Eleições | Soldado de Mao detido por exploração de mah-jong

As autoridades recusaram identificar Wong Wai Man como o detido, mas a informação começou a circular na manhã de ontem. O armador tem estado incontactável desde então. A apresentação da lista candidata às legislativas fica assim em causa, dado que Wong tinha até hoje para reunir 77 assinaturas válidas

 

Numa altura em que lutava contra o tempo na tentativa de reunir 77 assinaturas para se candidatar às eleições legislativas, Wong Wai Man, também conhecido como Soldado de Mao, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ). Com este cenário, a participação nas eleições deverá estar praticamente afastada, dado que Wong terá estado detido durante quase dois dias, e o prazo limite para a recolha das assinaturas em falta termina hoje.

As indicações sobre o desaparecimento de Wong Wai Man começaram a circular na manhã de ontem, quando um comunicado, em nome de Carl Ching, amigo do Soldado de Mao, começou a circular online. De acordo com este comunicado, Carl tinha entregue duas cartas junto das autoridades a pedir a libertação de Wong. A primeira foi entregue de manhã, por volta das 9h30, no Ministério Público, e tinha como destinatário o Procurador Chan Tsz King. A segunda, foi entregue por volta do meio-dia na sede do Governo e estava endereçada ao Chefe do Executivo.

Além de pedir a libertação imediata do potencial candidato às eleições legislativas, a carta ainda pedia que o processo judicial contra o potencial candidato fosse suspenso, até ao final das eleições.

O HM contactou Carl Ching para perceber os contornos da detenção, mas sem sucesso. Ao mesmo tempo, o número de telemóvel de Wong Wai Man esteve sempre incontactável.

Quando a informação sobre o caso ainda era escassa, o HM contactou o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público (MP) e a Sede do Governo. O objectivo passou por confirmar a detenção, assim como a entrega das cartas mencionadas. Até ao fecho da edição do HM apenas o CPSP respondeu, indicando que não tinha informações sobre o caso.

Exploração de Mah-Jong

À tarde, durante a habitual conferência de imprensa da PJ, cuja informação foi citada pelo jornal Ou Mun, foi revelado um caso de exploração de mah-jong. Este é um crime que pode ser punido com uma pena de prisão de um ano ou 120 dias de multas.

Segundo os contornos apresentados, o caso resultou num detido, que foi apresentado como um residente de apelido Wong, trabalhador da construção civil e com 61 anos. Os dados coincidem com a identidade de Wong Wai Man, que nasceu em Julho de 1963, o que significa que tem precisamente 61 anos, e é trabalhador da construção civil, precisamente armador de ferro.

Além do mais, o caso foi detectado na Rua do Canal Novo, onde fica situada a Associação dos Armadores de Ferro e Aço, igualmente ligada a Wong Wai Man.

Após a informação ser relevada, o HM ligou à PJ para confirmar os dados, mas uma porta-voz da PJ limitou-se a dizer que não tinha mais informação para divulgar. Também só depois de grande insistência, a PJ confirmou que a informação citada pela publicação em língua chinesa tinha sido divulgada numa conferência de imprensa de rotina.

Buscas na quarta

Segundo a PJ, citada pelo jornal Ou Mun, no interior da loja alvo das buscas na manhã de quarta-feira terão sido encontradas 11 mesas electrónicas de mah-jong, embora apenas duas estivessem ligadas. As duas mesas estariam a ser utilizadas por oito pessoas. Além disso, enquanto as autoridades permaneceram na loja, identificada como “loja” para jogar mah-jong, apareceram no local quatro pessoas.

Das buscas resultou a detenção de Wong e a apreensão de 18 sets de mah-jong, 1.287 fichas de jogo, e 56 baralhos de cartas.

Durante a operação, mais nove homens e três mulheres foram “convidados” a irem à esquadra auxiliar a PJ na investigação. Wong terá recusado responder às perguntas da PJ. A PJ acredita que os jogadores tinham de pagar 200 patacas para poderem jogar, e que durante os três meses de operação terá havido pagamentos no total de de 8.800 patacas. O caso foi encaminhado para o MP.

Lista em causa

A detenção acontece numa fase em que o Soldado de Macau, também conhecido como Capitão Macau, tentava reunir mais 77 assinaturas para participar nas eleições de Setembro para a Assembleia Legislativa.

Na sexta-feira, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) considerou que das 395 assinaturas apresentadas por Wong para constituição da comissão de candidatura, 175 não cumpriam os requisitos legais. Como previsto na lei, foi assim concedido um prazo adicional de cinco dias úteis à potencial lista Ajuda Mútua Grassroots para conseguir as assinaturas necessárias. O prazo terminava hoje, mas o candidato passou cerca de dois dias detido, pelo que não é certo que consiga concluir o processo a tempo de participar no acto eleitoral.

Caso as assinaturas fiquem por recolher, o acto eleitoral vai contar com apenas oito listas, sendo que apenas uma delas não se encontra actualmente representada no hemiciclo. A Assembleia Legislativa deverá assim sofrer poucas alterações, no campo dos deputados eleitos pela via directa.

História que se repete

Esta não é a primeira vez que Wong Wai Man enfrenta problemas com a polícia, depois de tentar exercer direitos previstos na Lei Básica.

Em Maio de 2023, após entregar um pedido de manifestação no Dia do Trabalhador junto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), Wong acusou a polícia de lhe enviar mensagens a pedir que cancelasse o pedido. Além disso, na sequência do pedido de manifestação, também a sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço recebeu visitas de agentes da polícia.

As queixas de Wong Wai Man, publicadas num artigo do jornal All About Macau, foram investigadas horas depois pela PJ, que concluiu não ter havido pressão do CPSP e que apenas teria havido “pressões pessoais”. Na altura, a PJ indicou que Wong não se mostrou disponível para mostrar todas as mensagens que teria recebido.

Na conferência de imprensa da PJ a ilibar o CPSP, a polícia definiu ainda Wong Wai Man como um infractor recorrente. Nessa ocasião, a PJ revelou que a associação ligada a Wong Wai Man tinha sido alvo, desde 2018, de pelo menos oito denúncias de jogo ilegal. A PJ tentou ainda descredibilizar o Soldado de Mao ao indicar que este tinha cometido várias infracções de trânsito, sendo multado por isso.

Após ser ilibada, na altura, o CPSP garantiu através de um comunicado que respeita sempre todos os direitos previstos na Lei Básica.

13 Jun 2025

Cultura | Wu Zhiliang quer fundo para garantir segurança nacional

O presidente da Fundação Macau considera que o Governo deve ter um mecanismo para garantir a segurança nacional e o patriotismo na cultura. Como tal, Wu Zhiliang defende a criação de um fundo para promover narrativas nacionais na literatura e nas artes em geral e o estabelecimento de equilíbrios jurídicos entre liberdade de expressão e segurança nacional

 

O presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, entende que o território está a enfrentar desafios que não podem ser negligenciados e que nem na cultura se deve baixar os braços na defesa da segurança do Estado e do nacionalismo.

Num discurso proferido na segunda-feira em Pequim, na Academia Chinesa de Ciências Sociais, Wu Zhiliang defendeu a criação de um mecanismo que assegure a segurança nacional e a promoção do nacionalismo na cultura e nas artes. Assim sendo, o líder da Fundação Macau, que financia, entre outros, projectos culturais, entende que é necessário criar um fundo especial para promover as narrativas nacionalistas na literatura e nas restantes artes.

Para garantir que não existem violações à lei e aos direitos dos residentes, Wu Zhiliang sugeriu a aposta na cooperação regional para juntar esforços entre as faculdades de Direito de Macau, Hong Kong e Interior da China. Os objectivos da parceria passariam por criar um sistema de interpretação jurídica, com análise a casos típicos para definir padrões de equilíbrio entre liberdade de expressão e segurança nacional.

A parceria poderia também ser alargada a outras áreas do ensino, por exemplo, com o estabelecimento de uma plataforma de partilha de recursos de recursos de educação destinada à segurança nacional na Grande Baía, com vista a promover um modelo da aprendizagem imersiva.

Resposta musculada

A intervenção na área cultural é encarada pelo presidente da Fundação Macau como uma forma de responder aos desafios que a RAEM enfrenta actualmente, indicou em Pequim, sem concretizar especificamente.

O responsável destacou o ambiente social e as bases culturais da população enquanto elementos que não só demonstram a eficácia da governação em Macau, como garantem a segurança nacional através da articulação profunda da estrutura social e dos valores culturais. Para tal, Wu Zhiliang realçou o papel fundamental desempenhado pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”, cujo sucesso também depende do ambiente social único da Macau, assim como da sólida identidade cultural. Além da aplicação do princípio político, o responsável destacou a melhoria do bem-estar da população, o sistema educativo e o papel desempenhado pelo tecido associativo.

Wu Zhiliang destacou particularmente as associações patrióticas, e as suas redes de serviços sociais que cobrem toda a cidade, que promovem actividades relacionadas com segurança nacional. Neste aspecto, o dirigente deu como exemplo a mobilização que as associações conseguiram, levando cerca de três mil pessoas para participarem nas sessões de consulta pública, aquando das alterações à lei relativa à defesa da segurança do Estado em 2023.

11 Jun 2025

CAEAL | Wong Wai Man procura recolher assinaturas em falta

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu ao “Soldado de Mao” até sexta-feira para resolver problemas com o seu pedido de candidatura. Das 395 assinaturas entregues por Wong Wai Man, 175 não foram reconhecidas pela comissão. Ontem à tarde, o potencial candidato afirmava precisar de mais 77 assinaturas

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu um prazo de cinco dias úteis, que termina na sexta-feira, para que Wong Wai Man satisfaça os requisitos mínimos da sua lista, Ajuda Mútua Grassroots, e possa concorrer às próximas eleições legislativas.

No domingo, o residente que é conhecido como “Capitão Macau” ou “Soldado de Mao”, por se vestir de forma semelhante aos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural, revelou a carta em que a CAEAL refere que das 395 declarações de apoio (assinaturas) entregues, apenas 222 foram aceites e 173 não passaram no crivo das autoridades. Recorde-se que os pedidos de comissão de candidaturas têm de ser acompanhados por, pelo menos, 300 assinaturas. Num vídeo partilhado ontem à tarde nas redes sociais, Wong Wai Man afirmava precisar ainda de 77 assinaturas e que estará na sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, na Areia Preta, 24 horas por dia até conseguir todas as assinaturas.

A CAEAL justificou que entre as razões para não aceitar 173 declarações de apoio à lista Ajuda Mútua Grassroots contam-se declarações onde não foi possível apurar quem as assinou, alterações ao boletim sem declarar as correcções feitas, dados incorrectos, eleitores que já haviam assinado outras comissões de candidatura e pessoas que não podem votar.

O caos nas ruas

Além dos problemas encontrados nas assinaturas, a CAEAL afirmou que o logotipo da lista Ajuda Mútua Grassroots é contrário à ordem pública porque contem o slogan “lutar até à morte”. A CAEAL justificou a sua posição juridicamente com nº2 do Artigo 273º do Código Civil que estabelece que “é nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes”.

Na quinta-feira passada, quando entregou à CAEAL o pedido de reconhecimento da sua lista, Wong Wai Man afirmou estar tranquilo em relação ao escrutínio das autoridades sobre as assinaturas que entregou. “Não estou preocupado, o meu objectivo é participar no processo eleitoral. Dedico-me à participação cívica e social há cerca de 18 anos. Não preciso de assumir o cargo de deputado, a minha força e energia positiva são maiores do que qualquer deputado”, afirmou na altura o potencial candidato.

9 Jun 2025

DSAL | Detectadas 96 funcionárias ilegais em concerto de G-Dragon

No sábado, a polícia e os Serviços para os Assuntos Laboral fizeram uma operação nas bancas de merchandising do cantor coreano G-Dragon no Galaxy Arena, onde foram encontradas 96 funcionárias possivelmente em situação ilegal. Dois responsáveis da organização foram levados para a esquadra para investigação

 

O fim-de-semana passado foi de grande euforia no Cotai, com três concertos do popular cantor coreano G-Dragon no Galaxy Arena. Porém, na manhã de sábado uma operação conjunta do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laboral (DSAL) detectou 96 funcionárias suspeitas de estarem em situação ilegal na zona de venda de merchandising.

Posteriormente, o CPSP divulgou um comunicado em que confirmou durante o processo de verificação da identidade das trabalhadoras a presença de 96 trabalhadoras não-residentes, cuja autorização para trabalhar teria de ser confirmada com a DSAL. Na sequência da descoberta, dois responsáveis da organização dos concertos foram levados para a esquadra da polícia para investigação.

As autoridades não acrescentaram mais informações sobre o caso, além da admissão do CPSP de que estaria a investigar a situação e que se foram encontradas infracções, o caso será tratado de acordo com a lei. Até ao fecho desta edição, a DSAL não se tinha pronunciado sobre a ocorrência, nem a empresa que organizou os concertos, a Tencent Music Entertainment Live.

A situação gerou polémica e muitas publicações nas redes sociais. Uma das teorias mais discutidas apontava para uma possível vingança de vendedores clandestinos de bilhetes, que teriam sido expulsos do recinto na sexta-feira, que terão alegadamente alertado as autoridades para a situação ilegal das funcionárias.

Rastos na rede

Além da teoria da vingança, foram também partilhadas imagens de publicações a recrutar trabalhadoras a tempo parcial durante os concertos, em especial nas redes sociais chinesas. Numa das publicações, o organizador procurava recrutar mulheres com menos de 30 anos, referindo como remuneração diária 200 renminbis, além de um bónus adicional em conformidade com as vendas. O anúncio indicava também que o empregador estava disposto a oferecer acomodação às funcionárias que precisassem.

Também ao nível da venda legítima de bilhetes para o concerto da estrela coreana houve confusão. Em Hong Kong, a plataforma da venda de bilhetes Cityline foi alvo de queixas devido à impressão de bilhetes com a data errada, número de bilhetes errados e passividade dos funcionários na resolução e tratamento de queixas.

9 Jun 2025

Eleições | “Soldado de Mao” volta a candidatar-se

Wong Wai Man entregou ontem o pedido de reconhecimento da sua lista para concorrer às eleições legislativas, depois da candidatura de 2021 ter sido recusada. O potencial candidato oficializou ontem a sua corrida eleitoral, vestido a rigor, com o emprego e o bem-estar social entre as prioridades políticas

 

O “Soldado de Mao” está de volta. Wong Wai Man foi ontem ao Edifício da Administração Pública entregar à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de reconhecimento da propositura de candidatura às eleições legislativas de 14 de Setembro.

O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e rosto da lista Ajuda Mútua Grassroots surgiu com uma indumentária semelhante às fardas dos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural e envergando uma mala a tiracolo com a imagem de Mao Tsé-Tung.

Esta é a terceira vez que procura entrar no boletim de voto e, desta feita, entregou 395 assinaturas com o pedido de reconhecimento da candidatura da lista que deverá ter seis candidatos.

Aparentando uma postura calma, Wong Wai Man afirmou estar tranquilo em relação ao escrutínio das autoridades face aos critérios a cumprir pela sua lista, nomeadamente em relação ao número mínimo de assinaturas suficientes para poder participar no sufrágio. “Não estou preocupado, o meu objectivo é participar no processo eleitoral. Dedico-me à participação cívica e social há cerca de 18 anos. Não preciso de assumir o cargo de deputado, a minha força e energia positiva são maiores do que qualquer deputado”, afirmou o potencial candidato, citado pelo All About Macau.

As muitas batalhas

“Hoje em dia, em Macau aconteceram muitos casos de suicídio, com pessoas a saltarem para o mar ou do cimo de prédios, ou por enforcamento. Os governantes têm responsabilidades perante esta realidade, assim como os 32 deputados que estão na Assembleia Legislativa”, afirmou Wong Wai Man num vídeo partilhado no WeChat.

O aumento de suicídios no território é encarado pelo potencial candidato como uma consequência das dificuldades económicas e de emprego que afecta parte da população. “Se as pessoas tiverem um bom emprego e capacidade económica para pagar as contas, as suas vidas melhoram e as preocupações desaparecem”, comentou. Como tal, o “Soldado de Mao” apontou o emprego como uma das suas prioridades políticas.

Além disso, Wong Wai Man prometeu também dar prioridade aos segmentos mais desfavorecidos da população. “Quer ganhe, ou não, o meu desejo é ajudar os mais pobres. Não quero ajudar todos os residentes. Chan Meng Kam e Sam Hou Fai também são residentes e não precisam de ajuda”, destacou.

6 Jun 2025

Supermercados | Queixas de desafios sem precedentes

O encerramento de alguns supermercados em Macau são um sintoma dos problemas que o sector está a atravessar. O presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau aponta a mudança de padrões de consumo e o aumento de produtos chineses nas prateleiras das superfícies locais, devido aos preços mais caros dos bens importados

 

Depois de terem passado por entre os pingos da chuva durante a pandemia, e mesmo aumentado a facturação, as grandes superfícies de supermercados de Macau atravessam agora um período de fracos negócios e “desafios sem precedentes”. O panorama de dificuldades foi descrito pelo presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau, Wong Man Wai.

Recentemente, alguns supermercados encerraram, incluindo da cadeia Royal e Tai Fung, em locais como o Jardim Camões e na Areia Preta, com outras lojas a lançarem campanhas de descontos de liquidação total, dando a entender que podem também vir a encerrar. Na óptica de Wong Man Wai, este cenário irá obrigar as cadeias a pensar em fazer ajustes às suas operações para se adaptarem à mudança dos hábitos de consumo da população.

Em declarações ao jornal Ou Mun, o dirigente associativo explicou que os consumidores não só compram menos, como são mais selectivos na escolha dos bens face ao “custo-benefício”. “No passado, as pessoas compravam mais produtos importados do estrangeiro, que eram mais caros, mas agora optam por mais produtos diversos do Interior da China”, indicou o dirigente, acrescentando que os preços de bens comprados ao estrangeiro torna-os “invendáveis”. Por essa razão, “as cadeias de supermercado não ousam importar em grande quantidade”.

Os dois gumes

Com o desaparecimento de produtos estrangeiros e proliferação de produtos nas prateleiras dos supermercados locais, Wong Man Wai refere que os consumidores podem ver esse ajuste como um incentivo a fazer compras em Zhuhai, já que vão comprar de qualquer das formas os mesmos produtos. O responsável salientou também o facto de as grandes cadeias de supermercado terem ficado de fora da campanha Grande Prémio do Consumo.

Porém, nem só as lojas estão a sofrer o impacto da pouca confiança dos consumidores, também os fornecedores, especialmente os que operam fora das zonas mais turísticas, estão a sofrer com a redução de 30 por cento. Mas quem está a sofrer mais, segundo Wong Man Wai, são os pequenos e médios fornecedores, que enfrentam riscos de sobrevivência e quebras acentuadas de encomendas.

Os custos elevados com recursos humanos e logística dos supermercados desde que começou a corrida aos serviços de entrega ao domicílio foram outros elementos destacados por Wong Man Wai, que coloca os supermercados numa posição difícil para competirem com plataformas de comércio electrónico do Interior da China.

O dirigente mencionou também a possibilidade, que foi avançada por vários meios de comunicação, de abertura de um grande supermercado em Gongbei como a “gota d’água” para muitas superfícies em Macau, que podem fechar dentro de um ano.

4 Jun 2025

Eleições | Ron Lam entrega pedido de candidatura, ainda sem lista

A Sinergia de Macau entregou ontem o pedido de constituição de candidatura para as legislativas. Sem confirmar se será cabeça de lista, Ron Lam disse que quer continuar a ser uma ponte entre o Governo e a população. Sobre o seu primeiro mandato, Ron Lam confessou sentir-se impotente, apesar do esforço para demonstrar as suas opiniões

 

A Associação da Sinergia de Macau entregou ontem à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de constituição da comissão de candidatura para as eleições legislativas. A associação liderada pelo presidente Johnson Ian e pelo vice-presidente e deputado Ron Lam entregou também cerca de quatro centenas de assinaturas de apoio à candidatura.

Apesar de confessar que gostaria de continuar a dar voz à população, para já a Associação da Sinergia de Macau ainda não tem uma lista formada, facto que Ron Lam justificou com os recursos limitados e falta de tempo. “Em relação a quem será o cabeça de lista, a nossa equipa irá ainda discutir, mas acredito que há quem queira que eu mantenha o meu lugar no hemiciclo. Mas é importante obedecer à decisão da equipa”, indicou.

Em relação ao seu primeiro mandato de deputado, que está prestes a terminar, Ron Lam confessou alguma frustração entre o empenho, as suas expectativas e como não se reflectiram na realidade política. “Apliquei-me no trabalho legislativo com esforço, participei em todas as reuniões e expressei as minhas opiniões, mas os resultados não corresponderam ao que esperava”, disse.

Para a outra margem

Em declarações no Edifício da Administração Pública, Ron Lam defendeu a importância de fazer chegar ao Governo as diferentes opiniões da população, missão que o deputado e potencial candidato admite querer continuar a desempenhar.

Aliás, a opinião pública percepcionada pelo deputado e as sugestões que resultam de consultas públicas do Executivo continuam a apresentar grandes discrepâncias. Ron Lam argumenta que estas diferenças fazem com que a governação não tenha correspondência com os desejos e expectativas da população para o desenvolvimento social.

“Esperamos continuar a desempenhar com eficácia o papel de ponte entre a sociedade e o Governo, reflectindo as opiniões da população. Esperamos também que o Executivo decida mais políticas, de forma séria e humilde, em conformidade com a vontade popular”, afirmou Ron Lam.

O deputado deu como exemplo de situações em que o Executivo voltou atrás depois de opiniões públicas, a que deu voz, a suspensão das obras que iria erigir uma estátua gigante da deusa Kun Iam em Coloane. “Apesar de muitas vezes não conseguirmos fazer melhor, noutras conseguimos que as autoridades sigam pelo caminho que apontamos”.

O mesmo não se verificou recentemente com as alterações à forma de atribuição do cheque pecuniário, onde Ron Lam afirma ter faltado a comunicação entre o Governo e a sociedade, nem sequer através de consulta pública.

CAEAL | Aliança do Bom Lar entrega propositura de candidatura

A Aliança de Bom Lar entregou ontem à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de constituição da comissão de candidatura, com 500 assinaturas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a mandatária da comissão de candidatura da Aliança de Bom Lar é Iong Weng Ian, que também é presidente do conselho fiscal da Associação Geral das Mulheres de Macau.

Segundo a apresentação, a Aliança de Bom Lar pretende lutar por uma melhoria dos direitos de mulheres e crianças, sendo que, numa segunda fase, vai ouvir e recolher as opiniões sociais para elaborar o programa político e organizar a lista de candidatos às próximas eleições para a Assembleia Legislativa.

4 Jun 2025

Sinergia | Governo acusado de ter critérios distintos da população

A Associação Sinergia de Macau considera que as alterações Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico não estão em linha com as pretensões da população, e definiu como “simulações” as sessões do Governo para ouvir as opiniões das associações

 

A Associação Sinergia de Macau atacou o Governo por aplicar critérios que não vão ao encontro das pretensões da população nas restrições do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. As opiniões foram defendidas pelo deputado Ron Lam, da associação, e o presidente Johnson Ian.

Ao portal HK01, Ron Lam argumentou que as novas limitações no acesso ao cheque apresentam uma grande diferença face ao que são as opiniões da população. O deputado recordou que no passado as opiniões expressas pretendiam que o Governo tornasse o programa mais eficaz, ao alterar aspectos como o facto de nos últimos três anos cerca de 79 milhões de patacas deste plano terem ficado por levantar. Este aspecto, deve-se ao facto de haver cidadãos a viver no exterior que muitas vezes morrem sem que esses óbitos sejam comunicados às autoridades locais, muitas vezes porque se perderam as ligações com o território. Lam entende que este era um dos aspectos que a população queria ver alterado, e não a restrição adoptada.

Ron Lam ainda criticou o Executivo por ter aplicado as mudanças “à pressa” o que só veio causar mais polémica: “O Governo estava com pressa e aplicou uma medida brusca, sem fazer qualquer consulta pública, havendo apenas movimentações de bastidores o que leva a população a questionar a Governação”, atirou. “As consultas com as associações locais foram simuladas, o que apenas gerou mais críticas e provocou mais polémicas desnecessárias”, acrescentou.

O deputado atacou igualmente o facto de vários residentes a trabalharem em Hong Kong deixarem de receber o cheque. Lam compreende que a mudança visa poupar recursos, mas afirmou ser incompreensível que pessoas que mantêm “ligações estreitas” com Macau sejam afectadas desta forma. O legislador afirmou que o Governo precisa de explicar muito bem esta exclusão.

Maior participação

Por seu turno, Johnson Ian também apontou que as alterações ao plano deviam ter sido realizadas através de meios de consulta à globalidade da população.

Numa opinião publicada no jornal Son Pou, Ian defendeu que a falta de uma consulta pública levou a que várias opiniões não fossem ouvidas, principalmente sobre o facto de o cheque ser entendido por grande parte da população como uma medida relacionada com o bem-estar geral.

Johnson Ian indicou ainda que o Governo deve tomar uma posição clara quanto ao futuro do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, uma vez que o Executivo está sempre a destacar que é uma medida provisória e não permanente.

Além disso, Johnson Ian criticou o facto de o Governo não ter revelado dados sobre quantas pessoas vão ser afectadas pelas novas limitações e quanto dinheiro pode ser poupado. Para o presidente da associação faltam dados para analisar o impacto das novas limitações.

3 Jun 2025

Cheques | Associações tradicionais afastam conversão

Depois de Pereira Coutinho e Ron Lam se terem manifestado contra a conversão do cheque pecuniário em cartão de consumo, deputados das associações tradicionais juntaram-se à oposição. Uma delas foi Lo Choi In, que viu ontem o jornal Cidadão desculpar-se por um artigo escrito por IA em que deputada defendia a substituição dos apoios

 

A polémica relativa à conversão da forma de atribuição do cheque pecuniário num cartão de consumo, que restringe onde gastar o apoio e assume a forma de descontos, conheceu ontem novos contornos, com o “coro” de vozes de deputados a aumentar de volume.

A ideia voltou à ordem-do-dia depois de duas reuniões organizadas pelo Governo com representantes de associações, há cerca de duas semanas, para ouvir sugestões sobre a reforma da comparticipação pecuniária. No final, o Executivo revelou que alguém sugeriu mudar a forma como se atribuem os cheques pecuniários, convertendo-os em cartões do consumo para apoiar o comércio e restauração nos bairros comunitários.

O deputado Pereira Coutinho começou por criticar a substituição dos apoios e afirmou que iria tentar saber qual a posição dos restantes deputados eleitos por sufrágio directo, cujas associações a que pertencem estiveram nas reuniões com o Governo. Depois de Ron Lam e Nick Lei, deputados das associações tradicionais vieram ontem juntar-se às vozes descontentes com a ideia.

Wong Kit Cheng, deputada da Associação Geral das Mulheres de Macau, o deputado Ngan Iek Hang, da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), e Leong Sun Iok, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), assumiram posições contra a alteração à forma como são atribuídos os cheques pecuniários.

Falhas tecnológicas

A oposição mais caricata à mudança da forma do cheque pecuniário surgiu ontem, com uma errata e pedido de desculpas do jornal Cidadão relativamente ao resumo de artigo escrito com recurso a Inteligência Artificial (IA), onde se indicava que Lo Choi In, deputada da associação ligada à comunidade de Jiangmen, era favorável à polémica conversão.

O artigo foi publicado no dia 16 de Janeiro deste ano, mas devido à polémica sobre o assunto, voltou a ressurgir nas redes sociais onde se somaram muitas críticas à posição da deputada reflectida no artigo do Cidadão.

O resumo do artigo referia que “a deputada sugere que parte do cheque pecuniário deve ser convertido em cartão do consumo” e que as autoridades devem ajustar a alocação de recursos com flexibilidade. No entanto, o que a deputada realmente defendeu foi a aplicação do montante poupado pela saída do programa de residentes que morem fora de Macau num cartão do consumo para incentivar o consumo nos bairros comunitários.

Por esta razão, o jornal publicou ontem uma declaração a pedir desculpas a Lo Choi In. “Devido a problemas técnicos da IA, o artigo apareceu com declarações enganosas, que interpretavam mal a intenção original da deputada Lo Choi In sobre o plano do cheque pecuniário.”

A deputada respondeu nas redes sociais, partilhando o pedido de desculpas do jornal Cidadão, e apelou ao público para ler os artigos com conteúdos completos e não se ficar pelos resumos escritos com recursos a softwares de IA.

28 Mai 2025

Cheques | Nick Lei também contra troca por cartão de consumo

O deputado Nick Lei demarca-se da ideia de converter o cheque pecuniário em cartão do consumo, depois de Pereira Coutinho e Ron Lam terem demonstrado oposição à troca. Nick Lei revela que a opinião de mudar a natureza do apoio foi partilhada por forças associativas minoritárias numa reunião com membros do Governo

 

Afinal, quem defendeu a troca do cheque pecuniário por um cartão de consumo, que pode obrigar a gastos superiores para beneficiar da comparticipação, numa reunião com membros do Governo?

Na semana passada, o deputado Pereira Coutinho demonstrou oposição à ideia e garantiu que iria perguntar aos deputados que representam associações que reuniram com o Executivo para saber se concordavam com o fim da atribuição habitual do cheque pecuniário. “Vou contactar os deputados eleitos por sufrágio directo para saber quem apoia esta forma ridícula de atribuição do apoio,” garantiu Pereira Coutinho.

Ontem, o deputado Nick Lei, ligado à comunidade de Fujian, publicou um vídeo nas redes sociais a demarcar-se desta posição.

A polémica surgiu depois de os gabinetes de Tai Kin Ip e O Lam terem divulgado um comunicado sobre reuniões nos dias 15 e 16 de Maio com associações para ouvir opiniões sobre o aperfeiçoamento da comparticipação pecuniária, vulgarmente designada como cheque pecuniário. Segundo o Governo, alguém sugeriu a “adopção de outras formas de atribuição e combinações de atribuição tais como cartões de consumo ou vales de consumo”.

A substituição do cheque por um cartão do consumo poderá implicar a necessidade de consumir primeiro para poder gastar o valor comparticipado pelos cofres públicos.

Sem indicar especificamente a associação responsável pela opinião, Nick Lei afirmou que a ideia não contou com a concordância da larga maioria dos participantes na reunião, e que, por isso, “não é necessário recolher as opiniões sobre a forma de atribuição”.

Linha na areia

Independentemente de quem disse o quê, o deputado que preside à associação Aliança do Povo de Instituição de Macau afirmou ontem ter recebido queixas de residentes contra a conversão do cheque pecuniário em cartão do consumo, medida que considera “inaceitável”.

Desde o início da distribuição dos cheques pecuniários, em 2008, a medida tem contado com a opinião favorável dos residentes, correspondendo às suas expectativas, indica o deputado.

Porém, Nick Lei defende o lançamento de uma nova ronda de cartão do consumo enquanto complemento do cheque pecuniário. “A sociedade de Macau concorda com a atribuição dos dois apoios. No entanto, se parte do valor do cheque pecuniário for transferido para um cartão de consumo, isso é inaceitável”, concluiu.

27 Mai 2025

Economia | Associação quer acelerar transformação de indústrias

A Associação Económica de Macau defende que Macau necessita de uma transformação económica mais célere, face à fraca recuperação económica a nível local e mundial e ao aumento das tensões geopolíticas. Um dirigente da associação salienta que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação

 

É preciso acelerar a transformação da economia, apostando em indústrias emergentes para retirar o peso do jogo das restantes actividades económicas. A ideia foi deixada por Wong Un Fai, secretário-geral adjunto da Associação Económica de Macau, que, ao jornal Ou Mun, disse que é necessário efectivar a diversificação da economia tendo em conta a fraca recuperação da economia local e global e ainda o aumento das tensões geopolíticas.

Num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, o responsável pediu para se olhar para os anos da pandemia, que explicam os riscos inerentes da dependência de uma única actividade económica. Nesses anos, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu mais de 50 por cento devido à queda de turistas e das receitas do jogo, salientou.

Para o responsável, é também grave o facto de os casinos “roubarem” espaço de desenvolvimento a outros sectores e empresas. Apesar da esperança no fomento de áreas como a cultura, medicina tradicional chinesa (MTC) ou sector financeiro, a sua base é ainda fraca, o desenvolvimento lento e não existe uma cadeia de produção e fornecimento com maturidade, escreveu.

Assim, Wong Un Fai defende que Macau tem desequilíbrios estruturais na sua economia que não dão resistência ao território para enfrentar impactos externos, defendendo um maior foco das autoridades em indústrias emergentes como a MTC, através dos laboratórios nacionais. maior entrada de empresas internacionais, para promover Macau como um centro de actividade entre a moeda chinesa e os países de língua portuguesa.

Wong Un Fai pede também o reforço da aposta no ensino superior, aumentando o investimento em investigação científica para cerca de 1 por cento do PIB, criando mais laboratórios de referência do Estado e reforçando a cooperação académica internacional.

Parcos investimentos

Em relação ao investimento na área da ciência, Wong Un Fai disse que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação e desenvolvimento científico, representando apenas 0,3 por cento do PIB.

Ao nível dos recursos humanos, o responsável alertou para a escassez de quadros qualificados que limita a transformação das actividades económicas, e criticou a falta de políticas adequadas e medidas complementares para a chegada de mais quadros qualificados internacionais. Isso faz de Macau um território pouco atractivo para a chegada de académicos e profissionais, defendeu.

Ainda que seja uma das 11 cidades do projecto da Grande Baía, Macau não desempenha, segundo Wong Un Fai, o papel que lhe foi destinado por Pequim neste contexto, pois é em Hengqin que existe oferta de terrenos e políticas de apoio ao território.

Além disso, lembrou, é ainda necessário aumentar a articulação entre a RAEM e as restantes cidades da Grande Baía nas áreas legislativa, indústrias e recursos.

26 Mai 2025

UM | Empresa de investimento no Interior paga 3 milhões por estudo

O braço de investimento da Universidade de Macau vai construir o novo campus na Ilha de Montanha e antes de obter a licença para utilizar o terreno tem de realizar estudos do solo. O preço deste contrato é de 3,3 milhões de patacas

 

A empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development vai pagar 2,95 milhões de renminbis (3,3 milhões de patacas) pelos estudos do solo para poder construir o futuro campus na Ilha da Montanha. Este valor soma-se aos 946 milhões de renminbis pagos anteriormente às autoridades de Zhuhai, pela concessão do terreno.

De acordo com a informação partilhada pela subsidiária da Universidade de Macau (UM) no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), a realização dos estudos é uma exigência para receber a licença permanente de utilização do terreno na Ilha da Montanha. Só depois de serem finalizados estes trabalhos será possível avançar com as obras que deverão ter um custo na ordem dos milhares de milhões de renminbis.

O estudo em causa foi encomendado à representação de Zhuhai da empresa China Nonferrous Metal Industry Changsha Reconnaissance Design & Research Institute, uma multinacional da China, que tem igualmente actividade em países como Estados Unidos, Japão ou Alemanha.

Entre os 2,95 milhões de renminbis, a empresa da UM admite que foi feito um primeiro pagamento de 2,17 milhões e que o restante montante, na ordem dos 780 mil renminbis será pago “quando as condições estiverem reunidas”.

No relatório, o valor declarado com investimento em terrenos e construção de activos é de 976 milhões de renminbis, embora estes gastos não seja discriminados, pelo que podem ter em conta outra custos, além dos 946 milhões de renminbis que foram anteriormente anunciados, através do jornal Ou Mun.

Em termos dos gastos operacionais, a empresa gastou 359 mil renminbis em imposto de selo, no Interior da China, e pagou 84 mil renminbis de imposto de utilização de terrenos, num total de 443,2 mil renminbis.

Aos custos anteriores juntam-se 80 mil renminbis pagos a intermediários, definidos como despesas de gestão, além do pagamento de financiamento de 576 mil renminbis. Ao nível das despesas reconhecidas pela Guangdong Hengqin UM Higher Education Development constam ainda donativos de 100 mil renminbis, embora o destinatário não seja indicado.

Cerca de 10 mil alunos

De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno do futuro campus está dividido em nove lotes, dos quais seis vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias.

A UM tem como missão construir um campus internacional na Ilha da Montanha, com a chancela do Governo da RAEM, virado para o ensino e investigação nas áreas da ciência, engenharia, agricultura e medicina. São esperados pelo menos 10.000 alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8.000 alunos, entre os quais 4.000 a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar, não sendo ainda claro se a UM vai optar por residentes locais ou dar prioridade os residentes chineses.

23 Mai 2025

Saúde | Chan Iek Lap diz que vales não beneficiam médicos jovens

O deputado e médico Chan Iek Lap considera que o apoio dos vales de saúde é inútil para as clínicas privadas, devido à boa oferta do sistema público, mas também para os jovens médicos que trabalham no privado. O legislador está prestes a abandonar o cargo

 

Com a carreira de deputado a chegar ao fim nesta legislatura, Chan Iek Lap criticou a comparticipação de vales de saúde, cuja actualização para 700 patacas foi oficializada esta semana pelo Conselho Executivo.

Ao fim de quase uma década e meia do início do apoio à saúde, destinado a ser usado em clínicas privadas, o legislador e médico salientou ao jornal Exmoo alguns dos vários problemas do programa, mas principalmente da fraca utilidade no impulso à carreira de jovens médicos.

Em primeiro lugar, Chan Iek Lap refere que quando chega a hora dos residentes escolherem onde vão usar os vales de saúde, acabam por optar por cuidados prestados por clínicos veteranos. “Quando os residentes vão ao médico com vales de saúde, procuram sempre médicos com muitos anos de experiência. Como tal, a ‘fatia’ do apoio que chega aos médicos mais novos é muito reduzida”, argumentou.

O deputado recorreu aos dados oficiais para demonstrar eficácia insípida do programa de comparticipação, sublinhando que todos os anos cerca de um terço dos vales de saúde não chegam a ser utilizados. Mais grave ainda, é o facto de as verbas alocadas para o apoio regressarem aos cofres públicos quando não são usadas, acabando por não beneficiar o sector privado.

Assim sendo, Chan Iek Lap gostaria de ver no futuro estas verbas não utilizadas a reverterem para médicos que tenham começado a praticar há menos de três anos.

Por outro lado

O legislador salienta também o peso dos benefícios de assistência médica gratuita do sistema de saúde de Macau, e a sua qualidade, factores que não tornam tão atraente a utilização de um vale de saúde com valores na casa das centenas de patacas.

“O apoio não provoca um grande efeito. O utente acaba por recorrer poucas vezes a clínicas privadas, principalmente tendo em conta que as consultas nos centros de saúde são gratuitas, assim como as consultas de especialidade do Centro Hospitalar Conde de São Januário”, argumentou.

Depois do anúncio durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Conselho Executivo deu na terça-feira parecer positivo à proposta para aumentar os vales de saúde para 700 patacas.

Tendo em conta o aumento de 100 patacas e o número de beneficiárias do programa prevê-se um gasto do orçamento da RAEM de 519,7 milhões de patacas com este apoio social.

23 Mai 2025

Cheques | Coutinho contra conversão em cartão do consumo

Pereira Coutinho não quer ver o cheque pecuniário tomar a forma de cartão de consumo, como foi sugerido numa reunião entre o Governo e associações locais. O deputado teme que a conversão retire o propósito de aliviar famílias mais carenciadas, não permitindo, por exemplo, pagar contas da casa, renda ou despesas escolares

 

A reformulação do cheque pecuniário é uma realidade incontornável, mas a discussão em torno do tema está a preocupar o deputado Pereira Coutinho. Na semana passada, nos dias 15 e 16, o Governo organizou uma série de reuniões com associações locais para ouvir sugestões para a reforma do plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico.

Além da introdução do requisito de permanência anual em Macau por 183 dias, foi acrescentado que o objectivo e a natureza do apoio seria também ponderada. O Governo indicou que foi sugerida a “adopção de outras formas de atribuição e combinações de atribuição tais como cartões de consumo ou vales de consumo”. Pereira Coutinho, numa série de publicações no Facebook, mostrou a oposição a esta ideia e referiu que os dois apoios devem ser actualizados e atribuídos separadamente. “O Governo devia aumentar o montante do cheque pecuniário para 15 mil patacas e atribuir adicionalmente um cartão do consumo com valor de 8 mil patacas,” sugeriu.

O legislador defende que a própria natureza e objectivo do cheque pecuniário devem ser mantidos. “Muitos residentes, sobretudo idosos e famílias vulneráveis, dependem das 10 mil patacas do cheque pecuniário para terem uma folga no orçamento, por exemplo para pagar renda, hipoteca da casa, água, electricidade, gás natural, propinas ou centro de explicações dos filhos”, indicou.

Na óptica do deputado, o cheque pecuniário é um balão de oxigénio que pode ser usado para colmatar as despesas das necessidades mais básicas. A substituição do cheque por um cartão do consumo poderá implicar a necessidade de consumir primeiro para poder gastar o valor comparticipado pelos cofres públicos. Aliás, os limites das despesas em que se pode usar cartão do consumo elimina a capacidade do apoio cobrir as necessidades mais básicas.

Quem é quem

Em relação às reuniões organizadas pelo Governo para auscultar recomendações de associações sobre a reforma do plano de comparticipação pecuniária, Pereira Coutinho indica que as consultas não decorreram de forma abrangente e que, por exemplo, a entidade que dirige, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, não foi convidada a participar. O deputado salientou que a sua associação não foi consultada, mas que tem posição firme contra a substituição do cheque pecuniário por cartão do consumo.

Contudo, apesar de não ter participado nas reuniões, o deputado quer saber que associações concordaram com a conversão. “Vou contactar os deputados eleitos por sufrágio directo para saber quem apoia esta forma ridícula de atribuição do apoio,” adiantou Pereira Coutinho.

21 Mai 2025

Emprego | Especialista aconselha jovens a aceitar o que encontram

Um especialista em recursos humanos considera que os jovens licenciados devem baixar as expectativas e aceitar os empregos que encontrarem. Face ao actual mercado de trabalho, a prioridade deve ser garantir um salário e pensar em oportunidades de carreira mais tarde

 

Um responsável de uma empresa de recursos humanos, que não quis ser identificado, defendeu ao jornal Ou Mun que o mercado laboral de Macau não está numa fase acessível para residentes e que os jovens licenciados devem aceitar o primeiro trabalho que encontrem, ainda que seja pouco qualificado ou nada tenha a ver com a sua formação de origem.

O responsável disse que existem poucas vagas de emprego no mercado e que a base salarial inicial é baixa, pelo que dificilmente os recém-licenciados locais irão encontrar um emprego à sua medida.

O responsável disse que, por norma, os licenciados procuram um emprego com um salário base de 11 a 12 mil patacas, mas nesta fase o mercado “não é favorável aos residentes”, pois o sector hoteleiro, por exemplo, disponibiliza poucas vagas e os trabalhadores não-residentes (TNR) ocupam a maioria dos cargos porque recebem salários mais baixos.

Desta forma, “as possibilidades de contratação são raras para quem tem uma licenciatura em gestão hoteleira”, disse a mesma fonte.

O especialista exemplificou o panorama laboral também com uma empresa que organiza eventos, no sector de convenções e exposições, onde o salário inicial é de apenas sete mil patacas, o que faz com que “só os TNR tenham vontade de assumir a vaga”.

“Os candidatos a emprego sem experiência laboral preferem trabalhar em escritórios, mas estes empregos são agora ocupados por TNR, sobretudo em centros de explicações e empresas de construção, pelo que os residentes têm poucas possibilidades de serem recrutados”.

Cortes precisam-se

O especialista aponta para uma solução frequentemente repetida: a diminuição de não-residentes. “Se o número de TNR não for cortado de forma significativa, a dificuldade de procura de emprego por parte dos residentes vai continuar. Os salários iniciais são mais baixos e os recém-licenciados têm de estar psicologicamente preparados para isso”, aponta.

Assim, o responsável sugere que os jovens “procurem um trabalho que não corresponda necessariamente à área de licenciatura e não tenham esperanças em ter um salário alto, aproveitando a vaga ao invés de procurar o emprego ideal”.

Para aqueles que desejem mudar de emprego, o responsável aconselha a observação do mercado, pois “o salário do potencial novo emprego pode não ser o ideal, mas nesta fase o ambiente de negócios não é muito bom”, concluiu.

Questionado pelo Ou Mun sobre o panorama laboral no segundo semestre deste ano, o representante da empresa de recursos humanos disse que tudo vai depender do posicionamento do sector a retalho, pois há marcas que estão a planear uma expansão em Macau e, aí, podem surgir mais vagas, podendo ser uma possibilidade de emprego para recém-licenciados.

Porém, o mesmo responsável salientou que o ambiente económico ainda está fraco, mas que pode melhorar no segundo semestre deste ano, estimando que a taxa de desemprego pode diminuir 0,1 por cento.

21 Mai 2025

Imobiliário | Centaline prevê continuação de queda de preços

Nos primeiros três meses deste ano, o preço das fracções para habitação caiu 5,5 por cento face ao último trimestre de 2024. O director da agência imobiliária Centaline prevê a continuação da queda, estimando uma depreciação de 10 por cento, e pede novas medidas de apoio ao sector

 

O mercado imobiliário continua a sofrer, com vendas a níveis que não se comparam com o período antes da pandemia e os preços a caírem. E, segundo o director da agência imobiliária Centaline, Roy Ho, o sector ainda não bateu no fundo.

Segundo os dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, no primeiro trimestre de 2025 o preço das fracções autónomas para habitação desceu 5,5 por cento face aos últimos três meses do ano passado. A queda foi mais acentuada em termos anuais, com as casas a desvalorizarem 15,5 por cento.

Roy Ho espera que o mercado continue a cair no futuro próximo, estimando uma descida de cerca de 10 por cento. Em declarações ao jornal Exmoo, o empresário revelou preocupações com a tendência negativa da evolução do mercado imobiliário. “Não existem, actualmente, factores que sustentem a recuperação do sector, ou a subida dos preços. As transacções que se fazem nesta altura resultam, basicamente, dos preços mais baratos”, lamentou.

Seguindo esta inclinação, Roy Ho prevê que no próximo trimestre, entre Maio e Julho, cheguem ao mercado ofertas de desconto para habitações novas, factor que pode ser determinante para o preço das fracções ser “mais leve” durante esse período.

Importa referir que nos dois primeiros períodos deste ano, o mercado de compra de habitação foi dominado pela venda de fracções em edifícios novos. O director da agência salientou que a variação de preços pode oscilar bastante, dependendo da variação de vendas de apartamentos novos ou em segunda mão, que são, naturalmente, mais baratos.

Resposta do mercado

O responsável argumenta ainda que se o preço das habitações a estrear sofrer um corte, os dados estatísticos irão reflectir uma diminuição de vendas de fracções usadas. Face a este cenário, e apesar de não prever quebras de preços na ordem de 30 a 50 por cento, caso as habitações novas apresentem preços mais competitivos, Roy Ho considera que as maiores desvalorizações se devem verificar em imóveis localizados em prédios mais degradados.

O empresário aponta também para a possibilidade de compradores, que possam oferecer um valor de entrada maior, estarem em condições favoráveis para negociar preços mais competitivos com proprietários que precisem de verbas urgentemente.

Em relação às políticas para impulsionar o sector, Roy Ho entende que o Governo de Macau deve ir além das isenções fiscais e lançar um subsídio para a troca de casa, à semelhança do que foi feito por várias províncias de cidade chinesas e Hong Kong.

20 Mai 2025

Ilha Ecológica | Ron Lam defende suspensão do projecto

O deputado considera que com vários terrenos disponíveis e a necessidade de proteger o ambiente marítimo, não se justifica avançar para o mega aterro-lixeira

 

Ron Lam sugere ao Governo que suspenda o projecto de construção da Ilha Ecológica, uma ilha para servir de lixeira, que está planeada para a zona marítima a sul de Coloane, perto da Praia de Hac Sá. Segundo o deputado, o projecto deve ser suspenso, devido à necessidade de o país de proteger o ambiente marítimo e a paisagem de Coloane.

Ouvido pelo jornal do Cidadão, o também vice-presidente da Associação de Sinergia de Macau duvida que o projecto ainda seja necessário, principalmente depois da visita do director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong. Ron Lam explicou que durante esta deslocação de seis dias, o dirigente do Interior destacou que a zona marítima do Rio das Pérolas não pode ser mais danificada.

O deputado de Macau recordou igualmente as palavras do Presidente Xi Jinping, que quando visitou o território, em 2009, na condição de vice-presidente, destacou a necessidade de proteger Coloane, considerado como o pulmão de Macau.

Tendo em conta estes dois momentos, Ron Lam considera que toda a gente sabe que o país deve proteger as zonas marítimas, e que o Governo local deve seguir esse caminho, dado que tem vários terrenos actualmente disponíveis e que nada justifica a construção da Ilha Ecológica. Ao mesmo tempo, o legislador admitiu recear que com a Ilha Ecológica se crie um precedente que vai levar a que todo o território passe a estar rodeado por aterros.

Sem confiança

Por outro lado, o deputado apontou que os residentes não têm confiança nos aterros do Governo nem são favoráveis à ideia, porque existe um historial de casos de desperdício de terrenos desocupados.

Ron Lam apontou que muitos residentes não sabiam da intenção de aterrar a Zona C dos Novos Aterros Urbanos, e que após a conclusão do projecto se mostraram contra. Antes de lançar este projecto, o Governo lançou várias sessões de consulta e de apresentação dos futuros aterros.

Para resolver o problema do lixo, Ron Lam considera que é mais apropriado é reduzir os resíduos na fonte. Além disso, o membro da Assembleia Legislativa indicou como outro caminho possível uma maior cooperação regional. O legislador considera igualmente que a reclamação da Zona D do Novos Aterros Urbanos, que deverá estar concluída em 2029, pode também absorver uma parte de resíduos criados.

Além destes argumentos, destacou que como o Governo Central atribuiu a Macau a jurisdição sobre 85 quilómetros quadrados de área marítima, o objectivo ao gerir esta zona deve passar por preservar o mar, em vez de aterrar grande parte desta área. A opção por mais aterros, afirma o deputado, seria uma violação da intenção original do Governo Central, quando atribuiu a jurisdição sobre estas águas.

Ron Lam sugeriu ainda ao Governo que equacione emitir licenças para iates, para que os turistas e os residentes possam recorrer mais a esta forma de turismo. O deputado defende que se imite o exemplo de Hong Kong. Actualmente, as pessoas só podem participar em passeios marítimos organizados por empresas de navegação.

19 Mai 2025

Economia | Prevista estabilidade no segundo trimestre

O Índice de Prosperidade Económica de Macau para o segundo trimestre aponta para estabilidade, mas apresenta desequilíbrios em alguns indicadores, como a baixa confiança dos consumidores chineses e o baixo valor das acções das concessionárias de jogo

 

De acordo com as mais recentes previsões do Índice de Prosperidade Económica de Macau, a economia local irá continuar estável no segundo trimestre, perspectiva que os analistas da Associação Económica de Macau arriscam apenas estimar para um período de curto-prazo.

O relatório divulgado na quarta-feira continua a revelar assimetrias na evolução dos vários indicadores avaliados. Seguindo a tendências dos últimos relatórios, a diminuição do poder de compra dos turistas chineses que visitam Macau e a fraca confiança dos consumidores do Interior da China, continuam a fazer pairar nuvens negras por cima das perspectivas económicas da RAEM. Outro indicador negativo, realçado pela Associação Económica de Macau, é a continuação do valor das acções das concessionarias de jogo “pairar no nível baixo durante muito tempo”.

O Índice de Prosperidade salienta também a fraca procura por crédito na economia local. O rácio de empréstimos/depósitos de residentes da banca de Macau caiu de 62,4 por cento para 51,1 por cento entre o final de 2022 e o passado mês de Março, é indicado.

Os analistas concluem que a menor vontade dos residentes e empresas em contrair empréstimos “reflecte uma atitude cautelosa face à actual situação e perspectivas económicas”. Embora o sistema bancário da RAEM disponha “de ampla liquidez”, os fundos não foram efectivamente convertidos em apoio ao crédito na economia real, o que indica falta de eficiência na afectação de capital e confiança no investimento.

A associação liderada pelo ex-deputado Joey Lao vinca também o arrefecimento verificado nos últimos anos nos projectos imobiliários e de investimento em grande escala, assim como os valores elevados do crédito malparado, factores que reduziram ainda mais a procura por empréstimos bancários.

Os dois lados

A associação indica também, por outro lado, que o volume da massa monetária bateu um novo recorde histórico, ultrapassando pela primeira vez 810 mil milhões de patacas, um aumento anual 8,8 por cento em termos anuais.

Outro indicador positivo, diz respeito ao número de visitantes e de hóspedes em hotéis que se mantém num nível “quente”. Depois de ter alertado para o impacto da guerra comercial lançada por Donald Trump, os analistas da Associação Económica de Macau voltaram a realçar o ambiente externo enquanto factor desestabilizador.

“Num contexto de fraca procura global, de insuficiente dinâmica de crescimento económico e com um ambiente financeiro restritivo e de riscos relacionados com disputas geopolíticas e tarifárias, Macau, enquanto economia orientada para a micro-exportação, tem de estar muito atento a potenciais riscos de queda nas suas tendências económicas a curto e médio prazo”, é indicado.

16 Mai 2025

Metro | Aliança do Povo defende aceleramento de ligação à China

A Aliança do Povo quer que o planeamento da rede do Metro Ligeiro tenha em conta as ligações a Zhuhai e à rede ferroviária nacional. Uma responsável da associação ligada à comunidade de Fujian defende que o Metro Ligeiro deve ser o principal transporte em Macau, com os autocarros a desempenharem um papel complementar

 

O Metro Ligeiro deve ser o principal meio de transporte público em Macau, enquanto os autocarros passam para um papel secundário e complementar. A posição foi tomada por Tong Ho Laam, vogal do conselho executivo da Aliança de Povo de Instituição de Macau, o nome oficial, em declarações ao jornal Ou Mun.

Face ao expectável aumento da procura e pressão sobre a rede de transportes públicos e o trânsito na cidade, a responsável indicou que o Governo deve promover activamente a estratégia de tornar o Metro Ligeiro o principal meio de transporte da cidade, de forma a aliviar a pressão rodoviária. Tong Ho Laam entende que quando a rede de estações do Metro Ligeiro for alargada, irá aumentar a eficácia geral dos transportes colectivos e garantir melhores experiências a residentes e turistas. Uma das melhorias que pode ser implementada a curto-prazo é a possibilidade de se usar pagamentos electrónicos e harmonizar a ligação com os autocarros.

Além disso, a dirigente da Aliança do Povo defende que o planeamento de estações do Metro Ligeiro deve ser feito em articulação com a estratégia regional de desenvolvimento industrial. Um ponto essencial passa por garantir a conexão com a rede ferroviária nacional, através de Zhuhai, trabalho que deve ser acelerado de forma a reforçar a posição de Macau na Grande Baía.

A vogal acredita que a ligação ao Interior da China, nomeadamente a Hengqin, pode trazer um novo impulso ao sector industrial local para prosseguir as áreas emergentes nos polos de inovação tecnológica e medicina chinesa tradicional da Ilha da Montanha.

Cura para todos os males

Tendo em conta os desafios energéticos resultantes do combate às alterações climáticas, a dirigente associativa defende que o desenvolvimento do Metro Ligeiro deve ser pensado numa perspectiva de longo-prazo, tendo em conta a protecção ambiental. Para tal, a RAEM deveria reservar terrenos para instalações de produção de energia verde, para alimentar o Metro Ligeiro. Tong Ho Laam apontou este objectivo como uma forma da RAEM se destacar em termos ambientais na zona da Grande Baía, adoptando a liderança na meta da neutralidade carbónica, ao mesmo tempo que promove a diversificação económica.

15 Mai 2025

Joey Lao pede mais acção no desenvolvimento de Hengqin

O tempo para a complacência e atitude passiva e meramente observadora chegou ao fim. É assim que o presidente da Associação Económica de Macau, Joey Lao, vê a forma como o Executivo da RAEM encara Hengqin e a zona de cooperação aprofundada.

O ex-deputado e economista defende que o Governo de Macau tem de ultrapassar a atitude “observadora” relativamente aos assuntos relacionados com Hengqin e participar activamente na governação nacional, tratando o desenvolvimento da zona de cooperação aprofundada como se estivesse a construir a sua própria casa.

A ideia consta de um artigo de opinião assinado pelo ex-deputado e publicado ontem no jornal Ou Mun, na sequência da visita de inspecção a Macau do director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong, que terminou ontem.

Durante a passagem por Macau, o representante do Partido Comunista da China sublinhou que o Governo da RAEM deve encarar o desenvolvimento de Hengqin como um assunto seu, como uma prioridade de política local.

Joey Lao apontou que Macau tem de quebrar barreiras sistemáticas, promover vantagens complementares e procurar a integração com a Ilha da Montanha, de forma a criar um novo espaço que impulsione o forte desenvolvimento de Macau.

O ex-deputado recordou que durante a visita do presidente Xi a Hengqin no final do ano passado, o líder chinês salientou a necessidade de serem atingidos resultados substantivos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin a nível da diversificação económica da RAEM e da qualidade de vida e conveniência dos residentes que vivem e/ou trabalham em Hengqin.

Por outro lado

Face à complexa conjuntura internacional, Joey Lao considera que Macau deve adoptar uma perspectiva mais ampla e a longo-prazo. “A RAEM e todos os sectores da sociedade precisam de reforçar a consciência de defesa do país, do amor a Macau e de estar preparada para enfrentar perigos”, indica o antigo legislador sem especificar.

O economista abordou ainda aquilo a que chama de “contradições profundas na economia” e na capacidade industrial de Macau, referindo que subsistem há muito tempo sem resolução, tornando incontornáveis os desafios e riscos ao nível do desenvolvimento económico. Situações que não podem ser ignoradas.

Ainda sobre a ideia de Macau encarar Hengqin como a sua própria casa, Au Kam San partilhou no Facebook uma opinião discordante da proferida por Xia Baolong. O ex-deputado entende que para Macau tratar o desenvolvimento de Hengqin como um assunto local, da sua esfera própria, a Ilha da Montanha deveria ser cedida totalmente à RAEM.

Au Kam San exemplificou as assimetrias com o facto de o Produto Interno Bruto de Hengqin não ter qualquer relação com Macau, assim como as receitas fiscais apurados do outro lado da fronteira, onde não é possível oferecer empregos a residentes de Macau com salários que correspondam aos padrões de vida da RAEM.

O ex-deputado alerta ainda para a possibilidade de Macau vir a sofrer economicamente, sem capacidade para se diversificar, se aplicar demasiados investimentos em Hengqin, descurando a economia local.

13 Mai 2025

Turismo | Andy Wu diz que concertos não bastam para atrair visitantes

O Governo diz querer apostar na organização de espectáculos de grande escala para dinamizar a economia nos bairros com menos turismo, mas Andy Wu, dirigente associativo ligado ao turismo, diz que isso não basta, defendendo a venda de bilhetes com descontos associados para levar mais pessoas a consumir no território

 

Não é música para os ouvidos do turismo. Na visão de Andy Wu, presidente da Associação da Indústria Turística de Macau, não basta a realização de grandes espectáculos em Macau, nomeadamente concertos, para aumentar o número de consumidores nos bairros comunitários, ou seja, que estão mais afastados dos pontos turísticos.

Segundo o jornal Ou Mun, Andy Wu defendeu que são necessárias medidas complementares à realização dos concertos, nomeadamente a venda de bilhetes combinada com descontos associados em lojas locais, para que as pessoas que vão ao concerto possam também consumir antes dos espectáculos.

No tocante à economia nocturna, em bares e discotecas, Andy Wu declarou que ainda não consegue ser atractiva o suficiente para turistas, pelo que é importante ter medidas complementares aos concertos.

O Governo referiu que está a negociar com as plataformas de venda de bilhetes uma parceria para que haja pacotes de bilhetes com descontos em lojas, o que deverá ser uma realidade na segunda metade do ano, na sequência de muitos visitantes oriundos do Interior da China assistirem a concertos ou competições desportivas em Macau.

Sobre o modelo de descontos a adoptar, Andy Wu defendeu que se pode ter em conta o formato do Grande Prémio de Consumo para as Zonas Comunitárias, actualmente em curso, o que permitiria que os visitantes usassem cupões no comércio local. Tal seria mais indicado do que levar os turistas a consumir apenas nas lojas aderentes ao programa de descontos, disse.

Ser eficaz

Tendo em conta as negociações levadas a cabo pelo Executivo, Andy Wu referiu ao jornal esperar que estas parcerias sejam lançadas em tempo oportuno, nomeadamente já em Junho, aquando da realização do segundo concerto de grande dimensão no Cotai, na zona de espectáculos ao ar livre, perto do empreendimento Grand Lisboa Palace.

Andy Wu não esqueceu ainda o factor transportes públicos, essencial para que os turistas tenham melhor acesso aos bairros comunitários antes e depois dos espectáculos. Ficou feita a sugestão de criação experimental de autocarros exclusivos, do género shuttle-bus, com percursos concretos entre a zona de espectáculos e os bairros comunitários, para que os visitantes se desloquem a bairros menos conhecidos de Macau durante o dia e vejam depois o espectáculo à noite.

13 Mai 2025

Tabaco | Ron Lam exige calendarização para alterações à lei

Depois de o Governo ter anunciado, nos debates sobre as LAG, mudanças à actual lei de controlo e prevenção do tabagismo, eis que o deputado Ron Lam exige das autoridades um calendário concreto para a implementação de novas medidas, como a criação de mais espaços ao ar livre sem fumo ou a proibição do consumo de “shisha”

 

O deputado Ron Lam U Tou interpelou o Governo sobre o calendário para as novas alterações ao regime de prevenção e controlo do tabagismo, que passam pelo aumento do número de áreas ao ar livre em que é proibido fumar ou a proibição de se fumar enquanto se caminha. As alterações podem também passar pela proibição da tradicional “shisha” em bares, conforme já foi referido por Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde, no contexto da apresentação do relatório sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano.

Ron Lam U Tou espera, assim, que o Governo avance datas concretas para rever a lei e possa também dar a conhecer os detalhes de todas estas novas proibições. O deputado argumenta, na interpelação escrita, que a alteração a esta lei não consta na lista de projectos legislativos para este ano, daí questionar o calendário do Executivo.

Em relação ao imposto sobre o tabaco, o deputado lembrou que não aumenta desde 2015, mantendo-se nos 60 por cento. Ron Lam U Tou defende que o imposto deve aumentar, pois está longe dos 75 por cento de imposto sobre a venda, taxa que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera mais eficiente para travar o consumo.

“O aumento do imposto é mais eficaz para reduzir o número de fumadores mais jovens, além de ser a forma mais eficiente para reduzir a proporção de fumadores. O Governo disse que esta taxa poderia ser alterada oportunamente aquando da revisão do regime de prevenção e controlo do tabagismo em 2022, porque é que não houve avanços concretos? Se o Governo planeia aumentar o imposto até ao valor recomendado pela OMS, qual é o calendário?”, questiona.

Não aos electrónicos

Na sua interpelação, Ron Lam U Tou destacou que o último Relatório de Acompanhamento e Avaliação do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, revelou o “problema sério do consumo de cigarros electrónicos por parte de estudantes, em 2021”. Além disso, mostrou que o consumo deste tipo de cigarros aumentou de 2,6 por cento em 2015 para quatro por cento nesse ano.

Em 2022, o Executivo proibiu a publicidade, promoção e patrocínio a este tipo de produto, mas o deputado considera ser necessário estabelecer uma data de proibição para travar o aumento do consumo.

“Será que o Governo pode elaborar um período de transição e um prazo para a proibição do consumo de cigarros electrónicos, para que se possa intervir no consumo, sobretudo reduzir o contacto por parte dos jovens?” perguntou na interpelação escrita.

Ron Lam também sugeriu que os novos produtos de tabaco, tal como cigarros de ervas, saquetas de nicotina e a tradicional “shisha” possam ser incluídos na lista de proibição de produtos importados e compras, também com um prazo de transição e de proibição efectiva, para que haja uma adaptação por parte de pessoas e negócios.

12 Mai 2025

Subsídio infância | IAS diz que é incentivo à natalidade

Os bebés nascidos este ano irão receber, nos primeiros três anos de vida, um total de 87 mil patacas no âmbito da concessão do novo subsídio de infância. Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social, defendeu ontem que esta nova medida pode promover o crescimento da taxa de natalidade

 

Estão em marcha os preparativos para a criação do novo apoio às famílias que desejem ter mais filhos, e que foi anunciado nas últimas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano. Segundo afirmou ontem Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, tal medida pode mesmo contribuir para um aumento da natalidade.

“Esperamos que este subsídio possa encorajar as famílias locais a ter filhos. Claro que para aumentar a natalidade temos de considerar vários aspectos, e com este subsídio esperamos poder dar algum apoio financeiro para aliviar a pressão económica das famílias de Macau. Lançamos o subsídio de assistência de infância, e para aumentar a natalidade vamos rever o sistema de serviços de creches”, referiu.

No caso de uma criança nascida este ano, o subsídio de infância implica a atribuição, por parte do Governo, de um total de 87 mil patacas em três anos, tendo em conta o montante mensal de 1.500 patacas.

As 87 mil patacas que as crianças nascidas este ano irão receber dizem respeito ao subsídio da infância somado ao subsídio de nascimento e cheques pecuniários.

Os destinatários do subsídio de assistência na infância têm que ser residentes permanentes, incluindo os bebés nascidos em 2022. Conforme já foi referido, trata-se de um novo apoio que chega a 15 mil bebés e crianças. Nesta fase, o IAS trabalha na elaboração do regulamento administrativo, pois a medida deverá entrar em vigor por altura do Verão.

O montante mensal serve, sobretudo, para aliviar a carga das famílias com despesas essenciais como a compra de fraldas, leite em pó ou alimentação, tendo sido calculado com base nos dados fornecidos pelo Conselho dos Consumidores.

“Baseamo-nos no Conselho dos Consumidores face aos preços médios de artigos de bebé, pelo que estimamos custos semanais na ordem dos 900 a 1.300 patacas”, disse no programa.

Após uma análise preliminar, o Governo decidiu que as inscrições serão feitas através da plataforma da Conta Única de Macau, pois esta tem as informações essenciais dos pais e filhos. Hon Wai apontou também que as informações sobre a estrutura básica deste apoio já estão definidas, podendo ficar disponíveis na Conta Única.

“Prevemos que milhares de pais estejam abrangidos pelo programa e possam pedir o subsídio na mesma altura, pelo que o IAS precisa assegurar o funcionamento da plataforma e assegurar questões como a cibersegurança”, disse.

Estudo sobre creches

No mesmo programa, a chefe da Equipa de Trabalho na Área dos Serviços da Primeira Infância do IAS, Wong In Leng confirmou que o IAS vai estudar o panorama da procura pelo serviço de creches e as instalações disponíveis para crianças com idade inferior a dois anos.

Wong In Leng garantiu ainda que além de ser reforçada a formação para profissionais que tomam conta de crianças, vai ser feita uma avaliação externa a nível institucional a fim de assegurar a qualidade das creches.

A responsável concluiu que o IAS atribui anualmente mais de 240 milhões de patacas às creches subsidiadas, sendo que cada vaga é apoiada em 34 mil patacas. As creches oferecem mais de 900 vagas gratuitas.

7 Mai 2025

Banca / PME | Prudência com crédito devido a clima económico

O sector bancário apertou os critérios de atribuição de crédito a pequenas e médias empresas no novo plano de bonificação de juros lançado há duas semanas pelo Governo. Andy Wu pede aos empresários que façam uma avaliação rigorosa dos riscos de recorrer aos empréstimos, numa altura em que o crédito malparado continua em níveis elevados

 

Fez ontem duas semanas que o Governo lançou mais um plano de bonificação de juros de créditos bancários para pequenas e médias empresas (PME), que irá decorrer até 22 de Abril de 2026. Depois de outras rondas de planos semelhantes, empresas e representantes do sector indicam que os critérios bancários para a aprovação de empréstimos se tornaram mais exigentes em comparação com os planos aplicados durante o período pandémico.

O actual plano prevê cinco milhões de patacas como montante máximo dos créditos a conceder a cada empresário comercial, com o prazo máximo de bonificação de três anos e o limite máximo da taxa anual de bonificação de 4 por cento.

Um empresário, que não se quis identificar ao jornal Ou Mun, afirmou ter analisado os critérios e detalhes do plano, por estar interessado em alivar a pressão de liquidez da empresa. Porém, o empresário notou que os requerimentos são mais rigorosos do que os referentes aos empréstimos semelhantes em 2021 e 2022. Apesar de achar que cumpre os critérios de aprovação, o empresário indicou ao Ou Mun não ter a certeza se irá conseguir o empréstimo.

Também em condição de anonimato, um profissional do sector bancário indicou ao jornal Ou Mun que as instituições bancárias apenas tomaram os planos 2021 e 2022 como referência, mas que os ambientes financeiros e económicos mudaram desde então, obrigando os bancos a mudar os critérios de avaliação de risco.

Como aqui chegámos

Apesar de maior ou menos foco em aspectos de responsabilidade social, ou deveres fiduciários perante accionistas, o profissional ouvido pelo jornal Ou Mun considera que, de um modo geral, os bancos de Macau assumem uma posição de parceria com as PME como parte da sua missão operativa.

Como tal, a fonte indica que se as empresas tiverem um registo sem crédito malparado, os pedidos de crédito serão aceites.

Ao mesmo jornal, o presidente da Associação Comercial Federal Geral das Pequenas e Médias Empresas de Macau, Andy Wu, sugeriu ao Governo, banca e associações da área do comércio e negócios que reforcem a divulgação dos critérios, formalidades e prazos do plano de bonificação de juros. O responsável afirmou compreender a prudência da banca e indicou esperar que os empresários também sejam ponderados no pedido de crédito, na avaliação dos riscos e na capacidade operativa.

O crédito malparado bateu no passado mês de Fevereiro o valor mais elevado desde 1990, ano em que a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) começou a compilar estes dados. Os últimos dados da AMCM, divulgados na semana passada, referentes a Março e ao primeiro trimestre de 2025 revelam que apesar de ter descido 2,7 por cento, a dívida aos bancos de Macau era de cerca de 56,1 mil milhões de patacas.

7 Mai 2025