Manuel Nunes EventosEunice Wong, cantora, apresenta álbum ao vivo no Macau Design Centre [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]asceu nos Estados Unidos, “porque era moda”. Cresceu em Macau, seguiu para a Birmânia e acabou por estudar e viver em Nova Iorque. Do processo saiu uma artista versátil, uma voz das que não aparece todos os dias, uma vontade deliberada de provocar e um som que dá para perceber não andar com más companhias. Ganhou pela segunda vez o subsídio do IC para novos álbuns e este sábado apresenta o mais recente, ao vivo, no Macau Design Centre, pelas 16h00. O segundo já está planeado Saiu de Macau aos nove anos e depois foi para a Birmânia. Como foi isso? Os meus pais tinham um negócio lá, eles são chineses/birmaneses mas nascidos em Macau e vivi lá cinco anos. Que tal a experiência? Diferente. Adoro a Birmânia mas os contrastes são enormes. Os ricos, muito ricos, os pobres muito pobres. Quer dizer, os meus pais eram dos ricos, fui para escolas internacionais. Mas nasceu nos Estados Unidos… Era moda na altura ter os filhos nos Estados Unidos. Os meus primos nasceram na Austrália, no Canadá… Além disso, o lado da minha mãe é Hakka, meio cigano. Gostam de ser nómadas. Chegou aos Estados Unidos no princípio da puberdade. Como foi crescer em Nova Iorque? Foi em Brooklyn, no Harlem… Não estava preparada. Na Birmânia não tínhamos muitas notícias, internet… às vezes nem electricidade. Então de repente estou em Nova Iorque e há tudo. Cultura, música, hip-hop, drogas… muitas coisas que nem tinha ideia que existiam. Choque por uns tempos? Um bocadinho. Estava habituada a uma Escola Internacional onde nem sequer pensávamos em raças, até gostávamos das diferenças, e de repente em Nova Iorque é tudo por raças. Na altura, nem pensava se era chinesa ou outra coisa qualquer. Mas em Nova Iorque é assim, segregado. De alguma forma, isso levou-me até este meu disco, “Humanize”. É tipo um lembrete para toda a gente, do género “oiçam, eu faço este disco porque sou humana, não porque sou chinesa, ou americana ou isto ou aquilo”. Sentiu-se segregada, no mau sentido? De uma forma intensa. Então agora o que se considera? Cheguei a um ponto em que sinto que ‘quanto mais pensas nisso mais te aborreces’ portanto adoptei a forma de me ver a mim e aos outros como humana em vez de tentar analisar de onde é que eles são ou assumir as suas vidas. Como começou a música? O meu pai é músico. A minha mãe não tem ouvido para os tons, por isso só posso ter herdado do meu pai. (risos) Ele toca guitarra e canta em bandas birmano/chinesas aqui e na Birmânia. Havia sempre música em casa. Ele toca muita música tipo Carpenters, Santana, The Beatles. Portanto cresci a ouvir isso e até estive em aulas de violino aqui em Macau, mas queria cantar. Sempre soube que queria cantar. Como começou a envolver-se mais a sério? Tinha uma banda de Rock quando estava no liceu em Nova Iorque. A “Just A pupil”, tinha um duplo sentido. Era eu e três colombianos. E tocavam o quê? New Rock, Pop Rock, adorávamos os Incubus e Rock Latino tipo Zurdok. E em Nova Iorque tocaram muito? Sim, ao longo dos anos toquei em muitos bares e cenas underground. Até tocámos no [clube] CBGB antes de o fecharem. E depois dos “Just A Pupil”, que aconteceu? Tivemos de nos separar. Os meus poemas, a minha direcção é sempre muito pessoal. Era teenager, escrevia muito sobre a “raiva dos adolescentes”, sempre muito zangada, e eles queriam fazer mais ‘dub reggae’, algo com o qual não estava muito familiarizada e depois fui para universidade e comecei a brincar com música electrónica. Comecei a produzir num computador, a fazer electrónica… Qual era o curso? Sociologia. No City College de Nova Iorque. Por isso vivi no Harlem uns cinco anos. Como foi a experiência? Que tipo de vizinhança? Era muito hispânica. Porque existe East Harlem, West Harlem e Central Harlem. Central Harlem é muito negro, East Harlem é muito porto-riquenho, West Harlem é muito dominicano (risos). E caiu no lado dominicano? Sim. É incrível. Imensa comida dominicana. Música até às quatro da manhã com miúdos de três anos a correrem por todo o lado. Era divertido. Foi, decididamente, uma grande experiência. E entretanto fazia-se música electrónica no quarto… Entretanto fui interna para o Doug E. Fresh, um dos fundadores do beatboxing nos anos 80. Faz imensas cenas com a língua. É um verdadeiro ícone no Harlem. Qual era o trabalho? Promovia os artistas da editora dele, incluindo os filhos que têm um grupo de rap, também editei videoclips. Faz muitas coisas diferentes. Estudou Sociologia, canta, produz música e vídeos… Em Nova Iorque há muita gente assim. Que deitam as mãos ao assunto e fazem muitas coisas diferentes. A vida é em Nova Iorque? Sim, mas vim para Macau na esperança de conseguir organizar uma tournée asiática. Tem havido conversas reuniões com pessoas interessadas em organizar espectáculos na China. Venho cá uma vez por ano. Como vê as transformações que aqui acontecem? Muito orgulhosa. Antes tinha de dizer às pessoas onde era Macau mas agora isso não acontece. Não saber onde é Macau já é responsabilidade individual. Gosto que não esteja tão saturado como Hong Kong e continua a ser uma coisa nova. As pessoas continuam a achar Macau interessante. E as oportunidades também estão em aberto. O que quer dizer com saturado? Há mais artistas ‘indie’ em Hong Kong e a fazer música electrónica. Aqui ainda é novo. A atitude também é diferente, os artistas podem convidar bandas. Em Hong Kong há sempre muitos espectáculos a acontecer. Já tocou em Hong Kong? Sim, há ano e meio. Foi fixe. Trabalhei com os Soler e ajudei na mistura e produção de uma canção. Ouvimos “Tame this heart”. É completamente diferente do que está a fazer agora… É mais independente. Um tema muito pessoal. Era uma coisa que tinha de fazer apesar de sair da Pop. As pessoas podem gostar ou não. Estava num sítio escuro, deprimida, mas a sentir-me extra criativa. Criava uma canção a cada 15 minutos, esse tipo de criatividade. Agora é mais Pop e comercial… Sim. Mas algumas das canções do álbum também já são antigas. E o que faz nestas canções? Componho e co-produzo. No vídeo de “Ain’t Nobody Else” há uma clara alusão a Bonnie & Clyde. A ideia é provocar? Sim, definitivamente. Penso que há diferentes tipos de artistas que se encaixam em nós pelo estilo musical. Acho que sou do tipo que te faz sentir alguma coisa estranha, que provoca e que deixa também o sentimento de desconforto. Fala-se que hoje não há estrelas rock. É tudo “pronto-a-servir”, receitas que se repetem. Os ‘rockers’ já não se atrevem. Concorda? Sim. Sinto que quanto maior se é, mais controlo se sente porque cada vez se tem mais a perder. Por isso os artistas precisam de segurança, querem sentir-se a salvo. Muitos músicos criam para o mercado adolescente. Depois penso nos meus jovens e rezo sempre pela sua estranheza e pela sua diferença. Com a evolução de “Tame this heart” para “Humanize” não está também a pôr-se a salvo? De certa forma sim, mas esse tema é diferente. Não me preocupava quem gostasse ou não. Era um projecto muito pessoal. Lembro-me que era Inverno e queria sair daquilo, fazer outras coisas. Esse tema ajudou-me a mostrar o meu amor pelo ‘dubstep’ e pelos sons britânicos mais ‘dark’. Um tributo ao que tinha feito, ao passo que “Humanize” é mais um portfólio da minha melodia e das minhas letras. Está a seguir os passos de artistas como Madonna? Adoro-a. Ela é uma artista e faz as coisas com a certeza de que tudo o que faz é novo. Vocalmente acho que somos muito diferentes, mas a minha maior influência é Shirley Manson dos Garbage. Desde pequena que gosto muito dela. O que ouve agora? Gosto muito de Lana Del Rey, somos muito do mesmo estilo e também da mesma idade. Também há influência dos Blues. Nesta digressão que pretende na China, com temas em Inglês, como acha que as pessoas vão reagir? Tenho ouvido muita coisa acerca da China e acho que está faminta de novas culturas e novos sons. Que podemos esperar do vosso espectáculo? Com a saída deste álbum terei em palco um guitarrista que também é teclista, um DJ, bailarinos e eu. Trouxe essas pessoas? Não, vivem em Macau e estamos a ensaiar. São maravilhosos. Conheci-os pelo boca a boca, a perguntar a amigos, e toda a gente foi muito receptiva. Houve alguma espécie de casting? Acho que felizmente segui o meu coração. Como vai ser o espectáculo em Macau? Vou ter um VJ, o Miguel Khan. Gostava de ter uma componente visual sólida. Obviamente que desta vez só terei bailarinos para algumas canções mas gostaria de ter muito mais. Era muito importante ter mais músicos em palco e instrumentos a tocar para a minha voz. Espero que o espectáculo também junte isso tudo. Quem desenvolve o conceito? Há um coreógrafo que me ajuda. Não há uma organização para a coreografia. Uma coisa completamente nova este espectáculo em Macau? Sim e a primeira vez com este lineup. Vive da música? Trabalhava em Nova Iorque. Trabalhava para uma empresa de cuidados de pele online. Eles apoiavam-me no horário e na pele também. (risos) Acham possível profissionalizar-se enquanto músico? Fazia anúncios para televisão e isso abriu-me os olhos para a produção musical. Na medida em que é produzida para enaltecer um objecto. Era como os negócios imobiliários. Só se ganha depois de vender e aí ganha-se muito, mas era muito arriscado e decidi afastar-me porque estava muito focada na criação musical gratuita. Quanto a ter uma carreira profissional, sim, penso que a terei. Quanto ao ganhar dinheiro, agora ele vem dos espectáculos. Onde se vê no futuro? Quero fazer muitos espectáculos. Estados Unidos, China… especialmente na China e na Ásia que estão a crescer. Quando for mais velha, vê-se como produtora, actriz, realizadora, ou nada disso? Gostaria de fazer mais projectos artísticos e de vídeo. Escultura, sei lá. Tenho muitas ideias estranhas. Há uma noites tive esta ideia de “Vershina” numa mistura de Versace com China, uma ideia de moda chocante. Mas enquanto estiver na música quero um tipo de trabalho das Nações Unidas, viajar pelo mundo, fazer salvamentos de emergência. Aprendi Francês na escola e recentemente soube que precisava disso para as Nações Unidas. Também pode usar o Francês nas canções… Pois, mas talvez o Português. E adoro o Casanova e talvez introduza algum jazz e alguma representação. Quero fazer muitas coisas. “Melhor que uma editora. Não me limita” “Humanize”, o álbum que Eunice agora apresenta, já tinha sido apoiado pelo Instituto Cultural em 2014. Agora o segundo também vai ser. Com este apoio, o novo trabalho, diz, “vai mudar tudo. Acho que vão passar a ver-me um bocado pela Ásia.” O prémio do IC, no valor de 215 mil patacas (a confirmar), vai permitir-lhe arrancar já para a produção do segundo álbum onde o Inglês não será total, como agora. “Estou excitada por poder incluir alguns temas em Mandarim.” Já sabe que vai trabalhar com alguns pesos pesados da Pop, como Jordan Jaeger que produziu “Cups” cantado por Anna Kendrick para o filme “Pitch Perfect”, entre outros trabalhos para artistas internacionais. “Conheci-o numa empresa onde costumava trabalhar”, conta, “fizemos um EP, eles gostaram, por isso agora vamos fazer um álbum. Estou super feliz.” Eunice explica que o IC “tem sido fantástico” com ela. “Melhor que uma editora discográfica porque não limitam o que eu posso fazer.” O tema do próximo álbum vai ser “’The girl who’… Quero deixar assim aberto”, avança Eunice, “quero que as raparigas preencham a seu bel-prazer”. Com esta experiência, a artista espera que o trabalho fique mais inclusivo. “Quero envolver a minha audiência mais, criar mais proximidade.” Uma chamada à imaginação mas também, e sobretudo, ao sonho. “Cada tema vai ser dedicado a mostrar tudo o que uma rapariga pode fazer.” Em termos musicais também já está tudo muito claro. “Quero fazer produções mais minimais com mais camadas de vozes, usar vozes como instrumentos de apoios nas músicas.” A artista confessa ainda que “fascina-a ideia” de usar diversas línguas. “Parece-me a direcção correcta para um artista de Macau. Usar todas estas línguas. O Português, o Inglês, o Chinês. Nós podemos fazer isso.”
Manuel Nunes SociedadeDSEC indica mais hóspedes, mas menos noites de estadia [dropcap sryle=’circle’]V[/dropcap]iajar em excursão decresceu no passado mês de Abril por comparação com o período homólogo de 2015. Os dados são válidos para os turistas que visitam o território e para os residentes, quando estes se tornam turistas. Segundo resultados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), durante o mês de Abril de 2016 visitaram Macau 575 mil indivíduos em excursões, o que implica uma descida de 31,7%, em termos anuais, mas um aumento de 2,2% em termos mensais. A China continua a liderar o grupo dos excursionistas tendo feito deslocar a Macau 451 mil indivíduos, ao passo que a República da Coreia e Taiwan seguem em segundo lugar com 29 mil visitantes cada. Num apanhado do primeiro terço do ano, os visitantes chegados a Macau em excursões foram menos 34% em termos anuais, atravessando ainda assim a fronteira 2.275.000 excursionistas. Na versão residente em modo de turista, os dados indicam que apenas 89 mil residentes viajaram para o exterior com recurso a agências de viagens, o que representa diminuições de 21,6% e 16,9%, por comparação, respectivamente, com Março de 2015 e de 2016 (meses em que ocorreram os feriados da Páscoa). Quanto às excursões, apenas 34 mil residentes optaram por essa solução, o que implica uma redução de 27,6%, em termos anuais. A República da Coreia subiu 138,8% nas preferências dos residentes de Macau, ao passo que outros destinos tradicionais como a China continental e Taiwan, desceram 36,4% e 37,6%, respectivamente. Mais hotéis, ocupação estável No fim de Abril de 2016 existiam no território 106 hotéis e pensões em actividade, ou seja, mais sete do que no ano passado pela mesma altura. Todos juntos significam 32 mil quartos de hóspedes, mais 3800 (+13,6%), do que no ano passado. Realça-se que os hotéis de 5 estrelas disponibilizaram 20 mil quartos e os de 4 estrelas 7700, representando 63,6% e 24,0% do total, respectivamente. No que respeita à ocupação, a média, na ordem dos 79%, caiu 0,7% em termos anuais mas aumentou 2,5%, em termos mensais. Em Abril deste ano, os hotéis e pensões de Macau albergaram 917 mil indivíduos, mais 11,5% em termos anuais. Mais gente da China, com 610 mil visitantes, o que representa um aumento de 16,7% em termos anuais, e menos de Hong Kong a descer 8,2%, com apenas 115 mil visitantes. O período médio de permanência dos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros situou-se em 1,3 noites, menos 0,1 noites em relação a Abril de 2015.
Manuel Nunes Manchete SociedadeNuclear | Cinco centrais a funcionar ou em construção ao largo de Macau É notória a agitação que tem andado nas redes sociais por estes dias devido à nova central nuclear de Taishan, que agora se descobriu ter componentes de qualidade duvidosa. Mas Macau está cercada de centrais e uma delas, em Shenzhen, já registou três incidentes só este ano. Quatro delas, diz um especialista, estão a uma distância perigosa. O Governo diz estar atento e ter um “plano de contingência”, mas não explica qual [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada saíam notícias de um incidente menor na central nuclear de Ling’Ao (a 110 km de Macau), que seria já o terceiro desde o início do ano. Entretanto, começou a rebentar nova polémica com a construção da futura central nuclear de Taishan, esta bem mais perto de Macau (a 67km), por causa de um componente defeituoso do reactor. Mas o território não tem à sua volta apenas estas duas estruturas – há mais três a funcionar ou a preparar-se para tal, o que leva ambientalistas a questionarem-se sobre a forma como pode ser tratado um acidente de grande dimensão. Em Taishan as notícias de problemas sucedem-se. De acordo com o contrato publicado pelo fornecedor do reactor, um grupo multinacional francês especializado em energia nuclear com sede em Paris chamado AREVA, o vaso de pressão numa das unidades da central foi feito no Japão em vez de ser fabricado em França, como se acreditava anteriormente. Peças-chave de outra unidade, a número dois, incluindo o vaso de pressão do reactor, foram fabricadas inteiramente na China. A revelação surpreendeu especialistas, com alguns a dizerem que os componentes fabricados no continente representam uma ameaça para a segurança. A central nuclear de Taishan é financiada conjuntamente pela China Guangdong Nuclear Power Group (CGN) e pela Électricité de France (EDF). Quando estiver construída será considerada das mais avançadas do mundo ao utilizar tecnologia de terceira geração, o “Reactor Europeu Pressurizado” (EPR). Estes novos reactores possuem um sistema de retenção em caso de derretimento do núcleo e uma protecção de parede de camada dupla, permitindo-lhe resistir a impactos de aviões e reduzir o risco de fugas de radiação no caso de um acidente. No melhor pano cai a nódoa Apesar dos avanços tecnológicos, em Abril passado, a Autoridade de Segurança Nuclear Francesa (ASN) descobriu excessos de carbono no vaso de pressão de uma central com o sistema EPR em Flamanville, França, com riscos de derrame radioactivo. Um relatório da ASN dizia que o vaso de pressão da central nuclear de Taishan tinha sido produzido pela Creusot Forge, uma subsidiária do grupo francês AREVA. No entanto, informações contratuais públicas da AREVA revelam que as peças foram produzidas pela Mitsubishi Heavy Industries em Kobe, Japão, e enviadas para Taishan, via Hong Kong, em 2011. Mas os japoneses também não são à prova de risco. Vários documentos descobertos pela FactWire revelam que os vasos de pressão de fabricação japonesa também têm riscos de segurança. Made in China? Hum…. Entretanto, a subsidiária da Dongfang Electric Corporation Dongfang (Guangzhou) Heavy Machinery Company assinou um contrato com a Areva em Junho de 2009. A construção do vaso de pressão foi iniciado em Dezembro de 2009, entregue pela fábrica em Nansha, Guangzhou, e seguiu para Taishan a 22 de Outubro de 2014. Este facto nunca tinha sido divulgado. Mesmo quando a subsidiária da CGN, foi listada na bolsa de valores de Hong Kong, em Dezembro de 2014, não houve qualquer menção à China como fabricante das peças-chave da Unidade 2 da central de Taishan. “Não sabia que a China era capaz de produzir um recipiente de pressão”, disse o professor Woo Chung-ho, um ex-cientista sénior na Atomic Energy of Canada. “Este componente é muito especial, é grande. Cada passo no processo de fabrico requer um controlo rigoroso. A soldadura do recipiente de pressão é altamente complexa, porque é muito grossa e deve ser capaz de resistir a alta pressão, levantando problemas graves de segurança. ” Entretanto, o engenheiro Albert Lai Kwong-tak da Professional Commons que esta semana já tinha dito que o principal problema de segurança nas centrais nucleares é a complacência, veio agora dizer à imprensa que o facto da China ter produzido os principais componentes da Unidade 2, incluindo o vaso de pressão, levantou preocupações de segurança graves. “A AREVA tem tido vários problemas com a qualidade do produto, mesmo com a falsificação de testes de controlo de qualidade, que a China negligenciou completamente quando recebeu os componentes”, disse Lai. “Isso mostra que a China carece de poder regulador real e sempre confiou nas medidas de segurança realizadas pelos franceses.” Segundo Lai, a China importa tecnologia nuclear francesa, com o objectivo final de vir a produzir reactores nucleares avançados. Mas, “como as datas de lançamento das Unidade 1 e 2 em 2017 estão apenas separadas por meio ano, não têm tempo para dominar a tecnologia”. Quatro perigosas Ling’Ao, a central que registou os três incidentes este ano, e Daya Bay, que envia 80% do que produz para Hong Kong, ficam uma ao lado da outra a 110 KM de Macau em linha recta. Taishan, ainda em construção, é a mais próxima, a 67km, e depois existem ainda as centrais de Yangjiang (a 141 km) e Lufeng (a 240 km). Sem contar com futuras centrais, Macau tem pelo menos quatro a distâncias consideradas perigosas, como diz Frances Ieung, analista sénior da Greenpeace Hong Kong. “Veja o caso de Fukushima, o próprio responsável da central disse que em caso de um derramamento sério, até Tóquio, que fica a 160km, teria de ser evacuado e aqui com duas centrais à porta, o Governo [da RAEHK] diz-nos que em caso de acidente apenas algumas áreas de Hong Kong teriam de ser evacuadas. Não dá para acreditar nos planos de contingência, nem na nossa segurança”. Governo atento, mas lacónico Em Macau, o Governo fez sair ontem uma nota de imprensa através do Gabinete do Secretário para a Segurança, onde diz “estar atento ao assunto” e refere a existência de um “plano de contingência” desenvolvido em 1995 e revisto em 2011. Mas não diz quais os contornos desse plano. O HM quis saber junto do Gabinete de Wong Sio Chak dados mais concretos sobre o “plano de contingência” mas, até à hora de fecho desta edição, não nos chegou qualquer resposta. “Será que existe um plano de emergência para a população de Macau? Há algum local onde nos possamos esconder?”, preocupa-se Joe Chan, presidente da Associação Juventude Verde de Macau, que espera mais iniciativa da parte do Governo, apesar de reconhecer que, em termos de definição de política energética no continente, o Executivo local tem uma capacidade limitada. “Há quatro anos entregámos uma carta ao Chefe do Executivo a demonstrar a nossa preocupação mas o Governo de Macau não pode ter uma política activa neste assunto porque é um assunto do continente”, diz, assegurando que vai alertando para a necessidade do território ter um papel mais activo no processo. “Nem sabemos quantas mais se vão construir nos próximos dez anos”, diz Joe Chan, aproveitando ainda para dizer que “nuclear não é solução”. Opinião partilhada por Frances Ieung, com ambos a recomendarem poupanças e o recurso a fontes alternativas de energia. “Para mim estamos apenas a testar um novo modo de suicídio” resume Joe Chan. Opinião diferente tem Cecilia Nip, Directora do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da CEM, que entende ser importante a solução nuclear, pois, explica, “é necessário termos diversas fontes de produção energética no mix. Não podemos depender de apenas uma”. No caso de Macau, contrariamente a Hong Kong, não é possível perceber se a energia consumida localmente é, ou não, nuclear pois, elucida Nip “importamos cerca de 80% da energia da China mas directamente da rede pelo que não é possível determinar a fonte”. China activa Nos últimos anos, a China tem vindo a promover activamente no mercado internacional a tecnologia nuclear desenvolvida pelo Estado. A China National Nuclear Corporation vendeu com sucesso um reactor nuclear de terceira geração ACP-1000 ao Paquistão, tornando-se a primeira exportação de energia nuclear da China. A Turquia comprou quatro reactores nucleares de CGN em Novembro de 2014. No mesmo mês, quando o presidente chinês Xi Jinping visitou o Reino Unido, a CGN assinou um acordo de investimento com a Électricité de France no EPR de Hinkley Point, Sizewell, e para as centrais nucleares de Bradwell, onde deverão ser empregues a terceira geração de reactores nucleares Made in China, os Hualong-1. O projecto provocou manifestações públicas na Grã-Bretanha.
Manuel Nunes BrevesIFT forma guias do Camboja Um grupo de 20 guias turísticos cambojanos e quatro da APSARA, entidade gestora dos templos de Angkor Wat, estarão no Instituto de Formação Turística (IFT) para um programa de formação de nove dias. O tema será a criação de capacidades para os guias e a iniciativa surge depois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, ter assinado no Camboja um protocolo com Tith Chantha, Secretário de Estado do Turismo do país, para a promoção de turismo sustentável através da formação de recursos humanos. A presença de Macau no reino do Camboja surge depois de em Outubro do ano passado, durante o Fórum Mundial de Turismo realizado na RAEM, o primeiro-ministro Hun Sen ter-se encontrado com o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, ficando na altura acordado o reforço da cooperação mútua nas áreas do comércio, investimento, turismo e treino de recursos humanos. O Centro Global de Estudos de Turismo, que em breve será montado pelo IFT, ficará com a responsabilidade de organizar os programas educativos correspondentes, em colaboração com a Organização Mundial de Turismo (UNWTO). A formação destes guias acontece de 13 a 21 de Junho. A delegação de Macau no Camboja foi composta por mais de 50 empresários de diversas áreas, do turismo à banca passando pelo comércio.
Manuel Nunes Perfil PessoasHallonia Lai: “Ninguém gosta deste Macau de agora” [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara quem se lembra das noites de Macau de há 15 ou 20 anos, no “Casablanca” (onde os 46 ou 47 portugueses restantes de 1999 se encontravam), e antes, do “Talker”, Hallonia Lai, Loni para os amigos, é uma figura icónica. Por cá cresceu e por cá passou grande parte da vida. “Quando era pequena, as pessoas não eram ricas, mas remediadas”, começa por dizer ao HM. “O meu caso era especial porque o meu pai morreu quando nasci e não foi fácil para a minha mãe.” Não era simples arranjar trabalho em Macau, “especialmente para mulheres de meia idade”, como diz Hallonia. Quando nasceu, a mãe tinha quase 40 anos. “Teve sorte de poder trabalhar em casa. Fazia partes de calças para uma pequena fábrica.” O mais difícil acabava por não ser alimentar a criança, mas sim cuidar de uma ‘teen’ irrequieta. “Nunca me portei bem”, confessa-nos Hallonia. “Não era como as outras meninas, não cumpria ordens. Estávamos nos 70, percebe? Eu respeitava mas não ouvia”, diz-nos enquanto ri. Aos 13 anos já desaparecia de casa para ir para a festa. “Sabia que ao chegar a casa a minha mãe me batia, mas não queria saber.” Saudades do Macau antigo As festas aconteciam em casa de amigos, muitas na zona da Coronel Mesquita. “Adorava”, diz, “não existiam estes prédios todos. Quase tudo eram vivendas, até nos Três Candeeiros onde só existiam prédios de dois andares”, recorda. Uma dessas vivendas serviu de palco a várias festas. “Ouvia-se, música, namorava-se…”, frisa Hallonia, admitindo que não se lembra bem das músicas, “os hits de dança ocidentais”. Mas lembra-se bem dos Bee Gees, “para dançarmos agarradinhos”. A casa da Coronel Mesquita deixou-lhe grandes recordações. “Era de uma família macaense”, adianta, “devia ir lá tirar umas fotografias senão ainda a deitam abaixo”, suspira, revelando saudades desse Macau perdido. “Agora detesto”, diz, “se as pessoas conhecessem o Macau antigo não iam gostar disto. Pode perguntar a qualquer pessoa que conheceu. Ninguém gosta.” Voltámos à juventude. O grupo de amigos era quase exclusivamente chinês, alguns macaenses, mas os próximos eram chineses. “Os macaenses davam-se mas não havia muita intimidade. Só nas festas. Viviam no mundo deles”, diz. Escolas de mulheres nem pensar “Estudei na Leng Lam (perto da Guia), mas quando passei para a classe dos mais velhos a minha mãe tirou-me pois queria-me a aprender Inglês”. Foi o desastre. Acabou na Escola do Sagrado Coração. “Detestava”, confessa Hallonia, “mulheres por todo o lado, dava em maluca”, relembra divertida. Não gostava das escolas unissexo e foi expulsa, como nos conta enquanto se ri muito. “A minha mãe ficou furiosa, claro.” Tentou a Luso-Chinesa mas “não a quiseram lá”. Foi para o Santa Rosa de Lima mas “era outra vez só mulherio”, diz, “e a reitora, uma freira sempre de nariz no ar. Detestava”. Começou a trabalhar tinha 16 anos “num salão de beleza”. Gostou da experiência pois aprendeu muito e fazia dinheiro. Um ano depois engravidou, casou-se e trabalhou até a filha nascer. Depois teve de desistir. Aventura em Hong Kong “O meu marido era meio maluco como eu e andávamos aflitos com dinheiro”, conta a rir. Como não queria trabalhar para um casino, convenceu-o a ir para Hong Kong tentar uma vida melhor, pois lá podiam ter opções. “Fui para um Night Club, imagine”, diz-nos, mais uma vez a rir. Fazia o papel de telefonista/recepcionista que conectava os clientes com as “mamasans”. “Uma experiência incrível”, garante. “As coisas que se vê e ouve…”, relembra. Lugar cheio de histórias e muito exclusivo, “enorme e para gente rica”, era um sucedâneo de um grande clube de Xangai que, à imagem da terra, tinha um perfil de opulência. “Divertia-me com as histórias das raparigas. Ouvia coisas que… waaah!”, revela Hallonia recordando uma em particular: “Ia lá gente muito, muito famosa. Um desses marcou uma rapariga do turno da tarde.” As mais caras, soubemos, eram empregadas de escritório que ali faziam um dinheiro extra. O famoso marcou uma saída com a rapariga e “eram 500 HKD para irem jantar, dos quais 300 ficavam na casa”, como explica Hallonia, “e o fulano recusou-se a pagar”. Disse à rapariga que ser vista com ele em público era pagamento suficiente. A experiência durou apenas um ano. O marido arranjou um bom emprego e Hallonia deixou de trabalhar. Mas aborrecia-se e um dia voltaram para Macau. Mudando a noite Pouco depois surgia o bar “Talker”, que viria a tornar-se numa lenda dos anos 90. Inaugurado em 1993, começou a reunir pessoas de várias origens. Ao princípio só ajudava aos fins-de-semana, mais tarde viria mesmo a tornar-se gerente. “Adorava a experiência de conhecer muitas pessoas e apaixonei-me pelo trabalho”, revela. Mas um dia o negócio começou a estiar “talvez por as pessoas quererem novidades.” A zona dos NAPE estava a ser construída. “Eram apenas meia dúzia de ruas”, explica, e tinha aparecido o “Opiarium”, que estava a concentrar as pessoas. “As lojas eram baratas, ninguém as queria, alugámos uma e montámos um bar que baptizei de 911”, diz a rir-se. O “Talker” acabou por fechar, o dono da empresa arrendou mais uma loja e assim apareceu o “Casablanca”. Hoje está em casa “e trabalha mais que nunca”, garante, “a tomar conta da neta e do próximo neto que aí vem”. Se pudesse mudar algo na terra, “tornava as pessoas menos preguiçosas”, confessa-nos. “Macau precisa de opções”, pois a excessiva dependência dos casinos não é boa para ninguém. “É tempo de trazer coisas novas para Macau. As pessoas gastam menos porque sentem-se inseguras. Não podemos estar dependentes disto. Temos de inovar”, conclui.
Manuel Nunes Eventos MancheteLaura Nyögéri, directora artística do Artfusion Veio para Macau por umas férias para dar uma “mão” à Casa de Portugal. As férias já duram há sete anos, tempo durante o qual Laura tem-se dedicado a agitar as águas da cultura local. Cruzar artes, tendências e culturas é a sua motivação para descobrir novos mundos e aproximar as pessoas. Porque Macau tem talento, “muito talento”, diz [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á cá está há algum tempo. Como começou a experiência de Macau? Era suposto serem umas férias que se transformaram em sete anos (risos). Um convite da Casa de Portugal para o projecto “Lebab”, baseado no livro de Fernando Sales Lopes, “Terra de Lebab”. Fizemos um casting com os miúdos mas depois o projecto foi alterado e não se concretizou. Daí surgiu um grupo de artes performativas que acompanhou a Casa de Portugal (CPM) ao longo de cinco anos. Estive envolvida em vários documentários sobre festividades locais, o Doc “Olhar Macau” também com a CPM. Depois decidi criar o Macau Artfusion. O objectivo era a fusão com o trabalho de outros grupos locais. Juntar as várias culturas no palco. A primeira performance foi com o grupo Axe Capoeira, do mestre Eddy Murphy, com dança contemporânea. A partir daí continuámos a desenvolver o projecto com base no conceito de fusão de artes e acabámos por nos lançar com o Grupo de Danças e Cantares Portugueses Macau no Coração. Apesar de ser um grupo tradicional, acolheu tendências contemporâneas e alguma criatividade, mais extravagância. Trabalhamos em fusão com eles. Já fizemos espectáculos em que unimos folclore com dança contemporânea. Mas também temos os nossos projectos. Então o Artfusion é uma secção do Macau no Coração… Somos o núcleo jovem. Um grupo de artes performativas composto por crianças, jovens e também adultos. Promovemos a educação através da dança, drama, expressão corporal e artes plásticas. Temos aulas a decorrer semanalmente e depois os nossos alunos têm a oportunidade de participar em espectáculos, paradas e workshops. Promovemos muito a troca de experiências com pessoas de outros grupos. Trazemos profissionais de diversas origens para partilhas de experiência. Já tivemos artistas do “House of Dancing Water” e de vários países. A ideia é passar mensagens de motivação porque muitas das crianças, ou jovens, sonham com um futuro nas artes de palco. Sabemos que não fácil e às vezes perdem motivação. Mas ao verem os sonhos deles realizados noutras pessoas acreditam. Mas há um passado antes de Macau… (risos) Há. Estudei Publicidade e Marketing na Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa mas nunca trabalhei numa agência de publicidade. Comecei por trabalhar na Valente Produções, em Lisboa, e a partir daí começou o meu contacto com o mundo do cinema, da televisão, da publicidade. Foi aí que começou a minha paixão pelos bastidores. A adrenalina deste tipo de trabalho, a criatividade, todos os dias diferente. Para além disso, o lado humano, sempre muito importante para mim porque adoro pessoas. Foi uma experiência muito, muito boa. Também trabalhei com diversas associações na área dos jovens e das crianças em expressão corporal e criatividade porque fiz uma pós graduação em Criatividade, Comunicação e Imagem. Assim, acabei por desenvolver conhecimentos de formação em teatro, o que me deu instrumentos novos e assim vim parar a Macau. E é para continuar? Por enquanto é para continuar. Há possibilidade de ir um pouco lá para fora mas continuando a fazer coisas em Macau. Surgiu uma oportunidade que, em princípio, vai ser agarrada. Tenho de encontrar forma de equilibrar tudo. É segredo ou podemos ficar a saber? Sim, é uma oportunidade boa, com o Cirque do Soleil. Estão em tournée com o espectáculo “Avatar” e vão estar na Ásia a partir de Março de 2017. Devo ir acompanhá-los na área da contra-regra ou produção, ainda temos de definir. Mas não quero largar Macau nem o Artfusion. Artfusion. Há quanto tempo e como tem sido? Existe há dois anos mas não tem sido fácil. É muito complicado. Principalmente os espaços de ensaio, conjugar as disponibilidades dos alunos… Mas devo muito ao apoio incansável dos pais e à Macau no Coração que tem sido a nossa mãe. Depois temos pessoas que têm trabalhado connosco que nos têm ajudado a encontrar o melhor caminho para que isto continue a acontecer. Há um trabalho de equipa muito grande de pessoas que se voluntariam para ajudar nas várias áreas, assim como os fotógrafos que nos ajudam a mostrar o nosso trabalho, criando um impacto muito maior. Sem todas estas pessoas o resultado e o sucesso alcançados não seriam o mesmo. E quem paga todo este esforço? O sustento surge da Macau no Coração. Sempre que têm convites do Turismo ou de outras entidades isso permite-nos apresentar projectos. Não apenas do folclore tradicional porque assim a associação tem uma oferta maior de produtos e de serviços de animação. Qual o objectivo da Artfusion? Continuar este cruzamento de culturas e de grupos locais. Já conseguimos trazer até nós muitos alunos chineses. A maioria são portugueses, mas 40% já são chineses o que para nós é muito gratificante. Alguns não falam sequer Inglês ou Português e as aulas acabam por ser um modo de desenvolverem a capacidade linguística. Sempre que há um espectáculo há sempre alguém a querer colocar os miúdos no grupo e estamos completamente esgotados. O semestre termina em final de Junho, reinicia em Setembro e já temos lista de espera para inscrições. Trabalham normalmente onde? No estúdio do Macau no Coração e no do Hiu Kok. Projectos concretos na calha e outros que tenham realizado recentemente. Participámos há pouco no Festival Hush para animar o evento. Tivemos um espaço para pintura de caras, adereços e caracterização. Realizámos também o “Artfusion Got Talent” neste passado fim-de-semana e, em Junho, vamos ter um conjunto de actividades de animação da zona de Nam Van que o Turismo está a querer acordar culturalmente. Vão ser paradas e interacção com as pessoas. Além disso, vamos animar o público durante as Regatas de Barcos Dragão. Para os alunos são actividades extra-curriculares? Sim e os espectáculos em que nos vemos envolvidos são uma oportunidade para pôr em prática os conhecimentos que os alunos vão adquirindo. Há possibilidade de virem a dar classes nas escolas de Macau? Por enquanto não. Temos apenas dois anos e estamos ainda a tentar encontrar o nosso caminho. Mas esse tipo de possibilidades têm de ser geridos pela Macau no Coração. Para já cedem-nos espaço e apoio. Dão-nos a possibilidade de podermos fazer acontecer. Vamos com muita calma. Este fim-de-semana tiveram um espectáculo. Como foi? Houve talento? Muito positivo. Não só pelas performances, o empenho e o trabalho de meses mas principalmente a dedicação das famílias e dos amigos presentes. Não foi daqueles espectáculos de “uau” atrás de “uau” mas foi muito emotivo, muito intimista. Criámos um ambiente causal que resultou. Queríamos tirar o conceito de competição do evento daí que não houve vencedores nem vencidos e todos saíram com o sentimento de missão cumprida. Houve muita dedicação em palco, muita emoção, muita criatividade e era esse o nosso objectivo. Dar instrumentos para que pudessem criar algo deles para partilharem com as pessoas. Quais foram as categorias? Teatro, canto e dança. A dança teve mais participantes. Teatro foi apenas uma apresentação mas o guião foi escrito por uma das alunas e foi extraordinário. Mas gostava que o Sales Lopes falasse sobre isso porque eu estive demasiado dentro do projecto. (ver caixa) Quantos números em palco? Catorze. Além disso houve um número de abertura preparado pelos mais pequenos (24) e depois as actuações dos adolescentes. Tivemos solos, duplas e triplas. Na segunda parte abrimos com um número conjunto dos “Artfusion Teens” e depois cinco actuações dos mais pequenos. O final foi um número com todos os alunos. São quase 40 entre os quatro e os 16 anos. Aqui tenho de dar o meu aplauso a todos os nossos alunos e que permitem ao Artfusion existir. Sem eles, sem a sua dedicação nada, mas mesmo nada, seria possível. São a alma do Artfusion e é por eles que continuaremos a criar e a recriar. A possibilidade de se transformar num espectáculo de televisão? É algo a explorar. A ideia surgiu apenas o ano passado mas como temos uma agenda carregada esteve algum tempo na prateleira. Além disso a dificuldade dos espaços obrigou a que tivéssemos apenas 75 bilhetes para venda e esgotou em três dias. Mas sim, podemos pensar nisso se existir a oportunidade. Macau tem talento? Tem imenso talento. Acho é que as pessoas precisam de mais oportunidades. Não falo apenas nas áreas que trabalho mas também em cinema, televisão, música… Temos verdadeiros artistas com capacidades enormes para fazerem coisas fantásticas. É preciso oportunidades para mostrarem o seu trabalho. Muitas vezes não fazem mais porque não sabem se têm condições. Se derem mais recursos podemos todos ir mais alto. Quem deve dar esses recursos? Acho que cada vez mais o Turismo e o Instituto Cultural são fontes de recursos, falo em termos de associações. Estão a começar a perceber o potencial das associações. Estes novos projectos de animação que o turismo está a promover podem dar mais oportunidades aos grupos locais. Como vê o Artfusion daqui a dez anos? Talvez como uma escola de Artes Performativas com as diversas áreas a funcionar. Desde a dança ao teatro, às artes plásticas. Essa seria a ambição maior mas não sei se é possível. Em Macau, às vezes as coisas são um bocadinho difíceis, outras vezes mais fáceis de acontecer. Além disso, os miúdos crescem e saem de Macau. Vêm sempre novos mas as coisas mudam. Mas sempre com o intuito de cruzar as diferentes comunidades. Não torná-lo português, ou chinês, ou outra coisa qualquer, mas conseguir manter este conceito de cruzar grupos locais. E se tivesse de sumarizar o que vocês são numa frase? Uma fusão de artes. O nome define mesmo o que somos. Para que é que isso serve? Para juntar mais as pessoas, para criar um bocadinho mais de tolerância e de abertura, menos preconceito, mais criatividade, mais originalidade, inovação. Ao mesmo tempo manter as raízes e o tradicional porque cada grupo tem a sua identidade e o seu conceito mas conseguir criar algo de novo a partir daí é o desafio. Sales Lopes, presidente do júri do “Artfusion Got Talent” “Foi brilhante”, assegura. “Ver as coisas germinarem, crescerem e florirem é sempre uma experiência emotiva como a Laura disse”, acrescenta. Um espectáculo que, apesar de não ser propriamente um processo alheio, nos garante tê-lo surpreendido. “Ver os mais crescidos, que já vêm desde que a Laura chegou, hoje com 14–15 anos, e perceber como a arte está lá dentro, como a assumem, é impressionante” diz Sales Lopes. “Valeu a pena todo este trabalho.” Perfil Grupo de Danças e Cantares Portuguesa Macau no Coração – Núcleo Artfusion Direcção Executiva: Ana Maria Manhão Sou Direcção Artística: Laura Nyögéri Produção: Daê Enedino, Adriano Gaspar Caracterização: Joana Chio, Isabel Pinto, Sara Figueira
Manuel Nunes EventosAuguste Borget em exposição no MAM no final de Junho [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]O Pintor Viajante na Costa Sul da China” é o nome da exposição de Auguste Borget que estará patente ao público no Museu de Arte de Macau (MAM) a partir do 30 de Junho e até 9 de Outubro. A colecção inclui esboços, aguarelas, pinturas a óleo, gravuras e livros antigos com ilustrações deste pintor francês do século XIX e que documentam vividamente a vida quotidiana da época na China. Auguste Borget (1808 – 1877), embarcou numa viagem de quatro anos à volta do mundo em Outubro de 1836 desde as Américas ao Extremo Oriente. Em Julho de 1838, chegou à costa sul da China e passou mais de um ano a viajar por uma Hong Kong pré-britânica, Guangdong e Macau, estando destacado no território. Após regressar a França, em 1840, pintou o famoso quadro “Vista do Grande Templo Chinês em Macau”, que foi apresentado no Salão de Paris e adquirido pelo rei Louis-Philippe de França no ano seguinte. Nessa mesma altura publica “Esboços da China e dos Chineses”, um volume ilustrado com representações litográficas das cenas e paisagens que capturou por estes lados. Estas imagens, feitas quando ainda não existia fotografia, são por isso, um “testemunho importante” do Delta do Rio das Pérolas em meados do século XIX que nos permitem vislumbrar os costumes e culturas populares da região. Profundamente influenciado pela sua estadia na costa sul da China, Borget e as suas obras como pintor viajante constituem uma “parte notável” do legado que constitui o intercâmbio cultural sino-ocidental. A exposição insere-se no festival “Le French May 2016” e é organizada em conjunto pelo Instituto Cultural e pelo MAM em colaboração com o Consulado Geral da França em Hong Kong e Macau e a Alliance Française de Macau.
Manuel Nunes BrevesIntoxicação alimentar no Kruatheque? Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados na quinta-feira passada pelo Centro de Segurança Alimentar do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) de uma situação suspeita de gastroenterite colectiva de origem alimentar no restaurante Kruatheque. O caso envolveu uma família de quatro pessoas, um homem e três mulheres, que na noite de 15 de Maio jantou no restaurante. De madrugada, os residentes apresentaram todos sintomas de diarreia e vómitos. A situação clínica é estável tendo apenas dois dos infectados recorrido a instituições de saúde. Além deste jantar, a família não teve recentemente outras refeições em conjunto. De acordo com o historial deste tipo de situações, o período de incubação e os sintomas apresentados, é provável que o agente patogénico deste caso seja uma infecção bacterial. Os SS deram já conhecimento das informações de investigação epidemiológica ao Centro de Segurança Alimentar do IACM que se encontra a acompanhar o caso.
Manuel Nunes Manchete SociedadeG2E Asia | Nova geração chinesa vai mudar o turismo de Macau A nova geração chinesa e as suas ambições como viajantes são factos importantes para Macau, que tem de mudar a face sob pena de alienar estes novos turistas. Mais colaboração entre as operadoras, um plano para a cidade e uma alteração na oferta são necessidades prementes, dizem analistas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das conferências do Global Asia Gaming Expo (G2E Asia) realizada ontem focava-se na geração chinesa do milénio e na forma como esta pode moldar o futuro do turismo de Macau. Duas analistas do sector de inteligência da Bloomberg, Catherine Lim e Margaret Huang, dizem que muita coisa terá de mudar no perfil de Macau para atender a uma geração mais sofisticada, hiperligada e que procura coisas novas, diferentes e únicas. “Os milenários querem uma imersão cultural, querem aprender algo”, diz Margaret Huang, avançando ainda que “Macau tem estado num lugar confortável como um destino de casinos e não tem pensado muito em criar elementos diferenciadores do produto”. Trazer o elemento cultural para a equação, é importante, refere a analista, que mostra dados de 7% dos rendimentos das operadoras no sector extra-jogo, que, no seu todo, cresceu 5%. “O Venetian lidera-o porque tem mais coisas para oferecer”, indica. Destino mundial? A ideia de transformar Macau num local de turismo mundial de lazer não parece a melhor ideia para as analistas. “Primeiro, é logisticamente difícil e ninguém na Europa ou noutro lugar pensará em vir para Macau a não ser para jogar”, diz Margaret Huang. “Como não jogadora”, acrescenta Catherine Lim, “mesmo estando em Singapura, levar quase quatro horas para vir a uma terra de casinos não é muito atractivo. Macau precisa de algo único que atraia a atenção do público, para além do jogo”. O segredo é começar por apostar “no fruto mais à mão”, diz, e esse é a nova geração de milenários chineses. “Mas é preciso conhecê-los e perceber o que os motiva”. “Balinghou” e “Jiulinghou” Em conjunto, “Balinghou” e “Jiulinghou” formam os milenários. Mas são muito diferentes e não gostam de ser confundidos. Os “Balinghou”, nascidos na década de 80, são a primeira geração pós-reforma. Mais consumistas, mais optimistas no futuro, mais focados no empreendedorismo e convictos do seu papel de transformarem a China numa superpotência. Os “Jiulinghou” são outra história: a primeira geração a viajar extensivamente, a ligar-se de forma quase plena na internet (90% tem telefones inteligentes) e que, como diz Margaret, “não querem billboards, querem histórias”. Além disso, têm um enorme sentido de individualidade pelo que, adianta a analista, “procuram coisas únicas, experiências diferentes para mostrarem aos amigos via internet”. Não gostam de viajar em grupo e o seu grande objectivo é divertirem-se. Retalho singular Actividades como jogos de computador e idas ao cinema conquistam grande parte das preferências, mas a compras em lojas também podem ser uma possibilidade apesar da permanente ligação à net os fazer adquirir produtos online. O segredo é uma oferta original. “Macau já foi o paraíso do retalho”, diz Catherine Lim. Mas vai mudar. “Fiquei espantada ao saber que apenas agora vai abrir uma loja da Apple no Galaxy”, diz para ilustrar a ideia que o mercado de gadgets electrónicos é essencial para esta nova geração. Além disso, garante, as marcas de luxo estão a começar a pensar no número de portas que têm abertas na grande China. “A questão”, diz a analista, “é todos esses espaços novos que vêm para Macau terem de pensar muito bem no que vão lá colocar dentro”. Com a nova clientela que se avizinha, Catherine aposta no “premium affordable”, na exclusividade, no raro. “Algo mais funky, tech, lifestyle por oposição ao ‘high end’. O luxo não desaparecerá mas as marcas terão de repensar posicionamentos. “Talvez devam ser mais exclusivas e não iguais às que se encontram pela Ásia fora”, diz Margaret. Segundo Catherine Lim, até a Chow Tai Fook e a Lukfook, que têm invadido o centro da cidade, um dia poderão começar a fechar. “Sei que eles começam a pensar se o número de portas abertas em Macau é justificado”, diz, adiantando que “se ainda têm tantas é devido a compromissos que assinaram com os amigos.” Segundo a analista, “antes de 2014 o retalho de jóias e relógios cresceu mais rápido” mas isso já não se verifica, porque “há uma nova dinâmica nos gastos de chineses”. Marketing, planeamento e cooperação A colaboração entre operadoras é outro dos pontos que consideram essencial. Para lá da impermeabilidade entre operadoras também “não está a ser feito um bom trabalho de marketing”, diz Margaret. “Em Hong Kong não estamos a par da maioria das coisas que aqui se passam e é tão perto…” lamenta, acrescentando ainda que “em Macau só se fala de casinos”. Uma opinião corroborada por Catherine que utilizou mesmo o sítio do Turismo de Macau como exemplo de má comunicação: “O património tem pouco conteúdo. A zona de comidas é pobre. Não há nada que nos transporte”, referindo ainda a apresentação “antiquada, com cores estranhas, onde há de tudo um pouco mas nada significativo”. A falta de planeamento urbanístico é outro dos pontos onde Macau tem de se focar para que “não apareçam coisas desconexas”. Um planeamento que, do ponto de vista da analista, deve ir além do urbanismo, incluindo entretenimento e cultura pois “facilita a estratégia de marketing que pode ser potenciada pela redes sociais tão importantes para os milénios”, explica. “Macau precisa de imagens fortes e de mais cultura, pois estamos perante uma nova clientela muito sofisticada”. Wynn | Sala VIP fechada. Funcionários sem salários Uma sala VIP do grupo Goldmoon, localizada no casino Wynn, fecha portas este sábado, dia 21, estando previsto o despedimento de todos os seus trabalhadores. Segundo o canal Mastv, os funcionários queixam-se de salários em atraso desde Fevereiro. O fim do negócio terá sido comunicado através de uma circular interna colocada na sala VIP. As razões apontadas pelo grupo Goldmoon alertam para o abrandamento da economia. A empresa terá prometido uma indemnização, mas um funcionário disse à Mastv que desde Fevereiro que não são pagos salários. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) confirmou que recebeu queixas de 17 trabalhadores. Choi Kam Fu, director da Associação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, disse estar preocupado que a empresa de junkets possa dividir os salários dos funcionários em várias partes para pagar apenas a base salarial aquando da definição das indemnizações. Choi Kam Fu considera “irracional” que o salário base de cada funcionário seja de quatro mil patacas, quando na realidade cada trabalhador ganha entre 20 a 30 mil patacas mensais. “Esse é o ponto que trabalhadores e patrões não conseguem coordenar.” O responsável acredita que será fácil aos trabalhadores voltarem a ter trabalho no sector, mas aconselha-os a que façam formação noutras áreas, como contabilidade, técnicos de reparações ou manutenção de equipamentos. (Por Flora Fong)
Manuel Nunes Desporto MancheteSporting de Macau | Dois jogadores saem do clube, um deles despedido [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e uma assentada, saltaram dois jogadores do Sporting Clube de Macau (SCM). Um foi despedido, o outro despediu-se há umas semanas. Um não queria tomar banho, o outro não aceitava ordens, segundo apurámos junto de João Maria Pegado, treinador dos leões. Os jogadores em causa são o defesa central Vítor Almeida e o avançado Taylor Gomes. A notícia foi veiculada ontem em comunicado da direcção do clube, que se escusou a fazer comentários remetendo-os para o treinador. Da direcção ficou-se apenas a saber a decisão de “terminar o vínculo” com Almeida e a “desvinculação por livre vontade” de Taylor Gomes, por “motivos semelhantes”: não se enquadrarem “nos valores de disciplina, respeito hierárquico, pelo clube e respectiva camisola”. “Foram diversos actos de indisciplina, no campo, a nível táctico e nos treinos. Não dava”, diz João Maria Pegado. Segundo o treinador, Almeida “recusava-se a participar em várias actividades dos treinos” e o jogador “isolou-se do grupo, recusou-se desde o início a tomar banho após os treinos, o que é obrigatório, e também evitou participar nalguns jantares da equipa”. Opinião diferente tem Taylor Gomes, que diz “ter sido sempre bem acolhido por Vítor Almeida”, que até o “ajudou bastante na recuperação de uma lesão”, garantindo que é “um jogador acolhedor”. Taylor acha normal a recusa em tomar banho, pois “as equipas de Macau não têm balneários próprios” e às vezes “têm de ser divididos com outras equipas”, razão pela qual “muitos prefiram ir para casa relaxar”. Face aos jantares, Taylor acha “um argumento falacioso” já que “o Sporting não paga muitos dos jantares (ao contrário de outras equipas) e Vítor esteve sempre nos que o clube pagou”, diz, acrescentando que “para um jogador emigrado, com responsabilidades familiares em Portugal, é natural ter outras prioridades mais importantes do que pagar jantares do bolso só porque o treinador os marcava”. Já Vítor Almeida prefere, para já, o silêncio. “Neste momento não quero falar sobre isso. Direi tudo o que me vai na alma na altura certa. Nunca pensei que passasse por isto e nunca vi isto no futebol. Estou de consciência tranquila e tudo fiz pelo Sporting de Macau e só sei estar de uma forma no futebol e na vida que é respeitar o próximo e ter princípios, mas muitas pessoas desconhecem esses valores”, disse ao HM. Ordens e desordens No comunicado, o SCM aproveitou também para oficializar a desvinculação de Taylor Gomes ocorrida há já algumas semanas. “Foi chamado à atenção no jogo do Benfica e no treino seguinte e teve o descaramento de me dizer que não obedecia a ordens nem dos pais nem dos patrões”, disse João Pegado a propósito do jogador. No caso desse jogo, a ordem era uma técnica de futebol e Taylor terá dito ao treinador para ter calma. O jogador assume as respostas mas chama a atenção para o contexto: “No jogo contra o Benfica, [o treinador] andava descabelado a chamar por mim a toda a hora e, de facto, mandei-o ter calma para que me deixasse jogar futebol.” Após o jogo, diz Taylor, “talvez por não assumir o papel de treinador como deve ser”, terá mandado o treinador-adjunto dizer-lhe que estava aborrecido com ele. “Como não tinha problemas em pedir-lhe desculpa, dirigi-me a ele na primeira oportunidade e ele virou-me a cara”. Depois dessa atitude Taylor confessa ter ficado sem vontade de pedir desculpas mas percebeu que o clima estava estragado mais não fosse por ter ido parar ao banco no jogo seguinte. Numa reunião geral, o treinador terá demonstrado o desagrado, garantindo Taylor ter aproveitado a oportunidade para “demonstrar surpresa por ele ter virado a cara”. Confrontado com a recusa em aceitar ordens, Taylor confirma que o fez, apelando de novo ao contexto. Segundo ele, Pegado perguntou se estaria disponível para acatar ordens. Taylor terá dito “se quiseres dás orientações técnicas, agora ordens não recebo, nem tuas nem de ninguém”, assume. Questionado João Pegado se estas atitudes de indisciplina não teriam sido possíveis de prever antes de contratar os jogadores, o treinador diz que “Taylor já tinha indícios”. “Saiu do Benfica, do Ka I, mas como treinador achei que podia fazer mais dele”, frisa ao HM. Confrontado com estas declarações, Taylor manifesta-se estupefacto: não saiu a mal de nenhum clube, diz, mas sim por opção. Salienta que quando o Sporting foi ter com ele “estava a analisar uma proposta do Ka I mas entendeu que o Sporting seria uma nova experiência”, adiantando ainda ter recebido uma proposta deste clube, na pessoa do treinador Josicler, já depois de representar a equipa leonina, para disputar o Interpor Hong Kong-Macau para os vencedores da “bolinha” dos dois territórios. No caso do Vítor Almeida, José Maria Pegado garante que não tinha essas indicações e foi uma surpresa. “Talvez tivesse sido mal aconselhado. Andava sempre com pessoas de outros clubes”, diz, acrescentando: “quando se apanham boleias para os treinos com um treinador de outro clube, está tudo dito”.
Manuel Nunes EventosCCM | Festival de Artes de Macau ainda mexe A entrar na recta final, o FAM ainda tem muito para dar nestas quase duas semanas que faltam para o encerramento: desde dança contemporânea japonesa a experimentações sonoras com sons do Antárctico, passando por espectáculos de rua. Mas há mais [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]27.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) está prestes a terminar mas nem por isso o seu interesse. Fomos à procura no programa do que ainda está para vir e descobrimos, já nesta sexta-feira, uma “Obssessão”. Assim se chama a famosa obra do coreógrafo japonês Saburo Teshigawara, inspirada na curta-metragem surreal “Un Chien Andalou” de Luis Buñuel. Estreou-se em 2009 no Festival Rock Arte de Saint Brieuc (França) e desde então tem estado em vários festivais internacionais. Teshigawara formou o KARAS, o grupo que apresenta a peça, com Kei Miyata em 1985 com o objectivo de procurar uma “nova forma de beleza” e assim desenvolveu uma nova linguagem artística, uma nova orientação para a dança contemporânea japonesa. Na interacção dos diversos elementos artísticos – música, movimento, belas-artes e filme, os KARAS criam espaços poéticos, em composições de grande sensibilidade escultural. Desejos impossíveis que se tornam realidade apenas através do amor irracional. De Beckett à Antárctida Sentado sozinho no seu pequeno quarto no dia do seu septuagésimo aniversário, um homem prepara-se para fazer uma gravação sobre o seu último ano de vida, um hábito de juventude. Mas antes ouve a cassete gravada há 30 anos, provavelmente o ano mais feliz da sua vida. Assim está dado o mote para “A Última Gravação de Krapp”, a famosa obra de teatro do absurdo de Samuel Beckett e que surge em Macau encenada pelo mundialmente célebre Robert Wilson. Na breve hora que dura esta obra, Wilson apresenta o trabalho de Beckett em meia dúzia de traços simples que pintam uma visão do mundo muito particular e, ao mesmo tempo, universal. E se gravássemos uns sons da Antárctida? E se os combinássemos com música electrónica? E se inventássemos uns instrumentos para que a coisa saísse mais a preceito? Foi precisamente o que Álvaro Barbosa, professor da Universidade de São José, junto com o desenhador de instrumentos musicais Victor Gama fizeram, dando origem a “Viagem à Última Fronteira”. Embarcados numa expedição de dez dias ao Antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 vaguearam pelas ilhas da Península e coligiram gravações áudio e vídeo. Barbosa ainda capturou a beleza natural dos gelos eternos em fotografia que deu origem a um livro. Depois saiu o concerto. O espectáculo apresenta peças musicais tocadas em conjunto por músicos locais e pelo Hong Kong New Music Ensemble, que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos musicais desenhados por ele próprio e no dispositivo de som interactivo (Espanta Espíritos de Cordas Radiais) inventado por Barbosa. Podem também ouvir-se sons gravados na Península Antárctica, colocados para “transportar” o público para a magia natural daquele território. Ar livre ou violino? Para quem gosta de espectáculos de rua, o FAM inclui o que o que a organização designa por uma “caleidoscópica mostra de espectáculos”. Diversidade e emoção são as propostas para a Praça do Iao Hon, com uma série de espectáculos onde se incluem malabaristas, danças tradicionais tailandesas, música ao vivo, teatro infantil e marionetas, durante as três noites do próximo fim-de-semana. Mas a opção também pode ser teatro infantil e aí tem a possibilidade de entrar em “Círculos”, uma produção de Taiwan de Cheang Tong onde a Fundação de Educação dos Oceanos Kuroshio, do mesmo país, surge como consultora. Tudo começa um belo dia quando na biblioteca da zona surge um livro chamado “O Animal Mais Popular”. Assim começa a aventura. A vaca acha que é ela mas afinal são o panda e o golfinho. Curiosa, a vaca decide conhecê-los encetando um périplo à procura do “animal mais popular”. “Círculos” é uma peça criada para inspirar uma reflexão sobre a forma como a humanidade vive, usando o teatro de marionetas, a poesia infantil, livros a três dimensões, música ao vivo, uma exposição interactiva e visitas guiadas. Uma viagem educativa para pais e filhos. Para momentos mais clássicos, não dá para perder Shostakovich segundo o violino da lendária violinista russa Viktoria Mullova. Os concertos de Shostakovich, obras que revelam a influência do pós-romantismo e do neoclassicismo, estão permeados de elementos de discordância e cromatismo do séc. XX e podem ser considerados como uma experiencia singular. Convidada a actuar neste concerto, a Mullova valeu-lhe o título de “Rainha do Gelo” da música. Esta será a sua primeira colaboração com a Orquestra de Macau. Está dado o mote para um evento com diversos horários e bilhetes a preços diversos. Bom fim-de-semana.
Manuel Nunes Eventos MancheteSofitel | Música electrónica “mas não comercial” esta sexta-feira Trazer novos sons electrónicos à cidade fora do circuito comercial é a ideia. Unir pessoas de culturas diversas através da paixão pela música e pela dança, a proposta. A primeira edição desta experiência acontece já esta sexta-feira sábado e conta, para além de vários dos afamados DJs locais, com a presença da portuguesa Sininho, do Porto, uma especialista na combinação de sons da Natureza com música electrónica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]terraço do Sofitel volta à acção com a presença, esta sexta-feira, da DJ portuguesa Sininho, conhecida pela preferência pelo techno e electrónica. O evento, designado por “Contra Cultura – Volume I”, e organizado pelo colectivo local HI-TECH+TRIBE, o Sofitel, a TEK e o estúdio CAOBOX, pretende focar-se apenas no que a organização descreve como música electrónica “cool” e não comercial. Também previstos no elenco estão os DJs locais Kit Leong, Gordon, D’Mond e Hellium, numa festa para “todas as culturas e credos”, diz a organização, que terá ainda um menu de comida incluído. “Nesta pequena e diversa cidade, estamos sempre a tentar fazer algo de novo, à procura de denominadores comuns e a abraçar o desconhecido”, diz a Hi+Tech Tribe, que quer com “contracultura” unir pessoas através de ritmos de dança e a paixão pela música. Veterinária aos comandos Sininho, nome de “guerra” nas lides musicais, é a principal atracção da noite. Além de Dj, é veterinária de profissão e especializada em animais exóticos. Nascida no Porto, onde ainda vive, começou a carreira musical como pianista clássica. Devido ao seu curso em Ciências da Vida (Biologia) começou a procurar “entendimentos” entre a Natureza e o som. Daí que os sons naturais sejam característica do seu repertório. Como produtora de música electrónica, combinar o mundo natural com a música é, para Sininho, a receita para descobrir novos modelos e desenvolver algoritmos de som singulares. Este processo, que tem vindo a ser desenvolvido desde 2015, tem resultado em performances audiovisuais e no projecto “Kobayashi 2001” que explora a codificação ao vivo de som com visuais reactivos. “Contra Cultura – Volume I” acontece na próxima sexta-feira e tem um custo por pessoa de 150 patacas com direito a duas bebidas, sendo que os bilhetes são apenas adquiridos na porta.
Manuel Nunes EventosArmazém do Boi | Organizados Fórum e exposição sobre espaços de arte O Armazém do Boi vai organizar um fórum e uma exposição sobre a teoria da evolução e sobrevivência dos espaços artísticos. Este evento será o primeiro sobre o tema apresentado pelo Armazém do Boi e é participado por artistas e especialistas de Macau, Taiwan e Cantão. Assim, este programa de intercâmbio regional, encetado também pela Estação Huangbian de Cantão, vai contar com a presença de grupos artísticos representativos da Formosa para estudar como os espaços de arte e os grupos independentes se adaptam às mudanças sociais para conseguirem sobreviver. Para discutir o assunto, estarão também presentes representantes de artistas, que vão discutir a evolução dos espaços de arte independentes, numa sessão onde explicarão aos presentes como continuar a melhorar a sua performance e sobre forma de adaptação para sobreviverem. Explorar as ecologias artísticas de cada uma das regiões, discutir outros temas de interesse e a partilha de experiências e ideias é também um dos objectivos do evento. Segundo a organização, Macau, Guangzhou e Taiwan têm intercâmbios artísticos frequentes, apesar de cada uma destas regiões ter suas próprias tendências e processos de desenvolvimento artístico diferentes. Todavia, lê-se ainda no comunicado distribuído à imprensa, nos últimos dez anos o crescimento dos espaços de arte independentes nas três regiões tornou-se um tema da actualidade, ao que não serão alheias as políticas culturais oficiais e a demanda do público. Protagonistas Os oradores serão Frank Lei (Armazém do Boi), Li Xiaotian (Huangbian Station) e Lai Hsin-Lung (Hantoo Art Group). Participam ainda os artistas Bianca Lei, Noah Ng e Cora Si (Armazém do Boi), Catherine Chen, Chen Jialu, Zhongjian Du, Haibin Huang, Jingbin Liu e Zhiyong Li (Estação Huangbian – Cantão) e Lai Hsin-Lung, Yang Jen-Ming, Lu Hsien-Ming e Chang-Ling (Grupo Hantoo Art – Taiwan). “Teoria da Evolução dos Espaços Arte”, assim se chama o evento, é organizado pelo Armazém do Boi e patrocinado pelo Instituto Cultural e pela Fundação Macau e comissionado conjuntamente pela Estação Huangbian de Cantão e pelo Grupo Art Hantoo de Taiwan. A produção é de Gigi Lee, artista e curadora de Macau. O local da exposição é, naturalmente, o Armazém do Boi. Fórum e Exposição acontecem a 21 de Maio estando o início do fórum previsto para as 15h00 e a cerimónia de abertura da exposição para duas horas mais tarde, ficando depois patente ao público até ao dia de 10 Julho. A entrada é livre.
Manuel Nunes Manchete SociedadeConselho do Património aprova nove edifícios para classificação O Conselho do Património Cultural aprovou nove edifícios extra UNESCO que o IC propôs que fossem classificados, sendo que as antigas muralhas da cidade, a antiga farmácia de Sun Yat Sen e a sede do IAS estão entre eles. As obras de recuperação noutro grupo de imóveis foram aprovadas, onde se encontram edifícios da antiga leprosaria [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ove novos edifícios vão integrar a lista do Património Cultural de Macau. Os imóveis foram aprovados ontem naquela que foi a 2ª Reunião Plenária Ordinária de 2016 do Conselho do Património Cultural, que reuniu ontem para discutir a Consulta Pública sobre o primeiro grupo proposto para a Classificação de Bens Imóveis de Macau. A favor da classificação de nove dos dez imóveis propostos no primeiro grupo votaram 16 membros. Assim reuniram parecer favorável do Conselho os Templos Foc Tac Chi do Bairro da Horta da Mitra, da Rua do Teatro , da Rua do Patane) e da Rua do Almirante Sérgio. Também as Antigas Muralhas da Cidade (troço próximo da Estrada de S. Francisco, da Estrada do Visconde de S. Januário e da Igreja da Penha), a Antiga Farmácia Chong Sai, fundada por Sun Yat Sen, a Antiga Residência do General Ye Ting, o Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino e Canil Municipal de Macau e a Casa Azul da Estrada do Cemitério, sede do Instituto de Acção Social, foram também aprovadas. De fora ficou o edifício n.º 28 da Rua de Manuel de Arriaga pois apenas três membros votaram a favor e 13 votaram contra a sua inclusão na lista de monumentos de Macau. A votação foi secreta. Recorde-se que, em Dezembro passado, o IC deu início a um processo de classificação de imóveis considerados de importante valor cultural que não foram incluídos na Lista da UNESCO, daí resultando o primeiro Grupo Proposto para Classificação de Bens Imóveis de Macau. A selecção foi feita com base em sessões da consulta pública, questionários e recolha de opiniões online. Dois milhões em reparações O Instituto Cultural (IC) apresentou ainda uma proposta de edifícios com valor cultural para recuperação em 2016. O documento previa os trabalhos de reparação do muro da entrada do Pátio do Bonzo, de uma das nove casas da antiga leprosaria de Coloane, do edifício das Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor e do Templo Fok Tak da Rua do Almirante Sérgio (Rua da Praia do Manduco), bem como a substituição do sistema eléctrico do Templo de Sin Fong. Estas obras têm um valor estimado de dois milhões patacas. A proposta passou apenas com recomendações dos conselheiros para o controlo razoável dos dinheiros públicos. Caso os orçamentos sejam ultrapassados, o IC terá de apresentar um relatório explicativo ao Conselho.
Manuel Nunes Ócios & Negócios Pessoas“Maggie Chiang”, catering Já apareceu neste jornal pelo seu restaurante “Maquete”, mas agora a aventura desta apaixonada da cozinha conhece uma nova fase: a arte combinada com comida num projecto de catering personalizado ao qual decidiu dar o seu próprio nome [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m serviço de catering, adaptado ao evento a que se destina, combinando arte com comida é algo que não se vê normalmente. Maggie Chiang resolveu dar vazão às suas duas grandes paixões, cozinha e arte, e é isso mesmo que apresenta num serviço muito próprio, quiçá único. “É tudo sobre mim”, diz Maggie, “é um trabalho muito pessoal”. Tudo parte de uma ideia dela ou por solicitação dos clientes. A maioria das suas encomendas provêem de “marcas que pretendem realçar a singularidade do evento”, explica Maggie ao HM. Como exemplo, o lançamento do iPhone rosa da CTM onde, claro, a cor definiu o conceito, ou o de uma exposição de arte com tinta da china onde a criadora usa “tinta de lula e os pratos saíram todos a preto e branco”, como nos conta. Não existe um menu pré-definido. “As pessoas têm de confiar no meu gosto”, diz. “Posso apenas falar em estilos, como canapés, mas o cliente não faz ideia como vai sair”, revela entre risos. O processo é muito semelhante ao de uma obra de arte. Parte de um tema, pesquisa e elabora esboços no papel. “Eu pinto”, explica, “crio imagens e depois tento perceber como aplicá-las na comida.” Um processo de experiência e erro que demora até chegar ao final desejado. Para além disso, “quando se fala de catering”, explica, “tenho de me preocupar com a durabilidade dos pratos, pois todos têm um período óptimo para serem consumidos.” Do papel para o prato “Cozinhar não demora muito”, confessa Maggie, “mas o conceito pode levar entre dez dias a duas semanas para desenvolver”. Até mais, como um mês ou mais de três como foi o caso do “Jantar Contos de Fada”, um projecto artístico concebido para celebrar o dia de São Valentim e desenvolvido em conjunto com Giulio Acconci, artista plástico e músico. A “piéce de resistance” do serviço de catering Maggie Chiang são esses jantares. “Cada prato tem uma história”, revela. “São jantares com uma mensagem positiva por detrás.” O primeiro e único organizado até agora tinha por tema “A Procura do Amor”. Seis pratos, que custaram 850 patacas por pessoa. “Não acho que tenha sido caro e tenho a certeza que foi uma experiência única”. Cada prato era introduzido com uma peça gráfica de Giulio Acconci e ela própria surgia na sala para contar a parte da história até esta ser concluída na sobremesa. “O negócio não vai mal”, garante, “é um nicho, os hotéis fazem alguma coisa mas normalmente apresentam comida em pratos e mais nada. Nem os chefs ‘sobem ao palco’ para ‘desenharem’ no local, como eu faço”, diz. Paixão de criança Desde os seis anos que a paixão culinária a envolve. “Tentava fazer bolos mas a coisa não corria bem. Falhei muitas vezes”, diz a rir-se. Um dia, apareceu uma tia salvadora que a colocou no caminho certo e, aos 11 anos, já dominava a ciência. “Brincava mais na cozinha do que com bonecas”, revela. Acabou a estudar gestão estratégica por pressão do pai que a queria ver ligada aos negócios mas foi sempre fazendo bolos para festas de amigos. O curso levou-a a trabalhar em marketing e publicidade, surgindo depois as relações institucionais do Galaxy. Isso aborrecia-a e começou um part-time como formadora numa escola de cozinha. Cozinha é arte Nunca tirou um curso superior mas assegura-nos que “deve ter mais de 30 certificados de cozinha em casa”, confessa bem disposta. Esgotou os cursos todos em Macau, Hong Kong e Taiwan. Cursos curtos mas onde ia aprendendo técnicas diferentes. “Nunca parei de aprender”, explica. Há dez anos, um curso do IFT de “Cordon Bleu” ministrado por um chefe francês, fê-la perceber que tinha de ir para a Europa estudar. Em 2012 abalou para Turim e depois Paris. Mas foi em Hong Kong que surgiu a revelação ao participar num curso do conceituado chefe italiano Massimo Bottura. “Era um artista”, explica. Dizia-me que cozinhar é arte, forma de expressão pessoal e não apenas know-how”, conta Maggie. Foi o clique. Comida e Arte. As suas duas paixões juntavam-se, finalmente. “Cada prato dele era uma peça de arte”, garante. “O mais famoso chamava-se ‘Cinco Consistências de Parmesão’ um conceito sobre cores, texturas e formas. Uma abordagem muito diferente das técnicas tradicionais de cozinha”, garante. Com tantas influências perguntámos-lhes pela síntese da sua própria cozinha que Maggie garante ser “contemporânea ocidental”, apesar de reconhecer poder ser estreito pois também utiliza técnicas chinesas na preparação. Interessante é a forma como sintetiza as cozinhas: “A italiana”, começa por explicar, “revela o melhor de cada ingrediente. A francesa faz com que a comida pareça decente (risos), a portuguesa são sabores intensos e a Chinesa é a perícia”. Uma equação onde, para ela, até a filosofia e a psicologia entram. “Das texturas à expressão visual tudo afecta a experiência. A disposição dos ingredientes, por exemplo, é crucial para condicionarmos a ordem de ingestão.” Exposição na calha “O meu sonho é produzir uma exposição de comida e arte”, confessa. Estava previsto para o início do ano mas ainda não saiu. “Tenho muito em que pensar”, explica, pois “os pratos têm um tempo para serem ingeridos e quem chegar tarde vai perder o espectáculo”, adianta. Mas isso não chega para desmoralizar. “Existem exposições para serem vistas como as de arte em açúcar”, diz, “mas isto é comida. Tem de ser ingerida, cheirada, experimentada”. A efemeridade desta arte é algo que não a preocupa um pouco, “normalmente, são os comensais a preocuparam-se pois não querem destruir os pratos. Mas eu satisfaço-me com o processo de criação”, remata. E nós com a sua arte. O catering de Maggie Chiang pode ser visto em www.maggiechiang.com
Manuel Nunes DesportoCampeonato Mundial de Vólei regressa a Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]já tradicional “Grande Prémio Mundial de Voleibol da FIVB” volta a Macau de 17 a 19 de Junho. Como estamos em ano de Jogos Olímpicos, é de esperar a presença das melhoras jogadoras de cada equipa, pois o torneio será utilizado pelas selecções como preparação para o Rio de Janeiro. Assim, vamos poder assistir à evolução das equipas femininas da China, Brasil, Bélgica e Sérvia. Em disputa, estará o título de campeã da perna de Macau do circuito. O evento inicia-se com um Brasil – Sérvia seguindo-se o China – Bélgica. No segundo dia encontram-se Brasil e Bélgica e a China com a Sérvia. O último dia de prova trará o embate entre a Bélgica e a Sérvia encerrando com um sempre apelativo China – Brasil. Na apresentação do evento, a organização aproveitou para renovar o acordo de patrocínio com Grupo Galaxy Entertainment. A cerimónia da assinatura do acordo entre o Instituto do Desporto (ID) e o Galaxy Entertainment teve como representantes o Presidente do ID, Pun Weng Kun, e o Director do Galaxy, Philip Cheng. Também presente no acto esteve o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Com este acordo, o Grupo Galaxy Entertainment volta a assegurar o baptismo da prova. Sorteios para apostadores Tal como nas edições anteriores, vai ser organizado o concurso “Estrela do Grupo Galaxy Entertainment”, pelo que os espectadores podem eleger a sua jogadora favorita. Os que acertarem na que for considerada a melhor jogadora do torneio têm direito a participar no sorteio que terá como prémio a acomodação e a alimentação no hotel do patrocinador. A prova realiza-se, como é hábito, no Fórum de Macau e os bilhetes são colocados à venda hoje nas 13 lojas “Circle K” e na página electrónica do evento em www.macauwgp.com. Os preços para um dia são de 150 patacas mas, caso sejam adquiridos para os três dias nas lojas “Circle K” entre os dias 11 e 24 de Maio, saem com 30% de desconto.
Manuel Nunes SociedadeG2E com foco em e-sports e diversificação extra-jogo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), exposição e conferência de entretenimento da Ásia, vai celebrar o seu 10º Aniversário de 17 a 19 de Maio de 2016 em Macau, no Venetian. Esta edição apresenta um alinhamento renovado de eventos com especial enfoque nas oportunidades de networking e aprendizagem, sendo que o plano quinquenal de Macau, nomeadamente a “promoção da a diversificação económica” e o estabelecimento de uma “Plataforma da Regional Cooperação” vão definir os procedimentos da conferência. Assim, a promoção e desenvolvimento do sector “extra-jogo” é um dos destaques, levando em linha de conta o objectivo do Governo de elevar os 6,6% actuais de receitas dos operadores para além jogo para os 9%. Deste modo, para atender à necessidade do Governo e estar a par do que a organização define como “um ambiente em rápida mudança na Ásia”, a exposição vai incorporar mais elementos “não-jogo” este ano, onde se incluem temas como Resorts Integrados (RI) e retalho. Neste capítulo, as conferências vão tentar esclarecer como o retalho tem vindo a trabalhar a par do jogo e da transformação do novos RI. Jogo online Os e-sports também farão parte do menu numa conferência apresentada por Borislav Borisov, COO da Ultraplay, onde se irão explorar tópicos relacionados com este fenómeno em crescendo e até que ponto as apostas poderão possibilitar retornos assinaláveis para os operadores da região. A Zona iGaming vai mesmo ser ampliada para mais do dobro do espaço, em relação à edição do ano passado, do qual 65% será preenchido por novas empresas. Além disso, a cimeira de jogo on-line, que se realizará no último dia do evento, apresentará ideias para a exploração deste tipo de jogo. Também Aaron Fischer, responsável do Departamento de Pesquisa sobre Consumo e Jogo da CLSA, um grupo de corretagem e investimento, dará uma palestra onde irá debater o panorama do jogo na Ásia. As conferências contarão ainda com a presença do Director da Inspecção de Jogos, Paulo Chan, que fará o discurso de abertura sob o tema “Transformações em Condições Mutantes”. O programa inclui também a primeira edição dos Asian Gaming Awards, um evento destinado a reconhecer operadores, reguladores, fornecedores e prestadores de serviços e as suas contribuições para a indústria.
Manuel Nunes EventosMúsica | Michael DeWolfe aka 5ivestar em visita ao território Michael DeWolfe é o cirurgião, 5ivestar o artista. A viver em Chicago, esteve em Macau porque ficou com “a sensação que é uma terra de oportunidades na música, no cinema ou na moda”. A possibilidade de entrar num filme feito em Macau foi outra das razões que o trouxeram até nós mas também espera desenvolver laços com os artistas locais [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]visita foi curta mas o suficiente para deslumbrar este norte-americano que é cirurgião plástico durante o dia e artista pop no tempo que lhe resta. De Macau, para já, leva os prazeres da gastronomia e as vistas do património graças a uma visita guiada proporcionada pela Direcção dos Serviços de Turismo. “Apaixonei-me por Macau. Vejo a cidade como um lugar ainda numa fase de tremendo crescimento na área do entretenimento”, diz o artista, que assegura ao HM que “tem muita satisfação nas duas coisas” que faz na vida. “Não conseguiria viver sem ambas, acho que perderia o equilíbrio. A medicina traz-me o processo científico, técnico, mecânico e a música permite-me criar coisas a partir do nada”. Para já, Michael DeWolfe ainda não tem resultados concretos da visita mas espera voltar em Outubro para participar num filme a ser feito no território e agora em fase de pré-produção. Espera também desenvolver laços artísticos localmente. “Quero trazer a minha música para Macau e colaborar com músicos locais, desenvolver sinergias e iniciar um processo criativo”. Combinar tudo Combinar estilos é a sua grande paixão dando o exemplo de “Cola”, um dos seus últimos temas. “Nunca tinha visto um tema dos anos 50 arranjado como um tema pop e quis experimentar”. Já pronto para lançar está também outro tema do mesmo período onde recria o lendário “Great Balls of Fire” de Jerry Lee Lewis. No futuro espera combinar jazz com hip hop. “Gosto do ambiente de espectáculo de variedades que o jazz aporta”, diz. A música chinesa dos anos 40 ou 60 também pode ser uma possibilidade apesar de ainda não se sentir suficientemente familiarizado com os temas. Nasceu na Califórnia, cresceu na Flórida e foi para Chicago para ser médico mas o ambiente da cidade inspirou ainda mais a sua veia artística. “Chicago é um cenário super urbano”, explica, “cheio de música e arte e isso alimentou muito a minha criatividade”. Estrelas a desaparecer Falámos de influências e Michael confessa que Prince era um dos seus favoritos. “O seu estilo e individualidade sempre me cativaram”, explica. Mas porque o seu som bebe muito no hip hop, Outkast surge como uma das suas principais influências. A maior dificuldade surgiu quando pretendemos saber com quem gostaria um dia de trabalhar. Depois de uma longa pausa, acabou por dizer que “estão todos a morrer (risos)… dos vivos alguém interessante seria o Pharrel porque está sempre a quebrar barreiras”. Aí falámos da ideia que corre de já não existirem estrelas rock. Será apenas mercantilismo, hoje? Michael acha que “existe o perigo de as perder se deixarmos a indústria tomar conta de tudo e decidir o que as massas ouvem, pois o desenvolvimento dos artistas desaparece e ficamos apenas com receitas rápidas de sucesso para repetir ad aeternum”. A esperança reside no mundo da distribuição pois, explica, “os artistas têm mais facilidade de publicarem e distribuírem conteúdos”. Para já, 5ivestar faz a música que lhe apetece. “Tive muita gente a tentar manipular a minha música mas continuo a fazer o que quero. O que sair, saiu. Umas vezes acústico, outras pop. Se sinto que um ‘beat’ mexe comigo vou por aí”, explica. Estado de emergência Michael define-se, acima de tudo, como um escritor. Já escreveu livros, começando pela poesia, fez ‘spoken word’ e passou a MC. Foi assim que um dia surgiu o patrocínio da Nike. “Eles perceberam que a poesia em ‘spoken word’ tinha muito impacto junto da juventude de Chicago e patrocinaram-me para me apresentar nas escolas. Não me marcaram uma agenda de temas, diz-nos, enquanto continuou a falar do que o celebrizou em Chicago: “a desigualdade, a brutalidade policial, o sistema educativo”, apesar de abordar outros temas como as relações amorosas ou textos para inspirar. Entrávamos na mundo da política e quisemos saber a sua visão do que se passa no seu país. “A política americana está em estado de emergência”, diz. “Temos candidatos muito maus e não me consigo rever em nenhum”, confessa. Acha Bernie Sanders transformador mas não acredita que os americanos estejam preparados para tanta mudança apesar de reconhecer o impacto que o candidato tem vindo a exercer junto das camadas mais jovens. “São políticas nunca aplicadas VS coisas que as pessoas conhecem” explica para comparar o senador com Hillary Clinton. “O problema”, diz, “é estarmos a vir ladeira abaixo quando comparamos com Obama. Ele é inteligente, carismático e dominou a cena. Nenhum destes candidatos chega sequer perto”, afirma. O fascínio de reconstruir corpos Da sua prática como médico para a música, o que passa é, diz, a ética de trabalho. “Muita gente pensa que ser artista é fácil, natural, mas todos sabem que em medicina é preciso esforçarmo-nos muito”. Michael confessa aplicar a dedicação que a profissão de médico lhe exige à música também, pois “o divertimento só acontece quando vamos para palco. O resto é muito trabalho, muita dedicação”, garante. Queríamos saber um pouco mais desse seu outro lado na mesa de operações e Michael confessa que o que mais o satisfaz, o que mais o espanta é “tirar um bocado de tecido de uma parte do corpo para aplicar noutra. Quando o tiras, desligas o suprimento de sangue e o tecido está morto. Mas depois voltas a ligá-lo noutra zona e ele volta à vida. Acho isso fabuloso”. Fala-nos ainda que a cirurgia plástica não é apenas fazer pessoas bonitas mas salvar situações graves. “Faço muita reconstrução de seios, ou de maxilares perdidos por causa do cancro. Neste caso, tiro um bocado de osso de uma perna, religo-o na boca, ele volta à vida e a pessoa recupera a cara. Dá-me um grande prazer, a sensação que fiz algo de fenomenal”. Um sentimento semelhante ao que deseja para o seu lado de músico: “ter milhões de pessoas a volta do mundo a ouvirem a minha música e a gostarem dela é o que pretendo. Quero criar um impacto”.
Manuel Nunes Desporto MancheteLiga de Elite | Casa Portugal, 0 – Benfica, 6 Era esperado que o Benfica vencesse e confirmasse o terceiro título consecutivo. Mas não foi propriamente fácil, apesar do resultado. A Casa, muito melhor mobilada do que na primeira volta, viu um penalti claro negado quando resultado ainda estava a zero e o seu defesa central expulso. Também por isso, na segunda parte só deu Benfica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Benfica entrou disposto a mandar no jogo logo com uma sequência de dois cantos e a Casa de Portugal com dificuldades para afastar a bola da área. Aos cinco minutos era anulado um golo ao Benfica por fora de jogo assinalado ao autor do remate, Alison Brito, após uma defesa incompleta de Wa Si Lei em resposta a um remate de fora da área. As equipas apresentavam um esquema táctico semelhante com ambas a recorrerem a um pivot defensivo bem destacado à frente dos centrais como era o caso de Abdul Turay na Casa Portugal e Cuco na equipa do Benfica. A principal diferença eram os avançados, dois avançados para a Casa e três para o Benfica. Depois do gás inicial, o Benfica abrandou os processos e a Casa de Portugal ia respondendo em contra-ataque. Aos 12 minutos acontece o caso do jogo ficando por assinalar um penálti claro contra o Benfica por mão de Cuco na área. Apesar do contratempo, a Casa continuava a mostrar que não estava ali para servir de bombo da festa encarnada e ao quarto de hora Nicolas Friedmann surgia isolado frente ao guarda-redes do Benfica rematando à figura deste após uma boa solicitação de um passe em profundidade de Alejandro Velasco. Até aos 20 minutos de jogo a Casa de Portugal continuou a tentar a sua sorte com especial destaque para mais um passe de Velasco para a corrida de Nicolas que, mais uma vez isolado, entrava pelo lado esquerdo da área mas rematou demasiado alto. Apesar destes lampejos da Casa, o Benfica continuava a ter mais posse de bola. Faltava-lhe era a objectividade para chegar com perigo à baliza de Wa Si Lei. Só perto da meia hora o Benfica voltaria a rematar, após um centro primoroso de Chan Man, que resultou num ressalto para entrada na área onde surgiu Filipe Aguiar a rematar muito por cima da baliza. Passava pouco da meia hora de jogo quando surgiu o primeiro golo do Benfica numa jogada onde nada o faria prever. Um centro para a área da direita para a esquerda onde chegou Alison Brito a cabecear em balão para a baliza. Wai Si Lei “fiou-se na virgem” ficando à espera que a bola fosse ter com ele em vez de ele ir ter com a bola e o Benfica inaugurava o marcador. Chegava o minuto 42 e com ele a expulsão de Carlos Carvalho, defesa central da Casa de Portugal, por acumulação de amarelos. Carvalho estava a ser fundamental no eixo da Casa e a sua expulsão mudou claramente o rumo aos acontecimentos. Ainda assim, a Casa Portugal viria a dispor de mais uma oportunidade para marcar mas o remate de Nicolas viria a sair ao lado. Mesmo a terminar a primeira parte o Benfica voltava a dar um ar da sua graça com um falhanço incrível de Leo a disparar por cima da barra. E a Casa desabou A segunda parte viria a ser completamente diferente da primeira. Reduzidos a 10 unidades os “caseiros” não tiveram alternativa senão recuar Nicolas para suster as investidas de Filipe Aguiar pela esquerda, deixando apenas Velasco muito isolado na frente. Ainda assim, pouco após o apito inicial, Aguiar escapava-se lançando um cruzamento perfeito que acabaria com um remate ao lado de Nicky Torrão acabado de entrar. Mais um minuto decorrido, outra jogada rápida e de novo Nicky já dentro da área a falhar o alvo. O Benfica surgia muito mais solto com jogadas de melhor recorte técnico, talvez moralizado pelo facto de estar a jogar contra menos um e beneficiado pela Casa de Portugal ter desistido de contra-atacar. Os remates do Benfica sucediam-se e adivinhava-se o segundo golo a qualquer momento. A equipa encarnada também parecia em melhores condições físicas do que o oponente. Aos 46 minutos, Alison Brito falhava uma tentativa de chapéu e, logo a seguir, Leo quis mostrar como era “chapelando” Wai Si Lei. A Casa de Portugal não conseguiu tirar a bola da área e Leo surgiu rápido do lado direito quando a defesa da Casa já se preparava para correr para o ataque. Passou-se quase um quarto de hora sem história até que aos 58 Leo elevava o marcador. Cinco minutos depois, uma jogada rápida com uma bela combinação ao primeiro toque entre três jogadores do Benfica resultava no quarto golo da equipa encarnada marcado por Nicky e com o passe final a pertencer a Leo. A Casa defendia-se como podia e praticamente não atravessava o meio campo. Aos 68 minutos o Benfica viria a aumentar a contagem para a mão cheia, com o segundo golo de Nicky numa jogada em que a Casa voltava a ser apanhada em contrapé ao subir cedo demais e permitindo a desmarcação do avançado encarnado que assim surgiu isolado na cara do guarda-redes. A meia dúzia aconteceria ao minuto 74 pelo capitão das águias, Filipe Duarte, a cabecear com sucesso após duas defesas incompletas de Wai Si Lei. A partir daí bastou ao Benfica gerir o jogo e esperar pelo apito final pois a Casa há muito que tinha sido abandonada pelo espírito. Henrique Nunes, treinador do Benfica – “Não pensava que fosse tão fácil” Naturalmente feliz após o jogo, Henrique Nunes começou por dizer que “não pensava que as coisas se tornassem tão fáceis “pois tínhamos equipas fortes na liga como Sporting o Ka I e o Monte Carlo”, elucida. “Um percurso 100% vitorioso até ao momento”, que o treinador do Benfica fez questão de destacar, desvelando o que terá sido o segredo sucesso encarnada pois, disse, “apostámos muito no mesmo 11 de início nos jogos e isso foi-nos dando uma estabilidade muito grande”. Ser campeão de Macau tem um sabor especial para Henrique Nunes pois, disse “tinha a responsabilidade manter um clube bi-campeão na senda de vitórias” mas, especialmente, “por ter sido a minha primeira experiência a trabalhar fora do país” destacando ainda o mérito de o Benfica apenas ter concedido um golo nas 15 jornadas até agora disputadas. Em relação ao futuro, quisemos saber se continuará à frente dos destinos da equipa na próxima época e Henrique Nunes remeteu a decisão para a direcção do clube explicando que “o meu contrato é só até à AFC”, confessou. Da parte dele sente-se motivado apesar de “os primeiros dois meses terem sido muito difíceis”, revelou. Mas agora sente-se mais adaptado, “mesmo em termos de trabalho”, explica, pois já começa a estar acostumado às dificuldades que, reconhece, “são iguais para todos”.
Manuel Nunes EventosCabo-verdiano Sérgio F. Monteiro na Livraria Portuguesa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Livraria Portuguesa anuncia a presença hoje do escritor cabo-verdiano Sérgio F. Monteiro, naquele espaço. Num comunicado à imprensa divulgado em Inglês, a livraria explica que o autor vai apresentar o seu primeiro livro, intitulado “Other American Dreams”, uma história sobre traição como último recurso espoletada pela descoberta de 12 corpos torturados num barco de pesca senegalês. São migrantes africanos, vem-se a descobrir, facto que motiva uma investigação policial levando-nos a um mundo de corrupção e de gangues ligados ao tráfico de narcóticos. O cenário é Cabo Verde e a cultura emergente de gangues chegados ao arquipélago, constituídos por deportados cabo-verdianos dos Estados Unidos. Um trabalho de investigação sobre a desintegração da unidade familiar, um dos principais factores por detrás da crescente taxa de criminalidade naquele país. “Queria explorar as motivações que fazem as pessoas saírem das suas casas deixando tudo o que lhes é familiar e amado para trás, para arriscarem as vidas em barcos rudimentares e mal comandados para demandarem a terras estranhas onde têm de começar tudo do zero”, diz o autor. Sérgio, que foi criado em Washington e posteriormente em Hong Kong, diz ter-se sentido muitas vezes como observador externo, olhando de fora para dentro para as comunidades entre as quais viveu incluindo a sua própria. Crescer no mundo do protocolo internacional e diplomacia conferiu-lhe “uma perspectiva única da geopolítica, política externa e de relações raciais, e a consciência de que o instinto humano procura sempre uma vida melhor”, garante. Uma história onde o autor pretende contar “as histórias de muitos migrantes que, de outra forma, nunca seriam ouvidas”, explica ainda. Um assunto actual que pode ser debatido ao vivo e em directo com o próprio autor, hoje, na Livraria Portuguesa a partir das 18h30. A entrada é livre.
Manuel Nunes EventosAgnes Lam lança livro sobre passado da imprensa de Macau Agnes Lam arregaçou as mangas e pôs-se a investigar a história da imprensa em Macau. O resultado vai obrigar a mudar os livros de história: revelações como o território ter sido berço para o primeiro jornal chinês de sempre e de que o primeiro jornal de Macau afinal não foi “A Abelha da China” são feitas no novo livro, lançado ontem [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Esta descobertas obrigam a que vários pontos da História contemporânea chinesa tenham de ser modificados”. É assim que Agnes Lam apresenta a sua mais recente obra, o livro “The Begining of The Modern Chinese Press History/Macau Press History 1557-1840”, ontem lançado. O estudo da professora de Comunicação da Universidade de Macau reporta-se a um período de 300 anos entre 1557 a 1840. Esta época marca o princípio da história conhecida de Macau, o da chegada e estabelecimento dos portugueses e a declaração de guerra da Grã-Bretanha à China, o chamado período Pré-Guerra do Ópio. Neste trabalho, ontem apresentado em Pequim, a autora revela que o primeiro jornal moderno não foi, como se julgava até agora, o semanário português “Abelha da China” mas sim um diário, também português, chamado “Iníco do Diário Noticioso” lançado em 1807. De qualquer forma, garante Agnes Lam, o “Abelha da China continua a manter o crédito de ter sido a primeira publicação a ir para a estampa na História de Macau por razões políticas.” “Antes disso”, explica ao HM, “todas as publicações de Macau eram apenas resultado do trabalho missionário das ordens religiosas cristãs ou fruto da necessidade de intercâmbio cultural”. Primeiro jornal chinês Já se sabia que, para os historiadores, Macau foi o local de nascimento da moderna imprensa chinesa. O que não se sabia era que o primeiro periódico também tinha sido lançado em Macau. Chamava-se “Tsŭ-wăn-pien” e foi fundado por Robert Morrison. Este missionário protestante inglês esteve mesmo, segundo a autora, na origem da história tipográfica moderna do território, tendo produzido várias publicações em tipos móveis ocidentais para além de várias outras na impressão tradicional chinesa com blocos de madeira. Por estes factos agora revelados, a autora alega mesmo que a história da impressão em Macau no período compreendido entre 1822 e 1807 tem de ser revista. De acordo com Agnes Lam, “as imensas publicações de Morrison tiveram uma grande influência na História das publicações em Macau e da China e tal facto não tinha sido registado pelos investigadores até agora”, frisa ao HM. A imprimir desde 1588 As primeiras publicações, todavia, já vêm de longe. Segundo a autora, o início da História das publicações em Macau está directamente ligado ao trabalho dos missionários jesuítas. As primeiras registadas ainda foram produzidas segundo o método tradicional chinês de impressão com blocos de madeira e efectuadas pelo padre jesuíta Michele Ruggieri. O legado inclui panfletos chineses e vocabulários romanizados. Contudo, explica a académica, “os jesuítas trouxeram para Macau a primeira impressora de tipos móveis alguma vez presente em solo chinês e com ela imprimiram o primeiro livro no ano de 1588”. Neste livro agora publicado por Agnes Lam, para além de acertar os registos históricos, a autora também faz análises de conteúdo tendo descoberto, entre outros factos, que “o formato das notícias publicadas em Macau no século XIX foi mais tarde herdado pela maioria dos jornais chineses no continente”. Além disso, a autora revela ter descoberto “alguns factos interessantes sobre como as pessoas se apaixonavam por drama e algumas histórias políticas brutais passadas na China continental”.
Manuel Nunes Manchete SociedadeColoane | Plano de Manuel Vicente mantinha verde, fauna e flora. Arquitectos alertam para actual destruição Existia um plano para Coloane tão detalhado que pensava na construção, na natureza, na fauna e na flora. Mas, apesar de ter sido pedido pelo Governo, nunca saiu da gaveta. Agora, o desenvolvimento em forma de cimento alastra-se pelo único pulmão da cidade, “comendo aqui e ali”. E o futuro? [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]antes, o caminho fazia-se por mar. Em Coloane, as estradas não existiam e os moradores carregavam produtos para trocas comerciais em caminhos íngremes como o de Seac Min Pun, que atravessava a ilha de leste a oeste. O caminho mantém-se, com o título de “antigo”, e é descrito como um local a visitar pela sua “nostalgia” e “história”. Mas, o que resta desse Coloane antigo? Nostalgia parece ser a palavra de ordem quando se olha agora para o único pulmão verde de Macau, mas de uma coisa não há dúvidas para arquitectos e urbanistas contactados pelo HM: a ilha tem de manter-se verde, até pela nossa sanidade. E até já houve um plano – pedido pelo Governo e entregue às Obras Públicas – que nunca saiu da gaveta. “Coloane deveria ser sempre considerado com uma alternativa à elevada concentração urbana do resto do território”, começa por frisar Diogo Teixeira, arquitecto e docente na Universidade de São José, que deixa até uma ideia para aquele lugar. “Deveria considerar-se Coloane como uma espécie de alternativa e lançar um concurso internacional para planear aquele território. Hong Kong tem o mesmo problema de Macau – a ocupação de espaços, apesar de ter mais espaços verdes – mas está a apostar, por exemplo, no espaço de West Kowloon Cultural District que, em vez de ser mais uma zona massificada de construção ‘a Lagardère’, tem um objectivo específico e para o qual foi lançado um concurso internacional onde participaram os melhores ateliers de urbanismo e arquitectura do mundo.” O plano de Manuel Vicente “O concurso foi ganho e depois o plano foi desenvolvido ao pormenor, com desenvolvimento das zonas naturais. A natureza era preservada, estudada. Existia essa intenção. O plano já acabado foi entregue em 1995. Mas a partir daí embargou. Foi aprovado, não havia razões para que não fosse, mas nunca foi homologado”, explica João Palla. O projecto, garante, teve uma equipa multidisciplinar a desenvolvê-lo com pessoas da áreas da Geografia, como era o caso de Jorge Gaspar, arquitectos paisagistas, sociólogos. Nada terá ficado de fora: o projecto contava até com botânicos e biólogos. O motivo? “Coloane encerra uma grande diversidade de fauna e flora. Algumas das espécies vegetais lá existentes são mesmo raras”, explica o arquitecto. Até a China A combinação da construção com a natureza é uma das maiores tendências na China continental. É que, como explica Ana P. Santos, arquitecta urbanista sénior da ‘BLVD International’, uma das maiores empresas de design da China, “o desenvolvimento tem obrigatoriamente de seguir esse caminho. O património edificado é importante”, indica, “mas com calma”. “Do que me parece de Macau, o desenvolvimento está a ser caótico e sem qualquer tipo de intenção e isso leva-me a pensar que não será a melhor opção, porque olhando para a cidade como está, já existem muitos ‘landmarks’. Como visitante e urbanista, o facto de ser uma colina verde é um valor acrescentado da área e como já existem muitas referências arquitectónicas o que podia ser explorado é o de ter [Coloane] a funcionar como um pulmão verde porque o ar em Macau é irrespirável e qualquer dia não existem locais de relaxe”, explica ao HM, acrescentando que a questão ecológica é “fundamental”. Olhar para as regiões vizinhas é uma das políticas do Executivo. Também aqui poderia sê-lo, até porque Hong Kong surge novamente como exemplo. “As áreas verdes são perfeitamente intocáveis. Mas existem outras referências como Berlim. Um caso típico de estudo em urbanismo, por ter uma estrutura verde, intocável, à volta do centro da cidade. Não há político que possa mudar isso porque o plano foi desenvolvido considerando diferentes fases de crescimento urbano. E funciona”, assegura-nos Ana, que diz que também Chengdu, na China, está a avançar com “planos gigantes neste sentido”. Chengdu que, adianta, “se aproxima mais das diferentes problemáticas de Macau.” Ao HM, a arquitecta urbanista admite que o conceito mais falado hoje em dia é o de “sponge city” – defende-se que a cidade, para ser sustentável, terá de reter, armazenar, drenar e purificar água de acordo com as necessidades. Algo que, mais uma vez, se poderia adaptar perfeitamente a Coloane. “Podia ser uma forma mais informada de defender a manutenção dessa zona verde, visto que a água que Macau consome vem toda de Zhuhai. Em todo o mundo, incluindo na China, o modelo a atingir é [esse]. Macau está a passar ao lado disto tudo e continua a querer apostar em métodos retrógrados, que não contribuem em nada para a vida das comunidades. Temos mesmo de questionar o tipo de cidade que Macau quer ser.” Valor patrimonial? Na península, o valor patrimonial de certos prédios – como o Farol da Guia – tem levado à suspensão de obras, como prédios que, se nascerem, vão tapar a vista. A pressão veio dos residentes, mas também da UNESCO. E tudo por causa do património mundial da humanidade. Em Coloane, a classificação “patrimonial” dependeu apenas do próprio Governo e resume-se à Capela de São Francisco Xavier e, no futuro, aos estaleiros de Coloane, onde eram construídas embarcações. O mar está, e sempre esteve, ligado ao único pulmão verde do território e é isso que faz com que a ilha tenha, de facto, valor patrimonial. Nem que seja pela sua história, que fala de coisas que se descritas em qualquer conto infantil encantavam. “Tem um valor de património natural, paisagístico e cultural. Há muita coisa ali. A gruta dos piratas, os estaleiros, a vila das palafitas… Há um valor cultural ameaçado por tudo isto”, diz João Palla ao HM. Na memória de quem sabe um pouco sobre Coloane ficam as histórias dos primeiros colonos, pescadores vindos da China, e de como este era um esconderijo perfeito para os piratas que saqueavam os navios carregados de tesouros. A ilha não é só para turistas. E também não é só para o imobiliário que nasce sem respeito – como se depara mal se entra em Coloane. “Aquilo não é uma entrada, é uma parede. Uma pessoa chega e não recebe a natureza que é a característica de Coloane. A zona destinada para construir habitação e outras edificações era a da Concórdia, um aterro, por isso propícia para conter este crescimento em altura e não competir com a montanha que é o que está a acontecer”, explica João Palla ao HM, recordando o projecto de Manuel Vicente. Primeiro veio Seac Pai Van, “um exemplo claro de uma grande destruição”, depois veio o The XIII e “até o hospital já vai montanha acima”. Agora, Macau depara-se com a possibilidade de nascer um empreendimento de luxo colina acima, na Estrada do Campo, e cujo terreno “está já entaipado”, como se pode ver quando chegamos a Coloane. A construção era inevitável já nos anos 1990 mas, como recorda João Palla, “os limites estavam estabelecidos e toda a gente sabia com o que contar”. Não seria muito cómodo para quem tivesse aspirações para crescer mais, diz o arquitecto, “mas tinha consolidado estes perigos iminentes que agora ameaçam comer aqui um bocadinho e depois outro ali”. Também Ana P. Santos assume que é “altamente provável que comprometa o futuro, se não existir uma estratégia” para o pulmão de Macau. Até porque, assegura, “o modelo de desenvolvimento que o processo de urbanização em Coloane representa está ultrapassado”. Que futuro? A equipa que trabalhava ao lado de Manuel Vicente na concepção do plano desenvolveu “um trabalho profundo” para perceber o que significava Coloane. “Havia lugar para a natureza e para o desenvolvimento”, garante João Palla, que acrescenta que “incluía também um projecto de consolidação da vila de Coloane e da aldeia de Ká Ho, para tentar reabilitá-las e consolidar o seu pequeno crescimento.” Mas nunca saiu da gaveta. “Não sei porquê. Politiquices locais, por certo. A própria Administração tem culpas no cartório porque nunca foi capaz de homologar o plano. Provavelmente terá havido pressões. Não foi homologado, nunca seguiu, nunca chegou ao público”, frisa João Palla. Para o arquitecto é “uma tristeza” não existir um plano a partir do qual as pessoas se possam guiar e saber com o que contam daqui a dez ou 20 anos, de forma a que, pelo menos, pudéssemos “evitar andar todos os dias com o coração nas mãos sem saber o que vai acontecer a seguir”. Com o plano do arquitecto Manuel Vicente a ideia era estabelecer Coloane como pulmão da cidade, “pois já na altura sofria pressões urbanísticas muito fortes e essas tiveram de ser reflectidas no plano”. A forma que se encontrou de fazer face ao advento do betão foi concentrar tudo num lugar, deixando a restante ilha salva. Casinos e hotéis ao lado da praia de Hac Sá, por exemplo, à imagem de lugares como Monte Carlo”. Para preservar o verde, o acesso seria feito por um túnel que partia do istmo directo para a praia, num percurso de cinco minutos. Em Hong Kong as regras são mais rígidas, há planos e as pessoas têm mais consciência, desabafa João Palla, que não tem dúvidas: Coloane muda a cada dia. “Esta é uma história triste e as repercussões, os danos, estão aí à vista. Ká Ho está transformado numa zona industrial estaleiro. Há mais um túnel para zona da CEM que não se percebe para quê, [para] uma prisão gigantesca? Não há paciência”, atira. Ainda se lembra de Coloane? Pela sanidade mental [dropcap style=circle’]A[/dropcap]importância da preservação de Coloane não se fica apenas pela necessidade de manter a história. A saúde física e mental é outros dos aspectos a ter em conta e que são apontados por psicólogos ao HM. “A falta de espaços verdes é um dos factores que afecta as pessoas, com pressão. Pelo ângulo da Psicologia, o desporto é a melhor forma de aliviar a pressão, mas em Macau existe pouca natureza e os jardins não são suficientes para a alta densidade populacional da cidade. Quanto maior a densidade, menos qualidade de vida, incluindo o estado mental das pessoas”, começa por dizer Andy Chan, director da Sociedade de Pesquisa de Psicologia de Macau. Questionado sobre se considera importante preservar a actual situação de Coloane, Andy Chan considera necessário primeiro analisar a taxa de utilização de espaços na ilha, para saber se os residentes de Macau procuram actividades em Coloane. Mas não descarta a importância do local. “Ter um ambiente verde maior como Coloane, é bom para desporto e aliviar a pressão. Se o Governo promover mais actividades nos espaços ecológicos, pode ensinar preservação às crianças.” Também Kay Chang, professora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais da UM, investigadora do bem estar psicológico da população, é peremptória. “Tal como o planeta precisa de selvas para se purificar, as pessoas necessitam de espaços recreativos ao ar livre para limparem a mente e manterem níveis de bem estar geral”, frisa ao HM. “A destruição das zonas mais acessíveis e familiares de Coloane terão um impacto maior. As pessoas de Macau não apreciam o suficiente o ar livre e as zonas verdes de Coloane, algo que o Governo poderia encorajar.” Seria “excelente” se o Governo e/ou ONGs explorassem o conceito de desenvolvimento que, “em vez de urbanização como é normalmente entendido”, diz Kay Chang, manifestando como essencial “a criação de espaços para caminhar e andar de bicicleta à volta de Coloane para as pessoas poderem ter períodos de limpeza mental.”
Manuel Nunes PolíticaComissão conclui processo de análise de congelamento de bens [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) deu ontem por concluído o processo de discussão da proposta de lei do Regime de Execução de Congelamento de Bens e prevê que o processo esteja concluído até Agosto. “Ainda tínhamos algumas reuniões agendadas mas vão ser canceladas”, disse à imprensa Kwan Tsui Hung, deputada e presidente da Comissão, para explicar que o processo foi concluído. A bola está agora do lado do Governo que levou como trabalho de casa a revisão de algum articulado que “suscitou algumas questões técnicas aos deputados já que se trata de uma matéria muito complexa”, como frisou a deputada. O processo é vital para a imagem da RAEM no exterior já que esta iniciativa legislativa do Governo parte de sucessivas resoluções adoptadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no âmbito do combate ao financiamento ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição maciça e que o Governo Central tem vindo a ordenar que seja aplicado em Macau. As Nações Unidas vão avaliar no próximo mês de Agosto se Macau tem, ou não, legislação apropriada para o efeito. Questionada sobre se a RAEM poderá ter a lei até lá, Kwan Tsui Hung começou por dizer que esperava ainda este ano, mas que tudo dependeria da celeridade do Governo na produção da nova redacção do articulado. Contudo, após insistência do HM, Kwan Tsui Hang acabou por confessar que, apesar do Governo não ter dado prazo para o novo texto, tudo deverá estar pronto antes de Agosto, para que a proposta possa subir a plenário da AL e ser aprovada a tempo. Lista de cá e lista de lá Não existindo discrepâncias entre a AL e o Governo, a principal preocupação manifestada pelos deputados foi a da salvaguarda dos direitos dos futuros “congelados”, o que se espera que seja resolvido com a nova redacção de alguns dos artigos. Existem dois tipos de listas: a específica, emitida pela ONU e que não tem direito a recurso junto do Governo, e a que for elaborada pelo Executivo fruto de investigação das Forças de Segurança locais. Neste caso, a lei de Macau será aplicada e o visado tem direito a recurso. No caso da lista específica emitida pela ONU, o recurso é apenas passível junto daquela organização e caberá apenas ao Governo a confirmação de identidade dos suspeitos. Em caso afirmativo, os bens serão congelados por um período máximo de dois anos podendo a medida ser renovada por mais um. No caso de os visados surgirem na lista por indicação de investigações efectuadas pela própria RAEM, serão anunciados ao Governo Central que, por sua vez, os apresentará à Assembleia Geral da ONU.
Manuel Nunes BrevesSalários descem por falta de obras O salário diário médio dos trabalhadores da construção desceu 1,8%, com um valor nominal de 779 patacas, devido ao abrandamento do ritmo de trabalho das obras de construção de grande envergadura no Cotai face ao trimestre antecedente. A informação é divulgada pela Direcção de Estatística e Censos (DSEC). O salário diário médio dos trabalhadores da construção residentes correspondeu a 990 patacas, menos 1% em termos trimestrais, enquanto o dos trabalhadores da construção não residentes atingiu as 653 patacas, menos 2,2%. O preço dos materiais de construção, por seu lado, subiu com o preço médio do betão pronto a chegar às 827 patacas por metro cúbico, mais 2,9% em termos trimestrais. Esta tendência de subida regista-se desde há nove trimestres consecutivos.