João Santos Filipe PolíticaARTECH celebra Van Gogh com simbiose artística no One Central Macau A galeria ARTECH, no MGM Macau, acolhe a partir de quinta-feira uma série de exposições e experiências sensoriais baseadas no imaginário de Van Gogh. “Starry Night Garden” irá animar o centro comercial One Central Macau, até ao fim de Julho, com instalações imersivas, arte digital e uma obra de grande escala de William Lim As espirais de cores da onírica noite estrelada de Vincent Van Gogh é uma das mais populares imagens da pintura mundial, que conheceu múltiplas reinterpretações e formas de reprodução. Macau vai contar, durante quase dois meses, pedaços interactivos evocativos da obra a óleo do mestre holandês. A partir de quinta-feira, até ao dia 31 de Julho, a ARTECH, que fica no centro comercial One Central Macau no MGM Macau, será anfitriã de uma exposição multidisciplinar intitulada “Starry Night Garden”. A exposição irá reunir trabalhos de artistas de renome, como William Lim, de Hong Kong, que irá apresentar “Full Moon and Blossoming Flower”, um espaço imersivo artístico de grande escala, que abre uma porta mágica convidando o público a um mergulho interactivo num universo de cor. A criação deste mundo pós-impressionista passou da imaginação e inspiração para a vida real com o contributo dos especialistas da Kaiju Matter, uma agência criativa de Hong Kong que tem coleccionado prémios e distinções nos últimos anos. A organização de “Starry Night Garden” aponta que a obra de “arte digital é uma demonstração de respeito por Van Gogh, recolhendo inspiração nos conceitos estéticos do holandês e nas suas representações de flores e luas”. Como tal, a obra de Lim usa e abusa da exuberância cromática, das alucinantes formas arquitectónicas e naturais, mudanças meteorológicas e estações do ano, incorporando também conceitos de feng shui para realçar a sensação de sonho acordado. Meta-Gogh Outro dos destaques da série “Starry Night Garden”, resulta da parceria da galeria ARTECH e da holandesa Van Gogh Sites Foundation que possibilitou a concepção de VG39, uma série de NFT com representações de 39 locais importantes na vida do pintor holandês, incluindo a igreja na sua cidade natal (Zundert na província de Brabante do Norte, que faz fronteira com a Bélgica). A galeria “ARTECH irá também apresentar uma série de instalações interactivas de arte digital, experiências de metaverso e workshops de arte criada por software de inteligência artificial, que tem o objectivo proporcionar aos visitantes experiências sem precedentes de confluência com a mais avançada tecnologia”. As principais obras que estão no epicentro da inspiração para esta exposição são “Starry Night Over the Rhône” e “The Starry Night”, esta última pintada em Junho de 1889, retratando a vista da janela do quarto do asilo psiquiátrico onde Van Gogh ficou instalado depois do famoso incidente de automutilação em que cortou a orelha. As formas assumidas pelas estrelas, a lua e o céu confluem numa dança pictórica que acabaria de transformar este quadro num dos mais famosos da história da arte.
João Santos Filipe SociedadeGrupo Galaxy com receitas líquidas de 7,05 mil milhões Os números foram revelados num comunicado enviado ontem à Bolsa de Hong Kong. A empresa espera criar 900 postos de trabalho para “residentes locais” com a abertura da fase 3 do Casino Galaxy O Grupo Galaxy Entertainment registou receitas líquidas de 7,05 mil milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre do ano, de acordo com os dados divulgados ontem num comunicado à Bolsa de Hong Kong. Segundo a informação partilhada, o grupo que controla a concessionária responsável pelo casino Galaxy registou um crescimento nas receitas líquidas de 72 por cento, em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Quando as receitas do primeiro trimestre deste ano são comparadas com o último trimestre do ano passado, o crescimento é mais significativo atingido os 142 por cento. Neste período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado foi de 1,91 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com o montante de 0,6 mil milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre do ano passado. Em comparação com o último trimestre de 2022, o aumento do valor do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado é mais significativo. Entre Outubro e Dezembro do ano passado, o valor não foi além dos 0,2 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com os 1,91 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março deste ano. Confiança na recuperação Com a revelação de alguns dados sobre a prestação do grupo, foram também divulgadas declarações do presidente Lui Che Woo, que se mostrou confiante na recuperação da indústria do turismo, após o levantamento das medidas de controlo da covid-19. “A 8 de Janeiro de 2023, o Governo de Macau anunciou o fim oficial das restrições impostas pela Covid-19. Tem sido muito agradável ver o regresso dos clientes, após o relaxamento das restrições de viagem”, afirmou Lui Che Woo. “As chegadas de visitantes, a ocupação hoteleira, as receitas do jogo e as vendas a retalho registaram um bom crescimento”, acrescentou. O presidente do grupo mostrou-se ainda confiante, principalmente com a abertura de novas instalações até ao final do ano. “Olhando para o segundo trimestre de 2023, esperamos mais melhorias à medida que mais instalações começam a ser exploradas, após o recrutamento adicional de pessoal, a expansão do número de voos e ferries e a abertura de novas instalações, como o Centro de Convenções Internacional Galaxy, o Hotel Raffles at Galaxy Macau e o Andaz Macau”, indicou. O responsável apontou ainda que com a abertura da nova fase do empreendimento Galaxy vão ser criados cerca de 900 empregos para residentes locais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeProlongado apoio a abate de veículos a gasóleo Os apoios financeiros para abate de veículos antigos a gasóleo e para a substituição de motos antigas por eléctricas vão ser prolongados até 2025. As medidas visam melhorar a qualidade do ambiente no território A Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou ontem que vai prolongar o plano de concessão de apoio financeiro para o abate de veículos antigos movidos a gasóleo e o plano de concessão de apoio financeiro ao abate e substituição de motociclos obsoletos por eléctricos. A informação foi divulgada ontem através de dois comunicados, que se seguiram a despachos publicados no Boletim Oficial. A extensão do programa para abate de veículos antigos movidos a gasóleo foi justificada com o objectivo de melhorar “a qualidade do ar”, “garantir a saúde dos residentes” e a concretizar a “dupla meta de carbono”. Esta é uma política nacional, promovida por Xi Jinping, que tem por base o objectivo de alcançar os níveis máximos de emissão de carbono do país até 2030, para depois iniciar uma redução gradual das emissões. Neste sentido, o Governo da RAEM pretende “impulsionar os proprietários a abater os motociclos e ciclomotores obsoletos altamente poluidores e a generalizar ainda mais o uso de motociclos eléctricos”. O programa para a substituição de motos tem apoios que variam entre as 8.000 e 8.800 patacas. Ao apoio financeiro directo de 3.500 patacas para a compra de um ciclomotor/motociclo eléctrico, junta-se uma isenção de 900 patacas da taxa de “chapas de experiência” e a isenção da “taxa da primeira matrícula”, que no caso dos ciclomotores é de 3.600 patacas, e dos motociclos de 4.400 patacas. O programa é divido em duas fases. A primeira decorre entre 1 de Junho e 31 de Maio de 2024 e destina-se aos proprietários de motociclos e ciclomotores obsoletos, matriculados ou registados até 31 de Dezembro de 2010. A segunda fase será aberta de 1 de Junho de 2024 a 31 de Maio de 2025 e destina-se aos proprietários de motociclos obsoletos matriculados ou registados no período entre 1 de Janeiro de 2011 e 31 de Dezembro de 2013. Movidos a gasóleo Também o prolongamento do plano de apoio financeiro para o abate de veículos antigos movidos a gasóleo foi justificado com o objectivo de “melhorar a qualidade do ar e assegurar a saúde da população”. As candidaturas são feitas junto do Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética e o montante do apoio financeiro por veículo abatido varia entre as 25 mil e 155 mil patacas, dependendo do número de lugares e do peso. À semelhança do programa anterior, também este tem as candidaturas divididas em duas fases. A primeira fase decorre entre 1 de Junho e 31 de Maio de 2024 e destina-se aos proprietários de veículos antigos movidos a gasóleo matriculados e registados até 31 de Dezembro de 2008. A segunda fase será aberta de 1 de Junho de 2024 a 31 de Maio de 2025 para os proprietários de veículos antigos movidos a gasóleo matriculados e registados entre 1 de Janeiro de 2009 e 31 de Dezembro de 2013.
João Santos Filipe Manchete SociedadeReconhecida existência de mais de 500 casos diários de covid-19 O Centro de Coordenação de Contingência fez uma revisão dos critérios de contabilização dos casos de covid-19, e avisa a população que “não é adequado” fazer comparações com outras regiões Até à passada sexta-feira, o território registava uma média superior a 500 casos por dia de covid-19, de acordo com a nova revisão dos dados feita pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Numa nota de imprensa divulgada no sábado, o Centro de Coordenação de Contingência defendeu a necessidade de “demonstrar cabalmente a situação real da infecção”. Sábado, foi também o dia em que o número de novos casos baixou para 270, segundo a estatística divulgada ontem. “Nos últimos dias, tem-se registado uma tendência de aumento de casos de infecção pela Covid-19, a fim de despertar a atenção da população, no dia 17 de Maio, o mecanismo de monitorização de casos de infecção pela Covid-19 foi ajustado”, foi revelou. “E a partir do dia 20 de Maio, o número dos casos de infecção passa a ser divulgado diariamente, de forma a demonstrar cabalmente a situação real da infecção pela Covid-19 na comunidade”, foi acrescentado. Com os novos métodos, o Centro de Coordenação de Contingência admitiu que ao “caso grave” anunciado na quarta-feira, o único admitido até então, se juntam mais 701 ocorrências. Em relação a quinta-feira, aos oito revelados, juntaram-se mais 650 novos casos. Face a sexta-feira, o centro revelou a existência de 551 casos de infecção, e apontou que entre estes um “necessitou de internamento nas instalações de tratamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário”. Sobre a escala da propagação, as autoridades apelaram à calma porque dizem que “a patogenicidade do vírus não é alta e a epidemia não tem um impacto significativo no sistema de saúde e no funcionamento da sociedade”. Não comparar Em relação à subida dos números, o Centro de Coordenação de Contingência fez um apelo à população para que evite comparações com as outras regiões, onde há menos casos. “O Centro de Coordenação de Contingência salienta que os métodos de monitorização adoptados nas diversas regiões são diferentes, pelo que não é adequado fazer uma comparação directa entre os dados dos casos de infecção registados nestas regiões”, foi indicado. Sobre os novos critérios de contabilização, foi explicado que resultam das informações declaradas por médicos em Macau, das informações declaradas por instituições de realização de testes de ácido nucleico, dos números recolhidos na Plataforma de declaração e consulta de resultados de testes de rastreio da infecção pela Covid-19.
João Santos Filipe Manchete SociedadeRon Lam questiona eficácia do combate ao crime com cartões O deputado acredita que a redução dos crimes de fraude com cartões bancários se deve principalmente ao facto de os residentes desistirem de apresentar queixa junto das autoridades, e não à situação real O legislador Ron Lam questiona os dados da Polícia Judiciária (PJ), que assinalam uma redução do número de crimes de burla com cartões de crédito. Numa interpelação escrita, o legislador revela acreditar que a tendência está mais relacionada com a falta de queixas por quem é roubado, do que com a situação real. As burlas com cartões de crédito remetem para o crime em que os dados dos cartões pessoais são utilizados por outra pessoa, sem consentimento, para fazer compras. Segundo os dados da PJ, os crimes desta natureza estão a baixar desde a segunda metade de 2021. Porém, Ron Lam alertou existir vários crimes deste género a acontecer, e que a PJ não deve elaborar a estatística apenas com base no número de queixas recebidas. No entender do membro da Assembleia Legislativa, os dados devem ser obtidos também junto das instituições bancárias. Neste sentido, o deputado escreveu uma interpelação a questionar as autoridades sobre a taxa de sucesso na resolução dos casos de burla com cartões de crédito no território. “É preciso perceber se foi o número real de crimes que foi menor, ou se a redução apenas se deve ao facto de haver menos queixas, uma vez que poucos crimes são resolvidos com sucesso”, argumentou. Lam pede ainda às autoridades que indiquem o montante recuperado com sucesso, no âmbito das queixas dos residentes. Pior que Hong Kong Sobre os números disponíveis, o deputado indica que a situação em Macau é mais grave do que na região vizinha. Segundo os dados da PJ, em 2021 houve um total de 663 casos em Macau de fraudes com cartões de crédito com as perdas a ascenderem a 7 milhões de patacas. Ao mesmo tempo, em Hong Kong registaram-se 700 casos, mas as perdas foram inferiores, com o montante a situar-se nos 5,5 milhões de dólares de Hong Kong. “Se calcularmos a proporção da população afectada com o crime, o número de casos e o valor envolvido é mais grave do que em Hong Kong”, indicou. Outro dos problemas indicado por Ron Lam, passa pelo facto de muitas vezes as transacções serem feitas sem o conhecimento do lesados, que só se apercebem do pagamento com recurso à sua conta através da mensagem de confirmação da transacção dos bancos. Face a estes fenómenos, Lam pede às autoridades que apresentam o número de casos nos últimos cinco anos e os montantes perdidos através deste crime. Além disso, face à constante posição dos bancos para com os residentes em que não se recupera o dinheiro das transacções feitas por terceiros, o deputado quer que a AMCM imponha as instruções que actualmente estão em vigor em Hong Kong e que considera mais eficazes.
João Santos Filipe PolíticaJosé Chui Sai Peng considera concursos de obras públicas transparentes Enquanto deputado, José Chui Sai Peng afirma que a atribuição de contratos públicos por concurso funciona de forma justa e transparente. Como empresário, a sua empresa CAA City Planning & Engineering Consultants Ltd soma contratos superiores a 100 milhões de patacas O deputado José Chui Sai Peng considera que os concursos públicos realizados no âmbito das Obras Públicas no território são um processo transparente. A posição do também empresário foi tomada na sexta-feira, depois de uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas para analisar o processo de concurso público. “Creio que actualmente o trabalho [dos concursos públicos] está a ser bem feito, de forma transparente e justa”, afirmou José Chui Sai Peng, no final da reunião da comissão a que preside, de acordo com o Canal Macau. “Temos um funcionamento saudável dos serviços públicos em relação a esta matéria. E podemos ver que nos disponibilizaram muitas informações para analisar, porque são serviços que estão muito habituados e têm muita experiência neste tipo de trabalhos”, acrescentou. Por outro lado, Chui Sai Peng destacou que existe uma boa cooperação entre os diferentes serviços da administração, para lidar com situações de desconhecimento. “Os serviços públicos sabem que quando não têm muitos conhecimentos em relação a esta matéria, podem pedir ajuda a outros serviços e é isso que fazem”, indicou. “Entre os serviços públicos há muito diálogo e grande cooperação com vista a garantir os interesses da população de Macau, prestando melhores serviços à sociedade”, opinou. Homem da área Além de deputado, o primo do ex-chefe do Executivo está habituado a participar, e a vencer, vários concursos públicos ligados às obras públicas. Chui Sai Peng é administrador e gerente-geral da consultora CAA City Planning & Engineering Consultants Ltd e ainda presidente do Conselho de Administração da Zhuhai Da Chang Concrete Pile. A empresa CAA City Planning & Engineering Consultants Ltd, detida por Chui a 95 por cento, tem sido escolhida em vários concursos públicos relacionados com a Zona A dos Novos Aterros. Entre os contratos mais recentes adjudicados à companhia, destaca-se o trabalho de fiscalização da “Concepção e Construção de Habitação Pública no Lote A5 da Nova Zona de Aterro A”, no valor de 33 milhões de patacas, a serem recebidos até 2027. Outro dos trabalhos adjudicados, é a fiscalização da “empreitada de concepção e construção de habitação pública no Lote A2 da Nova Zona de Aterro A”, num valor de 35 milhões de patacas, por um trabalho de 1.440 dias. Já pela elaboração do projecto da construção do Edifício de Instalações Públicas no Lote B6 na Zona A, a empresa recebeu 11,3 milhões de patacas. Contudo, o contrato recente com valor mais elevado diz respeito à fiscalização das obras de extensão da Linha do Metro Ligeiro na Ilha de Hengqin. O Governo vai pagar à empresa do deputado 68,8 milhões de patacas pelos trabalhos.
João Santos Filipe PolíticaChan Hou Seng pede plataforma para promover a “narrativa chinesa” Chan Hou Seng defende que o território se deve constituir como uma plataforma de aprendizagem de civilizações, para promover a “narrativa chinesa” e a “construção de uma comunidade de destino comum da humanidade”. A ideia foi proposta numa intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa, e o deputado nomeado por Ho Iat Seng reconheceu que tem por inspiração os discursos de Xi Jinping. “Devemos trabalhar em conjunto com o Interior da China para planear diferentes actividades e projectos, com base em Macau, e expandir, em conjunto, o intercâmbio com o exterior, tendo como objectivo nuclear ‘aprofundar o intercâmbio e a aprendizagem entre civilizações’”, apontou o deputado. “Devemos tomar a cultura como ponto de partida, com a forma de narrativa chinesa, destacar a aprendizagem entre as civilizações, promover a construção de uma comunidade de destino comum da humanidade, e mostrar os novos sucessos da prática Um País, Dois Sistemas em Macau”, acrescentou. Apostar na rota Este é um trabalho que o também Director de Museu de Arte de Macau considera que deve ser feito através da participação na política nacional “Uma Faixa Uma Rota”. “Vamos desenvolver, sistematicamente, projectos de cooperação com os países ao longo do percurso do projecto Uma Faixa, Uma Rota, organizando localmente e no exterior actividades culturais, exposições e fóruns, para o turismo ser impulsionado pela cultura, a economia impulsionada pelo turismo e o desenvolvimento promovido pela economia, para a interacção entre Uma Base, Um Centro e Uma Plataforma”, propôs. Chan Hou Seng apresentou a estratégia de política cultural como uma obrigação da RAEM, e defende que os recursos sejam utilizados igualmente na educação, que deve cultivar acima de qualquer outro valor o amor pela pátria. “Através de estudos e exposições, os resultados serão transformados em recursos educativos para melhorar a qualidade humanística de Macau, alargar horizontes e cultivar nos jovens o amor à pátria e a Macau, dando assim um novo impulso à implementação estável e douradora do princípio Um País, Dois Sistemas”, apontou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança Nacional | Nova Lei aprovada por unanimidade. Deve entrar em vigor para a semana Lei que criminaliza “gostos” e publicações nas redes sociais foi aprovada ontem por unanimidade na Assembleia Legislativa e praticamente sem discussão. Nas declarações de voto quase todos os deputados defenderam a necessidade do diploma para fazer face “aos novos desafios internacionais” A alteração à Lei Relativa à Defesa da Segurança do Estado foi ontem aprovada na especialidade, tendo todos os artigos sido aprovados por unanimidade pelos deputados. A lei entra em vigor no dia seguinte à publicação no Boletim Oficial, o que deverá acontecer na próxima segunda-feira. Apesar do impacto da lei, destacada como fundamental pelo governo, o diploma foi aquele que gerou menos comentários e dúvidas entre os três que foram votados no dia de ontem, onde se inclui a nova lei de crédito para o jogo e a lei de captação de talentos. A discussão da lei de segurança nacional ficou marcada pelas palavras de Kou Hoi In, presidente da AL, que conduziu os trabalhos: “Ninguém quer opinar? Então vamos proceder à votação… Artigo aprovado”, repetiu de forma incessante, ao mesmo tempo que os artigos eram aprovados por unanimidade. Os membros da Assembleia Legislativa apenas emitiram declarações de voto no final da votação. A excepção ao silêncio geral partiu de Ron Lam, que pediu a garantia de que os cidadãos não seriam presos, no caso de revelarem conteúdos que desconhecessem ser segredos de Estado. “Os crimes que têm a ver com o exercício das funções podem resultar de negligência, mas nestes casos tem de haver dolo. Se não houver dolo não constitui crime”, prometeu Wong Sio Chak, secretário para a Segurança. Por outro lado, Ron Lam pediu também garantias de que as pessoas não seriam penalizadas pelas ligações que mantêm com associações ou pessoas no estrangeiro. “A lei não vai afectar as ligações com o exterior”, respondeu o secretário. Nova realidade Os argumentos em torno do diploma focaram dois pontos: a nova situação internacional e a necessidade de garantir a estabilidade e o desenvolvimento da RAEM. Chui Sai Peng foi um dos deputados a verbalizar estes argumentos, numa declaração de voto também feita em nome de Ip Sio Kai e Wang Sai Man: “Vamos defender melhor a segurança do Estado. Só existe um país e tem todo o nosso apoio. A defesa do Estado é o trabalho basilar de todos nós”, afirmou. “Só com a concretização do conceito geral da segurança do Estado é possível garantir o desenvolvimento e estabilidade do Estado”, prometeram Ma Chi Seng, Pang Chuan e Kou Kam Fai. “A segurança do Estado é a base do desenvolvimento da nação. Macau é uma parte inseparável do país e é necessário alterar esta lei, de forma a salvaguardar a segurança do Estado”, disseram Lam Lon Wai, Ella Lei, Leong Sun Ion e Lei Chan U. Por sua vez, Ron Lam afirmou apoiar a lei, mas também destacou a necessidade de proteger a liberdade de expressão. “A lei de 2009 surtiu os seus efeitos necessários na segurança do Estado. Mas compreendo a necessidade de alterar esta lei, para haver uma articulação com as leis de Hong Kong e do Interior”, começou por indicar Lam. “Esta lei não pode por em causa o princípio da liberdade de expressão que tem vigorado em Macau”, destacou. “Alguns artigos podem suscitar dúvidas da população, mas (…) não há falta de clareza nesta lei, embora tenhamos de fazer acções de promoção, para proteger a liberdade de expressão”, acrescentou. José Pereira Coutinho e Che Sai Wang, deputados que assumem ser portugueses, aprovaram todos os artigos do diploma, sem qualquer intervenção ou declaração de voto. Pelo mundo fora O diploma aprovado ontem vai permitir às autoridades da RAEM acusar quem pratique actos, em qualquer parte do mundo, considerados como uma ameaça à segurança nacional. Esta é uma das principais diferenças face ao diploma de 2009, quando era exigido que os potenciais crimes fossem praticados no território. Os crimes de secessão de Estado, subversão contra o Governo Popular Central, sedição foram também revistos, alguns com penas mais pesadas, outros com alteração dos requisitos, que podem fazer com que publicações das redes sociais ou gostos em publicações possam ser considerados crime. Passam também a ser crime, as ligações com pessoas ou associações fora da RAEM que pratiquem actos contra o Estado e também a instigação à sedição, que acarretam penas que podem chegar aos 10 anos de prisão. Finalmente, foi criado um mecanismo para impedir que os suspeitos da prática de crimes, mesmo quando ainda não foram acusados formalmente, possam deixar o território.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLicença de maternidade | Deputados pedem continuação de subsídio Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man são contra a suspensão do subsídio que ajuda a pagar 14 dos 70 dias de licença de maternidade no sector privado. Os deputados pedem que a política seja adiada para uma altura mais oportuna Os deputados e empresários Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man defendem que o Governo deve continuar a subsidiar a licença de maternidade, além de 25 de Maio. Em declarações ao jornal Ou Mun, os legisladores consideraram que o subsídio só deve terminar, quando o assunto for discutido totalmente no Conselho Permanente de Concertação Social. Em 2020, quando a licença de maternidade no sector privado foi estendida de 56 dias para 70 dias, o Governo assumiu o compromisso de pagar o aumento de 14 dias durante três anos. Contudo, o prazo termina a 25 de Maio, e os deputados e empresários defendem o prolongamento da atribuição do subsídio. Segundo Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man a continuação do subsídio é fundamental para proteger as pequenas e médias empresas (PME), que actualmente enfrentam dificuldades. Por isso, o aumento dos custos com a mão-de-obra devido ao eventual pagamento de licenças de maternidade é encarado como mais um problema, porque vai levar ao aumento dos custos de exploração dos negócios. Neste sentido, os três legisladores defendem a continuação do subsídio de 14 dias da licença de maternidade como medida temporária, para dar tempo às PME para recuperarem da crise económica e reforçarem a capacidade de resistência a potenciais riscos. Dificuldades de contratação Para justificarem o ponto de vista de prolongamento do apoio às empresas, os deputados argumentaram também que actualmente as PME estão a aumentar muito os custos com a mão-de-obra, para conseguirem contratar trabalhadores. Com a recuperação económica, Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man indicam que as PME têm dificuldades em competir por trabalhadores com as grandes empresas, capazes de oferecer condições laborais mais atractivas. No entanto, se não houver alternativa ao fim do subsídio, os deputados defendem que o Governo deve criar benefícios fiscais ou isentar as empresas de alguns impostos. Actualmente, a licença de maternidade no sector privado é de 70 dias, enquanto no público é de 90 dias. Apesar de empresários e deputados ligados ao patronato se mostrarem contra o pagamento extra da licença de maternidade, no sector laboral há quem defenda o prolongamento da licença no sector privado para 90 dias. Wong Kit Cheng, ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau, e Lei Chan U, da Federação das Associações dos Operários de Macau, apelaram recentemente ao Governo para que defina 90 dais como licença de maternidade única.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCrime | Ella Lei pede medidas contra excesso de permanência A deputada dos Operários associa os turistas que ficam em excesso de permanência no território aos crimes de troca ilegal de dinheiro e homicídio, e quer saber as medidas que o Governo vai tomar para combater o fenómeno Ella Lei pede ao Governo que tome medidas para combater o fenómeno dos turistas que ficam no território em excesso de permanência. O apelo da deputada consta de uma interpelação divulgada ontem, em que o excesso de permanência é ligado a crimes como homicídios e troca ilegal de dinheiro nos casinos. Segundo a legisladora da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), com o regresso do turismo, depois de três anos em que a mobilidade esteve seriamente afectada devido à política de zero casos de covid-19, espera-se o retorno de “problemas antigos de segurança”. Entre as questões indicadas pela deputada constam a “troca ilegal de dinheiro”, prostituição ou o trabalho ilegal. A legisladora atribui também parte da criminalidade violenta ao regresso do turismo, através dos visitantes que ficam além do tempo permitido pelo visto de entrada e que se dedicam a actividades lucrativas, como troca ilegal de dinheiro. “Recentemente aconteceram crimes violentos nos casinos, como lutas nas zonas de jogo e homicídios, praticados por turistas que estavam em excesso de permanência e que pernoitavam em pensões ilegais”, escreve Ella Lei. “Apesar de as autoridades detectarem casos de turistas em excesso de permanência com operações de grande escala, realizadas com alguma frequência, prevê-se que a criminalidade vá aumentar, com a facilitação da entrada de turistas em Macau”, acrescentou. Mudar as leis A deputada quer saber se o Governo vai intensificar as medidas de controlo do excesso de permanência e troca ilegal de moeda, que muitas vezes são resolvidos com a expulsão do território e proibições de entrada. “Nos últimos meses têm sido registados crimes graves, como homicídios que tiveram por base disputas monetárias resultantes de trocas de dinheiro ilegais. Normalmente, as questões são tratadas com a proibição de entradas das pessoas que trocam dinheiro”, aponta Ella Lei. “Será que o Governo vai estudar mudar as leis em vigor, para tomar medidas mais viáveis e reforçar a luta contra estes crimes”, questionou. A deputada ligada à FAOM quer ainda saber como as autoridades vão controlar o problema do alojamento ilegal, onde as pessoas em excesso de permanência costumam pernoitam. “Entre Janeiro e 26 de Março deste ano, as autoridades detectaram sete casos suspeitos de alojamento ilegal. No entanto, a população sente que o fenómeno é bem mais abrangente do que a estatística mostra”, aponta Ella Lei. “Que avaliação fazem as autoridades da lei?”, pergunta.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Mais de metade da população deprimida durante confinamento Durante o surto de covid-19 de 18 de Junho do ano passado, quando foi imposto confinamento, mais de metade da população apresentava sintomas de depressão ou ansiedade Mais de metade da população apresentou sintomas de depressão ou ansiedade no ano passado, durante o surto de covid-19 que começou a 18 de Junho. A revelação consta num estudo, publicado a 26 de Abril, na revista Frontiers com o título “Depressão e Ansiedade entre os Residentes durante um Surto de Covid-19”. A investigação teve por base 1.008 inquéritos realizados entre 26 de Julho e 9 de Setembro, a residentes com mais de 18 anos, que residiam no território durante o “6.18”. O surto começou quando foram identificados os primeiros casos de covid-19, e prolongou-se por quase um mês e meio até 1 de Agosto do ano passado. Durante esse período, além do confinamento obrigatório e a realização de testes em massa, pendia sobre a população a ameaça de processos criminais se fossem apanhadas a fumar na rua, a passear animais de estimação ou por irem às compras sem colocar máscara de padrão KN-95. Segundo os resultados do estudo, logo após o surto, 62,5 por cento dos inquiridos (630) viviam em estado de depressão. Por sua vez, 50,2 por cento (506) sofria de ansiedade. Os dados apurados mostram ainda que 45,1 por cento (455) da população sofria de depressão e ansiedade, ao mesmo tempo. Durante a realização do inquérito, 60,7 por cento dos inquiridos reconheceram temer ser infectados pelo vírus, enquanto 63,2 por cento admitiram estar muito preocupados com perdas financeiras resultantes da paralisação completa da cidade. Preocupados com a quarentena Face aos resultados, os autores do estudo, que pertencem a várias instituições de Macau, Pequim, Hong Kong e Atlanta (Estados Unidos), concluíram que a “a prevalência de estados de depressão e estados de ansiedade era elevada” durante o surto de 18 de Junho. Estes estados mentais reflectiram-se em falta de apetite e vontade de dormir, embora os principais sintomas identificados tenham sido “nervosismo-preocupações incontroláveis”, “irritabilidade” e “preocupação excessiva”. “Como consequência, os residentes tendiam a sentir-se mais nervosos, com medo de serem infectados e muito stressados com a possibilidade de serem alvo das medidas de quarentena, o que contribuiu para preocupações incontroláveis sobre o surto”, foi explicado. Em relação às pessoas que sofriam ao mesmo tempo de depressão e ansiedade os sintomas mais comuns foram a “irritabilidade”, “inquietação” e “tristeza”. Os académicos He-Li Sun, Pen Chen, Yuan Feng, Tong Leong, Mei Ieng Lam, Ka-In Lok, Ines Hang Iao Chow, Zhaohui Su, Teris Cheung, Yi-Lang Tang, Todd Jackson, Sha Sha e Yu-Tao Xiang surgem identificados como os autores do estudo.
João Santos Filipe PolíticaHon Wai promete que casa para idosos será mais do que habitação O presidente do Instituto de Acção Social (IAS) afirmou ontem que o Governo espera abrir candidaturas para a habitação para idosos no próximo ano. As declarações de Hon Wai foram prestadas ontem, e citadas pelo Jornal Ou Mun. De acordo com as explicações do IAS, nesta fase o Governo está a trabalhar os regulamentos administrativos relacionados com a atribuição das habitações para idosos, havendo a esperança que os trabalhos fiquem concluídos até ao final do ano. Após os regulamentos estarem concluídos e publicados vai ser dado início ao procedimento de atribuição destas habitações, cujos pormenores não são conhecidos e só vão ser revelados mais tarde. A habitação para idosos faz parte do programa de habitação social, com casas que vão poder ser arrendadas pelas pessoas com mais de 65 anos, que não desejam viver sozinhas. No entanto, Hon Wai recusou que as casas para idosos sejam encaradas apenas como a disponibilização de habitação, uma vez que o Governo vai também fornecer serviços sociais nas unidades. Ontem o presidente do IAS não adiantou pormenores sobre os serviços que vão ser prestados, porque o programa ainda está a ser ultimado. Este tipo de habitação está a ser construída com unidades pré-fabricadas no Lote P da Areia Preta, o terreno recuperado onde era suposto ser construído o empreendimento Pearl Horizon. As torres habitacionais têm mais de 20 andares. Subsídios para cuidadores Hon Wai foi ainda questionado sobre a hipótese de ser aumentado o número de pessoas que actualmente podem receber o subsídio para cuidadores. Este subsídio foi criado ao abrigo de “um programa piloto” com a duração anual, renovada nos últimos dois anos, e representa um pagamento de um subsídio de 2.175 patacas por mês. Actualmente, o apoio é pago a cuidadores de pessoas com elevado grande de deficiência intelectual, autismo, deficiência motora de grau grave ou acamados incapacitados, que não se consigam sentar ou levantar de forma autónoma. Em reposta aos jornalistas, Hon Wai não afastou a hipótese de o Governo aumentar o montante do apoio, mas só será decidido no futuro, tendo em conta “a situação real” do território.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTraduções | Assembleia Legislativa reitera respeito pelo bilinguismo A Assembleia Legislativa explica o “atraso na tradução das interpelações” dos deputados com o enorme volume de trabalho, a extensa quantidade de propostas de lei em apreciação e a grande actividade interventiva dos legisladores A Assembleia Legislativa (AL) explicou os atrasos superiores a dois meses nas traduções de respostas a interpelações dos deputados, com o enorme volume de trabalho. Os esclarecimentos foram prestados ao HM, depois de o hemiciclo ter sido questionado sobre os sucessivos atrasos nas traduções para português de várias interpelações e respostas. “A Assembleia Legislativa respeita escrupulosamente o bilinguismo, devendo-se o atraso na tradução de alguns documentos ao enorme volume de trabalho com que os Serviços de Apoio se deparam”, foi avançado. Em relação ao volume de trabalho foi ainda detalhado que este se “deve à extensa quantidade de propostas de lei em apreciação e à grande actividade interventiva dos deputados”. Com algumas traduções a demorarem vários meses, a resposta parece indiciar a existência de falta de tradutores em número suficiente para fazer face a todas as exigências do funcionamento de um órgão legislativo bilingue. No entanto, e apesar de o HM ter questionado a AL sobre medidas para lidar com o problema dos atrasos nas traduções, o hemiciclo ficou em silêncio sobre este assunto. Problema da minoria Quando o HM relatou os atrasos, o deputado José Pereira Coutinho, o único que tem o português como língua materna, admitiu que a falta de tradução pode levantar alguns problemas. No entanto, também reconheceu que é uma questão que apenas afecta uma “minoria”. “A tradução está muito atrasada. É evidente que afecta o meu trabalho, que tenho como língua materna o português”, afirmou o deputado, ao HM. “Eu sou a minoria, para os outros deputados que têm como língua materna o chinês não é um problema, nem os afecta”, acrescentou. Segundo o portal da Assembleia Legislativa, o maior atraso na tradução de respostas dos governantes aos deputados remetia para 23 de Fevereiro, e envolvia um texto de Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, que focava as estratégias para “promover a revitalização da economia dos bairros antigos”. O caso que se arrasta há mais tempo é uma interpelação de José Pereira Coutinho enviada ao Chefe do Executivo a 27 de Março. No documento o deputado pede informações sobre a “situação actual de desenvolvimento da Zona de Macau do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau e o respectivo plano de optimização”.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteFábrica de Curtumes | CCAC iliba Administração Pública de ilegalidades Apesar de o prazo para aproveitar o terreno ter sido prolongado várias vezes, sem recuperação do lote ou multas aplicadas “de forma rigorosa”, o Comissariado contra a Corrupção concluiu que o processo do terreno da Fábrica dos Curtumes foi tratado de acordo com a lei. Não foi revelado se ficaram por pagar multas à RAEM Apesar de a Administração Pública não ter aplicado “com rigor” as multas para atrasos na construção, nem ter recuperado o terreno da Fábrica de Curtumes na Rua dos Pescadores, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) considera que “não se verificaram aparentemente ilegalidades ou irregularidades administrativas”. A investigação à forma como foi gerido o processo da Fábrica de Curtumes começou em 2018, quando a Associação Novo Macau apresentou uma queixa sobre o terreno, e as conclusões foram dadas a conhecer na sexta-feira. Num comunicado, o CCAC afirma ter recebido denúncias de “diversas associações”. As queixas prendiam-se com três aspectos: o facto de o terreno não ter sido recuperado depois de terminado o prazo de aproveitamento; a não aplicação da Lei do Planeamento Urbanístico ao projecto; e ainda o cálculo do prémio de reaproveitamento. Segundo o CCAC, o terreno foi atribuído por aforamento e a título definitivo, mas não indica a data nem o sujeito da atribuição. A informação que consta no comunicado aponta que em 1989 a Companhia de Construção Civil Chong Fok (Macau) se apresentou como “titular do respectivo direito” e pediu que a finalidade do terreno da Fábrica de Curtumes fosse alterada para permitir a construção de habitações e espaços comerciais. Posteriormente, a concessão do terreno foi transferida para a empresa Nam Fong e mais tarde para a Companhia Trust Art, a actual concessionária. As datas das transferências da concessão não foram reveladas pelo CCAC. Multas por pagar? Sobre o não aproveitamento do terreno nos prazos legais, o CCAC reconhece que houve “várias vezes autorizações de prorrogação do prazo de aproveitamento” entre 1993 e 2003 e ainda entre 2004 e 2014. A data da última prorrogação, em 2014, não é especificada no comunicado, pelo que não permite saber se foi autorizada antes da entrada em vigor da nova lei de terras. No entanto, parecer ser esse o entendimento do CCAC: “Em 2018, foram aditadas, ao contrato de concessão revisto do lote da Fábrica de Curtumes, as regras em relação à caducidade da concessão do terreno e à devolução do terreno. Em Março de 2022, foi emitida a licença de utilização, pela então DSSOPT, à Companhia Trust Art, depois do aproveitamento do terreno dentro do respectivo prazo de aproveitamento”, apontou o CCAC. “Assim, não se verificou qualquer violação da lei nem incumprimento das disposições contratuais”, acrescentou. O CCAC reconhece que a “Administração também não aplicou, com rigor, as multas previstas nas disposições contratuais”. Contudo, o órgão liderado por Chan Tsz King não indica no comunicado o montante que ficou por cobrar. Na queixa de 2018, a Associação Novo Macau estimava que teria ficado por cobrar cerca de 16,6 milhões de patacas. Planta de outros tempos Quanto à não aplicação da Lei do Planeamento Urbanístico de 2014 ao projecto de arquitectura no terreno, o CCAC considera a decisão correcta, mesmo em 2018. Esta interpretação fez com que o projecto não tivesse de ser aprovado pelo Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), como se tornou prática com a lei. “O CCAC verificou que, a aprovação do projecto de arquitectura do lote da Fábrica de Curtumes, que teve lugar em 2018, baseou-se nas condições de construção previstas na planta de alinhamento oficial que foi novamente elaborada em Maio de 2010, com uma óbvia antecedência de 4 anos relativamente à entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico”, foi justificado. “Por isso, o CCAC considera que não existe qualquer planeamento fora do prazo definido ou fuga à Lei do Planeamento Urbanístico, praticadas pelos serviços competentes”, foi acrescentado. O CCAC admite que entre 2010 e 2018 foram realizadas várias alterações ao projecto de arquitectura, mas que estas nunca implicaram modificar as “condições de construção”. O preço certo A última polémica analisada pelo CCAC focou o método de cálculo do prémio da concessão do lote e ainda a dedução do montante pago do prémio, devido à redução da área de aproveitamento. “Relativamente ao método de cálculo do prémio de concessão de terrenos do lote em causa, no entender do CCAC, não se verificou qualquer erro na aplicação da lei por parte da então DSSOPT [Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes]”, é concluído. O cenário é diferente para a redução do montante: “a lógica utilizada no cálculo da dedução do montante do prémio a pagar carece de ponderação sobre a razoabilidade e a justiça na distribuição de interesses”, é indicado. Apesar das críticas sobre a falta de razoabilidade e justiça, o comunicado do CCAC não apresenta os números concretos dos cálculos, razão pela que não se sabe o valor pago e descontado. Porém, a decisão da DSSOPT é criticada pelo CCAC porque teve “apenas em consideração a defesa da estabilidade e da segurança do contrato de concessão de terrenos”, deixando de fora a “situação socio-económica da altura em que foi aprovada a alteração do projecto de arquitectura e os lucros esperados”. O CCAC recomendou também à Administração Pública que siga devidamente as leis para que “o valor do mercado dos terrenos de Macau possa ser reflectido efectivamente nos prémios de concessão, salvaguardando, com total empenho, os preciosos recursos de solos existentes na RAEM”. Um caso bicudo A polémica em torno do terreno da Fábrica de Curtumes (ou Fábrica de Couro de Vaca) começou em 2009, quando o Tribunal de Última Instância (TUI) ligou as obras no terreno ao pagamento de subornos no caso Ao Man Long, ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas que foi condenado a 29 anos de prisão na sequência de vários casos de corrupção. Nesse ano, a DSSOPT declarou a “caducidade da respectiva licença de obra”, quando 15 andares do prédio já tinham sido erigidos. Ao mesmo tempo, permitiu que a estrutura fosse mantida, em vez de obrigar à demolição total. Finalmente em 2018, a empresa Trust Art apresentou um novo pedido, que foi aprovado, de planta de alinhamento que permitiu terminar a construção do prédio com um pódio de seis pisos e duas torres com 13 pisos. Desde o ano passado que o projecto recebeu licença de utilização. No relatório divulgado na sexta-feira, o CCAC defende a decisão de não obrigar à demolição de um terreno ligado a um dos maiores casos de corrupção da RAEM. “Naquela altura a Administração considerou que a demolição do edifício construído no lote da Fábrica de Curtumes envolveria certos recursos e custos, tendo ainda um impacto objectivo negativo sobre o ambiente, portanto, considerou que a manutenção da situação do edifício construído corresponderia melhor ao interesse público”, é indicado. “Na opinião do CCAC, a decisão da Administração tomada naquele momento pode promover, de alguma forma, o aproveitamento do terreno em causa, cumprindo ainda o princípio do aproveitamento útil e efectivo dos terrenos”, foi acrescentado. O CCAC defende também que “não foi verificada […] qualquer existência do indício de prática de crimes, nem foi confirmada, por enquanto, qualquer existência aparente de ilegalidades ou irregularidades administrativas”. DSSCU “tomou boa nota” da investigação A Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) afirmou que irá fazer todos os esforços para rever os “respectivos trabalhos” e actualizar os “coeficientes que servem de base ao cálculo do valor do prémio” pelas concessões. Foi desta forma que a DSSCU, que resultou da separação da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), reagiu à investigação do CCAC. “A DSSCU tomou boa nota das conclusões da investigação do CCAC do terreno onde estava construída a antiga fábrica de couro e envidará os seus maiores esforços para a revisão e optimização integral dos respectivos trabalhos, em particular no que respeita à sucessiva actualização, nos termos legais, dos coeficientes que servem de base ao cálculo do valor do prémio”, prometeu. “Actualmente, a dita actualização está a ser levada a bom porto, encontrando-se já na sua fase final”, foi acrescentado. A direcção liderada por Lai Weng Leong prometeu também esforçar-se para “garantir o estrito cumprimento da Lei de Terras, salvaguardando […] o interesse público”.
João Santos Filipe SociedadeWong Kit Cheng pede mais condições para profissionais de saúde Wong Kit Cheng espera que o Governo melhore as condições de trabalho para os enfermeiros no território. Foi esta a mensagem deixada ontem pela deputada, e enfermeira, a pensar no Dia Internacional do Enfermeiro e da Enfermeira, que se assinala hoje. Numa opinião partilhada com os meios de comunicação social, Wong destacou a importância de melhorar a carreira dos enfermeiros, porque dessa forma será possível criar as condições para estabilizar as diferentes equipas destes profissionais no território. A deputada indicou que um dos principais desafios no sistema de saúde local passa mesmo pela frequência com que os enfermeiros trocam de trabalho, o que faz com que haja uma grande instabilidade nos diferentes hospitais e clínicas. Face a esta realidade, apelou ao Governo para fazer da carreira mais atraente e com melhores condições profissionais, porque com equipas mais estáveis torna-se possível oferecer um melhor serviço de saúde à população. Em relação à necessidade de introduzir alterações no sector, Wong pediu um sistema universal de reconhecimento das qualificações para os enfermeiros e condições semelhantes entre o sector público e o privado. O respeito do direito às férias, aos intervalos durante o trabalho e a horários mais justos foram outra das condições exigidas pela legisladora. No mesmo sentido, Wong destacou a necessidade destes profissionais de saúde, que trabalham por turnos, e muitas vezes sobrecarregados, de terem acesso a psicólogos, para poderem lidar com eventuais problemas que surjam. Maior valorização A legisladora da Associação das Mulheres de Macau deixou ainda agradecimentos aos enfermeiros porque são um elemento essencial para tomar conta da saúde da população de Macau. Ainda em relação ao papel dos enfermeiros, Wong indicou que com o envelhecimento da população, o sector se vai tornar cada vez mais importante e que até ao final do ano poderá haver novos postos de trabalho, no Hospital das Ilhas. Outro dos aspectos que se espera que valorize os profissionais, é a aposta na saúde com alta tecnologia, uma das estratégias do Governo de Ho Iat Seng para diversificar a economia, além do sector do jogo. Segundo os Serviços de Saúde, no final do ano passado havia 4,3 enfermeiros por cada 1.000 pessoas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Interpelações e respostas ficam mais de dois meses por traduzir Pelo menos três respostas a interpelações escritas de deputados estão desde Fevereiro para serem traduzidas de chinês para português. Pereira Coutinho considera que a tradução afecta o seu trabalho, mas reconhece que é o problema de “uma minoria” Várias interpelações escritas por deputados e respostas do Governo ficam meses à espera de tradução para a língua portuguesa no portal da Assembleia Legislativa (AL). Em chinês, o cenário é diferente, com os documentos a serem disponibilizados rapidamente. Segundo o portal da AL, três respostas enviadas pelo Governo estão há mais de dois meses sem tradução. São os maiores atrasos do portal do hemiciclo, no que diz respeito a interpelações e respostas. Para o deputado Pereira Coutinho, a lentidão de traduções é um problema, embora não seja comum a todos os deputados. “A tradução está muito atrasada. É evidente que afecta o meu trabalho, que tenho como língua materna o português”, afirmou o deputado, ao HM. “Eu sou a minoria, para os outros deputados que têm como língua materna o chinês não é um problema, nem os afecta”, acrescentou. Sobre a explicação para estes atrasos, Coutinho respondeu ainda que é uma questão que deve ser colocada ao presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In. O HM contactou a AL para obter as explicações, ao final da tarde, mas até ao fecho da edição não tinha recebido resposta. Olá, Fevereiro O principal caso de atraso diz respeito a uma resposta com a data de 23 de Fevereiro de Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, a uma interpelação de Zheng Anting. Na interpelação com a data de 2 de Fevereiro, o deputado procurava respostas sobre estratégias para “promover a revitalização da economia dos bairros antigos”. Apesar de a directora Helena de Senna Fernandes dominar a língua portuguesa, é da sua autoria outras respostas que estão há mais tempo por traduzir, concretamente desde 24 de Fevereiro. Neste caso, tratam-se dos esclarecimentos a uma interpelação do deputado Leong Sun Iok, que questionava as “medidas de prevenção do aumento malicioso dos preços nas plataformas de reserva de hotéis”. Também uma resposta de Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento e Tecnologia, datada de 27 Fevereiro, não tinha qualquer tradução até ontem. Neste caso, a resposta focava uma interpelação da deputada Song Pek Kei, sobre “a promoção do investimento na Zona de Cooperação Aprofundada”. Enviadas e respondidas No que diz respeito às interpelações por traduzir, o caso que se arrasta há mais tempo é uma interpelação de José Pereira Coutinho enviada ao Chefe do Executivo. A 27 de Março, o deputado levantou perguntas sobre a “situação actual de desenvolvimento da Zona de Macau do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau e o respectivo plano de optimização”. E o Chefe do Executivo também respondeu, no entanto, nem a interpelação nem a resposta estão traduzidas. Outra interpelação que se encontra há mais de um mês sem tradução pertence a Leong Hong Sai, sobre a “optimização do trânsito transfronteiriço”, datada de 31 de Março. Também neste caso até a resposta está disponível em chinês.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMelco | Ano começa com prejuízo superior a 81 milhões de dólares americanos Apesar de as contas continuarem negativas, como acontece desde o início da pandemia, a empresa de Lawrence Ho conseguiu alcançar o primeiro lucro operacional desde o início da pandemia A concessionária do jogo Melco Resorts and Entertainment Ltd registou um prejuízo de 81,3 milhões de dólares americanos durante o primeiro trimestre de 2023, menos 55,6 por cento em termos anuais. Os resultados foram apresentados ontem e o presidente do grupo, Lawrence Ho, destacou que se está a registar uma recuperação mais rápida do que a antecipada. “Estamos a assistir a um início de ano que nos deixa encorajados porque a recuperação da indústria do jogo está a ser mais rápida do que o esperado, após o levantamento das restrições de viagem em Janeiro”, afirmou Lawrence Ho, na apresentação dos resultados aos investidores. O filho do histórico Stanley Ho apontou também que o mercado do jogo ainda tem muita capacidade para crescer, principalmente no Verão, uma vez que o aeroporto apenas está a funcionar a 30 por cento da capacidade. Segundo Ho, com mais voos vai ser possível atrair mais clientes do Interior, de outras províncias além de Cantão. De acordo com um comunicado enviado à bolsa de valores Nasdaq, em Nova Iorque, o prejuízo da Melco sofreu uma redução de 62,3 por cento em comparação com o último trimestre do ano passado. As receitas também subiram significativamente nos primeiros três meses deste ano, com a Melco a registar 716,5 milhões de dólares, mais 51 por cento do que no mesmo período de 2022. Mais bem preparada Com as receitas a subir, a Melco voltou a registar um lucro operacional, de cerca de 400 mil dólares, no primeiro trimestre, o primeiro lucro operacional desde o início da pandemia. Apesar das perdas, Geoffrey Davis, vice-presidente da Melco, destacou que a empresa está mais bem preparada para gerar lucros, depois de ter reduzido grande parte do pessoal. “Estimamos ter cerca de menos 2 mil pessoas a tempo inteiro em comparação com 2019, mesmo que estejamos a funcionar no máximo das nossas capacidades”, indicou Davis. Ainda assim, a Melco prevê gastar cerca de 10 mil milhões de patacas no segmento não-jogo numa década, incluindo no “único parque aquático em Macau com instalações interiores abertas durante todo o ano”. A aposta em elementos não-jogo foi uma das exigências das autoridades de Macau para a renovação por 10 anos das licenças das seis concessionárias a operar no território. Nos primeiros três meses de 2023, as receitas do jogo atingiram 34,6 mil milhões de patacas, mais 94,9 por cento do que em igual período de 2022, e o melhor arranque dos últimos três anos. Com Lusa
João Santos Filipe SociedadeJornal All About Macau questiona actuação da polícia no caso Wong Wai Mam O jornal All About Macau lançou ontem um comunicado a questionar se tinha sido alvo de uma armadilha montada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Em causa, está o artigo publicado pelo jornal no passado sábado, em que Wong Wai Man acusou a polícia de ter exercido vários tipos de pressão, após o dirigente associativo ter tentado organizar uma manifestação no 1.º de Maio. Inicialmente, Wong contou ao jornal ter desistido da manifestação por pressão da polícia, que tinha inclusive enviado agentes à paisana para espiá-lo. No entanto, face às acusações, a Polícia Judiciária abriu uma investigação ao caso, e Wong terá mudado a sua versão dos acontecimentos, afirmando que apenas tinha sofrido “pressão pessoal”. O depoimento levou a PJ a considerar não ter havido pressões. Na sequência da investigação, o CPSP prometeu acompanhar “as possíveis infracções” e “responsabilizar criminalmente” as pessoas envolvidas, ao mesmo tempo que indicou que o possível crime foi praticado “através de imprensa online”. O comunicado do CPSP veio ainda acusar o jornal de publicar comentários “completamente contrários aos factos objectivos, violando gravemente o prestígio da polícia e prejudicando a boa reputação da polícia”. Esclarecimentos recusados Agora, o jornal All About Macau veio contestar as acusações da polícia. Segundo a publicação em língua chinesa, depois de terem sido ouvidas as acusações de Wong, foi feito um contacto com o CPSP, a explicar que seria publicado um artigo com as acusações e que se procurava ouvir a versão das autoridades sobre o sucedido. O CPSP recusou fazer comentários, justificando que não comentava o “caso concreto”. Na tomada de posição, a direcção do jornal publica inclusive a troca de correspondência com as autoridades. Como o CPSP recusou fornecer os respectivos esclarecimentos e agora procura apurar “responsabilidades criminais”, a publicação questiona se foi “alvo de uma armadilha” das autoridades para ser incriminada.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Wynn Macau com perdas de 49,7 milhões de dólares A concessionária Wynn Macau apresentou ontem os resultados referentes ao primeiro trimestre do ano. Apesar das contas continuarem negativas, saltam à vista na contabilidade da empresa melhorias nos resultados Com Lusa A concessionária de jogo Wynn Macau anunciou um prejuízo de 49,7 milhões de dólares americanos no primeiro trimestre do ano. A apresentação dos resultados foi feita ontem, seguida de uma sessão de análise à evolução da situação financeira do grupo por especialistas. Apesar do prejuízo, o resultado traduz uma recuperação em relação ao ano anterior, em sintonia com o aumento no número de visitantes, após o levantamento das restrições fronteiriças impostas devido à pandemia de covid-19. Nos primeiros três meses de 2022, a Wynn tinha registado um prejuízo de 188,5 milhões de dólares americanos. E em todo o ano de 2022, a empresa contabilizou um prejuízo de 235,8 milhões de dólares. Na apresentação dos resultados, Craig Billings, CEO da Wynn Resorts, empresa mãe da Wynn Macau, mostrou-se satisfeito com a recuperação da performance financeira e destacou que a quota do mercado da empresa está em linha com os valores pré-covid-19. “É encorajador que a nossa quota do mercado esteja nos níveis em que se encontrava em 2019”, começou pro dizer Billings. O responsável destacou ainda os resultados gerados pelos elementos não-jogo, principalmente as vendas ao retalho. “O nosso comércio ao retalho esteve incrivelmente forte, com os inquilinos das lojas a apresentarem aumentos nas vendas de 60 por cento em comparação com 2019, o que mais uma vez mostra a força do nosso segmento mais alto do mercado massas”, acrescentou. Obras em curso Outro dos aspectos destacado pelo CEO da empresa foi o facto de os resultados serem alcançados em condições desfavoráveis, uma vez que parte do casino da operadora na Península de Macau esteve em obras. “Estamos a fazer várias mudanças no casino Wynn Macau, porque é um espaço que precisa de ter um ar novo. As obras estão a decorrer agora, tendo começado no primeiro trimestre”, apontou Craig Billings. “Por isso, durante o primeiro trimestre a área de jogo disponível para os nossos clientes foi grandemente afectada”, acrescentou. Actualmente, a concessionária explora os casinos Wynn Macau e Wynn Cotai. Ao contrário do que sucedia antes da covid-19, Craig Billings revelou que se nota uma tendência em que o casino do Cotai atrai mais clientes e gera mais receitas do que o espaço na Península. A melhoria dos resultados da Wynn segue a tendência da indústria do jogo, depois do fim da política de zero casos de covid-19, que causou a maior crise económica do território, depois da transição. Desde o início do ano, as receitas brutas da indústria do jogo têm vindo a aumentar, e em Abril chegou-se ao nível de 14,7 mil milhões de patacas, o melhor resultado mensal desde o início da pandemia em 2020.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança Nacional | Governo admite imitar leis da China e Hong Kong Levantaram algumas dúvidas, mas no final os deputados da comissão que analisou a Lei da Segurança Nacional na especialidade expressaram apoio a todas as propostas do Governo. A lei deve ser aprovada até Agosto O Governo admitiu que a Lei de Segurança Nacional tem como objectivo imitar o padrão aplicado no Interior e na região vizinha Hong Kong, que desde Junho de 2020 tem uma lei elaborada pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional e que levou à detenção de centenas de pessoas. A explicação sobre a intenção governativa consta do parecer da 1.ª Comissão Permanente, que terminou a discussão na especialidade do diploma. A futura legislação vai agora subir ao Plenário da Assembleia Legislativa e deverá ser aprovada antes de Agosto. “Um dos objectivos desta revisão da lei é fazer com que a Lei relativa à defesa da segurança do Estado atinja o mesmo nível de defesa das respectivas leis do Interior da China e da RAEHK, para que a RAEM exerça rigorosamente o equivalente padrão de segurança nacional”, reconheceu o Governo, que prometeu ainda a máxima cooperação com o Interior e Hong Kong nas questões de protecção da defesa do Estado. O parecer revela também que os deputados pediram ao Governo para avançar com uma definição da expressão “qualquer meio ilícito”, aplicável no crime de “secessão do Estado”, que implica uma pena mínima de 10 anos de prisão e máxima de 25 anos. No entanto, o Governo não quis definir o conceito, porque considera que os meios não violentos para a prática do crime, que também não definiu, estão sempre a evoluir. Ao tomar esta posição, o Governo permite uma maior discricionariedade na aplicação da lei pela polícia e pelos tribunais, reduz o valor da segurança jurídica e impede que os cidadãos conheçam as práticas que constituem crime. Apesar das dúvidas, os deputados acabaram por mostrar-se a favor da não definição do conceito. Computadores como armas O parecer serve também para esclarecer que, de acordo com a interpretação do Governo, a utilização de um programa informático pode ser tida como “uma arma”, nos crimes de traição. “As armas usadas nas guerras actuais podem ser tradicionais (armas de fogo e brancas) e não tradicionais (impulsos ou choques eléctricos, programas informáticos, etc.)”, foi defendido pelo Governo. “Além do significado acima referido a expressão ‘tomar armas’ pode ser entendida também em situações de ‘uso das armas com recurso a tecnologias modernas para lutar contra a China’ em acções de guerra”, foi acrescentado. Apesar de terem levantado algumas dúvidas, os deputados realçaram várias vezes ao longo do parecer a necessidade de proteger a segurança do estado.
João Santos Filipe SociedadeEnergia | Moradores “atacam” preço dos combustíveis A Associação de Moradores (Kaifong) “atacou” ontem os “preços excessivos” dos combustíveis, principalmente na venda do gás. Chu Hou Iun, representante da Associação de Moradores, pediu ao Governo que abra um inquérito à situação e que explique a acentuada diferença entre o preço de importação e de venda no mercado por retalho. Segundo o dirigente, as estatísticas oficiais mostram que o preço de importação do gás entre Janeiro e Fevereiro deste ano foi de 6,89 patacas por cada quilograma. Contudo, quando chegou a altura de vender o gás à população os preços praticados chegaram a atingir as 19,95 patacas pro quilograma. A média do preço de venda ficou-se pelas 11,1 patacas por quilo. Citado pelo jornal Cheng Pou, Chu Hou Iun indicou que a diferença é demasiado elevada, principalmente quando se faz uma comparação com as regiões vizinhas. Também os preços de combustíveis foram mencionados pelo representante dos Kaifong, que argumentou serem vendidos muito acima do preço de compra, com margens de lucro pouco razoáveis. O maior desequilíbrio foi indicado ao nível da gasolina sem chumbo 98. Por considerar que tanto o gás como a gasolina são produtos “essenciais” para os residentes e que estão a desgastar o poder de compra da população de forma acelerada, Chu apelou ao Governo para investigar a formação dos preços e controlar o mercado. Para o representante da associação, só com uma investigação com resultados é possível evitar, nesta fase, a perda de qualidade de vida da população.
João Santos Filipe Manchete SociedadeImobiliário | Bens da Jiayuan International vendidos por ordem judicial A empresa que em 2017 comprou o terreno mais caro de sempre em Macau está em situação de incumprimento. Os tribunais de Hong Kong impuseram a venda de bens para saldar uma dívida superior a 100 milhões de dólares de Hong Kong Um tribunal de Hong Kong declarou a venda de bens do Grupo Jiayuan International para pagar dívidas de 112,8 milhões de dólares de Hong Kong. A decisão contra a imobiliária responsável pela construção do projecto Ocean Hill, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen na Taipa, foi conhecida na semana passada. A obrigação de vender o património da imobiliária resulta de dois casos que decorriam nos tribunais da região vizinha relacionados com uma dívida de 112,8 milhões de dólares de Hong Kong, ligada à emissão de um empréstimo obrigacionista e respectivos juros. De acordo com a agência noticiosa Bloomberg, a reclamação da dívida deve-se a um único subscritor do empréstimo obrigacionista. Os dois casos tinham sido tornados públicos em Junho do ano passado, e, na altura, o Grupo Jiayuan International afirmou que “segundo a informação disponível” os pedidos de insolvência não teriam “um impacto material ou significante nas operações ou na situação financeira” da empresa. No entanto, desde essa data, e na sequência da crise financeira do sector imobiliário no Interior da China, que a situação de solvência do grupo tem sofrido uma rápida deterioração. A Jiayuan International entrou no mercado de imobiliário de Macau em 2017, quando adquiriu pelo preço recorde de 3,51 mil milhões de dólares de Hong Kong dois terrenos na Taipa, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen. A compra foi feita à Companhia de Fomento Predial San Kin Tai, na altura detida a 40 por cento por William Kuan, condenado a 18 anos de prisão no processo que em que foram também considerados culpados os ex-directores das Obras Públicas, Jaime Carion e Li Canfeng. O projecto Ocean Hill, actualmente em construção, é composto por habitações e lojas. No total, os dois terrenos implicam uma área de 5.597 metros quadrados, o que significa que o negócio foi feito com o pagamento de 627,1 mil dólares de Hong Kong por metro quadrado. Acções suspensas Também desde o início de Abril, a transacção das acções da Jiayuan International na Bolsa de Hong Kong foi suspensa, medida que entrou em vigor depois de o grupo ter falhado a apresentação dos resultados financeiros, como exigido. Os atrasos na publicação dos resultados foram explicados com três motivos: falta de mão-de-obra no departamento de contabilidade da empresa, falta de tempo dos directores da empresa, por estarem em curso negociações com credores, e ainda devido à mudança de auditora. As dificuldades do Grupo Jiayuan International acompanham a tendência das construtoras do Interior, depois da grave crise financeira que começou a afectar o sector no ano de 2020. Nesse ano o Governo Central começou a impor limites ao endividamento destas empresas, o que contribuiu para que várias atravessassem grandes dificuldades, como aconteceu com a Evergrande, Grupo Kaisa, Fantasia Holdings, ou Sinic Holdings.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmprego | Aposta na arte de cultura portuguesa pouco atraente O Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego da MUST mostra que o “mercado artístico” com base na cultura portuguesa é pouco atraente. Os resultados revelam ainda que a população está cada vez mais confiante no mercado de trabalho A aposta na arte com base na cultura portuguesa foi considerada a opção menos atraente para o desenvolvimento das indústrias criativas e culturais e para a diversificação económica, de acordo com o Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego, publicado ontem pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês). Entre os mais de 800 inquiridos, apenas 7,3 por cento considerou o mercado artístico com base na cultura portuguesa como atraente e eficiente para promover a diversificação económica. No polo oposto, as apostas na cultura gastronómica, entretenimento e mercado de produtos com características de Macau são tidas como as mais atraentes, por 48,9 por cento, 46,2 por cento e 33,1 por cento dos inquiridos, respectivamente. Também as apostas nos museus (28,5 por cento) e leilões (25,2 por cento) foram consideradas mais interessantes do que o mercado artístico com base na cultura portuguesa. Ainda de acordo com o Inquérito de Satisfação e Confiança no Emprego, a confiança e contentamento dos inquiridos com a situação do mercado de trabalho cresceu 8,37 por cento este ano, em comparação com 2022. Grande parte desta tendência mais optimista ficou a dever-se a uma visão mais optimista do mercado e do surgimento de oportunidades de emprego, onde se constatou um aumento da confiança de 11,87 por cento. Abaixo da pré-pandemia No entanto, quando se compara o nível de satisfação geral no trabalho entre 2019, o último ano antes do surgimento da pandemia da covid-19, e os primeiros meses deste ano, os dados do estudo da MUST revelam uma quebra na satisfação dos trabalhadores de 2,6 por cento. A diminuição da satisfação no trabalho deve-se essencial a dois factores: a qualidade do emprego e a estabilidade do mesmo. Em relação à qualidade dos empregos, ainda se verifica um grau de satisfação inferior em 4,1 por cento em comparação com os valores apurados em 2019. No que diz respeito à estabilidade, houve uma quebra do nível de satisfação de 2,6 por cento entre os dois períodos. Face a estes resultados, a equipa liderada por Liu Chengkun, director do Instituto de Desenvolvimento Sustentado da MUST, apontou que “o impacto negativo da pandemia na qualidade e na estabilidade do emprego ainda não foi totalmente eliminado”. No entanto, indicaram que “se a economia de Macau continuar a mostrar sinais de recuperação, que os níveis de satisfação vão aumentar”. O inquérito foi realizado entre 24 de Março e 1 de Abril deste ano, e contou com a participação de 807 empregados a tempo inteiro.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Discussão resulta em homicídio num hotel do Cotai Há cerca de meio mês que a vítima e o homicida partilhavam um quarto de hotel no Cotai. O atacante, que estava em excesso de permanência, conseguiu fugir para o Interior, mas foi capturado e reencaminhado para a RAEM Uma discussão sobre dinheiro esteve na origem do homicídio descoberto na tarde de quinta-feira num quarto do hotel The Parisian, no Cotai. O homicida fugiu para o Interior da China para evitar ser preso, mas foi capturado quando se encontrava em Chaozhou, a mais de 350 quilómetros de Macau. A informação sobre o crime foi divulgada numa conferência de imprensa da Polícia Judiciária (PJ) na sexta-feira, horas depois de o homem de 44 anos ter sido entregue às autoridades locais pela polícia chinesa. Segundo a versão apresentada pela PJ, uma discussão sobre dinheiro terá despoletado os acontecimentos que terminaram no crime. No entanto, no depoimento prestado na sexta-feira o atacante recusou entrar em pormenores sobre a disputa. A investigação preliminar levou as autoridades a concluírem que a vítima, um homem de 27 anos, também do Interior, foi sufocado, depois de ter sido atingido na cabeça várias vezes com um termo de água quente. Quando as autoridades chegaram ao quarto do hotel, ainda na quinta-feira, depararam-se com um corpo com várias marcas de agressão na cabeça e no pescoço. O alerta para o homicídio foi dado pelos trabalhadores do hotel, por volta das 17h de quinta-feira, quando entraram no quarto para serviço de limpeza e encontraram o corpo. Troca de dinheiro Na conferência de imprensa de sexta-feira, as autoridades reconheceram que o alegado autor do crime estava em Macau desde 13 de Abril e que, apesar de ter entrado no território com um visto válido, se encontrava em excesso de permanência. O homem foi encaminhado para o Ministério Público e está indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, que implica uma pena que pode chegar aos 25 anos de prisão, e ainda de roubo, que nos casos que resulta em morte pode ser punido com uma pena de prisão de 20 anos. A vítima tinha 27 anos, estava em Macau desde o dia 28 de Abril e dedicava-se à troca de dinheiro, partilhando o quarto de hotel com o autor do crime. Segundo as imagens de videovigilância, o suspeito de homicídio entrou pela última vez no quarto onde o crime aconteceu às 23h de 3 de Maio. Duas horas depois, à 1h de quinta-feira, foi visto a sair com uma mala, tendo deixado a RAEM pelas 6h, através da Fronteira de Qingmao. Quando foi capturado pela polícia do Interior, às 23h de quinta-feira, o homicida estava a cerca de 350 quilómetros da RAEM, em Chaozhou, e as autoridades acreditam que tinha em sua posse 170 mil dólares de Hong Kong, um anel de ouro e um telemóvel que pertenciam à vítima. Excesso de permanência Desde Janeiro, este é o segundo homicídio cometido por homens que se encontravam em excesso de permanência no território. O primeiro caso do ano aconteceu em Março, depois de um residente de Hong Kong, que estava na RAEM há mais de um ano e que se declarou ser sem abrigo, ter assassinado uma prostituta. O crime aconteceu na Pensão Residencial Florida, situada perto da Avenida Almeida Ribeiro, e a motivação, de acordo com o depoimento do sujeito às autoridades, terá sido um comentário feito pela prostituta durante a relação sexual. No entanto, os investigadores consideram haver indícios para acreditar que, ao contrário da confissão do suspeito, o crime terá sido premeditado e que tinha como objectivo roubar a prostituta. O último homicídio em quartos de hotéis de casinos tinha acontecido em Maio do ano passado, no dia 7, quando um homem do Interior da China levou para um quarto de hotel duas prostitutas, que terá assassinado para as roubar. Também neste caso, o homicida fugiu para o Interior, mas foi preso em Hunan, 10 dias depois do crime.