedade de coração e não por egoísmo. O seu ideal é fazer coisas com justiça em prol da sociedade, uma vez que defende que as associações tradicionais não defendem o povo. Wong Wai Man contou ainda aos jornalistas um episódio pessoal para justificar a sua participação nas causas sociais e públicas. “Em 2007 a minha esposa estava grávida e os hospitais convenceram-na a pôr término à gravidez porque a taxa de sobrevivência do bebé seria de 50 por cento, devido ao facto de ter sido detectada uma anomalia fetal depois dos exames. Insisti e o Governo acabou por pagar a operação no valor de 70 mil patacas. Por isso, quero dar a minha contribuição para retribuir um favor ‘ao céu'”, disse. Seis dias sem banho Segundo o jornal All About Macau, Wong Wai Man referiu ainda ter estado seis dias sem tomar banho e dormir, tendo permanecido uma semana desaparecido até se apresentar junto do CCAC esta segunda-feira. Antes de o fazer, este referiu ter estado um total de seis dias detido, o que para si foi “uma tortura”, e que no total esteve todo esse tempo sem tomar banho, dormir ou trocar de roupa. No domingo, terá conseguido voltar a casa. “Ontem à noite [terça-feira] consegui finalmente dormir bem e tomar banho. Fiquei seis dias sem poder tomar banho ou trocar de roupa”, explicou. A subida ao telhado da casa na Taipa foi também uma forma de protesto pela forma como terá sido tratado, assegurou. A detenção teve lugar na madrugada de quarta-feira passada, dia 11, entre as 3h e as 4h da manhã, com o argumento de que Wong Wai Man manteria um negócio ilegal de Mahjong. Foi então que ficou detido durante 48 horas numa esquadra na Taipa, tendo depois sido transferido para as instalações do Ministério Público (MP) para continuar a prestar declarações. Depois desse processo, foi notificado para se apresentar junto do CCAC, tendo assinado os documentos pedidos. De seguida, foi novamente detido por mais 48 horas e transferido novamente para o MP. Quando, já na rua, foi novamente informado de que teria de voltar ao CCAC para assinar mais documentos, decidiu fugir e refugiar-se no telhado.
Nunu Wu Manchete SociedadeSegurança Social | Associação alerta para sustentabilidade O presidente da Associação de Segurança Social de Macau defende que o cálculo para a pensão para idosos não deve ter em conta o índice mínimo de subsistência usado para definir subsídios para famílias carenciadas. Além da natureza distinta dos apoios, Chan Kin Sun alerta para o risco de subsistência do Fundo de Segurança Social Durante as Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai anunciou o aumento de 160 patacas da pensão para idosos para 3.900 patacas por mês. Fazendo eco de algumas opiniões de deputados, o Chefe do Executivo abriu a porta à possibilidade de indexar o cálculo para definir a pensão de idoso ao índice mínimo de subsistência, que delimita o risco social de pobreza. O presidente da Associação de Segurança Social de Macau, Chan Kin Sun, não concorda com esta posição. Num artigo publicado no Jornal do Cidadão, o dirigente e académico começou por realçar as diferentes naturezas dos apoios em causa. Enquanto a pensão para idosos se destina a indivíduos numa perspectiva do seguro social, com contribuições que mais tarde são gozadas em benefícios, o índice mínimo de subsistência tem sido usado para calcular apoios sociais destinados a famílias carenciadas. O dirigente, que também é membro da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, destaca os objectivos e naturezas diversas dos dois sistemas e grupos de beneficiários. O também professor auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau refere ainda que a natureza assistencialista dos subsídios para os mais carenciados nunca teve em conta a sustentabilidade do apoio, enquanto a pensão para idosos é calculada a pensar no desenvolvimento sustentável do sistema. Numa altura em que o Governo luta contra o envelhecimento populacional, o académico alertou para a possibilidade de a indexação da pensão para idosos ao índice mínimo de subsistência poder ter um impacto negativo na sustentabilidade do Fundo de Segurança Social. Questão de percepção Em relação ao aumento da pensão para idosos, Chan Kin Sun indicou que os cálculos que definem o valor do apoio podem não corresponder à realidade económica dos beneficiários e da economia do território. Isto porque o peso da taxa de inflação pode não corresponder à realidade tendo em conta a tendência crescente de consumo no Interior da China, contornando o peso na carteira dos idosos do aumento dos preços em Macau. Em relação aos serviços sociais para a população mais velha, o académico defende que a rede de serviços não deveria ser sustentada exclusivamente pelos cofres do Governo e que as regras do mercado deveriam funcionar no sector. Chan Kin Sun mencionou a política de Hong Kong que permite aos residentes da região vizinha usar cupões em dinheiro em instituições de serviços sociais qualificados do Interior da China. As associações dos serviços sociais de Macau devem mudar a forma como operam, não vivendo apenas de subsídios do Governo, mas garantindo serviços de qualidade atractivos para clientes idosos numa perspectiva mais comercial.
Nunu Wu PolíticaCB | Wong Wai Man recusou sair de telhado, pelo menos, cinco horas Na tarde de ontem, pouco tempo depois da conferência de imprensa da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), começaram a ser partilhadas fotografias e vídeos de um homem no telhado de uma casa feita de chapas metálicas. Muitos internautas identificaram o indivíduo como sendo Wong Wai Man, o líder da lista Ajuda Mútua Grassroots, que foi alvo de duas acções policiais que acabaram por ditar o afastamento da inscrição nos boletins de voto das próximas eleições legislativas. Imagens mais nítidas permitiram confirmar que o homem era de facto Wong Wai Man, e podem-se ver também na beira do telhado membros do Corpo dos Bombeiros (CB) e do Corpo de Polícia de Segurança Pública. O HM contactou o CB que, sem confirmar a identificação da pessoa, indicou que um homem de meia idade estava no telhado de uma casa de chapa metálica na Povoação de Cheok Ka, na Taipa, desde as 13h, ou seja, há cinco horas desde que foi feita a chamada. Na altura, o CB referiu que estava em alerta e a acompanhar o desenrolar da situação. Nos vídeos partilhados nas redes sociais pode ouvir-se Wong Wai Man gritar algo, mas o que diz é imperceptível. Até ao fecho desta edição, o HM não conseguiu apurar o desfecho do impasse, nem o que Wong Wai Man reivindicou.
Nunu Wu Manchete PolíticaIAS | Novas drogas são 16% dos testes positivos O Instituto de Acção Social acredita que no ano passado existiam em Macau 148 consumidores de drogas, cerca de 0,02 por cento da população, com base no número de pessoas que cumpre pena por consumo ou que está em reabilitação. Ainda assim, os 148 consumidores representam um aumento de 25 por cento face a 2023 O Instituto de Acção Social voltou a apostar num projecto piloto para testar o uso de novas drogas, como o etomidato (conhecido como space oil), metcatinona e canabinoides sintécticos. No ano passado, as autoridades recolheram cerca de 1.600 amostras que revelaram uma taxa de positividade de 9 por cento. Entre os testes positivos, 16 por cento diziam respeito às novas drogas referidas, indicou Cheang Io Tat, chefe do departamento de prevenção e tratamento da dependência do jogo e da droga, do IAS, em declarações citadas pelo Canal Macau da TDM. Apesar do mediatismo e celeuma provocado pelo space oil, que inclusive levou à alteração da lei, o responsável do IAS refere que as “drogas tradicionais” continuam a ser predominantes. Cheang Io Tat falou no sábado à margem do lançamento de uma série de actividades organizadas pelo IAS para assinalar o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas. Durante a cerimónia, o IAS entregou “diplomas de reconhecimento às escolas que têm participado no Curso de Educação da Vida Sadia ao longo dos anos, como forma de agradecer a sua contribuição na promoção da educação da vida sadia. Além disso, decorreu no mesmo dia a cerimónia de inauguração da Exposição Científica de Sensibilização sobre a Luta contra a Droga na Grande Baía, realizada pela primeira vez este ano”. Mundo de fantasia O Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime publicou em Outubro o relatório mundial sobre drogas que indicava que em 2022, havia no mundo inteiro quase 292 milhões de consumidores de estupefacientes, cerca de 1 em cada 18 pessoas. O número avançado pelas Nações Unidas apontou para uma proporção de cerca de 5,5 por cento da população mundial que tinha consumido drogas no ano em análise. A percentagem a nível global é pulverizada pelos números avançados pelo Instituto de Acção Social (IAS), que no sábado indicou que no ano passado o número de consumidores em Macau era 148, ou seja, cerca de 0,02 por cento da população da RAEM. Num panorama altamente punitivo, que empurra os consumidores patológicos ou ocasionais para a obscuridade, a que as autoridades chamam de “consumo oculto”, os números do IAS representam as únicas pessoas que em Macau de certeza não consumem drogas: quem cumpre pena por consumo ou está em reabilitação. Apesar da estatística que não reflecte a realidade, as autoridades indicam que os 148 consumidores de droga no ano passado representaram um aumento de cerca de 25 por cento face a 2023. Porém, o registo de 2024 foi 6 por cento menor em relação ao período antes da pandemia.