Economia | Secretário acredita que situação está a estabilizar

Em Dezembro, as receitas do jogo ficaram abaixo da média mensal de 10,83 mil milhões de patacas necessária para que as previsões para 2021 sejam cumpridas. Lei Wai Nong desvalorizou esse aspecto e pediu paciência, referindo outros dados mais positivos

 

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, acredita que a situação económica está a estabilizar e aponta que em 2020 houve mesmo menos encerramentos de lojas do que em 2019. As declarações do governante foram prestadas ontem à margem de um evento de tomada de posse dos órgãos sociais da Associação de Macau de Recursos Humanos da Grande Baía.

“Acho que estamos a ver a situação a ficar estável e depois vai haver espaço para melhorias na economia de Macau. Quanto ao número de turistas, se não houver um aumento, esperamos que eles possam permanecer mais noites em Macau, porque isso vai fazer com que haja um maior consumo”, afirmou Lei. “Desde 6 de Novembro e até agora que já houve 105 mil reservas de quartos, através do plano de incentivo da vinda de visitantes a Macau”, acrescentou.

Em relação aos números das receitas do casino, o Governo estima que ao longo deste ano as receitas sejam de 130 mil milhões de patacas. O valor pressupõe uma média de 10,83 mil milhões de patacas por mês. Contudo, em Dezembro o montante foi de 7,82 mil milhões, que fica abaixo das previsões. Sobre este aspecto o secretário pediu paciência: “Ainda estamos no primeiro mês e depois faltam mais onze meses”, constatou.

Lei Wai Nong recusou ainda que se esteja a verificar uma onda de encerramento de estabelecimentos comerciais e fez a comparação entre 2020 com 2019. “Em 2020 houve uma redução de 30 por cento no encerramento de lojas em comparação com 2019. Também em 2020, houve cerca de 11.825 lojas a iniciarem as operações no mercado local, o que é um aumento ligeiro de 1,2 por cento, face a 2019”, sustentou.

Apesar disso, o Executivo diz ter disponíveis 22 mil milhões de patacas para apoios ao longo deste ano. O montante incluiu o valor do cheque de comparticipação pecuniária.

Erro de comunicação

Também ontem, Lei Wai Nong afastou o cenário dos jornalistas não terem sido informados sobre a realização da reunião do Conselho Permanente de Concertação Social devido à sensibilidade dos temas discutidos, como o valor do salário mínimo. “Acho que foi um problema de comunicação, técnico, que levou a que não fossem convidados”, indicou “Claro que não [se tratou devido à natureza da discussão]”, acrescentou quando questionado.

Nas mesmas declarações o secretário para a Economia e Finanças concretizou também uma data para o funcionamento do agregador de pagamentos electrónicos, Simple Pay. “A esperança é que o Simple Pay entre em funcionamento no mês de Fevereiro”, apontou.

 

Elogios a Leong Man Ion

Na quarta-feira foi tornado público que Leong Man Ion tinha deixado a posição de subdirector da Direcção de Inspecção de Coordenação de Jogos (DICJ) e pedido uma licença sem vencimento de longa duração. Ontem, Lei Wai Nong afastou qualquer polémica e elogiou o desempenhou de Leong. “O subdirector demitiu-se do cargo por motivos pessoais e pediu uma licença sem vencimento. Nós respeitamos os seus motivos e agradecemos muito o trabalho que fez”, afirmou o secretário.

8 Jan 2021

Pagamento electrónico | Governo prepara agregador de sistemas

A plataforma Simple Pay foi apresentada na terça-feira a um grupo de comerciantes e, segundo os planos apresentados, deve começar a operar até ao final de Março

 

O agregador de pagamentos electrónicos promovido pelo Governo chama-se Simple Pay e foi apresentado esta terça-feira, numa sessão promovida pela Autoridades Monetária de Macau (AMCM) com comerciantes. Segundo as explicações avançadas na sessão, citadas pelo jornal Ou Mun, quando o novo sistema entrar em vigor os comerciantes apenas vão precisar de actualizar o software dos equipamentos já disponíveis.

As explicações dadas na terça-feira, apontam mesmo para uma primeira fase em que a implementação do Simple Pay deve decorrer sem grandes sobressaltos para os comerciantes, uma vez que vai haver uma actualização dos programas terminais de pagamentos, para permitir ler os códigos QR de todas as diferentes plataformas e aceitar os respectivos pagamentos.

Na sessão de terça-feira, o representante da AMCM afirmou igualmente que as instituições financeiras já começaram a contactar os comerciantes de forma a que as actualizações possam ser feitas. Quando os equipamentos estiverem prontos a receber o Simple Pay, será colocado um autocolante para que os clientes sabiam que todos os tipos de pagamento ali serão aceites.

O Simple Pay vai aceitar pagamentos de UePay, LusoPay, MPay, Tai Fung Pay, AliPay, ICBC Epay, o sistema de pagamento electrónico do Banco da China, entre outros, e outras plataformas que venham a ser lançadas no futuro.

Mais clientes

Na sessão de esclarecimentos a cerca de 100 proprietários de estabelecimentos comerciais, os representantes da AMCM defenderam o Simply Pay com a maior conveniência para todos de um sistema único de pagamentos.

Porém, além da conveniência, a AMCM apontou ainda acreditar que a ferramenta vai contribuir para ajudar os estabelecimentos comerciais a alargar os grupos de clientes e a incentivar o consumo, elevando o volume de negócio. Segundo o regulador, o Simple Pay vai ainda permitir que os estabelecimentos apenas tenham um terminal de pagamento, que permite inclusive servir pessoas do Interior, o maior mercado de turismo da RAEM.

Neste momento, ainda não há uma data para a entrada em funcionamento do sistema através do código QR, mas o Governo acredita que o lançamento vai acontecer até ao final de Março, ou seja no primeiro trimestre deste ano.

7 Jan 2021

Clínica Malo | BNU tenta obter 4,6 milhões de patacas com venda de bens

Em Setembro de 2019, o Grupo Malo tinha uma dívida de 61 milhões de patacas ao Banco Nacional Ultramarino. A instituição bancária está a tentar recuperar parte do montante com uma venda de bens arrestados

 

O Banco Nacional Ultramarino espera obter pelo menos 4,6 milhões de patacas com a venda de material médico, e não só, que foi arrestado ao grupo Malo e outros credores. O processo da execução vai ser feito através de propostas por carta fechada e está a ser publicitado no portal dos tribunais da RAEM.

Em Setembro de 2019, o Grupo Malo tinha uma dívida de cerca de 6,9 milhões de euros ao BNU, o equivalente a 61 milhões de patacas. Foi esta a informação avançada na altura pelo jornal português Público.

Os bens que vão ser vendidos através da justiça devido à acção do BNU não estão apenas em nome do Grupo Malo, entre os executados do processo judicial constam ainda as empresas Pacífico – Cuidados de Saúde, S.A., Sui Feng Investimento Sociedade Limitada, JPS – Sociedade Unipessoal, Limitada e José António Ferreira Peres de Sousa. A empresa Pacífico – Cuidados de Saúde, S.A. era a detentora da licença médica que mais tarde seria suspensa.

As propostas para aquisição dos materiais podem ser apresentadas até 8 de Fevereiro, no edifício do Macau Square, onde funciona parte do Tribunal Judicial de Base, pelas 17h45 e a venda vai decorrer no dia seguinte, às 11h.

A lista de material que está a ser vendida é extensa e nesta encontram-se, entre outros, aparelhos de esterilização hospitalar de Steelco, máquinas de lavagem de material cirúrgico, várias marquesas, desfibrilhadores, frigoríficos, máquinas para medir sinais vitais, entre outras. No entanto, o material não é apenas médico e entre os bens pelos quais é exigido 4,6 milhões de patacas há ainda vários computadores, impressoras e mais de 54 sofás.

Suspensa e encerrada

Foi em Novembro de 2017 que os Serviços de Saúde anunciaram que a licença da clínica Taivex/Malo, então a operar no casino The Venetian, tinha sido suspensa, por seis meses. A justificação do organismo liderado por Lei Chin Ion apontou para a prática ilegal de procriação médica assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia e falta de condições de higiene e segurança.

Além da suspensão, foram ainda aplicadas duas multas: uma no valor de 103.000 patacas a quatro médicos e um enfermeiro, e outra de 76.000 patacas por técnicas ilegais de procriação medicamente assistida e prestação de serviços de oncologia, sem autorização legal.

No entanto, numa entrevista à Lusa, depois do caso ter sido tornado público, Paulo Maló demarcou-se da Taivex/Malo e indicou que a sua empresa tinha sido penalizada por partilhar o mesmo espaço.

Apesar dos sobressaltos, o nome Malo voltaria a ser utilizado em 2018, através de uma parceria com a Pedder, neste caso com a abertura de um clínica dentária.

6 Jan 2021

IAM explica luzes que ameaçam pirilampos com segurança

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) considera que os pirilampos no trilho da Taipa Grande são muito importantes, mas tem como prioridade satisfazer os cidadãos que se queixam por a estrada ser muito escura. Foi esta a resposta dada a uma interpelação da deputada Agnes Lam, em que era indicado que a instalação de iluminação no trilho ia causar obstáculos à reprodução dos pirilampos.

“O Instituto para os Assuntos Municipais tem recebido constantemente opiniões das pessoas que passeiam nos montes, as quais referem que não conseguem ver o estado do pavimento ao fim da tarde e à noite devido à falta de iluminação, o que constitui um risco para a sua segurança”, explica o IAM, através de uma resposta assinada por O Lam, identificada como presidente substituta do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais. Face às queixas, o IAM propôs “a instalação de sistemas de iluminação nos trilhos”.

Após terem sido anunciados os planos, houve várias vozes, inclusive de ambientalistas, que se mostraram preocupadas com o impacto da iluminação, que diminui a actividade reprodutora dos pirilampos. “Tendo em conta o equilíbrio entre as solicitações dos utentes e o impacto dos candeeiros de rua sobre o ambiente, o IAM decidiu instalar nos trilhos postes com 1,1 metros de altura e com lâmpadas LED de cor amarela, as quais geram um menor impacto ecológico nos pirilampos”, é acrescentado.

A importância do pirilampo

Apesar da escolha, o IAM frisa que considera os pirilampos muito importantes, assim como o meio ambiente. “O IAM atribui grande importância à conservação do meio ambiente dos pirilampos e procura continuamente os equipamentos de iluminação que reduzem decisivamente o impacto dos equipamentos no ambiente circundante”, é indicado.

Quanto à instalação de iluminação em outros trilhos, o IAM nega que haja planos semelhantes e diz que vai continuar a insistir no “projecto de reabilitação dos pirilampos, de forma a manter intacto o seu meio ambiente”, assim como eliminar regularmente “espécies invasoras”.

6 Jan 2021

Concertação Social | Manutenção de valores de vencimentos e compensações divide deputados

Para uns, como Song Pek Kei, a manutenção do valor do salário mínimo é essencial para a sobrevivência das empresas, mas para outros, como Leong Sun Iok, há compensações que deviam subir, depois de muitos anos congeladas durante o “boom” da economia

 

A decisão proposta pelo Governo ao Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) de manter o valor mensal de 6.656 patacas para os trabalhadores de limpeza e de segurança na actividade de administração predial é aceite, mas está longe de gerar consenso entre os deputados da Assembleia Legislativa. Ao HM, houve ainda legisladores que se mostraram desagradados com a opção de manter o valor das compensações por acidentes de trabalho inalteradas, assim como o montante de 21 mil patacas por despedimento sem justa causa.

Para José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), havia margem de manobra para haver um aumento numa fase tão difícil. “É injusto que num momento destes, a situação continue a perdurar em detrimento dos direitos fundamentais dos trabalhadores. É injusto que os valores não sejam aumentados para todos, em termos de salários”, afirmou, ao HM.

O pagamento das indemnizações é outro assunto que não convence o deputado. “É injusto que as compensações se mantenham no valor actual, não obstante os anos de serviço dos trabalhadores”, vincou.

Do lado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), o maior grupo parlamentar, também houve descontentamento com a tomada de decisão do Executivo. Leong Sun Iok considera que havia espaço para se actualizarem os valores das compensações por acidente de trabalho e despedimento sem justa causa, mesmo que a pandemia limite as aspirações salariais.

“Não podemos ignorar que o Governo é pressionado pela pandemia para não aumentar o salário mínimo. Mas esperamos que a decisão seja justificada com uma base científica. Todos os anos defendemos que estas decisões têm de ser tomadas não com base em ‘sentimentos’ de quem governa, mas com dados científicos”, começou por sustentar Leong.

Contudo, para o legislador da FAOM a pandemia não explica que não se possa aumentar o valor das compensações por acidentes profissionais e por despedimentos sem justa causa. “As compensações por acidentes de trabalho e por despedimento sem justa causa são diferentes do salário, porque o salário entrou em vigor recentemente, mas o valor da compensação por acidente de trabalho é mais antigo. Por isso, acho que há condições para ajustar esses valores, como já tínhamos pedido há muitos anos”, sustentou. Leong Sun Iok mostrou ainda alguma frustração com as oportunidades perdidas no passado: “Quando a economia estava boa, os valores não foram ajustados, mas agora que a economia também está má, voltam a recusar. Parece que são decisões sem base científica”, atirou.

Apoio de Mulheres e Fujian

Um outro ponto de vista tem Song Pek Kei, deputada ligada à comunidade de Fujian e ao empresário Chan Meng Kam. No entender da legisladora, o mais importante é mesmo garantir que as pessoas não são despedidas e mantêm um posto de trabalho.

“Considero apropriado manter o salário mínimo porque agora o ambiente económico é mau. Temos de entender que muitas pessoas estão em regime de licença sem vencimento e que para os empregados o mais importante é manter os empregos, bem como o salário para fazer face às despesas”, justificou Song Pek Kei. “No caso dos ordenados dos trabalhadores de limpeza e segurança de condomínios temos de perceber que envolvem muitas famílias, porque os proprietários também podem ter perdido o emprego ou ter problemas para fazer face ao empréstimo para a habitação. Se houvesse aumentos, o condomínio ia ficar mais caro e não era uma boa solução para os proprietários, principalmente para as famílias mais desfavorecidas”, explicou.

Song apelou ainda ao realismo da sociedade e deputados para a situação: “Temos de ser pragmáticos e realistas. Nas condições económicas actuais se houvesse um aumento havia o risco de as empresas não conseguirem sobreviver e de haver um aumento do desemprego, que seria ainda mais prejudicial”, alertou.

A questão de não haver aumentos salariais é igualmente pacífica para Wong Kit Cheng, deputada apoiada pela Associação Geral das Mulheres de Macau. “A economia de Macau sofreu um grande impacto com a pandemia por isso compreendo a manutenção dos valores do ordenado. Acho que é uma situação que os patrões e os trabalhadores conseguem avaliar de forma correcta”, disse Wong. “Temos de perceber que o montante [do salário] foi revisto há menos de um ano, com a revisão da lei das relações de trabalho”, recordou.

Despedimento discriminatório

Apesar de compreender a manutenção do valor do salário mínimo, Wong Kit Cheng revela que está mais preocupada com as condições que fazem com que as trabalhadoras grávidas sejam facilmente vistas como preferenciais em caso de licenças sem vencimento ou mesmo despedimento sem justa causa.

“Neste momento conhecemos situações de grávidas que foram enviadas para casa em regime de licença sem vencimento ou mesmo despedidas sem justa causa”, revelou. “Nestas situações achamos que deve haver um aumento das compensações por despedimento sem justa causa para que a situação delas seja mais amparada e também para evitar que haja discriminação, de forma a dar-lhes seguranças”, sublinhou.

O CPCS funciona com representantes dos sectores laborais e patronais. Na semana passada decorreu a terceira reunião plenária do ano, em que foram discutidas eventuais mudanças nas leis para o futuro.

Apesar do sistema aparentar uma certa representatividade, José Pereira Coutinho acusou o órgão de ter falta de legitimidade, com os trabalhadores a serem prejudicados.

“É tudo combinado. Não tem legitimidade nem representatividade para representar tanto patrões como trabalhadores, na medida em que a sociedade de Macau tem vindo a evoluir há mais de 20 anos. Portanto, há muitos grupos com representatividade na Assembleia Legislativa que acabam por não estar na Concertação Social”, indicou. “Nós fizemos várias interpelações no sentido de alargar a representatividade nesse conselho, mas chegámos à conclusão de que o Governo pretende manter o monopólio da Associação Comercial de Macau e da Federação das Associações dos Operários de Macau”, rematou.

CPCS | Pereira Coutinho acusa órgão de ter vergonha

Ao contrário do que normalmente acontece, a reunião de 30 de Dezembro do Conselho Permanente da Concertação Social (CPCS) decorreu sem que os jornalistas tivessem sido informados. Por este motivo, não foi possível aos órgãos de comunicação social questionar os representantes do sector laboral e patronal sobre os argumentos e justificações para as medidas tomadas.

No entender do deputado José Pereira Coutinho, o facto de os órgãos de comunicação social não terem sido informados sobre o desenrolar da reunião, nem terem sido convidados para fazer perguntas mostra que os membros têm vergonha das decisões que tomam.

“A ideia que eles passam é que estão envergonhados por terem de responder às perguntas dos jornalistas. Por isso, preferem divulgar as informações sem que os jornalistas tenham a oportunidade de fazer perguntas sobre o que se decidiu”, afirmou o deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. “É uma opção que mostra como o conselho é opaco e funciona mal”, acrescentou.

O HM contactou também o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, que é o presidente do CPCS para perceber os motivos que levaram a que não houvesse um convite à imprensa. A questões acabaram reencaminhadas para a secretaria do CPCS, que não explicou os motivos da decisão, que contraria a prática, mas apontou estar “atenta às opiniões da sociedade e continua a impulsionar no melhoramento da divulgação das notícias, de modo a que a sociedade conheça a situação de trabalhos do Conselho”.

6 Jan 2021

IAS vai instalar equipamentos electrónicos para garantir segurança

O Instituto de Acção Social (IAS) afirma que as casas para a terceira idade construídas no Lote P da Areia Preta vão apostar em tecnologia para prestar cuidados aos moradores. Além disso, o IAS promete que vão ser organizados vários eventos para garantir que as pessoas não se limitam a ficar em casa.

As revelações foram feitas na resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau. “A fim de garantir a saúde e segurança das pessoas idosas que vão viver na residência para idosos, o design dos apartamentos da residência e dos respectivos equipamentos sociais, articulado com os moldes de gestão e equipamentos para o funcionamento de residência, tem por fim concretizar a ideai de ‘tecnologia inteligente para a velhice, casa conectada e também ambiente livre de barreiras arquitectónicas’”, é explicado. “Todos os equipamentos circundantes à residência irão não só disponibilizar actividades culturais, recreativas e desportivas aos idosos que nela residem, mas também por proporcionar serviços de voluntariado, cursos de interesse pessoal e actividades de socialização”, é acrescentado.

A estes serviços complementares às casas, cujos pormenores de atribuição não são conhecidos, haverá ainda um “apoio urgente durante 24 horas, cuidados com a vida quotidiana, serviços de cuidadores e de reabilitação”.
Este é um projecto bandeira do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que não deixou de causar polémica, uma vez que as obras no valor de 2,1 mil milhões de patacas foram adjudicadas sem concurso público.

Outros apoios

O IAS informa ainda que actualmente tem seis equipas de serviços de cuidados ao domicílio e uma equipa de serviços de apoio a idosos em casa que serviram 1.200 pessoas com dificuldades de deslocação, até Setembro.
Além do serviço domiciliário, o IAS tem ainda um programa em que ajuda as pessoas da terceira idade em dificuldades a preparem a residência com equipamentos adequados. No âmbito desta acção, houve 6.900 idosos a beneficiar do programa, desde 2014 até Setembro do ano passado.

5 Jan 2021

SJM | Bónus aos trabalhadores pode chegar a dois meses de salário

A presidente da SJM e filha de Stanley Ho, Daisy Ho, promete que a empresa se vai manter solidária com a população de Macau em tempos da pandemia da covid-19 para proteger a saúde e segurança da comunidade

 

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou a distribuição de um bónus para os trabalhadores que pode chegar a dois meses de salário. A informação foi revelada ontem aos funcionários e divulgada posteriormente, através de um comunicado de imprensa, em que este bónus é denominado como “subsídio para o quotidiano”.

Segundo a informação partilhada, os empregados com um ordenado igual ou inferior a 20 mil patacas vão receber o correspondente a dois salários. Os funcionários com um ordenado superior a 20 mil patacas vão receber um bónus de 1,5 salários, num valor que pode chegar às 40 mil patacas.

Os pagamentos vão ser feitos em patacas, estão sujeitos ao pagamento de impostos e vão ser feitos em duas ocasiões: a primeira a acontecer este mês, no dia 6, e a segunda a meio do ano, em Julho.

Em comunicado, Daisy Ho, filha de Stanley Ho, e presidente do Conselho de Administração, sublinhou que a empresa vai manter-se ao lado dos trabalhadores: “Ao entrar em 2021, mantemo-nos solidários com as pessoas de Macau, para proteger a saúde e a segurança da comunidade, e dar as boas-vindas a um novo ano brilhante”, afirmou Daisy Ho. “Queremos agradecer a todos os nossos trabalhadores pelo trabalho diligente e pelo apoio dedicado ao longo dos desafios da pandemia da covid-19”, é acrescentado.

Das quebras

No ano passado as receitas do sector do sofreram uma redução de 79,3 por cento, de 292,5 mil milhões de patacas para 60,4 mil milhões de patacas. Entre Janeiro e Setembro a quebra era de 82,5 por cento, de 220,3 mil milhões de patacas para 38,6 mil milhões de patacas.

Em relação ao grupo SJM, nos primeiro nove meses a redução das receitas foi de 79,2 por cento, de 25,3 mil milhões de dólares de Hong Kong, para 5,3 mil milhões de dólares Hong Kong. Estas receitas tiveram um impacto para o grupo que transformou o lucro de 2,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, gerado nos nove meses de 2019, em perdas de 2,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, nos primeiros nove meses de 2020.

A concessão de jogo da operadora foi prolongada há dois anos para 2022, altura em que expiram todas as outras concessões.

5 Jan 2021

Mensagem de Ano Novo | Ho Iat Seng diz que Macau ficou melhor, apesar de ano difícil

O Chefe do Executivo deixou antever uma abertura das fronteiras demorada, uma vez que prometeu empenho na missão de “prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno”

 

Um ano particularmente difícil, mas que terminou melhor do que começou e com progressos em todas as vertentes. Foi desta forma que Ho Iat Seng resumiu o ano de 2020, marcado pela pandemia da covid-19, na tradicional mensagem de ano novo.

“O ano que agora finda foi marcado pela solidariedade na superação das dificuldades. O Governo da RAEM implementou várias medidas de estabilização da economia e de garantia do emprego e da qualidade de vida da população, ajudando as empresas e os cidadãos a ultrapassar as dificuldades. Os diversos sectores da sociedade demonstraram o excelente e tradicional valor da entreajuda, bem como um espírito de luta e de auto-aperfeiçoamento”, começou por dizer o Chefe do Executivo. “Em 2020, Macau registou, de um modo geral, uma conjuntura socio-económica estável, novos progressos em todas as vertentes e uma melhoria progressiva da qualidade de vida da população”, acrescentou.

No entanto, Ho Iat Seng não deixou de reconhecer os desafios e o impacto para o mundo. “O ano de 2020 foi um ano particularmente difícil. A pandemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, que se alastra pelo mundo, mudou de forma profunda a percepção das pessoas sobre a vida e a saúde, alterando os seus estilos de vida, e trouxe um impacto e desafio sem precedentes para Macau e o mundo”, reconheceu. “Perante esta severa pandemia, o Governo da RAEM sempre colocou a vida e a saúde dos residentes em primeiro lugar, e tem vindo a adoptar atempada e firmemente uma série de medidas de prevenção e combate à pandemia”, sublinhou.

Ainda sobre o passado, o Chefe do Executivo elogiou os “árduos esforços dos trabalhadores da Administração Pública e de todos aqueles que lutam na linha da frente deste combate”, como polícia, bombeiros e profissionais de saúde.

“Evitar o ressurgimento”

Em relação ao ano que começou, Ho Iat Seng antecipou como um dos grandes objectivos evitar o “ressurgimento interno” de casos de infecções por covid-19. “Estamos, e continuaremos, empenhados na promoção da normalização da prevenção e controlo da epidemia e na missão de ‘prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno’, missão tão árdua que requer a persistência incansável de todos na implementação e coordenação das acções de prevenção epidémica”, traçou como meta.

Sobre a pandemia, foi ainda deixada uma missão de confiança: “Com o reforço constante da capacidade da saúde pública e a entrada da vacina no mercado, venceremos seguramente esta grande batalha epidémica. Estou convicto de que, com o forte apoio do Governo Central e o esforço conjunto de toda a população, a RAEM superará as dificuldades que enfrenta e alcançará novos desenvolvimentos e progressos em prol da implementação estável e duradoura do princípio ‘um País, dois sistemas’, com características de Macau”, apontou.

Ainda sobre os trabalhos para este ano, Ho traçou como objectivos a protecção da “defesa da soberania, da segurança, e dos interesses do desenvolvimento do País”, a aceleração da integração nacional, diversificação da economia e os problemas sociais, como a habitação, transportes e cuidados de saúde.

4 Jan 2021

MP | DSAL recusa competências para analisar despedimento

Organismo liderado por Wong Chi Hong remete qualquer acompanhamento para o serviço que “tem competência”. A funcionária despedida entregou ontem uma carta na sede do Governo, enquanto José Pereira Coutinho e Agnes Lam pedem transparência no caso

 

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) recusa ter competência para analisar o caso do despedimento de Tang Weng Ian, funcionária despedida do Ministério Público, após 10 anos de serviço. “Sobre o assunto do contrato administrativo, a DSAL não tem competência para acompanhar [a situação], sugere que a parte consulta com o serviço que tem competência”, respondeu a DSAL, ao HM, quando questionada se ia investigar eventuais infracções no despedimento.

No entanto, o organismo do Governo responsável pelas disputadas laborais não adiantou o nome do serviço competente. De acordo com o estatuto do Ministério Público, a entidade é independente do Governo.

O MP foi contactado pelo HM para se pronunciar sobre o caso na terça-feira, mas até ontem ainda não tinha enviado qualquer resposta.

Quanto à funcionária, ontem esteve na sede do Governo para entregar uma carta e explicar a situação do despedimento que considera injusta. Na nota entregue, consta a explicação do MP, de que a medida é justificada com a extinção do posto de trabalho e ainda por não se encontrar no serviço nenhum outro lugar que se adeque às funções da funcionária em causa. Além desta deslocação, Tang tinha ainda um encontro marcado com o deputado Sulu Sou para abordar a situação.

Sinal de alarme

O deputado José Pereira Coutinho considerou a situação preocupante, apesar de dizer que ainda não há sinais de uma onda de despedimentos na função pública.

“Não temos a indicação que haja movimentações para despedir mais funcionários públicos. Parece-nos que se trata de um caso isolado, mas toda esta situação peca por falta de transparência, fundamentação e justificação plausível para não manter esta trabalhadora”, afirmou o deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Por outro lado, Coutinho não deixou de advertir que a justificação para o despedimento é pouco clara e que pode abrir um precedente para o futuro: “Aquilo que eles disseram por escrito, e verbalmente, é que neste momento não havia qualquer lugar ou posto adequado ao trabalho da funcionária. É um tipo de justificação inaceitável. Com esse tipo de argumento qualquer trabalhador da função pública pode ser despedido”, alertou.

Ao mesmo tempo, o legislador apontou ainda que este caso espoletou um clima de medo: “Há que dar satisfações porque este tipo de decisões cria muito medo nos trabalhadores, principalmente os que têm contratos a termo.

Tenho estado a receber vários contactos, centenas de pessoas assustadas com a situação”, revelou. “Está a criar uma onda de preocupações no seio da função pública e prejudica a estabilidade e moral dos trabalhadores”, sublinhou.

Apelo à transparência

Por sua vez, a deputada Agnes Lam defende que o Governo tem de esclarecer se há planos para cortes nos empregos da Administração, até porque estas situações em tempo de pandemia criam um clima de medo.

“O Governo tem de ser transparente. Se tem um plano para despedir pessoas tem de vir a público dizer que há essa possibilidade. As pessoas precisam de fazer contas à vida e ajustar os seus planos”, afirmou Lam, ao HM. “Mas, se não tem esse plano, nesta altura, também tem de dizer. Nesta pandemia, as pessoas já estão preocupadas com os seus empregos. Por isso, precisam de dizer se não há planos e se isto é um caso pontual”, sublinhou.

Segundo a deputada, à luz das receitas do jogo e dos cortes da Administração de Ho Iat Seng, é possível que no futuro haja cada vez mais incentivos para despedir funcionários públicos. Neste sentido, Agnes Lam diz que antes de serem feitos despedimentos deve ser lançado um programa de saídas voluntárias.

31 Dez 2020

IAM | Novo Macau diz que falta de representatividade leva a falhas políticas

A associação democrata organizou ontem um evento para promover o recenseamento eleitoral, que contou com a presença de cerca de sete indivíduos, alegadamente polícias à paisana

 

A Associação Novo Macau critica a decisão do Chefe do Executivo de renovar os mandatos dos 25 membros do Conselho Consultivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), sem ter havido uma escolha democrática. Segundo Rocky Chan, vice-presidente da associação, a decisão resulta numa falta de representatividade da sociedade que acaba por desencadear várias decisões polémicas do IAM.

“O Governo insistiu em aprovar uma lei em que tem todo o poder para nomear todos os membros do Conselho Consultivo, através do Chefe do Executivo. Apesar de terem promovido um mecanismo de recomendação, o resultado em 2018 foi uma nomeação em que todos os membros são do campo tradicional. Agora ignoraram o mecanismo e nomearam directamente todos os membros”, afirmou Rocky Chan. “Devido a estas nomeações, não nos surpreende que durante os últimos dois anos o IAM tenha continuado a promover políticas polémicas, como a construção de um trilho de madeira no Lago de Sai Van, a recusa da política de esterilização e libertação dos animais selvagens, assim como a instalação de luzes no trilho da Taipa Grande, que vai prejudicar os pirilampos”, acrescentou.

As nomeações foram divulgadas no dia 23 de Dezembro, no Boletim Oficial, e entram em vigor no próximo ano, com os mandatos a terem uma duração de dois anos. Face ao procedimento adoptado por Ho Iat Seng, a Novo Macau pediu maior democratização. “O Governo devia promover a democratização, transparência e participação pública nos assuntos municipais. Todos os membros do Conselho Consultivo deviam ser eleitos de forma directa, porque isso fazia com que houvesse maior legitimidade e responsabilização”, defendeu.

Com companhia

O evento promovido ontem pela Novo Macau junto ao Centro de Serviços da Areia Preta serviu para recordar que as pessoas têm até ao dia de hoje para se registarem a tempo de participar nas eleições.

Foi à margem deste evento que Rocky Chan falou à comunicação social. Além dos membros da associação e dos jornalistas, estiveram ainda presentes pelo menos sete pessoas que seriam, alegadamente, polícias à paisana.

Os agentes acompanharam a entrevista em chinês e ainda falaram com membros da associação, que até disponibilizaram uma versão do comunicado, que os agentes copiaram digitalmente e enviaram através dos telemóveis.

Além disso, durante a conversa os alegados polícias fotografaram não só os membros da associação, mas também os profissionais dos órgãos de comunicação social, apesar de não se terem identificado. Um dos alegados agentes aparentava estar a utilizar mesmo o telemóvel pessoal, uma vez que através da capa transparente eram visíveis fotografias de duas crianças, supostamente os filhos. No entanto, o evento e as entrevistas decorreram sem sobressaltos.

31 Dez 2020

Ministério Público | Trabalhadora com 10 anos de casa dispensada em tempo de pandemia

Uma funcionária do Gabinete do Procurador foi despedida por extinção de posto. No entanto, confessa-se injustiçada por considerar que a sua conduta não justificava a decisão

 

Após mais de 10 anos de trabalho, uma funcionária do Gabinete do Procurador do Ministério Público foi despedida por extinção do posto de trabalho e está disposta a levar o caso para a Direcção de Serviços de Assuntos Laborais (DSAL) e tribunais. Em declarações ao HM, Tang Weng Ian considera-se injustiçada com a decisão e diz ter sofrido pressões para assinar o documento em que consta o despedimento.

“Disseram-me que, neste momento, o Gabinete do Procurador não tinha mais nenhum posto que se adequasse às minhas características. Também me informaram que a decisão tinha sido tomada com o aval do procurador Ip Son Sang, que isso fazia com que o meu contrato fosse terminado”, revelou Tang, residente local.

A decisão foi comunicada a 10 de Dezembro e Tang teve de assinar uma carta em que reconhecia que lhe tinha sido comunicada a decisão. No entanto, foi nesta altura que surgiram pressões. “Após me terem comunicado a decisão, os responsáveis pela gestão dos recursos humanos fizeram tudo para que eu assinasse os documentos relacionados com o despedimento. Mas, quando os esforços deles falharam, senti que houve uma pressão maior, que olhavam para mim como se tivesse cometido um homicídio”, acrescentou.

O documento acabou por ser assinado, mas a funcionária, que vai ficar até Fevereiro no Gabinete do Procurador, admite que está a enfrentar uma situação difícil, com dificuldades em dormir. “Senti muita pressão e senti-me muito desesperada. Recentemente tenho tido muitas dificuldades para dormir”, admitiu. “Com esta decisão perdi toda a confiança nos departamentos governamentais”, indicou.

Tang era assistente técnica administrativa especialidade de 2.º escalão e tinha sido contratada em regime de contrato além do quadro. Ao HM diz estar inconformada, porque afirma que não cometeu nenhuma infracção ou ilegalidade para ser despedida. Também aponta que não teve avaliações negativas do desempenho. Face a este desfecho, Tang considera que a decisão foi tomada com base na vontade de cortar no orçamento, devido aos tempos da pandemia. Por esse motivo, está também a preparar uma carta para o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, sobre a situação.

Segundo o Regime do Contrato de Trabalho nos Serviços Públicos, que se aplica igualmente ao Gabinete do Procurador, apesar de este ser independente do Governo, o despedimento pode ser feito por iniciativa do serviço, desde que com a aprovação do responsável. O despedimento exige um aviso prévio de 60 dias que foi cumprido. Tang Weng Ian vai exercer funções até Fevereiro.

Sugestão de Vong Vai Va

Segundo a carta com o despedimento, a sugestão partiu do Procurador-Adjunto Vong Vai Va, que considerou que já não necessitava dos trabalhos da residente. “Tang Weng Ian está a trabalhar no Serviço de Acção Penal, responsável por assistir o procurador-adjunto Vong Vai Va para receber os documentos relacionados com os casos, recolher e organizar os relatórios de trabalhos do pessoal do gabinete”, é explicado. “Na sequência da mudança do Serviço de Acção Penal para a nova morada, em meados de Dezembro, houve um ajuste na carga de trabalhos e, segundo Vong Vai Va, as funções de Tang Weng Ian deixam de ser necessárias”, é acrescentado.

Ainda segundo o documento, a funcionária tinha desempenhado anteriormente funções de recepcionista, mas como não existem vagas no Gabinete do Procurador para a posição, foi recomendado o despedimento, mediante a aprovação do Procurador.

De acordo com Tang, também outro funcionário terá vivido uma situação semelhante, mas neste caso foi possível encontrar uma vaga em outro serviço, para evitar o despedimento.

O HM tentou obter uma reacção a este caso junto do Ministério Público e ainda se havia uma vaga de despedimentos em curso, mas até ao fecho da edição não houve qualquer resposta. Também a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais foi contactada para saber se ia investigar o caso, mas não foi fornecida qualquer resposta.

30 Dez 2020

Habitação | Governo pondera construir pré-fabricados para Zona A

Os resultados da construção de residências para idosos na Areia Preta, com pré-fabricados, podem determinar se esta técnica também vai ser usada na habitação pública da Zona A. A possibilidade foi ontem avançada por Raimundo do Rosário. Já sobre o contrato de concessão da CTM, o secretário revelou que não há intenções de ser prolongado

 

A adjudicação directa do projecto de residências para idosos na Areia Preta à Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau) foi ontem justificado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas com o tempo de construção, diminuição de resíduos e a falta de experiência de empresas locais. Caso a experiência do projecto-piloto com pré-fabricados se revele positiva, esta técnica pode alargar-se à habitação pública da Zona A.

“Vai ser a primeira obra com este sistema de fabricação, portanto não há nenhuma empresa de Macau que tenha experiência nessa área. Tivemos de encontrar uma empresa com experiência. (…) Temos muita construção na Zona A, há 28 mil fogos para serem feitos, e esperemos que esta experiência corra bem. Se correr bem, haveremos de replicar este esquema de pré-fabricação na Zona A. E, portanto, é também uma oportunidade para as construtoras locais aprenderem”, disse Raimundo do Rosário.

O contrato da adjudicação, num valor de cerca de 2,1 mil milhões de patacas, era assinado ontem. Apesar de indicar que “a pré-fabricação é sempre um pouco mais cara que a construção tradicional”, o secretário da tutela indicou que o valor acordado está dentro dos parâmetros e que o valor final não pode superar o acordado. Raimundo do Rosário considera “aceitável” o preço do metro quadrado, que vai ficar na ordem das 16 mil patacas. Não há obrigatoriedade no uso de mão de obra local. O responsável político apontou que a percentagem de mão de obra local na construção civil “é muito reduzida”.

Uma das preocupações do Governo era concluir este alojamento para idosos no mandato actual. O objectivo é terminar a obra que vai começar no terreno que se destinava ao Pearl Horizon em 2023, a tempo de ser equipada e alojar pessoas.

O ambiente também foi tido em consideração. “O aterro onde depositamos os materiais e resíduos de construção já está saturado. (…) Uma das vantagens dos edifícios pré-fabricados é que a construção é mais rápida e a outra é que gera menos resíduos de construção”, declarou o secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Raimundo do Rosário apontou também a vontade de evitar processos judiciais. Em causa, estão as paragens e atrasos nas obras adjudicadas quando há acções judiciais nos concursos e consultas. Um dos objectivos era que não houvesse “percalços” na obra para assegurar a sua conclusão em 2023.

CTM sem prolongamento

A um ano do fim de contrato de concessão com a CTM, Raimundo do Rosário revelou não haver intenções de prolongamento. “Espero que não. Pelo menos não tencionamos fazer aquilo que foi feito com os autocarros”, declarou, acrescentando que será feito um esforço para resolver a situação até Dezembro do próximo ano. O secretário para os Transportes e Obras Públicas reconheceu atrasos no regime de telecomunicações: “está atrasado, mas estamos a tratar disso”.

Foi conhecido em Outubro que a proposta de Lei das Telecomunicações tinha sido concluída. O anúncio da directora dos Serviços de Correios e Telecomunicações de Macau surgiu em resposta a uma interpelação escrita, na qual indicava que o novo regime de convergência previsto na proposta vai contribuir “para que os mecanismos de mercado funcionem de forma mais eficaz”.

30 Dez 2020

Eleições | Comissão toma posse e aponta pandemia como principal desafio

Tong Hio Fong revelou que as eleições vão ficar mais caras do que em 2017, quando houve um orçamento de 55 milhões de patacas. O aumento vai ser “racional” e é explicado com um maior número de eleitores

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), liderada pelo juiz Tong Hio Fong, tomou ontem posse e traçou como principal desafio para as eleições do próximo ano a situação de pandemia. Nesta fase, o Chefe do Executivo ainda não decidiu a data do acto eleitoral, que tradicionalmente ocorre no mês de Setembro.

“Sabemos que estamos numa fase de epidemia, por isso vamos comunicar de forma frequente com os Serviços de Saúde para tomar as medidas de prevenção e reforçar a comunicação”, afirmou Tong Hio Fong, presidente da comissão. “Vamos estar em permanente comunicação e ver as medidas que são necessárias [para realizar as eleições]. Se for preciso, a legislação eleitoral tem um artigo que nos permite adiar as eleições. É um cenário possível”, acrescentou, quando questionado sobre a possibilidade de haver um ressurgimento da pandemia em Macau.

A cerimónia de tomada de posse decorreu ontem à tarde na Sede do Governo, e Ho Iat Seng saiu sem prestar qualquer declaração aos jornalistas. Entre os membros da comissão destaca-se Inês Chan, directora do Gabinete de Comunicação Social, que assume o cargo de vogal pela primeira vez, em substituição de Victor Chan. Os restantes vogais, José Tavares, Kou Peng Kuan, Lai U Hou e Iong Kong Leong mantêm-se face aos actos eleitorais de 2017 e 2019.

Sobre as alterações na constituição, Tong disse que a equipa está habituada a trabalhar junta e que espera que a integração de Inês Chan ocorra de forma natural, sem problemas. Ao mesmo tempo, apelou ainda às pessoas para se recensearem até 31 de Dezembro, de modo a poderem votar.

Orçamento vai subir

Quanto à eleição dos 14 deputados pela via directa e os 12 pelo sufrágio indirecto, o presidente da CAEAL admitiu que espera um orçamento maior face às despesas de 2017, quando o acto eleitoral se cifrou nos 55 milhões de patacas. “O orçamento vai ser superior porque temos mais eleitores, mas claro que vamos ter em mente que temos de utilizar o orçamento de forma racional. Ainda não temos um número exacto”, explicou.

O que também deverá mudar são os arranjos de alguns locais de voto. Neste momento, ainda não está decidido se vão ocorrer mudanças. Porém, a estação de voto em Seac Pai Van foi identificada como problemática, assim como o Instituto Politécnico de Macau, onde decorrem as eleições indirectas.

“Em relação ao passado é possível fazer alguns arranjos nos postos de votação, onde podemos melhorar. Se não me engano, no posto de votação de Seac Pai Van houve muitas pessoas e é necessário ampliar o espaço. Também no IPM, onde decorreu o sufrágio indirecto, o tempo de espera na fila foi muito grande, por isso é possível melhorar”, afirmou Tong.

Quanto à possibilidade de haver candidatos proibidos de participar nas eleições devido a opiniões políticas, o juiz garantiu que a CAEAL vai agir de acordo com a lei e que todos os candidatos estão sujeitos a assinar uma declaração, como no passado.

30 Dez 2020

Covid-19 | Vacina não garante entrada em Macau nem isenção de quarentena

Como a vacina não garante 100 por cento de eficácia, as autoridades de Macau consideram que a quarentena vai continuar a ser necessária. Cenário de abertura aos estrangeiros é também afastado

 

Apesar de estarem vacinados contra a covid-19, os estrangeiros, como os portugueses sem Bilhete de Identidade de Residente (BIR), não vão poder entrar em Macau. A confirmação foi avançada ontem por Alvis Lo, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário.

“A percentagem de prevenção da vacina varia entre 80 a 90 por cento. Por isso, o risco fica diminuído com a vacinação, mas não significa que uma pessoa não possa ser infectada. Neste momento, não se consegue assegurar que uma pessoa depois de vacinada não vá transmitir a doença para outra pessoa”, justificou Alvis Lo. “Temos de ver o resultado na imunidade de grupo das pessoas vacinadas. Se houver um grupo de pessoas vacinadas, pode haver imunidade, mas se for só uma pessoa continua a haver risco”, acrescentou.

Por este motivo, as pessoas que vierem de zonas mais afectadas do Interior, Hong Kong ou Taiwan vão continuar a precisar de cumprir a quarentena obrigatória de 14 ou 21 dias, dependendo das zonas de onde se viaja.

Quanto ao processo de vacinação em Macau, ainda não há uma data definida, mas espera-se que aconteça no primeiro trimestre do ano que se avizinha. Actualmente, as autoridades estão a ponderar o mecanismo do pagamento de indemnização, em caso do desenvolvimento de efeitos secundários após a vacinação. “Já temos um mecanismo para o pagamento de indemnizações para os medicamentos. Mas, estamos a considerar se as medidas em Macau são suficientes para pagar indemnizações se surgirem efeitos secundários da vacinação”, indicou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença.

Linha aberta

Ontem, na conferência do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foi abordado o caso do residente a quem foi sugerido que regressasse a Taiwan. Foi esta uma das respostas dada ao cidadão local que se queixou das condições do quarto do hotel, devido à falta de luz e ar naturais.

Sobre as queixas, Leong Iek Hou admitiu compreender o impacto de uma quarentena de 21 dias, mas afirmou que os hotéis oferecem condições de ar adequadas. Em relação ao impacto psicológico, a médica diz poder haver um aumento do stress e que quem se sentir afectado pode ligar para as linhas de apoio psicológico.

Finalmente, Leong explicou que foi feita a sugestão ao residente de regresso a Taiwan, porque houve pelo menos uma pessoa que desistiu da quarentena e pediu para voltar ao local de onde tinha viajado.

Estrangeiros aprovados

Até ontem, tinham sido aprovados 71 pedidos de estrangeiros para entrarem em Macau, uma medida excepcional para casos de reunião familiar e que se aplica a pessoas que estejam há 14 dias no Interior. A medida está em vigor desde 1 de Dezembro e durante este período houve um total de 217 pedidos, dos quais 71 foram aprovados, 50 rejeitados e 96 continuam pendentes. Segundo Alvis Lo, os pedidos rejeitados “não cumpriam os requisitos para serem aprovados”. Também ontem, ficou a saber-se que desde o início da pandemia foram realizados 2 milhões de testes de ácido nucleico, 1,3 milhões a residentes e 700 mil testes a não-residentes.

29 Dez 2020

Equacionada cerimónia do hastear da bandeira nos jardins-de-infância

Actualização da lei nacional da bandeira, abre a porta para que crianças de três anos tenham de assistir a uma cerimónia semanal de hastear da bandeira. O Governo ainda não confirmou que alterações vão produzir efeito em Macau

 

Os jardins-de-infância de Macau podem começar a ter de realizar uma vez por semana a cerimónia de hastear da bandeira, à semelhança do que acontece com as escolas do ensino primário e secundário. A informação consta no Boletim Oficial, com a publicação das alterações à Lei da Bandeira Nacional, aprovadas no Interior, a 17 de Outubro, pela Assembleia Popular Nacional.

Em Outubro, André Cheong tinha avançado que as alterações à Lei da Bandeira iam produzir efeitos em Macau, sem avançar que mudanças iriam produzir efeitos directos na RAEM.

No entanto, o diploma publicado ontem define que “os jardins-de-infância que reúnam as condições necessárias devem hastear a Bandeira Nacional tendo como referência o disposto para as escolas”.

As regras anteriores apontavam que “deve ser realizada uma vez por semana nas escolas secundárias e primárias que funcionem a tempo inteiro, excepto durante as férias, uma cerimónia do hastear da Bandeira Nacional”. Porém, também este parágrafo foi alterado e passar a definir que: “a cerimónia do hastear da Bandeira Nacional é realizada uma vez por semana nas escolas, excepto durante as férias”.

Face a estas alterações os jardins-de-infância com condições podem mesmo ficar sujeitos à realização de uma cerimónia semanal de hastear da bandeira. De acordo com a lei de bases do ensino não superior, o ensino infantil é frequentado por crianças com idades entre os três e seis anos.

Educação fundamental

Segundo o novo diploma, a bandeira é “um elemento fundamental da educação patriótica”, que deve ser ensinada aos alunos em termos da história e espírito. As escolas têm ainda de ensinar os estudantes a “cumprir as normas sobre o hastear e o uso da Bandeira Nacional, bem como respeitar o cerimonial durante a cerimónia do hastear da mesma”.

A actualização da lei define ainda melhor algumas situações em que se considera que a dignidade da bandeira nacional é prejudicada, nomeadamente quando é “hasteada ou colocada de forma invertida”. É também deixado claro que “não pode ser hasteada ou usada Bandeira Nacional que se apresente deteriorada, suja, descolorada”.

O crime de ultraje aos símbolos nacionais é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos três anos, ou multa de 360 dias. A utilização de bandeiras em condições que atenta contra a definição do diploma, segundo as normas em vigor na RAEM, é uma infracção administrativa que pode ser punida com multa entre 2 mil e 10 mil patacas.

29 Dez 2020

Miro e Cátia gravam música para levar esperança em tempos de pandemia

Lançado no dia 24 de Dezembro, o videoclip foi feito a pensar nos Países de Língua Portuguesa e conta com a participação de algumas caras locais, como Carlos Marreiros, José Sales Marques e Bruno Nunes

 

“Transmitir uma mensagem positiva e de esperança”. É este o objectivo principal do videoclip “Distante de Nós”, produzido por Casimiro Pinto e a filha Cátia, lançado a 24 de Dezembro. Num ano em que as celebrações de Natal sofreram alterações em todo o mundo, devido ao impacto da pandemia da covid-19, Casimiro e Cátia lançaram um vídeo a pensar não só na família em Portugal, mas também em todos os que falam português.

Inicialmente, o vídeo era para ser feito a pensar na família, e principalmente nos primos de Cátia, uma vez que os condicionamentos da pandemia impedem a deslocação a Portugal.

“A Cátia era para ir a Portugal visitar os primos, mas não pode ir por causa da pandemia. Por isso, quis gravar a canção para oferecer uma prenda de Natal aos familiares”, contou Casimiro Pinto, pai e também conhecido como Miro, ao HM. “Durante a produção adoptámos uma visão mais alargada, e pensamos que se poderia tornar numa mensagem de Macau para o mundo lusófono. Quisemos deixar uma mensagem de esperança para todos e sublinhar que apesar de a situação ser séria, é possível sairmos bem”, acrescentou.

Além disso, a data escolhida para o lançamento foi 24 de Dezembro, como prenda de Natal e pela importância desta celebração para os países de língua portuguesa. “Decidimos que o dia do lançamento seria a 24 de Dezembro, porque achamos que o Natal é um dia especial para todos, e em especial para os Países de Língua Portuguesa e para a cultural ocidental”, explicou.

Projecto em crescendo

A música cantada por Cátia Pinto, composta e escrita pelo pai e Ernesto Leite, é original. No entanto, a versão portuguesa começou a ser elaborada a partir de uma versão em mandarim, que foi criada para encorajar os trabalhadores envolvidos no mecanismo de prevenção e combate à pandemia da covid-19.

“Entre Maio e Junho escrevi uma canção na versão em mandarim. Lancei o tema para encorajar e ter uma mensagem de solidariedade para Macau e para as pessoas. Também foi uma dedicatória para todos que estiveram na linha da frente a combater a covid-19”, revelou sobre a origem do tema “Distante de Nós”.

No entanto, como a filha frequenta a Escola Portuguesa, “Miro” considerou que poderia haver uma versão na língua de Camões, para chegar ainda a mais gente. “Como a minha filha estuda na Escola Portuguesa achei que era interessante que ela fizesse uma canção com duas versões, nas duas línguas. Depois de termos feito a versão em chinês, começámos logo a trabalhar na versão em português, que demorou mais ou menos dois meses. Foi um período para ensaios, gravação, produção do vídeo”, indicou.

Só que o projecto acabou por crescer e ao longo dos dois meses de trabalho envolveu personalidades da comunidade macaense e também de pessoas em Portugal.

Por esse motivo, o videoclip conta com a participação de personalidades como o arquitecto Carlos Marreiros, José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus, ou ainda de Bruno Nunes, advogado e conselheiro do Instituto para os Assuntos Municipais. Os envolvidos escreveram mesmo mensagens que são mostradas durante o vídeo.

Fotografias de Portugal

Mas a movimentação à volta da causa foi mais longe e chegou a Portugal, com a ajuda de um conhecido que se mobilizou no sentido de arranjar fotografias de pessoas interessadas em participar na mensagem de esperança.

“Cerca de 99 por cento das fotografias que surgem no vídeo são de Portugal e de pessoas que não conheço. Foi um amigo, professor e fotógrafo, que recolheu as imagens e eu fiz um esforço para colocá-las quase todas”, confessou Casimiro Pinto.

Apesar da tentativa, houve fotografias que acabaram mesmo por ficar de fora, o que o realizador explica com o tempo limitado da música. “A canção tem cerca de três minutos e houve uma altura em que simplesmente tive de parar de meter fotografias porque não havia mais espaço… Mas esperamos que tenha sido uma prenda com algum significado. É o nosso desejo”, sublinhou.

Ainda sobre a realização, Miro explicou que houve o cuidado de mostrar pessoas sorridentes, para vincular a mensagem: “O vídeo aposta mais nos sorrisos das pessoas, em vez de focar o aspecto mais sério da questão. Sabemos que a situação é séria e complicada, mas temos uma abordagem positiva, para as pessoas saberem que há esperança. Acreditamos que vamos receber um futuro melhor”, justificou. Nos primeiros três dias no canal de youtube de Cátia Pinto, o vídeo somava mais de duas mil visualizações.

28 Dez 2020

Quarentena | Autoridades sugeriram a residente que regressasse a Taiwan

Ou chamar uma ambulância ou abortar a quarentena e regressar à Formosa. Foi esta a resposta do Centro de Controlo e Prevenção da Doença a um residente que se queixou de ter de passar 21 dias num quarto de hotel sem luz nem ar naturais

 

Um residente queixou-se da falta de ar e de luz natural no quarto em que está a cumprir a quarentena, implorou por uma solução e ouviu como sugestão que poderia regressar a Taiwan, a última paragem antes da chegada a Macau. O caso foi relatado ao HM por Jorge Pinheiro, residente local a estudar em Portugal, que queria passar o ano novo com a família.

A cumprir quarentena desde 13 de Dezembro num quarto do Hotel Royal Dragon, no ZAPE, Jorge acusou a pressão de estar num ambiente sem luz nem ar naturais. Por esse motivo, decidiu que devia contactar o Centro de Controlo e Prevenção da Doença (CDC) para tentar encontrar uma solução.

“As janelas do quarto são amareladas, o que faz com que a luz natural não entre. Temos de estar às escuras ou com luz artificial. Só que ao fim de quase um mês nesta situação, uma pessoa sente-se mal. Não estamos preparados para estar com luz artificial todos os dias, durante quase um mês”, lamentou-se.

O contacto a queixar-se sobre o problema foi feito a 25 de Dezembro, quando foi informado, por telefone, sobre a necessidade de ficar 21 dias de quarentena, em vez dos 14 inicialmente previstos. “Estou preso num quarto sem luz natural nem ar natural há 13 dias e ainda tenho de ficar mais oito dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a luz e ventilação naturais são necessárias para o bem-estar de uma pessoa”, pode ler-se na mensagem enviada ao CDC. “Os 14 dias de quarentena aguentam-se bem, mas ficar 21 dias é demasiado, considerando estas condições.

Todos estes problemas estão a fazer com que me sinta em stress e ansioso, por isso peço às autoridades para que resolvam estes problemas e melhorem as condições de quem cumpre quarentena”, acrescentou, ao mesmo tempo que implorou por uma solução.

A queixa de Jorge Pinheiro foi enviada a 25 de Dezembro e ontem, na resposta, foram-lhe apresentadas duas alternativas: ou chamava uma ambulância, caso se sentisse mal, ou cancelava a quarentena e era enviado para Taiwan, o último ponto de embarque, numa viagem que começou em Portugal. “Primeiro, disseram que se me estivesse a sentir mal que podia telefonar para chamar uma ambulância […] Depois, disseram-me que podia sempre cancelar o isolamento”, relatou Jorge Pinheiro. “Eu perguntei: ‘Como assim?’ e depois de me perguntarem os dados pessoais e de onde tinha vindo, disseram-me que podiam mandar-me de volta para Taiwan”, relatou.

Apanhado de surpresa

A resposta apanhou de surpresa o residente, nascido em Macau. “Ter uma pessoa que trabalha na CDC a dizer que pode mandar-me de volta para Taiwan… Eu senti-me quase insultado. Venho para passar as férias com a minha família, que não vejo há quase um ano, e tenho funcionários a dizerem que me mandam de volta […] Eu nem estou a pedir para me tirarem da quarentena, só esperava que tentassem ao máximo arranjar uma solução”, desabafou.

A cumprir isolamento desde 13 de Dezembro, Jorge Pinheiro estava pronto para passar o Natal longe da família. Porém, admite ter ficado desiludido por a extensão do período de quarentena afectar também a noite de entrada no ano novo. Apesar de ter ficado a saber da extensão logo no dia 21 de Dezembro, através das notícias, oficialmente só foi informado a 25 de Dezembro, num telefonema de rotina em que lhe pediram para medir a temperatura.

“Não me informaram sobre a necessidade de cumprir 21 dias. Tive de descobrir pelas notícias. O que me deram foram duas folhas em chinês. Eu sei falar chinês, mas não sei ler. […]. Pedi que pelo menos me entregassem um papel em português, ou o mínimo dos mínimos, em inglês, mas até agora não me entregaram nada. Só fui informado mesmo pelo telefone”, relatou.

Após a medida ter sido anunciada, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença, admitiu que os avisos iam ser feitos caso a caso. “Temos vindo a monitorizar o estado de saúde dos indivíduos em observação médica, de maneira que temos vindo a telefonar um a um, sobre este arranjo novo. Não é um número pequeno, por isso alguns já receberam o nosso telefonema e outros ainda não foram contactados”, afirmou a responsável no dia 23 de Dezembro. O HM tentou ainda obter uma reacção às queixas junto dos Serviços de Saúde, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta.

28 Dez 2020

João Marques da Cruz deixa direcção da EDP e vai presidir eléctrica no Brasil

João Marques da Cruz, vice-presidente da Companhia Eléctrica de Macau, está de saída do Conselho da Administração da EDP e vai presidir à EDP Brasil, onde deverá substituir Miguel Setas. As movimentações na eléctrica de Portugal fazem parte das alterações propostas por Miguel Stilwell, presidente que substituiu António Mexia, investigado pela Justiça portuguesa, no cargo.

A saída de João Marques de Cruz da eléctrica de Portugal acontece num processo de reestruturação, uma vez que o conselho de administração vai passar a ter cinco gestores, quando anteriormente era constituído por nove membros, até à suspensão de funções dos dois directores a serem investigados, António Mexia e João Manso Neto.

Além dos cargos na EDP e CEM, João Marques da Cruz é igualmente presidente da Câmara de Comércio Luso-Chinesa. Quanto à posição de vice-presidente na CEM, João Marques da Cruz foi reconduzido em Março e o mandato prolonga-se até 2023.

Rocha Vieira em risco?

As alterações nos órgãos sociais da EDP não se devem ficar pela direcção, e também o conselho de supervisão, onde um dos membros é o último governador de Macau, Vasco Rocha Vieira, deverá sofrer alterações com uma redução do número de membros.

Rocha Vieira foi escolhido pelos accionistas da empresa para o cargo de supervisor independente em 2012, e, na altura, foi acusado pelo Partido Socialista de ser escolhido para o cargo por estar ligado ao Partido Social Democrata. Contudo o ex-Governador recusou as acusações e apontou que a sugestão do nome para o cargo tinha partido dos accionistas, principalmente da empresa estatal chinesa Three Gorges.

Rocha Vieira não deverá sofrer um impacto financeiro, uma vez que tem direito a uma reforma vitalícia de 13.607 euros, a mais alta paga pela Caixa Geral de Aposentações de Portugal. Parte deste pagamento está suspenso, mas em caso de saída da EDP, Rocha Vieira poderá receber da CGA o montante que agora está suspenso.

21 Dez 2020

Caso IPIM | Tribunal de Segunda Instância recusou liberdade a Miguel Ian

Em prisão preventiva desde finais de Outubro, o ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do IPIM pretende aguardar o desfecho do caso em liberdade

Miguel Ian, condenado a quatro anos de prisão no âmbito do processo do caso Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), vai continuar em prisão preventiva. O ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do IPIM está preso desde finais de Outubro, pretendia alterar as medidas de coacção e sair em liberdade, mas o Tribunal de Segunda Instância (TSI) recusou-lhe a intenção.

A decisão foi tomada na quinta-feira por um colectivo constituído pelas juízas Tam Hio Wa, Chao Im Peg e ainda o juiz Choi Mou Pan, após Miguel Ian ter decidido recorrer das medidas de coacção aplicadas depois da sentença condenatória da primeira instância.

Uma vez que Miguel Ian havia sido condenado a pena de prisão efectiva pela prática dos crimes de falsificação de documento, cuja moldura penal vai até aos três anos, e abaixo de 10 anos, não deverá haver possibilidade de recorrer sobre a libertação imediata para o Tribunal de Última Instância.

Também Irene Iu, uma das condenadas no caso IPIM, que o tribunal considerou fazer parte da associação criminosa criada pelos empresários Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, para vender a fixação de residência em Macau vai continuar em prisão preventiva.

Irene Iu encontra-se a cumprir pena de prisão desde a leitura da sentença, quando foi condenada a 8 anos e seis meses de prisão, além de vários crimes de falsificação de documentos.

No entanto, neste caso a decisão do TSI poderá admitir recurso nos próximos dias para o TUI, uma vez que a moldura penal do crime de associação criminosa chega aos 10 anos.

Recurso pendente

Além da decisão tomada, ainda se encontram no TSI os recursos sobre as condenações, colocados pelo Ministério Público e pela defesa dos arguidos.

No que diz respeito ao recurso do MP, foi deixada cair a acusação de associação criminosa face a Jackson Chang.
O ex-líder do IPIM foi condenado a dois anos de prisão efectiva pela prática de quatro crimes de violação de segredo e três crimes de inexactidão de elementos no preenchimento da declaração de rendimentos. Jackson Chang ainda enfrenta no TSI a acusação da prática dos crimes de corrupção activa, passiva e branqueamento de capitais, pelas quais foi absolvido na primeira instância.

Em relação a Glória Batalha, a juíza deu como provados praticamente todos os quesitos apresentados pela acusação e condenou a ex-vogal do IPIM a um ano e nove meses de prisão efectiva pela prática de um crime de abuso de poder e dois de violação de segredo.

21 Dez 2020

Presidenciais | Portugueses vão votar presencialmente no Consulado

Entre 23 e 24 de Janeiro os cidadãos portugueses vão ser chamados às urnas para escolherem o próximo presidente. Marcelo Rebelo de Sousa é o grande favorito e as sondagens apontam para uma vitória à primeira volta

 

As eleições para escolher o próximo presidente de Portugal vão realizar-se de forma presencial no consulado, durante o fim-de-semana de 24 de Janeiro. A informação foi avançada ao HM, pelo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves.

Os pormenores sobre o acto eleitoral deverão ser revelados nos próximos dias, através das páginas nas redes sociais no Consulado, quando serão esclarecidos os principais aspectos. Os interessados em participar no acto eleitoral precisam de estar registados nos cadernos eleitorais de Macau.

De acordo com o mapa divulgado pela Comissão Nacional de Eleições, as eleições no estrangeiro, decorrem ao longo de dois dias, entre as 08h e 19h de sábado, dia 23 de Janeiro, e as 08h e as 20h de domingo, já no dia 24. Na madrugada de dia 25 de Janeiro, hora de Macau, deverão ser conhecidas as primeiras projecções e o vencedor.

Além disso, em caso de deslocação ao exterior, as pessoas registadas em Macau poderão votar por antecipação, num processo, que segundo o mapa divulgado pela Comissão Nacional de Eleições, deverá decorrer entre 12 e 14 de Janeiro.

Nas últimas eleições presidenciais, o consulado contava com 16.125 votantes inscritos, entre os quais 580 optaram por exercer o seu direito de voto, o que representou uma participação de 3,6 por cento.

O actual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, foi o candidato mais votado em Macau, com 256 votos, ou seja 46,04 por cento das pessoas que participaram no acto eleitoral. Sampaio da Nóvoa foi o segundo candidato mais votados (154 votos), seguido por Marisa Matias (55 votos) e Paulo de Morais (34 votos) e ainda Maria de Belém (33 votos).

Reeleição à primeira?

Segundo a mais recente sondagem sobre os resultados das presidenciais, elaborada pela Pitagórica para a TVI/Observador, Marcelo Rebelo de Sousa deve vencer à primeira volta com 68,9 por cento das intenções de voto.

No segundo lugar surge Ana Gomes, com 11 por cento, seguida por André Ventura, com 9 por cento.
Marisa Matias (6,5 por cento) surge no quarto lugar, à frente de João Ferreira (3,6 por cento), e de Tiago Mayan Gonçalves (0,9 por cento).

O prazo para a entrega de candidaturas termina no dia 24 de Dezembro, mas segundo um artigo publicado no Pública, a 12 de Dezembro, além dos candidatos mencionados na sondagem, estão ainda interessados em juntar-se à corrida a Belém Vitorino Silva, conhecido como Tino de Rans, Carla Bastos e Orlando Cruz.

21 Dez 2020

Fernando Chui Sai On, ex-Chefe do Executivo, agraciado com Medalha do Grande Lótus

Tal como tem mandado a tradição, o ex-líder do Governo é agraciado com uma das distinções pelos serviços prestados. Também os ex-secretários Lionel Leong e Lau Si Io vão receber um medalha

O anterior Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, e o médico Zhong Nanshan, especialista em doenças contagiosas, vão ser galardoados, por Ho Iat Seng, com a mais alta distinção da RAEM, a Medalha de Honra do Grande Lótus. A lista, revelada ontem, é dominada por entidades e funcionários públicos que fazem parte e deram a cara pelo mecanismo de resposta à pandemia. O juiz Viriato Lima é o único português na lista.

Após ser anunciada a distinção, foi divulgada pelo Governo uma nota com a reacção de Chui Sai On. O ex-Chefe do Executivo afirmou “sentir-se muito honrado” com a medalha, agradeceu a Ho Iat Seng e considerou que a distinção pertence “a todos aqueles que contribuíram para a construção e estabilidade de Macau, incluindo o pessoal da Administração Pública e os diversos sectores da sociedade”.

Chui Sai On agradeceu ainda ao Governo Central “por todo o apoio e confiança” desde que assumiu o cargo de secretário para os Assuntos Sociais e Cultura até ao final do mandato enquanto Chefe do Executivo, assim como deixou uma palavra aos residentes por “com o espírito amar a Pátria e amar Macau” apoiarem e colaborarem com os trabalhos do Governo.

Além de Chui Sai On, foram ainda distinguidos dois ex-secretários, Lau Si Io e Lionel Leong, nestes casos com a Medalha Lótus de Ouro. A mesma distinção foi ainda atribuída à Associação de Educação de Macau e ao ex-chefe dos Serviços de Polícia Unitários, Ma Io Kun.

O juiz Viriato Lima, que se reformou no final de 2019 do Tribunal de Última Instância (TUI), é o único português da lista e vai receber a Medalha Lótus de Prata, a par da sucursal de Macau do Banco da China.

Mérito de SSM e médicos

É nas medalhas de mérito que as entidades e funcionários públicos estão em maior destaque, principal os serviços e os profissionais de saúde. A direcção dos Serviços de Saúde vai ser distinguida com a medalha de Mérito Profissional, enquanto o director Lei Chin Ion vai receber a medalha de Mérito Altruístico. Alvis Lo, médico-adjunto da direcção do Hospital Conde São Januário, Lam Chong, director do Centro de Controlo de Prevenção da Doença, e Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, vão receber a Medalha de Serviços Comunitários.

Também as equipas de resgate dos residentes de Macau retidos em Wuhan e no Cruzeiro Diamond Princess, no Japão constam na lista. Nestes casos vão receber o título honorífico de valor.

A cerimónia para a entrega das medalhas e dos títulos honoríficos ainda não tem uma data marcada, mas segundo o comunicado do Governo vai decorrer na segunda quinzena de Janeiro. Segundo a tradição, as medalhas são entregues no Centro Cultural de Macau.

Lista de agraciados

Medalhas de Honra:
Grande Lótus – Chui Sai On Fernando
Grande Lótus – Zhong Nanshan
Lótus de Ouro – Associação de Educação de Macau
Lótus de Ouro – Lau Si Io
Lótus de Ouro – Leong Vai Tac
Lótus de Ouro – Ma Io Kun
Lótus de Prata – Banco da China, Limitada, Sucursal de Macau
Lótus de Prata – Viriato Manuel Pinheiro de Lima

Medalhas de Mérito:

Mérito Profissional
Serviços de Saúde

Mérito Industrial e Comercial
Associação das Empresas Chinesas de Macau
União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau

Mérito Turístico
Associação das Agências de Turismo de Macau     
Associação das Agências de Viagens de Macau
Associação de Indústria Turística de Macau

Mérito Cultural
Livraria Seng Kwong, Limitada    
Kuan Kun Cheong
Ng Wai Kin

Mérito Altruístico
Lei Chin Ion       

Medalhas de Serviços Distintos:

Medalha de Valor
Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde
Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Conde de São Januário dos Serviços de Saúde
Gabinete de Gestão de Crises do Turismo
Departamento de Fiscalização Alfandegária dos Postos Fronteiriços dos Serviços de Alfândega da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China
Equipa de Ambulâncias para Doenças Infecciosas do Corpo de Bombeiros
Departamento de Controlo Fronteiriço do Corpo de Polícia de Segurança Pública
Departamento de Informações e Apoio da Polícia Judiciária

Medalha de Dedicação
Departamento de Higiene Ambiental e Licenciamento do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM)
Departamento de Segurança Alimentar do Instituto para os Assuntos Municipais Fong Hou In

Medalha de Serviços Comunitários
Lo Iek Long  
Lam Chong
Leong Iek Hou

Título Honorífico de Valor
Equipa de missão de apoio no combate à pandemia em África               
Equipa de resgate de residentes de Macau retidos na província de Hubei por meio de voo fretado a Wuhan
Equipa de resgate de residentes de Macau retidos no Cruzeiro “Diamond Princess” no Japão

20 Dez 2020

Grupos de protecção dos animais apresentam queixa contra o IAM no CCAC

Um grupo de associações de protecção de animais quer que o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) investigue o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), devido ao alegado abate do cão com o nome “Blue”, que afinal teria dono. A carta com o pedido de investigação foi entregue ontem por várias pessoas, entre as quais, Chao Man I, presidente da associação Grande Coligação para Protecção dos Animais.

Segundo a versão das autoridades, Blue é um cão preto com uma mancha branca que habitava junto do Canil Municipal e que continua desaparecido. Porém, várias associações acreditam que o cão, adoptado como parte do programa do IAM, foi abatido pelo canil municipal, apesar de ter dono. O IAM defende-se e diz que o cão abatido com características físicas semelhantes não tinha chip de identificação, ao contrário de todos os animais que são adoptados no âmbito do programa de adopções promovidas pelo Governo.
Ao HM, Chao Man I explicou que houve uma queixa porque acredita que uma veterinária de apelido Choi terá agido com negligência, ao prometer que o cão que se assemelhava ao Blue não seria abatido. Choi reconheceu ainda que a pessoa que tinha o cão à sua guarda era diferente do dono do registo junto do IAM.
“Já tínhamos notificado [a veterinária] de que o cão da cela número três estava reservado. Porque é que ela não esperou? Qual foi a pressa de abater o cão?”, questionou Chao Man I, afirmando que o IAM tinha sido avisado que seria contactado pelo dono. “Para nós, todo este procedimento significa que houve negligência. Não sabemos ainda se houve negligência por não terem inserido o chip no cão, ou se antes de o abaterem não conseguiram detectá-lo”, acrescentou.
A presidente do grupo de animais deixou ainda no ar a possibilidade de a funcionária ter actuado por não gostar de cães pretos, como Blue. “A veterinária Choi odeia cães pretos, por isso é que houve necessidade de matar o cão. Solicitamos as explicações da veterinária Choi”, atirou.

Brincadeiras gravadas

Os representantes dos grupos de protecção animal contestam ainda a versão do IAM, porque a pessoa com a guarda do animal que vivia na rua, terá brincado com o cão, quando este estava nas instalações do canil. “Achamos que é uma mentira pouco razoável, a pessoa que tinha o cão à guarda visitou e brincou com o animal. As imagens foram captadas pelo sistema de videovigilância”, sustentou.
Chao Man I acusou ainda o IAM agir de forma incorrecta, porque pedir à população que trate bem os animais, enquanto é a entidade responsável pelo maior número de mortes. “O IAM trata os animais brutalmente. Porque é que o IAM alerta na televisão para não maltratar os animais, e os superiores maltratam e matam os animais?”, questionou.
Finalmente, a presidente da Grande Coligação para Protecção dos Animais desabafou considerar que os avanços na defesa dos direitos dos animais dependerem mais dos voluntários do que do Executivo. “No início, estávamos contentes com a lei de protecção dos animais, porque achávamos que era um mecanismo para protegê-los. Mas, na realidade, só está a ser utilizada para reprimir os voluntários que tratam dos animais de rua”, concluiu.

19 Dez 2020

Taiwan | Empresas de Macau vão ter restrições de investimento

O Conselho dos Assuntos para o Interior, do Governo de Taiwan, confirmou que está a trabalhar num documento para impedir que as empresas de Macau sejam utilizadas como ferramenta de infiltração política

Para evitar infiltrações do Interior que ameacem a segurança, o Governo de Taipé está a fazer uma revisão das leis que permite que empresas e empresários de Macau e Hong Kong invistam na Ilha Formosa. A notícia foi confirmada pelo Conselho dos Assuntos para o Interior, entidade de Taiwan.
Anteriormente, os órgãos de comunicação social da Formosa já haviam reportado que o Governo de Tsai Ing Wen iria fazer uma revisão da lei de modo a permitir que companhias de Macau e Hong Kong tenham um estatuto especial, face às empresas do Interior, para investirem na ilha.
As empresas afectadas pelas restrições seriam empresas do Interior que recorrem a companhias de Macau e Hong Kong para investir em Taiwan; residentes de Macau e Hong Kong que anteriormente tinham residência no Interior; e ainda empresas consideradas influentes no Interior, ou cujas receitas sejam geradas maioritariamente no outro lado da fronteira.
Segundo as primeiras notícias sobre este tema em Taiwan, as decisões teriam sido motivadas pela nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, numa alteração legislativa que foi encarada pelo Governo de Tsai como o final da RAEHK como Centro Financeiro Internacional. As notícias colocavam assim em causa o tratamento especial que Hong Kong, e até Macau, têm em Taiwan face ao Interior.

Sem impacto para PME

No entanto, ontem, o Conselho dos Assuntos para o Interior esclareceu que apesar de estar a ser feito trabalho legislativo para impedir infiltrações políticas do Interior, através de investimentos feitos com companhias e pessoas em outras jurisdições, o estatuto de Hong Kong como praça internacional de capitais não está em causa. Assim, os investidores e as empresas de Hong Kong e Macau vão continuar a ter um estatuto especial, face ao Interior, quando investem em Taiwan.
Após a notícia ter sido confirmada pelo Conselho dos Assuntos para o Interior, o jornal Apple Daily ouviu Kevin Tsui, professor-assistente de Economia na Universidade de Clemson, na Califórnia.
De acordo com o académico, as alterações não vão ter impacto para as empresas “verdadeiramente” de Hong Kong e Macau, ou seja cujos investidores são das RAEs. Também segundo Kevin Tsui, as pequenas e médias empresas não devem ser afectadas, porque normalmente as companhias com ligações ao Interior são de maior dimensão.

19 Dez 2020

AL | Plenário demorou 15 minutos e terminou com desejos de boas festas

Nos anos 60, a expressão “15 minutos à Benfica” ficou celebrizada devido à forma como o clube da Luz resolvia os jogos. Ontem, os deputados seguiram o exemplo e concluíram uma reunião plenária em 13 minutos

Foram precisos 13 minutos para os deputados aprovarem ontem duas alterações legais, naquela que foi uma das reuniões plenárias mais rápidas da Assembleia Legislativa. Sem intervenções de deputados, além de um resumo da discussão em sede de especialidade nas comissões, os deputados aprovaram por unanimidade as alterações à Lei dos Serviços de Polícia Unitários e a à Lei de Bases da Segurança Interna da RAEM.
No caso dos dois diplomas, as alterações eram essencialmente de ordem técnica e visavam harmonizar os textos legais a nível de funções e terminologias com a Lei de Bases de Protecção Civil, que reforçou os poderes do secretário para a Segurança e reorganizou no mecanismo de resposta a emergências.
A reunião do plenário de ontem foi a continuação da reunião de quarta-feira, pelo que não houve lugar a intervenções antes da ordem no dia. Também durante a discussão dos diplomas não houve deputados a intervirem, com todos a limitarem-se a votar artigo a artigo, por unanimidade, entre os 30 votantes. O presidente da AL, Kou Hoi In, não votou e Vitor Cheung não esteve presente.
Por sua vez, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, também não utilizou a palavra, uma vez que não lhe foram pedidos esclarecimentos.
No final da reunião, o presidente da AL limitou-se a dizer aos deputados que como a agenda tinha chegado ao fim que desejava boas festas aos presentes e que até ao final do ano não deveria haver mais sessões plenárias.

Sem custo extra

Ao contrário do que acontece com as reuniões das comissões, as sessões do plenário não envolvem pagamento extra. É o que consta no Estatuto dos Deputados. Por esse motivo, a reunião de ontem não acresce qualquer pagamento extra ao salário base de 49.949 patacas.
Caso a reunião tivesse sido em comissão, os deputados presentes tinham recebido cerca de 1.249 patacas. O pagamento para os presidentes de comissão é superior a esse montante, e aproxima-se de 2.500 patacas.
Apesar de tecnicamente a reunião de ontem ser a continuação da sessão de quarta-feira, alguns deputados não deixaram de brincar com a situação, e falaram de um novo registo histórico. “Novo recorde: a reunião do plenário mais curta da História”, escreveu nas redes sociais a deputada Agnes Lam. “Bem, durou menos de 15 minutos”, acrescentou.
Também Sulu Sou alinhou na brincadeira e afirmou que os 13 minutos nem chegaram para beber a água com limão. “O último plenário de 2020: Foram 13 minutos para aprovar duas leis consensuais”, realçou. “Nem deu tempo para beber a água com limão”, acrescentou

19 Dez 2020